Finalizada em: 25/03/2021

Capítulo Único

Cause if the world is an apple then it's time to take a bite.
Minnesota, 16:47



pegou mais alguns cubinhos de gelo e os enrolou na toalha, levando para na sala.
- Sério, no que vocês estavam pensando? – questinou, rindo enquanto o amigo colocava o gelo no rosto, resmungando com a dor.
- Em nada... Como sempre. – ele completou baixo, causando ainda mais risadas na garota. Além dela e , , e também estavam jogados no sofá com alguns machucados leves após terem enfrentado uma onda de meninas furiosas por causa da pegadinha de inundar a quadra de hóquei no horário delas.
- Bom, que fique de lição. – ela começou novamente. – Não mexam com as garotas do hóquei... Provavelmente iremos ficar sem jogar por alguns dias. – suspirou meio triste, voltando a se sentar na ponta do sofá ao lado de , e esticou as pernas na mesinha de centro.
- Qual é, vamos voltar mais cedo para casa pelo resto da semana. Pode agradecer depois, . – o piscou, maroto, para a amiga, que revirou os olhos e riu baixo em resposta, aumentando o volume da TV. – Pelo menos as PussyCat Dolls fazem a dor passar.
- Eu ainda vou casar com ela. – comentou, confiante.
- Vai se casar com a Nicole Scherzinger? Como?
- Ah, não!
- , porra! – o moreno se afundou no sofá, arrependido, vendo os amigos ralharem ele enquanto Simmons se encarregou de subir na mesa e cantar novamente seus planos para o futuro.
- Porque eu vou ser famoso! Cantar em estádios lotados, ter umas cinco casas. – girou com o corpo. – Fazer todas as meninas ficarem loucas. E depois, casar com ela!
- Já acabou? Fala que sim...
- Você que pediu por isso Mitchell. – a cerrou os olhos, vendo o amigo voltar a pular no sofá enquanto tentava rebolar.
- Eu vou ser famoso, vou casar com a Nicole!

- E aí, você quer ser um popstar?! – o anúncio da TV ficou ligeralmente mais alto, prendendo a atenção de quase de imediato.
- Quero!
- Hoje é a sua chance se você estiver em Minnesota...
- Eu tô em Minnesota!
- E então, você está pronto?!
- EU TÔ PRONTO!

Gustavo Rocque, mega produtor dos anos 90 de bandas como BoyQuack, Boys In The Atic e BoyzCity, agora está procurando sua próxima estrela pop. Ainda mais depois de sua polêmica declaração na Rolling Stones de que “poderia fazer até um cachorro famoso!”. Se você acha que tem o que é preciso para fazer os estádios tremerem, venha audicionar para ele, os testes acontecem no teatro Paramount até às 18h!”



- Você acredita em destino ou algo do tipo? – perguntou baixo para a amiga, estava tão surpresa quanto ele.
- Algo do tipo. – sorriu de lado, se levantando rapidamente do sofá. – , precisamos levar você lá! O dirige!
- Por que eu?!
- Eu tô cansada, faz esse favor. – fez um bico e o amigo logo cedeu.
Ela tirou as chaves do próprio carro da mochila e as jogou para o amigo enquanto vestia o casaco pesado e as luvas, os meninos acompanharam os movimentos e saíram correndo da casa, sentindo o vento gelado cortar a pele deles antes de se enfiarem dentro do carro e partirem em direção ao Paramount. dirigiu o mais rápido que conseguia, pois uma fina camada de gelo ainda cobria certas partes da estrada e o sol já estava se pondo naquele fim de tarde. Uma vez que chegaram lá, todos praticamente saltaram para fora do carro – com direito à escorregada no asfalto molhado –, até que finalmente todos estavam dentro do teatro.
O cenário ali era meio caótico, alguns mostravam uma feição completamente animada e cheia de esperança, enquanto outros já estavam tristes e até com lágrimas nos olhos. sentiu um frio na espinha, passando as mãos pelos braços numa tentativa de se esquentar como se aquele ato diminuisse a ansiedade que sentia pelo amigo.
- Que cenário bizarro. – sussurrou e assentiu, com uma feição quase divertida.
- Até demais.
se apressou em direção à mesa de incrições ao mesmo tempo que Kelly, a própria assistente de Gustavo, saiu de dentro do teatro onde os canditatos estavam audicionando. Como a fila por enquanto tinha acabado, decidiu respirar um pouco já que o chefe também estava a deixando louca. A morena encarou o grupo que estava ali perto da mesa, fazendo uma análise bem breve dos perfis, e se aproximou dos cinco amigos. Simmons não perdeu tempo, já arriscando alguns melismas para a mulher, que apenas colou um número de chamada em seu peito, também resolveu fazer graça e acabou por ganhar um número. Sim, Kelly estava desesperada.
- Você também vai participar? – questinou para , que tentava se manter tão encolhido quanto .
- Ahm, não obrigado... Não sou cantor.
- Você tem um sorriso lindo e Justin Timberlake ganhou 44 milhões no ano passado. – ela disse simples.
- Cola aqui.
- , olhos brilhantes e de beleza exótica... Adorariamos ter você também. – mal conseguiu abrir a boca para responder e também teve um número colado em peito.
- E você, alto, e sobrancelha grossa, quer realizar seu sonho?
- Muito obrigado. – começou. – Meu sonho na verdade é ser zagueiro do Minnesota Wild... Mas também pode ser do Maple Leafs. - Kelly sequer deu atenção ao que ele falou, apenas revirou os olhos e colou um número nele também.
- É, parece que todos nós vamos cantar pelo visto. – a comentou, sentindo o clima pesar por ali ainda.
Os cinco se sentaram nas cadeiras perto da entrada para onde tinha o palco do teatro enquanto preenchiam as fichas, até que o número 810 foi chamado. Era o de . Ele ainda estava totalmente apavorado e trocou rapidamente com o de , forçando um sorriso para o amigo. Poucos minutos depois, o moreno voltou, um pouco mais pálido do que o normal, sentando na cadeira e abraçando as próprias pernas.
- Não entra lá! – ele sussurrou, ainda assustado – E-Ele é um monstro. Um monstro de óculos escuros!
engoliu a seco, sentindo pena do amigo, e acabou apertando a mão de , que retribuiu o gesto fazendo um carinho com o polegar em sua palma.
- 811! – voltaram a chamar e repetiu sua ação, trocando agora de número com . Pelas contas, seria a próxima a ter o número trocado.
também não demorou, os quatro chegaram a ouvir um grito grave, julgando ser Gustavo, e então a figura imperativa de González voltou a aparecer, mas ao contrário de , ele não estava nem um pouco abalado.
- Parece que eu não vou para Hollywood! – brincou.
- 812!
tirou o adesivo e entregou para , que se surpreendeu com a atitude da amiga, colocando o número chamado no próprio peito. – Você me deve uma, garotão. – piscou para ele e entrou naquela sala.
fez o pequeno caminho da porta até a escadinha do lado do palco com um milhão de pensamentos rondando sua mente. Sequer tinha pensando no que iria cantar! Rock, pop, country? Não, country não, provavelmente a mandaria sair assim que cantasse a primeira palavra. Se posicionou na frente do microfone e observou a figura intimidadora que era Gustavo Rocque, que até então só tinha visto pela televisão. Mas agora ele estava ali na sua frente, encarando-a tão intensamente que ela até tremeu. Sua boca secou e voltou a engolir em seco, achando que já tinha passado tempo demais sem que tivesse feito nada, até que se lembrou se de uma música que poderia dar certo naquela ocasião, já que estava sem qualquer acompanhamento musical para guiá-la.
- I want your ugly, I want your disease. I want your everything as long as it's free…I want your love. Love, love, love, I want your love. – começou ainda num tom grave, se lembrando das notas que tocava no piano quando experimentou um outro ritmo da música que tanto estava na sua cabeça, algo bem mais intenso e lento. - I want your drama, the touch of your hand, I want your leather studded kiss in the sand. I want your love. Love, love, love, I want your love. You know that I want you and you know that I need you. I want it bad, your bad romance…- respirou fundo antes de subir seu tom e soltar toda a tensão que estava dentro dela. - I want your love and I want your revenge, you and me could write a bad romance. – a finalmente tomou coragem de encarar o produtor nos olhos, já que até então, seu olhar estava longe, nas cadeiras vazias do teatro. Gustavo acabou por se surpreender até que positivamente com a voz da garota, tendo uma troca de olhar sutil com Kelly, que encarava a com um sorriso de aprovação no rosto. Entre as centenas de pessoas que passaram no palco naquele dia, foi a que mais chamou atenção do produtor. – Oh oh oh oh oh, I want your love and all your lover's revenge, you and me could write a bad romance. Oh oh oh oh oh oh oh, caught in a bad romance…
Ela optou por encerrar a música já no primeiro refrão, não sabia até onde ele queria ouvi-lá, então era melhor parar antes que ele começasse a gritar e a expulsar daquele palco aos chutes.
- Escute, hm...
- – ela falou quase automaticamente.
- – o homem corrigiu e deu pigarro, olhando suas anotações. – Foi uma bela versão de Bad Romance, bastante original!
- O-Obrigada... – assentiu devagar e franziu a testa. Era o mesmo Gustavo que quase havia feito chorar minutos atrás?!
- Temos os seus contatos – Kelly apontou para a ficha que tinha em mãos. – Então poderemos te ligar em breve, okay?
- Okay... Obrigada – ela acenou timidamente e se pôs a sair do palco com passos rápidos, voltando ao salão principal e encarando os quatro amigos, ainda estática.
- E aí?!
- Como foi?!
- Ele gritou com você também? – todos dispararam as perguntas ao mesmo tempo, fazendo ela rir fraco e apenas negar com a cabeça.
- Falaram que entrariam em contato. – deu ombros, voltando a se sentar. – Mas eu conheço essa frase, sei que nunca retornam, mas não estamos aqui por mim e sim pelo bonitão aqui. – bateu na coxa de Simmons.
- 813! Agora 813! – antes que pudesse trocar os papéis novamente, colocou a mão em cima do adesivo, impedindo o ato do amigo.
- ... – passou o braço pelo ombro dele. – Esse é o seu sonho, não o meu. – levantaram juntos enquanto o dava algumas batidinhas em suas costas. – Lembre-se, oportunidades como essa só aparecem uma vez na vida. Agora agarre esse sonho com as duas mãos. – o virou em direção a porta, já com todos os amigos de pé, e ele deu um empurrãozinho. – Agora vai lá e arrebenta!
entrou se sentindo mais confiante, sempre graças aos melhores amigos, caminhando firme pelo palco até alcançar o microfone, sentindo o olhar duro de Gustavo nele. Respirou fundo e começou, a melodia suave da música e da voz dele logo preencheram aquele teatro vazio, que até então ele achava estar, já que os quatro amigos foram correndo para a outra entrada e se sentaram bem ao fundo para poder ver a audição de Simmons. Ele cantava lindamente, sem errar nenhuma nota, até que, assim como , resolveu encarar os olhos frios do produtor... E foi aí que ele desafinou e até se engasgou.
- Pode parar – ele começou. – Pode parar.
- Desculpa, eu fiquei meio nervoso... Posso começar de novo? – o pedido do garoto foi inocente e ainda cheio de esperança.
- Pode sim, claro! – Rocque disse, irônico. – Por que você não começa de novo? Pode sair por aquela porta e não voltar mais! – ralhou, grosso.
sentiu o estômago afundar. Era o mesmo homem que tinha a elogiado?! A olhou aprensiva para os amigos, que se mostraram tão indignados quanto, e não deixou de fazer dois chifrinhos com as mãos junto de uma cara engraçada, mostrando o quão mal Gustavo era.
- Mas eu sou bom... – ainda tentou argumentar.
- Eu não preciso de bom. Eu preciso de fogo! – gesticulou com as mãos. – Preciso de alguém que me derrube dessa cadeira, e como você pode ver, eu ainda estou sentado por TALENTO! – voltou a gritar.
O peito de se encheu de indignação, como alguém poderia falar um absurdo daqueles?
- Não tem talento? – se levantou, indignado, descendo pelo corredor. – Não tem talento?! – se repetiu. – Você é que não tem talento. Você não tem um sucesso há mais de dez anos!
- Ei, Girl To My Heart do BoyQuack fez sucesso há nove anos!
O não segurou o sorriso irônico que prendia em seus lábios. – Girl To My Heart? Ah, deixa eu ver se eu lembro desse seu rock clássico. – se fingiu pensativo e logo começou os versos do refrão.
- Girl, my eyes and, girl, my mind – fez um gesto para os olhos e depois colocou as mãos na cabeça enquanto a girava. O fez uma breve pausa antes de pular em cima da mesa, fazendo Gustavo se inclinar mais para trás com o susto. – And never stops after it starts.... – sua voz saiu firme e ridiculamente afinada, além dele ter dado um giro para tirar uma com a cara do produtor. – Cause’ you’re the girl, the girl, the girl to my heart, heart, heart! – ele foi se ajoelhando e fazendo movimentos exagerados de batimentos de coração até que bateu diretamente no peito de Gustavo, fazendo-o se desiquilibrar para trás e cair da cadeira. Kelly se apressou em se levantar-se e tentar afastar o , ainda sem muito sucesso. – Aqui vai um sucesso para você, Rocque: OH YOU’RE SUCH A TURD, OH, YEAH, A GIANT TURD AND YOU LOOK LIKE A TURD AND YOU SMELL LIKE A TURD! – agora o garoto era retirado da mesa por dois fortes seguranças, mas não se abalou, fez questão de chutar os pequenos baldes de pipoca em cima do produtor antes dos dois armários que seguravam seus dois braços o empurravam para saída. e se revoltaram com aquele ato bruto e correram em direção ao amigo, praticamente pulando em cima dos dois homens para que pudessem ajudar , assim como , que colocou o microfone de volta no pedestal e voou em direção aos outros. observou aquela cena caótica de longe, suspirando pesadamente antes de negar com a cabeça e também pular em direção ao resto do grupo.

