14. Lost Stars

Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único


O Madison Square Garden estava lotado. Os ingressos para o show haviam se esgotado em menos de dez minutos e estava simplesmente fascinado, espiando discretamente pelas cortinas, já que, se aparecesse antes do show, todos iriam gritar o mais alto possível até que a HeartTaker subisse ao palco.
– Isso é incrível, cara. – Matt comentou, puxando para longe das cortinas enquanto o som era checado no palco – Essa porra está completamente lotada.
– Eu sei. – acabou sorrindo, um pouco abobalhado – Nem acredito que estamos aqui.
Matt percebeu fitando as câmeras que mostravam o palco no backstage, como se estivesse procurando alguém. Seus olhos, apesar de parecerem empolgados, possuíam um tom de melancolia.
, todos os nossos convidados estão na área VIP. Não vai encontrar ninguém pelas câmeras...
Mas não o ouviu. Continuou olhando para a plateia, procurando.
! – Matt chamou sua atenção.
– O que foi? – ele devolveu, saindo de seu estado observador – Desculpa, cara, estou só impressionado.
– Você está procurando por ela, não está?
– Ela não viria me ver. – ele respondeu prontamente.
– Como você sabe? Vocês sempre...
– Não, Matt. – interrompeu – Não quero falar sobre ela agora, ok? Nós vamos cantar na porra do Madison Square Garden!
Will e Jack abriram a porta naquele momento, começando a gritar palavrões junto com os outros dois. Segundos depois, um dos produtores chamou a HeartTaker para subir ao palco. Os garotos entraram ao som de milhares de gritos. Era ensurdecedor, mas reconfortante ao mesmo tempo. sentia que fora feito para isso: a emoção de estar na frente de todas aquelas pessoas, que gritavam seu nome. Quando começaram a tocar, a adrenalina era tanta em seu sistema que ele conseguiu relaxar um pouco.
Mesmo assim ainda procurava por ela.
Sua cabeça gritava que nunca sairia de sua cidade para ir à Nova Iorque assistir um de seus shows, principalmente depois de como tudo terminou. Isso não o impedia de correr os olhos por todos os rostos que podia ver. Queria que um deles fosse o dela desesperadamente.
– Vocês são a melhor plateia que já tivemos, obrigado! – gritou, agradecendo à multidão após cantarem 18, um dos maiores sucessos da banda. A primeira música que ele havia escrito para – Vamos dar uma relaxada agora. Quero dizer para vocês que esse é, de longe, o melhor show que já fizemos e acho que aqui seria um bom lugar para apresentar uma música nova e inédita.
A multidão gritou tão alto que não pode falar. Ele apenas riu, achando incrível como seus fãs reagiam a cada coisa que ele fazia ou falava.
– Três anos atrás, nós não éramos ninguém. – recomeçou, depois que todos ficaram em “silêncio” – Conheci uma mulher que também se sentia como nós; se sentia como se não fosse ninguém. Ela era atriz, mas não conseguiu seguir em frente com sua carreira porque a vida nem sempre é justa conosco. Enquanto ela já tinha vivido bastante, eu estava apenas começando. Ela me apoiou como ninguém e me ensinou coisas sobre a vida que eu pensei que não seria capaz de aprender. Como eu disse, a vida não foi justa mais uma vez e tive que escolher entre ela e estar aqui hoje. Imagino que vocês já saibam a minha resposta, mas ela nunca ouviu as coisas que eu deveria ter dito. , eu sinto sua falta.
Um silêncio caiu sobre a arena. não pensou que fossem ter aquela reação, mas todos pareciam admirados com o que ele havia dito, como se um homem de 20 anos não fosse capaz de gostar de alguém.
Um assistente de produção lhe entregou seu violão e o som ensurdecedor de gritos voltou a ecoar pela arena. Ele pegou o microfone e começou a tocar a música que havia escrito há uma semana.
Please, don’t see just a boy caught up in dreams and fantasies. (Por favor, não veja apenas um menino preso em sonhos e fantasias).
Quando sua voz ecoou, luzes de celulares foram ligadas e todos levantaram-nos. via um mar de luzes a sua frente e tudo que sua cabeça lhe mostrava era o rosto de .
Fechou os olhos, para poder vê-la melhor.
Please, see me reaching out for someone I can’t see. (Por favor, me veja tentando alcançar alguém que não posso ver).
fora a mulher de sua vida e não importava quantas groupies pegava ou com quantas passava a noite, pois não conseguia esquecê-la. Ele ficava se perguntando o que havia acontecido com ela, se ainda gostava dele tanto quanto ele gostava dela.
Perguntava-se se, um dia, ela o perdoaria.
Take my hand, let’s see where we wake up tomorrow. Best laid plans sometimes are just a one night stand. (Pegue minha mão, vamos ver onde acordaremos amanhã. Os melhores planos, às vezes, são os de apenas uma noite sem compromisso).

3 ANOS ATRÁS

– Vá embora, Richard! Não quero ouvir falar de você nunca mais!
, vamos conversar, por favor...
– Vá embora! Suma!
tragou seu cigarro em silêncio, vendo toda aquela confusão. Eram apenas os três na rua, naquela hora, mas Richard e não pareciam ter notado a presença do garoto. – vizinha de – havia acabado de chegar à casa onde morava. Ele a havia visto chegando, do mesmo jeito que tinha visto quando Richard, seu marido, chegara ao local com uma loira de peitos grandes.
chegou bem na hora em que a loira estava saindo.
Richard estava de cueca, então não deu para esconder o que estava acontecendo, mas, mesmo que ele conseguisse enganar a mulher... Bom, ele não conseguiria. Nem que não quisesse ver a infidelidade de Richard, ela veria. Todo o bairro via, na verdade.
não derrubou uma lágrima enquanto enxotava o marido para fora de casa. Ele entrou no carro que usava para trabalhar e foi embora o mais rápido possível, deixando sozinha, parada no gramado.
pretendia continuar ali, quieto, sem pronunciar uma palavra, e terminar de fumar seu cigarro em paz. Afinal, ele era o adolescente drogado e punk do bairro, que enganava apenas os pais com atitude de bom moço – era o que diziam. Mas então caiu na grama, começando a chorar convulsivamente segundos depois de o carro virar a esquina.
– Hey! – gritou, correndo para se aproximar dela – Você está bem?
Assustada, olhou para o garoto, seu rosto molhado de lágrimas.
– Quem é você?
– Sou seu vizinho. – apontou para a casa ao lado, onde estava segundos antes de se jogar no chão – Acabei vendo o que aconteceu. Sinto muito.
– É claro que sente! – ela riu, mas não havia humor – Todos esses idiotas fracassados que moram aqui sentem, não é?
A mulher havia gritado a última frase, como se quisesse que o bairro todo ouvisse. Os pais de não podiam acordar e o encontrar fumando naquela hora, então ele precisava encontrar uma maneira de manter em silêncio.
– Não diga algo assim, . Isso não é verdade.
– Como sabe meu nome?
Como sabia seu nome. Essa era uma ótima pergunta.
era uma antiga atriz. Ele a tinha como exemplo na vida. Havia deixado sua família em outro país para poder seguir a carreira de atriz nos Estados Unidos. Não era qualquer garota que tinha essa coragem. Mas, como a vida não é um conto de fadas, ela não havia conseguido. Seu currículo não crescera e sua carreira não foi para a frente. No final, ela acabou indo parar em uma editora, fazendo algo que realmente não sabia o que era. Imaginava que, por causa de seu fracasso como atriz, ela não esperava ser reconhecida.
– Eu acompanhei seu trabalho.
– Você é só um garoto.
– E você não tem 50 anos.
não esperava que ele fosse rebatê-la. Ela tinha 35 anos e tinha apenas 17. Realmente, ela era uma mulher formada e ele era apenas um garoto.
– O que estava fazendo aqui fora?
– Estou fumando.
– Você sabe que crianças da sua idade não deviam fumar? E que cigarro mata?
– Não, o que mata é o câncer. E não é como se meus pulmões fossem ficar imunes ao cigarro quando eu fizesse 18, então não tem problema.
continuou encarando-o, sem falar nada. Suas lágrimas haviam parado.
– Sou , por falar nisso.
Quando sorriu de lado e ofereceu a mão para que se levantasse, a mulher pareceu se dar conta do que estava acontecendo e de onde ela estava. Suas bochechas ficaram mais vermelhas do que já estavam por causa do choro e ela rapidamente se levantou, arrumando a saia comprida. era alguns centímetros maior que , mas ele preferiu culpar os saltos da mulher.
– Sinto muito pelo que viu, . Eu não sou descontrolada desse jeito. – um falso sorriso despontou em seus lábios – É que... Foi uma situação com a qual eu não sabia lidar.
– Não precisa fingir, . Estamos só nós dois aqui.
– O que quer dizer com isso, garoto? – ela pareceu ofendida – Por favor, volte pra sua casa agora e não vou contar para seus pais que estava fumando.
– Esconder a dor só faz com que seja pior. – deu de ombros, se virando para ir embora – E eu não tenho medo do que meus pais vão achar. Só quero evitar confusões.
Deixou sozinha, já que ela queria tanto isso. Ela não falou mais nada enquanto o garoto abria a porta e entrava em casa.

