Fanfic finalizada.

Capítulo Único

— Era uma vez um tocador de fitas que vivia em uma loja cheia de antiguidades. Ele se achava o máximo porque olhem só para ele! Cheio de botões que podiam fazer as fitas tocarem, retrocederem, pausarem e na verdade ele não era um tocador qualquer. Ele podia gravar coisas também! Nenhum outro artigo daquele lugar possuía tantas qualidades! O tocador vivia se gabando por aí o quanto ele era chique e se enchia de pompa toda vez que o dono da loja colocava algo para ele tocar. Um belo dia, chegou um tal de MP3 e aí foi o maior reboliço. Ele só sabia falar do quanto o tocador estava fora de moda e que agora era a era dele naquele lugar. Ele não precisava de fita nenhuma para tocar diversas músicas porque ele mesmo já tinha uma memória cheia delas. O tocador se sentiu ultrajado. Quem deixou ele ter tamanha pompa? “Vou te dar umas belas porradas um dia desses”, o tocador dizia. Os outros artigos não viam mais sossego e já não suportavam mais as discussões e aquele loop eterno entre o tocador e o MP3. Até que surgiu um terceiro elemento: o cartão de memória. Muito menor, ele permitia que milhares de músicas tocassem no celular do seu dono! “Vocês não são de nada!” Era o que o cartão repetia. Cansado e com as ancas doendo de tanto se estressar, a velha vinheta resolveu se meter e soltar, com seu ar cansado. “Vocês se deram conta de onde vocês estão? Aqui nessa loja ninguém vale mais do que ninguém. Em vez de perder tempo discutindo, vocês deveriam tocar todas as belas canções que guardam em suas memórias”. Moral da história: viver sempre tentando ser melhor do que o outro não leva ninguém a lugar algum. Reconheça a igualdade e a riqueza de espírito será o maior presente de todos.

Olhei do tablet para as duas meninas adormecidas em seus berços e fiz uma careta desgostosa.
Aquilo tinha ficado uma bela porcaria.
Suspirei, me aproximando de cada uma delas e deixando um beijo em suas testas antes de diminuir a luz do quarto e sair dele sem fechar a porta. Precisava manter assim para o caso de escutar se alguma delas chorasse. Existia a tal da babá eletrônica, mas eu não confiava cem por cento. Vai que não funcionava?
Entrei no meu quarto, passando a mão por meus cabelos, me sentindo exausto. Repeti a mim mesmo que eu não deveria reclamar de nada, mas estava sendo difícil porque a última semana tinha sido bem complicada.
Sendo sincero, os últimos meses estavam sendo dessa forma.
Criar duas meninas de um pouco mais de um ano sozinho não era uma tarefa fácil. Dar mamadeira e fralda era a parte mais tranquila comparada com as cólicas malucas ou as febres repentinas. Havia dias em que eu sentia que ficaria louco.
A ideia de me mudar para o outro lado da cidade era realmente o auge da minha insanidade. Eu procurava fugir completamente de todas as lembranças dolorosas, mesmo que o rostinho de minhas duas filhas ainda as trouxessem, mas o estresse havia sido tanto que eu implorava para o tiro não ter saído pela culatra ou eu me odiaria pelo resto da vida.
Olhei para minha cama, tentado demais a me jogar sobre ela, mas eu ainda precisava tomar banho, então fiz uma careta e me arrastei até o banheiro.
Demorei mais do que o planejado no chuveiro, ficando tão relaxado lá que eu quase acabei adormecendo. Na verdade, eu devo ter ficado uns bons minutos com os olhos fechados e a testa encostada no vidro do box. Certeza que cochilei ali.
Vestindo apenas um samba canção confortável eu fui até a cozinha achar alguma coisa para comer e de lá fui pra sala com um sanduíche de pasta de amendoim. Eu não fazia ideia de qual havia sido a última vez em que jantei de verdade desde que... Tudo aconteceu.
Peguei o notebook e o posicionei no meu colo de forma teimosa. Eu estava exausto e provavelmente ia capotar nas primeiras frases, mas eu precisava escrever alguma coisa. Aquele conto tinha sido uma completa vergonha. De onde eu tinha tirado tanta merda?
Bufei, terminando de comer e ainda sentindo fome, mas me recusei a ir buscar outro sanduíche, eu tinha coisa mais importante pra fazer do que me alimentar.
Fiquei olhando para a tela com o documento em branco no editor e quis gritar de frustração pela ausência de palavras. Não era possível. Me recusava a ter um bloqueio criativo a essa altura do campeonato. Se eu não redigisse uma peça, logo poderia dizer adeus à minha carreira e às minhas duas filhas. Duvidava que o serviço social deixasse duas crianças viverem com um pai fracassado.
Céus, eu precisava dar um jeito na minha vida. Eu amava minhas meninas mais do que tudo no mundo, mas as coisas não estavam funcionando daquela forma.
Durante o dia, eu me dedicava inteiramente a cuidar delas e depois, quando elas dormiam e eu tinha um pouco de sossego, eu tentava trabalhar.
Pessoas normais contratam babás, .
Era o mais óbvio a se fazer, mas de início eu me recusei a isso justamente porque eu não precisava sair para trabalhar. Ficava sempre em casa, por que eu ia arcar com mais aquele gasto?
— Não tem jeito — me conformei e aí em vez de eu escrever minha nova peça, fui atrás de publicar que estava contratando uma babá.