Foram necessários mais três seguranças para separar aquela pequena briga que acabou resultando em uma multa de 150 dólares para , que como punição teve seu carro rebocado, sendo assim, os cinco ganharam uma carona de volta para casa de na van da polícia local. Bastava de humilhações por aquele dia.
A sra. não questionou de imediato quando eles chegaram escoltados pela polícia, apenas esperou que se acomodassem dentro da casa e os encarou, séria.
- O que aconteceu? A verdade. Agora.
- Fomos levar o para uma audição que o deixaria famoso...
- Mas o produtor foi casca grossa com todos nós.
- Inclusive, chamou de sem talento!
- E aí eu cantei a música inventada do cocô gigante e houve uma pequena briga. Mas ninguém se machucou! – o finalizou, tentando dar um sorriso confiante para a mãe.
- E agora eu tô bem triste... – não evitou de suspirar, ainda olhando para o chão, meio avulso a todos ali.
Ela observou as expressões deles e deu um sorriso de lado, assentindo com a cabeça.
– Tudo bem! O importante é que vocês estão bem e de volta em casa. – caminhou até o filho e fez um carinho em sua bochecha.
- Só isso?! – Katie, a irmã mais nova, ralhou, indignada. – Esse é seu interrogatório? Você nem colocou parafusos nele, ou bateu neles com queixo-duro!
- Não faço ideia do que está falando, mas seus horários para a televisão agora serão bem mais restritos!
- Bom, pelo menos posso ouvir a música do cocô gigante? – a mais nova pediu, sorrindo, travessa.
olhou para os amigos e deu ombros, começando novamente, e foi seguido pelos amigos, formando um coro bastante interessante mesmo que para uma música boba e sem intenção nenhuma. A campainha tocou naquele momento e os quatro foram atender, ainda cantando, até que deram que cara com ninguém menos que Gustavo Rocque e Kelly parados na frente de sua casa. O grito de surpresa – e medo – deles foi inevitável, mas se apressou em correr até ele, parando em sua frente e apertando os ombros do produtor de forma carinhosa.
- Sabia que ia voltar por mim!
- Eu não voltei por você. – disse, simples, se livrando do aperto do garoto, e apontando para o . – Eu voltei por ele.
- O quê?! – todos exclamaram juntos, a decepção era clara na voz de .
observava tudo do corredor, um pouco mais afastada, e ao ver que aquela situação não se resolveria em cinco minutos, acabou chamando todos para saírem do frio e entrarem novamente dentro da casa. Mas o clima pareceu piorar. Gustavo e Kelly estavam sentados do outro lado da mesa de centro, encarando todos os jovens ali. voltou a se sentar na ponta do sofá, enquanto se encarregou de ficar meio apoiada no braço. fez questão de se sentar o mais longe possível do , ainda estava bastante magoado com todos os acontecimentos.
- Sra. . – Gustavo começou assim que ela retornou à sala, agora com um prato cheio de bolachas. – Eu quero que leve sua família para Los Angeles para que eu produza algumas músicas com o . – apontou levemente com o queixo para o rapaz, aproveitando para tomar um gole do chá que lhe foi oferecido.
- Não pode estar falando sério. – o balançou a cabeça, desacreditado.
- Serão três meses e cuidaremos de todas as suas despesas. – Kelly comentou.
levantou seu olhar, cruzando com o do amigo, as sobrancelhas levantadas num claro sinal de que ele deveria ir.
- ... Você tem o fogo. Tem também problemas para administrar a sua raiva. As pessoas também falam isso de mim, mas sabe o que mais eu tenho? Cinco casas! – o volume de sua voz ficou ligeralmente mais alto e engoliu em seco.
- Viajamos por vinte duas cidades, vimos mais de vinte mil audições. – a assistente voltou a falar, o cansaço já estampado em suas feições. – E o Gustavo escolheu você!
- Mas eu não sou um cantor...
- Tá brincando? – Katie se intrometeu. – Você canta o tempo todo! No carro, na mesa, para mim quando não consigo dormir...
- Não canto não!
- Canta sim, querido. – Mary disse, simples, enquanto fazia um leve carinho no ombro do filho.
- Sem falar quando se junta para cantar com essa aqui. – apontou para a atrás dela. – Ninguém controla!
- Valeu, Katie. – a garota sentiu o rosto esquentar, dando um tapa na própria testa ao sentir o olhar travesso dos outros amigos.
- Quando tira neve da calçada, e também quando você foi atender a porta dez minutos atrás.
- Mas isso não é cantar, cantar...
- É sim, querido.
- Além de sempre cantar junto com o canal dos anos 90.
- Katie! – o voltou a ralhar, tentando fazer a irmã parar de falar.
- Então, o que me diz, garoto? – o produtor sorriu, já se sentindo mais confiante. - Quer ir para Los Angeles, ser moldado e transformado em um grande astro pelo grande Gustavo Rocque?
A sala ficou em silêncio. encarou primeiro a mãe, depois cada um de seus amigos, principalmente - que tinha a frase “aceita a proposta logo, seu mané!”, escrita por todo seu rosto -, Katie e, por fim, , que optou por dar um sorriso de lado, sem saber como aconselhá-lo naquele momento. Ele suspirou e viu os olhos de Rocque cheios de expectativas.
- Não.
Gustavo deixou a xícara cair de suas mãos com aquela resposta. Aquilo jamais tinha acontecido. Qualquer artista que se prezasse queria trabalhar com ele em algum momento de sua vida.
– Eu preciso sair um minutinho. – ele não se despediu, apenas se levantou e saiu. Kelly suspirou, já tirando algumas notas da sua bolsa. Da sala, já podiam ouvir o barulho de algumas coisas se quebrando do lado de fora, provavelmente alguns vasinhos de plantas e também os conteiners de lixo.
- Isso é pela xícara, e por todo o resto também. – deu um sorriso sem graça, principalmente para Mary, e retirou um pequeno cartão branco do bolso. – Esse é meu número. Pode me ligar para conversar ou então, se mudar de ideia... Deveria pensar sobre a proposta. Viajamos na terça, às três da tarde. – a Sra. acompanhou a morena até a porta, trocando algumas palavras que ele não fez muita questão de escutar, tinha perdido o foco por alguns segundos enquanto olhava as informações gravadas naquele cartãozinho, até que sentiu um tapa ardido em sua nuca.
- Ei!
- Você é um mané. – falou, simples, e pegou uma das notas que estavam na mesa. – Se não se importa, eu vou ficar com vinte pratas.