***

I’ll be damned. Cupid’s demanding back his arrow. So let’s get drunk on our tears. (Eu estarei condenado. O Cupido está querendo sua flecha de volta. Então vamos ficar bêbados com nossas lágrimas).
abriu os olhos para piscar. ainda possuía todo seu coração e as lágrimas que queriam escorrer de seus olhos não eram permitidas. Ele não queria mais chorar.
Quando teve que ir embora, jamais pensou que se arrependeria. Jamais pensou que estava fazendo a escolha errada.
Agora, ficar sem era a coisa mais errada que ele poderia fazer enquanto ainda era vivo.
And, God, tell us the reason youth is wasted on the young. (E, Deus, nos diga o motivo de a juventude ser desperdiçada nos jovens).

3 ANOS ATRÁS

Passou uma semana inteira até que e tivessem outro contato. Era de noite e estava na sacada de seu quarto, lendo um de seus romances, quando ouviu a voz do garoto.
– Parece que agora sim seremos realmente vizinhos. – comentou, fazendo-a parar de ler e levantar os olhos para observar o garoto, que estava debruçado na janela à sua frente, poucos metros de distância os separando.
– O que quer dizer com isso?
– Agora esse quarto é meu. – contou – Antes era um escritório, mas minha mãe me obrigou a mudar pra cá, já que minha irmã vai nascer e ela precisa do quarto mais próximo do dos meus pais.
– Ah.
– Como você está?
abaixou os olhos para o livro, demorando-se para responder. Ela demonstrava raiva quando falavam de Richard, mas o sentimento em seu coração era outro. Nada no mundo lhe tirava a imagem do amor de sua vida beijando outra mulher.
– Eu... O que está fazendo aí, garoto?!
havia se esgueirado para fora da janela e estava sentado no telhado, ficando mais próximo de . Com um simples pulo, poderia entrar em sua casa.
Ele riu.
– Estou apenas prestando atenção em você. Anda, me fala. Como você está?
balançou a cabeça, rindo. Arrumou uma das mechas de seu rabo de cavalo solto atrás da orelha, ajeitando os óculos no rosto.
– Richard não era quem eu pensava que fosse. Preciso aceitar isso.
– Bom, precisar não é querer.
– Quantos anos você tem mesmo?
riu da expressão de incredulidade da mulher.
– A idade está na cabeça, . Você pode ter 50 e se comportar como uma adolescente de 15.
– Eu não tenho 50, menino! Não tenho nem 40, se você quer saber!
– Calma, vizinha. Não precisa ficar nervosa. Foi só um exemplo. Se eu fosse chutar sua idade, diria que... – ficou parado durante alguns segundos com a mão no queixo, como se analisasse , fazendo a mais velha rir – Uns 28, no máximo.
– Você é um mentiroso, garoto.
– Não mentiria para você, .
– Por que me chama de “”?
– Eu sei lá. Combina com . – deu de ombros – E por que você nunca me chama pelo nome?
– Como assim?
– Você não me chama de . Me chama de “garoto” ou “menino”.
– Acho que é porque você é mais novo.
– Não sou tão mais novo que você. Quantos anos você tem?
– Não se pergunta a idade, a altura ou o peso de uma mulher.
– Em que ano você nasceu?
soltou uma gargalhada.
– Você é impossível, .
sorriu.
– Ótimo. Prefiro assim.
Eles ficaram sorrindo um para o outro, sem perceber o que estavam fazendo. Os minutos pareceram meros segundos e, quando foram interrompidos, era como se o tempo não houvesse passado.
! Venha almoçar!
balançou a cabeça, franzindo o cenho. “O que você pensa que está fazendo, ? Ele tem 17 anos e você acabou de se separar de Richard. Se controle”, seu lado racional brigou.
– Já vou, mãe! – gritou de volta. Levantou o olhar para , que estava mexendo as mãos, inquieta, o livro abandonado no colo.
– Que livro você está lendo?
– Um livro para mulheres adultas. – respondeu, corando pela pergunta – Não acho que você conheça...
– Não me diga que está lendo aqueles livros pornográficos para mulheres virgens aos 40 anos.
encarou , horrorizada.
– Não, não estou lendo nada desse tipo! E tome cuidado com o que fala, menino.
– Aposto que você não chamaria de pornográfico e sim de erótico. – revirou os olhos, ignorando o que havia dito – Pra mim é tudo igual. Tem putaria, sexo e essas coisas... É pornografia.
!
riu. estava corada.
“Desde quando um menino de 17 anos me faz corar? Deus!”
, você não me ouviu te chamar?!
se virou a tempo de ver a mãe entrar no quarto, nervosa com sua demora. Os hormônios da gravidez estavam cada vez piores e mais fortes, e a mulher ficava nervosa com facilidade. e o pai estavam rezando para aguentar os 3 meses restantes.
– Desculpe, mãe. Estou falando com nossa vizinha. Conhece ?
Assim que disse isso, sua mãe se aproximou da janela e jogou o livro na cadeira, se levantando e arrumando o vestido de verão que estava amassado.
– Olá, . – a mãe de cumprimentou a mulher sorridente na sacada – Mesmo sendo vizinhas, nunca tivemos o prazer de nos conhecer. Sou Amber .
– Olá, senhora . O prazer é meu.
– Não me chame de senhora, Amber está bom.
– Claro. – continuou com o sorriso firme no rosto – Está grávida de uma menina, certo?
– Sim, sim! – Amber acariciou a enorme barriga – Sophie nascerá em dezembro. E você, não tem filhos?
sentiu uma pontada no coração. Já estava casada há 10 anos, ter um filho era o próximo passo.
– Eu...
– Ela acabou de se divorciar, mãe, por favor.
encarou , impressionada. Ela pretendia responder algo simplório, não deixando que seus sentimentos fossem expostos demais. Pretendia dizer que seu casamento com Richard já estava se despedaçando e um filho não era o que ela queria, mesmo que nenhuma dessas duas coisas fosse verdade.
Então interferiu por ela.
– Oh, eu sinto muito...
– Não tem problema. – voltou a sorrir – Não tinha como você saber.
– Meu marido é advogado, caso precise de ajuda com toda a papelada e essas coisas. – Amber tentou consertar.
– Seria ótimo, não tive tempo de procurar ninguém ainda!
vai te passar os contatos do escritório dele, não é, querido?
– Passo, mãe. Agora, dá pra gente ir almoçar logo?
– Não seja mal educado, . Estou conversando.
– Ah, não tem problema. Vou almoçar com umas amigas e já estou ficando atrasada. – mentiu – Bom almoço para vocês!
– Para você também, !
Amber se retirou, deixando e sozinhos novamente. estava com a cabeça baixa, checando seu celular, enquanto recolhia a xícara de café e o livro que estava lendo.
– Minha mãe é meio sem noção. Me desculpe por isso.
– Já disse que está tudo bem, . Não podemos controlar o que as pessoas dizem. Não se esqueça de me passar o número do seu pai, pois acho que vou mesmo precisar dele.
– Claro.
– Vá almoçar, menino. Sua mãe está esperando.
entrou na casa, fechando a porta para a sacada. continuou a observá-la por longos segundos, mesmo depois de não poder vê-la mais. Ficou se perguntando o que era aquela sensação engraçada na boca do estômago.

***

It’s hunting season and the lambs are on the run, searching for meaning. (É época de caça e os cordeiros estão na corrida, procurando por significado).

