Última atualização: 08/07/2020

Capítulo Único

“Me disse para escolher minhas brigas e escolher sabiamente, mas eu quero escolher todas elas e não quero decidir… Não mais.”


- , calma! - Quinn pediu desesperada, com agonia no olhar ao me ver indo de um lado para o outro pelo quarto.
- Quer saber? Então eu vou chegar pelos fundos e vamos chutar a porta, o que acha? Podemos acabar com ele na porrada! Você me ajudaria nisso, não é? - eu tentei de verdade esconder a tristeza, mas minha voz embargada me denunciava, mas não era só tristeza, era raiva. Muita.
me traiu. Acabou comigo. Um ano jogado na lata do lixo.
-
- Vem, vamos! - peguei minhas chaves que estavam em cima da cama e passei da porta do meu quarto, descendo pelas escadas correndo. Quinn me seguia falando coisas que eu nem mesmo estava prestando atenção.
Éramos bons juntos, todos achavam isso. Não sei onde foi que tudo desandou, mas achou que me trair fosse uma brilhante ideia. Ele estava se escondendo, não retornava minhas ligações ou mensagens por canalhice. Dois dias já se passaram e ele nem mesmo teve a coragem de me procurar pra assumir que é, de fato, um filho da puta.
Eu estive com ele em momentos críticos e sérios e eu juro, aprendi a lidar com seu jeito mais introvertido, quieto e suas poucas demonstrações. Eu me acostumei com as migalhas que ele me deu por um ano inteiro. Quando foi que eu fiquei cega a ponto de aceitar isso também?
Mas tivemos momentos bons, incríveis, lindos e mágicos. Momentos que provavelmente nunca vou conseguir tirar da minha memória porque realmente foram bons, mas o jeito que estamos terminando também nunca vai sair da minha mente.
Meu corpo estava queimando de ódio. Como alguém consegue tratar outra pessoa assim? Como você consegue jogar tudo isso fora e que diabos eu faço com todo esse amor que eu ainda sinto por ele? O amor não evaporou nesses dois dias.
Já dentro do carro, respirei fundo, na esperança de que todo o desconforto sumisse ou sei lá. Não rolou. Tentei ignorar o sentimento. Uma única lágrima caiu e Quinn me olhava com pena. Respirei fundo novamente. Não vou despedaçar, não aceitarei isso e nunca mais vou me sentir desta forma novamente porque não precisa mais de mim. Acabamos.
Ele morava perto. Estacionei em frente à garagem e poderia facilmente entrar. Lembro da senha, que eram a única porra de números que ele não escondia no celular. Eu fui cega porque estava óbvio que ele estava me traindo. Sumindo, escondendo o celular, não me avisando sobre mais nada… Mas eu não sou culpada. De maneira alguma.
- , o que você vai fazer? São duas da manhã, você não pode simplesmente invadir a casa dele. Vai fazer o que? Bater nele? Matar ele na porrada? Não vai ajudar e nem mudar nada. Ele foi mau caráter mas isso não vai se resolver assim. Ele não teve a coragem nem de te pedir desculpas! - Quinn falava baixo. Ela estava sendo muito paciente em aguentar toda essa minha crise de quem tinha acabado de descobrir um par de chifres.
Minha melhor amiga da vida. Fui capaz de sorrir pra ela. Um sorriso genuíno e cheio de carinho. Seus olhos cheios de angústia por me ver sofrendo atingiram meu coração. Minha mente brigava com si mesma. Eu podia me imaginar escalando a janela e quebrando o vidro mas parando porque não quero dar uma de Uma Thurman pra cima de , se não o quebraria no meio de tanto ódio. Mas tinha outra parte que pensava em Quinn, em meus outros amigos, famílias e na minha vida.
não vai me matar por conta de uma traição e um coração partido. Dói e muito, é claro, e embora ele tenha sido o amor da minha vida por um ano, não é mais. Esse amor vai se desfazer, vai enfraquecer e eu vou amar outro amor. escolheu fazer isso. Não importa o que ele tenha pensado quando me traiu, nada deveria ser o suficiente pra ele continuar, mas ele quis.
E tudo bem.
Eu não perdi.
Dei um suspiro sofrido porém carregado de uma esperança sofrida. Liguei meu carro novamente e meu coração quase parou quando a figura de saiu, ficando em frente à sua garagem. Saí do carro destemida, andando rápido até ele.
- , eu…
- Você escolheu isso e você sumiu por dois dias. Eu não sei qual é a sua, não sei se você está se achando vitorioso por ter me traído ou se está arrependido, e pra ser honesta, nem quero saber. Eu poderia quebrar sua casa, seu carro, você, mas não vou fazer isso. Eu espero que você se foda e mude pra melhor do que isso. Eu não merecia esse descaso, não merecia essa dor, mas isso não é minha culpa, é sua. Você me trair não tem a ver com você não estar satisfeito comigo, e sim, você não estar satisfeito consigo mesmo. - eu o interrompi, disparando a falar, e a cada palavra que saía da minha boca, meu coração parecia se acalmar um pouquinho.
Eu poderia me sentir realizada pela cara de choro de e rir do seu queixo tremendo por isso, mas não. Permaneci séria.
- Me perdoa! - aquilo saiu bem sofrido da sua boca, sabendo que não mudaria muita coisa.
- Uma parte de mim sente que… Tudo que quero é vingança, mas de verdade? Não. Porque eu não preciso mais de você e você claramente não precisa de mim, mas essa sensação vai te comer vivo, não é? - questionei sincera, sem deboche ou algo parecido, e parecia uma criança amedrontada com medo de levar uma surra da mãe.
- , eu nunca conheci alguém como você! Eu sou um burro, estúpido e eu… Você era a minha casa, o meu lar! Eu fui estúpido pra caralho, eu…
- Então para onde você vai? Porque agora é quando eu não preciso mais de você. Todos esses meses onde você não conseguiu melhorar de verdade pelo nosso relacionamento… , de verdade, eu não preciso de você, mas você precisa melhorar, tá bem? Por você mesmo. - nem eu mesma estava acreditando em tais palavras que saíam da minha boca.
Tinha sido bom, momentos bons, lindos e mágicos, porém exaustivos. Todo o meu esforço por para que ele reagisse à vida e entendesse que viver no escuro e na mesmice não eram boas opções, talvez fizesse mais efeito agora que ele não tinha mais em quem se apoiar. Não que ele mereça estar sozinho nessa jornada de melhora, mas eu claramente não posso ser a pessoa que o salva, porque só ele tem esse poder consigo mesmo. Não posso ser uma reabilitação de um homem.
- Eu ainda preciso de você, me perdoa! - ele implorou.
- E eu não preciso de você!
Eu me virei, indo em direção ao meu carro novamente. Eu realmente não preciso mais disso.


FIM.



Nota da autora: Espero que tenham gostado. É uma fic beeeeem pequenininha mas fiz com muito carinho. Convido vocês à conhecerem minhas outras histórias, os links estão aqui embaixo!

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