Última atualização: Fanfic finalizada.

Prólogo

Esses dias estava pesquisando sobre Chaplin e encontrei duas frases que descreviam perfeitamente um amigo meu, ou pelo menos me faziam lembrar dele. A primeira é “O verdadeiro caráter de um homem se revela quando ele está bêbado!”, e com o não foi diferente. Bem alguns anos atrás depois de várias doses, ele se assumiu gay para nós, ficamos surpresas apesar de sempre ter desconfiado e então ele lascou um belo beijo em um rapaz, o que me leva a outra frase: “Você nunca achará o arco-íris se estiver olhando para baixo” uma frase modificada pelo meu melhor amigo, já que se você estiver olhando para baixo você com certeza encontrará o arco-íris.
Acreditem, não estou contando isso de bobeira, vocês não têm ideia das enrascadas em que ele me colocou e das que ele me salvou; realmente sou apaixonada por aquele homem. Confesso que se ele não gostasse do mesmo que eu, poderíamos estar juntos e facilitar essa situação.
Quem diria que a essa altura do campeonato nós estaríamos disputando o mesmo homem?


Capítulo 1 — Vermelho

Gostaria de saber se sou a única pessoa no mundo que me apaixono várias e várias vezes ao dia. Sabe quando você vê um homem muito bonito do outro lado da rua e se pega imaginando como seria se fossem casados, tivessem três filhos e dois cachorros? O bom dessas paixões platônicas de momento é que elas passam sem deixar rancor algum. Talvez uma pontada de decepção, mas não te fazem chorar horrores.
Ainda tem aquelas paqueras de cinco minutos que são muito mais divertidas. O ruim é quando elas acabam e você fica lá, pensando que aquele poderia ser o amor da sua vida e você não sabia sequer o nome do dito cujo. Por isso nem temos a chance de procurá-los nas redes sociais. E quando tudo dá certo, você pega o contato dele e ele te chama, vocês conversam e no fim acaba não acontecendo nada.
Eu estava em desses momentos, em uma paixonite séria com o rapaz de preto do outro lado da balada. Os fios castanhos desalinhados se perdiam no sorriso tão branco que fazia reluzir. A cor dos olhos eu não podia dizer, mas que eles estavam fixos em minha direção, disso eu tenho certeza.
Enquanto bebíamos, eu jogava meu cabelo de um lado para o outro tentando não perder o gatinho de vista.
Pude ouvir a risada estridente de ao meu lado, então desviei meu olhar para ele.
- Você é tão discreta, ! – Riu alto - Acho que ninguém percebeu as indiretas para o bofe! – Gritou próximo ao meu ouvido.
Soltei um sorriso amarelo.
- Ele é um gato, não é? – Perguntei e ambos direcionamos o olhar para o rapaz que sorriu para nós.
Meu amigo arregalou os olhos e mordeu o lábio inferior, e soube que ele estava aprovadíssimo. Então aqueles músculos sob a camisa preta começaram a se aproximar mais e mais. Não pude deixar de contrair as pernas involuntariamente.
- Aí, ele tá vindo pra cá! – Pude ouvir a voz de afinar cada vez mais. – Aja naturalmente!
Começamos a dançar de uma maneira um pouco forçada. Acho que é o nervosismo que a frase “aja naturalmente” traz. As pessoas deviam parar de dizer isso. Os amigos dele, que também não eram de se jogar fora, observavam a cena de longe.
Ele encostou no balcão, pediu mais um copo, então me ofereceu. Eu sorri e vi o sorriso na cara de desmanchar. Me cumprimentou com três beijos e fez o mesmo com ele. Colocou-se entre nós.
- Vocês vêm sempre aqui? – Perguntou, mas se arrependeu da pergunta ao ver nossas sobrancelhas arqueadas.
Levou a mão na nuca, corando levemente. Não pude evitar o sorriso que brotou em meu rosto.
- Ah, nós gostamos de variar as baladas. Sabe como é? Lugar novo, gente nova. – Ele respondeu.
- Te entendo. – Respondeu sorrindo.
- Qual o seu nome? – Me antecipei.
- . E o seu, milady? – Depositou um selinho em minha mão.
- ! – Curvei os lábios em aprovação.
- E você é o... – Perguntou direcionando o olhar para o .
- . – Estendeu a mão para que ele a beijasse também. E assim ele fez, apesar de ter estranhado um pouco.
Não sei se o já tinha percebido que meu amigo era gay, mas digamos que hoje em dia isso é bem evidente, tanto pela maneira de se vestir, como pelo jeito de falar e agir.
Algumas músicas e muitas risadas depois, o nível de álcool em nosso corpo já provocava séria alterações. E paquera já tinha passado para um nível mais avançado, tudo o que eu conseguia imaginar era aquele homem me beijando loucamente. Chegava a ser engraçado como cada movimento daqueles lábios causava reações em meu corpo.
Eu e praticamente nos esfregávamos em , esperando apenas pelo grande beijo. Só não entendia porque ele continuava a conversar conosco e não me jogava logo contra a parede. Ri sozinha de meus pensamentos deturpados depois de alguns copos de destilado, ou talvez algumas garrafas... perdi as contas.
- O que acham de nos sentarmos um pouco? – Falou apontando para o sofá que acabara devagar.
Afirmei imediatamente sonhando em tirar aqueles saltos que já torturavam meus dedinhos e me atirar nele. No sofá no caso, não em , se bem que essa era uma possibilidade.
- Então gato, o que você faz da vida? – Perguntei jogando meus cabelos para o lado direito.
- Estudo advocacia!
- Aaah, então você faz direito? – perguntou dando um tom malicioso a frase, fazendo com que as bochechas do rapaz queimassem.
- Sim. – Riu tenso.
- Por isso não leva jeito com cantadas... – Continuou.
- , você não quer pegar uma bebida para nós? – Insisti, percebendo que estava ficando sem graça.
Ele olhou para o balcão e viu o barman limpando os copos entediado e decidiu que me deixaria a sós com o bonitão, para que eu pudesse investir, mas não sem antes o lançar um olhar de predador.
Não demorou muito para que meu amigo lascasse um beijo em um rapaz de cabelo claro, lindíssimo. Tão bonito quanto o próprio . Sorri com a cena, eu realmente desejava fazer o mesmo.
olhou para os amigos, que já não prestavam tanta atenção assim. Me empurrou contra o sofá e passou a distribuir beijos por toda a extensão de meu corpo, até chegar a minha boca. Seus lábios eram macios e sua língua dançava com a minha, suas mãos se alternavam entre minha nuca e cintura.
Pude ouvir uma comemoração tanto da voz fina e estridente de , como algumas outras que deduzi serem dos amigos de .

...