3 ANOS ATRÁS

No mês que se seguiu, Marcus ajudou com todo o divórcio. Richard tentou fazê-la voltar para ele, já que a loira o havia largado, logo depois de descobrir que ele era casado. Saber que Richard nunca tinha dito à amante que tinha outra pessoa fez com que tivesse ainda mais certeza sobre o divórcio. Não queria ninguém que não pudesse assumi-la.
Passou várias das noites trancada em seu quarto com uma garrafa de Jack Daniels – que agora era mais doce, devido ao novo sabor de mel do uísque – pensando no que havia de errado com ela. Por que Richard a trocara? Por que ela não era boa o suficiente para ele?
Era uma noite de sexta e não tinha mais amigas solteiras para ir para festas e boates com ela, então a garrafa lhe faria companhia outra vez. Ás vezes, estava na janela e eles conversavam por um bom tempo, mas nunca às sextas e sábados. logo descobriu que ele era um garoto muito popular por aí, porque vivia com compromissos.
Era outubro e ainda fazia calor, mesmo que o frio estivesse próximo. Ou talvez fossem só os goles de uísque que estavam aquecendo seu corpo, junto com a vontade de chorar. Ela não sabia. Resolveu abrir a sacada do quarto, para refrescar um pouco.
Quando viu a janela de aberta, percebeu que não fora uma boa ideia.
estava no quarto, mas não estava sozinho. O fato de sua luz estar acesa em uma sexta pela primeira vez naquele mês a surpreendeu, então não conseguiu deixar de ver o que acontecia no cômodo. Uma garota morena estava com ele e os dois se beijavam. estava sem camiseta e a garota estava apenas de sutiã.
sabia que deveria fechar as cortinas e voltar para sua cama no mesmo minuto, mas não conseguiu. era sempre carinhoso com ela, sempre prestativo e um bom ouvinte. Em sua cabeça, um alarme de que ele tinha apenas 17 anos ficava soando, mas o ignorava. Agora que estava levemente bêbada, ignorar o alarme era ainda mais fácil.
A mulher ficou escondida em sua janela, em uma posição onde não poderia ser vista pelos dois adolescentes. Percebeu, com inveja, que nunca poderia tomar o lugar da morena nos braços de . Enquanto ele distribuía beijos pelo pescoço da garota, observou seus braços musculosos e percebeu que não era tão criança quanto imaginava. Talvez ela só não conseguisse olhar para ele com outros olhos porque tinha acabado de se divorciar.
Tentou desviar o olhar da cena de sexo entre os dois na janela da frente várias vezes, mas não conseguia. Estava hipnotizada. Quem diria que , seu vizinho, era um garoto tão bem dotado no assunto sexo?
Um calor desconhecido e que não sentia há muito tempo começou a invadir seu corpo. não fazia sexo há, mais ou menos, três ou quatro meses. Sua relação na cama com Richard estava fria, já que ele passava mais tempo trabalhando do que em casa. não reparou que o estava perdendo na época, mas agora ela entendia no que ele estava “trabalhando”.
Seu rosto começou a ficar vermelho quando viu a calça jeans surrada de voar longe. Ele estava vestindo uma boxer preta, totalmente sexy. Seu tronco era composto por músculos que ela nem sabia que ele tinha. Ficou imaginando o quanto de exercício ele fazia para manter um corpo daqueles.
Oh, nada bom. Agora fora forçada a imaginar malhando em uma academia, com o suor percorrendo todo o seu corpo, enquanto seus músculos se contorciam por causa da força e suas veias saltavam.
Tomou mais três goladas do uísque, deixando o líquido rasgar sua garganta.
Sua mente estava começando a ficar nublada por causa do álcool e se perguntou por que nunca havia tentado nada com . Ele era bonito? Ele era bonito. E daí que era alguns anos mais jovem? No que isso fazia diferença?
Não estava próxima o bastante para ouvir algo, mas viu os dois rindo e logo a garota colocou a mão dentro da boxer de . No mesmo momento, o garoto parou de rir e apertou a cintura da morena, jogando a cabeça para trás em uma expressão de prazer.
queria ver aquela expressão mais de perto. Pior ainda, queria ser a causadora dessa expressão.
Então tudo aconteceu muito rápido. A garota empurrou , brigando com ele. praticamente se jogou para trás, não querendo ser vista, mas esquecendo-se do barulho que o ato causaria. De qualquer jeito, ela ficou escondida atrás da parede, esperando que algo acontecesse. Minutos depois, ouviu uma gritaria do lado de fora e voltou a espiar pela janela, tomando mais uísque.
– Você é um babaca, ! Um babaca! – a garota gritou, enquanto caminhava para fora da casa.
– Anne, eu não sei...
– Cala a porra da boca! Não quero saber. Vai se foder, !
Um táxi parou na frente da casa e a garota entrou, bufando. estava apenas com os jeans, sem camiseta. aproveitou para olhar os músculos do rapaz mais uma vez.
voltou para dentro de casa, passando as mãos pelo cabelo bagunçado. Não acreditava no que tinha acabado de fazer. Ele era um idiota mesmo. Estava prestes a comer a garota mais gostosa do colégio e fazia uma merda daquelas...
– Noite difícil?
levantou os olhos para a janela, onde encontrou com uma garrafa de uísque. A mulher já parecia levemente bêbada e corada, mas ele não reclamou.
– Nem imagina. Pode me dar um gole disso?
estendeu o braço, mostrando que não negava a bebida e pulou a janela para alcançar. Tomou vários goles, fazendo caretas em reprovação.
– O que tem aí dentro?
– Jack Daniels Honey. – mostrou a garrafa – É novo.
– É muito doce.
– É uísque de mulher.
Eles ficaram em silêncio enquanto observava o abdômen do menino, que estava bem mais perto dela.
– Você malha?
A pergunta escapou da sua boca sem que percebesse. Não importava. Já estava ficando velha, era divorciada e sem mais nenhuma perspectiva de vida. Não tinha nada a perder.
– Eu...Hãn... Luto box. Desde os 13. – estranhou a pergunta, mas não deixou de responder.
– Ah. Acabei de ler um romance com um boxeador.
Novamente, havia falado sem pensar. Seu cérebro havia removido o filtro que a impedia de falar bobagens.
apenas sorriu de um modo malicioso.
– Era outro daqueles romances pornôs?
– Sim, tinha muito sexo, se é o que quer saber.
ficou sem palavras. Não esperava que fosse ser tão direta. Sentiu a parte baixa de seu umbigo se contrair.
– O que você fez para a garota? – perguntou, tomando mais da garrafa e oferecendo-a para , que tomou longos goles antes de responder.
– Falei o nome de outra, enquanto ela batia uma pra mim.
Em outras ocasiões, o teria repreendido pelo seu uso de palavras, mas, naquele momento, ela estava bêbada demais para se preocupar com isso.
– Uh. Se fosse eu, tinha te dado um tapa na cara.
– Não sei qual o problema com isso. – ele bufou – Ela podia fantasiar com outros caras enquanto transava comigo. Eu não ia me importar.
– Está errado, . – discordou, usando um apelido para falar com ele. achou aquilo estranhamente sexy – Quando você está transando com alguém, precisa se conectar com a pessoa. Precisa senti-la, não só no físico, mas no emocional também.
– Isso se for alguém de quem você goste, não um caso de sexo casual.
– Está errado outra vez. Se você estiver conectado com a pessoa, fica tudo muito melhor.
– Você deve ser bem experiente nisso tudo, já que fala tão bem. – observou.
– Mais do que você imagina, . Tive 35 anos pra aprender a lidar com sexo.
– Pensei que tivesse aprendido tudo em seus romances pornôs.
riu, totalmente bêbada.
– Você nunca transou com alguém de que você gostasse? – ela perguntou, de repente – Tipo... Uma namoradinha ou algo assim?
– Não fala “namoradinha”. Isso é escroto. E não. Nunca transei com alguém que tivesse algum significado. Nunca gostei de ninguém, na verdade.
– Por quê?
– Bom, primeiro porque me recuso a andar na coleira. Meus amigos têm namorada e... Eca. Eles vivem atrás delas, não podendo ir para festas porque a menina não vai, tendo que comprar presente de aniversário de namoro, dia dos namorados e mais aquela caralhada toda de feriados... Isso é péssimo. Eu não quero isso pra mim. Depois, nunca apareceu ninguém que valesse a pena. E o terceiro motivo é que quero seguir com a minha banda ao redor do mundo. Quero viajar, ser famoso, ser reconhecido pela minha música. Se eu tiver uma namorada, vou acabar deixando de seguir meus sonhos para ficar com ela.
– Eu concordo com seu último motivo. Antes de tentar ser atriz, eu não queria me envolver com ninguém, porque não queria que ninguém me segurasse aqui. – deu de ombros – No final, acabou não dando certo.
– Você se arrepende?
– Não. Só me apaixonei por Richard durante toda a minha vida, mas não poderia me apaixonar antes de tentar seguir meus sonhos.
– Então você só se apaixonou por um cara, durante sua vida inteira?
– Sim.
– Nossa. Isso parece... – procurou pela palavra certa durante alguns segundos – Intenso.
– É, é sim. Mas e daí? Acabou agora. Estou destinada a morrer velha e sozinha, sem ninguém. Amanhã mesmo vou comprar dez gatos.
riu.
, olha pra você. Qualquer idiota no mundo daria tudo para ficar com você. – começou com um tom divertido, mas, antes que percebesse, seu tom havia ficado mais sério. Ele falava a verdade e a imagem de passou pela sua cabeça mais uma vez, assim como havia passado quando Anne o estava masturbando em seu quarto – Você é bonita, divertida e não tem medo de lutar pelo que quer. Seja lá quem for o próximo cara que deitar na sua cama, vai ser um cara de sorte.
ficou sem palavras, porque não podia dizer o que estava pensando. “No momento, você é o único que quero na minha cama.”.
– Seus pais não estão em casa?
– Eles saíram para jantar juntos. Minha mãe anda estressada por causa da gravidez e eu e meu pai estamos nos fodendo para tentar acalmar a fera.
assentiu, perdida em seus próprios pensamentos.
– Você não tem idade para beber, tem?
– Não. Ainda não. Em breve vou ter 18, mas, no momento, não.
– Isso não te impede de beber.
– Claro que não!
– Quer ver a adega que tenho aqui?
– Você tem uma adega?!
– Sim. Gosto de colecionar bebidas. Esse uísque que estou bebendo comprei esses dias, mas coloquei uma versão lá.
– Estou descendo.
entrou na casa, só para sair pela porta da frente e ir até a casa de . Ele pensou que poderia facilmente pular a janela e entrar em seu quarto, mas isso seria pessoal demais. Ele não podia se envolver.
A mulher abriu a porta antes de bater. Sorrindo, ele entrou em sua casa, observando o lugar meio vazio.
– Richard levou a maior parte da decoração. Eram fotos nossas, quadros que eu mandei pintar com nossos rostos. Joguei fora e ele pegou.
– Sinto muito por você e ele.
– Não sinta.
assentiu e deixou que o guiasse pela casa. A mais velha pegou na mão do garoto, fazendo com que ambos sentissem choques elétricos. percebeu o quanto sua mão era macia e o quanto queria senti-la percorrendo todo seu corpo. Suspirou.
abriu um alçapão no canto da sala de jantar, onde pulou. pulou atrás dela e os dois se encontraram dentro de um ambiente pequeno e mal iluminado. puxou uma cordinha no meio do quarto e uma luz amarelada acendeu. Eles se viram rodeados de bebidas em prateleiras que ocupavam as quatro paredes.
– Cacete! – exclamou, observando a quantidade de álcool que havia ali.
– Gosto de colecionar bebidas. – repetiu, dando de ombros.
– Isso é incrível! Não imaginava que você teria tantas bebidas escondidas.
– Há muitas coisas sobre mim que você nem imagina.
fechou os olhos e suspirou, tentando manter em mente que aquilo, definitivamente, não havia sido um comentário erótico.
– Escolha uma. Vamos beber um pouco. – virou para ela, desesperado para ir embora. O quarto havia se tornado muito pequeno para caber todo desejo que ele estava sentindo por aquela mulher.
– Eu não sei se é uma boa ideia...
– Não se preocupe, . Não vou te morder. – riu, pegando dois copinhos em uma das prateleiras – A não ser que você queira.
Ah, merda.
escolheu qualquer bebida aleatória. Se iria passar um tempo com , precisava ficar bêbado.
Eles beberam a vodca que ele havia escolhido. O álcool logo fez efeito e os dois caíram no sono, antes que percebessem o que estavam fazendo.

