Finalizada em: 09/03/2021

Capítulo Único

Noite passada, apesar de sentir as pálpebras pesadas, me custou a dormir e foi assim por todos os dias dessa semana. No entanto, ouvir o cantar do despertador no celular não me foi incômodo algum, porquê, a partir dali, dava início o dia pelo qual esperei por tempos.
As últimas semanas foram uma correria só, repleta de preparativos e ensaios aqui e acolá. Por incrível que pareça, apesar de conturbado, hoje será o dia de maior calmaria dentre as últimas semanas.
Senti os braços de Adrian contornarem a lateral da minha cintura assim que retornei para debaixo dos lençóis após desligar o despertador. E eu amava cada segundo daquela sensação. A sensação de tê-lo ali, ao meu lado, pele com pele, ao meu alcance a cada momento.
Era raro que pudéssemos desfrutar desses momentos de paz. Ele estava constantemente mudando de voos para assinar contratos milionários nos sete continentes, já as gravações do meu novo filme não me deixavam muito para trás. Bate e volta estávamos viajando com o elenco todo para alguma cidade no interior da Escócia.
O que me confortava era olhar para o dedo anelar da mão esquerda e saber que amanhã à noite, aquele diamante solitário já terá sido substituído.
As mensagens que chegavam incansavelmente no celular eram repetidas e eu praticamente conseguia ouvir as meninas reclamando: “como assim você não vai ter despedida de solteira?” “você não deveria nem se casar sem uma despedida” “isso é tradição!” e minha resposta era tão repetida quanto: “Preciso trabalhar”.
Apesar de saber que uma despedida de solteira renderia histórias para três décadas, o capítulo de hoje para a minha carreira profissional era o que sonhei desde que assisti meu primeiro Oscar quando criança.
Tenho noção do esforço que fiz para estar em Bombshell e arcar com toda a carga emocional que a história exige. Charlize Theron como protagonista é a certeza de poder assistir uma aula completa a cada fala de sua personagem. A mulher é uma deusa que exala confiança e sensatez. E com isso fomos agraciadas com indicações à Prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Puxei os lençóis para o lado, sentando na beirada da cama para me espreguiçar e ouvi Adrian murmurar algo, mas logo cobriu a cabeça com o edredom. Fui em passos vacilantes até o banheiro, tomando um banho rápido para despertar de uma vez por todas.

Nancy repassava detalhadamente como seria o ensaio, enquanto eu fazia o possível para memorizá-lo. O tempo era limitado, pois haviam ajustes a serem feitos e esta era a última chance para que todos os apresentadores das categorias pudessem estudar a apresentação.
Subir naquele palco, mesmo que sem plateia e entre gritos para ajustar a luz no centro, já me foi motivo suficiente para sentir borboletas eufóricas no estômago.
Benedict Cumberbatch estava ao meu lado, e juntos, apresentaremos o ganhador da categoria de Melhor Ator. O inglês tem uma desenvoltura ímpar, sua elegância é incomparável e de uma simpatia que me deixou de queixo caído.
Nancy me olhava torto sempre que encarava o relógio em seu pulso, como boa assessora que era, gostava de tudo bem planejado e seguia à risca os planos que fazia. Anotei mentalmente as dicas que Benedict me passou, agradecendo por milhões de vezes. Em passos largos dei a volta no palco, passando por boa parte dos bastidores e esbarrando em antigos colegas de trabalho.
— Sempre apressada, hum?! - Ele riu fraco, mantendo uma pose aprumada que não tinha nada a ver com ele. Seu inseparável copo de café estava em uma mão, e a outra mergulhada no bolso dianteiro da calça que vestia. — Eu sabia que se esperasse aqui, em algum momento você passaria disparada para algum lugar.
— Evans. - Saudei-o, arqueando a sobrancelha. — Não é possível que eu seja tão previsível assim. - Cruzei os braços, aguardando sua resposta.
— Não é, Lis. Eu só te conheço bem demais. - Deu de ombros e me entregou um copo de café, finalizando o seu próprio.
— Você está ótimo! - Aproximei para abraçá-lo.
— Você também está linda. - Pigarreou após alguns segundos em silêncio, como quem buscava um assunto. — Parabéns pela indicação!
— Ainda é difícil de acreditar! Acho que você pode imaginar o tamanho do surto quando eu soube, não é? - Gargalhei.
— Não posso julgar porque tive meu surto próprio quando saiu a lista.
— Você sempre me apoiou muito, Chris. - Suspirei audível. — Nunca soube como te agradecer.
— Você sempre tomou as melhores decisões, Lis. Sempre. - Frisou.
Margot?! Margot? - Ouvi a voz de Nancy soar no começo do corredor. — Você perdeu o juízo? Vamos!
— Sabe como ela é, né? - Sussurrei cômica. — Preciso mesmo ir.
— Argh! - Nancy revirou os olhos, bufando assim que nos alcançou.
— Saudades de mim, Nancy? - Chris mordeu o lábio inferior, contendo o riso.
— Cala a boca! Eu sabia que você a prenderia.
— Não estou segurando ninguém! - O loiro abriu os braços, como se estivesse se rendendo.
— Para de implicar com ele, Nancy. - Pisquei para o ator, sabendo que minha fala a deixaria ainda mais possessa.
— Evans. - Nancy se aproximou dele, encarando-o, com as mãos na cintura. — Você torna o meu trabalho muito mais difícil. - Finalizou amarga. — Margot, pela milésima vez: vamos?
— Nos vemos a noite?
— Nos vemos a noite. - Afirmei, objetiva, sorrindo para ele conforme me afastava. — Obrigada pelo café! - Gritei do fim do corredor, vendo-o acenar um último tchauzinho.
Assim que retornamos para o carro, Nancy entregou meu celular, que tinha uma mensagem de Adrian. Mesmo no impasse em que vivemos, tentamos o nosso melhor para passarmos tempo juntos e era sobre isso que sua mensagem falava. Adrian estava me chamando para almoçar no mesmo restaurante em que tivemos o nosso primeiro encontro - às cegas - armado por amigos em comum. No entanto, ele também avisou: “não posso demorar muito, tenho reunião logo em seguida”, não era bem novidade.
Nancy estava tão ansiosa quanto eu para a premiação de hoje. Trabalhávamos juntas desde o começo de nossas carreiras, sendo muito pacientes com os erros uma da outra. Essa indicação não é só minha, é de Nancy também, que andou por todo esse caminho junto comigo.

Chegamos ao estúdio de Elie Saab, um designer de moda libanês que tem uma autenticidade e magnificência sem igual, sendo de quebra meu designer favorito. Estava consideravelmente calma porque apesar de restar a última prova dos vestidos, seriam feitos ali os vestidos da cerimônia da premiação e os do casamento. Hoje, indicada ao Oscar, amanhã, casada.
Nancy seria mais uma das convidadas para o casamento e não carecia estar envolvida nos ajustes da festa, mas ela não conseguia evitar e volta-e-meia, a pegava no celular comunicando-se com meus pais sobre algum detalhe do casório.

Fui dispensada para ir ao almoço com Adrian mesmo que aos resmungos da general Nancy que alegou usar esse meio tempo para também fazer a última prova da sua vestimenta desta noite.

Usei alguns segundos para observar meu noivo sozinho à mesa. Os ombros um pouco tensos, retesados, insistia em arrumar a abotoadura do paletó mesmo que impecável, a taça de vinho branco estava intocada e ele checava seu celular de segundo em segundo.
Assim que me aconcheguei à sua frente, vi a menção de um sorriso querer abrir-se em seu rosto. Adrian é um ótimo rapaz, mas às vezes se perde no quão metódico pode ser, e se prende num mundo que é só dele como se quisesse dizer que não podemos fazer parte da sua vida.
Deveras, o almoço foi quase que passageiro de tão rápido, porém preferi me apegar ao significado daquele momento e porquê escolhera aquele restaurante. O dia estava corrido para ambos e antes de sair Adrian exprimiu um: “te busco no hotel” contra meus lábios antes de sair em disparada.

Nancy mandou um carro para me buscar no restaurante porque ela já estava no hotel que nos arrumaríamos para a premiação, ensaiando a força tarefa que se inicia para o tapete vermelho do Oscar.
Tínhamos um plano B para tudo: vestido, cabelo, maquiagem ou sapatos parecidos estavam fora de cogitação, pois estudamos uma superprodução básica e clássica que serviria de entrada para colocar o plano B em prática se necessário.
Nancy não permitia ninguém ficar parado. Gostava de ver proatividade e entusiasmo em cada esquina de todo trabalho feito.
Não contei as horas, contudo sabia que haviam se passado muitas porque senti minhas costas estralarem quando me levantei da cadeira. Encarei meu reflexo por míseros segundos, amando cada valioso segundo daquela superprodução. Nancy começava a se exaltar e fazer uma espécie de contagem regressiva, pois o tapete vermelho já começara, entretanto não havia necessidade alguma de chegar em cima da hora.
O vestido me fez sentir potente, quase como se tivesse superpoderes. Os saltos altos apenas realçaram a sensação, me dando o pressentimento de estar pronta para tudo que a noite de Oscar puder me oferecer.
Joias contornaram meu pescoço, realçando o colo e destacando o decote, que não estava vulgar.

Nancy manteve sua mão enlaçada à minha durante todo o trajeto do hotel até o Dolby Theatre, mas não havia ar-condicionado nenhum que conseguisse manter minhas mãos longe do suor.
E não era pra pouco.
Chegando ao destino, ouviam-se gritos de fãs e flashes de câmeras, milhares deles.
Os boatos eram verdadeiros: o tapete vermelho vibra! Dizem que isso acontece para lembrar constantemente de nos mantermos em movimento, sem demoras.
O lado bom de estar nervosa à esta altura do campeonato e que mal senti as vibrações do tapete, isso porque mal conseguia sentir meus pés ao andar pelo tapete vermelho.
Nancy me indicava as melhores fontes com quem falar e ao contrário do que o red carpet pedia, nos demoramos algumas vezes entre uma entrevista e outra.
Inquieta como estava, dei uma boa percorrida pelo salão, esbarrando em colegas de trabalhos antigos e mais recentes, encontrando Viola Davis, minha maior inspiração sem via de dúvidas, deixando-me muda sem muito esforço.
Vi Chris mais à frente, junto da primeira fileira. Quis desviar o olhar, no entanto não era nada fácil olhar para Chris Evans em um smoking e achar algo tão hipnotizante quanto.
Apesar de distante o suficiente, não conseguia ouvir sua risada, mas me era automático e eu conseguia ouvi-la na minha cabeça. Sua imagem, seus sons, jeitos e trejeitos estavam gravados em mim.
Chris insistia em arrumar a gravata borboleta que entortava algumas vezes e se agachou para que a atriz Betty White ajustasse seu nó. Betty é uma exímia atriz e em pleno vigor com seus 99 anos de idade, cheia de graça passava a mão pela barba do ator, graciosamente, como quem lhe dava um conselho valioso. Como o cavalheiro que é, Evans ofereceu o braço para que Betty se apoiasse para evitar movimentos bruscos ao se sentar. Aconchegou-se ao lado dela e as mãos da mais velha retornaram para sua gravata, a mantendo no lugar.
O loiro estava entusiasmado e conversava com ela parecendo serem amigos de boas épocas. Típico Chris!
Saí do meu devaneio quando Nancy estalou os dedos afrente do meu rosto, para me chamar a atenção.
— Imprevisto, Margot.
— Ah, não...
— Bom, um dos apresentadores de uma das categorias não vai permanecer na premiação por problemas familiares. - Abanou a mão no ar. — Ouvi isso no meu caminho para te achar aqui e te ofereci como substituta.
— VOCÊ O QUÊ?!
— Não surte, é uma coisa boa!
— Fácil pra você dizer.
— Mais uma aparição desse porte é uma oportunidade gigantesca, Margot. - Justificou-se. — Bom, estão fazendo uns reajustes e logo te chamam para te falar qual e quando é. Imagino que dê tempo de alguns ensaios. - Piscou, na tentativa de me tranquilizar.
— Meu medo é travar e não conseguir nem ler o que está à minha frente.
— Isso jamais aconteceria com você.
— Onde está Adrian?
— Ele não atende e já deixei inúmeras mensagens. - Engoliu em seco. — Vou ver se já tem novidades sobre a categoria que vai apresentar e depois vou lá na entrada ver se ele não está perdido por lá, tudo bem? - Assenti automaticamente, retomando um sorriso ensaiado ao meu rosto.
Nicole Kidman, minha colega de cena atravessou o salão assim que acenei para ela, abraçando-me fervorosamente como estávamos acostumadas.
— Mulher! Você está um escândalo! - Proferiu junto ao meu ouvido em meio ao abraço, até ambas cairmos em gargalhadas.
— Levei em consideração todas as dicas que você me deu!
— Ah! Pare com isso! - Desvencilhou, fingindo dar um tapa em meu braço. — Com esse rostinho, você leva pra casa quantas estatuetas quiser! - Murmurou sugestiva e maliciosa.
— Por Deus, Nic, você está impossível! - Tentei conter as risadas, sentindo-a abraçar meus ombros, guiando pela multidão.
Como já era de se esperar, Nic parecia ser melhor amiga de cem por cento das pessoas naquele teatro, me apresentando para todas e fazendo-as gargalharem alto com alguma piada estúpida como facilmente fazia comigo.
— Vem comigo. - Nancy foi misteriosa, até me conduzir aos bastidores. Fomos para um camarim que, diferente dos outros não tinha especificação de quem era. Uma conversa se sobressaía à outra, que sobressaía a outra dentro do cômodo e todas mencionavam soluções rápidas para o mesmo problema.
Explicaram-me quando seria apresentada a categoria e ensaiei as falas incontáveis vezes, até que as 15 pessoas no camarim estivessem satisfeitas com o desenrolar do script. Ouvi dicas de como conseguir me trocar em tempo de apresentar a categoria que já havia sido escalada previamente. Nancy relembrava como faremos a troca de vestidos e de penteados simultaneamente, e que meu camarim mudara para um mais perto do palco para evitar atrasos.
Ouvimos batidinhas na porta e a maioria dos rostos se viraram para lá.
— Desculpe, tive um pequeno incidente. Já resolvido! O que perdi?!
— Basicamente nada. Você mantém suas falas como o ensaiado nesta manhã, mas vai apresentar com a Margot Robbie. - Arqueou as sobrancelhas.
— Lis. - Acenou com a cabeça.
— Chris. - Acenei igualmente.
Lis? - Algumas vozes questionaram, confusas.
— Elise é meu nome do meio, Lis é um apelido. - Esclareci.
— Tentem ensaiar aqui mesmo, ok? Ensaiar! - Nancy frisou antes de se enfurnar entre as pessoas que saiam do camarim. Em poucos segundos o cômodo era quase que puro silêncio, se não fosse pela correria do lado de fora.
— Uau... Que honra a minha! - Chris cruzou o cômodo até onde eu estava, abrindo os braços para um abraço e eu me limitei à um sorriso, correspondendo ao abraço. — O que foi? - Sussurrou um pouco abafado.
— Você não fica nervoso?
— Claro que fico. No dia em que não ficar mais, é porque não vale à pena. - O ator se desvencilhou do abraço e enlaçou sua mão com a minha, conduzindo até o sofá atrás de nós. — Olhe pra mim, Lis. - Era inviável desviar o foco daquelas írises azuis. — Você está vivendo o seu sonho. Se pensarmos bem, o Oscar é pequeno pra você, Lis. - Ele riu fraco.
— Se você me fizer chorar, eu juro que limpo meu delineador borrado no seu smoking.
— Eu vou trocar, ou a senhorita pensa que só você tem direito? Mas sério, Lis, nunca vi ninguém se dedicar tão ferreamente a um trabalho como você fez. Você sempre tomou as melhores decisões... - Tornou a repetir. — És cem por cento responsável pelo sucesso que cativas e não cativa pouco.
— Seus olhos sempre me disseram que houveram vezes que confiava mais em mim, do que eu mesma e hoje eu consigo sentir isso.
— Eu sou seu fã número um, Lis Robbie. Daqui até o fim dos tempos. Acostume-se com isso.
Babe, me desculpe! - Irrompeu pela porta, falando até pelos cotovelos. — A reunião demorou pra acabar, daí o pneu do carro furou, tive que pegar um táxi, esqueci minha carteira, Damon precisou ir levá-la... Foi um inferno, eu mal consigo respirar.
— Adrian, já basta de nervosismo nessa sala. - Nancy decretou, firme. — Beba essa água. - Passando-lhe uma garrafinha.
— Uhum. Adrian este é Chris. Chris, este é o Adrian. - Apresentei-os, brevemente, que se cumprimentaram com aperto de mãos.
— Vocês já trabalharam juntos? - Adrian perguntou, folgando o nó da gravata.
— Eu e Robbie fizemos nossas primeiras aulas de atuação juntos. Éramos bem novos. - Chris explicou. — E vocês, como se conheceram?
— Amigos em comum.
— A senhorita “ex-Robbie e futura senhora Lawrence” encurtou a história, mas basicamente é isso. E o amor à primeira vista é claro! - Adrian se gabou.
— A cerimônia vai começar em cinco minutos. - Minha assessora comparava a hora na tela do celular e do relógio no pulso. — Adrian vou indicar o seu assento, vocês dois podem ir para seus camarins, são os dois primeiros do corredor e podem ficar por aqui até apresentarem. Os vejo em breve.
Estava nítido que faltavam poucos minutos para começar, visto que diversas pessoas corriam em direções diferentes ao mesmo tempo. Chris me ajudou a segurar a barra do vestido para evitar que pisassem.
— Você quer entrar?
— Não. Não se incomode, Lis. - O olhei com tédio, puxando-o pela mão. — Uau, senhora Lawrence.
— Eu sei! Horrível! Margot Lawrence? - Revirei os olhos. — Você vai?
— Hum... Scott quer ir. Você conhece o meu irmão, não perde festa nenhuma!
Você vai?
— Não sei, Lis. A noite de hoje vai ser longa...
— Claro, claro. Sem problemas.
— Margot. Você e Ben! - Nancy anunciou, colocando apenas parte do corpo para dentro do quarto pela fresta que abriu da porta. Assenti e me olhei no espelho mais uma vez, certificando que vaia precisaria de retoques.
— Volto em alguns minutos. - Sorri para ele, deixando-o sozinho no camarim para encontrar Benedict do lado de fora, com um sorriso cativante.
— Vamos entregar essa estatueta, Robbie! - Cumberbatch me abraçou forte pelos ombros e olhei para minha assessora ao meu lado, que sussurrou um “Arrase” silencioso. Queria poder dizer que estava extasiada com tudo que senti
Suspirei. Sorri. Caminhei.
Logo estávamos de frente para o Dolby Theatre lotado.
— Aqui estão os indicados para Melhor Ator. - Benedict começou.
— Joaquin Phoenix, Joker. Antonio Banderas, Pain and Glory. Leonardo DiCaprio, Once Upon a Time in Hollywood. Adam Driver, Marriage Story. Jonathan Pryce, The Two Popes.
— E o Oscar vai para...
— Joaquin Phoenix, Joker! - Anunciei e imediatamente o teatro se tomou de palmas. Era de arrepiar da cabeça aos pés.
Joaquin subiu ao palco, talvez ainda sem acreditar muito e nos cumprimentou rapidamente. O ator de Coringa quis dar início ao seu discurso, mas os aplausos eram mais altos.
Benedict ofereceu seu braço para que eu enlaçasse e saíssemos do palco. O momento é todo de Joaquin!
Queria dizer que estava extasiada com tudo que senti, mas não existe palavra que o explique.

Eu só poderia ocupar meu lugar ao lado de Adrian quando tivesse o primeiro comercial, me restando tempo suficiente para a primeira troca como planejamos. Após o comercial apresentarão a categoria pela qual concorro e o passar dessa possibilidade por meus pensamentos faz com que eu precisasse abraçar meus próprios braços pelo frio que me tomou.
Nancy fez um longo discurso sobre como aquela estatueta simbolizava coisas diferentes para diferentes pessoas, criando um campo neutro para se caso eu ganhasse ou caso não.
E o intervalo veio.
Adrian balançava a perna, nervoso e precisei pedir que parasse, algumas vezes. Estava me dando nos nervos!
Mahershala Ali e Rami Malek estavam posicionados.
O sinal soou. A música tocou. O momento começou.
— Se você não ganhar, eu processo esses canalhas. - Adrian sussurrou entredentes e eu apenas o ignorei.
— O coadjuvante não é o segundo. É o complemento do primeiro, está ao lado e são complementares. - Ali leu o que discurso.
— As indicadas para Atriz Coadjuvante são; Laura Dern, Marriage Story. Kathy Bates, Richard Jewell. Scarlett Johansson, Jojo Rabbit. Florence Pugh, Little Women. Margot Robbie, Bombshell
— E a ganhadora é...
— Margot Robbie, Bombshell!
“És cem por cento responsável pelo sucesso que cativas e não cativa pouco.” Como de costume, era voz de Chris que eu ouvira, mas as mãos que me abraçavam não eram dele.
— Eu não consigo descrever o que estou sentindo nesse momento, até porque é tanta coisa misturada, que se torna indecifrável. Eu gostaria de agradecer a Academia, minhas colegas de trabalho Nicole e Charlize, o diretor Jay Roach, minha família e amigos. E eu só queria dizer que uma vez, um amigo meu me disse: “Você sempre tomou as melhores decisões“ e, sinceramente, eu não sabia com certeza quais decisões estava tomando, mas estar aqui hoje me deu afirmação de ter tomado as certas. Muito obrigada.
Os aplausos que me arrepiaram ao ouvi-los saudarem Joan Phoenix, agora eram para mim e se possível me arrepiaram mais ainda.
Adrian sussurrou algo sobre não poder ir para a Vanity Fair After Party, porém pelo seu tom de voz estava emburrado por alguma coisa, provavelmente por não ter dito que nome, no entanto estou feliz demais para sequer ligar.

E foi pensando na frase que Chris recitou mais de uma vez nessa noite que eu fui para a minha despedida de solteira.
— Você não está fazendo nada que já não deveria estar, Lis.
Dormir nos braços dele foi a melhor decisão eu já tomei.

Do you wanna get behind it?
(Você quer ir por trás?)
Flip it over and recline it?
(Virar e deitar?)
Undress me just the way I like it? Uh-huh (uh-huh)
(Me despir do jeitinho que eu gosto? Uh-huh (uh-huh)
There's sex in the air
(O sexo está no ar)





Fim.



Nota da autora: Hello, hello! <3 Vocês estão bem? Espero que sim! Eu estou ótima e o motivo é essa fic que é a melhor que escrevi desde que começaram o zilhões de bloqueios que aconteceram durante a pandemia. Significou muito pra mim ♥ Espero que tenha sido bom pra vocês lerem, como foi bom pra mim escrevê-la.
Se cuidem.
XOXO.
Ei, leitoras, vem cá! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso para você deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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