Sabe quando parece que você foi atropelada por um caminhão? Talvez dois? É... Para ser sincera eu também não, mas acredito que o que estou sentindo é bem próximo disso, uma ressaca terrível.
Logo percebi pelas roupas jogadas ao chão e o cheiro de lavanda que aquela não era a minha casa e sim a de . Agora só não conseguia processar como eu fui parar lá. Levantei-me rapidamente e por alguns instantes a sala inteira girava, apoiei no sofá, xingando internamente meu amigo por ter me levado para beber. Não é como se eu não fosse beber se estivesse em casa, mas provavelmente a dose seria menor.
Decidi ir acordar meu querido amigo, em busca de um comprimido para dor de cabeça. Parei na porta do quarto e bati algumas vezes sem resposta. é uma dessas pessoas que não acordam por nada nesse universo. Se o apartamento dele estivesse pegando fogo ele não iria perceber. Girei a maçaneta e empurrei a porta que deslizou leve.
Para minha surpresa lá estava ele, deitado, sem camisa sobre a cama com um sorriso debochado e a sobrancelha arqueada como quem diz "Te peguei".
- Bom saber que se eu estiver dormindo com o bofe e não atender seus gritos, você vai invadir minha privacidade. - Levou a mão à cintura.
- Ué, aprendi com o melhor que se a porta estiver aberta é convite para entrar. - Respondi fazendo o mesmo que ele.
Ambos rimos.
Acendi a luz do quarto e eu realmente não deveria ter feito isso, meus olhos arderam, tenho certeza que desejavam se materializar em uma pessoa e me dar uns bons tapas. A expressão no rosto de , mostrava que ele queria fazer o mesmo.
- Que horror, ! Eu não sou obrigado! - Falou fechando os olhos.
- Também me arrependi por isso. - Comentei alto.
- Não, doida. Estou falando dessa sua cara de panda borrada. Quem sabe em uma próxima encarnação você não desça com um rostinho perfeito, como o meu, e não passe esses cinquenta quilos de maquiagem.
- Me poupe, , você passa mais maquiagem que eu, querida! - Rolei os olhos. - Você poderia me dizer onde está o remédio para dor de cabeça?
- Acho que tem uns comprimidos na primeira gaveta do banheiro. - Sorri em agradecimento.
Andei em direção ao banheiro. Assim que abri a porta, não pude conter o grito agudo e estridente.
- Eu falei que a situação estava ruim. - Ele riu da cama.
- QUEM É ESSE, ? - A figura do homem de toalha que se olhava no espelho, me fez arregalar os olhos, minhas bochechas estavam em um tom de vermelho pior do que em situações que comemos muita pimenta. Nunca passei por isso. Calma. Respira.
- Vai me dizer que não se lembra, milady? - Meu amigo rolava de dar risadas e minha cabeça já tinha deixado de tentar processar a situação.
- Ér... Um minuto. - Falei para o do banheiro.
Caminhei batendo os pés contra o piso de madeira, olhando fixamente para meu melhor amigo. Por um segundo muitas coisas passaram pela minha cabeça. Um ménage? Não era possível eu me lembraria disso, não lembraria? Por que, raios, o me traria para a casa dele se fosse ficar com aquele cara?
- O que aconteceu ontem à noite? - Perguntei com a melhor cara de desespero, me jogando à ponta da cama.
- Nada demais, moça. O que sempre acontece... Pessoas acabam bêbadas e o tio tem que cuidar delas. - Riu.
- Então nós não... - Fiz uma combinação de gestos e esperava que tivesse entendido.
Sua risada alta, com direito a lágrimas em seus olhos, foram uma bela confirmação de que ele pegou o recado.
- Eu me recusaria de todas as formas possíveis, amor.
Agora nada fazia realmente sentido em minha cabeça, então aquele belo rapaz não era gay. Será que eu...
- ... Eu dei pra ele? - Tentei parecer o mais casual possível.
- Acho que isso você vai ter que perguntar para ele. - Respondeu soltando uma piscadela para o que estava para no batente da porta.
Senti minhas bochechas corarem novamente. Lançando um olhar mortal para meu amigo.
- É... Eu vou indo... - O mais alto coçou a cabeça. - Acho que causei muitas confusões por um dia.
Por um momento tive certeza que se eu tivesse ido para os momentos finais com aquele homem eu não me esqueceria, ou devia ter algum problema, bem sério, de amnésia alcóolica. Ele era lindo. Os fios molhados penteados para trás me fizeram abrir um sorriso involuntário e eu quis me bater por estar parecendo tão boba. Felizmente, fez isso por mim.
- Vou pegar minhas roupas. - Fez sinal com a cabeça, depois voltou, colocando somente a cabeça para dentro do quarto. - Vou deixar meu número na geladeira. Caso precisem de alguma coisa.
Sorriu e sumiu. Deixando além de uma confusão aparente, uma decepção, já que tirou da minha vista aquele corpo escultural.
Abri o celular de , procurando por algum vestígio da noite anterior e a primeira coisa que eu encontrei foram notificações de matchs em um aplicativo. Ignorei e fui direto para a galeria de fotos. Uma foto desse rapaz, vestido com roupas preta, mas longe de nós. Por um momento senti que me lembrava daquele rosto, algo em mim fez sentido, mas nada de concreto passou pela minha cabeça. Entrei no site do evento e fiquei passando pelas fotos até chegar em uma específica. Um casal abraçado em um divã, no meio do salão, rindo como velhos amigos, mas com as mãos entrelaçadas como casados há anos. Eu reconheci aquele vestido, os saltos cor de rosa. E reconheci os cabelos castanhos.

Em meio ao beijo abriu um sorriso, que me parecia um tanto constrangido. Não pude deixar de rir. Ele se alinhou e me puxou para o seu colo, não estava perfeitamente encaixada, mas devido ao nível de álcool em meu sangue, não saberia fazer isso sem alguma ajuda dele.
- Sabe eu tenho uma teoria, que uma pessoa só ri assim no meio de um beijo em duas situações: ou quando ela está muito bêbada ou quando o beijo está muito ruim. - Fez uma pausa para olhar para o meu rosto. - E eu realmente espero que seja a primeira opção.
- Acho que ambos sabemos essa resposta. - Depositei um selinho em seus lábios.
- Você realmente está muito bêbada, não é mesmo? - Riu.
- Não bebi tanto assim! - Forcei uma cara de brava.
- Então , costuma a beber assim? - Dei de ombros. - Vamos lá, já te falei um pouco sobre mim. Agora sua vez.
- Homens... Eles perguntam cada coisa... - Rolei os olhos e soltou uma gargalhada baixa - Bem, para ser sincera, muitas vezes. Desde que eu terminei meu namoro e principalmente depois que o meu crush se assumiu gay. - Falei apontando para meu amigo, que continuava aos amassos.
- Ele é incrível, não é?
- Você não tem ideia! Acredita que eu era apaixonada por ele desde o colégio? E então pá, tudo fez sentido. As manias, a sinceridade, o não me dar bola...
- Um homem realmente tem que ser muito gay para não te dar bola. - Sorriu, entrelaçando seus dedos aos meus.

- ...o nome dele é . - me tirou de meus devaneios. - . - Você acha que eu devo mandar uma mensagem para ele?
- Não escutou uma palavra do que eu disse, né? - Se jogou contra a cama novamente.
- Desculpa, eu estava com a cabeça em outro lugar.
- Manda, ué. - Fez uma careta e depositei um beijo em sua bochecha.


Capítulo 2 — Laranja

Fiquei olhando para a palma de minha mão. Passei o número de para lá antes de deixar a casa de , o celular segurado pela outra e minha cabeça viajava pelas opções de foras que ele poderia me dar se eu o chamasse. Acho que estava só esperando um súbito de coragem, para enviar a mensagem. Podia fazer aquilo sem pressa, mas por algum motivo, meu corpo inteiro me pressionava.
Então meus dedos teclaram rapidamente, enquanto eu evitava olhar para a tela tentando não me arrepender, um singelo "E aí? É a , espero que ainda se lembre de mim".
Apertei o botão de enviar.
Queria não ter feito. Fiquei olhando para a tela, enquanto contava os segundos que esperava por qualquer alteração. Respirei fundo. Qual o pior que poderia acontecer? Ele não me responder e eu nunca mais ver o carinha da balada? Não seria dos males o pior. Ou seria? Já estava ficando irritada com toda aquela aflição.
É óbvio que eu sei que não é o fim do mundo. Não é o fim do mundo. Nunca é. E se ele for o homem da minha vida? E se eu tiver feito algo de errado? Será que eu sei beijar quando eu estou bêbada?
Bufei com a cara no travesseiro, me xingando mentalmente por deixar que tanta coisa passasse pela minha cabeça em poucos segundos. Voltei a segurar o aparelho e então pude ver que ele estava online, mas foi quando a linha online deu lugar a digitando... que eu quase enfartei. Saí imediatamente da conversa, afinal, quando ele terminasse de escrever eu não podia parecer uma desesperada que deixou a conversa aberta só para saber mais sobre sua vida, certo?
Meu coração estava disparado, já quase pulava pela minha boca. Fechei os olhos em uma contagem rápida, abrindo a mensagem em seguida:

"E aí, ? Tudo bem?
Você é inesquecível, babe!"