***

But are we all lost stars? Trying to light up the dark. (Mas somos todos estrelas perdidas? Tentando iluminar o escuro).

3 ANOS ATRÁS

acordou com a maior dor de cabeça da sua vida. Seu corpo inteiro doía e ela estava em algum lugar quente. Abriu os olhos e a noite anterior voltou para si como uma batida de carro: forte, rápida e destruidora. Lembrou-se de tudo que havia feito e dito, e o arrependimento subiu-lhe à cabeça.
Foi aí que notou onde estava.
Estava deitada no peito de , que estava dormindo, e os dois estavam na sua adega particular. Reparou que havia uma garrafa de vodca em uma das mãos do garoto, enquanto a sua própria estava dormente, em algum lugar sob seu corpo. Já a outra mão...
corou intensamente. Olhou para baixo para ter a confirmação do que estava tocando.
Ai. Meu. Deus.
Uma das mãos de havia descido do peito de e havia escorregado para sua barriga. E então escorregou mais. E mais.
E agora uma de suas mãos estava sobre o volume na parte da frente das calças de – que era a única peça que cobria seu corpo.
Ela podia ouvir as batidas do coração do menino, calmas e suaves. Sua respiração lenta, como deve ser enquanto a gente dorme. A mão que não estava segurando a garrafa a estava abraçando, puxando-a para perto dele.
percebeu que não era exatamente uma criança. Ela o vira em “ação” com uma garota, o que tornava tudo diferente. Se ela não fosse tão velha...
Ela se sentia velha. Sentia como se tivesse parado na vida. Não estava ficando mais jovem, então, qual era o problema em querer o que queria? Não estava tentando impressionar ninguém mesmo.
Moveu sua mão para cima e para baixo, lentamente, fazendo certa pressão, para que pudesse senti-la por baixo do jeans. Queria observar sua reação – a de ambos – e ver até onde levariam aquilo. Era apenas um teste.
estremeceu e moveu o quadril junto com a mão da mais velha. sabia que ele estava inconsciente e não tinha noção nenhuma do que fazia e a culpa do que estava acontecendo era dela.
Moveu a mão outra vez.
Dessa vez, se mexeu mais, e a mão que estava em suas costas desceu um pouco, parando perto de seus glúteos, apertando a região. suspirou e começou a acariciá-lo sem interrupções.
As batidas do coração de estavam bem mais fortes e mais altas, e podia ouvi-las perfeitamente, já que continuava deitada como havia acordado. O quadril do garoto começou a se mover em direção à sua mão, acompanhando seus movimentos. percebeu que o jeans o apertava um pouco, então resolveu que seria uma boa ideia abrir o botão e o zíper que mantinham sua calça fechada.
Visualizou a cueca boxer preta que ele usava na noite anterior, fazendo-a morder os lábios. Sentia que estava tanto calor naquela adega que, se aproximassem um fósforo ao seu corpo, ele acenderia.
emitiu um som aliviado quando sua calça foi aberta, logo buscando inconscientemente pelos movimentos da mão de . Ela tocou-lhe embaixo do umbigo e, calmamente, adentrou sua cueca, sentindo a pele de ficar arrepiada. Um som escapou de sua garganta, fazendo a respiração de ficar mais rápida.
Quando o tocou de verdade, sentiu que poderia explodir. soltou um tipo de gemido e apertou-a com a mão que estava em seu quadril. não conseguia olhar para o que fazia sem se sentir culpada, então virou os olhos para , que ainda dormia, mas, dessa vez, seu rosto se contorcia em expressões de prazer enquanto ela lhe tocava intimamente.
partiu os lábios quando tocou a ponta de seu membro, aplicando mais pressão ali. Ela sentiu tremores percorrerem o corpo do garoto e viu quando seu abdômen definido se contraiu. abriu os olhos nublados, deixando um gemido mais alto escapar involuntariamente e ergueu seu quadril em direção à mão de .
Estava feito.
manteve a mão no lugar, sem coragem para mover-se. Mesmo estando excitada com toda aquela situação, a culpa a estava corroendo. Estava dormindo com um menor seminu em sua adega, masturbando-o enquanto ele dormia e estava excitada com isso.
Oh, ela sentia que já tinha um lugar reservado no inferno.
– O que aconteceu? – perguntou, a voz sonolenta, tentando entender a confusão que estava em sua barriga e a mão de em suas calças.
levantou-se no mesmo minuto.
– Me desculpe, . Ai, meu Deus. – seu rosto estava mais corado do que nunca e queria desaparecer. O pior é que não estava arrependida. Constrangida sim, arrependida nunca – Eu não sei o que...
– Cala a boca.
Ela pensou que ele fosse brigar com ela, que fosse gritar e chamá-la de vagabunda. Mas, quando percebeu, havia se sentado também e entrelaçou os dedos nos cabelos de , puxando-a pela nuca. Juntou seus lábios antes que qualquer um dos dois pudesse pensar melhor, deixando completamente surpresa.
beijou-a como se sua vida dependesse disso. Colocou o máximo de sentimento possível no ato, querendo que visse o quanto ele se importava com ela. Mas a mulher não foi capaz disso.
– Não, ! – exclamou, se afastando dele – Isso está errado! Deus, o que fui fazer?!
– Não aja como se não estivesse acontecendo nada entre nós, . Não finja que não sente nada por mim desde quando te ajudei, no dia em que seu ex foi embora.
– Não estou fingindo nada!
– Você está em negação. Olhe para mim, . – ordenou e percebeu que sua voz autoritária não estava ajudando nem um pouco a diminuir a queimação entre suas pernas. Quando ele tocou seu queixo, exigindo que o olhasse, sentiu que seu corpo inteiro pegava fogo – Olhe para mim.
foi obrigada a fitar os grandes olhos de , perdendo-se neles. Não sabia de onde vinha todo aquele sentimentalismo que não lhe era característico, mas ainda assim o sentia. Sentia se aproximar dela cada vez mais, tanto fisicamente quanto emocionalmente.
Não posso me envolver, era o que os dois estavam pensando.
– Você precisa de uma desculpa. – informou-lhe, murmurando. Estava ofegante e não conseguia entender o motivo – Você precisa de um motivo para não se sentir culpada. Não é porque não conseguiu o que queria uma vez que não pode tentar outra vez, . Às vezes, os melhores planos são aqueles que não planejamos.
E, com toda certeza, nenhum dos dois havia planejado o beijo que se seguiu.
Também não planejaram o momento em que começou a tirar as roupas de , lentamente, como se estivesse com medo de que a mulher fosse perceber o que estava acontecendo e desistir. Do mesmo jeito, não queria tomar iniciativa nenhuma para não se sentir culpada por estar com alguém tão novo, depois de tão pouco tempo de divorciada.
Foi o melhor jeito de começar a manhã, para ambos.

