Finalizada em: 21/05/2021

Capítulo Único

O céu estava alaranjado, o sol quase escondido dando lugar à noite estrelada típica de Seul. Ali, a noite chegava bem mais tarde do que no seu país de origem. se afastou do grupo de amigos, caminhou até o lado oposto da cobertura e sentou-se no parapeito. A música alta e as risadas eram a trilha sonora para seus pensamentos.
Os amigos haviam se juntado para esperar o fim do mundo. Lily, a mais esotérica das amigas contou, antes de iniciar a bebedeira, sobre a teoria dos povos maias que o fim do mundo aconteceria à meia-noite do dia vinte e um de dezembro de dois mil e doze. Bem, não acreditava em nada daquilo, mas bebida de graça parecia uma ótima desculpa para estar ali.
A garota bebeu um longo gole da cerveja gelada que segurava, sentindo o perfume tão conhecido lhe abraçar antes de ouvir a voz grossa ressoar ao seu lado:
— Você sempre consegue achar um jeito de aproveitar os momentos sozinha, não é? — as palavras saíram um pouco atrapalhadas, mas achou graça, sentindo-se feliz por vê-lo depois de tantos meses longe.
— Oi, — a brasileira sorriu, olhando para o sorriso de canto que o rapaz lhe direcionava. A sensação de tê-lo tão perto lhe atingiu inesperadamente. O ex-casal ainda mantinha coisas mal resolvidas, e os problemas pareciam gritar no espaço entre eles. A troca de olhares foi interrompida quando sentiu sua visão ficar turva, a bebida fazendo efeito.
— Oh, meu Deus — o mais velho reclamou, fechando os olhos e segurando a cabeça. Ela já estava acostumada com as bebedeiras e cenas dele, não foi surpresa alguma.
— Você bebeu muita tequila? — sua voz saiu um pouco desapontada, cansada por ver que nada havia mudado.
— Sim — ele se deitou, mantendo as pernas no parapeito e os olhos abertos, vendo o céu ser tingido pela noite.
— Foi só isso que aconteceu? — sabia que a bebida era uma válvula de escape.
— Sim — não se sentia mais à vontade para abrir sua mente confusa e recheada de inseguranças.
, então, achou melhor falar sobre a única coisa que ainda mantinham em comum: a música.
— Quer ouvir o interlude enquanto estamos aqui?
— Quero. Deixe vir — concordou sem olhar para ela. Ele estava ansioso por ouvir no que a mais nova estava trabalhando ultimamente. Ele sabia que se aproximar dela de tempos em tempos era errado, mas cada momento em que dividiam uma parte da antiga vida que tiveram juntos, lhe dava impulso para continuar quando ela não estava por perto.
alcançou o celular na bolsa e colocou a faixa gravada alguns dias antes para tocar. Era sobre alguém que nunca se vai, mas que também nunca está presente.
Alguém que se torna um desconhecido. Suas emoções estavam expostas de forma crua e sincera. ouviu a voz doce e aguda ressoar, cantando a história dos dois. Sua cabeça girou ainda mais.

Contorno dos seus olhos e visões de você
Garoto, acho que preciso de um minuto
Para descobrir o que é, o que não é
Essas escolhas e vozes estão todas na minha cabeça
Às vezes você me faz sentir louca
Às vezes eu juro que acho que você me odeia, sim
Eu preciso andar, eu preciso andar
Eu preciso sair daqui
Porque eu preciso saber

Quem é você?
Porque você não é o garoto pela qual me apaixonei, amor
Quem é você?
Porque algo mudou, você não é o mesmo, eu odeio isso
Ah, eu estou cansada de esperar por amor, amor
Ah, eu sei que você não é ele, ele

Sentindo-me hipnotizada pelas palavras que você disse
Não minta para mim, eu apenas fico na minha cabeça
Quando a manhã chega, você ainda está na minha cama
Mas está tão, tão fria

Quem é você?
Porque você não é o garoto pelo qual me apaixonei

Quem é você?
Porque você não é o garoto pelo qual me apaixonei, amor
Quem é você? (Quem é você?)
Porque algo mudou, você não é o mesmo, eu odeio isso
Ah, eu estou cansado de esperar por amor, amor
Ah, eu sei que você não é ele, ele


Depois que a música chegou ao fim, quebrou o silêncio que pairava entre eles.
— Você gosta, lembra das coisas, desses momentos que passa comigo? — seu tom era incerto e quebrado.
— Sim — ele estava monossilábico e isso a deixava nervosa, fazendo-a falar ainda mais.
— Porque você está tão chapado ou tipo, você fica muito bêbado, então eu não sei se você lembra — suas mãos gesticulavam, a voz trêmula, implorando por uma reação.
— Claro que eu lembro — o mais velho respirou fundo, e apenas concordou com um gesto, chateada por mais uma conversa que lhe feria. — Eu aprecio isso, esses momentos, sua companhia. Eu queimo outras memórias só para dar lugar a essas na minha cabeça — disse baixo, concentrando-se em dizer o que sentia.
observou o garoto que tanto amava: olhos distantes no céu, o rosto bonito abatido pelos demônios internos que o atormentavam.
— Já faz quatro anos. Estávamos bem aqui quando nos conhecemos — ela disse, lembrando-se da noite de ano-novo em que ele lhe roubou um beijo. — Tatuei suas iniciais alguns meses depois.
— Seu apelido ainda está aqui — estendeu o braço, mostrando as letras acompanhadas do desenho dos olhos ocidentais dela. A tatuagem brilhava na pele branca dele.
não se conteve e estendeu a mão até os traços do braço dele, carinhosamente percorrendo o desenho. Ele se arrepiou instantaneamente, coração acelerado.
Quando o relógio bateu meia-noite, o único pensamento que cruzou a mente de antes de grudar seus lábios nos de foi que, se o mundo estivesse chegando ao fim, não queria fechar os olhos sem sentir que tinha vivido intensamente.


Fim



Nota da autora: Oi! Espero que alguém tenha lido, me conta o que você achou nos comentários. A música citada na fanfic se chama Who – Lauv feat. BTS, adaptei para o masculino para combinar com a história.
Beijos e até a próxima.


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