Fiquei um tempo suspirando aliviada. Então comecei a digitar uma resposta, mas parei na metade lembrando que não poderia responder tão rápido.
"Tudo certo e com você?
Digo o mesmo. Apesar da bebida kkk."

"Estava melhor ontem à noite kkkk.
Fico ainda mais honrado, sendo assim!"


Minhas pernas já chegavam a estremecer, podia imaginar aquela boca linda, soltando uma risada alta e estridente. Abri um sorriso, daqueles bem idiotas, para o celular.

"É... Queria te fazer um convite, mas só se prometer aceitar!"

Mais uma mensagem dele. Apesar da minha vontade de responder um "CLARO" em letras garrafais, eu sabia que ia ter que usar do jogo de conquista mais um pouco, se não o homem já ficaria com medo de mim. Mas eu realmente aceitaria qualquer convite!

"Preciso saber do que se trata antes de aceitar!"

A mensagem chegou e logo foi visualizada. Ele escreveu e apagou a mensagem algumas vezes.

"Ah, deixa pra lá, então..."

Meus olhos chegaram a arregalar, não poderia perder a oportunidade assim...

"NÃO! EU PRECISO SABER!"

Enviei, mas em um minuto de consciência completei:

"Sou muito curiosa"

Ele já estava na conversa, por isso visualizou rapidamente e eu já sentia meu estômago dando nós!

"Kkkkk Então aceite meu convite!"
"Tá... Eu aceito."
"Sabia que meu plano não iria falhar!"
"Agora vai me dizer o que eu aceitei?"
"Não kkkk... Amanhã você vai descobrir!
Te pego às 19:00?"
"Não vai mesmo me contar?"
"19:00 é um bom horário?"

Dei-me por vencida. Aceitando que eu não saberia para onde iria, mas pulando de alegria internamente.

"Vou te esperar!"

...


Pontualmente às 19:00 o interfone tocou. E o porteiro anunciou o nome que vinha deixando minhas pernas bambas nos últimos dias. Sorri me olhando no espelho. Esperava estar vestida bem o suficiente para a ocasião.
Passei um perfume antes de sair. Apertei o botão do elevador, enquanto checava se não tinha me esquecido de nada. E antes que eu pudesse me arrepender de qualquer coisa, ouvi o apito alto que indicava que eu estava no andar.
A porta abriu e as borboletas que habitavam meu estômago começaram a ficar mais agitadas.
Quando sai pelo portão do prédio, pude ver o rapaz de cabelos castanhos e sorriso encantador apoiado em seu carro. E que carro! Eu não podia dizer a marca, porque realmente não sou boa com isso, mas tenho certeza de que é um carro incrível e caro. Desci a escadaria, repassando mentalmente o diálogo que deveríamos seguir pelo resto da noite.
- Você está espetacular. – Falou puxando minha mão e depositando um selinho estalado nela.
- Você está... – Mordi o lábio inferior, pensando em algo melhor a se dizer, mas as palavras simplesmente pularam de minha boca. – Um gato!
- Muito obrigado. – Sorriu dando uma voltinha. – Vamos?
A rádio foi ligada e junto a ela um começou a cantar imediatamente, como se esquecesse que eu estava lá, mas então olhou para os meus olhos e sorriu.
- Não gosta dessa música? – Perguntou voltando o rosto para a estrada.
- Eu gosto, sim. Só... Ér... Me surpreendi, as pessoas não costumam cantar em um primeiro encontro, entende? – Corei.
- Ah, só aquelas que cantam mal. – Respondeu prontamente, mas acreditem ele não cantava assim tão bem...
- Melhor eu continuar quieta, então...
- , eu estava brincando. Realmente não vou me importar se você canta como a Meghan Trainor ou não. – Sorriu, aquele sorriso tão bonito que chegava a contagiar.
As músicas continuaram a alternar-se e nós cantávamos, trocando olhares vez ou outra. Parecíamos duas crianças indo a uma excursão escolar. Então nem percebi quando o carro estacionou. Continuei passando a letra da música.
soltou uma risada alta.
Minhas bochechas chegaram a queimar com aquele olhar sobre mim.
- Não pare! Eu estava adorando!
- Claro. – Rolei os olhos soltando um risinho.
- Você fica ainda mais bonita quando está com vergonha... – Passou a mão pela maçã de meu rosto e eu me derreti inteira. – Ainda mais sóbria.
Levantei o olhar, arqueando as sobrancelhas. Aquele seria o momento perfeito para ele puxar meu rosto para si e me beijar com os lábios macios que tinha. Infelizmente não foi isso que aconteceu. levantou, deu a volta e abriu a porta para mim. Um perfeito lorde.
A fachada era de um restaurante italiano que eu conhecia bem, era o restaurante favorito de . Fiquei observando, enquanto o criticava pela escolha. Não sou uma pessoa bonita comendo. Acho que ninguém é um daqueles personagens de novela que colocam três grãos de arroz no prato. Ainda mais comendo macarrão.
Por outro lado, quem sabe fizéssemos a cena de A Dama e o Vagabundo, não seria algo para um primeiro encontro, mas eu não reclamaria nenhum pouco.
Sentamos em um lugar que ele afirmou ser especial. Não chegamos a pedir nada, era como se tudo já tivesse sido minimamente planejado. O vinho chegou e em seguida nossos pratos. Ele soltou uma piscadela para o garçom e continuamos a conversar.
- , preciso muito que você saiba... – Ah, seria lindo começar assim um texto de noivado, mas eu sabia que não era o caso, afinal, nos conhecíamos há três dias, quatro no máximo.
Pude ouvir o som de seu celular vibrando. E uma coisa passou pela minha cabeça. Talvez, fosse casado, noivo, ou estivesse namorando. Começou a me dar um desespero interno, enquanto sua expressão mudava aparentemente com a chegada da mensagem.
- Você é casado? – Perguntei já me levantando, pronta para sair batendo os pés.
- Não, não. Senta, louca! – Tentou usar seu tom mais normal, percebendo que todos olhavam para nós dois.
Coloquei minhas mãos sobre as dele, suava frio.
- Eu gosto muito de você. Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas...
- Sim, eu aceito. – Sempre quis ser pedida em namoro assim.
- Mas já vou avisando que minha família, não é fácil!
- Tudo bem... Isso a gente resolve!

...


Então descemos do carro, estava em frente ao meu prédio. Agora seria o momento de relembrar a parte da noite que eu ainda não acredito que eu esqueci.
Nossos dedos entrelaçados, enquanto conversámos sobre assuntos aleatórios, olhando para o céu estrelado. Mordi o lábio inferior enquanto descia meu olhar para aquele que me acompanhava.
As borboletas em minha barriga eram insistentes, então resolvi dar o primeiro passo. Aproximei meu rosto do dele, esperando que me beijasse. Foi aí que nossos lábios se encontraram pela primeira vez. Em um selinho demorado. Subi meus dedos para sua nuca, ele puxou minha cintura. Sua língua pediu passagem e eu cedi.
Cada segundo ali, parecia tornar-se uma hora em intensidade, mas passar em um milésimo. Quando dei por mim, já estávamos afastados sem fôlego. Olhei para cima, para o meu apartamento para ser mais específica.
- Você não quer subir?
Ele levou a mão a cabeça, coçando seus fios castanhos. Claramente nervoso.
- Não posso, . Tenho que acordar cedinho amanhã.
- Ah, fazer o que, né? – Fiz bico.
Então se aproximou, pensei que fosse me beijar novamente, mas ele simplesmente depositou um beijo em minha testa, me abraçando em seguida.
Ele voltou para o carro, enquanto eu subia as escadas. Olhei para trás e o encontrei me fitando.
- Não esquece que vai comigo no casamento da minha irmã! – Deu partida e foi embora, me deixando com um ponto de interrogação na face.