***

Who are we? Just a speck of dust within the galaxy. Woe is me if we’re not careful, turns into reality. (Quem nós somos? Apenas um amontoado de poeira no meio da galáxia. Ai de mim se não formos cuidadosos, isso se tornará em realidade).
se lembrava. Se lembrava de cada toque, de cada beijo, até do primeiro deles. Ele sentia tanta falta dela que jurava que havia visto no rosto de uma das garotas na multidão. Isso acontecia com uma frequência preocupante, pois ele sempre dormia com uma fã com o rosto parecido com o de . Já estava procurando quem seria a próxima sortuda a passar a noite com ele.

3 ANOS ATRÁS

So tell me what else can I do, I bought my fake ID for you!
riu, observando os quatro tocando na garagem, no vocal. Ele estava ainda mais bonito do que há um mês, quando acabaram dormindo na adega de .
She told me to meet her there, in a bar I can’t get into. I’m not old enough for you. I’m just waiting ‘til I’m eighteen.
As batidas da bateria pararam gradativamente, fazendo com que continuasse sorrindo. Eles eram realmente bons.
a havia convidado para almoçar com eles e era a primeira vez que ela estava vendo e a HeartTaker tocarem. Eles eram todos adolescentes que estudavam juntos, carregando o brilho inocente e sonhador que lembrava de ver em seus próprios olhos, vinte anos atrás.
Isso fez seu coração se aquecer um pouco mais.
– O que achou? – um dos garotos perguntou, olhando ansiosamente para . Ela não conseguia se lembrar seu nome.
– Vocês são ótimos. Adorei essa música. – respondeu, falando a verdade.
escreveu especialmente pra você. – outro comentou. começou a rir enquanto eles zoavam , que ficou corado na mesma hora.
– Vai se foder, Matt. Não tem nada a ver.
O olhar que lançou para os amigos seria capaz de matar cada um deles, dolorosamente. continuou com o sorriso no rosto.
– Bom, se a música for mesmo para mim, saiba que eu adorei, . Já estou com vontade de ouvir outra vez. Por que não tocam de novo?
Eles sorriram entre si e voltaram para suas posições, começando a tocar outra música.
Baby, I’m preying on you tonight, hunting you down, eat you alive. Just like animals, animals…
***

Don’t you dare let our best memories bring you sorrow. Yesterday I saw a lion kiss a deer. (Não se atreva a deixar nossas melhores lembranças te trazerem arrependimento. Ontem eu vi um leão beijar um cordeiro).
se perguntava se se arrependia. Se os momentos que passaram juntos cruzavam sua memória e o que acontecia quando ela pensava nele. Ele queria encontrá-la mais do que tudo e perguntar.
Ele sempre amara tudo nela, mas seus olhos na noite em que – finalmente – começaram a sair eram o melhor. o salvara de várias encrencas, porém aquela fora a maior delas.
nunca estivera tão desesperado como estava na noite em que Sophie nasceu.

