— Ei, Ei, Ei! — ele disse se aproximando da garota com preocupação estampada em seu rosto — o que aconteceu?
Ele perguntou vendo ela derramar lágrimas com uma expressão inconfundível, mais uma vez, alguém, as mesmas pessoas de sempre, fizeram com que ela chorasse.
— Eu precisava sair de lá, — ela disse abraçando ele assim que ele a puxou para si, acomodando-a em seus braços — eu realmente precisava, você foi a primeira pessoa em que eu consegui pensar, eu…— ela soluçou entre o choro.
— Shi! — ele disse acomodando a cabeça dela em seu peito, deixando um afago reconfortante e aconchegando em seus cabelos — você não precisa me contar agora.
Ele a afastou com cuidado, olhando em seus olhos.
— Porque você não coloca uma daquelas blusas que você tanto gosta e estão no meu armário separadas apenas para quando você resolve vim buscá-las? — ele disse segurando com carinho o rosto da garota, limpando com as pontas dos dedos as lágrimas que insistiam cair de seus tristes olhos — eu vou buscar algo para comermos que inclui na lista os seus doces favoritos já que da última vez que você apareceu e minha mãe soube dos seus gostos, fez questão de me fazer ir com ela comprar em uma grande quantidade por precaução — ela riu apenas de imaginar os dois no mercado juntos — e você pode escolher o filme.
Ele disse se afastando para pegar o controle, ligando a televisão em seguida. O que fez com que ela por alguns minutos analisasse a roupa que ele trazia.
— Você vai sair? — ela perguntou olhando a roupa que ele usava, como a jaqueta preta que ela sabia ser uma das peças favoritas dele e que acabou denunciando que ela estava atrapalhando algo que poderia ser importante.
— Não, eu apenas tinha um…— ele coçou a nunca incomodado com a palavra que estava prestes a dizer.
Ele tinha um encontro.
Arranjado, mas ainda sim um encontro, seus amigos haviam armado de última hora e obrigado ele a responder as mensagens da garota que havia aparecido em suas mensagens na noite anterior, tudo por conta da mesma pessoa que estava ali a sua frente com os olhos brilhantes pelo choro.
Ele não suportava vê-la assim, doía nele da mesma forma que nela, independente do que fosse.
— ai meu Deus — ela disse enxugando os olhos mais uma vez e se afastando dele, envergonhada por sequer ter avisado que apareceria ali — você tem planos para hoje, eu — ela abaixou o olhar para os pés — eu nem pensei antes de vim direto bater em sua porta, eu já estou melhor, não precisa se preocupar — ela disse andando em direção a porta sem deixar com que ele falasse nada — aproveita a sua noite, espero que ela seja especial — ela se aproximou e beijou a bochecha dele com delicadeza — obrigado pelo seu conforto, já foi suficiente, boa noite.
Aquelas palavras tinham duplo sentido, ela não falava sobre a noite mas sim sobre a garota que ele encontraria.
Ela saiu pela porta daquela casa que conhecia bem e suspirou, se xingando mentalmente por ter esquecido o casaco em casa, o mesmo lugar que não suportava mais ficar um segundo sequer ou sequer suportava a ideia de ter que voltar tão cedo.
Caminhou não mais que cinco passos vagarosos, chutando as pedrinhas que via pela rua e sentiu dedos se entrelaçarem com os seus, causando uma grande explosão de sentimentos dentro de si. O contato repentino fez com que ela relembrasse aquele sentimento que sentia a anos dentro de si.
— Está frio — ela escutou ele dizer, afinal, ainda não tinha virado para ele por se sentir constrangida em deixar com que aquele toque pequeno a afetasse — eu disse para você colocar algo quente e escolher um filme que eu traria as coisas para nós comermos — ele disse a olhando de lado enquanto seguia caminhando pela rua de mãos dadas — ficar com você rindo — ele parou e pensou — ou talvez tremendo de medo por algum filme de terror, é meu único plano hoje, já avisei a que você está aqui e minha mãe disse que você pode ficar o quanto tempo quiser no quarto de hóspedes — ele parou os passos no meio do caminho fazendo com que ela parasse também e pela primeira vez o olhasse — que tal voltarmos agora?
— Mas, você já tinha planos, eu não quero atrapalhar — ela respondeu.
— E eu já disse que o meu único plano hoje é passar todo meu tempo disponível com você — ele respondeu — pelo menos até que você durma e descanse essa cabecinha.
— O que eu fiz para te merecer? — ela perguntou, não esperando uma resposta.
— Provavelmente roubou meu coração desde o dia em que nos conhecemos — ele respondeu colocando a mão sobre seu peito fingindo dor enquanto ria.
Aquilo corou as bochechas da garota, sempre que ele dizia algo daquilo fazia com que ela ficasse com o coração acelerado, e, ela não gostava, afinal, ele era seu melhor amigo e empurrava seus sentimentos por ele a anos não querendo que nada ficasse entre eles.
Ele, antes de ir atrás dela, pegou seu celular e mandou uma mensagem para aquele número que vinha marcando o encontro, ele se desculpou e disse que não poderia ir ao encontro naquela noite e nem nas próximas, ele já tinha alguém e sabia que não desistiria daquele sentimento tão cedo.
— Vem — ele disse puxando ela devagar em direção a casa dele — você precisa de abraços aconchegantes assim para ficar quentinha — disse a abraçando por trás enquanto voltavam para casa — talvez eu devesse bater em quem te fez chorar dessa maneira, pelo menos você consegue ficar fofa, mesmo com esse olhinhos inchados.
— — ela o chamou — você não consegue bater em uma mosca, quem dirá em uma pessoa.
