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Última atualização: 07/03/2021

Capítulo Único


Um ano depois


Um ano já havia se passado desde o julgamento sobre a guarda compartilhada de Jasmine; e entraram num comum acordo e dividiram os dias da semana para que cada um pudesse ficar responsável pela filha. não tinha superado muito bem que realmente havia levado aquela questão para um tribunal, mas se foi da vontade dele, então ela lutaria até o fim por Jasmine. E foi o que ela fez.

— Jasmine, já colocou o tênis? — gritou para a filha, enquanto terminava de fechar a mochila da menina.
— Sim, mamãe, já estou indo. — Com o casaco pendurado num ombro só, Jas apareceu na sala junto com o seu urso de pelúcia.
— Não faça bagunça e ajude a tia Tiffy no quer for preciso, ok? Vou sentir sua falta. — sentou-se no sofá, com Jasmine no meio de suas pernas, enquanto terminava de pentear o cabelo da filha.
— Também vou sentir sua falta. Mas é só uma semana, passa rápido, mamãe.
— Vou tentar ir o quanto antes, princesa. — deu um beijo na bochecha de Jas, a puxando para um abraço em seguida. As duas ficaram assim, abraçadas, até a campainha tocar e acabar com aquele momento.
— Eu amo ficar com a tia Tiffy, mas quero você e o papai logo na praia com a gente.
— Eu sei, meu amor. A mamãe vai o quanto antes, prometo.

correu para abrir a porta, a campainha tocava sem parar. Ela já podia até imaginar a cara que Tiffany fazia no lado de fora, com a demora da amiga.

— Ei, cadê minha princesa? — A loira disse ao entrar no apartamento.
— Tia Tiffy, que saudade. — Jasmine largou o casaco em cima do sofá, desistindo de vestir a peça, e correu para abraçar Tiffany.
— Eu também tava, já tá pronta? Vamos fazer tudo que você não pode, enquanto sua mãe não chega. — Tiffy falou no ouvido da menina, porém, alto para que escutasse. O que custou um olhar de reprovação em sua direção.
— Não dê ouvidos a sua tia, quer dizer, obedeça ela, mas...ah, deixa pra lá.
balançou a cabeça de um lado para o outro, rindo da própria confusão. Pegou a mochila de Jas, que já estava pronta em cima do sofá, e desceu até o estacionamento do prédio acompanhada da filha e da amiga.
— Você pode ir junto com o , ele ainda não conseguiu uma folga do serviço, você sabe. — Tiffy disse, quando terminou de colocar Jasmine acomodada na cadeirinha do carro.
— Josh — o mecânico — disse que meu carro fica pronto na sexta, espero conseguir pegá-lo. Vou tentar ir o quanto antes, eu prometo.
— Tudo bem, vamos te esperar e aproveitar muito a praia enquanto você não chega. Não se preocupe, eu vou cuidar muito bem dela. — Tiffy passou a mão pelo braço da amiga, tranquilizando-a. — Ela tem a melhor tia do mundo.
— Tem mesmo. — sorriu. — Obrigada, amiga, por tudo.
— Não precisa agradecer, te vejo em breve. — Tiffy entrou no carro, se acomodando atrás da direção. — Tenta não surtar, nós precisamos beber muito na beira da praia. —
Tiffany gritou antes de sair totalmente da garagem, o que fez rir, ela sabia que Jasmine estaria segura com a amiga. Afinal, em todos esses anos, fora Tiffany quem sempre ficara ao seu lado, e Jasmine amava a mulher também. Voltou para o apartamento, com o objetivo de terminar de se arrumar e ir trabalhar, mas assim que abriu a porta, percebeu que a casa estava um pouco bagunçada. suspirou, cansada, mas criou coragem o suficiente para arrumar tudo o mais rápido possível. Agora, o apartamento estava silencioso e sem toda a bagunça de Jasmine, não se lembrava de como era morar sozinha, e decidiu aproveitar aquele momento sem culpa.

O horário marcava um pouco mais do meio dia, o primeiro paciente de estava marcado para à uma da tarde, ela ainda tinha um tempinho de sobra, mas não muito. Colocou a sapatilha por último e pegou a bolsa em cima da cama, pronta para sair de casa. O verão já dava todas as suas caras na cidade e usava calças apenas para ir trabalhar, mas estava louca que suas férias chegassem logo e ela pudesse estar na praia ao lado de Jas e Tiffy.