3 ANOS ATRÁS

– Calma, mãe! Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem. Ai, caralho, o que eu faço?! O que eu faço?!
continuava a gritar e a repetir suas frases, adicionando mais palavrões conforme ia falando. A bolsa de sua mãe havia acabado de estourar e sua irmãzinha, Sophie, estava prestes a vir ao mundo, enquanto seu pai Marcus estava em uma viagem de negócios na Itália.
estava quase desmaiando.
– Eu sabia que uma irmã mais nova ia me dar trabalho! Nem nasceu ainda e já está me fazendo passar sufoco. Ai, porra, o que eu faço?!
– O carro, . E pare de falar tanto palavrão. – sua mãe pediu, um pouco desesperada também. Seu marido não estava por perto e ela desconfiava que seu filho não fosse nada qualificado para levá-la ao hospital.
Ouviram a campainha.
O garoto abriu a porta, tropeçando no caminho. Encontrou parada ali, encostada no batente e com um olhar preocupado.
– Está tudo bem?
– Não. , minha mãe vai nascer e meu pai não tá em casa, e eu não sei o que fazer e estou desesperado, e puta que pariu...
, se acalme. Acredito que sua mãe não vá nascer outra vez. Sophie vai nascer. Fique calmo. Vou te ajudar.
entrou na casa que já conhecia tão bem. Ela e Amber haviam se tornado amigas nos últimos três meses. Depois que dormiu com , sentiu a necessidade de ajudar sua mãe com o que quer que precisasse por causa da gravidez. Por consequência, havia se aproximado de , mas os dois haviam combinado de não repetir mais o que havia acontecido naquela manhã. Afinal, os dois não podiam se envolver.
já havia passado daquela fase. Se apaixonar por um garoto com fama de bad boy e aspirante a músico. Vê-lo ir para faculdade e largar a banda. Ficar com ela.
Traí-la depois de 20 anos de casada.
Oh, ela conhecia bem essa história.
tinha outros planos. Ele pretendia levar sua banda para o mundo. Queria ser famoso, ouvir gritos todas as vezes em que dissesse alguma coisa e garotas se jogando aos seus pés quando passasse. Queria dinheiro, queria seguir seus sonhos.
Outra história que conhecia bem.
Chegaram ao hospital por volta das 23h. havia dirigido para o hospital com e Amber. Na hora do parto, disse que não tinha forças suficientes para ficar na mesma sala que a mãe durante o nascimento da irmã, então acompanhou-a. Quando Sophie nasceu, o rosto de Amber se iluminou e ficou se perguntando se a garotinha se pareceria com quando crescesse.
Mais tarde, ela encontrou o garoto na frente do berçário, procurando a irmã.
– Qual delas é a Sophie? – ele perguntou, ansioso.
– Aquela de macacão rosa. – respondeu, um enorme sorriso aparecendo em seu rosto.
– Todas estão de rosa, . – revirou os olhos, começando a bater o pé e cruzando os braços.
riu e apoiou as mãos nos braços de , posicionando o rosto em seu ombro, em uma espécie de abraço, envolvendo as costas do garoto, que procurava desesperadamente pela irmãzinha no meio de tantas bebês de macacão cor de rosa.
– A segunda da terceira fileira.
– Oh. – sorriu, identificando a menina – Mas é claro. Ela está dormindo e não está reclamando. Com certeza é minha irmã. Se você não tivesse falado, eu poderia ter adivinhado depois de observar melhor.
riu e beijou a bochecha do rapaz.
– Parabéns, agora você é oficialmente um irmão mais velho.
– Eu sei. Vou ter que impedir moleques de tentar pegar a Sophie. Se ela é minha irmã, vai ser tão linda quanto eu.
– Acredito que vá mesmo.
sorriu para .
– Obrigado. Sem você, não sei o que teria feito essa noite.
– Você nunca faz nada sem mim, . Venha para o quarto. Vão levar Sophie para lá, para sua mãe amamentar. Depois, alguém precisa passar a noite com ela.
Ele assentiu e deixou que fosse na frente, em direção ao quarto. Resistiu ao impulso de segurar sua mão.
– Toc, toc. – brincou ao abrir a porta, sorrindo para Amber, que estava deitada na cama – Podemos entrar?
– Claro. – Amber também sorriu, mas seu rosto parecia bem mais cansado – A enfermeira irá trazer Sophie.
Sophie chegou momentos mais tarde, enrolada em várias camadas de tecido. Era dezembro e estava nevando, então Sophie precisava ficar muito bem agasalhada.
observou fascinado o pacotinho rosa nas mãos da mãe.
– Quer pegá-la? – Amber perguntou, notando o olhar do filho.
– Eu não sei pegar bebês. – fez uma careta, mesmo que sua maior vontade fosse carregar a garotinha.
– Vai ter que aprender, irmãozão. – brincou, fazendo as duas mulheres rirem enquanto se aproximava da mãe para segurar a menina.
– Não, é melhor você sentar. – Amber interferiu – vai te dar Sophie.
assentiu na mesma hora e se sentou no sofá próximo da cama.
pegou Sophie dos braços de Amber com cuidado. A pequena estava dormindo e parecia serena. O rosto ainda tinha aquele formato estranho que não se parece com um rosto propriamente dito, mas as mães acham maravilhoso. Por segundos, fingiu que aquela era sua filha.
– Tudo bem, . – se sentou ao seu lado e viu limpar as mãos suadas na calça – Tome cuidado. Ela ainda é bem molinha e pequena. Segure-a firme, mas não a aperte.
Ele assentiu, ficando ainda mais nervoso e abrindo os braços, esperando que colocasse a bebê em seu colo.
riu e ajudou a segurar a criança. Ele ficou tenso com a irmã no colo, mas as duas mulheres no quarto não conseguiam para de sorrir ao ver a imagem do garoto de 17 anos segurando uma garotinha recém-nascida.
relaxou.
– Ela é engraçada. – ele comentou, fazendo rir.
– Por quê?
– Não sei. – ele riu também, admirando Sophie – Olhe a boca dela, que engraçadinha. Parece que ela está fazendo um bico.
e Amber riram, e continuou a sorrir para Sophie.
– Acho que esse é seu modo de dizer que Sophie é fofa.
– É, acho que é isso.
As duas mulheres ficaram conversando por alguns minutos, dando a um pouco de privacidade com a bebê. Antes do que eles gostariam, a enfermeira apareceu no quarto, pedindo que lhe entregassem a garotinha e que alguém fosse embora. Era permitido apenas um acompanhante.
– Não preciso que ninguém fique comigo. – Amber afirmou – , só preciso que me faça mais um enorme favor essa noite e leve para casa.
– Não, mãe. – protestou – Vou dormir aqui com você.
– Não, . Você irá para casa. Amanhã é quinta-feira e você tem aula. Ainda não estamos no recesso de Natal.
– Você não pode ficar sozinha.
– Claro que posso. Amanhã de manhã, no mais tardar de tarde, terei alta. Então você pode vir me buscar e iremos para casa, onde terá muito tempo para cuidar de mim, querido. – Amber sorriu, tentando passar certa tranquilidade para o filho e admirando-o por querer cuidar dela. Nunca imaginaria que se ofereceria para passar a noite no hospital com ela.
– Posso vir te buscar amanhã, Amber. – se ofereceu – E também pode contar comigo para qualquer coisa.
, você é a melhor amiga que já me apareceu. Obrigada, de verdade.
– Não há de quê. Marcus também me foi muito útil em todo o processo do divórcio. Sem ele, Richard teria ficado com a casa.
beijou a testa da mãe e saiu com . A enfermeira levou Sophie de volta ao berçário e e seguiram para o estacionamento, em silêncio.
– Acho que estou feliz com tudo isso. – comentou quando abriu a porta do carro – Como isso tudo aconteceu.
– O que quer dizer? – perguntou, parando na frente do carro, observando .
– Você. Fiquei feliz por você estar lá com a minha mãe. Comigo.
sorriu.
– Sempre vou estar lá por você, .
Ela estava se virando para dar a volta, mas segurou sua mão. Os dois congelaram no lugar enquanto ele passava o polegar em círculos nas costas da mão de .
Estava nevando e o estacionamento estava vazio. Os carros silenciosos e brancos de neve eram as únicas coisas que os cercavam. puxou para perto de si, precisando dela. Quando percebeu, estava abraçando-a.
– Preciso de você, . – sussurrou no ouvido da mulher.
...
– Quando te vi segurando Sophie... Você não tem noção do que fez comigo. Foi a cena mais incrível que já vi. Preciso de você, .
– Já disse que vou estar sempre ao seu lado.
– Não, . – negou, apertando mais ainda contra si. Ele queria que ela entendesse exatamente o que estava tentando dizer. Sua respiração estava ofegante e aproximou a boca da orelha dela, diminuindo o tom ao falar – Preciso de você como um homem precisa de uma mulher... Entende?
se afastou o suficiente apenas para olhar para . Viu em seus olhos o que ambos tentavam esconder. Suas pupilas estavam mais dilatadas que o normal e o olhar perdido em desejo. Seus lábios estavam mais vermelhos por causa do frio e partidos por causa da respiração descompassada. Ele nunca estivera tão gostoso.
...
– Vamos para casa, .
Subitamente, entrou no carro, deixando completamente desnorteada. Chacoalhou a cabeça e entrou no carro também, tentando acalmar seus hormônios e sua respiração.
Era bem claro que não se envolver não era mais uma opção. Ela já estava envolvida.
Quando começou a dirigir, sentiu a mão de tocar sua coxa. Ela não disse nada, nem protestou, apenas espremeu uma perna na outra, mordendo seu lábio inferior. observava tudo de seu banco no lado passageiro, pensando que não podia ficar mais gostosa do que estava, dirigindo o carro.
estacionou na frente de sua casa, mas não deixou que saísse do carro. Puxou seu rosto para um beijo, perdendo seus dedos nos fios na nuca da mulher, deixando-a arrepiada. Quando suas línguas se tocaram, deixou um gemido baixo escapar, que foi abafado pela boca de . Ele sentia que estava quase cedendo, apesar de ainda estar indecisa. Quando se separaram para procurar ar, o olhar no rosto de era acusador.
– Não devíamos fazer isso, . Sua mãe pediu para que eu cuidasse de você.
– E não é isso que está fazendo? – deu um sorriso cafajeste, fazendo revirar os olhos enquanto saía do carro. a acompanhou.
– Venha para minha casa comigo.
queria dizer não. Ela realmente queria. Mas acariciando sua mão com o polegar, com os lábios inchados por causa do beijo e os olhos brilhando de desejo... Não dava para resistir.

***

Turn the page, maybe we’ll find a brand new ending, where we are dancing in our tears… (Vire a página, talvez nós encontraremos um novo final, onde estamos dançando sobre nossas lágriamas...).
As luzes que os fãs haviam provocado com seus celulares estavam iluminando o rosto de , como se fossem pequenas estrelas. Como se fossem as estrelas perdidas que ele e eram.
Merda, ele sentia muito a falta dela.

2 ANOS ATRÁS

fechou a porta do quarto com força, gritando. havia ouvido toda a gritaria de sua casa. Algo estava errado e ela sabia disso, principalmente quando começou a jogar seus móveis contra a parede, quebrando tudo que estava ao seu redor.
! – ela chamou, abrindo a janela de sua sacada, gritando para o garoto, que parecia estar cego de raiva – , estou aqui!
Depois de praticamente perder as cordas vocais tentando chamar sua atenção, virou para olhá-la. se espantou com as lágrimas que viu em seus olhos.
– O que aconte...
não teve chance de terminar sua fala, pois logo estava pulando a janela, abraçando e enterrando o rosto em seu pescoço, chorando copiosamente.
– Calma, . Estou aqui. O que aconteceu? Fale comigo.
– Eu vou me mudar, . Meus pais querem ir para os EUA.

***

And, God, tell us the reason youth is wasted on the young. (E Deus, nos diga o motivo de a juventude ser desperdiçada nos jovens).
Sophie tinha uma doença rara, que só fora descoberta quando ela completou um ano. Por causa de um problema que parecera insignificante no parto, ela tinha uma oxigenação no cérebro, o que a deixava retardada. Enquanto as crianças de um ano normais estavam aprendendo a andar e falar, Sophie não conseguia sentar sem apoio. havia contado aquilo para com lágrimas nos olhos, pois uma das características dessa doença é que não havia nenhuma criança viva com mais de dez anos que possuía a síndrome. Os médicos não sabiam dizer se isso acontecia porque a criança não se desenvolvia do modo certo e acabava não resistindo, ou se era porque a doença era muito nova. Sophie era o caso número 23 no mundo todo e, quando descobriram, vários estudos sobre ela passaram a ser feitos.
A cada dia que passava ao lado da menina, sentia que ela iria sobreviver e conseguir vencer a tal síndrome.
Mesmo assim, quando seus pais disseram que iriam para os EUA, para tentar encontrar a cura, se sentiu péssimo como nunca. Ele não havia conseguido terminar o ano escolar, acabou repetindo, então ainda estava na escola. Seus amigos de banda resolveram tirar um ano de folga antes de começar a faculdade e os estudos mais sérios, até porque não sabiam o que iriam cursar ainda. Ele não podia obrigar seus pais a ficarem no Reino Unido, quando havia chance de cura para Sophie nos Estados Unidos.
Foi aí que salvou sua vida.
conversou com Amber durante incontáveis horas, até que elas decidiram que o melhor para era deixá-lo no Reino Unido. se tornou sua guardiã legal no país e ele passou a morar com ela.
Amber e Marcus não faziam ideia do relacionamento que os dois mantinham.
It’s hunting season and the lambs are on the run, searching for meaning. (É época de caça e os cordeiros estão na corrida, procurando por significado).
Se não fosse por , teria ido para os Estados Unidos aos 17 anos.
Morar com foi a melhor época de sua vida. Eles podiam se beijar quantas vezes quisessem, sem que ninguém os julgasse. Ela o levava para a escola e então ia trabalhar. Quando a HeartTaker queira ensaiar, eles iam para a garagem da antiga casa de e tocavam lá, enquanto batia palmas e os incentivava.
Era o que queria para o resto de sua vida.
Quando eles brigaram, sentiu que seu coração foi arrancado do peito.

2 ANO ATRÁS

! – entrou na casa, gritando e pulando. estava fazendo o jantar e se surpreendeu quando pulou em suas costas, quase derrubando-a e enchendo-a de beijos.
. – riu com a empolgação do garoto – O que foi? Por que está tão animado?
apenas entregou um envelope pardo para a mulher, com o sorriso ocupando seu rosto por inteiro.
retirou o maço de folhas de dentro do envelope e começou a ler.
, o que significa isso?
– É um contrato, ! Nós conseguimos! A HeartTaker vai assinar um contrato!
não continuou a sorrir como sorria.
– Pensei que vocês tivessem desistido de enviar demos para gravadoras.
– E desistimos. Essa gravadora foi uma das primeiras pra quem enviamos. Eu nem lembrava mais! Eles demoraram pra responder, mas aí está! Nós vamos gravar um álbum em um mês! – percebeu que não estava nada contente, então seu sorriso começou a murchar também – O que foi, ?
– Você não tem idade para assinar um contrato sozinho. Ainda não fez 18.
– Vou fazer 18 em trinta dias. Isso não é problema! Sem contar que você pode assinar para mim.
– Não vou assinar nada no lugar de Amber.
Aquilo foi como um balde de água fria em .
– O quê...?
, pense direito. Você não está pensando. Você tem 17 anos. Está atrasado na escola. Não sabe nem o que vai cursar na faculdade. Aonde pensa que vai com um contrato pra uma gravadora?
, é isso que você não está entendendo. Não preciso de faculdade, não preciso terminar a escola. Eu já tenho um contrato. Eu já tenho um emprego.
– Bom, então boa sorte para pedir para sua mãe. – Ela entregou as folhas para – Porque eu não vou assinar nada.
se virou e continuou a fazer a comida, como se não estivesse atrás dela, parado com uma expressão chocada no rosto. Ele estava com a chance de sua vida nas mãos, mas se recusava a deixá-lo seguir seu sonho.
– Você foi atrás do que queria quando tinha a minha idade! – protestou – Por que não posso fazer o mesmo?
– Não estou te privando de nada, . Só estou dizendo que não vou ser sua mãe. E tem mais: quando eu fui atrás de ser atriz, eu já tinha 18 e meus pais não precisaram fazer nada.
– Mas eu vou fazer 18 em um mês! – ele gritou, começando a ficar nervoso com o descaso de . A mulher virou-se para ele com um olhar firme.
– E está agindo como se tivesse 15. Pare de espernear e implorar. Se quer seguir com a carreira, vá pedir para sua mãe. Se ela autorizar, eu assino. Caso contrário, não vou interferir.
– Você sabe que ela não vai aceitar, principalmente porque eu repeti de ano.
– Bom, então eu sinto muito.
! – gritou , ainda mais alto.
– Pare de gritar, eu não sou surda!
– Então pare de me tratar como uma criança! Você sempre faz isso, ! Fica me diminuindo por causa da minha idade! Só porque tem 10 anos a mais que eu, não significa que sou uma criancinha idiota e você é minha mãe!
– Exatamente, eu não sou sua mãe. Pare de querer que eu faça as coisas como ela! O que você quer, uma namorada ou uma mãe? Se você quiser uma mãe, pegue o primeiro voo para Nova Iorque e vá encontrar com ela!
– Está me expulsando?
– Está admitindo que quer uma mãe?
– Pare de ser tão implicante, cacete! – voltou a gritar, dessa vez chutando uma cadeira e jogando as mãos para o alto, enquanto o contrato da gravadora estava cuidadosamente posicionado sobre a mesa, ao lado de uma caneta – Eu não estou te pedindo muito, estou? Só seguir meus sonhos é pedir muito?!
– Você não entende, . – bufou, prendendo os olhos nos de , tentando passar alguma confiança a ele, mas os dele estavam cheios de raiva e frustração – Eu já estive onde você está agora. Sei que, quando der tudo errado, você vai precisar de uma faculdade ou alguma coisa assim. Vai se sentir velho demais para estudar e vai acabar como eu. Não quero que isso aconteça com você, .
– Só porque você não conseguiu ser alguém na vida, não significa que eu também não consigo.
se arrependeu de falar no momento que viu os olhos de se encherem de lágrimas.
, eu...
– Não. – cortou-o, abaixando-se para pegar a caneta e assinando no lugar marcado no contrato. Entregou os papéis para – Feche a porta da casa, se sair.
Então deixou sozinho com os papéis e seu sonho, saindo da casa sem direção nenhuma, assim como esteve durante toda sua vida.

***

nunca quis realmente dizer aquilo. Ele estava estressado e magoado por ter negado algo que ele queria tanto. Pensou que, se a machucasse de volta, se sentiria melhor, mas estava errado. Poucos momentos em sua vida o fizeram sentir tanta dor. Quando descobriu que Sophie poderia morrer com dez anos, foi um desses momentos. Ver indo embora foi outro.
But are we all lost stars? Trying to light up the dark. (Mas somos todos estrelas perdidas? Tentando iluminar o escuro?).
Então, ele a encontrou.
Talvez fosse só coisa da sua cabeça louca, mas ele a viu. estava ali, no meio da multidão.
Sem pensar duas vezes, tirou o microfone da base e se livrou do violão, deixando que seus amigos continuassem a música sem o acompanhamento do instrumento dele. Pulou do palco, mantendo os olhos onde a mulher estava.
I thought I saw you out there crying. And I thought I heard you call my name. (Eu acho que te vi lá fora chorando. E acho que ouvi você me chamar).
As fãs gritaram, enlouquecidas. estava mesmo ali. Ele tinha certeza. Na primeira fileira. No canto, mas estava na primeira fileira. Ela havia pegado um avião para ir até lá, vê-lo realizando seu maior sonho, como prometeu que faria.

2 ANOS ATRÁS

– Pra mim chega. Eu não quero mais cantar.
, você não pode desistir porque deu errado uma vez. Sabe quantos “não”s eu ouvi antes de fazer minha primeira peça?
bufou, jogando-se na cama e se aninhando em , enquanto ela passava as mãos em seus cabelos rebeldes.
– Acho que já ouvi “não”s para a vida inteira.
– Você não ouviu nem metade dos que ainda vai ouvir, . – beijou sua cabeça, fazendo o garoto puxar seu corpo para mais perto e os dois acabaram abraçados e totalmente enrolados um no outro.
– Então não quero ouvir mais nenhum. Já cansei dessa merda.
– Pra você conseguir alguma coisa, tem que fracassar primeiro. É o fracasso que te dá experiência. É ele que te ensina o que você deve saber para ter sucesso.
– Como sabe disso?
– Como sei disso! Que pergunta idiota. Ainda mais pra você, que me conhece tão bem. Mas, pior ainda, você tem seu próprio exemplo. Me diga, como está sendo refazer o último ano?
– Um inferno, já era pra eu ter terminado aquela porra.
– Não, , quero dizer no sentido de matéria. Provas, todo o conteúdo. Como você está se saindo?
– Você sabe que estou indo super bem. Nunca fui tão bem na escola.
– Então isso prova que estou certa. Você fracassou no ano passado, e agora consegue fazer direito. Entende o que quero dizer?
– Acho que sim.
– Não pode desistir tão fácil, . Ainda mais você, com todo esse talento.
riu, distribuindo beijos molhados pelo pescoço de , fazendo-a ficar arrepiada.
– Acho que está na hora de eu te mostrar o quão talentoso eu sou.
– Meu Deus, ! Essa foi sua pior cantada!
– E daí? No final eu vou conseguir o que eu quero, de qualquer jeito.
– E ainda por cima é convencido!
riu, mordendo o lóbulo da orelha de , enquanto inalava o cheiro da mulher. Era o melhor cheiro que ele já havia sentido.
– E o que você quer? – perguntou, fazendo levantar a cabeça e olhá-la com certa estranheza no olhar.
– Quer mesmo que eu diga que quero transar com você...?
– Não, seu besta. Estou falando do seu futuro. O que você quer? Imagine que hoje mesmo você tem direito a fazer um pedido e ele vai ser realizado quando você abrir os olhos pela manhã. O que pediria?
pensou por alguns segundos, apoiando o cotovelo na cama, observando . Queria saber se ela esperava alguma resposta, ou se estava testando-o, como as outras garotas com quem costumava a sair faziam. Normalmente, quando elas perguntavam sobre seu futuro, queriam saber se ele iria ficar com elas e namorar e tudo aquilo que evitava. Com , ele não queria evitar nada, ao mesmo tempo que sentia a mulher não querer que ele mentisse.
estava realmente interessada em saber seus objetivos e torcer por ele.
– Acho que eu iria querer cantar no Madison Square Garden. – respondeu, por fim, fazendo sorrir – Imagine o lugar lotado, cheio de fãs gritando meu nome, enquanto eu me apresento... Isso ia ser incrível.
– Incrível seria a apresentação que você faria num lugar desses. – rebateu, dando um selinho em – Você é muito bom, .
– Você estaria lá?
– Na primeira fila.
sorriu e juntou seus lábios, não aguentando mais nem por um segundo manter seu corpo longe do dela.

***

I thought I heard you out there crying… Just the same. (Eu acho que ouvi você lá fora chorando... Daquele mesmo jeito).
Ele parou na frente de . Os seguranças estavam ao redor de , desesperados por ele. Se o cantor se machucasse, a culpa seria dos seguranças.
não se importou com isso. Estava com tanta saudade de ...
Depois que eles brigaram, um ano atrás, morou o mês seguinte com Matt. Depois, ele completou 18 anos e já lançaram um disco, que foi um completo sucesso. Dinheiro para uma casa nova era o que não faltava, e logo comprou uma enorme mansão no centro, que foi rapidamente abandonada quando a HeartTaker entrou em turnê pelo Reino Unido, Europa e América. Ele nunca pensou que o sucesso seria tão grande, mas, quando viu, o segundo álbum da HeartTaker já estava em primeiro lugar nas paradas e eles começaram a segunda turnê. Era o quarto show da segunda turnê, e eles já haviam lotado o Madison Square Garden.
E estava lá, na primeira fila, como prometeu.
And, God, give us the reason youth is wasted on the young. It’s hunting season and this lamb is on the run, searching for meaning. (E, Deus, nos diga a razão da juventude ser desperdiçada nos jovens. É época de caça e esse cordeiro está na corrida, procurando por significado).
O rosto de estava banhado em lágrimas. se incomodou com todas as garotas que a empurravam, em uma tentativa de se aproximar dele, então exigiu que os seguranças ajudassem a sair dali.
Uma vez que já havia pulado a grade e estava de frente para , ela ficou sem reação. As lágrimas escorriam de seus olhos sem sua permissão e ela não podia estar mais orgulhosa dele.
But are we all lost stars? Trying to light up the dark. (Mas somos todos estrelas perdidas? Tentando iluminar o escuro).
encaixou uma das mãos no rosto de , secando algumas de suas lágrimas com o polegar. sorriu para ele, tocando em sua mão.
And I thought I saw you out there crying. (E eu acho que te vi lá fora chorando).
largou o microfone, deixando que algum de seus amigos continuasse a música. Puxou para si e beijou seus lábios com voracidade, querendo ter certeza de que ela era mesmo real. Havia sonhado com aquele momento durante tanto tempo que não sabia se podia confiar no que seus olhos estavam vendo.
Quando correspondeu seu beijo, ele soube que era real.
And I thought I heard you call my name. (E eu acho que ouvi você me chamar).
Eles se abraçaram assim que separaram seus lábios. pensou que nunca mais a veria de novo e tê-la em seus braços estava destruindo sua sanidade.
– Você pegou mesmo um avião só para vir aqui me ver? – ele perguntou entre soluços, ainda abraçando .
– Eu disse que viria, não disse?
And I thought I heard you out there crying. (E acho que te ouvi chorando lá fora).
– Eu nunca quis dizer as merdas que eu disse, . Nunca.
– Eu sei, . Nunca quis acabar com seus sonhos também.
But are we all lost stars? Trying to light up the dark. (Mas somos todos estrelas perdidas? Tentando iluminar o escuro).
– Eu te amo, . Deus, pensei que não fosse conseguir ficar sem você.
– Eu também te amo, . Eu te amo.
beijou outra vez, sem se importar com todos que estavam gritando ao redor deles, a música que tocava ao fundo e os seguranças que os apressavam.
Eles não se importaram com nada.
But are we all lost stars? Trying to light up the dark. (Mas somos todos estrelas perdidas? Tentando iluminar o escuro).
– Outra música para mim? – perguntou, com um sorriso no rosto.
– Todas são para você, . Assim como eu sou seu.
– E eu sou sua, .


FIM



Nota da autora: Olá pra você que leu essa fic! Lost Stars é uma das minhas músicas favoritas do V, então foi muito bom escrever sobre ela! Ah, você já deu uma olhadinha nas outras músicas desse e dos outros ficstape? Te garanto que estão ótimas, porque não dá uma olhadinha? ;)

Outras Fanfics:
12. I Know Places — Ficstape 1989
02. Animals — Ficstape V


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


CAIXINHA DE COMENTÁRIOS

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus