Última atualização: 16/07/2022

Capítulo Único

geu nugungaui saleul dalgi wihae
(você está tendo um dia cansativo)
godanhan harul bonaetdeon geudae
(para sua vida parecer com a de alguém)


Era sempre a mesma sensação.
sentia o corpo formigar todas as vezes em que se levantava de sua cama pela manhã. Parecia algo difícil demais para que fosse feito.
Quando isso ocorria, o sentimento de vazio começava a lhe preencher outra vez, a fazendo se questionar quais eram os motivos que ainda a mantinham ali, querendo continuar tentando. Sua mente parecia um turbilhão de pensamentos indesejados, a levando para o fim de um túnel que só acabaria lhe deixando ainda mais para baixo. O que só fazia com que a garota se sentisse ainda mais insuficiente, insegura, sem qualquer resquício de paz dentro de si.
Ela só conseguia pensar em como sua rotina permanecia maçante, sem sentido algum, e que todos os dias eram monótonos, só a deixando ainda mais ciente que, talvez, não valesse tão a pena assim continuar ali.
Eram pensamentos destrutivos, sabia bem, mas, ao menos, conseguia pensar em como consertar aquilo.
Respirou fundo, se lembrando das incontáveis vezes que fez aquilo antes de sair para seguir em direção ao seu trabalho e colocou as mãos no colchão em que estava sentada, como se, de fato, aquele ato a fizesse ter mais coragem para enfrentar seu dia.
Deixou o corpo se arrastando até o banheiro para um banho rápido e voltou para o quarto tentando se arrumar o mais rápido possível. Provavelmente, já estaria atrasada para seu trabalho, mas aquilo era algo que não ocupava seus pensamentos ultimamente.
Quando se virou, terminando de vestir sua blusa de tricot, pôde observar seu reflexo no espelho, se sentindo ainda mais desanimada com o resultado que via ali estampado. não se cuidava mais como antigamente. Os cabelos não tinham o mesmo brilho, sua pele parecia mais pálida e o corpo mais magro.
Ela fechou os olhos brevemente. Como queria ter vontade de ser como antes…
Pressionou os lábios, segurando o choro fraco que viria à tona, e recolheu seus pertences, fechando a porta do apartamento atrás de si.
Ao seguir em direção ao elevador, ouviu uma voz atrás de si, a tirando de sua bolha.
— Você é a vizinha ao lado, certo?
virou o corpo, sentindo o mesmo arrepiar. Conseguiu avistar um rapaz, beirando sua idade, parado no batente da porta a olhando com um sorriso admirável no rosto.
Sua expressão quase fez com que pudesse sorrir também.
— Ah… Sim. Sou eu.
— Nossa, que bom conhecer alguém por aqui! Por um momento, achei que o andar estava vazio — soltou uma risada fraca, se aproximando da garota. Ela engoliu em seco. — Me chamo . Vou ficar aqui por um tempo.
— Hm, entendi… — murmurou, um pouco sem jeito. A garota ajeitou a alça da bolsa no ombro e o olhou sem muito ânimo. — Pode me chamar de .
— Vai ser um prazer ter uma vizinha como você — piscou. Assim, sorriu novamente a olhando por completo. — A propósito, você é muito bonita, senhorita.
Deu uma piscadela e adentrou seu apartamento, deixando uma anestesiada para trás. Não percebeu quando suas bochechas começaram a queimar levemente por estar se sentindo envergonhada com o elogio, nem mesmo quando o elevador fechou, a deixando para trás.
O coração da garota esquentou levemente, a fazendo se questionar o que, de fato, era aquilo. Ninguém nunca havia parado para notá-la ou até mesmo observar como estava no momento.
E, por mais que não quisesse ligar para tal coisa, já que era bem provável que ele só estivesse sendo educado, ela não conseguiu conter o sorriso mínimo que cresceu no canto dos seus lábios.

bami omyeon bicheul naeneun byeoldeuldo
(essas estrelas que brilham quando a noite aparece)
noeulman namgin chae jineun jeo taeyangdo
(o pôr-do-sol deixando seu brilho para trás)
da jeomada dokteukan saegeul gajyeo
(todos eles têm suas próprias cores)
Beautiful yeah
(lindo, sim)


sentia o corpo exausto ao sair da sede da empresa em que trabalhava.
O pouco ânimo que já tinha parecia ter se esvaído por completo e o único desejo que ela tinha era o de estar em casa, debaixo de suas cobertas, sendo abraçada pelo sono que volta e meia tinha com frequência.
Respirou fundo, ajeitando a bolsa que carregava em seus ombros, e continuou caminhando em direção à sua residência.
Vislumbrou, sem muita pressa, o céu tingido por tons alaranjados e avermelhados do fim de tarde, ainda que algumas estrelas estivessem espalhadas por ele. se pegou pensando como deveria ser maravilhoso conseguir olhar para uma paisagem daquelas e se sentir aliviado, feliz. Há tempos não sabia o que era o sentimento de se sentir bom o bastante a ponto de achar graça nas minuciosas coisas, como aquele quadro sensacional estampado ao céu.
Não pôde evitar escapar um suspiro pelos lábios. Se sentia tão sozinha, incolor e decepcionada. Nada do que pensava parecia ser capaz de fazê-la se sentir melhor.
Sentiu seus olhos marejarem. Todas as vezes que olhava ao seu redor, podendo ver cada pessoa que passava por ali estampando contentamento, felicidade e emoção, fazia com que seu coração se apertasse um pouco mais.
Por que era tão difícil ela se sentir da mesma maneira? Por que parecia ser tão trabalhoso querer ser vívida o suficiente para melhorar sua vida?
levou o indicador no canto dos olhos, limpando a lágrima teimosa que insistia em cair, e suspirou alto, tentando esquecer, por um momento, os pensamentos que a empurravam para baixo.
Com isso, virou a esquina do edifício em que morava, não demorando muito para logo já se encontrar no corredor de seu apartamento.
Antes de colocar as chaves na fechadura, sua atenção foi puxada para a porta ao lado que havia sido aberta e surgiu, abraçado à uma caixa de papelão.
— Ah, vizinha! É você — comentou, animado. — Que bom que apareceu. Preciso descer essas caixas até a dispensa. Você me ajudaria?
— Ah, eu… é que… — não tinha desculpas para dar. Se sentiu inteiramente sem jeito ao responder a pergunta do rapaz e sentiu a garganta fechar. Há tempos não se interessavam em a ter por perto daquela forma.
— É que...? — esperou-a completar. Ele sorriu ao ver a reação da garota. — Vamos lá! Prometo não tomar muito de seu tempo.
Ela continuou o olhando por alguns segundos, tentando tomar coragem para aceitar seu convite. Respirou fundo algumas vezes e desviou o olhar, balançando a cabeça em afirmação brevemente.
Aquilo fez se animar um pouco mais. Achava interessante ver o quão retraída ela era.
Assim, sorriu um pouco mais para e lhe deu o restante das caixas, começando a caminhar com ela pelo estreito corredor iluminado.
— Há quanto tempo você mora aqui, ?
— Não tem tanto tempo. Me mudei assim que terminei a faculdade — respondeu, não muito animada. a analisou.
— É mesmo? E o que você cursou?
o olhou, estranhando, de início, seu interesse. Não estava acostumada com pessoas querendo se aproximar dela.
— Me especializei em Artes. Gosto de pinturas e trabalho em uma galeria no centro da cidade — disse, mais para si mesma. A garota adorava seu trabalho e aquela era a única coisa que lhe fornecia um pouco de paz interior.
— Então, você é uma artista nata, hein? Que incrível — respondeu, empolgado.
sorriu de canto.
— Ah… não é bem assim. Eu só valorizo muito o trabalho. Acho incrível como vários pintores conseguem transparecer de forma clara e muitas vezes profunda o que… — parou de imediato, caindo em si de que estaria falando mais do que o costume. Piscou algumas vezes, olhando para de soslaio, e desviou o olhar. — Desculpe. Devo estar te atrapalhando com isso.
— Claro que não! — rebateu. abaixou o corpo, depositando a caixa no local devido e se virou para ela. — Pode falar o quanto quiser. Você aparenta ter uma paixão enorme pelo que faz.
Ela balançou a cabeça, ainda constrangida, afirmando.
— É… Gosto bastante mesmo.
Ele cruzou os braços, transparecendo estar bastante animado na presença da garota, e sorriu abertamente, mostrando os dentes alinhados e branquinhos. quase sorriu outra vez.
Uma sensação de alívio começou a tomar conta de seu coração. Era diferente e, por breves segundos, se sentiu confortável onde estava.
— E o que mais você gosta de fazer?
A pergunta fez com que Soohyun voltasse a olhá-lo, se sentindo agradecida por ele estar se mostrando interessado a ponto de a fazer se sentir acolhida para que pudesse desabafar um pouco.
mordiscou os lábios, olhando para baixo, e contou a um pouco do que gostava de fazer em seu dia-a-dia e do que gostaria de fazer ainda. Observou, nas poucas vezes que manteve seu olhar sobre o dele, o quão atento ele estava na conversa e em como fazia questão de puxar assunto consigo.
Isso fez com que os dois mantivessem aquela conversa por um bom tempo…

gogael jom deureobwa juwireul dulleobwa
(levante sua cabeça)
geudaeman baraboneun saramdeuri itjana
(olhe ao redor)
hanappunin sarangbanneun saram
(tem pessoas que olham apenas para você)
geudaen geureon saram
(você é único e amado)


Algumas semanas depois…



— Você quer que eu leve mais alguma coisa?
Acho que não precisa de mais nada. Já chegou aí?
A voz de ressoou do outro lado da linha, fazendo com que deixasse um sorriso pequeno transparecer.
— Já sim. Eu trouxe a manta para forrar o chão.
Perfeito! Até daqui a pouco, Soohyun.
— Até.
A garota empurrou a porta assim que colocou o celular no bolso do jeans e soltou um resmungo em surpresa ao vislumbrar o céu escuro estrelado bem acima de si.
Ela sorriu. O que a fez perceber que a constância de seus sorrisos havia aumentado há um tempo, desde que havia conhecido . O fato era que o rapaz fazia de tudo para que aumentasse seu astral, conversando sobre o que ela havia sentido nos últimos meses e a motivando a melhorar cada dia mais.
Os dois haviam se aproximado bastante desde a primeira vez que se esbarraram no corredor do apartamento. Aparentemente, quase não saía de casa. Havia dito a que fazia um trabalho remoto e que não costumava sair muito, não era sua praia, sendo assim, todas as vezes em que ela chegava ao seu apartamento, ele o recepcionava na maior alegria.
E ela só conseguia se sentir melhor do que antes.
Deixou os olhos parados no céu mais uma vez. Algo dentro de si a fez querer continuar ali por um bom tempo, repassando os últimos dias e conseguindo notar que já não era a mesma pessoa de antes. Não sentia mais a mesma tristeza tomando conta de si a cada dia que passava, nem mesmo a vontade de sequer existir mais.
se sentia mais viva, energética e inquieta. Sua vontade de conquistar coisas e ter objetivos agora existia e o sorriso espontâneo começava a aparecer com mais frequência.
Tudo isso com a ajuda de .
Ela sorriu mais uma vez. A presença do rapaz havia se tornado crucial em sua rotina, principalmente pelo fato de ele lhe mostrar que a garota tinha muito mais o que vivenciar ainda para continuar daquela forma.
conseguia mostrar aos poucos o que não conseguia enxergar.
— O céu realmente está bonito para ser admirado assim. — Ouviu a voz do rapaz atrás de si e virou o rosto para observá-lo. sorriu de canto.
— Oi! – respondeu, animada. — Tudo bem?
Ele assentiu, se sentando ao lado de ao chão, soltando um suspiro.
— Ah, como é bom sentir essa fresca — fechou os olhos. Assim que os abriu, olhou para a garota, a empurrando levemente pelos ombros. — E esse sorriso estampado aí, hein? Você parece mais energética hoje.
— Não é nada. Só tenho me sentido assim ultimamente.
Deu de ombros.
deixou os olhos pousados sobre ela por alguns instantes e quase teve certeza de ter visto os mesmos brilharem. Ele, por sua vez, sentiu algo queimar dentro de si, quase como se fosse um misto de orgulho e felicidade pelo que estava acontecendo.
não fazia ideia do que aconteceria.
— Isso é muito bom, . Consigo perceber uma diferença muito grande da pessoa que conheci a semanas atrás para essa em minha frente agora — sorriu para ela. ainda o olhava. — Você adquiriu cor. Vida. Tem estado mais agitada, sonhadora. Compartilha seus novos sonhos e propósitos… Você tem entendido, aos poucos, como funciona — piscou, arrancando um sorriso sem graça da garota. — Sabe, muitas vezes achamos que tudo sempre vai desmoronar. Mas, ainda assim, vale a pena continuar, entende? E você tem mesmo entendido. Isso é muito bom.
— E tudo graças a você — acrescentou. se limitou a sorrir, querendo muito lhe dizer o real motivo de tudo aquilo.
Não, , graças e unicamente a você.

Put your bags down
(coloque suas malas no chão)
mugeoun simjeongeul naege da neomgyeo
(me dê seus sentimentos mais pesados)
meomchwo isseo time in a bottle
(coloque o tempo em uma garrafa)
neodo neol bwaya boyeo
(você só pode se enxergar quando olha para si mesmo)


abriu a porta de casa, mais iluminada que anteriormente, e a fechou, seguindo em direção à janela para colocar a nova planta que havia comprado no mercadinho próximo à sua casa.
Olhou para a flor que ainda não havia desabrochado e sorriu para ela, a ajeitando para que não pegasse demasiado sol. Aquilo fez com que uma onda de alívio tomasse conta da garota, deixando claro o quanto ela havia mudado nas últimas semanas. Sua criatividade para voltar a pintar novas telas havia retornado e a mesma começava a ser valorizada em seu trabalho, assim como ela se sentia daquele jeito também.
Aos pouquinhos, sentia o quanto ela tinha tomado cor com o decorrer dos dias. Se sentia muito mais disposta, determinada e objetiva. Tinha um sorriso resplandecente nos lábios a cada vez que se pegava pensando no quão estimulada havia ficado com tudo aquilo.
E, dessa forma, só conseguia se lembrar de a incentivando cada vez mais. Algo dentro de si fez com que seu coração batesse agitado, quase como se estivesse sentindo certa ansiedade. Se lembrar do rapaz fazia com que , de alguma forma, conseguisse enxergar esperanças.
Não pensou duas vezes até caminhar em direção à sua porta, planejando ir até o apartamento do rapaz para convidá-lo a fazer algo. Quem sabe, não gostaria de fazer companhia a ela, como na outra noite, novamente.
Animada, bateu à porta ao lado, percebendo o silêncio se tornando presente a cada segundo que passava. Piscou algumas vezes e respirou fundo, tentando aguardar pacientemente até que ele aparecesse.
O que não aconteceu.
Bateu outra vez. Mais silêncio.
A impressão que a garota tinha era de que o apartamento estava inabitado, já que não havia sequer um ruído dentro do mesmo.
Olhou para os lados, na expectativa de que virasse o corredor agitado, exatamente como ele costumava ser com ela. Com a mesma conversa solta e o sorriso aberto nos lábios.
Aquilo também não aconteceu.
Por fim, algo brilhou em sua mente. Se recordou do terraço e pensou que, talvez, ele pudesse estar por lá. O rapaz havia adorado o local e, de alguma forma, o lugar havia se tornado ponto de encontro para os dois. Mesmo que fosse apenas para ficar em silêncio, o que costumava acontecer com frequência e não era incômodo.
Quando colocou os pés no último degrau, avistou o terraço vazio, com pouco vento e as luzes baixas dando lugar à lua que iluminava o chão cimentado. Deixou os olhos percorrerem cada pequeno canto do local, vasculhando a silhueta de por ali.
Nada.
O vento suave abraçou o corpo da garota mais uma vez, a fazendo encolher os braços um pouco e, ainda assim, sentiu aliviar tranquilamente, quase como se devesse ser daquela forma. Tudo ali parecia estar no lugar que deveria estar.
Aquela sensação acalmou o coração de .
Parecia estar em paz consigo mesma.
.
A voz de a despertou. Ela virou o rosto, podendo avistar o rapaz atrás de si, de pé. Ele a olhava com seus olhos brilhantes e um sorriso contido no canto dos lábios.
Ela sorriu também.
— Você estava aqui todo esse tempo? Eu estava te procurando — perguntou, fazendo uma careta.
Ele assentiu.
— E me encontrou — o rapaz respondeu, simples. — Eu estava esperando por você.
o olhou, curiosa. Algo na expressão do rapaz queria lhe dizer algo. , naquele momento, não estava com o mesmo sorriso de antes, mas sua feição parecia leve. Ele parecia aliviado ao estar com ela agora.
— Você mudou muito, . Ao longo dessas semanas, você conseguiu se transformar de um jeito espetacular e só conseguiu deixar mais evidente o quão forte você é. Não só por fora, como por dentro. — Ainda mantinha seu olhar sobre o dela. — Você me mostrou seus lados, se tornou transparente a ponto de deixar que eu te conhecesse verdadeiramente e isso foi genuíno demais.
… — tentou interrompê-lo, confusa. Ele fechou os olhos por alguns segundos e balançou a cabeça, dando a entender que era para ela o deixar continuar.
sentiu sua garganta fechar.
— Você consegue notar o tamanho de seu brilho agora? Consegue se dar conta do quão suficiente é? — indagou. sentiu seus olhos marejarem. O coração da garota agora batia descompassado. — Você consegue perceber que fez isso por você mesma?
A pergunta do rapaz fez respirar fundo, já sentindo uma lágrima escorrer por seu rosto. Ela não sabia dizer exatamente o que estava sentindo no momento, era uma mistura de sentimentos inexplicáveis.
O olhar do rapaz ainda estava sobre ela.
— Mas você me ajudou… — disse em um sussurro.
se limitou a sorrir.
Você se ajudou, .
Ela sentiu o corpo arrepiar, percebendo o vento mudar e foi exatamente como se o que ele havia dito fosse um sopro. A garota fungou, tentando conter o choro fraco que viria à tona, e tentou olhar para cima, na direção de .
Os olhos do rapaz ainda estavam sobre ela. a analisava milimetricamente, querendo gravar cada minucioso detalhe da garota em sua frente.
— Esse foi meu propósito com você. Espero que entenda tudo o que vou dizer agora, por mais estranho que possa parecer. — Deixou uma risadinha fraca escapar, piscando lentamente. ainda tinha a mesma sensação de antes. — E quero que compreenda que, nem por um momento, pensei em magoar você.
O que você...?
— Passei um bom tempo tentando encontrar você, para ser sincero. Eu sempre soube que, no momento certo, o meu tempo chegaria. Só que eu precisava encontrar você para colocar um ponto final em tudo.
Na medida em que ia falando, um vinco se formava na testa da garota. não conseguia entender, ao menos conseguia absorver o que ele queria dizer.
— Eu não existo em seu mundo, . Ninguém mais pode me ver. Andei perdido até te encontrar e me dar conta de que meu objetivo aqui era te mostrar o quão feliz você conseguiria ser, mesmo que sozinha. — Se aproximou, sem pressa. Seus olhos estavam presos no dela. — Você conseguiu renascer. Se mostrou tão vívida e corajosa. Não faz ideia de como estou orgulhoso de ver quem você se tornou.
agora sentia os olhos arderem, em um sentimento que não caberia em seu peito. A garota queria agarrar , dizer que nada daquilo era verdade e que ele continuaria ali consigo.
, você ‘tá me deixando confusa — murmurou, fechando os olhos com força. Sua cabeça começava a latejar. — O que você ‘tá falando? Nós nos divertimos, conversamos… Você me contou sobre quem você é..
— Sobre quem eu era, — a interrompeu. O rapaz se aproximou um pouco mais, ficando a centímetros da garota. — Eu só estive aqui para fazer você enxergar o seu valor. Exatamente o contrário do que aconteceu comigo.
A frase do rapaz fez o coração da garota parar por um momento, observando a expressão do mesmo cair. Os olhos já marejados de transbordaram as lágrimas que ela estava segurando.
— Não fala isso, por favor… Você não pode me deixar, você não…
— Eu nunca vou te deixar, — disse, em um sopro. O vento passou entre eles novamente. — Sempre estarei aqui, em seu coração.
Abaixou o rosto em direção à garota, a olhando com intensidade. Querendo deixar claro que ela seria forte o suficiente para trilhar seu caminho sozinha.
— Estou muito orgulhoso de quem se tornou, . Nunca se esqueça que você é suficiente apenas sendo você mesma — ergueu a mão, quase como se fosse tocá-la. Observou com atenção cada pequeno detalhe da feição da garota, para nunca se esquecer. — Quem sabe, não nos encontraremos novamente.
E, assim, sorriu, deixando uma lágrima escapar de seus olhos e não notou quando, aos poucos, foi sumindo do campo de visão de .
Até desaparecer para sempre.

Final

Ela mantinha seus braços cruzados na altura do busto.
Analisava a parede como se aquele ato fosse definir algo muito importante.
Já haviam se passado alguns meses desde que não havia mais visto em sua rotina e que quase achou que se renderia novamente ao mesmo estado de antes.
Aquilo havia sido difícil. Entender que tudo aquilo havia acontecido por conta dela, de sua coragem e força de vontade havia sido extremamente difícil.
Mas agora estava ali. Com outro estilo de vida, outra rotina, outro modo de viver. E, céus, como ela amava viver agora.
havia se transformado em um novo alguém. Alguém com sonhos, objetivos e um novo propósito. Se tornou uma pessoa aberta a novas aventuras, a novas amizades, a novas vivências.
Ela não queria outra coisa senão aquela.
Olhou para a parede uma outra vez.
O silêncio que inundava a grande sala em que estava a fazia pensar ainda mais em tudo o que havia acontecido. No sorriso acolhedor de , em suas palavras de afago.
Se sentia inteiramente agradecida por ele ter aparecido em sua vida, a fazendo enxergar que tudo só dependia dela.
Somente dela.
Cruzou os braços na altura do busto e sorriu para si mesma, observando a pintura em sua frente. Analisou os traços e as cores nítidas, assim como a feição leve e serena estampada ali. O perfil de , quase imperceptível, marcava cada detalhe da tela branca, sendo traçado por linhas e outros adereços coloridos.
Aquilo havia sido o impulso para que pudesse se renovar por completo.
Ele havia sido essencial.
Respirou fundo mais uma vez, antes de se virar para deixar a sala com sua exposição.
Estou orgulhoso do quão linda e vívida você se tornou…
Foi como um sopro.
virou o rosto com rapidez, para olhar na direção da voz que havia escutado. Seus olhos caíram sobre a sala vazia, sem qualquer resquício de outra pessoa ali, e sentiu o coração apertar levemente em esperança, mas ainda com a mesma sensação de alívio que sentia ultimamente.
Por um instante, podia jurar ter escutado dizer, alto e claro, para ela.
fechou os olhos, sorrindo para si mesma, e abraçou seu próprio corpo.
Sabia que nunca mais o veria, mas aquilo lhe trazia paz, lhe confortava de algum modo.
E ela sempre o levaria em seu coração.


geu moseup geudaero wanbyeokan geol
(você é suficiente do seu jeito)
Beautiful, beautiful you are
(lindo, você é lindo)



FIM.



Nota da autora: Oi, pessoal! Se você chegou até aqui, já agradeço muito por ter lido! Não fiquem chateados comigo com esse final hahaha
Espero que tenham gostado da história em si, vou adorar saber o que acharam! Beijos!
Caso queira ler mais histórias minhas, vou deixar minha página de autora:




Nota da beta: Que bonito acompanhar o crescimento da ! Amei a história e a forma leve como você conseguiu abordar esse tema, parabéns ❤️


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

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