Finalizada em: 01/03/2022

#1 Your beauty is a blessing…

Ao entrar na sala de espera do pediatra, pela primeira vez em toda a minha vida, agradeci por estar atrasado.
Segurando Lana pela mão, caminhamos até uma das poltronas e, após me sentar, a pus em meu colo, pois sabia que, se não o fizesse, minha irmãzinha ficaria choramingando como um filhote de gato desgarrado.
Talvez Lana costumasse agir assim por não me enxergar como sua irmã e sim como sua mãe. Um dia, tinha certeza de que isso viria a ser um problema, óbvio, porém era do tipo que preferia não ter que lidar naquele momento.
Discretamente, olhei de soslaio para a mulher com um bebê nos braços, sentada a uma cadeira de distância de nós. Ela era sem sombra de dúvidas uma das mulheres mais lindas em que já tinha posto meus olhos sobre.
Os volumosos cabelos castanhos tinham cachos bem fechados, vestia preto dos pés a cabeça e, além da orelha cheias de argolas do lóbulo até metade da cartilagem, no nariz, também ostentava dois piercings: no septo e nostril.
Queria mais do que tudo naquele instante ter coragem de lhe dirigir a palavra. Qualquer coisa. Entretanto, não sabia se seria uma boa ideia, uma vez que seu semblante parecia preocupado e distante.
Com um pouco de esforço, questionei baixo:
― Sua consulta era das sete e meia?
Encarando-me por alguns segundos, achei que não tinha ouvido. Todavia, quando estava pronta para repetir a pergunta, respondeu:
― Era, sim. ― Fazendo um “ah” mudo com a boca, demonstrei compreensão. ― O doutor Vincent está atrasado. Acho que pegou trânsito ou algo assim ― acrescentou.
Sem saber como prosseguir com a conversa, me calei.
― Sua filha?
― Lana? ― Apontei para a criança em meu colo. Concordou com a cabeça. ― Não. Minha irmã mais nova. ― Arqueou as sobrancelhas, parecendo confusa. ― Mas é como se fosse filha, já que sou eu quem cuido desde bebê. E você?
― Sim, eu quem fiz. ― Passou a mão pelo cabelo do bebê, sorrindo. ― . ― Contorcendo-se de leve, estendeu a mão para me cumprimentar.
― Bonito nome. ― Correspondi ao gesto. ― .
― É um prazer. ― Trocamos um sorriso.
― Bom dia, pessoal. Desculpem pelo atraso. Precisei resolver uma emergência familiar e acabei pegando trânsito. ― O médico chegou falando rápido, quase como se tivesse usado alguma substância ilícita já pela manhã. ― Senhorita Schmidt, se puder esperar por mais cinco minutos, agradeço. Preciso ajeitar o consultório.
― Não tem pressa.
Depois da chegada do doutor Vincent, o diálogo entre nós pareceu morrer. Nem eu nem dissemos uma única palavra a mais. Eu queria, só não sabia o que mais poderia ser dito.
Ao ser chamada para dentro do consultório com o filho, entrei em uma disputa comigo mesma em minha cabeça, já que, parte de mim, desejava pedir seu telefone, chamá-la para sair e, a outra parte, ficava repetindo o quanto aquilo não era uma boa ideia e que deveria deixar para lá.
No fim das contas, nem tinha mais certeza se permanecia na sala de espera por causa do agendamento de Lana com o pediatra ou porque queria ver aquela mulher uma última vez antes de ir embora.
Quando a porta se abriu de novo, muito mais destemida que eu, munida de uma caneta, indagou:
― Pode me dar seu telefone? Com uma criança pequena, às vezes, é difícil manter o mesmo círculo de amizades ou só… conversar com alguém que entenda as mesmas angústias. ― Deu um meio sorriso.
Mesmo surpresa com sua atitude, correspondi o sorriso, pegando a caneta e anotando meu número em um pequeno pedaço de papel que o médico me entregou depois de ouvi-la falar.
― Eu vou ficar esperando seu contato, tá? ― respondi, sorrindo.
Ajeitando Lana em meu colo, adentrei no consultório ainda sentindo seu olhar às minhas costas.

- x x x -


foi quem mandou a primeira mensagem, no entanto, ao longo das semanas, seu jeito leve de conseguir manter um diálogo me fez querer conversar todo dia, toda hora. Sempre que via algo engraçado ou fofo, era para ela que pensava em mandar. Não havia mais ninguém em quem eu pensasse dessa mesma forma.
Logo, só lhe mandar mensagens já não parecia mais suficiente. Portanto, a chamei para sairmos.
Fomos ao cinema em uma noite que sua amiga estava em casa e poderia cuidar de Ben. Lana ficou com nossa tia, que morava no bairro vizinho. Seríamos só nós duas e nenhuma preocupação ao nosso redor.
O passeio teria sido incrível se tivesse sido um encontro. Não tinha sido. Éramos só… amigas saindo.
não segurou minha mão, eu não tive coragem de tentar abraçá-la durante o filme. Quando saímos, cruzou os braços em frente ao peito e caminhou quase todo o trajeto de volta para casa naquela posição. Ao chegarmos, não houve beijo de boa noite nem nada além de um sorriso tímido e um “me avise quando chegar em casa”.
Não havia pedido para que fôssemos em um encontro, porém queria muito que tivéssemos ido.




#2 But what’s worse: tellin' you my feelings or to die without revealing that you got inside my head and set a fire there instead?

Nos dias que se seguiram, sempre que estava livre, conversava ou saía com . Nossas mensagens variavam desde vídeos de bichos fofos até receitas de bolo e primeiros socorros.
Lana e eu passamos a frequentar sua casa aos fins de semana, pois minha irmã adorava bater perna por aí, não importava para onde ou com quem. Além disso, sempre a deixava comer todos os doces que fazia enquanto estávamos por lá, logo… este era o principal ponto para a garota querer estar por perto sempre que pudesse.
Todavia, as coisas começaram a ter um aspecto diferente entre nós em uma tarde de domingo. Ensinando-me como se fazia sua deliciosa torta de cereja, a mulher não poupou toques em minhas mãos e braços ao tentar coordenar os movimentos que deveriam ser feitos para tornar a massa homogênea.
A cada pequeno contato de sua pele com a minha, meu corpo inteiro se arrepiava, dos pés à cabeça. Meu couro cabeludo chegava a formigar nesses momentos.
Ao mesmo tempo que gostaria que parasse de me encostar, queria que me tocasse em todos os lados, em todas as partes, me cobrisse de si. Não queria um único centímetro do meu corpo sem seu toque.
Após colocarmos a torta no forno, muito mais perto do que seria considerado uma distância segura, se manteve em pé à minha frente. Não disse nada, nem mesmo fez menção de me encostar. Só continuou me encarando e sorrindo.
Queria beijá-la, abraçá-la, sentir seu cheiro, não deixá-la nunca mais. Desejava que fosse só minha.
No entanto, querer nem sempre é poder. Por isso, quando a hora chegou, Lana e eu voltamos para casa. Só nós duas e ninguém mais.

- x x x -


Aqueles sentimentos se remoeram dentro de mim até o dia que uma nova mensagem chegou em meu celular. Margot, a amiga que morava com , estava em casa e havia dito que poderia ficar com Ben caso quisesse sair para espairecer. Logo, a mulher me convidou para darmos uma volta por aí. Apenas caminharmos juntas.
Respondi depois que confirmei que Lana poderia dormir na casa da minha tia naquela noite. Como usual, nenhuma pergunta foi feita, só me pediu para ficar com o celular ligado em caso de emergências e me disse para ter juízo.
Encontrei com na porta de sua casa, sorridente como sempre.
Andando pelo bairro, compramos sorvetes e conversamos amenidades sobre nossos trabalhos e a rotina com crianças.
Algo estava diferente. Não com ela exatamente, mas entre nós. Parecia que tínhamos muito a dizer o tempo todo, porém estávamos presas em um monte de besteiras que não nos levavam a lugar algum.
― Já sentiu como se tivesse muita coisa pra falar, mas não soubesse como fazer isso?
― Achei que isso fizesse parte do pacote que é ser adulto. O tempo todo tenho vontade de xingar meus chefes, mas não posso; tenho vontade de gritar com meu filho, mas não posso; tenho vontade de me esculhambar, mas não posso ― debochou e eu ri.
― Não era bem isso que eu tinha em mente, mas… é. Você tá certa.
― Então… o que era? ― Parou à minha frente.
Engolindo em seco, não sabia como responder ao seu questionamento. Pelo menos, não sem tremer e gaguejar como uma idiota.
Seu olhar me dizia que já tinha entendido meu nervosismo. E ela até sorriu enquanto os olhos desciam até a minha boca.
Eu sabia onde aquilo daria e queria muito que chegasse a acontecer algo, porém tinha muito medo que acontecesse naquele momento onde estávamos ― no meio da rua, onde qualquer pessoa poderia nos ver. Literalmente, qualquer pessoa.
Ousada, pôs a mão em minha nuca, erguendo o corpo na ponta dos pés para alcançar minha boca.
Sem conseguir manter nenhuma resistência, correspondi, deixando-a fazer o que quisesse comigo. Até mesmo me inclinei em sua direção para que não precisasse se esticar tanto.
O que sentia em relação a já nem era mais vontade de beijá-la, era necessidade, como se minha vida inteira dependesse da sua boca colada na minha.
Contudo, em um curto lapso de consciência, desvencilhei-me dela, abrindo os olhos, assustada comigo mesma.
― Eu…
― Eu entendi tudo errado, né?
― Não, eu… eu preciso ir. Mesmo.
, não… você não… desculpa, tá? Eu achei que…
― Tudo bem. Eu preciso mesmo ir. Não é nada com você. ― Reprimindo um sorriso sem graça com uma mordida no lábio inferior, assentiu devagar, como se estivesse tentando se conformar com o que ouviu.
― Te vejo por aí? ― Concordei com a cabeça, acenando e me afastando, tomando rumo para minha casa.
Puta que pariu, . Você perdeu toda e qualquer chance que tinha com ela.


#3 Letting all my insecurity devour me with certainty that love is just a currency, so take my pockets, take me whole, take my life and take my soul

Gastei praticamente toda a semana seguinte pensando sobre tudo o que havia acontecido e se deveria ou não ir atrás de , falar sobre meus sentimentos, tentar colocar pelo menos uma única coisa em minha vida no sentido correto.
Por alguns dias, enquanto repassava seu beijo, seu toque pela milionésima vez na minha cabeça, como um recorte de filme no repeat, esperei pelo seu contato. Uma ligação, uma mensagem, um sinal de vida que fosse. Porém, nunca chegou. É óbvio que ela não vai falar com você. Foi você que fugiu, porra!
Só que eu também não tinha muito como tentar ir atrás dela em horário comercial ou em qualquer horário. Nós duas tínhamos rotinas massacrantes em nossos empregos, além de crianças que dependiam de nossa extrema atenção. No meu caso, por exemplo, com uma irmã que já sabia andar e falar, nada a impediria de tentar se intrometer em uma ocasião em que nem mesmo deveria cogitar aparecer por perto.
Portanto, pacientemente, esperei pelo momento em que, ao menos, minha irmã não estaria em casa, o que não demorou muito a acontecer. Nossa vizinha resolveu fazer uma festa do pijama para sua filha, que era amiga de Lana, e a convidou. Aproveitei a ocasião para lhe avisar que estaria em casa recebendo uma amiga, qualquer coisa, poderia me ligar. Assim, evitaria transtornos inesperados sem um aviso prévio.
Livre, mandei mensagem para e perguntei se gostaria de tomar um chá ou algo do gênero. Sua resposta chegou minutos após: um “sim” acompanhado de emojis sorridentes.
Com o chá pronto dentro de uma térmica e duas xícaras a esperei na varanda de casa.
Quando sua figura surgiu em meu campo de visão, quase 40 minutos depois, não consegui não sorrir. Calada, sentou-se na cadeira do outro lado da mesa de centro que deixávamos ali para receber visitas na primavera.
― Onde está o Ben?
― Foi passar o fim de semana no sítio dos pais da Margot. Ela está de folga, mas eu não e eles queriam vê-lo. ― Assenti. ― Com saudades?
― Ele é uma gracinha. A Lana perguntou dele esses dias. Quer chá?
― Eu quase não tomo chá. Vim por você mesmo. ― Deu um meio sorriso.
― Ay, olha… eu te chamei aqui…
― Se for pra falar sobre aquele dia, esquece. ― Franziu as sobrancelhas de leve, sorrindo. ― Eu entendi tudo errado. É culpa minha, ok? Achei que você… também quisesse, mas… ― Fez careta. ― Assunto encerrado. Pronto. Morreu.
― Não. Não tá encerrado. ― Levantei-me do meu assento, agachando-me a sua frente. ― Por favor. Fui muito idiota. Eu queria, mas me… assustei, sei lá por quê. ― Arrastei as mãos sobre suas coxas até alcançar as suas.
Arqueando as sobrancelhas, a mulher nada disse. Ficou apenas me encarando. Acho que estava esperando que eu terminasse de falar.
― Talvez eu tenha estragado tudo e você nem queira mais tentar nada comigo, mas, se ainda tenho alguma chance, acho que podemos… entrar em casa. Hoje não tem ninguém.
― Nem a Lana?
― Tá na vizinha, no final da rua. Festa do pijama.
Contendo um sorriso, a mulher continuou me olhando nos olhos por algum tempo, como se estivesse decidindo o que fazer. Apenas esperei, mentalmente torcendo para que sua escolha fosse entrar comigo.
Levantando-se, segurou minhas mãos para me ajudar a ficar em pé e andamos uma atrás da outra, caladas, para dentro da minha casa.
Trancando a porta da frente, guiei-a até meu quarto, fechando-o assim que entrou.
Dadas as circunstâncias que haviam nos levado a todo aquele desconforto e uma situação cheia de incertezas, sabia que não poderia esperar que me beijasse. Na verdade, quem deveria tomar a iniciativa era ninguém menos que eu. Então, tomando fôlego, aproximei-me. Afastei uma mecha de cabelo de seu rosto, acariciando sua pele em seguida.
Selando nossos lábios por alguns segundos, me afastei para ver sua reação. Obviamente não foi algo que durou por muito tempo, uma vez que a mulher voltou a me beijar novamente.
As mãos passando pelo meu corpo, arrepiando toda a minha pele onde quer estivesse, como se demarcasse cada um daqueles pedaços como seu território.
Nervosa com o que estava por vir, segurando-a pelos ombros, nos separei alguns centímetros. Confusa, esperou pelo que eu tinha a dizer.
, escuta… acho que preciso te dizer que eu nunca… eu não fiz… isso ainda. Com ninguém. ― Arqueou as sobrancelhas levemente. ― Sem querer botar pressão, mas achei que não era justo que você não soubesse.
― Tipo… nada?
― Algumas coisas, mas não… tudo. ― Assentiu lentamente, franzindo os lábios para baixo, demonstrando compreensão.
― Bom, se você não quiser hoje, nós podemos…
― Não ― interrompi-a. ―, eu quero. Só não… sei lá, espere uma super performance da minha parte. ― Riu.
― Não espero. Mas, se você quiser parar, não gostar de algo ou quiser pedir qualquer coisa, tudo bem, ok? ― Assenti, voltando a beijá-la.
A minha vida inteira tinha me sentido entorpecida, como se não fosse eu ou como se não pertencesse àquela realidade. Todavia, ali, beijando-a, sentindo seu calor, seu corpo no meu, era como se finalmente estivesse despertando para vida, para mim mesma. Foi como finalmente me descobrir.
se parecia com mel, doce, cremoso e capaz de te envolver, prender e afogar. E, ainda assim, eu seria capaz de agradecê-la por tê-lo feito comigo.
― Também quero dizer que estou com meus exames de ISTs em dia, caso em algum momento tenha se perguntado isso. ― Rimos.
― Não ia perguntar, mas é ótimo saber disso.
Com as mãos brincando com a barra da minha blusa, foi arrastando-a para cima até que todo o meu abdômen estivesse exposto e não me restasse escolha a não ser tirá-la por completo.
Guiando-me para a cama, primeiro sentei, porém acabei me deitando visto que se inclinou sobre mim e subiu no móvel também.
Descendo a boca para meu queixo, pescoço e colo, senti seus dedos abaixando as alças do meu sutiã e, em seguida, abri-lo devagar, deixando, pouco a pouco, meus seios à mostra. Sem querer, quase me cobri, pois era a primeira vez que alguém me via com tão pouca roupa e de luz acesa. Todavia, me forcei a ficar ali, sob seu olhar atento, à mercê de seus afagos.
Senti-la me tocando era melhor do que havia imaginado. A boca quente cobria cada pequeno pedaço exposto do meu tronco, fazendo-me suspirar e quase implorar por mais.
Como se me dividisse por setores e cuidasse de cada parte de mim individualmente, foi descendo as mãos e os lábios até chegar ao cós da minha calça, a qual abriu com cuidado, tirando perna por perna sem pressa.
Beijando meu ventre, deslizou seus dedos traiçoeiramente para o meio das minhas pernas, passando-os pela minha intimidade, indo e vindo, como uma onda que quebra na beira da praia e arrasta tudo que estiver por baixo de volta ao mar.
Permanentemente arrepiada, calafrios percorriam minha espinha diversas vezes por minuto enquanto que meu couro cabeludo formigava. Minha garganta só queria conseguir formular a palavra “mais”, entretanto, tudo o que conseguia eram baixos ruídos de prazer em resposta a todos os seus estímulos.
Com um pouco mais de esforço, tendo que se levantar, tirou minha calcinha e aproveitou para se livrar de tudo que estava vestindo da cintura para baixo.
Voltando à posição inicial sobre a cama e perto do meu ventre, fui tomada pela surpresa, apertando a roupa de cama entre meus dedos ao sentir sua língua se arrastando sobre meu clitóris. Como se já não tivéssemos mais tempo a perder, foi, literalmente, direto ao ponto, me fazendo arfar de prazer a cada nova carícia.
Se no início meu maior medo era não saber o que fazer, naquele instante, nada daquilo importava mais, visto que já não tinha mais nenhum controle sobre meu próprio corpo. Era completamente sua e não havia nada que pudesse fazer para mudar isso.
Deslizando dedos para dentro de mim, combinou os movimentos de vai e vem com a sucção e as lambidas, me enlouquecendo a cada segundo. Queria gritar, queria pressioná-la ainda mais contra mim, ao mesmo tempo que os espasmos em meu corpo me faziam involuntariamente afastá-la. Tudo estava desconexo, não havia mais sentido em nada do que fizesse ou dissesse, tanto que minhas palavras eram meros grunhidos.
Ajoelhada sobre a cama, aproximou-se de mim, inclinando o tronco sobre o meu só para alcançar meus lábios de novo. Sempre que me beijava soava como se fosse a primeira vez, como se não tivéssemos feito aquilo uma dezena de vezes só naquela noite.
Ajeitando-se, emaranhou nossos corpos, encostando nossas intimidades uma na outra, esfregando-as. Segurando minha perna, investia contra mim em busca do próprio deleite. Em resposta, eu só gemia, cada vez mais alto, embriagada de prazer.
Pondo as mãos em sua cintura, também comecei a me mexer, senti-la deslizar úmida, calorosa.
Como duas desesperadas, nos movíamos mais e mais rápido, quase gemendo em uníssono, praticamente suando de satisfação.
Quando pensei que talvez não iria muito mais longe, gozei. Com espasmos um pouco violentos e dedos dos pés totalmente comprimidos, ainda tentei continuar até que gozasse também, o que não durou por muito mais tempo.
Vendo-a deitar sobre minha barriga, se aninhando a mim, comecei a fazer um cafuné em sua cabeça enquanto minha respiração se normalizava.
― Assim acho que até consigo entender quem é viciado em sexo. ― Riu.
― Você nunca teve vontade antes ou só não rolou?
― Não rolou mesmo. Com homem, não tinha nem como rolar. Com mulher… bom, cheguei perto de fazer com poucas e a maioria riu quando contei que ainda era virgem.
― Que coisa boba. Até parece que também não tiveram uma primeira vez.
― Nunca me importei muito de ainda não ter acontecido. Em algum momento ia acontecer, né? ― Assentiu. ― ? ― Apoiou o queixo na minha barriga para me olhar. ― Me desculpa por ter fugido. Foi muito imbecil da minha parte.
― Já passou.
― A verdade é que… me assustei com o que eu senti. Com o que venho sentindo. No começo, não queria nem tentar nada porque achava que você não gostava de mulher.
― O que te fez pensar isso? ― Franziu a testa.
― Você tem um filho, então, pensei que… ― Não completei a frase. Nossa, mas você é lenta mesmo, né?
― Não que isso signifique muito, né? Eu gosto dos dois e, mesmo que não gostasse, tenho algumas amigas lésbicas que têm filhos biológicos, seja por inseminação ou por… meios naturais.
― É, pouco inteligente da minha parte deduzir o que quer que seja sobre qualquer pessoa sem antes perguntar.
― Quem achou que você não gostasse mulher fui eu. Então, acho que estamos quites, certo? ― Sorriu.
― É, estamos.
― Acho que meu maior medo era que ficasse um clima estranho entre nós.
― Faria de tudo para que não ficasse, porque… eu queria tanto de ver de novo ― assumi, timidamente.
― E agora? Você ainda quer continuar me vendo?
― Não há nada que eu queira mais. ― Trocamos um meio sorriso.
Mesmo depois de ter quebrado nosso contato visual para se deitar novamente, ainda assim, me sentia desperta para vida, conseguia ver explicitamente espelhada em suas faces a pessoa que eu era, que sempre fui, mas sempre tive medo.
Em um futuro distante, por mais que pudesse não estar mais em minha vida, me lembraria dela eternamente.
tinha sido o meu florescer para o amor. Nada seria capaz de apagar isso.




FIM?



Nota da autora: Ain, como eu amo essa músicaaaa!!! A verdade é que essa história nem tinha sido planejada pra essa música, mas casou tão bem que agora nem consigo ver ela de outro jeito rs
Aliás, pra quem não sabe, Ayla, a mulher mais bonita que a pp já viu na vida, é pp de uma long, chamada Felix culpa, quem quiser ler, vai estar linkada aqui embaixo.
Pra quem leu seguindo a ordem do álbum, vamo dale que ainda falta mais uma música. Se você começou por essa, vamo dale pra ler todas, né?
Até a próxima, gente ;*


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