Finalizada em: 02/06/2020

Capítulo Único

Happiness is a butterfly
A felicidade é uma borboleta
Try to catch it, like, every night
Tento capturá-la todas as noites
It escapes from my hands into moonlight
Ela escapa das minhas mãos na luz da lua
Every day is a lullaby
Todos os dias são como uma canção de ninar



Os olhos se abriram repentinamente. A mente presa num replay do sonho que havia tido mais uma noite e confirmando o que acreditava. Sentou entre os lençóis, o olhar determinado surgindo no rosto amassado pelo travesseiro. O relógio no criado-mudo informava que era uma e meia da manhã, sabia que deveria se apressar. Vestiu a calça de moletom e enfiou a camisola branca por dentro, sem se importar. Calçou os chinelos, pegou a chave do carro e o celular. saiu de casa em silêncio, entrou em sua caminhonete e bateu a porta. Acendeu a luz interna da cabine e viu o estado em que estava no espelho retrovisor, revirando os olhos. Não tinha tempo de se arrumar e ele não se importaria. Nunca se importava mesmo.
- Droga! - Xingou ao lembrar que não tinha escovado os dentes. Vasculhou o porta-luvas do carro e milagrosamente, encontrou uma bala. Jogou-a na boca e deu a partida no veículo. Afastou-se cerca de 500 metros e o seu celular tocou. Não queria atender, mas deveria.
- , - A voz feminina rouca bocejou seu nome. - onde está indo? - Outro bocejo.
Soltou um suspiro enquanto mantinha a atenção nas ruas desertas, o celular preso entre o ombro e a orelha.
- Eu sonhei novamente, !
Ouviu um suspiro que conhecia muito bem.
- Isso é loucura!
- Não! Você não me entende! - Choramingou enquanto afundava ainda mais o pé no acelerador, tentando converter um trajeto de 40 minutos em 30. - Ele é a minha borboleta! Eu vi!
era uma mulher que acreditava em pressentimentos, além de ser muito sensível a tudo que acontecia ao seu redor. Costumava ter sonhos estranhos que a princípio pareciam ser sem pé nem cabeça, mas depois as peças se encaixavam, concluía que previu tudo. A única pessoa que sabia seu segredo era a sua irmã mais velha .
- Olha, eu acredito na sua… Sensibilidade, mas você pode estar se precipitando. - Falou cuidadosamente, pois sabia como a mente da caçula funcionava. Aconselhe de uma forma e ela faz outra.
- A felicidade é uma borboleta. - Repetiu dando ênfase na letra da música da sua cantora favorita. - E faz todo o sentindo. Eu o persigo todas as noites, ! - Soltou um suspiro enquanto fazia uma curva para o estacionamento do bar.
- Ele é problema, .
-
Estacionou o carro em uma das várias vagas disponíveis e observou a entrada cinzenta do bar. Eram duas da manhã, madrugada de quarta-feira, ela estava à espera do cara que estava evitando-a. Desde o início, tentou lutar contra os sentimentos, mas o sonho se tornou tão frequente que não conseguia evitar. Todos viviam dizendo que ele era problema, mas ela só sabia ignorar.
- Você sabe que é verdade! Ou o que mais esse faz escondido nessa cidade? - A voz dela tornou-se mais alta.
- Ele não é um serial killer.
- Como você sabe? - Perguntou friamente. - Ele mora nessa cidade há seis meses.
- Eu apenas sei. - Sussurrou e encarou o volante do carro. - Não me espere acordada. - E desligou.
Abriu a última mensagem que recebeu de e sorriu triste.
“Você me quer ou não?” - Mandou por mensagem há três dias e não recebeu uma resposta, o que deixou-a muito magoada, pois ficava muito confusa quando o assunto era ele. Desde que soube realmente quem era, vivia ouvindo da boca dele que deveria se afastar, mas agia como se não quisesse que ela se afastasse, e tudo isso, somado ao sonho que se repetia toda noite. Ela acordava em uma floresta escura vestindo apenas sua camisola e sentia muito medo, até que aparecia uma borboleta amarela brilhante. E começava a seguir a bela borboleta pelo lugar, mas sem conseguir tocá-la. Como tinha tanta certeza que era sobre ele? Ele tinha uma borboleta tatuada na parte interna de seu pulso.
Clicou na mensagem e mandou sua localização. Ficou encarando a tela ansiosamente enquanto mordia o lábio inferior, a mão livre batucando no volante.
Dois minutos depois, ele visualizou e não respondeu.
Ela bufou irritada e deixou o celular cair no banco do carona. Deixou as costas encostarem no banco e cobriu o rosto com as mãos, irritada.
- Eu sou uma boba mesmo. - Riu de si mesma, sem humor algum e descobriu o rosto ao ouvir duas batidas em sua janela.
Lá estava do outro lado do vidro, a expressão neutra sem qualquer tipo de sentimento à deriva. Ela observou o rosto masculino e sentiu um frio na barriga, o coração mais agitado no peito. Desceu o vidro da janela e o encarou, tentou copiar a expressão do outro.
- Você não deveria estar aqui, . - Descansou os antebraços na janela e aproximou mais o rosto. Olhou para direita e esquerda, depois analisou-a novamente.
O estacionamento estava vazio, apenas a caminhonete ocupando uma das diversas vagas. A madrugada estava abafada e o que só aumentava o desejo por uma brisa fresca.
- Percebi pela sua cara. - Cruzou os braços irritada e encarou o volante, demonstrando sua irritação.
Sai da sua cidade, dirige pelas ruas desertas em plena madrugada só para vê-lo e ainda tinha que escutar aquilo. Se sentia uma verdadeira idiota, deveria escutar , mesmo que doesse.
O homem soltou um suspiro cansado e bagunçou os cabelos, voltou a olhá-la.
- Desculpa! Me expressei mal… - Verificou ao redor novamente e direcionou seu olhar para ela. - Eu gosto de te ver, mas não dá.
A mulher ficou incrédula por alguns segundos, mas conforme absorvia as palavras do outro, tornou-se debochada e até mesmo riu. Bateu com as duas mãos no volante e o encarou.
- Você está de sacanagem com a minha cara! Só pode! - Falou debochada enquanto seguia com a mão na ignição e girava a chave, ligando o motor do veículo.
- Não é isso… - Sussurrou seriamente.
- Então, é o quê?
- Ficar com você, significa te trazer para o furacão que é a minha vida. - Esticou o braço e tocou a mão dela que estava descansando no volante. Quando houve o contato entre a pele fria e quente, ambos se arrepiaram dos pés à cabeça e, por alguns minutos, permaneceram em silêncio, desfrutando da sensação de estarem próximos.
Finalmente, afastou a mão e deixou cair em seu colo, encarando-as.
- Eu gosto muito de você, .
- Eu também gosto de você, . - Sussurrou e novamente checou ao redor. - Mas é melhor manter distância.
- Você deveria decidir o que quer para a sua vida. - Lançou um olhar cortante. - Abre a boca para dizer que gosta de mim, mas está sempre dando um jeito de me afastar.
- Olha, estou apenas te protegendo.
Ela impaciente, apertou as têmporas e depois, olhou irritada.
- Não preciso que me proteja! - Cruzou os braços.
- Mas é o meu dever.
Bufou debochada.
Ele se afastou da janela, bagunçou o cabelo e riu sem humor.
- Você vai me transformar em um lunático. - Brincou provocativo. Colou na janela novamente e enfiou a cabeça, a boca poucos centímetros de distância da bochecha da mulher.
Ela sentiu o corpo se arrepiar por inteiro ao vê-lo tão perto.
- Estou te avisando. - Sussurrou e passou a língua no lábio inferior, umedecendo-o. Depositou um leve beijo na bochecha da mulher, descendo até o pescoço e dando uma mordida delicada, apenas um arranhar dos dentes.
fechou os olhos, a cabeça tombou no encosto do banco e mordeu os lábios. As mãos apertavam o volante com força. Estava atordoada com as sensações do caminho que a boca do amado fazia de seu rosto até o pescoço. Só conseguia pensar no quanto estava encrencada e que não tinha mais volta.
- Vá para casa. - Ouviu-o sussurrar, após morder o lóbulo de sua orelha.
Gemeu em negação.
Sentiu-o se afastar e abriu os olhos, irritada. Encarou-o com uma raiva letal.
- Eu te odeio. - Sussurrou ameaçadoramente e o sentimento aflorou ao ver a expressão de diversão do homem. Ele já tinha se afastado do veículo e estava num lugar seguro, bem longe das rodas ou da frente de sua caminhonete. O que a fez sorrir provocativamente.
- Garoto esperto.
Ele riu, as mãos escondidas no bolso da calça.
Ligou a caminhonete e soltou um suspiro chateado. Não queria ir embora, mas estava cansada e teria um longo dia pela frente.
- Eu te ligo. - Ele fez o gesto com a mão e entrou no bar.

xXx


Não ligou no dia seguinte.
Não mandou uma mensagem.
O sonho continuava perturbando-a todas as noites, mas estava decidida a deixar a borboleta voar para bem longe. Como iria conseguir tocá-la, se ia cada vez mais distante?
Abraçou o travesseiro, descansou a cabeça e soltou o ar dos pulmões. Revirou na cama por uma hora até que desistiu de dormir e decidiu sair, mesmo que lhe desse uma bronca interminável. Precisava ver gente, ouvir uma boa música e tomar uma cerveja bem gelada.

xXx


Era para ser apenas uma caneca de cerveja, mas havia perdido as contas. Observar as pessoas, cantar as músicas e sofrer pelo silêncio de foram boas distrações, até mesmo conseguiram levantar o seu astral. Suspeitava que foi cem por cento por culpa do efeito do álcool, mas não queria pensar no quanto havia exagerado.
Ocupava uma mesa escondida no fundo do bar com uma localização que permitia estar atenta a qualquer movimentação, além de curtir sem ser incomodada. Tomou mais um gole de cerveja e descansou a caneca na mesa. Batucou na mesa no ritmo da música e fechou os olhos, a euforia dominando-a. Passou por aquela porta horas antes, sofrendo e remoendo tudo que estava acontecendo. Jurava que estava apenas querendo curtir a noite sem pensar nele, mas estava no bar em que ele trabalhava todas as noites - menos aquela. E naquele instante, sentia-se bem melhor. Se o sentimento estaria vivo no dia seguinte, aí seria outra história.
Riu tristemente com o pensamento e ficou passando o dedo indicador na borda da caneca. O rosto descansando na mão enquanto cantava a música, o olhar concentrado na caneca. O seu telefone havia tocado várias vezes nas últimas horas, mas havia ignorado. Não queria estourar os tímpanos com os berros enfurecidos que sua irmã daria. Queria se manter naquela bolha o máximo que pudesse.
- Vamos embora, .
Ela franziu a testa para a caneca, parou o movimento do indicador. Riu achando graça de si mesma e voltou a cantar. Mantendo a mesma posição. Só conseguia pensar que realmente estava bêbada para começar a ouvir vozes. Pensou que se sentia a Bella Swan em Lua Nova, quando estava sofrendo por Edward e o via em todos os lugares sendo que o vampiro estava a trocentos quilômetros de distância. Se bem que tinham algumas coisas em comum.
- .
Riu novamente e cobriu o rosto. Levantou a cabeça procurando a voz, as mãos ainda impedindo sua visão. Contou até três e tirou-as, piscando algumas vezes ao vê-lo ali.
- Enlouqueci. - A mão foi parar na boca enquanto começava a ria descontrolada, um dos braços esbarrou na caneca e quase a derrubou.
estava de pé ao lado da mesa. Vestia um conjunto de moletom cinza, os cabelos estavam bagunçados e o olhar era sério. Era possível enxergar a tensão na linha de seu maxilar.
- Você está bêbada, mas ainda não ficou louca. - Revirou os olhos.
Ela esfregou os olhos ainda descrente que o via bem ali. Cobriu e descobriu o rosto diversas vezes, percebendo a impaciência no rosto masculino aumentar. Quando, finalmente, percebeu que o via em carne e osso, soltou um suspiro cansado e disse o que seu coração vinha guardado nos últimos dias.
- Babaca.
A testa dele franziu em surpresa.
- Você está bêbada. - Tentou justificar a ofensa para si mesmo e enfiou as mãos no bolso da calça.
- Bêbada, mas sóbria o suficiente para reconhecer um babaca na minha frente.
Ele riu da contradição da mulher.
- Você não está em seu juízo perfeito.
- Jura? - Perguntou irônica, cruzou os braços na frente do corpo. - Não sabia que tinha se formado em psicologia.
Ele revirou os olhos e mudou o peso de uma perna para a outra. Olhou o bar ao redor e, pela primeira vez, percebeu que estava vazio. Sobrando apenas o barman, outros três clientes espalhados e o cantor que tocava violão. Eles tentavam disfarçar, mas todos estavam prestando atenção na cena que estavam fazendo.
- Vim te buscar. - Declarou seriamente.
- E quem disse que quero ir embora com você? - Ergueu uma das sobrancelhas, a expressão indignada mesmo que o seu coração traidor estivesse aos pulos em seu peito. Agradecia ao cantor que abafava qualquer som com a sua voz.
- Olha, - Suspirou e mordeu brevemente o lábio inferior, a expressão indecisa. - sua irmã me ligou e pediu para buscá-la.
- Traidora. - Acusou-a com veneno em sua voz.
- Você pode xingá-la depois, agora vamos embora daqui.
- Não.
- Não? - A expressão incrédula e riu sem humor.
- Está tocando a minha música e eu não vou embora com você.
Ele riu sem humor.
- Você me quer ou não? - Cantarolou no ritmo melódico, a garganta apertada e as emoções daquela canção arranhando o seu coração. - Eu ouvi uma coisa, agora estou ouvindo outra. - Criou coragem e o olhou-o diretamente.
Aquela era a música deles. A canção que acreditava ser a interpretação perfeita para o sonho da borboleta.
Ele tinha uma expressão desconfortável no rosto.
- Serei bonzinho e te darei duas opções: ou levanta da cadeira e vem comigo ou vou te arrancar daí, jogá-la nos meus ombros e carregá-la feito um saco de batatas. - Dando de ombros, as mãos ainda escondidas na calça.
Ela ignorou-o.
- Olhando nos olhos dele, acho que ele já está machucado. - Continuou a cantar, o olhar sem desviar do rosto do homem.
Um sentimento indefinido passou pela expressão dele e logo sumiu. Viu-o soltar um suspiro dramático. Tirou as mãos do bolso e aproximou-se da mesa, esticou as enormes mãos masculinas.
- Não toca em mim! - Ela aumentou o tom de voz, o corpo espremendo até a parede tentando escapar das mãos.
- Estou perdendo a paciência, . - Avisou-a enquanto abria um sorriso provocador.
- Ele já está machucado. - Cantou baixinho e tomou mais um gole da sua cerveja. Sua mente deu um estalo e teve uma ideia. Virou seu corpo novamente na direção dele e o viu inclinado em sua direção, ambas as mãos apoiadas no tampo da mesa de madeira escura. A expressão séria.
- Venha comigo. - Insistiu.
Ela mordeu o lábio inferior pensativa e tomou mais um gole em seguida. Soltou um suspiro cansado e voltou a encará-lo, uma expressão de falsa inocência.
- Só se pedir por favor.
Ele ergueu o corpo novamente, o rosto numa máscara de divertida descrença enquanto ria. Cruzou os braços na frente do corpo.
A atenção dela foi para os bíceps dele que se apertaram com o movimento e deu água na boca ao lembrar que adorava mordê-lo bem ali. Sentiu um leve calor tomar conta de seu corpo e tomou mais um gole de cerveja numa tentativa de apaziguá-lo.
- E então? - Descansou o rosto na mão, o olhar preso ao dele e um sorriso inocente.
- Vim fazer um favor para sua irmã e você ainda quer que eu te implore para vir comigo?
- Então, é não?
- Não.
- Okay. - Deu de ombros mantendo o sorriso que claramente estava tirando-o do sério. E voltou o corpo para frente, tomou o resto de sua cerveja até esvaziar a caneca, colocando-a na mesa ruidosamente. Quando foi erguer o dedo para chamar a atenção do barman, soltou um gritinho de susto ao sentir os braços masculinos e fortes, envolvê-la pelas pernas e costas.
Em poucos segundos, estava jogada no ombro de e a cabeça em direção ao chão.
- Me larga! - Gritou indignada enquanto o corpo sacudia a cada passo que o homem dava para fora do bar.
- Ok. - Ameaçou soltá-la e ela gritou de susto, tentando se segurar nas costas do moletom.
- Seu babaca! Cretino! - Xingou-o algumas vezes até que precisou cobrir a boca e prender a respiração. Estava enjoada e sentiu os pelos do corpo se arrepiarem com o vômito que poderia vir a qualquer momento.
- Vou vomitar! - Anunciou com a voz embargada, os olhos encaravam o chão de ponta cabeça em desespero.
O homem tentou colocá-la em pé o mais rápido possível, mas não foi o suficiente. O líquido gosmento foi todo na frente do moletom, redecorando-o. Ele conseguiu se afastar alguns passos, mas não sem ter sido atingido. A expressão de puro horror.
Ela colocou tudo para fora, a testa suando frio. Pensou indignada sobre como estava terminando a sua noite.
- Aqui. - Ele estendeu a parte limpa do moletom vomitado.
Ela secou a boca e tentou devolver, mas ele se negou a pegá-lo.
- É seu.
- Só aceito depois que você lavar. - Disse com a expressão como se fosse algo óbvio.
Tentou devolver novamente e irritada largou no chão do estacionamento. Fez careta com o gosto horrível na boca.
- A culpa não é minha, se você me colocou de cabeça para baixo em suas costas depois de várias cervejas. - Deu de ombros e cruzou os braços.
Agradeceu aos céus pela madrugada fresca, uma brisa fresca aliviou a quentura de seu rosto após ter vomitado. O estômago continuava enjoado, mas sabia que não corria o risco de colocar tudo para fora novamente.
- Admito que foi um plano idiota. - Passou as mãos no cabelo e soltou um suspiro cansado.
Ela reparou que o homem usava uma regata preta por baixo do moletom, mas preferia que não estivesse com nada.
- Não é à toa que você é um babaca.
- Ei! - Resmungou - Chega de me ofender! - A voz indignada.
- Estou apenas externando os meus pensamentos. - Fez pouco caso, deu de ombros.
- Se pensamentos fossem para ser ouvidos, todos leriam mentes. - Sorriu convencido.
Ela revirou os olhos e cruzou os braços.
- Te peguei, né? - Sorriu ainda mais.
- Eu vou embora. - Ela anunciou, ignorando-o. Soltou o ar dos pulmões e passou as mãos no cabelo, tentando arrumá-lo. Pegou o celular do bolso e desbloqueou a tela. Iria pedir um táxi, pois estava a pé. O visor ficou preto anunciando que havia descarregado.
- Pelo visto vou precisa de uma carona. - Anunciou irritada. Guardou o celular no bolso.
Estavam em pé no meio do estacionamento e que estava vazio. Ao longe, passavam alguns veículos pela estrada deserta. Não queria compartilhar um carro com ele, mas não era louca de ficar ali no meio da madrugada. Tinha amor à própria vida e, além disso, queria aproveitar os poucos segundos na companhia do homem. Doeu a falta de contato dos últimos dias.
- Eu vou pedir um táxi para você. - Puxou o celular do bolso e começou a digitar.
- Pensei que tivesse vindo me buscar. - Falou numa mistura de mágoa e surpresa.
Encarou-a por poucos segundos e voltou a atenção ao telefone.
- Sei que a última coisa que quer é dividir um carro comigo. - Deu de ombros sem encará-la, mas a tristeza foi perceptível em sua voz.
Viu-o colocar o celular na orelha, o olhar no chão.
- Não seja um idiota. - Falou irritada. Se aproximou e arrancou o celular da mão dele e desligou. - Não quero táxi.
Ele esfregou as têmporas com a mão e riu sem humor.
- Retiro o que eu disse lá dentro. - Apontou para o bar. - Você está louca.
Ela empurrou o celular no peito dele e largou, o homem segurou por reflexo. E viu-a se afastar a passos rápidos.
A raiva dominou-a completamente ao ponto de seus olhos encherem de lágrimas. Era do tipo de pessoa que chorava quando o sangue fervia. Caminhou a passos rápidos em direção à estrada, a mente sem pensar sensatamente.
- Espera. - Sentiu o aperto firme no seu braço e parou. Virou para a voz masculina, a visão turva pelas lágrimas, os batimentos acelerados. Sentiu a pele arrepiar com o toque do homem. Lutou contra a vontade de abraçá-lo bem ali e enterrar o rosto em seu ombro.
- O que você quer? - Perguntou irritada. Secou algumas lágrimas.
- Você.
Ela franziu a testa em surpresa, mas que tornou-se revolta.
- Como você consegue ser tão cara-de-pau, ? - Secou outra lágrima, a voz pingando raiva.
O homem sorriu desconcertado e deu de ombros.
- Você me faz ser essa bagunça.
Ela riu sem humor.
- Tenho cara de otária?
Soltou o braço dela e descansou as mãos na cintura, encarou o céu e fechou os olhos. Murmurou algo incompreensível e depois voltou a encará-la.
podia jurar que ele estava pedindo paciência aos céus sendo que quem deveria fazer isso, era ela.
- Eu sou um vampiro e a minha comida favorita é o que corre em suas veias.
- E daí?
- E daí? - Repetiu indignado. Riu sem humor. - Perco o controle e você vira meu almoço.
- Não rendo nem para a janta ou o café-da-manhã? - Debochou. Cruzou os braços e manteve uma expressão divertida.
- Você testa a minha paciência.
- Jura? - Ironizou.
- Estou falando sério, .
- Eu também estou, . - Deu ênfase ao nome do homem.
- Por que é tão difícil seguir o que te digo? - Perguntou inconformado, imitando a pose da mulher.
- Porque eu não gosto de receber ordens.
- Mas eu não te ordenei nada, só dei uma sugestão.
- E que eu não quero seguir.
O homem bufou divertido.
- Nunca conheci uma mulher tão teimosa.
- Tudo tem a primeira vez. - Sorriu provocativa.
Ele soltou um suspiro derrotado.
- O que eu preciso fazer para você me esquecer?
A garganta dela apertou com a vontade de chorar repentina ao ouvir a pergunta dolorosa do homem. Sentia que os sentimentos que nutria por ele estavam sendo esmagados feito uma barata ao ser morta por um pisão.
- Uma lavagem cerebral ou bater com algo bem forte aqui. - Apontou para a lateral da cabeça. A expressão séria, mas os olhos revelavam a dor. Engoliu em seco, apertou os braços cruzados ainda mais, a visão ficando turva.
- Eu só quero te manter segura, . - Sussurrou tristemente. Tentou tocá-la no rosto com uma das mãos, mas ela deu um passo para trás e desviou do toque.
Perderia o controle dos próprios sentimentos caso sentisse o toque do homem.
- Não preciso de proteção. - A voz embargada.
- Eu sou perigoso para você.
- Eu não me importo. - Deu de ombros. - Pode não ter me mordido, mas toda essa ladainha está me machucando da mesma forma. - Revelou magoada.
Ele bagunçou o cabelo irritado e olhou-a.
- Também é difícil me manter longe de você. - Confessou e deu de ombros.
Mordeu a língua para evitar implorar que ficasse com ela. Tinha amor próprio o suficiente para não correr mais atrás dele. Que explodisse sua cabeça com o sonho ou que ficasse para sempre perdida na floresta escura por não ter tocado a borboleta. A última coisa que faria seria implorar por ele.
- Que bom para você. - Revirou os olhos indignada com o que saiu de sua boca.
- O que eu posso te oferecer? - Perguntou e continuou sem esperar uma resposta. A expressão magoada. - Não posso me expor ao sol ou vou brilhar mais do que um letreiro neon. - Revirou os olhos. - Me alimento de sangue e não durmo. - Enumerava com os dedos. - Tenho mais de cem anos e, além disso, vivo em segredo e para melhorar, sou fugitivo de uma máfia vampírica italiana. - Finalizou. Escondeu as mãos no bolso da calça, o rosto triste.
- E que tal isso: você é a minha borboleta. - Ela sussurrou a voz falhou levemente.
Não iria implorar, mas iria revelar o segredo que escondia dele. Se quisesse ficar, okay. Caso contrário, iria esquecê-lo.
A expressão dele se tornou assustada.
Ela franziu o rosto em confusão.
- Que borboleta?
- É… - O rosto dele fez com que se arrependesse e começou a acreditar que realmente era besteira. Respirou fundo e decidiu continuar. - Eu sou sensitiva e costumo sonhar com algumas coisas. No início, não fazem sentido e, do nada, as peças se encaixam. - Deu de ombros.
- E você sonhou com uma borboleta? - Perguntou pensativo.
Ela confirmou com um gesto de cabeça.
- E você deduziu… - Incentivou-a a explicar.
- Desde que te vi pela primeira vez, eu sonho que estou numa floresta muito sombria e aparece uma borboleta. Ela se afasta o tempo todo, mas eu começo a persegui-la, tentando e tentando tocá-la, mas sempre escapa. - Confessou.
Apertou as mãos na frente do corpo e sentiu-as suadas. O coração batia rápido. Estava nervosa com a reação do homem.
- Você não sonhou comigo. - Ele respondeu tenso.
Ela franziu a testa em confusão.
- E como tem tanta certeza?
- Porque essa borboleta - Ergueu o lado interno do pulso em direção a mulher. - Não tem um significado.
- Como assim? - Aproximou-se e tocou a tatuagem com o indicador. Sentiu a pele fria de encontro a sua quente. Levantou a cabeça e olhou-o. Estavam próximos o suficiente para facilmente colarem os lábios.
- É a marca dos Volturi.
Os olhos se arregalaram em compreensão.
- Não faz sentido! - Protestou confusa. - A música dizia…
- Faz todo o sentido.
Ela abriu e fechou a boca diversas vezes.
A borboleta significava o perigo, mas por que estaria perseguindo-o? A música dizia que a borboleta seria felicidade. Não fazia sentido.
- Você corre perigo, .
- E como você sabe disso? - Afastou o dedo da tatuagem, deixando o braço cair ao lado do corpo, mas não se afastou. Menos do que a distância de um braço, separava-os.
- Temos que descobrir.
Ela abraçou o próprio corpo. A mente fritava com as milhares de suposições.
- Eu não sou uma vampira.
- Mas é uma sensitiva.
- Você está errado, . - Rebateu irritada.
- Tem que ser você. - Ela sussurrou tristemente.
- Não sou eu, meu amor. - Ele tocou-a no rosto e acariciou-a com o polegar.
A pele dela se arrepiou com o toque que, mesmo frio, demonstrava todo o sentimento que o homem sentia por ela.
- Mas…
- Mas eu posso ser. - Completou. Olhava-a diretamente de forma carinhosa.
- O perigo? - Perguntou com a testa franzida em confusão.
- Não, meu amor. - Sorriu divertido. Aproximou o rosto do dela, colando suas testas e fechou os olhos.
- O quê? - Perguntou impaciente. Fechou os olhos e mordeu o lábio inferior ansiosa.
- A sua felicidade.




Fim.



Nota da autora: Oi, jovem! Precisei adaptar algumas coisas sobre Os Volturis para fazer sentido com a letra da música e com o sonho da pp. Admito que não tinha pensado em seguir por esse caminho, só no fato do pp ser um vampiro. Eu gostei muito do resultado e espero que tenham gostado também! Obrigada por ter chegado até aqui! <3


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    Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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