Capítulo 3 — Amarelo

Fiquei esperando no hall, já que há pouco percebi que ele trocou a fechadura de sua casa precisava o lembrar de me mandar uma cópia da chave nova. Já falei o quanto é chato esperar por alguém? Ainda mais quando você está sozinha, parece que o mundo inteiro está acompanhado e você está ali, sem ninguém.
É ainda pior quando a bateria do seu celular acaba e você tem que fingir estar mexendo em algum aplicativo, ou simplesmente ficar reparando nos detalhes do ambiente.
Depois de quase uma hora, sentada no sofá de couro branco, finalmente chegou com as nossas “infinitas” opções de filmes para assistir. Uma das coisas boas de se ter um melhor amigo gay, é que ele não tem aquela mania de te arrastar para um filme com espíritos exorcistas. E isso me aliviava muito.
Por outro lado a lista de filmes que meu melhor amigo escolhia sempre envolviam filmes com strippers-homens e/ou gays. Acredito que nem todo homossexual seja tão firme em seus desejos como , mas com ele não tinha discussão.
Então lá estávamos nós, sentados no sofá da casa dele cobertos por uma enorme coberta e um balde de pipocas em mãos. Assistindo mais uma vez a O segredo de Brokeback Mountain.
Sem dúvidas um filme lindo, mas que eu já estava cansada de assistir. Acho que até mesmo já se cansara, tanto que passou grande parte do filme me contando sobre sua semana, seu chefe musculoso e gato, meu ex-namorado/vizinho dele. Não pude evitar boas risadas, como sempre. Obviamente, também me mostrou todos os gatos que se interessaram por ele nos aplicativos de relacionamentos.
Pudemos ouvir a campainha soar. Nos entreolhamos estranhando.
- Está esperando alguém? – Perguntei.
- Não. E você? – Neguei com a cabeça, então ambos olhamos para a porta. – Bem, vou ver quem é, né?
Pausei o filme, enquanto esperava deitada voltar. Uma voz conhecida soou do outro lado. Levantei imediatamente direcionando o olhar para o corredor. E meu coração disparou quando me deparei com a silhueta de ali.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntei arqueando a sobrancelha.
- Vim devolver essa jaqueta do que estava comigo. – Respondeu sincero.
- Não quer entrar? – Perguntei, ainda sem entender muito bem a situação.
- Não, só vim para isso mesmo. Até breve, . – Se cumprimentaram com um aperto de mão.
- Que isso! Obrigado por trazer a jaqueta!
- Não fiz mais que a minha obrigação.
- Até breve, gatinha! – depositou um beijo em minha testa e sumiu pelo corredor.
- Gatinha! repetiu, fazendo com que eu gargalhasse.