— Só mais uma semana. — disse para si mesma. Desligou a televisão da sala e estava pronta para sair, mas assim que abriu a porta, estava parado no lado de fora pronto para bater na mesma. — Ah, oi.
— Oi. — Eles ficaram se encarando por alguns segundos. — A Jas já foi? Eu queria me despedir.
— Ah, ela já foi. Tiffy passou aqui mais cedo. — Ele encolheu os ombros. — Mas se te consola, ela também não me deu muita atenção, estava mais animada em viajar logo. — disse para quebrar o clima tenso.

As coisas entre e nunca mais foram as mesmas depois da decisão da justiça, com a divisão da guarda de Jasmine e com eles escondendo totalmente os seus sentimentos um do outro. Era um território totalmente proibido falar sobre sentimentos que não envolvessem Jasmine, eles não estavam prontos para terem qualquer tipo de relação que fosse. não se arrependia de ter dormido com , mas o sentimento que teve no outro dia, quando um oficial de justiça bateu em sua porta, a fez se sentir usada; como se servisse apenas para uma noite de sexo e nada mais. O que encontrou no outro dia, não era o mesmo que tinha dito que nunca a deixaria; era outra pessoa, mas não o que ela conhecia.

— Tudo bem. Você está indo trabalhar? — Ela balançou a cabeça, concordando, enquanto fechava a porta do apartamento. — Eu te levo então.
— Não precisa.
— O seu carro está na oficina de novo, não custa nada e ainda é caminho para o escritório.

não teve como contestar, o calor que fazia lá fora a lembrava que era melhor pegar uma carona de dez minutos com o seu ex-namorado, talvez — ela não sabia responder essa pergunta —, do que ficar esse tempo no sol esperando um táxi passar. Assim que os dois se acomodaram no carro, o celular de começou a tocar, era Josh, o mecânico; ela só esperava que ele desse uma boa notícia.

— Oi, Josh, espero que você tenha uma boa notícia para me dar. — O corpo de ficou tenso ao ouvir a mulher falar no telefone com a voz melosa. percebeu quando ele mudou a postura e resolveu provocar.
— Desculpa, , mas a peça para o seu carro só vai chegar na segunda. — Josh respondeu no outro lado da linha. Apenas a mulher escutava a conversa, permanecia quieto.
— Não acredito, não há nada mesmo que você possa fazer? Eu preciso o quanto antes do meu carro, é aniversário da minha filha no domingo e eu vou viajar para vê-la.
— Infelizmente não. Eu juro que tentei, mas preciso da peça ou o carro não funciona.
— Tudo bem, eu dou um jeito. Obrigada por avisar o quanto antes. — desligou o celular, guardando o aparelho na bolsa.
— Josh, uh? — perguntou, dando uma atenção maior que o normal para o trânsito.
— Uhum. — apenas concordou, segurando o riso. O caminho curto demorou um pouco mais de dez minutos, mas logo estacionou em frente a clínica em que trabalhava. — Isso, por acaso, é ciúmes?
— O que? Claro que não. — Ele virou o rosto para a janela, fugindo do olhar de . A mulher riu baixo.
— Claro, vou fingir que eu acredito. — Ela colocou a bolsa no ombro, pronta para sair do carro. — Josh é o mecânico responsável pelo meu carro.
— Você não precisa me dar satisfações, . — disse, um pouco ríspido.
— Claro que não, . Na próxima vez deixo você morrer de curiosidade o dia inteiro. — Ela respondeu no mesmo tom.
— Espera. — já estava no lado de fora do carro quando a chamou. A mulher deu meia volta, ficando de frente para ele novamente. — Traga sua mala na sexta, eu passo aqui pra te buscar.
— Vou pensar se você merece minha companhia. Obrigada pela carona. — Ela acenou e entrou no prédio comercial, sem esperar resposta de .

(...)


— Você pegou tudo? — Conforme combinado, estava no apartamento de , para buscá-la. Ou ela não sabia como conseguiria ir até a clínica com duas malas grandes.
— Sim, acho que não esqueci nada. — fechou o porta mala do carro, já ia se acomodando no seu banco do passageiro, o mesmo que ela havia sentado várias vezes na última semana.
Por alguma razão, eles conseguiram manter uma relação amigável, talvez já tivessem desistido de passar mais tempo brigando do que tentando se resolver. Mas, enquanto a bandeira branca estivesse estendida, eles aproveitariam o momento.
— Que horas é o seu último paciente hoje? — perguntou, desviando o olhar do trânsito para .
— As dezesseis. — respondeu, enquanto terminava de responder uma mensagem no celular.
— Então, eu chego dez minutos antes. Quanto antes pegarmos estrada, melhor. — disse, estacionando em frente a clínica. — Vem cá. — a puxou pela nuca, ficando próximo demais do rosto de .
— O que você está fazendo? — Os olhos de passeavam entre os olhos e a boca de , mas tentava pensar que ele não faria o que estava prestes a fazer, certo? Errado. Sem responder a pergunta de , ele grudou os lábios nos da mulher, sentindo a maciez que eles sempre exalavam e a calmaria que o corpo de precisava. não desgrudou, por mais que soubesse que não era certo fazer aquilo, o seu corpo estava ali mostrando mais uma vez que estava pronto para traí-la toda vez que ela estivesse próxima demais de .
— O que você pensa que está fazendo? — Ela esbravejou, um pouco irritada com ele e um pouco consigo mesma, por ter cedido, mais uma vez.
— Todos os dias que eu chego aqui tem um cara te encarando na portaria, às vezes acho que ele vai te engolir com os olhos. — olhou para o prédio e reconheceu Lion, o segurança do local.
— É óbvio que ele fica olhando, ele é o segurança daqui. — Ela falou, irritada. — Meu Deus, , como você é ridículo.
saiu do carro batendo a porta, sem dar maiores explicações para ; primeiro porque não conseguia pensar em outra coisa que não fosse o toque dos lábios dele junto aos seus novamente, e segundo que ela não tinha que dar explicações maiores para , ainda que tivesse gostado de saber que ele sentia um pouquinho de ciúmes dela.
Assim que entrou em seu consultório, pôde respirar fundo e organizar seus pensamentos. As borboletas brincavam na boca do estômago quando a lembrança de minutos atrás repassava em sua mente, do mesmo modo que o arrepio aparecia em sua espinha. Resolveu, então, ir até o banheiro e passar uma água no rosto, para ver se conseguia melhorar e amenizar os batimentos cardíacos. Quando terminava de passar a água no rosto e passou a mão pela nuca, se deu conta que o seu colar não estava no pescoço.
— Droga. — Ela voltou rapidamente para sua sala, pegando o celular da bolsa e discando o número de , que atendeu no terceiro toque. — Eu perdi meu colar.
— Que colar? — Ela soltou uma bufa de raiva e ele entendeu. — Aquele colar?
— Sim, aquele mesmo. Vê se não ficou no seu carro, por favor.
— Parece até que eu estou tendo um déjà vu. — Foi inevitável não perceber o sarcasmo na voz de .
, por favor. — Ela pediu, cansada.
— Tudo bem, vou procurar.

desligou o celular, colocando no silencioso e o guardando na bolsa, assim poderia começar a trabalhar. Seu último dia de trabalho, mais algumas horas e ela estaria com Jas curtindo a praia e as suas tão merecidas férias. Era tudo que queria.
(...)


— Você achou meu colar? — O mau humor estava presente no tom de voz de , assim que a mulher entrou no carro.
— Não, mas eu prometo procurar melhor quando chegarmos lá. — respondeu, apenas se acomodou no banco do passageiro e permaneceu emburrada. Ela odiava quando as coisas saíam de seu controle, e mais uma vez a história estava começando a se repetir.

O destino final era Cape Cold, um dos litorais mais bonitos, mas o universo parecia que não queria ajudá-los. Um pouco mais de uma hora e eles chegariam na casa de praia dos pais de Tiffy, mas assim que saiu da cidade, pegando a rodovia para o litoral, uma chuva começou a cair. teve que diminuir a velocidade e tomar mais cuidado no trânsito, principalmente quando tinha que fazer curvas; mas conforme o tempo passava, a chuva aumentava cada vez mais. Era quase impossível enxergar a estrada à sua frente, e fechava os olhos toda vez que um raio ou trovão brilhavam no céu.

, a gente vai ter que parar em algum lugar. — disse, receoso. Ele sabia que a mulher ao seu lado não gostaria nada daquela notícia, mas não tinha outra opção senão parar.
— Eu não queria, mas tudo bem. Eu acho que daqui a pouco vou infartar se ver mais um raio ou trovão. — Ela se encolheu ainda mais no banco.

O problema, é que ainda teria que andar um pouco mais, o próximo posto de gasolina não ficava tão longe e ele sabia que ao lado do local tinha pousada. Era um dos poucos postos que tinha na rodovia, era aquilo ou dormir no carro. Assim que estacionou em frente a enorme casa de madeira, a reação de não foi das melhores.

— A gente não pode dormir no carro ou esperar até a chuva passar? — Assim que ela terminou a frase, um enorme trovão soou alto, o que a fez se encolher ainda mais. — Tudo bem, já entendi, não é uma boa ideia.

Quando e entraram no local, perceberam que não era tão ruim quanto parecia ser por fora, pelo menos a parte da recepção. Porém, eles não tinham sido os únicos a ter a mesma ideia e parar naquela pousada.

— Eu quero dois quartos, por favor. — pediu, mas a feição da mulher atrás do balcão não foi das melhores.
— Nós só temos mais um quarto, mas é com cama de casal se isso ajuda.
— Na verdade não ajuda, mas tudo bem, a gente aceita esse mesmo.
respondeu, antes que entrasse numa discussão infundada sobre precisar de dois quartos até fazer a mulher chorar. Ele era capaz de fazer isso, ela já o tinha visto falar com algumas pessoas pessoalmente e pelo telefone, e tinha certeza que o dia daquelas pessoas foi péssimo. A mulher concordou com , entregando-lhes a chave do quarto restante.
— Ah, é claro que só tem uma cama de casal. O que mais pode dar errado? Parece até um filme digno de sessão da tarde: começa a chover, a gente é obrigado a parar num hotel de beira de estrada e só tem uma cama. Uma cama. O mocinho e a mocinha são obrigados a dormirem juntos, mesmo eles não se suportando. É, realmente, estou me sentindo num filme. Alô, Netflix, mostra as câmeras logo. — disse, irritada, enquanto largava as malas no meio do quarto, tentando segurar o riso.
, vai tomar um banho e descansar um pouco. — disse, calmo. — Seu dia não deve ter sido muito bom.

se deu conta que desde que chegou no consultório só tinha reclamado das coisas, sendo até um pouco ingrata com , que estava ajudando-a a semana toda, mesmo não tendo obrigação nenhuma. Decidiu respirar fundo e fazer o que ele sugeriu, pegou um pijama da mala e partiu para o banheiro. Até que não era tão ruim para um hotel beira de estrada, a água era quente e a cama até um pouco confortável, não era onde eles queriam estar, mas era sua única opção.
Quando saiu do banheiro, já estava com suas roupas em mãos esperando apenas a mulher terminar o seu banho. pegou seu celular, esperando por algum milagre, que ele tivesse sinal para que pudesse avisar Tiffy, totalmente sem sucesso. Não se deu conta quando saiu do banheiro, vestindo apenas uma bermuda leve para dormir.

— Eu ia te devolver quando chegássemos na praia, mas acho que pode te acalmar agora. — estava sentada na ponta da cama e de costas para , não percebeu quando ele colocou em seu pescoço a corrente que ela tanto queria. Como o esperado, relaxou o corpo. — Isso deve ter algum tipo de magia mesmo.
— Desculpe, eu tive um dia difícil, e estou sendo egoísta. — a puxou para perto, fazendo com que ficasse entre suas pernas, e apoiou a cabeça em seu ombro. Ambos podiam sentir o aroma do corpo um do outro, cada vez mais extasiante. se deixou levar pelo momento, enquanto sentia o aroma do corpo da mulher junto ao seu, ele passeava o nariz por seu pescoço, causando alguns arrepios. Mas a realidade sempre volta, acabando com toda aquela magia.
— Não, eu não posso fazer isso. — balançou a cabeça em sinal negativo. — É como voltar há seis anos e... isso dói, .
— E a gente vai fingir até quando que não tivemos um passado, ? — disse baixo, próximo do ouvido de .
— Nosso passado vai completar cinco anos domingo, não tem como fingir, não é mesmo? — Ela respondeu, mas não moveu um músculo para sair do meio das pernas de .
— Por que sempre que conseguimos dar um passo pra frente, acabamos dando três pra trás e voltamos à estaca zero?
— Eu não sei, mas parece a coisa certa a ser feita. — fechou os olhos, soltando um suspiro. — O problema é que sabemos o que acontece quando estamos sozinhos.
— Você é apenas você, e eu amo essa que eu encontro quando estamos sozinhos. É a mesma que eu conheci há seis anos atrás e você sabe disso. Eu nunca quis que você fosse embora, mas sabia dos seus motivos e não pude impedir isso. Mas se você for ficar pra valer, eu não vou desistir dessa vez.
… — Ela virou o pescoço, encarando os olhos de , um verde mais escuro e brilhante estava presente.
— Você lembra por que foi embora?
— Fui embora porque fiz uma promessa e não me arrependo.
— Mas e agora? Por que voltou?
— Porque Jas merecia ter o pai dela, não é porque eu não tive o meu que ela tinha que passar pela mesma coisa.
— E foi a melhor decisão que você teve, porque Jas faz meus dias valerem a pena.
— Ela faz isso com os meus também. — abriu um sorriso involuntário.
— Sinto sua falta. — Ele confessou, abraçando pela cintura. Ela ficou pensando se deveria falar sobre o que estava sentindo ou não.
— Eu também. — Ela encostou a cabeça no ombro dele, aproveitando o conforto do corpo de atrás do seu. — Passos de bebê, , por favor.
entendeu o que ela quis dizer, e ficou feliz em ouvir. Era uma chance para fazer dar certo, mesmo que tivesse que ir mais devagar do que imaginava, mas era melhor que viver sempre em pé de guerra com . Dessa vez, estava disposto a lutar e ele faria o impossível para dar certo, só não podia perdê-la novamente.
— Boa noite, . — depositou um beijo no rosto de , próximo de sua boca.
— Boa noite, .

Os dois foram deitar, um em cada lado da cama e de costas para o outro. Uma onda de alívio começava a percorrer pelo corpo de , aquela era a última chance; ou eles finalmente se acertavam e fariam valer a pena tudo que viveram até agora, ou era a chance de começar uma nova vida e enterrar o passado de vez. Enquanto isso, a mente de estava uma máquina, ele tinha uma ideia na cabeça, antes mesmo de começar a viagem, agora era a hora de colocar em prática e ele sabia como fazer isso.

— Eu estaria dando passos de bebê rápido demais se quisesse dormir de conchinha com você? — soltou uma risada alta, sem conseguir se controlar. Aquilo era tão típico de que ela não conseguia nem ficar brava com ele.
— Não, tudo bem. Vem cá. — Ele logo se acomodou atrás dela, de modo que os dois dormissem agarrados.

(...)


— Ah, graças a Deus, vocês chegaram. — Tiffy saiu da casa com Jasmine logo atrás.
— Está tudo bem? — perguntou, preocupada.
— Sim, mas fiquei preocupada com vocês dois juntos, ué. A chance de se matarem é de 99 por cento, até onde eu lembro. — Ela ajudou com as malas.
— Mamãe! — Jas correu em direção a mãe, a pegou no colo, abraçando a menina. — Senti saudade.
— Oi, meu amor, eu também senti saudade. — deu um beijo na bochecha de Jas e a colocou de volta no chão.
— Papai, cavalinho, cavalinho. — Jas pulava com os braços esticados para pegá-la. Não demorou para que colocasse as malas dentro de casa e pegasse Jas, a colocando em seus ombros e saindo correndo com a menina.
— Cuidado! — gritou, em vão, já que eles tinham se afastado o suficiente para não escutá-la. — São duas crianças.
— Totalmente! — Tiffy concordou. — Vamos logo, coloca um biquíni e vamos pegar praia.

e Tiffy entraram na casa, diga-se de passagem, enorme, dos pais da loira. A casa tinha nada mais nada menos que quatro suítes e mais dois quartos menores. Era o verdadeiro paraíso. Assim que entrou no quarto destinado para ela e Jas, quis apenas se jogar no cama e tirar uma boa soneca, não que a noite dormida ao lado de não tivesse sido boa, mas aquela era uma cama de verdade.

— O que aconteceu? — Tiffy perguntou, enquanto procurava um vestido leve e o seu biquíni dentro da mala.
— A chuva estava muito forte ontem, não teve como continuar a viagem e dormimos numa pousada perto de um posto de gasolina.
— E vocês não se mataram? Não acredito. — Tiffy passou a mão pela testa sem acreditar no que estava ouvindo.
— Nós conversamos, eu pedi pra ele dar passos de bebê. — separou um vestido verde escuro da mala, o vestindo logo em seguida
— Espera aí, vocês estão finalmente se dando uma chance? — Tiffy sentou na ponta da cama.
— Nós vamos tentar, sabe. Eu disse que também sinto falta dele.
— Eu tô tão feliz, vocês merecem tanto. — Tiffy falou mais baixo, assim que saíram do quarto, apenas para escutar, elas tinham decidido manter em segredo.
— Nós dormimos de conchinha.

teve que tapar a boca da amiga, antes que a loira gritasse no corredor. Saíram de casa com suas toalhas e cadeiras de praia, pegou uma bolsa pequena para carregar as coisas de Jasmine. Mais a frente avistaram com Jasmine ao seu lado, enquanto ele carregava o cooler com bebida, ela segurava a mão livre do pai e olhava o movimento da praia. Foi impossível segurar um sorriso ao ver que os dois se pareciam cada vez mais a cada dia.

— Mamãe, eu quero ir no mar. — Jas olhava animada para as ondas, e estava feliz em vê-la daquele jeito. A mulher terminou de passar protetor solar no corpinho de Jasmine e procurou por , talvez ele quisesse fazer as honras e apresentar o mar para a filha.
— É a primeira vez da Jas na praia, você quer ir com ela? — Ele pareceu animado com aquela informação, antes de sair correndo com a filha em direção ao mar, ele chamou por .
— Vamos juntos, vai ser importante pra ela. — esticou a mão para , ajudando-a a levantar da areia.

Jasmine dava pulinhos na beira do mar, extasiada com as ondas batendo em seus pés. Ela dava gritinhos e agarrava na perna do pai quando a onda se recolhia e seus pés afundavam na areia. a segurava firme pelas mãos, para que as ondas não machucassem o corpo da filha, ele estava amando aquela sensação de vê-la conhecendo algo pela primeira vez; viu quando ele tentou disfarçar ao deixar uma lágrima escapar, ela não pôde deixar de sorrir, sabia que não existia pessoa melhor no mundo para ser o pai de sua filha.

— Papai, te amo. — A voz de Jasmine soou alegre, e ficou sem reação por alguns segundos. A única coisa que ele conseguiu fazer, foi puxá-la para um abraço apertado e distribuir beijos pelo rosto da menina.
— Eu te amo, filha, te amo muito.

também estava com os olhos marejados. Mas, dessa vez, não havia ciúmes, não havia sentimento de solidão e, até mesmo, o medo de ser trocada havia desaparecido. Jasmine os amava, o amor mais puro e sincero que eles podiam imaginar, aquela criaturinha de cinco anos era capaz de oferecer. puxou para um abraço de lado, enquanto Jas ocupava o seu outro braço.

— Obrigado. — Ele falou baixo, em seu ouvido, depositando um selinho nos lábios da mulher em seguida.

(...)


estava assistindo — pela milésima vez — um dos filmes da saga Harry Potter, todo mundo sabia que era a favorita da mulher, e sempre que tinha oportunidade, ela estava lá assistindo. Aproveitou que Jasmine já estava dormindo e foi até a sala de televisão para assistir um pouco, não tinha nem se dado conta que já estava tarde.

— Ei, tá acordada ainda? — apareceu na porta da sala, quase de um pulo do sofá de susto.
— Sim, aproveitei pra ver TV enquanto a Jas tá dormindo, ela não gosta de Harry Potter. — respondeu baixo, sentou-se ao lado dela no sofá.
— Ela tem bom gosto. — respondeu apenas para provocar.
— Rídiculo. — mostrou a língua, num ato muito adulto de ser. — Amanhã é aniversário da Jas, é o seu primeiro aniversário com ela. — Falar aquilo em voz alta, fez perceber que tinha sido egoísta por ter privado de tanta coisa na vida de Jas, mas que, infelizmente, não podia mudar mais.
— Cinco anos, passa rápido, né? — Ela concordou com a cabeça, perdida em pensamentos. — Ei, vem cá.
se aconchegou ao lado de , encostando a cabeça em seu ombro e sentindo o perfume tão conhecido por ela.
— Desculpa por ter privado você de tanta coisa da vida de Jas, sei que fui egoísta quando fiz isso. — confessou, sem perceber que fazia um carinho de leve em sua mão.
— Nós não fomos muito felizes nas nossas escolhas no passado, . — Ele começou a falar, calmo, levantando o rosto de delicadamente pelo queixo e a encarando nos olhos. — Mas isso não importa mais, o que importa agora é que podemos fazer diferente. Eu disse que não ia desistir de vocês, e não vou. Vai ser meu primeiro aniversário com a Jas, mas vai ser o primeiro de muitos. No fundo, eu não poderia ter tido uma filha incrível com outra pessoa, senão você.
— Você é uma caixinha de surpresas, . Eu não me arrependo de nada do que vivemos, isso resultou na Jas e ela é a melhor parte de nós dois. — sorriu ao ouvir as palavras da mulher, puxando para um beijo calmo e sem segundas intenções.

O choque de seus lábios encostando um no outro foi automático, e a sensação foi maravilhosa. Por mais que quisesse negar, encontrava o conforto e a calmaria que seu corpo precisava, sempre nos braços de . Ela sabia que mais ninguém conseguia fazê-la sentir-se tão bem quanto ele conseguia; ela também sabia que no fundo, o sentimento por ele nunca mudou. Por mais que tivessem feito escolhas difíceis e dolorosas no passado, um sempre pertenceria ao outro.

— Você sempre foi transparente com os seus sentimentos, mas eu sempre escondi os meus, de agora em diante não quero esconder mais nada de você. Eu nunca consegui te esquecer, , e não vai ser agora que isso vai acontecer. — disse, encostando suas testas, ainda de olhos fechados.
— Amanhã à noite nós temos um encontro, .
— Um encontro? Nunca tivemos um antes. — Ela comentou sorrindo.
— Exatamente, não tivemos nada que um casal tradicional normalmente tem. — Ele passou a mão pelo rosto de , fazendo-a permanecer de olhos fechados ao sentir seu toque. — Você pediu passos de bebê, eu juro que estou tentando, mas acho que esse bebê pode começar a caminhar já.

Eles começaram a rir, tentando controlar o som da risada para que não acordasse o restante do pessoal na casa. estava feliz por ver sorrindo por causa dele, depois de tanto vê-la com olhos marejados e dolorosos, ela estava sorrindo novamente.

— Agora vamos terminar de assistir essa sua saga chata, você já perdeu metade do filme.
— Não tem problema, valeu a pena. — Ela voltou a apoiar a cabeça no ombro de , enquanto ele a abraçou pelo ombro.

(...)


— Faz um pedido, filha. — disse, esperando Jas assoprar a vela.
— Eu já fiz, mamãe. — Jasmine não conseguia segurar o sorriso no rosto, estava encantada com a decoração improvisada na sala de estar de Tiffy e também com o bolo de chocolate na sua frente. Afinal, era o seu favorito. — Eu quero bolo.
Tiffy cortou um pedaço de bolo para cada, mas Jas resolveu sentar no colo do pai e comer junto com ele. Aquilo era como se estivesse recebendo um presente; ele amava tanto a filha que não imaginava mais como era sua vida sem tê-la por perto. No fim do dia, Jasmine estava cansada, o passeio pela praia e a festa de aniversário foi o suficiente para fazê-la querer ficar em casa e assistir desenho.
estava deitado no sofá, assistindo Scooby-Doo com a menina, ela achava engraçado algumas cenas do Salsicha com o Scooby, mas escondia o rosto no pescoço do pai quando aparecia alguma cena que lhe dava medo. a tranquilizava rapidamente, dizendo que aquilo era apenas um desenho e a turma do Scooby acabaria com todo o mistério.

(...)


Os ponteiros do relógio já marcavam quase dez horas, quando Jasmine pegou no sono, e, como combinado, estava pronta esperando por . Não demorou mais de dois minutos para bater levemente na porta do quarto da mulher.
resolveu usar um vestido vermelho curto e soltinho no corpo, os cabelos estavam presos num coque no alto da cabeça, apenas com alguns fios soltos, deixavam amostra o rosto e parte do colo de . não conseguia prender seu olhar em uma única parte do corpo de e passeou por toda extensão dele.
Eles não pretendiam ir muito longe, na verdade, eles nem sairiam de casa. O terraço a céu aberto estava arrumado com uma pequena mesa para dois, o céu estrelado da noite de verão era o pano de fundo perfeito para aquela ocasião. ficou surpresa ao ver que tudo tinha sido arrumado sem ela saber.

— O que fazemos agora? Eu nunca fui a um encontro antes. — perguntou, um pouco envergonhada.
— Vamos nos conhecer, o que acha? — Ela balançou a cabeça concordando, enquanto puxava a cadeira pra ela sentar em sua frente. — Me chamo , sou advogado e tenho uma filha de cinco anos. Ela se chama Jasmine e é linda, igual a mãe. — Ele começou.
— Ah, é mesmo? Eu também tenho uma filha de cinco anos e ela também se chama Jasmine. Mas eu tenho que discordar, ela é a cópia do pai. Aliás, me chamo e sou psicóloga. — entrou na brincadeira.
— Por acaso ela sempre te engana e faz cara de cachorro que caiu da mudança, pra ganhar sobremesa? Sinto que fui enganado algumas vezes por aquela carinha.
— Eu já passei dessa fase, é difícil, mas você tem que resistir. Um dia você consegue. — começou a rir com a resposta de .

O cardápio da noite era nada mais nada menos que pizza, relembrando a primeira vez que eles ficaram sozinhos no apartamento; quando as coisas começaram a perder o controle e eles não fizeram questão nenhuma de algum dia ter tido o controle da situação.

— Bom, , eu preciso ser sincero com você. Eu estou completa e perdidamente apaixonado por uma pessoa, posso até arriscar e dizer que é amor. — Os olhos de brilhavam e o sorriso não saía no rosto de , eles estavam se divertindo com aquela brincadeira; mas sabiam que tudo que falavam era verdade, expondo seus sentimentos de maneira leve e descontraída.
— Que bom que estamos sendo sinceros, e não sei se chegaremos em algum lugar essa noite, porque, bem, eu também amo uma pessoa. Eu tenho certeza que é amor, sempre amei, mas tive medo de contar antes. Porém, ele tem me mostrado que a vida pode ser incrível, que podemos nos perdoar e nos darmos uma nova chance. Sei que vai valer a pena.

O rosto de se iluminou com as palavras de , aquilo era tudo que ele precisava para ter a coragem e, finalmente, fazer o que tinha como objetivo naquela noite.

— Há um ano atrás você me perguntou se, em algum momento que estive com você, eu fui feliz. Eu não dei a resposta que você merecia, porque estava tentando lembrar em algum momento que eu não fui feliz, mas não encontrei nenhum. Você fez meus dias melhores, tornou minha vida especial com a chegada de Jas e fez eu perceber que não posso viver com medo de demonstrar meus sentimentos, ou posso perder a mulher que amo para sempre. Eu não quero passar por isso nunca mais, e você também não merece. — percebeu que a brincadeira tinha acabado, estava falando sério e o nervosismo voltou a dominar seu corpo, mas ela sabia que agora era tudo ou nada.
, nenhuma das coisas que vem acontecendo com a gente, aconteceu da maneira tradicional, mas essa é a única que eu quero que aconteça. — se ajoelhou em frente a mulher, tirando uma caixinha de veludo do bolso da calça. sentia os olhos marejados tamanha sua emoção. — Você aceita se casar comigo?
— Sim, mil vezes sim! — se agachou, pulando no pescoço de e o beijando, ela deixou que as lágrimas de felicidade rolassem pelo seu rosto. — Só se eu estivesse completamente maluca pra não casar com o homem que sempre amei. Eu te amo, . Para sempre.
— Eu te amo, . É tão bom falar isso em voz alta. Eu te amo, eu te amo, eu te amo.

levantou, com em seu colo, ele a enchia de beijos enquanto declarava seu amor pela mulher. sentia que sua vida estava completa a partir de agora, não deixaria mais que seus medos a dominassem e a privasse de viver o que a vida tinha pra lhe oferecer. O destino estava finalmente sendo generoso com e , eles não deixariam essa oportunidade passar. Porque, no final de tudo, eles sempre pertenciam um ao outro e nada mais importava enquanto tivesse amor.


Fim.



Nota da autora: Finalmente o tão esperado final feliz. Eu amo tanto esses personagens que eu poderia explodir de amor agorinha mesmo. Eu sei que foi um pouco difícil e dolorosa essa trilogia, e preciso dizer que estou muito orgulhosa de ter desenvolvido esses personagens nessas três etapas. Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu. Aqui em baixo vai ficar o link das duas primeiras partes e do meu grupo também, onde você pode conhecer minhas outras histórias.
Até a próxima ❤



Outras Fanfics:
05. Too Much To Ask [ Ficstape Niall Horan: Flicker]
06. POV [ Ficstape McFly: Radio:Active]


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