~//~


Ao contrário do que eu imaginava, não era fácil assim contratar alguém pra cuidar das minhas filhas.
No decorrer da primeira semana, fui contatado por todo o tipo de pessoas e por mais confiáveis que algumas delas parecessem ser, eu não tinha sentido ainda que estava diante da pessoa certa. Talvez fosse idiotice minha pensar dessa forma, mas eu jamais me sentiria completamente tranquilo se fosse o contrário.
A peça continuava do mesmo jeito de antes. Em algum lugar obscuro da minha mente, tão obscuro que nem eu conseguia encontrá-la, mas eu não desistiria. Continuaria insistindo até a inspiração bater. Nunca fui de largar as coisas sem lutar.
No entanto, a batalha em busca da babá perfeita havia se encerrado por mais um dia e depois que coloquei as meninas para dormir fui seguir a mesma rotina de tomar banho e engolir alguma coisa enquanto tentava escrever.
Tinha acabado de chegar à cozinha e abrir a geladeira, caçando qualquer coisa que não fosse pão, quando o som da campainha ecoou pela casa.
Fechei a geladeira com o cenho franzido e dei uma olhada no relógio de parede, estranhando receber visitas às nove da noite.
Talvez fosse algum de meus amigos procurando lugar pra beber cerveja e jogar conversa fora. Eu esperava que tivessem trazido. Cerveja era a última coisa que eu pensava em comprar quando ia ao supermercado.
Abri a porta sem nem espiar o olho mágico e aí eu engoli as palavras já que eu estava pronto pra soltar um “E aí, otário. Resolveu dar as caras?”
Obviamente, não era nenhum de meus amigos, eu continuava abandonado na sarjeta por eles, porém não deu nem pra ficar pensando muito nisso.
— Boa noite, vizinho. Espero que não esteja te incomodando, estou? — pisquei meus olhos na direção da moça, que deveria ser uns bons anos mais nova do que eu e era bonita de um jeito que quase me deixou de boca aberta. Eu só não fiquei assim porque tinha um fiapinho de consciência me segurando.
— Oi. Não tem problema, não. Posso te ajudar com alguma coisa? — questionei, gritando para minha mente um tanto maliciosa não pensar nenhuma merda com essa história de ajudar a vizinha.
Como é que eu não tinha visto ela antes mesmo?
— Na verdade, eu é que vim te ajudar — as bochechas dela adquiriram um tom avermelhado. — Percebi que você se mudou pra cá tem pouco tempo. Eu moro na casa ao lado, sabe — apontou a casa amarela ao lado da minha. — Pensei em trazer alguma coisa decente pra você comer.
Arregalei meus olhos pra moça, sentindo que eu mesmo tinha ficado sem jeito ao maliciar com o que ela falava, até perceber que nas mãos dela tinha um prato coberto por papel alumínio.
— Ah! Você trouxe comida! — meu tom aliviado foi impossível de disfarçar e ela me olhou meio esquisito, caindo na risada.
— Pensou que fosse o quê? — ela perguntou, me fazendo rir junto. — Vizinho, você é até bonito, sabe. Mas eu não costumo bater nas portas dos outros oferecendo essas coisas não.
Balancei a cabeça em negação, tentando me desculpar por aquilo, mas acabei foi rindo mais e aí eu não sei quanto tempo nós ficamos só nessa de dar risada.
— Foi mal. Eu cansado não penso em nada que preste — falei, assim que recuperei meu fôlego e ela fez um gesto que queria dizer que não tinha problema. — Você quer entrar? — o mal-educado tinha esquecido de convidar.
— Não quero te incomodar, não. Só vim te trazer um pouco da lasanha que eu fiz. Modéstia à parte, eu sou uma boa cozinheira — abriu um sorriso que eu acabei observando por tempo demais.
— Você vai para o céu. Sobreviver de sanduíches não é lá um bom negócio — aceitei, pegando o prato quando ela o estendeu para mim. — Obrigado mesmo...
. E não foi nada, de verdade. Vai que você nem gosta da minha lasanha.
— Sinceramente, eu duvido, já que você até jogou a modéstia pro auto. — brinquei com ela. — . É um prazer te conhecer, . Já que você não quer entrar, posso te devolver o prato amanhã?
— Claro que pode, . E acredite, o prazer é meu — definitivamente eu havia gostado do jeito que aquela garota sorria. — Vou te deixar comer em paz então. Tenha uma boa noite.
— Obrigado, vizinha. Você também.
Fiquei a observando enquanto se afastava o bastante para que eu fechasse a porta. Ela ainda me deu mais um tchauzinho quase tímido antes de sumir de meus olhos.
Levei o prato de lasanha até a cozinha, peguei garfo e faca na gaveta e depois de desembrulhar coloquei um pedaço na boca. Apesar de termos ficado conversando um pouco na porta, a lasanha ainda estava quentinha, mas eu não ligaria nem um pouco se estivesse gelada.
Aquilo estava tão bom que eu poderia comer um caminhão daquela lasanha e não iria nem enjoar. Abençoada seja !
Comi de lamber os beiços e fiquei tão satisfeito que naquela noite eu me sentei de bom humor na frente do computador. Não havia sido produtiva já que o bloqueio parecia entranhado em mim, mas pelo menos eu fui dormir um pouco menos frustrado.

~//~


No dia seguinte, aproveitei o dia de sol para deixar as meninas brincando sob uma colcha no jardim enquanto me sentei em uma cadeira, com o notebook em meu colo. Era mais uma tentativa de trazer a inspiração. Aquilo já havia funcionado uma vez, então não custava tentar novamente, certo?
Olhei para Krista e abri um sorriso ao ver que a pequena me encarava.
— O que foi, querida? Está com sede? — questionei, adivinhando aquilo pelo seu olhar, já que ela ainda não falava muitas coisas além de mama ou papa.
— Papa — escutei sua resposta, o que me fez rir baixinho ao levar a mamadeira com água até sua boca. Ela bebeu todo o conteúdo e eu até arregalei meus olhos de surpresa.
— Isso é o que eu chamo de sede, uh? — me voltei para Lizzie e resolvi oferecer para ela também, mas estava tão distraída mordendo um Scooby-Doo de borracha que eu dei de ombros, rindo e não insistindo.
Voltei a sentar em minha cadeira e fiquei por um tempo observando minhas filhas e me sentindo sortudo por tê-las comigo, apesar de tudo.
Não era hora de pensar na minha separação nem em nada do gênero. Eu precisava me concentrar na peça que nunca saía e...
Meus olhos pousaram na casa ao lado e pra ser sincero eu nunca tinha reparado em nada ao redor da minha casa. Não que eu fosse alguém completamente perdido, que não prestava atenção em nada, eu só estava sempre ocupado demais para dar a devida atenção à minha vizinhança.
Balancei minha cabeça em negação. Eu não tinha que dar atenção mesmo. Tinha duas crianças pra cuidar e uma peça pra escrever. Não podia me distrair com nada, por mais que a vizinha fosse realmente bonita e...
Droga, . Ela é nova demais pra você. Tome vergonha na cara!
Olhei para o documento em branco em meu computador e comecei a digitar.
Não olhar para a minha vizinha.
Não devo sequer virar a cabeça na direção da casa dela.
Pensar nela, nem pensar!
E nada de lasanhas. Esqueça as lasanhas!

— As lasanhas serão um problema — murmurei, comigo mesmo, o que na verdade era uma mentira descarada.
— Não me diga que achou a minha ruim — levei um susto ao ouvir a voz dela tão próxima e fechei o laptop rapidamente, olhando em volta e a encontrando em seu lado do jardim.
? — Não, . O bicho papão!
— Em carne e osso — riu de minha cara. Eu era um bobalhão mesmo.
— Foi mal. Eu não te vi aí — meu rosto se contorceu em uma careta.
— Isso eu percebi — ela soltou, com a voz ainda risonha, então caminhou em minha direção. — O que você estava fazendo aí que sua vizinha não pode ver? — estreitou os olhos para mim, desconfiada.
— Oh, não é nada demais não. Só to tentando escrever na minha peça — dei de ombros. Se ela me pedisse pra ler é que o negócio ia ficar mais esquisito.
— Uma peça? Não sabia que você escrevia, vizinho! — ficou admirada. — Posso ler?
Ih, fodeu. Da próxima vez eu tenho que enfiar na cabeça que pensamentos atraem as coisas. Eu não estava pensando na dita cuja quando ela brotou do nada?
— Não! — exclamei, nervoso. Sem raciocinar direito.
— Uou! Não está mais aqui quem pediu! — levantou as duas mãos em rendição e me senti um tantinho culpado.
— Me desculpe, . Eu ando no maior perrengue pra conseguir escrever, então provavelmente está uma bela porcaria. Fazemos assim, quando eu tiver ao menos o primeiro ato pronto, eu deixo você ler. O que acha? — propus a ela, que de repente abriu um sorriso de canto.
— E com quantas lasanhas eu devo pagar por isso? — aquilo me fez retribuir o sorriso dela e reprimir o pensamento de que não precisava ser só em lasanha.
Merda, eu deveria ir a um terapeuta ou alguma coisa do tipo.
— Eu diria que uma por página tá valendo — pisquei para , que soltou uma risada tão gostosa que foi impossível não a acompanhar.
No entanto, nós dois fomos pegos de surpresa ao ouvir uma risada vinda de Lizzie.
Meus olhos brilharam na direção de minha filha e soltou uma exclamação.
— São as suas filhas? Elas são lindas! — se aproximou das meninas, agachando ao lado de Lizzie. — Ei, menininha! Que gargalhada mais deliciosa você tem!
— São minhas filhas sim. Essa é a Lizzie e aquela é a Krista — indiquei a gêmea ao lado. — E é claro que elas são lindas, puxaram ao pai! — soltei, todo convencido e vi ela negar com a cabeça.
— Eu poderia discordar só de birra com você, . Mas não vou. Elas realmente são a sua cara — e por um segundo, eu até fiquei meio desconcertado por ela estar me elogiando assim, só que bobo eu não sou, não ia ficar olhando para ela com cara de tacho.
— Você também é linda, vizinha. E cozinha muito bem, já que estamos trocando elogios — percebi as bochechas dela ficarem levemente coradas e gostei disso, era como se ressaltasse ainda mais o que eu havia acabado de dizer.
— Obrigada! Eu falei pra você que sou boa cozinheira — foi a vez de ela piscar pra mim.
Não demorou nada e as meninas estavam super entretidas com . Krista mostrava um brinquedo atrás do outro, enquanto Lizzie estava ocupada rindo das caretas que ela fazia.
— Impressionante como elas gostaram de você. Minha ex sogra sempre faz Krista chorar — comentei, enquanto as observava, percebendo tarde demais que eu tinha acabado de tocar em minha própria ferida sem saber se estava pronto para falar sobre o assunto com . Vamos lá, nós mal tínhamos nos conhecido!
— Eu gosto de crianças, . Creio que elas sintam isso, porque em qualquer lugar que as tenha, fico rodeada delas — talvez tenha ficado estampado em minha cara que eu havia tocado em um tópico delicado.
— Será que isso é só com as crianças? Não imagino como alguém não gostaria de você, — falei, sincero.
— Bom, eu não gosto de todo mundo, então talvez meu ódio seja recíproco no caso de algumas pessoas — ela riu e eu fiz uma cara de surpresa.
— Então tem inimigos? Quem diria!
— Não são bem inimigos, ! Eu não sou nenhuma personagem de livro. A não ser que queira me tornar uma, aí eu deixo, mas vou cobrar cachê — brincou, me fazendo sorrir.
— A vizinha da lasanha. Tem cheiro de sucesso nisso aí — entrei na dela e nós dois rimos por alguns minutos. — Mas e você, . O que faz da vida além de cozinhar? — resolvi perguntar, já que eu havia desistido de escrever por hora.
— Sou estudante de moda. Estou no penúltimo ano da faculdade, esperando sair daqui direto para New York ou algum lugar onde vou trabalhar pra uma chefe megera no maior estilo O Diabo Veste Prada. Nas horas vagas, eu morro entediada, mas agora que tenho vizinho posso vir incomodar — neguei com a cabeça ao ouvir a última parte.
— Se toda vez que você vir, as meninas ficarem entretidas desse jeito, pode aparecer sempre — no fundo, não era bem por causa das meninas que eu queria ela ali, mas tudo bem.
— Isso me faz lembrar do real motivo pelo qual eu saí pela porta de casa — ela arregalou seus olhos. — Vocês são uma distração e tanto, viu? — acusou, me fazendo dar risada.
— Qual era o motivo, senhorita ? Nós não fizemos nada, hein! Estávamos aqui aproveitando o dia, você que veio toda enxerida — soltei, em tom de brincadeira, o que fez ela fazer uma cara indignada e abrir a boca para retrucar, porém grunhindo em vez disso.
— Não me distraia de novo, ! — ralhou comigo, o que acabou fazendo as meninas rirem. — Nem vocês! — ela olhou pras duas, mas acabou foi sorrindo no final.
... — comecei, porque pelo jeito ela ia se perder de novo.
— Eu vi seu anúncio, — franzi o cenho, em confusão. — Aquele da babá.
— Claro. Esse anúncio — ainda não entendi onde ela queria chegar, distraído porque de repente ela tinha ficado empolgada de um jeito bem bonito de se ver.
— Acontece que eu tenho bastante tempo livre, estudo só de manhã e como você viu, eu levo jeito com crianças. As meninas também gostaram de mim, então...
— Você? Ser a babá delas? — interrompi a garota e pela cara dela minha surpresa tinha soado de modo errado, porque a expressão dela murchou.
— Olha, eu sei que não sou nenhuma profissional na área e tudo mais, então entendo totalmente se você não quiser. Só achei que seria uma ideia legal. Imagino que você precise de alguém cuidando das meninas pra trabalhar na sua peça e não vou atrapalhar, eu juro — ela tagarelava de um jeito que deixou bem explícito que estava nervosa e tinha pensado algumas vezes no que diria pra mim.
Não é que eu não quisesse em minha casa todos os dias, o problema era exatamente ser o contrário. O pouco que já havia conversado com a garota estava me deixando tolamente encantado por ela. E se eu estragasse tudo?
Duvido que minhas meninas suportariam bem se fizéssemos mais uma mudança e eu podia dizer adeus de vez à minha inspiração e carreira de escritor.
Eu tinha uma tendência ao extremo as vezes. Só as vezes.
— Escuta, — respirei fundo, vendo o olhar ansioso dela para mim. — Te agradeço de coração você se candidatar a babá das meninas e você morar aqui do lado seria uma mão na roda, de verdade, mas não posso. Eu não tenho como te pagar muito. De fato, eu não tenho como pagar muito pra nenhuma babá, então estou meio que desistindo dessa ideia. Vou dar um jeito de me virar com Krista e Lizzie até conseguir vaga em uma escolinha ou algo assim.
Alguns segundos de silêncio seguiram quando ela desviou seus olhos de mim para as duas crianças, então ela assentiu e voltou a olhar pra mim, esboçando um sorriso simples.
— Tudo bem, . Não tem problema — ela colocou Lizzie, que estava em seu colo, de volta sobre a colcha e então se levantou. — Nós mal nos conhecemos, então eu super te entendo e... Bom, a minha oferta vai continuar de pé, ok? Você sabe onde eu moro e eu não preciso realmente do dinheiro, já que meus pais tão me ajudando com as despesas até eu me formar. Se você mudar de ideia, só bater à minha porta, certo?
Então ela lançou mais um sorriso doce em direção às minhas filhas, voltando-se para mim e se aproximando, me deixando ainda mais desconcertado quando me beijou a bochecha direita.
— Só bater — repetiu, então se afastou e eu fiquei ali a encarando voltar pra sua casa completamente perdido.
Eu tinha feito o certo em não aceitar aquilo, não tinha? Tê-la tão perto de mim ia mexer comigo, eu estava sentindo isso e não podia permitir, por mais que ela simplesmente parecesse ser a garota perfeita.
Então por que de repente eu estava péssimo?

~//~


Naquela noite as meninas haviam dormido quase instantaneamente. Tive a ideia burra de levá-las para o supermercado comigo e se não fosse por uma senhora gentil, que me ajudou a olhá-las enquanto eu passava as compras, com toda certeza eu teria me jogado no chão e começado a chorar junto com elas, sem mentira.
Toda vez que eu encarava seus rostos serenos enquanto dormiam, um misto de sentimentos tomava conta de mim. Eu me sentia orgulhoso por elas serem lindas e estarem crescendo saudáveis apesar de tudo, mas ao mesmo tempo tinha medo de não conseguir ser um bom pai para elas da mesma forma que eu havia falhado como marido.
Um suspiro escapou de meus lábios e minhas mãos se fecharam em punhos sobre a grade lateral do berço de Lizzie. Elas tinham muitos traços meus, mas também tinham de Alexia.
E sempre que Alexia surgia em meus pensamentos eu sentia como se fosse morrer.
— Eu só quero que vocês cresçam bem — murmurei, para minhas meninas e apertei meus lábios, mordendo-os com um pouco de força.
Me afastei do berço, dando uma última checada em Krista antes de ajustar a iluminação do quarto de forma que acreditava ser confortável para elas, então saí do cômodo, deixando a porta aberta para que as ouvisse.
Quando fui fazer minha refeição, fiquei encarando o balcão da cozinha, onde eu havia deixado o prato em que havia trazido a lasanha.
Fazia uns quatro dias que ela se ofereceu para cuidar das crianças e eu tinha sido um babaca e recusado. Desde então, eu a havia visto apenas uma vez e não houve nenhuma mudança em seu comportamento comigo, mas eu me sentia esquisito, como se lhe devesse um pedido de desculpas.
Subitamente, resolvi ceder ao impulso que tanto me incomodava.
Eu não podia simplesmente sair de casa e deixar as crianças sozinhas, então eu fui até a janela da sala e fiquei olhando que nem um idiota na direção da casa dela, notando que dava de encontro com a janela de sua cozinha.
Passaram-se vários minutos e nada. Talvez já tivesse ido dormir. Os jovens de hoje em dia costumam madrugar acordados, seja estudando ou fazendo farra, mas talvez fosse diferente nesse quesito. Eu não tinha como saber, já que havia resolvido afastá-la de mim como o próprio ogro daquele desenho, o Shrek.
É, pelo jeito que eu andava me comportando, poderia muito bem ser o Shrek.
Um bem idoso, só pelo “jovens de hoje em dia”.
Me dei por vencido, resolvendo que no dia seguinte eu iria até a casa dela levando as meninas comigo. Eu realmente não podia deixar as coisas como estavam.
Então uma sombra na janela de minha vizinha chamou minha atenção e eu abri um sorrisão ao perceber que era ela em sua cozinha.
nem notou minha presença a observando de longe e caminhou até a geladeira, abrindo-a e passando uns segundos apenas olhando para o seu interior, provavelmente pensando no que pegaria dali.
Foi impossível não notar o short minúsculo que ela estava vestindo junto à camiseta regata colada ao corpo em um tom verde clarinho. Sei lá eu se era verde claro ou turquesa, eu nunca sabia diferenciar essas coisas, e pra ser sincero eu nem estava dando muita atenção à blusa de porque suas pernas eram mais interessantes.
E de Shrek eu subitamente passei a Joe, o stalker, já que até me aproximei mais um pouco da minha janela e me apoiei sobre ela. Minha razão estava até recriminando minha atitude, porque se me visse com certeza eu iria assustá-la, mas quem disse que eu estava lhe ouvindo?
fechou a porta da geladeira sem pegar um item sequer e isso me fez soltar um risinho baixo. Aquele era o tipo de coisa que eu vivia fazendo, até porque a minha se resumia a papinha de criança e frutas.
— Vai ficar me stalkeando por muito tempo, Sr. ? — se virou em minha direção e eu ajeitei minha postura, em dúvida se ela tinha acabado de me ver ou... — É, eu vi você aí desde o início. Estava me perguntando se você queria me dizer alguma coisa ou se ia continuar olhando com essa cara de maluco.
Talvez eu tenha ficado desconcertado por tempo demais, porque um sorriso travesso se formou nos lábios dela, que se aproximou da própria janela, apoiando-se sobre ela.
— E então? — insistiu, contendo o riso.
— Eu... — Droga, ! Pare de agir como adolescente! — Eu queria falar com você, . Na verdade, ainda quero, mas não podia arriscar deixar as crianças sozinhas a essa hora, o que me levou até essa janela — expliquei.
— Já ouviu falar em telefone, ? Ou redes sociais? — ela estava claramente se divertindo com a minha cara. Estreitei meus olhos para ela.
— Quer saber? Deixa pra lá. Você está muito engraçadinha — soltei, em tom de birra. — Boa noite, — até me despedi e virei pra seguir até meu quarto.
— Calma aí, vizinho. Você precisa relaxar um pouquinho mais, sabe? — olhei na direção dela, que sorriu pra mim e eu feito um idiota tornei a me virar pra ela.
— Tá certo. Eu só queria saber se aquela sua proposta ainda está de pé — fui direto ao ponto, já que meu cérebro ficava uma verdadeira bagunça com ela por perto. E eu ainda queria ela de babá, eu só podia ser pirado.
— Proposta? — questionou, franzindo o cenho em confusão.
— Sim. A de tomar conta de Krista e Lizzie — respondi.
— Ah, é claro! Sim, super de pé, por quê? Resolveu aceitar? — e de repente, ela estava totalmente empolgada como dias atrás.
— Resolvi, mas primeiro vamos deixar claro uma coisa. Não quero que em nenhum momento isso atrapalhe a sua vida acadêmica, tudo bem? Se você decidir que precisa se dedicar totalmente a faculdade...
— Eu te aviso, . Pelos deuses, relaxa! Eu vou amar cuidar das meninas para você! Quando eu posso começar? — eu não entendia direito o motivo de ela estar tão animada, mas no fundo eu também estava com a ideia de tê-la ali por perto todos os dias.
— Se achar que tudo bem, amanhã mesmo.
— Ótimo. Então até amanhã, Sr. — piscou para mim.
— Até amanhã, — lhe lancei um sorriso, sentindo que mexia comigo o jeito que ela me chamava de Sr. .
me sorriu de volta de uma forma doce, porém travessa ao mesmo tempo, eu não sabia nem como isso era possível, então se afastou, saindo da cozinha.
Eu fiquei mais um tempo ainda olhando pra janela, refletindo sobre o que havia acabado de fazer.
Aquilo ia dar merda.

~//~


— Pare de rir, ! — resmungou, mas aquela era uma tarefa praticamente impossível naquele momento, visto que ela estava cheia de sopa no rosto.
Acontece que ela havia esquecido do quanto Krista gostava de brincar com a comida, muito mais do que comer, aparentemente. Um segundo de distração, quando ela soltou a colher para servir um pouco de água à Lizzie, e a danada resolveu tocar bateria com a sopa. O resultado já se sabe.
Eu estava a poucos metros, assistindo à cena porque tinha resolvido dar uma pequena pausa na escrita. Havia percebido que elas eram essenciais para que as coisas fluíssem.
Fazia alguns meses desde que eu havia aceitado como minha babá. As meninas eram doidas por ela e a companhia da garota se mostrou agradável num ponto que se acontecia de ela precisar se ausentar por ter algo da faculdade pra fazer, parecia que um vazio tinha tomado conta do ambiente.
Eu sinceramente não sabia se isso era bom ou ruim, mas eu estava feliz e as meninas estavam felizes, isso era o que importava.
Senti algo morno dar em cheio na minha cara e levei um susto, só me dando conta segundos depois de que também havia levado tiro de sopa.
— Mas o que... — passei a mão perto do olho, limpando enquanto me perguntava como que Krista tinha feito aquilo, mas obviamente não havia sido ela.
— Eu te mandei parar de rir! — abri a boca em um perfeito O quando vi com a colher na mão.
— Não, garota! Você não fez isso! — estreitei meus olhos pra ela, me aproximando com uma pose ameaçadora.
— Ah, mas eu fiz sim! E você vai fazer o que a respeito? — ela me provocou e tão rápido quanto a sopa tinha voado em mim foi a minha resposta para ela.
tinha deixado uma caixa de ovos em cima da bancada da cozinha. E foi dali que eu tirei minha munição.
— Meu Deus! Você tá maluco? — ela gritou, indignada quando o ovo atingiu seu ombro esquerdo e eu gargalhei bem alto.
— Se ferrou! — falei, pegando mais um ovo pra jogar nela, mas aí eu recebi mais sopa na cabeça, mais especificamente na orelha. — Se eu ficar surdo a culpa vai ser tua, mulher!
— E eu vou ficar toda roxa! Quebrar ovo dói, tá bom? — só faltava ela me dar língua ao dizer aquilo.
— Dói? — questionei, recebendo um aceno positivo como resposta. — Eu não senti nada. — dei de ombros.
— Ah é? — soltou ela, indignada. — Pois agora você vai sentir.
Quando correu na minha direção, eu podia jurar que ela ia me bater, mas em vez disso ela pegou uns dois ovos da caixa e quebrou os dois bem no alto da minha cabeça, não fazendo questão alguma de ser delicada.
— Você não tem medo da morte, garota! — arregalei meus olhos, e enquanto eu conseguia ouvir minhas risadas ecoando junto com as dela e das meninas, eu nem sabia como de repente tinha até farinha voando para todos os lados.
Minhas bochechas e minha barriga já estavam doendo de tanto rir, mas eu não ligaria se continuássemos daquela forma por horas.
E, parando para pensar, não havia um dia sequer em que eu não tivesse gargalhado ao menos uma vez desde que estava presente.
Não podia negar, aquela garota me fazia bem de um jeito que eu não me sentia desde que... Bem, desde que Alexia foi embora.
Caramba, era tão bom não sentir todas aquelas coisas péssimas ao lembrar dela.
— Olhe só para essa bagunça! Vamos ficar a noite toda para limpar isso, Sr. disse, olhando ao nosso redor quando nos demos por satisfeitos e paramos com a guerra de comida.
— Eu sou um péssimo pai. Aposto que no primeiro dia da escola essas duas vão sair jogando comida nas professoras! — não era mentira, eu já estava imaginando o estrago.
— Quem foi que colocou isso na sua cabeça? — notei o tom indignado dela e isso me chamou atenção para seu rosto, que eu encarei com curiosidade. — Escute bem, , porque eu não vou repetir. Você não é um péssimo pai. Você é maravilhoso e não faz ideia de quanto suas meninas são sortudas por ter alguém como você por perto. Sempre presente, sempre dedicado. É lindo ver o amor que você tem por elas e tenho certeza de que para Lizzie e Krista você é o melhor pai do mundo.
Fiquei sem palavras ao ouvir tudo aquilo e permaneci encarando por incontáveis segundos, só conseguindo pensar que eu deveria ter feito algo de muito bom para merecer ter alguém como ela por perto.
Abri um sorriso torto ao perceber que tinha farinha no canto de sua bochecha e, sem pensar muito, levei uma de minhas mãos até ela, tocando-a para limpá-la. não recuou ao meu toque, apenas permaneceu me encarando, como se me instigasse a continuar com o que estivesse em minha mente.
— Obrigado, . Não faz ideia do quanto é bom ouvir isso vindo de você — e num impulso, eu continuei.
De início, meus lábios tocaram os dela sutilmente, preparados para qualquer tipo de recusa de sua parte. Na verdade, era como se eu estivesse esperando ela recuar e gritar na minha cara o quão maluco eu estava por fazer aquilo. Mas não recuou, sua reação foi exatamente o contrário. Ela permitiu que o beijo acontecesse e um suspiro satisfeito escapou de meus lábios quando minha língua tocou a sua de forma calma, explorando todas aquelas sensações novas e viciantes que aquele gesto me trazia.
Abracei-a contra meu corpo, segurando em sua cintura e deixando-a segurar em meus ombros, apertando-os com delicadeza e, porra, eu poderia beijá-la por horas, da mesma forma que poderia ficar horas apenas gargalhando com ela.
Eu só podia estar doido de vez. Mesmo sendo maior de idade, ela ainda era vários anos mais nova do que eu. O que seus pais diriam se soubessem que o vizinho tarado estava agarrando-a na cozinha de casa? E na frente das crianças!
As crianças!
Tomando um susto pelo choque de realidade, rompi o beijo e me afastei de , completamente atordoado.
— Eu... — não consegui encará-la, então dei vários passos para longe da garota. — É melhor eu dar um jeito nessa bagunça. Faço isso enquanto você as ajeita para dormir, tudo bem?
— Claro, Sr. — não notei frieza em seu tom de voz, na verdade, ela parecia tão atordoada quanto eu.
Esperei até que levasse as duas meninas dali e só então comecei a limpar a cozinha.

~//~


Pela calmaria lá em cima, eu já sabia que as crianças haviam dormido, mas ainda assim fiquei parado no alto da escada com a maior cara de babaca.
Beijá-la havia sido um erro terrível de minha parte. Não me surpreenderia em nada se ela nem quisesse mais aparecer lá em casa depois desse dia e pensar nisso fez com que eu me sentisse péssimo.
Eu sabia que aceitar tê-la como babá era uma grande burrada porque no fim das contas eu não conseguiria separar o lado profissional do interesse que havia despertado em mim.
Não fazia ideia de como agir com ela dali para frente, mas eu precisava fazer alguma coisa. Precisava ao menos lhe pedir desculpas por agir feito um imbecil. Talvez se eu fizesse isso ela reconsideraria e continuaria como babá das meninas.
Caminhei hesitante até o quarto de Krista e Lizzie, esbarrando com minha vizinha na porta.
— Opa! Foi mal, Sr. — ela se desculpou e por alguns segundos fiquei sem fala com nossa proximidade. — As meninas já estão dormindo, está bem? Lizzie deu um pouquinho mais de trabalho porque estava agitada, mas foi só eu começar a cantar que ela sossegou.
Por que o sorriso dela tinha que ser tão bonito? E por que ela tinha que ser atraente daquele jeito? E engraçada, e doce...
Merda, eu precisava ter foco.
— Tudo bem, . Muito obrigado... Por tudo — retribuí seu sorriso totalmente sem jeito.
— Não precisa agradecer, não. — deu os ombros e então suspirou. — Bom, é melhor então eu ir para casa. Vou tentar dar uma olhada nas minhas anotações antes de desmaiar na cama.
— Certo — não, não estava certo! Eu precisava dizer alguma coisa!
— Boa noite, — se despediu de mim, mas ainda não se afastou.
— Boa noite, — era como se estivesse aguardando por alguma coisa, talvez uma explicação para o meu comportamento inapropriado e não pude deixar de perceber uma pequena careta tomar conta de suas feições quando ela passou por mim e foi seguindo pelo corredor.
! — chamei, enfiando a coragem goela baixo antes que eu assinasse o contrato de babaca do ano.
? — questionou, parando e me olhando.
— Eu só... — respirei fundo. — Eu só queria me desculpar contigo. Pelo que aconteceu antes, sabe. Eu não devia ter feito aquilo — era ridículo como eu estava nervoso.
Escutei um suspiro ecoar pelos lábios dela e em vez de me olhar feio me abriu um sorriso singelo.
— Não precisa se desculpar, vizinho. Se eu não quisesse aquilo também, eu teria tentado afastá-lo de mim.
Suas palavras me fizeram engolir em seco, principalmente porque uma enxurrada de emoções tomou conta de mim. E a mais significativa delas fez com que meu corpo desse uns dois passos na direção de .
— Então você também quer? — era o que ela havia acabado de me dizer, mas de alguma forma eu ainda precisava de confirmação.
— Apenas se você quiser — então percebi que ela também vinha para perto de mim até que nossos corpos estavam quase colados um ao outro. — Só...
— O quê? — questionei.
— Não fuja de mim outra vez — pediu, ao mesmo tempo em que pude sentir suas mãos se colocarem em volta de meu pescoço.
— Não acho que consigo — admiti, fazendo-a sorrir e me beijar em seguida.
Gostei que ela tivesse tomado a iniciativa, gostei tanto que agarrei sua cintura sem hesitar, retribuindo o beijo e enroscando minha língua na sua cheio de intensidade, uma completamente diferente da primeira vez.
me puxou mais para si e quando dei por conta seu corpo esbarrava contra a parede do corredor, o que permitia que eu explorasse mais do que a textura de sua cintura por baixo da blusa.
Espalmei minhas mãos na base de suas costas, então as trouxe para cima, fazendo com que o tecido deslizasse por ela até que a blusa já não estivesse mais em seu corpo e sim atirada ao chão.
Desgrudei nossos lábios para contemplar seu tronco apenas coberto pelo sutiã e a visão me fez morder a boca em aprovação. Era ainda melhor do que eu imaginava.
Senti que brincava com o cinto da minha calça e deixei que ela o tirasse de meu corpo, dando a ele o mesmo destino de sua blusa, então soltei um suspiro baixo quando ela passou a me provocar passando seus dedos pelo cós da calça.
Meus lábios desceram para seu pescoço, explorando sua pele macia e seguindo até seu colo, provocando-a ao lamber o vão entre seus seios e dando uma leve mordida em um deles por cima do sutiã. O gemido baixo que ela soltou me estimulou ainda mais e quando dei por mim já estava fartando minhas duas mãos com seus peitos, acariciando ainda por cima do tecido, porém eu queria sentir mais. Queria chupar aquelas criações divinas.
Desci as mãos até suas coxas, fazendo com que entrelaçasse suas pernas ao redor de minha cintura. Entendendo o recado, ela subiu em meu colo e segui com ela pelo resto do corredor, esbarrando em uma coisa ou outra ao sentir seus lábios me provocando ao depositar beijos em minha orelha.
Atirei-a sobre minha cama e por alguns segundos contemplei a visão de seus cabelos espalhados sobre a coberta. Aquela imagem daria uma belíssima pintura.
— Caramba, você é linda demais — a vi sorrir abertamente com meu elogio e eu retribuí, sentindo, no entanto, que o desejo por ela aumentava mais e mais.
Tratei logo de me livrar de minha blusa e das minhas calças, ficando somente de cueca e vendo ela morder a boca para mim enquanto me encarava.
— Gostoso — escutar aquilo só tinha piorado mais ainda a minha situação e eu não hesitei em ir para cima dela, beijando-a cheio de desejo enquanto minhas mãos foram explorando cada centímetro de seu corpo.
Com a ajuda de , logo suas calças também foram eliminadas e a calcinha minúscula que ela vestia estava pedindo para ser arrancada com meus dentes.
Suguei seu lábio inferior com vontade, tateando em suas costas ao procurar pelo fecho de seu sutiã e quando não o encontrei logo entendi o motivo, trazendo minha mão até a frente e aí sim o abrindo com facilidade.
— Esperto — ela murmurou, me fazendo soltar uma risada maliciosa, mas que deve ter ecoado como um gemido no final porque os peitos dela eram realmente uma das coisas mais lindas que eu já havia visto.
Só os ver, no entanto, seria um tremendo pecado e minha boca então envolveu um deles com intensidade, lambendo seu mamilo duro de tesão e arrancando vários suspiros por parte dela. Tomei seu seio em minha boca até onde consegui e o suguei com vontade, alternando a carícia até o outro e explorando cada centímetro deles, adorando ver o quanto se contorcia sob mim.
As mãos dela, no entanto, passaram a me provocar à altura, adentrando minha cueca e envolvendo meu pau com uma delas, dando início a um vai e vem tão gostoso que eu soltava grunhidos contra sua pele.
Sentia meu corpo todo se contorcer de prazer e a forma como ela também reagia a mim estava me deixando completamente louco. Eu sabia que não iria aguentar aquilo por muito tempo.
Levei uma de minhas mãos até a dela, fazendo com que parasse de me masturbar, mesmo contra minha vontade, então me livrei da cueca, passando a língua por meus lábios quando ela fez o mesmo com sua calcinha.
Encarei os olhos de depois de colocar o preservativo, tentando decifrar se havia qualquer sinal de hesitação ou recusa neles, porque eu jamais faria algo que ela não desejasse, ao que ela me respondeu com impaciência.
— Anda logo, . Me fode. Você sabe que eu quero isso tanto quanto você.
Então eu não precisava de mais nada.
Sentir meu pau adentrar sua boceta até o fim definitivamente era uma das melhores sensações que eu já havia tido. Ela era deliciosamente apertada e eu precisei de alguns segundos para me recuperar da primeira estocada antes de tirar meu pau por inteiro e voltar com um pouco mais de intensidade.
entrelaçou as pernas ao redor de minha cintura, deixando-a bem aberta pra mim e estimulando meus movimentos, que foram tomando cada vez mais velocidade a cada vez que eu sentia meu pau tocá-la bem fundo.
A fricção de nossos corpos se tornou frenética, audível e conforme eu estocava meus músculos reclamavam com o esforço repetitivo, porém nada se comparava ao prazer crescente que me atingia em cheio. Os gemidos dela em meu ouvido me deixavam louco e em resposta eu só conseguia grunhir, enroscando seus cabelos em minha mão e puxando-os, fazendo com que ela gemesse mais alto.
Num movimento rápido, fez com que nossas posições se invertessem e eu pude ter a visão perfeita dela cavalgando sobre mim, fazendo com que eu sentisse com mais intensidade ainda meu pau por inteiro em sua boceta.
Quando ela começou a rebolar sobre mim, senti que ficava completamente fora dos eixos e apertei sua cintura com força, guiando os movimentos dela, fazendo com que meu pau socasse mais fundo e mais fundo, aumentando o ritmo, cravando minhas unhas curtas em sua pele, sentindo o suor encharcar nossos corpos por completo.
Pelo tom dos gemidos de , seu orgasmo estava próximo, então eu segurei em sua cintura com mais força, fazendo com que ela parasse de rebolar para meter com mais e mais intensidade, ouvindo os gemidos dela aumentarem mais um tom e sentindo que meu corpo começava a estremecer, o prazer foi me deixando cada vez mais tonto.
O gemido prolongado dela entregou seu ápice e ela ficou meio mole sobre mim, enquanto eu continuava me movimentando, até as coisas girarem ao meu redor e o prazer ser tão absoluto que jorrou de forma absurda para fora de mim, me fazendo gemer de um jeito desesperado. Parecia que estrelas piscavam ao nosso redor. Aquelas sensações com eram completamente diferentes de tudo que eu já havia vivido.
Senti meu corpo pesar e sorri bobamente quando desabou sobre mim, aconchegando-se sob meu peito.
— Espere — pedi, fazendo com que ela levantasse novamente só para que eu me livrasse da camisinha, jogando-a no lixeiro do banheiro e voltando rapidamente para a cama, de onde ela me olhava com um sorriso radiante e um olhar sonolento.
Novamente aconchegada sobre mim, senti suas unhas deslizarem sobre meu peito em um carinho gostoso e permanecemos em silêncio por um tempo que nem sei dizer.
— Estou correndo o risco de você sair correndo assustado, mas eu quero você desde a primeira vez em que o vi — me surpreendi ao ouvir a confissão dela, sentindo meu peito se aquecer de um jeito muito insano por causa daquilo.
— Não vou mais correr, . Me senti da mesma forma quando te conheci, por isso que eu não quis aceitar sua proposta no início — já que estávamos sendo sinceros.
— Não foi uma proposta completamente inocente, para ser sincera — olhei espantado para ela, ouvindo-a rir e acabando por sorrir de novo.
— Você não faz ideia do quanto eu gosto de ouvir você rir.
— É mesmo? Por que você não me diz então? — ela instigou.
— Me dá a sensação de que eu poderia ouvi-la fazer isso a vida toda — seus olhos se fixaram nos meus e então por uns segundos ficou em silêncio, fazendo com que eu me perguntasse subitamente se não havia falado demais e a assustado. Então ela suspirou de forma contente e se aconchegou mais sobre mim.
— Eu poderia mesmo me acostumar a rir com você pela vida toda.
Acho que nem mil palavras descreveriam o que eu senti ao ouvir aquela resposta dela.
Meu peito se aqueceu de uma forma completamente surreal.
Então eu soube que já estava em um caminho sem volta desde o dia em que bateu em minha porta com seu prato de lasanha.
Talvez eu estivesse voando perto demais do sol, mas não me importava em me queimar, desde que ela estivesse comigo.


FIM



Nota da autora: Socorro, eu não sei nem como expressar o quanto eu fiquei apaixonada por esse casal aaaaaaa. Minha gente, dá vontade de escrever sobre eles sempre! Mas enfim, eu espero que vocês tenham gostado e comentem aqui pra me deixar bem feliz hahaha.
Se quiserem entrar em meu grupo, serão super bem vindas.
Beijos e até mais!





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