se afundou no sofá, deixando todo o ar sair de seus pulmões, e acabou rindo baixo de sua reação, era claro que ele já se sentia sobrecarregado com aquilo, mas o pior de tudo era ter que aguentar o olhar triste e ao mesmo tempo raivoso de . Quem queria a vida do glamour na frente das câmeras sempre foi Simmons... Não ele, que sequer considerava aquilo uma opção para sua vida. O jantar foi tranquilo, trazendo o clima leve de volta à casa dos , os meninos faziam o possível para não trazerem à tona qualquer tipo de assunto que envolvessem carreiras futuras, ao invés disso, conversaram sobre a pegadinha na quadra, os planos para o final de semana e qualquer programa novo que estrearia na TV a cabo. Aos poucos, a casa foi esvaziando, Katie seguiu para seu quarto, até que só sobraram , e sua mãe sentados novamente no sofá.
- Sra. , não sei como ainda não me expulsou daqui. – a arregalou os olhos ao ver que já eram quase 22hrs. Ela se levantou prontamente do sofá, voltando a vestir seu casaco pesado e as luvas de lã, causando risada na mulher.
- Você sabe que é sempre muito bem-vinda aqui, querida. – ela sorriu, doce.
- Eu já vou indo então, muito obrigada pelo jantar! – se abaixou para dar um beijo na bochecha da mais velha e virou para ir em direção à porta da frente, onde a esperava. – Não precisa ir junto... – ela começou, mas logo foi interrompida.
- Isso não é nem uma questão a ser discutida. – franziu as sobrancelhas e pegou as chaves de casa, gritando um “volto logo” para sua mãe e trancando a porta, sentindo a brisa gelada atingir seu rosto.
não morava longe dele, mais precisamente a dois quarteirões, ou então, quinze minutos numa caminhada rápida, mas como eles ainda queriam curtir a companhia um do outro, o trajeto acabou sendo estendido em vinte. Eles andaram lado a lado, com as mãos batendo uma na outra até que o a segurou firme, entrelaçando seus dedos nos dela que estavam de fora da luva cortada, seguindo o caminho pela rua vazia, tomando cuidado para não escorregarem no gelo fino. Ainda não sabiam exatamente o que rolava entre eles, sempre tinha sido seu amigo, desde que havia se mudado para Minnesota quando tinha 10 anos de idade. Ele era apenas um ano mais velho e estudava na mesma escola, então não foi difícil para a Sra. refazer o caminho de sempre, passando agora na casa dos Welsh, e seguir muitas vezes com os dois quando a mãe e o pai de estavam muito ocupados com trabalho. Os anos se passaram e aquele caminho continuou, sempre cheio de histórias, fofocas que aconteciam no colégio e pensamentos bobos sobre a vida. sempre viu a garota com um carinho a mais, ele sempre foi muito protetor com ela, assim como era com Katie – essa ainda mais por ser mais nova -, até que em uma festa de 15 anos de um dos colegas de classe, os adolecentes resolveram brincar de “girar a garrafa” e quem caisse nas duas pontas, teriam que beijar. Naquela noite, acabou beijando dois outros colegas de sua sala. E . Mas aquele beijo mexeu muito mais com ela do que qualquer outro. Como uma boa adolescente, a acabou não conseguindo olhar na cara de por umas três semanas, até que ele literalmente teve que bater em sua porta para conseguir falar com a amiga. Aquele acontecimento já fazia um ano. Durante alguns meses, fora estranho, eles se afastaram um pouco, incertos dos sentimentos, até que ela sugeriu que levassem mais “na boa”, mas na verdade, eles só acabaram se aproximando ainda mais. Desde então, os dois tinham esse clima no ar, que se olhassem a um primeiro momento, ninguém notava nada, mas após algumas horas , era claro que tinham algo. Eles só não sabiam muito bem o que era.
A casa dela se aproximava, mas estranhou todas as luzes apagadas lá dentro, apenas a que indicava a sala estava acesa e ainda bastante fraca. O barulho das chaves o despertou e ele soltou aos poucos a mão de .
- Seus pais saíram?
- Qual é, , você tem cantadas melhores. - arqueou as sobrancelhas, observando o em um tom maroto que o fez rir e empurrar um de seus ombros.
- Você entendeu!
- Mas sim... - suspirou, coçando a testa. - Acho que voltam na segunda ou na terça.
- Você vai ficar sozinha o final de semana inteiro? – questionou, surpreso, e um pouco triste também. - ... Poderia ter me avisado, sempre tem espaço para você lá em casa. - fez um carinho em seu ombro, subindo por sua bochecha, onde demorou mais alguns segundos até a encarar seus olhos e apoiar o rosto nas mãos dele.
- Ah, não queria incomodar. - brincou, segurando a mão que estava em seu rosto. - E eu também estou com bastante coisa para estudar, fora os dois trabalhos para sexta que vem. - revirou os olhos, mas logo voltou a encarar o garoto, se aproximando mais de seu corpo. sorriu de lado, deixando a covinha que ela tanto gostava aparecer, passando um braço por sua cintura e juntando suas testas. Ela suspirou baixo, causando uma leve risada no garoto e finalmente acabando com o espaço que tinha entre suas bocas. A segurou na abertura do casaco dele, logo subindo as mãos por seu peito e pescoço, se perdendo pelos fios macios dele. A pele dele se arrepiou com a temperatura fria dos dedos da amiga, mas não se importou, até que gostava da sensação. Ele a trouxe para mais perto, aprofundando o beijo enquanto sentia os arrepios descerem por todo seu corpo, e teve que segurar um gemido de reprovação quando sentiu a boca dela se afastar, mas voltou para lhe dar um selinho. Ainda estava envolta pelos braços longos de e afastou minimamente a cabeça para encarar os olhos brilhantes dele, passando a ponta dos dedos por sua bochecha, se demorando um pouco mais em sua covinha.
- Ahm... - ele mordeu a boca. - Você, por acaso, estaria livre no domingo?
- Mas é claro... O que tem em mente?
- Podemos ir no centro e jogar hóquei lá no ringue.
Ela balançou a cabeça, sorrindo em confirmação.
- Os outros meninos também vão?
- Acho que poderia ser apenas nós dois... - voltou a encostar sua testa na dela. - Pelo menos dessa vez. - completou com um tom mais baixo.
- Sem problemas. - sorriu minimamente, colando seus lábios mais uma vez e não se segurando em abraçá-lo pelo pescoço para aprofundar o beijo. Ato que foi muito bem aceito por , que apertou levemente sua pele da cintura por debaixo das três camadas de roupa que ela usava naquele dia frio.
Os dois se separaram contra a vontade deles, caso contrário, ele realmente acabaria passando a noite na casa de Welsh. A boca dela fez mais uma vez o caminho até sua pele, se colando no detalhe de sua bochecha, e ele retribuiu o gesto de carinho, beijando sua testa antes de deixá-la entrar em casa, ele só virou as costas quando viu a porta batendo e as luzes da sala de acendendo, garantindo que ela estava segura dentro de casa. Fez o caminho rapidamente de volta para casa, com as mãos enfiadas no bolso do casaco pesado e xingou mentalmente por ter esquecido sua touca em casa. Ele suspirou forte. O peito ainda estava levemente apertado com dúvidas sobre os acontecimentos daquele dia que, finalmente, estava chegando ao fim. Ao menos agora ele se sentia mais leve, suspirando de tempos em tempos ainda sob efeito da garota.

O dia seguinte passou se arrastando, pegava um turno a mais no mercado em que trabalhava em alguns sábados alternados e aquele infelizmente era um daqueles dias. Durante sua pausa de almoço, , e acabaram fazendo uma visita para ele para distraí-lo, mas tudo que conseguiam conversar era sobre os acontecimentos de sexta à noite. O se viu frustrado, sentindo o peito apertar novamente, e ele suspirou pesadamente. Já tinha conversado brevemente com sua mãe e Katie, tendo o apoio das duas para qualquer que fosse a decisão que tomasse, e também concordavam que ele deveria ir para Los Angeles, então... estava dividido, se sentia bravo por não ter sido escolhido, ou sequer considerado, mas ao mesmo tempo feliz que um de seus amigos tinha recebido uma oportunidade tão grandiosa, mas ainda mais puto por ele nem considerar aceitar. Pelo menos por enquanto. A fim de se livrar logo daquele assunto com os amigos, ele prometeu pelo menos ligar para Kelly, para tirar algumas dúvidas que ainda estavam fazendo sua cabeça esquentar e começar a considerar a proposta, afinal, eram só por três meses.
- O que pode dar errado? – perguntou enquanto acertava o disco no gol.

O resto do sábado dele custou a passar enquanto trabalhava, chegou a sair para jantar com os amigos, mas a presença da fez falta naquele momento, ela disse que ficaria em casa para adiantar o máximo dos trabalhos que conseguia para ficar tranquila com ele no dia seguinte. E assim seguiram, no domingo tocou sua campainha pontualmente às 13hrs, recebendo carona da mãe até o patio da polícia para que ela pudesse pegar seu carro novamente, e de lá eles seguiram para o rinque de patinação.
O rinque era grande e o time que treinava lá já tinha ido embora, deixando o espaço aberto para o público. Quando chegaram por volta das duas da tarde, tinha um número considerável de pessoas e crianças, tanto que e acabaram se juntando para jogar algumas partidas com eles e até que se divertiram bastante, exceto quando Welsh se desequilibrou, caindo naquele chão gelado e molhado. primeiro a ajudou a levantar e depois riu, tomando um tapa no braço como resposta. Os dois agora jogavam acertos livres ao gol e ganhava de lavada, já que ele parecia estar meio longe dali, ela então patinou um pouco mais para trás e se posicionou, batendo o taco no disco e acertando em cheio seu peito, finalmente o fazendo acordar.
- Ei! – ralhou com o susto. – Eu estou sem proteção no rosto, você sabe disso. – se fingiu bravo e patinou até ela, que gargalhava da cena.
- Tem algo perturbando sua mente, meu querido? – brincou.
- Desculpa, o que você tinha perguntado mesmo? - a o encarou com carinho e assentiu com a cabeça.
– O que poderia dar errado. – repetiu. – Sabe, se você realmente fosse para Los Angeles...
- Ah, ... – suspirou e passou os dedos pelos cabelos, bagunçando os fios. – Tanta coisa. Imagina se tudo der errado. As músicas ficam péssimas, os diretores ou sei lá quem resolve isso, não gostam e o público também não. – ele se posicionou ao lado dela, batendo forte no disco que entrou direto no gol, e se virando para encará-la. – Três meses com grandes esperanças para depois saber que nada deu certo?
- E se tudo der certo? – arqueeou a sobrancelha com um sorriso de lado. – Sim, é uma chance de cinquenta/cinquenta, mas também pode acontecer das músicas serem ótimas, todo mundo gostar de você e então ganhar uma legião de fãs. – deu ombros, observando as expressões dele suavizarem. – Ser um pouco otimista às vezes ajuda, .
- Eu sou otimista! – ela não respondeu, apenas o encarou com repressão. – Para coisas realistas...
- Ah, meu Deus! Por que tão cabeça dura? – brincou em tom mais alto. Algumas pessoas ainda estavam no rinque, mas já estava bem mais vazio do que antes. – Ta bom. Se eu conseguir fazer um gol lá do outro lado... – apontou. – Você vai ligar para o Rocque, Kelly, sei lá, e dará uma chance para essa oportunidade.
- Vai ter que passar por mim antes. – se posicionou para bloquear a passagem dela e sorriu, maroto.
- Essa é a intenção, querido. – piscou e jogou o disco mais longe, se apressando para patinar até o outro lado com agora em sua cola, tentando roubar o disco para si. Ele conseguiu driblá-la diversas vezes, quase cantando vitória, mas girou com o corpo, usando as próprias costas do amigo como apoio, e tirando o disco de sua posse, tomou impulso e bateu com força o pequeno objeto que entrou diretamente no outro gol. Ela suspirou e se virou, vendo a expressão surpresa dele, que já patinava para o meio da quadra ao seu encontro.
- Parece que alguém vai para Los Angeles... – a comentou baixo, mas ainda com meio sorriso nos lábios. Sua mão subiu para a bochecha dele, fazendo um carinho ali e colando rapidamente os lábios com os dele. – Vem, podemos voltar lá para minha casa e pedir uma pizza. O que acha?
- Acho ótimo. – assentiu e segurou firme sua mão, patinando com ela para fora do gelo. Os dois fizeram o caminho de volta ao estacionamento sem esconder o cansaço visível, com seguindo pela direção. A preguiça foi tanta que abandonaram a ideia de pegar a comida direto na pizzaria, iriam pedir para entregar em casa mesmo.
Assim que pisou dentro de casa, entregou o primeiro folheto que achou para , que prontamente fez o pedido e se jogou no sofá junto com a amiga. Tiraram os sapatos e os casacos pesados, deixando o calor da casa os aquecerem e riram daquela cena. Estavam um caco. Fazia tempo que não passava um tempo apenas com ela, todos eram muito unidos e às vezes era difícil dar uma desculpa para passarem um tempo juntos, mas quando conseguiam, os dois se sentiam leves e felizes com a companhia um do outro.
A pizza chegou e se apressou a pegar os copos, guardanapos e o refrigerante na geladeira, levando tudo para a sala. Comeriam ali na mesa de centro mesmo. Tirou algumas revistas de cima e colocou uma toalha para não sujarem tanto o móvel. Se sentaram no tapete fofo e começaram a comer, deixando a TV baixa enquanto eles conversavam, até que ele colocou uma das revistas ali no chão, perto dele.
- Eu acho que esse cara tá me perseguindo. - limpou as mãos antes de pegar a revista, mostrando sobre o que falava.
- Você sabe muito bem o que eu penso sobre coisas assim. - bebeu um gole de seu refrigerante antes de limpar a boca e fez uma bolinha com o guardanapo, jogando dentro da caixa, onde sobrava apenas dois pedaços. Eles realmente estavam famintos.
- Não gosto do jeito dele... "Poderia transformar um cachorro em um rockstar". Quem fala uma coisa dessas?!
- Ele fala. - riu alto, - Até onde eu sei, ele sempre foi assim, fazendo umas declarações absurdas dessa forma. - ela se aproximou um pouco mais dele, apoiando um braço no sofá. - Me surpreende ele querer um artista solo dessa vez, Gustavo é bastante conhecido por produzir bandas mesmo. Mais especificamente, boybands.
- Vai ver ele quis inovar.
E foi então que a cabeça de deu um estalo forte. Ela apertou forte o braço do , que soltou um resmungo agudo, estranhando a expressão da garota. - Eu tive uma ideia!
- Eu estou vendo que sim! O que foi?!
- MAS É CLARO! TAVA TÃO ÓBVIO.
- Tá me assustando, .
- , você vai para Los Angeles, mas não irá sozinho. Vai levar , e . - começou a contar devagar. - E juntos, vocês serão uma banda! - agora eles já estavam ajoelhados, o segurava firme pelos braços e ele a encarava, totalmente surpreso. Como aquela opção não tinha passado por sua cabeça?! - Desse jeito, você não fica sozinho, finalmente realiza o sonho, e, bem... - deu ombros. - Acho que vai ser uma experiência legal para e .
riu e assentiu várias vezes com a cabeça, a puxando para um abraço forte. Os quatro tinham uma força e uma conexão grandiosa, mesmo que tivessem de ser lapidados, talvez juntos realmente funcionassem! Aquilo o deixou extremamente animado, se reuniria com os amigos após a escola e contaria sobre sua decisão, só então, ligaria para Gustavo.

Quando sugeriu que os quatro fossem juntos para LA, ela certamente não pensou em como seria doloroso se despedir de todos eles. Sem contar Mary e Katie. O coração dela estava completamente quebrado. Todos se reuniram na casa de segunda à noite para um jantar de comemoração, já que Gustavo tinha aceitado aquela proposta. Claro que ele achou aquilo absurdo, mas como adorava um desafio, faria daqueles garotos sua prioridade quando chegassem na Califórnia. Todos estavam animados, estava tão eufórico que mal conseguia parar sentado na mesa. Até um copo foi quebrado de tanta animação e ela estava completamente abstraída, curtindo todos os momentos com eles. Mas quando a noite foi terminando e os meninos começaram a ir embora, sua ficha voltou a cair aos poucos.
ficaria completamente sozinha em Minnesota. Claro que era egoísmo da parte dela, se tivesse aceitado a proposta de ir sozinho, ela pelo menos teria , e , além de Mary e Katie para consolá-la quando estivesse sofrendo de saudade do amigo, mas agora... Agora todos eles iriam embora, levando um pedaço dela junto.

Os dois andavam agora o mais devagar possível até a casa da , abraçados um ao outro, mas faziam o caminho de forma silenciosa, pois sentiam que começariam a chorar a qualquer momento. E foi quando pararam em frente à porta dela, como sempre faziam, que ela desabou sob o olhar de , que a abraçou rapidamente.
A o abraçava forte pelo pescoço enquanto ele sentia o corpo dela tremer por conta dos soluços, e os próprios olhos começaram a se encher de água também. suspirou forte, se afastando minimamente para limpar as lágrimas da bochecha dela e juntar seus lábios.
Era um beijo de despedida, eles sabiam muito bem. Por mais que gritassem internamente “são apenas três meses”, algo ali dentro dela gritava ainda mais alto, dizendo que não seriam não. Iria ser muito mais. Ele escorregou os lábios até sua testa, firmando um beijo ali, e engoliu em seco, tirando um pacotinho de veludo vermelho do bolso.
- É só uma lembrancinha boba. – brincou, sentindo a voz rouca, e retirou o colar de prata, com um pingente de bússola nele. – A gente se encontra quando você chegar no norte. - ela achou graça, mas a risada não conseguiu sair de sua garganta, apenas um sorriso fraco e cansado. colocou o colar nela, voltando a secar uma de suas lágrimas.
- Vou tentar não demorar. – disse baixo, voltando a ficar na ponta dos pés e colando sua testa na dele, suspirando contra seus lábios antes de os juntarem mais uma vez.
Quando se separaram, segurou sua mão, repousando um leve beijo em sua palma, andando de volta até a calçada sem quebrar a conexão dos olhares enquanto se afastava.
Na manhã seguinte, acordou com a maior dor de cabeça possível e quase tomou um susto ao ver os olhos inchados no espelho do banheiro. Estava um caco. Seus pais ainda não tinham voltado de viagem e ela seriamente começou a pensar em matar a aula naquele dia e ficar debaixo das cobertas com sua própria melancolia. Ela também não considerava ir se despedir deles no aeroporto, ver todos aqueles que considerava uma segunda família partirem, seria demais para ela aguentar, mas é claro que eles não deixariam essa oportunidade passar. Uma buzina alta começou a tocar na frente de sua casa, tendo seu nome berrado por várias pessoas diferentes para sair logo, e assim o fez, encontrando novamente os quatro ali de braços abertos para ela. Ninguém falou muitas palavras, apenas deram um grande – e apertado – abraço coletivo, sem enrolar na simples despedida. Do mesmo jeito escandaloso que chegaram, eles foram embora, buzinando e gritando com as cabeças para fora da janela. levou a mão ao peito, segurando o colar recém dado, mordendo a boca enquanto acenava com os olhos cheios de lágrimas.

It took some time to get here, but it's better late than never


New York, 15:49



- DE NOVO! - o coreografo gritou, fazendo com que suspirasse, cansada, novamente e ela não segurou o resmungo baixo. Ela limpou um pouco do suor de sua testa, voltando ao meio da sala de dança em sua posição inicial. Jeff, seu coreógrafo, soltou a música e ela esperou as cinco batidas iniciais antes de começar a caminhar mais sensualmente, dublando a própria voz enquanto se movia, tentando não errar nenhum passo, pois seu corpo já estava cedendo. Jeff a guiava de frente para ela, sempre espelhando seus movimentos. Ele ficou satisfeito com o resultado dessa última passada.
Os dois se conheciam há pouco mais de duas semanas e já possuiam uma grande relação de amor e ódio, mas ele se via feliz por ter se conectado tão bem com a garota - ela também agradecia, a deixava menos nervosa.
Já faziam dois anos desde a última vez que tinha visto e os meninos pessoalmente. Claro que a banda deles, agora já conhecida mundialmente como Young Rush, deu certo. Foi um processo bastante difícil para Gustavo - que carinhosamente apelidou os quatro jovens de cães -, transformá-los em astros da música, mas após a gravação de suas demos e apresenteção para o "chefão", tudo começou a caminhar para eles. O álbum havia sido aprovado, prolongando ainda mais a estadia em Los Angeles, e uma coisa levou a outra. Com mais músicas para o CD, mais clipes, divulgações, mais aparições públicas, começaram a fazer alguns shows pelo estado, até que deram inicio à sua primeira turnê que seguiria pelos Estados Unidos inteiro e o Canadá, levando de brinde algumas cidades europeias.
Ela conseguiu manter contato mais diário com o amigo nas primeiras duas semanas, depois disso, eles começaram a se falar somente uma vez por semana, caindo para uma vez por mês, até que naturalmente - e infelizmente -, perderam contato. Os dois tocaram suas vidas, mergulhou de cabeça com os amigos naquela banda, e por mais que se sentisse intimidado em dançar para um público, ele passou a gostar bastante do estilo em que passou a viver. Já focou em terminar o ensino médio, também resolveu aprofundar seus estudos na música, aprendeu a tocar piano e ainda um pouco de guitarra. Acabou participando de alguns pequenos festivas e concursos de sua cidade, sempre por diversão, até que algo muito parecido aconteceu com ela também; um produtor a viu cantando em um desses festivais, justamente um em que ela sequer havia sido classificada para o top 3, mas ele tinha gostado, via um grande potencial. Além dela, o produtor também acabou fazendo a oferta para mais algumas meninas da região. No total, quinze garotas embarcaram, mas o destino dessa vez não era Los Angeles, e sim Nova York. As fases daquela seleção eram puxadas e doía em seu coração quando as meninas eliminadas iam em embora chorando. Mais um sonho destruído, pensava. No momento em que sobraram apenas ela e mais quatro, ela soube que estava fodida, seria quase um tudo ou nada, e o pior era aquela briga interna dentro de seu peito. Parte dela sempre queria ir embora e voltar para Minnesota, e a outra parte queria seguir com aquela seleção e ver até onde acabaria.

A garota agora era chamada de ao invés de , sugestão que foi dada pelos produtores e a equipe de marketing aprovou. Não que ela tivesse tanto apego ao seu nome, mas a transformação pela qual precisou passar quase a fez outra pessoa. Como se aquela de Minnesota já não existisse mais, apenas Welsh. E de certa forma, foi isso mesmo que acabou por acontecer. Ela já não tinha mais contato com ninguém de sua cidade natal, não via pessoalmente seus melhores amigos há quase três anos, os outros amigos que tinha perdeu contato após o colegial terminar, e seus pais estavam tão ocupados com suas viagens executivas que provavelmente sequer notaram que ela tinha ido embora.
A agora era muito mais solitária do que era antes. Chegou até a torcer internamente para que os donos da gravadora declarassem “empate” entre ela e as outras quatro meninas para que elas pudessem formar uma girlband, mas não, uma delas não gostou das músicas que iria gravar e optou por ir embora, outras duas não foram aprovadas pelos investidores, deixando apenas e uma garota que chamava Madalene, carinhosamente renomeada de Maddie. Até aceitaria fazer parceira com ela, não se via muitas duplas cantoras por aí, mas a gravadora também não aceitou, cada uma seguiria sua carreira mesmo. Maddie seguiu na linha de “garota doce do interior que chegou na cidade com grandes sonhos”, com músicas pop mais suaves, enquanto foi vista como cobaia de um experimento, quiseram a transformar em uma cantora pop-rock de mais atitude, com roupas e estilos mais ousados – até uma mecha rosa no cabelo ela acabou ganhando, dando um contraste lindo com os fios .
A recepção de sua demo pelo público foi enorme, tendo suas músicas tocadas em rádios, e chegou até a se apresentar em um talk show noturno de certo nome, fazendo com que o hype pelo álbum completo fosse ainda maior. Claro que a gravadora – mais precisamente, o dono e o próprio produtor de – estavam amando aquilo ainda mais.
Ryan Graham, ou melhor Ryan “Rocket” – como era conhecido –, tinha fama de fazer mágica com os artistas que caiam em suas mãos, a prova era a própria . Maddie ainda tinha seu contrato inicial de três anos, embora suas vendas não fossem as melhores, a conquista do público pré-adolescente vinha crescendo com ela, enquanto a trazia os pessoal dos dezoito e jovens adultos. As duas seguiam por caminhos diferentes dentro da música, Ryan tinha a consciência, mas o favoritismo por sempre foi claro – por mais que ele negasse –, por isso sempre fazia questão de trabalhar o mais perto dela possível, fosse compondo músicas com ela ou também ajudando na produção de algumas faixas de seu disco. Welsh até que gostava dele, era tão dedicado quanto ela, um pouco estourado, mas àquele ponto, que produtor não era, mas tinha noção que o interesse dele era puramente financeiro. Ela sabia que toda a imagem de garota rockstar era apenas um mero produto, pelo menos era assim que ela mesma se via. Não que não estivesse gostando da vida que agora levava, pelo contrário, viver de música parecia um sonho distante demais quando estava em Minnesota, mas ela já estava esperta de como aquela indústria funcionava – você vendia o que eles queriam ou você era chutada. Com sorte, poderia ir para outra gravadora, caso contrário, corria até o risco daquela onda toda acabar mais rápido do que qualquer um poderia imaginar.
- Cadê minha estrelinha?! – Ryan entrou na sala de ensaio, encontrando sentada no chão com as pernas esticadas e secando o rosto com uma toalhinha preta, acenando e sorrindo, cansada, para o homem. – Já acabou por hoje?
- Uhum! Jeff e eu terminamos a nova coreografia. – se levantou, arrumando a blusa de ginastica já amassada e tombou a cabeça para o produtor. – Alguma novidade?
- Estamos quase fechando a Europa para a turnê! – o moreno disse, empolgado, vendo a garota sorrir tão abertamente quanto ele. – Mas pode ficar tranquila que a agenda não está apertada. A estratégia é realmente fazer shows um pouco menores e com menos datas por hora, assim eles pedem sua vinda muito mais rápido, e aí sim, lotaremos casas muito maiores! – jurou quase conseguir ver um cifrão brilhando em seu olhar, e precisou morder os lábios para segurar a risada. Realmente, era uma ótima estratégia. Pelo menos não ficaria sete meses pulando freneticamente de um país para outro. – O que acha? Queremos sua opinião também...
- Eu acho ótimo, Ryan, de verdade. – disse, sincera. – Acredito que dessa forma ficará menos cansativo para todos nós, não é?
- Exatamente, estrelinha! – tocou a ponta de seu nariz. – Principalmente você, claro.
- Agradeço. – brincou, juntando o resto de seus pertences em sua bolsa, saindo do estúdio de dança com Ryan ao seu lado contando mais alguns planos para sua primeira turnê.
- Podemos até fazer aquele cover de Bad Romance que você gosta tanto.
- Sério?! – os olhos da brilharam e ela até parou de andar.
- Claro! – apertou o ombro dela. – No piano ou a versão mais rock que trabalhamos no mês passado, fica totalmente à seu critério. Seus fãs vão amar de qualquer forma. – ela riu, assentindo com a cabeça.
Assim que saíram do prédio, viu o carro que sempre a levava para casa a esperando no lugar de sempre. Cumprimentou o motorista e se sentou no banco de trás, abraçando o corpo, pois o clima tinha esfriado e ela não tinha um casaco mais pesado na bolsa. Encostou a cabeça na janela, suspirando fraco, e observou as ruas de Nova York.
Ela não morava exatamente no centro, o custo de vida ainda era alto demais para uma artista iniciante que nem ela, então acabou optando um por apartamento um pouco mais afastado de toda a agitação. Bateu levemente a porta quando saiu do carro e fez o curto caminho até seu prédio, fazendo mais um passeio de elevador naquele dia, saltando quando chegou no 9° andar. Acabou dando um bocejo enquanto largava a bolsa no chão perto do sofá e chutou os tênis no canto da porta, colocou o celular para carregar e foi correndo tomar banho, permitindo-se demorar um pouco mais embaixo d’água naquele dia. Fechou os olhos enquanto a água quente batia em suas costas, fazendo os músculos doloridos pelas danças finalmente relaxarem.
Quando saiu, se enrolou no roupão felpudo e secou levemente os cabelos com uma toalha, deixando-os soltos por enquanto. Os dias de seu último ano tinham sido assim, ia para a Rocket Records praticamente seis vezes por semana, doze horas por dia e quando chegava em casa, já não tinha mais forças para fazer nada além de tomar banho, se alimentar e se jogar na cama. Vez ou outra, algum amigo a chamava para sair em algum bar ou restaurante, mas não ia muito além.
Sentia falta mesmo era dos quatro bobos de Minnesota. sorriu, meio triste, passando os dedos pela foto no porta-retrato que tinha como uma de suas decorações na sala. Era o dia em que os cinco estavam indo ver um jogo de hóquei; Red Wings de Detroit, contra os Maple Leafs de Toronto. Os quatro meninos estavam com a camiseta oversized azul do MF, enquanto se contrastava com a vermelha do Red Wings, sendo sempre a do contra. Na foto eles estavam na entrada do estádio onde aconteceria o jogo, estava na ponta com e mais na frente, a garota no meio e na outra ponta, carinhosamente com um dos braços passados por seu ombro enquanto o outro tirava a foto. Deram sorte da foto ter ficado boa, pois todos tinham péssimas habilidades fotográficas, e na época, ainda não existiam smartphones com câmeras frontais.

“- Eu to morrendo de vergonha de estar sendo visto com você. – ralhou mais uma vez, revirando os olhos toda hora que descia o olhar para a jersey vermelha dela. – Red Wings? Sério?!
- Ei! – empurrou o enquanto gargalhava. – Me deixa em paz, . Você fala como se eu fosse a única torcedora deles aqui hoje.
- Mas você é nossa amiga! – interveio. – Como pode nos trair dessa forma? – fingiu um bico triste.
- Pelo amor de Deus. – ela suspirou, ainda rindo, balançando a cabeça. – Vocês já sabiam que eu torcia para o Red Wings, não estou entendendo a surpresa.
- Sempre existe uma chama de esperança acesa, querida. – voltou a se pronunciar, já se sentando no lugar que indicava o ingresso. – Mas tudo bem, vamos ganhar de qualquer jeito!
- Ah, mas não vão mesmo!
- Quer apostar? – arqueou uma sobrancelha e ela assentiu sem pensar duas vezes. – Se os Leafs ganharem, você paga um milkshake para todos nós depois do jogo?
- E se os Wings ganharem?
- Improvável. – fingiu uma tosse, sendo estapeado no ombro novamente. – Mas, se os Wings ganharem, eu mesmo faço seu dever de matemática por uma semana inteira.
- FEITO! – ela praticamente gritou sem pensar duas vezes, causando algumas risadas dos que estavam sentados na fileira de trás deles, apertando firmemente a mão do amigo, esperando o jogo começar.
Uma hora e meia depois, com uma partida de desempate, o Maple Leafs acabou levando a vitória justamente no desempate, ganhando por um ponto a mais na partida. Quando a partida foi encerrada e a vitória anunciada, os quatro pularam dos acentos enquanto berravam e se abraçavam, já batia na própria testa e soltava um suspiro de tristeza, mas ainda ria dos amigos, que fingiam pena ao consolá-la.
- MILKSHAKE DE GRAÇA!!! – gritou, feliz, fazendo várias pessoas, incluindo ela, rirem alto.”


Ah, como sentia falta daqueles manés! Observou por mais alguns segundos aquela foto, sorrindo com a memória, até que o interforne tocando a fez voltar para a realidade. Era Matthew, um de seus affairs. Como estava se sentindo meio carente e nostálgica, o deixou subir, se fosse qualquer outro dia provavelmente inventaria uma desculpa, mas qualquer distração naquela noite já a ajudaria e muito.

Do outro lado do país, na Califórnia, e os meninos estavam esparramados no grande sofá, cada um praticamente em um canto, com os pés esticados nos puffs que tinham na frente. mexia entediado em seu celular, enquanto lia um livro, estava praticamente cochilando e zapeando por alguns canais na televisão. Estava quase declarando o tédio oficial até que, ao passar por um canal, viu um borrão de cabelos que o chamou atenção e voltou rapidamente.
Era uma reprise de um talk-show que passou no dia anterior, mas isso não era o mais importante, e sim quem estava cantando ali. estava usando um short preto desfiado de cintura alta com uma camiseta estilizada caindo por seus ombros, do Bon Jovi, da mesma cor. Tinha uma blusa xadrez vermelha amarrada na cintura e estava com uma botinha preta de salto alto nos pés. A roupa desenhava a silhueta dela de uma forma incrível, acentuando todas as curvas que ela tinha. Ela estava completamente diferente e ele não achava isso apenas pelo fato dela estar usando maquiagem que marcava seus traços e acessórios de metal e couro, mas seu jeito e postura pareciam outros. Mais maduros e cheios de atitude. Sem contar a mecha colorida que caiu perfeitamente entre os fios . Ele suspirou forte. tinha virado uma cantora também? E ele só estava sabendo agora?! Aumentou drasticamente o volume da TV, chamando a atenção de todos ali.
- Perai... – jogou o livro na mesinha de centro, já boquiaberto. – É a ?!
- Ao que tudo indica, sim... – disse baixo, ainda meio abobalhado pela imagem que assistia. também tinha a boca aberta e os olhos arregalados, todos surpresos, pois jamais imaginariam que a amiga se tornaria uma estrela do rock.
- Quando isso aconteceu?
- Não dá pra saber ao certo, faz praticamente 1 ano que estamos trabalhando sem parar. – o voltou a encostar as costas no sofá, passando a mão pelo rosto e puxando alguns fios para trás. Ainda estava sem acreditar.
- Pode ter rolado nesse meio tempo então. – desviou o olhar da tela para o amigo, que deu ombros.
- Ela poderia ter ligado, sei lá!
- Não é certo cobrarmos isso dela, , você sabe muito bem. – cruzou os braços atrás da cabeça. – Nos afastamos, seguimos com a vida, acontece... E agora, aparentemente, ela é uma estrela do rock.
- Será que Gustavo estava sabendo? – questionou.
- Podemos perguntar quando voltarmos para o estúdio.
A garota finalizou a música e as luzes se apagaram, deixando apenas o contorno da silhueta dela e a da banda iluminadas, levando a plateia à loucura, tudo ficou escuro por alguns segundos e a iluminação normal voltou, focando no rosto sorridente de . O apresentador veio batendo palmas, carregando um pequeno objeto nas mãos, que conseguiram identificar como um CD.

- E essa foi Welsh, pessoal! – ele exclamou, animado, com ela já posicionada ao seu lado. – Incrível como sempre, querida! Fui informado que temos novidades! Manda para gente.
- Isso mesmo, Mike. – começou e fixou seu olhar para frente. – Daqui um mês vamos sair na nossa primeira turnê! E estamos extremamente animados para conhecer o máximo de fãs possível nessa jornada!
- Uau! Sua agenda deve estar super apertada, então . – brincou.
- Sim, mas é sempre gratificante. Não chegaria aqui se não fosse por vocês. – sorriu doce, apontando para alguns fãs dela que estavam na plateia.
- E a venda de ingressos?!
- Começa em uma semana!
- Welsh, pessoal! – repetiu, dando um passo para o lado enquanto a apontava para a garota que fazia um leve agradecimento, curvando o corpo para frente. – Seu álbum debut já esta à venda, e se preparem para vê-la ao vivo! – ele apontou o CD para a câmera e deu um abraço na garota, se despedindo dela e da banda, entrando um comercial em seguida.


- Uau! – todos falaram ao mesmo tempo, se entre olhando.
- Bom, se tinhamos chances de encontrá-la acho que acabamos de perder, já que ela vai ficar em vários lugares por um tempo. – suspirou, dando um tapinha amigável no ombro de , que apenas deu um sorriso de lado.
O resto da noite foi passando e os quatro acabaram por decidir sair para refrescar as ideias, caso contrário provavelmente teria um colapso de tanto ficar pensando na amiga. Não que ele estivesse triste, mas a realidade bateu forte em sua cara, fazia muito que sequer ligava para , e do nada ela aparecia já famosa, com um álbum e uma turnê programada diante de seus olhos. Ele sentia que uma grande parcela da culpa do afastamento deles era dele, óbvio, no começo quem estava sempre ocupado gravando e ensaiando era ele. Aquilo foi o balde de água fria que precisava para tomar uma atitude e tentar procurá-la novamente.
Algumas cervejas, os jogos do bar, alguns flertes e beijos até o ajudaram a se distrair de seus sentimentos, mas quando voltou para o apartamento e se enfiou de baixo do chuveiro, tudo voltou para sua cabeça. Se lembrou de sua pequena apresentação no programa, seu corpo com as curvas acentuadas e o jeito que ela se movia fez um arrepio descer por suas costas, fazendo o meio de suas pernas formigarem e ele suspirou pesadamente. Não evitou deixar sua imaginação fluir, fazendo o bolo em sua garganta crescer ainda mais. Sempre fora extremamente respeitoso nos momentos em que estavam juntos, os dois na época ainda eram muito novos, não pensava em ir além do que iam, alguns beijos mais intensos e toques mais fortes. Foram poucas vezes que trocaram carícias mais íntimas, tanto que na primeira vez, ele até ficou surpreso com o quão reciproca tinha sido, mas ele ainda não pensava em transar com ela de fato, fora que sua insegurança também o fazia travar bastante. Mas agora, anos depois, com os dois já adultos, provavelmente muito bem resolvidos com suas respectivas vidas sexuais, talvez não iriam parar quando tirasse sua blusa ou quando os toques de descessem pelas coxas dela. Ele suspirou forte mais uma vez, deixando a água, agora fria, correr por seu corpo. Ele se secou, vestindo uma roupa confortável e se afundando em suas cobertas, caçando pelo nome da amiga na internet, vendo fotos e alguns vídeos, até que finalmente acabou adormecendo.

I know we can turn it up all the way, cause’ this is our someday
Los Angeles, 13:37



A turnê de durou mais do que os produtores previram, visto que o sucesso dela na Europa estava maior do que eles previamente calcularam. Foram os primeiros shows a esgotarem quando os ingressos foram liberados, e os fãs que não conseguiram quase derrubaram o Twitter implorando por shows extras – coisa que, no final, eles conseguiram. Ela passou por todos os cinquenta estados, voando direto para a Europa, e de brinde levou alguns no Canadá antes de voltar novamente para o outro continente para seus novos shows. Pôde, agora, aproveitar melhor tudo o que as cidades podiam oferecer a ela, explorou Paris, os bares de Dublin, sofreu com a língua alemã, mas foi em Londres que tudo aconteceu. Foi uma verdadeira loucura. Ela conheceu novos artistas britânicos, abriu alguns shows para o Ed Sheeran, também para banda das garotas do Little Mix, que também estavam começando com seu sucesso, até mesmo foi convidada para cantar um set de três músicas com elas, experiência que foi maravilhosa. A união e parceria das meninas com ela fez tudo ser ainda mais incrível. Até mesmo Olly Murs ficou sabendo de todo o hype que estava causando, a chamando para cantar com ele, coisa que acabou dando um outro affair para .
A prorrogação de sua estadia também se deu por conta de que Ryan fez novos parceiros em outras gravadoras famosas e, claro que ele não deixou de “vendê-la” para eles, que cederam espaço para que já começassem a gravar novas músicas ali mesmo. Foi uma experiência divertida e ela achou uma aventura fazer três novas músicas em menos de um mês, ainda dando tempo de apresentá-las ao vivo nos seus últimos shows, mas isso não quis dizer que ela iria embora de Londres tão cedo. Ryan conseguiu um flat para ela ficar por mais alguns meses enquanto davam início ao novo álbum, tendo agora a oportunidade – e liberdade – de escrever e ajudar na composição de algumas faixas. Até mesmo Ed a presenteou com uma música exclusiva e ela se aventurou um pouco mais com Olly, saindo em alguns sites de fofocas por causa de suas saídas com o homem.
No final, a turnê programada para três meses se estendeu por mais dois e sua moradia em Londres durou por quase quatro, faltando pouco para completar um ano fora de Nova York, que era o mais próximo que ela podia chamar de casa. Então, quando Ryan finalmente disse que eles estavam indo embora da Europa, ela precisou segurar um grito de alegria – não que não estivesse gostando da terra da Rainha, pelo contrário, teve momentos maravilhosos lá, mas ainda assim, não era sua casa oficial.
- Mas tenho uma surpresa, na verdade, estrelinha. – o produtor começou e ela já esperava a notícia de que eles iriam ficar mais um tempo lá. – Esse tempo em que aproveitamos por aqui, também usei para mudar algumas coisas lá nos Estados Unidos. Nossa gravadora vai abrir uma sede em Los Angeles! Estudamos melhor o território por lá e achamos que pode ser uma experiência interessante...
- Uau, isso é ótimo Ryan! Em LA sempre tem gente com bastante potencial! – ela ficou feliz por ele com a notícia.
- Sim, sim! Muitas pessoas com grandes sonhos. – não deixou de debochar na última parte, rindo baixo. – Vou deixar a sede de NY nas mãos de Michael, que tem cuidado de lá esse tempo todo em que ficamos aqui em Londres, para assumir na Califórnia. – ela assentiu. – Ainda quero continuar trabalhando com você, estrelinha, por razões óbvias, mas também respeito muito suas opiniões e decisões, por isso te pergunto: Você gostaria de se mudar para Los Angeles para seguirmos a produção de lá?
- Mas é claro que sim, Ryan! – a sorriu, animada, e o abraçou em agradecimento. – Vai ser ótimo morar em um local que tem uma temperatura elevada. – brincou.
- Vai ser incrível, tenho certeza que você vai amar.

saltou do carro e arrumou seus óculos escuros enquanto encarava o letreiro dourado do prédio amarelo. Palm Woods. Ryan disse que ali na verdade era “a casa do futuro famoso”, mas mesmo com ela já sendo bastante conhecida, o apartamento lá ainda era a melhor opção, era próximo da nova gravadora, o aluguel mais barato que qualquer outro da região, e pelo o que lhe foi passado, um pouco maior do que morava em Nova York. O motorista a ajudou tirar suas malas, colocou uma alça da mochila nas costas e saiu arrastando duas malas, precisando do motorista para ajudá-la com a terceira. Passaram pelo lobby, já vendo certa movimentação ali, com jovens de roupas leves e cheios de roteiros nas mãos. Ela tirou os óculos e sorriu com a cena, caminhando para a recepção.
- Boa tarde, vim pegar a chave do meu apartamento.
- Nome? – o homem gordinho atrás do balcão a encarou, arregalando levemente os olhos, reconhecendo quem a era.
- Welsh. Welsh. – sorriu, educada, e o homem assentiu, entregando as chaves e o cartão separados para ela.
- Seja muito bem-vinda à Palm Woods, tenha uma ótima estádia!
Ela agradeceu, caminhando em direção aos elevadores, e apertando em um deles para subir, aguardando enquanto jogava conversa fora com o motorista. O elevador de trás apitou ao mesmo tempo que o que estava em sua frente, anunciando a chegada ao térreo. Deu espaço para as pessoas de lá saírem e entrou, selecionando o botão do sétimo andar, onde seria sua nova moradia.
e encaravam o elevador da frente ainda surpresos, as portas foram se fechando lentamente equanto eles observavam a garota conversar com o homem do seu lado até a perderem de vista.
- Era a... – começou.
- Se não era ela, então era alguém extremamente parecida!
- Puta que pariu! Mas ela já é uma estrela do rock, o que estaria fazendo em Palm Woods?! – Mitchell acabou questionando.
- Acho que isso não se aplica muito como um critério. – o outro começou, apontando para si mesmo e o amigo. – Já terminamos nossa segunda turnê e cá estamos!
- Oh, sim, Bel-Air foi um fracasso.
- O que fazemos? Contamos para ? – o moreno observou o elevador parar no sétimo andar antes de começar a subir novamente.
- Acho que deveriamos esperar até termos certeza. Certeza que iremos trombar com ela aqui pelo lobby, ou então na piscina... – suspirou.
- Sim, vamos aguardar. Até lá, bico fechado!
Já fazia pouco mais de uma semana que tinha se mudado para Palm Woods, mas ainda não tinha conseguido aproveitar nada que aquele prédio tinha para lhe oferecer. No primeiro dia de sua mudança, ela ficou boa parte do dia arrumando suas coisas no novo apartamento, que realmente era maior que seu anterior, muito mais aconhegante. Desfez todas as suas malas e trocou as roupas de cama pelas novas que tinha comprado, ainda faltavam algumas coisas, mas depois ajeitaria. De noite, jantou com Ryan e alguns novos produtores da Rocket Records, e quando voltou, tomou seu banho de sempre e apagou na cama. O resto da semana passou com ela saindo sempre de manhã e voltando de noite, sempre tendo várias reuniões para a discussão de novo álbum, novos clipes e talvez algumas participações especiais em alguma série ou filme. O sentimento de solidão já estava a preenchendo novamente, pois por conta de sua rotina e agenda cheia, ela mal tinha tempo de conhecer e socializar com os outros hóspedes do prédio.
se encontrava inquieto, fazia alguns dias que ouvia rumores por todo Palm Woods de que a estrela Welsh tinha se mudado há pouco tempo e alguns até juravam que tinham a visto, sempre apressada, vendo mais o borrão dos cabelos do que o rosto dela de fato, mas já era alguma coisa. Ele tinha suas desconfianças, mas seu peito voltou a ficar agitado por causa desse burburinho que estava sendo feito. Tinha terminado sua relação com Lucy há quase dois meses e jurava para si mesmo que não iria se envolver tão cedo com outra garota. Mas não era uma garota qualquer, era sua , sua amiga de infância de Minnesota. Céus! Nem saberia como agiria caso ela cruzasse seu caminho. O balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos e saiu do elevador, respondendo algumas mensagens de Gustavo enquanto andava pelo lobby, até que sentiu seu corpo trombar fortemente com o de outra pessoa, fazendo o celular dele cair no chão junto com o que parecia uma bolsa de academia.
- Ai! – a voz feminina reclamou. – Ah, ótimo... – o olhar dela desceu pela blusa, agora toda empapada de sorvete. estava bebendo seu milkshake quando se viu distraída pelas pessoas na piscina até alguém bater de frente para ela, fazendo o copo amassar e sujar a roupa com o que estava dentro.
se apressou em ajudar a mulher, pegando o celular dela e o seu, levantando o olhar para se desculpar, mas ele ficou sem ar ao ver aquele rosto tão perto depois de tanto tempo. Seus olhares se encontraram, a boca abriu e fechou várias vezes enquanto ela tinha o olhar franzido e um sorriso tímido no canto da boca.
- ?! – sua voz saiu baixa e rouca, precisando engolir em seco para fazê-la voltar ao normal. – V-Você...
- Na verdade, agora é . – brincou, tão surpresa quanto o amigo. Ele estendeu de volta seu celular e ela o guardou na bolsa enquanto o observava. Os cabelos dele estavam queimados de sol, assim como sua pele, dando um ar saudável em suas bochechas, também parecia mais alto e um pouco mais musculoso do que se lembrava. – Uau! Que coincidência incrível! Os outros meninos também estão por aqui ou é só você? - o precisou piscar algumas vezes, voltando à realidade.
– Ahm, sim! Moraramos todos. Tentamos nos mudar recentemente, mas tudo deu errado, na verdade. – comentou, rindo da lembrança. Talvez estivesse quase babando, mas ela estava ainda mais linda do que a vez que a viu pela televisão, e também de seu último dia em Minnesota. Os cabelos estavam grandes, caindo em grandes cachos pelos ombros, chegando quase aos seios, a mecha rosa ainda estava intacta do lado esquerdo. Ela também estava mais alta e o corpo tão desenvolvido quanto tinha visto na apresentação. – E sim, todos nós moramos juntos, ainda está sendo útil para nós.
- Imagino a bagunça que deve estar sendo. – riu, assentindo com a cabeça. – Vocês estão livres hoje à noite? Eu ganhei folga até domingo, então podemos marcar alguma coisa no final de semana! – disse, animada, e apenas afirmou várias vezes com a cabeça.
- Acho que temos bastante coisa para colocar em dia...
- Com certeza. – sorriu fraco. – Mas teremos todo o tempo do mundo agora.
Ela se aproximou, apoiando uma mão em seu ombro e dando um beijo rápido em sua bochecha, mais precisamente na covinha marcada pelo sorriso dele, e voltou a encará-lo. – Passem no meu apartamente à noite se puderem, okay? Eu estou no 7-F! Vai ser maravilhoso receber vocês.
- Às oito?
- Às oito! – acenou enquanto caminhava ainda de costas, sem perdê-lo de vista, até que se virou para os elevadores, entrando em um que já tinha chegado. Apoiou suas costas no metal gelado e até tinha se esquecido que sua blusa estava um caco. O coração ainda estava descompassado e suas mãos tremiam levemente, o sorriso bobo ainda estava em seus lábios e ela se sentia com 16 anos novamente. O destino realmente parecia querer pregar uma peça nela. Um milhão de moradias aos arredores da gravadora e ela acabava justamente no que seu antigo amor adolescente vivia?!
encarou a garota sumir de seu campo de visão e suspirou pesamente, ainda sem acreditar em seus olhos. Então era verdade, pensou, negando com a cabeça e rindo baixo. Todo o sentimento adormecido pela garota ainda estava ali, bastou uma mera faísca para acendê-lo novamente, agora ainda mais forte. Estava completamente fodido. E se ela tivesse um namorado? Ou namorada?! E se ela não o quisesse novamente? Eram coisas a se considerar visto que não sabiam nada dos acontecimentos da vida um do outro nos últimos três, quase quatro, anos. As vozes dos três amigos o chamou a atenção e ele virou o corpo rapidamente, agarrando pelos ombros.
- Wow, amigo, calma lá, eu te acho bonito, mas você é quase um irmão para mim! – ele brincou ao ver o estado eufórico de .
- Você não vai acreditar com quem eu acabei de encontrar.
- Quem?! – questionou, curioso, e olhou em volta.
- Com ninguém menos de que a nossa querida, Welsh...

Às oito horas em ponto, os quatro garotos bateram na porta do 7-F, sendo atendidos poucos segundos depois. Os cinco se entreolharam, ainda se estranhando um pouco pela passagem de tempo, mas logo sorriram abertamente, se abraçando em um grande e apertado abraço em grupo. Exatamente como tinham feito anos atrás. sentiu os olhos se encheram de água, deixando duas lágrimas escaparem de seus olhos, que foram gentilmente limpas por , sentindo sua bochecha formigar onde foi tocada. Céus, como ela sentiu falta dele. De todos! Eles se aconhegaram no sofá, não tão grande quanto o deles, com petiscos e cervejas em cima da mesinha de centro enquanto a janta ainda não ficava pronta. Eles contaram como tinham sido os últimos anos, como Gustavo os odiou por três meses enquanto se preparavam para gravar a demo, mas também como tinha sido divertido gravar o álbum e sair fazendo shows pelo país inteiro. Não deixaram de fora os perrengues e alguns micos que sofreram ao longo do caminho. contou todos os detalhes possíveis de suas aventuras também, como seu terceiro ano foi chato sem eles por perto, quando foi “descoberta” por Ryan e levada para Nova York, sua primeira turnê e vários acontecimentos da Europa.
- Devo dizer, foi incrível ver você abrindo o show do Ed Sheeran, a galera foi à loucura! – se recordou.
- E sua apresentação com as meninas da Little Mix também, você estava linda. – piscou, fazendo todos rirem.
- Vocês chegaram a ver isso? – questionou, surpresa.
- Mas é claro! – se pronuncionou, dando um gole em sua cerveja. – Tentamos te acompanhar pelas mídias. – deu ombros.
Ela mordeu os lábios, sentindo o rosto esquentar, e desviou o olhar do , voltando a contar suas histórias. Claro que ela também os acompanhava, mesmo que de longe. Duas de suas músicas favoritas ainda era Worldwide e This Is Our Someday, e os questionariam depois se a amizade deles tinha algo relacionado àquelas músicas. Eles só se despediram e foram embora quando receberam a terceira reclamação de Bitters, pedindo menos barulho, pois já passava da 1h da manhã, mas era praticamente impossível, todos estavam felizes demais com aquele reencontro, por isso, preferiram ir embora, já deixando os planos para o final de semana totalmente combinados.

Quatro semanas depois se sua mudança, se sentia mais em casa do que nunca. Amava cada vez mais Los Angeles, Palm Woods... Mas principalmente o fato de estar reunida com seus melhores amigos. Ela ainda achava que o coração acelerado toda vez que ficava sozinha com era só um hype do momento, mas não, a ainda tinha fortes sentimentos guardados por ele, e foi quando eles estavam voltando de uma de suas noitadas com o resto do grupo, que deu um beijo no canto de sua boca enquanto segurava sua cintura, e ela soube que ele também ainda a correspondia.
Os dois agora estavam voltando do primeiro encontro oficial deles. usava uma calça preta e uma camisa xadrez amarela, com seus fiés vans pretos nos pés, enquanto estava simples com um vestido preto rodado, que ia até pouco acima do joelho e uma botinha preta com detalhes em spike no salto, com maquiagem leve e os cabelos soltos por suas costas. Não tinham ido em nenhum lugar chique, ele a levou em uma de suas hamburguerias favoritas no centro da cidade e depois foram tomar alguns drinks no bar que ficava perto de Palm Woods. Ela se sentia leve e feliz, o corpo já mais solto e relaxado, e ele tinha o rosto corado, caminhando com o braço passado por sua cintura enquanto passavam pelo lobby já vazio, mas foi quando entraram no elevador que teve coragem de tomar uma atitude, agarrou a gola da camisa já aberta dele e colou seus lábios nos de , sentindo um choque no ato. Ela se afastou minimamente, ofegando, e o viu sorrir, os olhos já brilhando de lúxuria. Uma de suas mãos subiu para seu rosto, enquanto a outra a trazia para mais perto, colando seus corpos, e ele aprofundou o beijo, mostrando praticamente todo o seu sentimento por ela naquele ato.
Entraram aos tropeços no apartamento dela, rindo baixo com as próprias ações, mas não se deram o trabalho de acender nenhuma luz. Os sapatos foram jogados para qualquer canto enquanto ela desabotoava sua camisa e descia o zíper lateral de seu vestido. Deitaram na superficie macia do colchão, terminando de perder as poucas peças de roupas que ainda os cobriam. O explorava o máximo que conseguia do corpo dela, sentindo as unhas passarem por sua pele, o fazendo arrepiar. Seus lábios desceram pelo pescoço e colo dela, até que chegou nos seios cobertos pelo sutiã de renda, que foi retirado pela própria garota e ele abocanhou um deles, massageando o outro com movimentos ora leves e ora mais fortes, fazendo suspirar e gemer cada vez mais alto. Sua mão voltou a descer pelo corpo dela enquanto ele voltava a juntar seus lábios, tocando o ponto sensível dela, e ela acabou arqueando as costas, apertando mais o ombro dele que arfou em resposta.
- ... – sua voz já estava rouca e transbordava desejo. – Não enrola. – riu baixo de seu próprio desespero.
- Seu desejo é uma ordem. – riu junto e deu um selinho antes de se livrar da própria boxer.
costumava amar preliminares, modéstias a parte, era uma das partes que mais a excitava antes do ato e ela era realmente boa no que fazia, mas ali naquele momento, tudo o que ela queria era ter finalmente para si. Os dois ansiavam anos por tal momento, na próxima vez podiam se enrolar nas carícias prévias o quanto quisessem, mas ali, ela precisava da urgência. Ela sentiu quando seu corpo foi preenchido por ele, jogando a cabeça para trás no mesmo momento, deixando os gemidos ecoarem por todo o quarto. Os dois se moviam em pura sintonia enquanto as mãos continuavam a explorar um ao outro, com o encaixe perfeito deles dois. tinha um sorriso leve preso no canto da boca e sempre beijava aquele ponto. Ele firmou os braços ao redor na cintura quando ela estava por cima e levantou seu tronco, segurando seu rosto, sugando seu lábio inferior e o mordendo levemente. A intensificou seus movimentos no colo dele e atingiu seu ápice, sendo acompanhada por alguns segundos depois. Os corpos amoleceram e voltaram a deitar juntos enquanto esperavam suas respirações normalizarem. Ela riu baixo da situação, ficando levemente constrangida, mas se aninhou ao peito dele, sentindo a ponta dos dedos dele correrem por suas costas. Alguns minutos depois, ela precisou ir ao banheiro e o suspirou fortemente, se sentindo realizado e feliz por ter novamente ao seu lado. Ele acendeu a luz do abajur que tinha na cômoda ao lado da cama e observou cada detalhe de sua silhueta enquanto ela caminhava de volta para o colchão.
- O que foi? – questionou, o rosto corado e alguns fios fora do lugar a deixavam ainda mais sensual. Ele apenas negou com a cabeça, ainda sorrindo.
- Você é linda... – os olhos desceram por seu corpo novamente e ela deitou ao seu lado, se apoiando entre ele e a cama, sendo coberta até a cintura por ele. fez um carinho em seu rosto, colocando alguns fios atrás de sua orelha. O toque leve fez caminho por seu pescoço, causando novamente arrepios nela, e franziu a testa, se sentindo idiota por não ter notado aquele detalhe antes. Ela estava usando o colar que tinha dado a ela antes de partir de Minnesota.
- Sim, eu ainda uso, mais para ocasiões especiais... Sempre foi meu colar favorito. – notou o que ele tanto encarava e sorriu com aquele ato. Os olhos do ainda brilhavam. – Inclusive no meu primeiro show.
Ele ainda não sabia como reagir, só sabia que estava completamente apaixonado por aquela mulher. Sempre tinha sido. Agora mais do que nunca. Puxou delicadamente o rosto dela para o seu, juntando os lábios em um beijo cheio de sentimentos.
- Você sempre foi o meu norte, Welsh.
- E você o meu, .



Fim!



Nota da autora: Mais um ficstape LINDO sendo finalizado! Devo confessar que fiquei extremamente feliz por ter participado, BTR ainda significa muito pra mim, eu amo demais esses meninos não dá hahah. Se você gostou da fic, peço por favor que comente. Críticas também são sempre bem-vindas, sem problemas ;) Um beijão especial para a Lari, que juntou todas nós nesse ficstape maravilhoso. Foi lindooooo <3
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Nota da beta: AI, MEU DEUS! EU AMEI DEMAISSSSSSSSSSSS! Nossa, eu tô COMPLETAMENTE APAIXONADA! Sério mesmo, puta que pariu, que saudades que me deu dessa bandinha, de coração! Você me fez sentir o que eu realmente queria sentir com essa fic e até mais, tá maravilhosa demaissssss! Amei essa personagem, amei esse Kendall, tá tudo perfeito, a nostalgia que ela trouxe foi tudo na minha vida! Eu que tenho que agradecer pela sua participação, você é maravilhosaaaaa <3

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