Capítulo 4 — Verde

Há três semanas eu conversava com o diariamente. Ele era ainda mais incrível do que eu imaginava. Claro que a minha cabeça já tinha cuidado de planejar o nosso casamento, escolher o nome de nossos filhos e arquitetar uma casa perfeita para nós dois. E certamente ele, não fazia ideia de nenhum desses planos.
por sua vez, não apoiava o relacionamento. E apesar de saber que sempre temos que escutar aos extintos de um amigo gay - eles são como mães, tem um sexto sentido que não devemos desobedecer nunca - dessa vez eu sabia que ele estava errado. Afinal, era um dos homens mais incríveis que eu já tinha conhecido.
Estava me arrumando para o casamento da irmã de . Ele me convidou para o acompanhar dizendo que sua mãe me encheria de perguntas, entenderia se eu não aceitasse, mas que adoraria de ter a honra de me apresentar para a sua família. Muito fofo, né? Além disso permitiu que eu levasse o , para não me sentir tão isolada.
- Não acredito que você me convenceu a ir nesse lugar! Eu mereço um pedestal no céu depois disso!
- Você não iria se divertir tanto em uma boate sem sua melhor amiga.
- Eu me divertia mais quando você não estava de namorico. Agora tudo é ! Cadê aquela menina que saía todo final de semana para a balada?
- Sempre que estamos em um relacionamento damos uma sossegada. - Respirei fundo. - Eu sinto que vai ser hoje, , hoje eu vou pegar ele de jeito!
Ele riu, mordeu o lábio inferior e colocou as mãos para cima em desistência.
- Então vem, deixa eu te ajudar com isso, porque você tem que estar perfeita.
Estava em um vestido grafite da loja na qual meu melhor amigo trabalhava e ele em um belo terno branco. Enquanto terminava de me maquiar, olhava para seu reflexo pelo espelho. Realmente era um desperdício, um homem tão lindo ser gay, mas por outro lado, não conseguia me ver sem ele.
"Estarei passando aí em 15 minutos, okay gatinha?" -
"Sim, senhor!" - Respondi abrindo um sorriso.
Passei meu melhor perfume e comecei a apressar , porque ô bicha demorada, viu?! Se eu fosse homem e tivesse nascido com o rosto dele, iria para casamentos de bermuda e chinelo e sei que ninguém iria reclamar.
- Como estou? - Perguntou dando uma voltinha.
- Amazing! - Respondi enquanto cruzávamos nossos dedos em um toque especial.
O elevador finalmente nos deixou no andar que pretendíamos chegar. Uma das sensações mais constrangedoras deste mundo é quando pessoas entram no elevador e você está extremamente desarrumada, ou extremamente arrumada. Em ambas você nota olhares que te fazem querer entrar em um buraco e não sair nunca mais.
O carro preto nos esperava e não pude admirar o quão bonito ficava em trajes sociais. Me coloquei no banco da frente e depositei um beijo estalado em sua bochecha. se jogou no banco de trás, pude ver o olhar que o motorista lançou ao meu melhor amigo através do retrovisor. Espero que não tivesse cometido uma gafe ao convidá-lo para ir ao casamento conosco.
- Você está incrivelmente linda, Srta. - Olhou para mim e beijou minha mão.
- Igualmente, Sr. .
- , você está elegantíssimo! - Sorriu, ainda um pouco constrangido.
- Como sempre. - Respondeu rapidamente.
- Como sempre. - O outro assentiu rindo.
Durante a maior parte do trajeto o silêncio predominou. Chegou a ser um tanto constrangedor, mas por fim todos estávamos sorrindo e cantando desafinadamente as músicas que tocavam na rádio.
Assim que chegamos, fez questão de abrir a porta para nós. Entrelaçou seu braço ao meu, me dando apoio para andar de salto sobre o gramado. E caminhou atrás, com uma expressão perceptivelmente irritada. Entendia o ciúmes que ele sentia, era como se uma pessoa estivesse nos afastando, mas sabia que isso jamais aconteceria.
A cerimônia foi incrível, a noiva estava deslumbrante, mas o que mais me encantou em tudo aquilo foi a maneira dócil como tratava sua família. Desde pequena, aprendi que a maneira como um homem lida com seus familiares diz muito sobre o seu caráter. E ele não poupava abraços e beijos, fez questão de me apresentar a toda sua família.
Nos encaminhamos para a casa da família , onde acontecia a festa, para celebrar o matrimônio. Fiquei algum tempo conversando com as primas dele, todas de uma simpatia incrível.
- Fico muito feliz de te receber aqui, , certo? - Uma mulher com feições que me lembravam o rosto de perguntou.
- Sim, senhora. E o prazer é todo meu. - Levei a mão ao peito, enquanto abria um sorriso.
- Há anos meu filho não trazia uma namoradinha para nos conhecer. A última - apontou para uma linda ruiva que estava sentado, acenando em nossa direção - foi a Betty. Uma ótima garota, pena que não deu certo.
Assenti com a cabeça, sem reação. Já tinha me esquecido o quanto era complicado estar com a família de um namorado, ou futuro namorado, enfim.
- Nós não namoramos, Sra. . Somos apenas bons amigos. - Tentei não transparecer a decepção naquelas palavras.
- Que seja! Qual o nome daquele rapazinho que veio com vocês? Ele é seu namorado? - Perguntou.
- Aquele é o , um velho amigo, mas pode ficar tranquila quanto a isso. - Soltei um riso sem graça. - Ele é gay!
Os olhos da mulher se arregalaram. Devia ser uma daquelas senhoras religiosas que são contra o matrimônio de homossexuais.
- Se eu fosse você, evitaria companhia de pessoas assim. - Sussurrou. - Pode ficar mal falada!
Minhas bochechas coraram, não queria causar uma péssima impressão para minha futura sogra, mas não podia deixar ela falar assim. Por sorte, um bem-humorado se colocou entre nós, envolvendo nossos pescoços.
- Vejo que as minhas mulheres estão se dando bem. – Continuou, depositando um selinho em minha boca.
Em poucos minutos se afastou com sua mãe, piscando a metros de distância para mim. Como quem diz "De nada" e eu realmente estava grata. Peguei uma bebida com o garçom e fiquei ali observando conversar com algumas primas de .
Caminhei até a sacada, senti o vento contra meu rosto e gole a gole fui derramando a bebida por minha garganta. A menina dos cabelos cor de fogo, que me disseram ser a ex-namorada dele, parou ao meu lado. Em um primeiro instante ambas olhando para o horizonte, o gramado bem cuidado, com as flores em perfeito estado e em seguida já sentia seu olhar sobre mim.
- Vocês já transaram? - Perguntou rapidamente, fazendo-me corar.
- Co... Como... Assim? - Gaguejei, impressionada com o quão direta ela foi. – Ér... Não sei... Acho que sim. - Respondi sinceramente.
- Você não sabe pra quem dá sua buceta? - Perguntou virando os olhos.
- Nos conhecemos em uma balada... Acordamos juntos no apartamento de um amigo. - Olhei para ela, envergonhada de ter compartilhado tanto a meu respeito. - Mas por que tantas perguntas?
- Não me leve a mal, garota, mas tem muitas coisas que você não sabe a respeito do .
Os meus olhos se arregalaram. Por um momento tudo fez sentido. Todas as vezes que ele não quis subir para o meu apartamento, o porquê de ele parar um beijo, sempre que a situação começava a esquentar. era virgem.
- Então, vocês nunca... - Olhei para ela, esperando que entendesse.
- Não, nós nunca transamos. - A mulher olhou para baixo por alguns instantes e depois olhou pra mim. - Peça para ele te mostrar o quarto dele, talvez entenda o que eu quero dizer.
Estava impressionada em como as pessoas do interior tinha preconceitos, a coisa mais normal do mundo é ter pôsteres de mulheres nuas espalhados pelo quarto de homens, principalmente no de homens virgens. Apesar de um lado meu estar balançado com as informações, achei extremamente fofo ele se guardar daquela maneira.
Precisei puxar para contar o que eu havia descoberto. Este riu incrédulo. Afirmou com certeza que esse não deveria ser o segredo dele. Afinal até ele que era gay perdeu a virgindade há um bom tempo. Não estou dizendo que homossexuais não podem transar, mas convenhamos que é mais difícil para eles encontrarem alguém do que para nós.
- Eu juro, ! Ele nunca transou com a ex dele! - Falei com a boca em um belo "O".
- Talvez, tenha feito com outra pessoa...
- Mas o que mais poderia explicar a timidez dele em relação a uma pegação mais caliente?
Ele soltou um suspiro em desistência.
- Não sei, .
- Ponto! - Gritei, batendo palminhas vitoriosa.
- Acho que você devia ir consertar sua maquiagem, menina. Está toda borrada. - Falou após alguns segundos me analisando.
- Você está me invejando! - Joguei os cabelos, sorrindo.
- Estou sendo sincera, querida. - A expressão dele não o permitia mentir.
Entrei em desespero. Subi as escadas que davam no andar de cima, procurando pelo primeiro banheiro, que eu pudesse encontrar. Uma porta aberta, mostrava que eu tinha chegado ao meu destino. Analisei meu batom, já estava saindo, retoquei levemente e arrumei meus cabelos que já caiam bagunçados sobre meus ombros.
A casa era realmente grande, vários quadros espalhados pelos corredores, com piso de madeira escura. Tinha um ar antigo, mas ao mesmo tempo era tudo perfeito. Fiquei admirando as fotos de família.
Depois de passar muito tempo no banheiro, refazendo a maquiagem, passei pelo corredor para voltar a sala, mas acabei me deparando com uma placa dourada . Não queria ser intrometida, longe disso, mas a curiosidade estava me corroendo. Então abri a porta e entrei.
A primeira coisa que reparei foram as fotos, sempre acreditei que todos tiveram uma fase feia. E para ser sincera não sei se já sai da minha, mas aquele menino nunca teve um defeito. Sorri boba, encarando as fotos.
Fui caminhando pelo quarto, até chegar a uma prateleira com vários bonecos espalhados por ela. Diferentes, vestidos com roupas de super-heróis, militares, alguns eram de época, outros não. Achei incrível e fiquei analisando cada detalhe. Pude ouvir a porta ranger e quase enfartei, joguei o corpo pra trás com o susto. Batendo na cadeira e fazendo um barulho ainda mais alto. A silhueta se aproximou cada vez mais, então foi ganhando forma.
- ? – Perguntou.
- ! – Por um momento senti meu coração pular pela boca.
- Está tudo bem?
- Você me assustou, só isso.
- Desculpa. – Falou baixo.
- Eu que peço desculpa, não deveria...
Fez sinal de silêncio e pegou minha mão.
- Acho que encontrou minha coleção. – Assenti com a cabeça. – Nunca joguei nenhum deles fora, cada um tem uma história. Acho que a parte mais legal de uma coleção, não é o objeto em si, é toda a história que vem com ele, as lembranças, o significado, entende?
- Aham.
- Minha ex-namorada cismou com essa coleção, queria destruir tudo, não entendia o quanto era importante para mim.


Capítulo 5 — Azul

Depois de bebermos muito, nem eu e muito menos estávamos aptos a dirigir, por isso nos obrigaram a ficar no hotel onde aconteceu a festa por uma noite. Com certeza eu iria me aproveitar disso. Quer dizer... Não sou nenhuma ninfomaníaca, nem nada assim, mas eu realmente ando em um período de tensão sexual que está difícil de suportar.
Subimos pelo elevador, acompanhados por um homem que se vestia como naqueles filmes americanos. Era inevitável não soltarmos boas gargalhadas durante o trajeto.
Assim que a porta do quarto foi aberta, tratei de dar um bom beijo naquele homem lindo a minha frente. Ele me beijava como na noite em que nos conhecemos, com desejo, com vontade, acho que o álcool nos fazia bem.
Podia sentir o cheiro da vodca adentrando minhas narinas e isso me causava um efeito sobrenatural. Queria sentir o corpo dele no meu, saber como foi a sensação que eu ainda não sei como fui esquecer. Entrelacei meus dedos em sua nuca que já soavam devido ao calor ou a tensão. Sorri entre o beijo, continuando a me movimentar em sua boca. Comecei a desabotoar sua camisa botão por botão, passei a língua lentamente pelos pedaços de pele aos poucos liberados.
Minha vagina devia parecer uma cachoeira, eu queria aquilo, como há muito tempo não queria alguém. Os gemidos mesmo que baixos que ele soltava, assim como sua ereção que pela primeira vez se fez tão perceptível me excitavam ainda mais.
Quando subi a cabeça e pode ver meus olhos, foi como se um brilho tomasse conta de si.
- Uma banheira. Temos uma banheira! – Falou bem alto, fixando o olhar no banheiro.
- Que chique! – Falei levantando as mãos e batendo palmas.
Ele terminou de se despir e eu fiquei olhando para seu membro grande, mas em poucos minutos tudo o que meus olhos alcançavam eram as nádegas brancas que caminhavam felizes para a banheira.
Joguei-me na cama, enquanto ele enchia a banheira. O barulho de água me dava sono, muito sono, meu corpo ia se derretendo, enquanto eu afundava mais na cama. Foi quando meus olhos fecharam e aquele corpo veio a minha mente, que eu reuni forças para levantar. Tirei minhas roupas, ficando completamente nua.
Então abri a porta do banheiro sem nenhuma cerimônia, me jogando sobre o corpo daquele que de olhos fechados relaxava. se assustou inicialmente, mas logo já nos beijávamos enlouquecidamente.
Aquele era o dia em que eu saberia como é pertencer a , e eu prometi a mim mesma que jamais me esqueceria daquela sensação. Minhas mãos contornavam suas entradas perfeitas, enquanto as dele apertavam minha bunda sem dó alguma. Sua expressão parecia preocupada, mas não me importei. Continuei a deslizar meus dedos até alcançar seu pênis. Minhas mãos dançavam por ali e ele gostava da sensação, eu sabia que gostava.
Quando suas mãos finalmente chegaram a minha vagina, algo aconteceu, seus olhos se arregalaram novamente. Foi como se todo o tesão dos minutos anteriores tivesse passado. Então ele ergueu seu tronco e me afastou com as mãos.
- Ei, ei, o que é? – Perguntei me apoiando em meus joelhos.
- Eu só não quero fazer isso. Não aqui e não agora. – Levantou-se colocando roupão para cobrir seu corpo.
Fiz o mesmo visivelmente emputecida. Como alguém te deixa na mão assim? Te provoca mexe com todos os seus sentidos, para te deixar com gostinho de quero mais.
- Olha, , se isso for um joguinho eu não estou achando graça nenhuma.
- Não é, ! Você devia respeitar meu momento!
- Você brochou? – Perguntei apesar de ter ideia de qual seria sua resposta.
- Ah, o problema realmente não é com você! – Sentou-se na cama levando a mão às têmporas.
- Odeio essa conversinha... – Coloquei as mãos no ouvido, como uma criança de sete anos faz, quando não quer ouvir o que os seus pais têm a falar.
- Você é linda, seus seios são perfeitos, não tem nada de errado com você. – Falou simplesmente.
Sentei ao seu lado na cama.
- Tudo bem, . Outro dia nós tentamos novamente. – Balancei a cabeça em desistência.

...


Saímos do hotel, dividindo as despesas, mas ainda sem trocar sequer uma palavra. Minha cabeça ainda doía devido ao excesso de álcool e acho que isso não acontecia só comigo. Infelizmente, estava sendo ainda pior aguentar as lembranças da noite anterior.
- Me deixa na casa do ? – Perguntei quando já estávamos ambos ajeitados no banco da frente.
- Claro. – Respondeu forçando um sorriso.
Abaixou o espelho, para bloquear o sol que atingia seus olhos, àquela hora da manhã.
As músicas se alternavam na rádio, mas diferente dos outros dias não cantamos alto, muito menos ficamos sorrindo e trocando olhares. E era o silêncio entre as músicas, o não dizer, que incomodava. Talvez fosse pela noite anterior e tudo o que aconteceu, mas quem sabe, a culpa era da ressaca terrível que tomava conta de nós.
estacionou em uma das vagas para visitantes, então descemos e seguimos para o elevador. Achei estranho ele me acompanhar, mas quem sabe quisesse falar alguma coisa, no meio do caminho.
Entramos no elevador e aquele silêncio estava me torturando, me prendi a olhar para os números que aumentavam em vermelho. Sabe aquela sensação ruim que dá quando o número congela em um certo andar? Fazia muito tempo que eu não sentia isso, quase não me lembrava que o meu querido ex-namorado morava ali. Então o que me restava era torcer para que não fosse ele.
Não sei se eu já falei que a sorte nunca está ao meu favor. Dessa vez não seria diferente. Conforme a porta deslizava eu sentia meu coração apertar mais e mais. Ele jogava suas chaves para cima sem se preocupar muito com o que apareceria a sua frente, apenas quando seu cachorro pulou para dentro do elevador correndo para brincar comigo, que seus olhos subiram e me encontraram.
- ? – Falou consigo mesmo, mas acabou soando alto demais.
- . – Afirmei mantendo o olhar no animal.
- Vocês se conhecem? – perguntou com a sobrancelha arqueada.
- Melhor do que você imagina. – O meu ex-namorado alfinetou enquanto se colocava para dentro.
- Então , quem é esse? – Apontou.
- Meu atual, ér... Ficante. – Respondi prontamente, sem olhar para a expressão de , imaginando que sua expressão não deveria ser das melhores depois da noite anterior.
soltou uma risada alta, contorcendo cada um de seus músculos. Ah, não posso evitar que daqueles músculos eu sentia saudade, me arrepiei dos pés à cabeça com aquela risada.
- Tem certeza, disso, ? – Me encarou ainda debochado.
Nesse momento, me encostou no espelho e me beijou, mas com toda a vontade e desejo do começo da noite anterior e tinha algo mais ali, uma mistura de raiva com preocupação. Era uma maneira de fazê-lo se calar. E que ótima maneira.
O barulho emitido pelo elevador anunciou que chegávamos a nosso destino. Então ele abaixou a cabeça e passou as mãos por seus lábios que estavam extremamente avermelhados.
- Tenho, . – Disse deixando o elevador.
Sua petulância era tanta que manteve a expressão debochada até o último segundo enquanto a porta se fechava.
- Se eu fosse você, não teria tanta certeza, ! – Gritou por fim, fazendo com que eu rolasse os olhos.


Capítulo 6 — Anil

Os homens dizem que é difícil compreender as mulheres, mas certamente fazemos mais sentido que todos eles juntos. Não levem a mal é só que eles realmente são complexos. Sempre tomam as decisões erradas, mesmo sabendo que isso vai dar merda. É impressionante. Ficam bravos por motivos totalmente inconvenientes e além de tudo isso. São tão inconstantes que chegam a impressionar.
Óbvio que têm os que defendam, todo homem é igual, só quer sexo, mas acho que os tempos mudaram e até o mais hétero dos héteros roubou das mulheres a necessidade por carinho. Hoje em dia eles também querem provas de amor e precisam de atenção.
Ah e se tem uma coisa que eu aprendi sobre eles foi que se um homem brochar, você não deve esfregar isso na cara dele, ou ele pode nunca mais retornar suas ligações.
Por isso eu prefiro os gays, eles podem apertar seus seios, mas não imaginam a boca deles os chupando, preferem usá-la para outra coisa. Não te fazem sofrer assim, além disso, amigos gays sempre retornam suas ligações, até quando estão bem revoltados com você.
Porém, é claro que quando acontece algo de errado em sua vida e eles viviam te avisando sobre isso. Você não vai fugir daquele bom “Eu te avisei” e comigo não foi diferente. estava comigo em meu apartamento. Ele e o pote de sorvete eram ótimos amigos em momentos como esses.
As lágrimas já não escorriam mais pelo meu rosto, já devia estar seca de tanto que chorei. Óbvio que eu fiquei brava com o , afinal ele simplesmente me deixava na mão há quase três meses. Sempre tinha uma desculpa, nunca podia se envolver. Eu ainda queria saber como aquele dia consegui algo. Talvez fosse uma doença.
- , existe alguma doença que faça com que o pau de um cara não suba mais?
- Velhice, cigarros, calcinha bege, meia, mulher feia... Não sei... – Falou tentando se manter sério.
- Você me acha feia? – Perguntei com os olhos lacrimejando.
- Você é uma deusa, ! Mas essas olheiras não estão ajudando... Vamos lá, eu perdi aquela amiga feliz que eu tinha. Aquele sorriso perfeito, ao qual nenhum homem resistia.
- resistia. E muito. – Terminei caindo no choro novamente.
- Ah, eu te avisei para passar menos tempo com ele. Nos últimos meses tudo o que você fazia era sair com o seu novo namorado.
- Eu devia ter te escutado. – Falei entre os soluços que escapavam por minha boca.
- Ah, boneca, ele só não era bom o suficiente para você.
me envolveu em seus braços, como se tentasse confortar tudo em mim. Por algum tempo funcionou, mas então me lembrei de cada um dos momentos que passamos juntos. Não é possível que ele tenha deixado todos os sorrisos, tudo, por ter brochado uma noite.
Não conseguia entender. Não queria entender.
- Ele não vale um centavo. – comentou.
- Você já viu o carro dele? – Perguntei erguendo o pescoço para olhar sua reação.
- Ele pode dirigir esses carros de luxo que você gosta, mas ele não te liga à noite e diz que te ama.
- Exatamente. – Já não tentava mais controlar as lágrimas, fazia bico e torcia o nariz.
- Você anda tão triste! – Fez uma pausa, como se pensasse se realmente deveria falar o que estava em sua mente. – Ele pode valer ouro, querida, mas você vale muito mais!
- Você realmente acredita que o problema não fui eu?
- Óbvio que não... – Colocou meu cabelo para trás. Levantou meu queixo, fazendo com que meus olhos encontrassem os dele. – Vou te contar um segredo... Eu pensava em me assumir gay muito antes de conhecer você e as meninas, mas foi quando você se aproximou com aquele sorriso doce que eu duvidei. Pela primeira vez em anos não tive certeza se o que eu sentia por uma mulher era amor ou amizade. Eu sou completamente apaixonado pelo seu jeito. E eu tenho certeza, que nenhum homem hétero deixaria você escapar. – Falou por fim, selando nossos lábios amistosamente.
O celular de começou a tocar. Ele olhou ao visor e sua expressão ficou claramente preocupada. Devia ser algo importante.
- Ei, , eu realmente preciso atender! Só um minuto, e eu volto a ser todo seu.
Dirigiu-se a varanda, o que não costumava a ser habitual dele. O assunto deveria ser de alta gravidade, para que ele trata-se longe de mim.
“- Eu não tenho nada a falar com você. – A conversa se tornava audível, apesar da discrição com que falava.
- Não quero que tente ser amigo dela, muito menos tente voltar a ser meu amigo. – Minha sobrancelha arqueou-se. Com quem falava tão sério?
- Como vou ficar tranquilo, sabendo que você a usou como um brinquedo? Assim como pode estar me usando também. – Ele direcionou o olhar para o meu quarto, então simplesmente voltou a cochichar.”

Os passos de meu amigo se fizeram ouvir, assim que chegou novamente a meu campo de visão, sorriu, como se nada o perturbasse, mas eu me preocupava. Por isso resolvi perguntar.
- Quem era?
- Ninguém importante, gata. – Depositou um selinho em minha testa. – Eu preciso ir... Coisas do trabalho. – Fez careta. – Você vai ficar bem?
- Enquanto o sorvete não acabar. – Brinquei. – Não quer mesmo me falar nada?
Ele negou com a cabeça, juntou suas coisas e saiu. Voltou colocando a cabeça para dentro, como se se lembrasse de algo.
- Não ligue para ele. Ele não é bom para você. – Dito isso desapareceu pelo corredor.


Capítulo 7 — Violeta

Resolvi que bloquearia em minhas redes sociais, para impedir que eu o stalkeasse e me machucasse ainda mais, mas assim que entrei em seu perfil, encontrei algo que doeu. Doeu muito. Uma foto adicionada há pouco tempo com uma morena de olhos claros, lindíssima.
Ele tinha outra. Podia ter acreditado nessa teoria desde o começo, mas preferi ser trouxa. Por que me levou para conhecer sua família? Por que me fez sofrer assim? Se podia ter evitado todo esse mal entendido. Bufei irritada.
Precisava contar isso tudo para . Mandei algumas mensagens, sem retorno. Não era um assunto que realmente pudesse esperar, eu estava prestes a explodir, por isso decidi que iria para a casa dele. Esperaria se fosse preciso, na porta, mas uma hora ele chegaria.
Não cheguei a tirar o pijama, apenas entrei no elevador, chamando um táxi pelo aplicativo. Não prestei atenção nos andares, apenas fiquei me olhando no espelho e me comparando mentalmente com a mulher da foto. Era mais magra, mais bonita, mas tinha que ter algum defeito, os dedos deviam ser feios, o beijo devia ser ruim. Ela era ruim de cama. O pior é que mesmo com todos os pensamentos que passavam pela minha cabeça, no fundo eu sabia que ela era boa em tudo isso também.
Acho que até o taxista estava com pena de mim, insistiu para que eu não pagasse pela corrida, mas fiz questão. Devia pensar que eu estava de luto, tamanha era a bagunça em minha pessoa.
Em pouco tempo, lá estava eu, novamente em um elevador. Meus olhos atentos ao perfil daquela mulher. Era tão bonita. Chegava a me irritar. E não seus dedos não eram tortos e seus pés não eram desproporcionais.
- Não sabia que estava jogando no outro time, ! – Uma voz irritante ecoou.
Eu iria dizer que era um péssimo momento para as suas gracinhas, mas acho que ele percebeu, porque sua expressão debochada se transformou em preocupação.
- Meu Deus, , você está péssima. O que aconteceu? – Senti que ele se aproximava e que iria me abraçar, mas isso só me faria derramar ainda mais água. Não se fica muito feliz com o “apoio” de um ex-namorado.
- Não é nada, . – Me desvencilhei de seus braços. – Só preciso falar com o , sabe mulher na TPM. – Forcei um sorriso.
- Não tem nada que eu possa fazer? – Perguntou.
- Por enquanto não.
O apitou soou. Então me despedi com um sorriso forçado e ele fez o mesmo. Antes que as portas se fechassem, ele colocou uma de suas mãos para fora e então elas deslizaram de volta.
- Se você precisar de alguma coisa, de qualquer coisa, você sabe onde me encontrar. - Assenti com a cabeça.
Curvei meus lábios com a sinceridade que eu precisava. Apesar de tudo, ainda tinha aquela capacidade de me fazer sorrir em momentos tão peculiares.
A porta estava aberta então me coloquei para dentro.
- , cheguei! – Chamei sem resposta.
As luzes estavam ligadas, mas ninguém estava na sala. Talvez ele estivesse no banho, continuei caminhando em direção ao quarto. Empurrei a porta, a luz era fraca, o ambiente estava sendo iluminado apenas pelo abajur, a porta continuou a escorregar. Por um segundo senti que meu corpo estava prestes a cair. Um grito agudo.
O prédio inteiro devia pensar que estava acontecendo um assalto. Mas de certa forma era isso, ou pior que isso, um assalto moral. Ali deitados naquela cama estavam: meu melhor amigo e o rapaz pelo qual eu chorava hoje mais cedo.
Bati a porta com força, não conseguia distinguir as palavras que me eram ditas, apenas precisava sair dali. De uma hora para a outra, foi como se todo o meu mundo caísse de vez, ao mesmo tempo que tudo começava a fazer sentido eu não entendia nada.
Se eu resolvesse esperar pelo elevador, algum deles poderia me alcançar e eu realmente não queria ver nenhum dos dois, nem que estivessem coloridos com as cores do arco-íris. Bati a porta de fogo e passei a pular os degraus o mais rápido que eu podia. Não queria que me alcançassem.
Os meus olhos estavam embaçados, meu coração apertado, minha mente confusa e talvez o conjunto de tudo isso tenha levado meus pés a falharem. Senti meu corpo rolando escada a baixo, talvez fosse até melhor assim, quem sabe em coma em um hospital não me falavam a verdade. Senti algo me segurando, nunca pensei que a sensação de morte fosse tão real. Os anjos tinham braços musculosos.
- Ai meu Deus, fala comigo. Você tá bem? – Abri os olhos vagarosamente reconhecendo aquela voz.
- ? – Perguntei ainda confusa.
- Você é meu anjo da guarda ou algo do tipo?
- Oi? – Corei assim que percebi que estava bem longe do céu. Ainda na escada do prédio de .
- Achei que tivesse caído! – Expliquei.
- Fox, se você morresse tenho certeza que não iria para o céu. Muito menos me encontraria lá. – Riu me fazendo sorrir.
Assim que vi a figura dos dois homens que desciam as escadas, comecei a entrar em prantos novamente. Passei a xingar mentalmente por ter me segurado.
- Ainda bem que você está bem! Eu nunca me culparia se algo de ruim acontecesse com você. – falou do andar de cima.
- Talvez não mentisse para mim. Me enganasse. – Soltei rapidamente.
- Nunca quis te machucar. – falou então meu corpo se encheu de raiva.
- Sabe o que mais doeu, ? Doeu saber que o meu melhor amigo me traiu. O cara em quem eu confiei a minha vida toda. Eu só queria que você... – Respirei fundo. – Nunca mais me procura, não fala comigo.
- Deixa ele te explicar. – foi rápido, tentando evitar mais problemas.
- Cala a boca, . A culpa de tudo isso é sua. – Meu ex-melhor-amigo gritou dando um soco no braço do outro.
- Explicar o quê? Que vocês dois gostam de rola? Eu acho que entendi isso. – Tentei continuar a descer as escadas, mas ainda estava envolta pelos braços de .
- Ah, agora tudo faz sentido. – comentou mordendo o lábio inferior, sabia que não estava ficando louco.
- Me solta, !
- Não. Você está nervosa, e eu não quero que nada de ruim aconteça com você. – Ele olhou no fundo dos meus olhos – Ei, vamos lá, você escuta o que eles têm a falar e depois eu te levo pra casa, em segurança. Depois eu te apresento uns amigos gatos que eu tenho e héteros. – Riu alto.
- Eu não quero ouvir nada!
- Quanta infantilidade, !
- Não adianta me provocar, ! – O olhar desafiador que ele me lançou, fez com que o meu lado impulsivo emitisse um sonoro. – Tudo bem.
Entrar no apartamento de só traria as cenas de volta a minha cabeça, por isso decidimos ir para o andar de . Estávamos os quatro sentados frente a frente.
- Sabe aquela noite na boate? – começou a falar e eu só assenti, evitando olhar para ele. – Você tinha bebido demais...
- Pra variar! – comentou.
- Meus amigos estavam me pressionando. Acredite em mim, eu me senti atraído por você, então nós conversamos, nos beijamos. E eu provei minha masculinidade para todos. Só que depois que você apagou, o ficou desesperado, eu também fiquei muito preocupado, então falei que o ajudaria com você.
- Ele me ajudou a te colocar em um táxi, não estava em condições de voltar pra casa, anjo. – começou a falar. – Comentei que não conseguiria carregar você para o apartamento, então ele disse que me acompanharia.
- Durante o caminho começamos a conversar. E eu descobri que o era ainda mais encantador do que eu imaginava.
- Nós não vimos a hora passar...
- Quando dei por mim, já estava tarde demais para pedir um táxi. Por isso acabei dormindo lá.
- Nós ficamos no dia seguinte e como eu sabia que estava caidinha por ele, pedi que te contasse a verdade.
A maneira como completavam as frases do outro, tornavam ainda mais real a história e os fatos em minha cabeça começavam a fazer sentido.
- Já tinha preparado todo o discurso. Iria te falar: Sou bissexual e estou com o agora.
- Por isso o jantar! – Conclui.
- Exatamente.
- E por que não acabou com aquilo de uma vez? – Perguntei um pouco confusa.
- Minha mãe me mandou uma mensagem, perguntando quem iria me acompanhar no casamento de minha irmã. Eles são totalmente aristocráticos, cheios de fobias. Se eu levasse como um acompanhante seria deserdado, se não levasse ninguém ela iria arrumar uma garota da cidade que quisesse um relacionamento com um cara rico e eu ficaria um bom tempo tendo que aturar a moça. – Fez uma pausa para olhar para meus olhos. – E ali estava você, perfeita. Tão bela que minha mãe não desconfiaria de nada, gentil e interessada em mim.
- Por isso me enganou? Por que simplesmente não me propôs ser sua namorada de mentira?
- Tinha medo de você não aceitar. De beber demais e acabar contando. Depois nós passamos um tempo conversando e você se mostrou tão incrível que eu não pude evitar, fiquei dividido entre vocês dois.
- Até o dia da banheira! – Falei rápido, fazendo mais uma ligação.
- Te desejei como nunca desejei nenhuma outra mulher. Meu beijo foi sincero, cada toque. Mas quando finalmente achei que me entregaria, veio a minha cabeça e eu soube que era ele que eu amava. Me desculpa por causar toda essa confusão.
- Eu sabia que não estava ficando louco! – Disse se inserindo na conversa. – Um dia eu encontrei os dois de mãos dadas no elevador. Por isso quando me disse que estava namorando com ele, eu duvidei. O beijo que ele te deu me deixou confuso, mas sabia que eu não era tão burro assim.
- Tentei evitar. Pedi que ele te contasse a verdade. Eu tentei terminar, te avisar, mas não consegui. Eu te amo tanto, . Me perdoa? – falou.
- Eu não sei o que dizer. Não sei o que pensar. São muitas informações para mim, mas eu vou pensar com calma em tudo isso.
- Acredito em você, baby.
- Bem, boa sorte ao casal! Quem sabe um dia não me convidam para um ménage? – Perguntei com um sorriso ainda entristecido.
- Até mais, . – falou beijando minha mão e deixando a sala.
- Eu te falei que ele não era bom para você. – beijava minha testa. – Espero que possa me desculpar.
Ambos passaram pela porta e se jogou no sofá ao meu lado, passando um de seus braços ao meu redor.
- Ei, . – Chamou minha atenção. – Você não está pensando em virar lésbica, né?
Ri da inconveniência dele.
- Não custaria nada tentar. – Ele arregalou os olhos espantando. – Mas acho que fui destinada a sofrer por causa desses malditos pênis.
- Sabe aquele amigo que eu queria te apresentar? – Perguntou olhando para o teto.
- É gato?
- Muito.
- Gostoso?
- Você nunca viu igual.
- Vai me dizer que você é gay também? – Perguntei estranhando suas respostas.
- Gay não, mas acho que ainda sou completamente apaixonado pela não-futura-lésbica da cidade. – Coçou a cabeça. – Quer conhecê-lo?
- Acho que já conheço, . – Sorri.
Então nossos lábios se tocaram, eram suaves. Há quanto tempo eu não os sentia em mim. Sua língua invadiu minha boca. , talvez eu também continue sendo loucamente apaixonada por você.

Quem sabe você não é bom para mim?


FIM



Nota da autora: Oi, gatinhas, espero que tenham gostado dessa história, mesmo que o seu/ o meu/ o nosso bofe tenha mudado de time. Bem, eu escrevi essas 26 páginas em 2 dias, por isso realmente espero que vocês cuidem dela com amor e carinho, mas me perdoem por algumas passagens rápidas e por não ter colocado muitas gírias gays. Eu prometo providenciar isso para uma futura revisão. E se vocês gostaram, tem críticas, sugestões, amor para dar, podem abusar da caixinha de comentários (e fazer a autora feliz).
Das cores do arco-íris, vermelho é a minha favorita. Fica a dica...
Ah, e antes que eu me esqueça preciso agradecer a Lorhayne Rubin pela paciência e pelo ficstape, a Kércia pela capa maravilhosa e a minha beta por ter betado a fanfic. Quero agradecer especialmente você que leu até aqui.
Até a próxima e ouçam seus amigos!
Com amor,
Lavínia Mitiko



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


CAIXINHA DE COMENTÁRIOS

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus