Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Com o tempo, o processo de amores e “desamores” acontece, principalmente em um mundo onde a definição de ver as cores era conforme seu coração se acomodava e se sentia confortável com outro que também te amasse ou com a pessoa que fosse seu complemento.

Porém, existiam diversos estágios e pessoas nessa condição. Pessoas que encontravam alguém para amar, pessoas que amavam sem o peso de saberem se tinham uma cara metade ou não e aqueles que tinham sua alma gêmea esperando.

Foi o que aconteceu com .

era uma garota comum que começou um relacionamento muito cedo.

Ela e namoravam há anos e tudo não passava de um paraíso colorido. O processo de ver as cores em ambos os lados foi lento, já que apenas foi surgindo com o passar dos anos, bom, com isso até que as coisas começaram a ficar cinza novamente. e se conheceram aos quinze anos e começaram a namorar aos dezesseis, mesma idade em que as cores iam se manifestando de pouco em pouco. Ele e ela eram diferentes, criados com valores diferentes, mas, ainda assim, se amavam, mesmo ele não sabendo expressar o suficiente.


Quando tudo começou a ficar cinza pela primeira vez, ela soube, ele soube, tudo ao seu redor indicou aquela mudança entre eles, tudo começou de uma mentira.

— Eu já te disse que você precisa parar de ver coisas onde não existe nada. — a voz dele se ergueu, assustando pela forma que ele agia na defensiva com uma simples pergunta que ela havia feito. — Não há nada entre mim e a presidente do conselho estudantil, eu sou o vice-presidente, apenas isso.

Ele saiu batendo os pés de forma dura e seus olhos piscaram das cores já opacas para um cinza intenso, voltando ao normal minutos depois.

Não foi a maneira que ele falou com ela ou como agiu, foi pela maneira que ela sabia que aquilo era uma mentira e os seus sentimentos lhe avisaram, foi pela maneira que ela via “red flags” por todo local e seu coração doía.

“Amor não deveria ser criado para doer tanto”, era apenas nisso em que ela conseguia pensar, que aquela dor intensa em seu peito não deveria ser tão forte.

Seus olhos piscaram em um intenso e mais prolongado cinza pela segunda vez quando ela percebeu que eles realmente começaram a se afastar depois de algumas semanas.

Ela achou que encontrar o amor seria suficiente para que as cores nunca mais fossem embora, mas percebeu que aquilo não era tudo para segurar um mundo colorido dentro de si, por isso, quando eles começaram a brigar dia atrás de dia sem motivos plausíveis, ela resolveu dar um fim.

— Já chega! — ela disse, aumentando o tom de voz e calando ele no mesmo momento.
— Já chega mesmo, não aguento mais brigar, não é tão difícil, você só precisava dizer que estava errada em guardar...
— Não! — ela o interrompeu, fazendo com que ele a olhasse confuso. — Eu disse já chega, chega disso, de nós, de relacionamento que já não existe mais. — ela suspirou. — É melhor nós pararmos por aqui.
— O quê? — ele perguntou de repente.

Tudo dentro de suas mentes pareceu levar um chacoalhão de repente, eles fecharam e abriram os olhos por um momento, voltando a enxergar tudo preto e branco.

— Você não pode estar falando sério! — ele disse, tentando segurar a mão da garota, mas ela se afastou.
— Me surpreende o tanto que você realmente acha que eu sou idiota só porque eu te amo. — ela riu. — , eu literalmente suportei tanto nesse relacionamento... — ela suspirou alto. — ...que eu fui tonta o suficiente de insistir em nós mesmo depois de ver você com outra pessoa! — ela riu ironicamente. — E eu ignorei por semanas, me culpando e pensando que talvez eu não fosse suficiente. — os olhos dele se arregalaram. — O que não é verdade, porque eu sou, eu sei muito bem que sou!
, eu... — foram as únicas palavras que saíram de sua boca, já que ele não conseguia pensar em algo naquele momento.

Ela riu de forma amarga, tirando suas mãos de perto dele, dando dois passos para trás.

— Por favor. — ela praticamente implorou. — Eu já me diminuí muito por um amor que não vale a pena, então, apenas vá embora. — ela disse, secando as próprias lágrimas. — Eu mereço um amor que me dê cores reais e persistentes, e não isso! — ela disse, olhando ao redor. — Um mundo colorido que desaparece rapidamente.

Tomar posição em uma situação que já vinha desgastando seu emocional há tanto tempo foi algo que, mesmo que seu peito ardesse em dor e que as memórias boas a assombrassem, fez bem para o seu eu.

Óbvio que tudo o que ela desejava era ver as cores azuis que simbolizavam a tristeza de repente, afinal, sempre que ela estava triste, essa cor se destacava mais nas coisas, mas tudo o que viu foi o preto e o branco. Óbvio que ela queria poder dizer que as rosas que ele deu no dia de seu aniversário — alguns dias atrás — ainda continuavam vermelhas e vivas porque ela cuidou e cultivou para que elas não morressem, mas ela sequer conseguia ver se realmente eram rosas vermelhas que ele trouxe, já que foi o primeiro detalhe que ela havia perdido com as brigas passadas.

Ele saiu do apartamento sem dizer mais nada, ela se dirigiu ao banheiro e se olhou no espelho, ela se olhou e suspirou alto apoiando as mãos sobre a pia.

— Você vê tudo cinza, mas pelo menos se sente leve. — ela sorriu. — Você merece muito mais.

Lavando seu rosto com a água fria que corria pela torneira, naquele mesmo dia ela foi dormir sabendo que o dia seguinte seria um novo dia. Mesmo acostumada com a ideia de que sonhos — que normalmente também eram cinza — não mostravam nada além do que ela já estava acostumada. Esse foi mais um detalhe que ela pôde perceber, que, na realidade, não era alguém que a complementasse, ela não podia forçar um amor que estava destinado a não dar certo.

Mas aquela noite foi diferente.

Ela sonhou com um grande campo aberto, com a grama de cor verde e intensa, grandes árvores ao redor e o claro e profundo céu acima de sua cabeça. O vento batia contra sua pele e, pela claridade, ela teve que acostumar seus olhos até poder ver a figura à sua frente.

Era alguém que ela não conhecia, mas que seu coração pareceu reconhecer imediatamente apenas pela reação que teve quando seus olhos observaram o rosto sereno daquela pessoa.

— Talvez tirar uma foto faça com que dure mais. — ele disse rindo, sabendo que ela o encarava.

Ela não pôde responder ou reagir.

Ele permanecia com seus olhos fechados, sentindo a brisa bater contra seus cabelos.

— Faz tempo que não nos vemos, . — a pronúncia de seu nome vinda daqueles lábios familiares arrepiou a pele de e ela sequer sabia explicar o motivo. — Espero que nos vejamos novamente em breve.

Foi a última coisa que ela ouviu antes de abrir seus olhos, acordando daquele colorido sonho.

As cores piscaram, ameaçando aparecer mais uma vez, porém agora não teria um motivo para que acontecesse.

Ou talvez ela apenas não sabia o motivo.

Exatamente por isso, meses se passaram e esse “bug”, assim como o sonho, nunca saiu de sua mente, apesar da rotina retornar e ela se ocupar, nunca esqueceu da sensação.

Até o dia em que a sentiu novamente, como uma onda inesperada.

O que diziam sobre isso era que acontecia raramente com algumas pessoas, pessoas essas que tinham pessoas destinadas a encontrar, pessoas que o próprio universo havia decidido que se amariam incondicionalmente desde o primeiro dia.

Andando pelas ruas da cidade, em que as pessoas mais viviam pela noite do que pelo dia, ela se viu indo em direção a seu foodtruck favorito para comprar algo e ir para casa assistir sua série favorita do momento, ela só não contava com a chuva que começou do nada assim que ela pegou sua comida, sem nenhum guarda-chuva, ela não tinha outra forma a não ser ir para casa correndo e tentando se esconder da chuva com os lugares que tinham cobertura.

Mas não foi necessário.

Assim que ela se preparou para pisar fora da cobertura que o foodtruck tinha, um enorme guarda-chuva amarelo surgiu sobre sua cabeça. Sim, por alguma razão, ela via tudo cinza, menos o guarda-chuva e, consequentemente, descendo seu olhar ao dono, viu que ele também estava vívido em cores para ela.

Com uma blusa de cor vermelha, calça jeans e os fios de cabelos negros, o sorriso dele reluziu no meio daquela chuva, trazendo à tona memórias coloridas de uma pessoa sem rosto guardada em sua mente.

— Faz tempo que não nos vemos, . — ele repetiu as mesmas palavras que no último sonho. — Eu te procurei por séculos e séculos.

não entendia e também não sabia se queria entender de fato o que tudo aquilo significava, seu coração estava disparado e suas mãos suavam frias, a voz dele era familiar assim como o sorriso e as cores.

As cores não vieram de pouco em pouco, como aconteceu com , quando ela teve que conquistar as cores, elas apenas surgiram.

? — ela disse como um sussurro, se lembrando da vez em que ele havia dito seu nome em um dos sonhos.
— Olá, . — ele respondeu sorrindo.

E com os nomes reconhecidos, um novo mundo foi pintado, trazendo cores que claramente demonstravam a tristeza, que ela soube reconhecer de imediato, cores que demonstravam a ansiedade e também cores que demonstravam paz e calmaria, mas, principalmente, cores que demonstravam alegria.

Ele não a completava.
Ele a complementava.




FIM.



Nota da autora: Olha, eu juro que foi difícil entregar essa fic mas deu tudo certo no final e o enredo entrou para o meu coração. Espero que tenham gostado.
Gostaria de agradecer a Biba e a Jenn também, que me ajudaram com esse plot, mesmo Jenn não tendo conseguido entregar a fic dela para esse ficstape, ela ajudou com esse plot! Obrigada, meninas <3

Xoxo Caleonis <3

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