— Por você eu faria isso — ele disse de repente abraçando ela com mais força para si — achei que você já tinha entendido.
O momento foi claramente pesado, não de uma forma ruim, a tensão entre os dois por estarem sendo tão abertos em relação a sentimentos naquele momento estava sendo muito grande. Mesmo que eles constantemente demonstrassem o quanto um era importante para o outro, falar daquela forma como se o relacionamento deles fosse algo a mais, trazia uma tensão diferente.
— Ter você por perto já me faz me sentir bem — ela disse baixo mas não o suficiente para que ele não escutasse.
— eu…— ele foi interrompido pela música que soou do celular dela tocando.
— Hm, que estranho — ela disse surpresa, olhando para a tela — está me ligando.
— Finge que não viu — ele disse baixinho, perto do ouvido dela.
— deve ter contado para ele – ela disse analisando a tela — vou atender rapidinho — ela ameaçou contra sua vontade, se soltar do abraço que ele a envolvia, mas não conseguiu.
— Eu sei que pode soar egoísta — ele falou baixinho ainda abraçado a ela — mas, será que você não pode ser só minha hoje? eu acho que cansei de te dividir com todo mundo.
— Desde quando você é carente assim? — ela disse o olhando de lado depois de colocar seu celular no silencioso deixando com que tocasse, segurando seu sorriso.
— Piorou desde a festa do — ele respondeu virando ela de frente para ele, ainda envolvendo ela em seu abraço, assim que pararam em frente a casa — definitivamente não foi legal te ver de conversa com aquele cara mais velho da turma de artes plásticas.
— Mas nós estávamos literalmente conversando sobre, elásticos de cabelo já quero dele era mil vezes maior que o meu — ela respondeu rindo — e ele tem namorada que se juntou a nos com as bebidas alguns minutos depois, mas você estava muito ocupado com aquela garota que vive nos dormitórios dos garotos se dizendo ser melhor amiga do Wonie.
— Ela estava conversando comigo e eu não lembro uma palavra sequer do que ela disse — ele riu — eu estava muito distraído te procurando depois que não te vi mais com o cabeludo.
— Bom, você me encontrou minutos depois — ela disse sorrindo.
— Quem dorme no meio de uma festa? — ele perguntou rindo ao lembrar da cena de vê-la dormindo no quarto de .
— Em minha defesa eu estava me sentindo sufocada naquela festa e a cama do é muito confortável, foi irresistível não deixar e tirar um cochilo — ela respondeu.
Ela o abraçou de repente, passando suas mãos sobre os ombros dele, o puxando para si.
— Obrigado — ela murmurou — obrigado por não perguntar o que aconteceu, obrigado por estar presente e me fazer com que eu me sinta melhor apenas de passar seu tempo comigo, eu não queria ter atrapalhado seus planos hoje, mas, senti que ser um pouco mais egoísta não doeria, então, obrigado por ter passado essa noite comigo.
— Que se Dane! — ele disse depois de respirar fundo e pensar bem se faria o que planejava a seguir.
Ele não esperou que ela dissesse mais, a necessidade que sentiu dentro de si de fazer daquele momento um momento agonista da parte dele foi muito maior, então assim que ela afastou a cabeça do corpo dele por conta do abraço, esperou que ela olhasse para ele. Ele encarou seus lábios por alguns minutos, a proximidade deles era tão grande que ele, que se segurou por tanto tempo, quebrou o resto que faltava.
Ele a beijou, de uma forma um pouco mais desesperada do que o esperado. Demonstrando o quanto ele havia sentido saudade daquele beijo que nunca havia sequer sentido, mas sempre fora seu.
E ele sabia que ela retribuía.
Ela o segurou tão forte naquela oportunidade que sequer sentiu quando o agarrou da nuca o puxando para mais perto de si. Ela não queria acabar com aquele beijo nunca mas eles precisavam de ar.
— Eu…— os dois disseram juntos.
Ainda não haviam se soltado.
— Eu esperei por muito tempo por isso — ele respondeu sorrindo.
— O que? — ela perguntou confusa — eu achei que eu era a única…
Ele a interrompeu deixando um beijo mais lento e amoroso que o último, em seus lábios.
— Você não era a única — ele respondeu sorrindo — eu deveria ter feito isso antes — disse deixando um beijo na bochecha direita dela — deveria ter dito também, que, por mim você poderia vim morar comigo a hora que você quisesse — ele beijou a bochecha esquerda — que eu não aguento ficar longe de você por mais que um dia inteiro — ele beijou a ponta de seu nariz — que eu sou egoísta suficiente para não querer te dividir com mais ninguém — ele beijou sua testa — eu deveria ter tem contado antes que eu sou todo seu desde que nos conhecemos.
Por último, ele a beijou mais uma vez em seus lábios, escutando dela um suspiro, assim que se separaram.
— Esse não era o momento certo e nem a hora perfeita, mas eu senti que deveria dizer, nem acredito que finalmente eu consegui te dizer isso — ele sorriu bobo e ela fez o mesmo.
— Eu sempre senti o mesmo mas, tinha medo que isso pudesse atrapalhar nossa amizade — ela disse — você sempre foi precioso demais para que eu me arriscasse, tendo a chance de você não sentir o mesmo.
— E você é preciosa demais para que eu não arriscasse ser um pouco egoísta — ele disse sorrindo.

Nota da autora: essa fanfic foi um curto surto que eu não esperava! Achei eles tão fofos e foi ainda mais no sonho que eu tive hahaha espero que tenham gostado desses dois assim como eu gostei.
Obrigado por terem lido!!!
Xoxo Caleonis <3



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