Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Depois de quarenta minutos, eu finalmente finalizei e entreguei a prova de Estatística II. Eu estava frustrada com o fato de mesmo tendo deixado minha vida social de lado e passado dias, principalmente os dois últimos finais de semana, em casa estudando, ainda ter tido dificuldade em responder as cinco questões. Como de costume, fui até o pátio e ocupei um dos conjuntos de mesa e cadeiras de madeira e esperei por minhas novas amigas da faculdade. Estava tão nervosa e chateada olhando meu caderno e constatando que havia respondido muitas coisas erradas que nem notei a mesa do canto, quase abaixo da escada, ocupada por ele. Foram as risadas que tomou conta do ambiente que me fez reparar nos homens que brincavam entre si, aliás uma risada em especial que me fez levantar os olhos e reparar nele, uma que passei a admirar muito nos últimos meses.
- Que carinha é essa, hein? – Cara perguntou ocupando a cadeira ao meu lado.
- Ai Car, ele me tira do sério... – sorri. Não conseguia desviar o olhar da bendita mesa e um sorriso bobo brincava em meus lábios, por mais que eu tentasse disfarçar ou segurá-lo.
As meninas já haviam reparado meu interesse nele e a gente sempre sentava próximo para que eu pudesse ficar babando um pouco nos intervalos, mas era aquilo... uma paixãozinha platônica, até porque eu não sabia absolutamente nada sobre ele. Nem nome, nem curso, nem se namorava, nada. Mas o que os meus olhos registravam era o conjunto perfeito para me atrair cada vez mais. Ele tinha o cabelo castanho mais brilhante que já vi, uma mecha fina branca que eu tinha quase certeza ser natural, a estatura mediana e, apesar das roupas largas não favorecerem muito, tinha os músculos salientes em seu braço, barriga e pernas, porém, o que chamava mais a atenção eram as tatuagens. Os braços tomados por desenhos, e até na lateral do rosto e da cabeça tinha alguns rabiscos.
- Você não é nada discreta! – Car seguiu o meu olhar e balançou a cabeça negativamente.
Talvez eu estivesse, literalmente, quase babando. E talvez, também, eu estivesse com os lábios entreabertos.
Um capacete escuro e fosco ocupava parte da mesa a frente e nela estavam seis homens, todos tatuados ou com piercing e alargador, e vestindo roupas escuras. Era perceptível o gosto musical de todos ali e a impressão era que eles estavam em uma reunião de algum fã clube ou de algum grupo de motocicleta. No espaço livre da mesa, uma dupla brincava de queda de braço enquanto outro filmava. Mais uma vez risadas e gritos foram ouvidos e eu me segurei para não sorrir junto.
- Ah... – ia protestar, mas era a mais pura verdade.
Puxei uma barrinha de proteína da bolsa e abri a embalagem evitando olhar novamente para onde minha mente - e meu coração - queria, mas foi inevitável ver que quem estava disputando a nova partida de queda de braço era o cara que eu achava lindo e um menino loiro. Visivelmente os dois estavam equilibrados em peso e força, mas seus braços brigavam para tentar um movimento rápido e certeiro, porém, estava bem disputado. Segundos depois e meus olhos registraram o exato momento em que o tatuado bateu a mão do loiro no topo da mesa, causando um barulho seco e alto. Sorri e ouvi gritos, falação e risadas. Minhas bochechas coraram assim que nossos olhos se cruzaram. O canto de seu lábio se ergueu levemente em um rascunho de sorriso.
- E aí, como foram de prova? – Cass e Spence juntaram-se a nós na mesa e eu desviei o olhar para saudá-las.
- Por que você está vermelha, ? – Cass perguntou com um sorriso malicioso em lábios. – Espera, não responde, eu já sei. Troca de olhares e, bem, eu vi. – comentou.
Envergonhada, sorri e baixei os olhos. Eu era muito ruim nessas coisas de paquerar, mas quando eu me encantava com alguém, eu tentava de tudo até conseguir. E eu sabia que, eventualmente, eu poderia ficar com ele, ainda mais depois da retribuição do olhar.
- Já tem algum plano para falar com ele? – perguntou Spence. Com ela era sempre assim, plano A, B e C e ações calculadas, pensando sempre na porcentagem e aproveitamento. As vezes eu não conseguia entender o porquê dela ter escolhido aquele curso e não Engenharia ou qualquer outro de exatas.
- As coisas vão se dar naturalmente... – respondi, encerrando questão.
- E como você foi na prova? – Spence quis saber.
- Sem papo de prova, Spence. – Car e eu respondemos juntas, e nos entreolhamos sorrindo por respondermos juntas e a mesma coisa na maioria das vezes.
- Chatas!
Nove e dez da noite – e sim, eu olhei no relógio – quando o tatuado e seus amigos se levantaram aparentemente para irem embora. Mordisquei o lábio inferior quando ele, segurando o capacete com uma mão e com a mochila preta apoiada em seu ombro, passou por mim com os outros. Como se meus olhos fossem ímãs para os seus, as ires castanhas me encontraram novamente e demoraram em mim. Car me cutucou Cass com o cotovelo e as três fizeram algum comentário e riram.
Desde o dia em que eu o havia visto pela primeira vez na faculdade, alguma coisa me atraía para ele. Era como se algo nele me chamasse para que descobrisse o mistério que pairava a sua volta, como se eu tivesse muito para conhecer e apreciar. E, claro, tudo isso me deixava com mais vontade de tocá-lo, de intensificar aquela atração.
- Já que não temos mais nada para fazer, podemos comemorar a última prova no Ferro Velho, né? – sugeriu Car. – Ao menos até umas 11, já que amanhã todas trabalhamos. – completou olhando o relógio em seu pulso.
- Sim. – Cass e Spence responderam juntas, enquanto eu, empolgada fiz uma dancinha com o tronco de meu corpo.
- Mas quero jogar bilhar, hein? – disse. Elas nunca queriam jogar e a parte mais legal do Ferro Velho era jogar e apostar alguma coisa maluca.
- Lá vem você com essas coisas de velha de novo. – Cass entortou o lábio enquanto todas se levantavam para sair. Eu apenas sorri, estava acostumada com as brincadeiras, até porque a diferença de idade entre elas era grande mesmo, cerca de 5 anos, e elas sempre usavam esse argumento quando eu citava bilhar, velho barreiro e dor nas costas.
Após passarmos a catraca da faculdade, eu, que já brincava com um cigarro em meus dedos, acendi o cilindro de nicotina e traguei. Andamos os dois curtos e movimentados quarteirões conversando amenidades, como o namoro conturbado de Spence e o ficante de Cassidy.
- Já entro. – disse tragando meu cigarro mais uma vez quando chegamos a uma porta preta de ferro.
Cassisy, Cara e Spencer acenaram com a cabeça e desceram o grande lance de escadas que dava em um galpão organizado em dois ambientes: bar, com banquetas vermelhas a toda volta do balcão e infinidades de bebidas, principalmente cervejas, e um salão com mesas de bilhar e alguns outros jogos, como fliperama, encostados à parede. As três amigas pegaram uma comanda cada com uma mulher de cabelos roxos que ficava no final da escadaria e logo ocuparam o bar, fazendo seus pedidos alcoólicos.
Encostei-me à parede preta toda grafitada do lugar e, enquanto fumava, observava o movimento sem realmente prestar atenção a minha volta. Ao final de meu cilindro de nicotina, o apaguei no poste próximo e joguei o filtro na sarjeta, já que não tinha nenhuma lixeira próxima. Percebi, então, algumas motos estacionadas ali e uma delas não me era estranha. Era um modelo que lembrava muito uma Harley Davidson Iron 883.
- Finalmente! – exclamou Car ao me ver. Imediatamente ela fez sinal ao barman, que prontamente se aproximou e serviu quatro doses de tequila ouro. Cara me empurrou um copo com o líquido dourado. – Arriba.
- Arriba! – respondemos animadas e levantamos nossas doses. Ambas viramos o líquido e eu corri pegar o limão e molhá-lo no sal antes de levar a boca.
Senti a conhecida ardência em minha garganta e fiz uma careta. Seria necessário mais umas três doses daquela, mas, mesmo com uma, era assim que começava o relaxamento em relação a semana de provas e principalmente a de estatística.
E começava também, o melhor e pior dia da minha vida.
- E aí, quem vai jogar comigo? – perguntei e pedi uma ficha ao barman.
- Você não vai desistir dessa ideia mesmo, né sua viciada? – reclamou Cass.
- Não! – um discreto bico se formou em meus lábios.
Sem conseguir convencer nenhuma das três a me acompanhar, peguei a ficha e deixei minha bolsa com Spence. Andei pelo extenso salão até uma mesa mais afastada e levei um choque quando o vi. Sim, era ele e sim, levei literalmente um choque; algo como uma corrente elétrica, gelando meu corpo de um jeito engraçado e acelerando o meu coração. O tatuado estava com mais três amigos em uma mesa do outro lado do salão, mas não estava jogando. Coloquei a ficha no lugar indicado e abri a gaveta para pegar as bolas e organizá-las em um triângulo em cima da superfície verde aveludada. Foi então que ao ir em busca de um taco, dei de cara com aquele olhar penetrante e a figura masculina mais próximo. Sorri e peguei um taco cumprido para acompanhar meus um metro e setenta de altura. Estava ficando um pouco constrangida com ele parado bem de frente a mesa que eu estava, olhando-me descaradamente.
Tentando ignorar os olhares do homem, iniciei o jogo acertando a bola branca nas coloridas e fazendo estas se espalharem pela mesa, mas sem encaçapar nenhuma de primeira. Quando ia fazer outra tacada, uma voz levemente rouca e preguiçosa me interrompeu.
- Sério? – o tatuado perguntou e eu arrepiei. A voz dele era mais linda do que eu tinha percebido quando o ouvia com os amigos.
- O quê? – o olhei apreensiva, apoiando-me no taco. Estava nervosa, talvez pela aproximação e o primeiro contato com o homem.
- Jogar sozinha não me parece nada emocionante. – seu lábio se curvou apenas na lateral esquerda e, em seguida, ele se encaminhou até os tacos, escolhendo um mediano e tratando de passar giz em sua ponta e em parte de sua extensão.
- Não achei ninguém disposto a perder pra mim. – brinquei e observei quando o tatuado se debruçou na mesa para fazer sua jogada, uma que por poucos milímetros não derrubou a bola treze na caçapa.
- Tenho uma proposta... – ele começou e conseguiu toda a minha atenção, o que o incentivou a continuar. – Cada bola que eu acertar você me conta algo sobre você e vice e versa. – ele se apoiou no taco ao propor.
- Pronto para me falar seu nome? – eu entrei na brincadeira e, em uma jogada, derrubei a bola que ele havia encaixado para ser finalizada, aproveitando a oportunidade.
- .
. Eu tinha imaginado algo como Daryl ou Kieran, mas tinha seu charme também.
Como de direito, joguei novamente antes de passar a vez, mas não consegui nenhum acerto além do anterior. , por sua vez, acertou duas bolas seguidas em jogadas que eu apenas havia visto em jogos profissionais, com tacadas espelhadas e de efeito. Eu estava ferrada, pois não gostava de perder. Ele soltou seu cabelo, prendendo-o novamente com movimentos charmosos e, ao mesmo tempo, de uma forma convencida e depois encostou o corpo na borda da mesa e apoiou uma das mãos nela, me observando atentamente. Senti que ele podia ver muito mais do que eu estava mostrando, como se fosse possível uma visão de raio x ou uma leitura mental. Claro que era impossível, mas poderia ser um indicativo do interesse mútuo. Bem que eu gostaria!
- Linking Park ou Pearl Jam?
- Pearl Jam. – respondi de pronto. Por mais que adorasse Linking Park também, Pearl Jam era Pearl Jam. manteve-se plácido, como se avaliasse e analisasse minha resposta e realções.
- Quem é a pessoa mais importante na sua vida? – quis saber.
- Minha avó. – mais uma vez, não hesitei em responder. acenou com a cabeça e desencostou da mesa para que o jogo pudesse prosseguir.
O jogo recomeçou sem nenhum comentário sobre as perguntas e respostas. Comecei a ficar intrigada pensando nas duas perguntas que ele havia me feito, perguntas inusitadas e que, mesmo parecendo insignificantes, revelava bastante sobre mim.
Claro que com toda a habilidade dele, estávamos próximos de encerrar o jogo e eu havia contado mais do que normalmente contaria devido a escolha certa de palavras e perguntas por parte dele. Contabilizando, ele já sabia meu telefone, que meu pai já tinha falecido, que eu tinha sofrido muito com um ex-namorado, que minha vida era uma bagunça e coisas do tipo. Enquanto eu sabia seu nome, que também cursava psicologia assim como eu e que morava sozinho. Faltavam duas bolas pares para mim e apenas a quinze e última para ele quando Cassidy e Cara chegaram com sorrisos maliciosos e sugestivos, apoiando-se na mesa. fez um sinal com a cabeça em cumprimento e se afastou um pouco, deixando-nos a vontade.
- Hmmm. – juntei minhas sobrancelhas em uma expressão brava e a repreendi, batendo no braço de Cass para que ela parasse com aquilo.
- Como isso aconteceu, hein ? – contente pela amiga e curiosa, Car perguntou em voz baixa.
- Alguém decente teve piedade de mim, né? Que amigas são essas que me deixam jogar sozinha? – brinquei, me fingindo de ofendida. Ao ver o que havia na mão de Cass, peguei o copo que já estava no fim e dei um generoso no líquido que identifiquei ser uísque. Jack Daniels, certeza.
- Então, gatinha, mas a Spence está meio mal e estamos indo embora e a senhorita está de carona comigo, lembra? – Cassidy disse e resgatou o seu copo, agora já quase vazio. Ela fez uma careta ao ver só os gelos e um pingo de líquido no corpo.
- Eu te levo. – nos interrompeu e olhamos para ele com certa desconfiança. Abri a boca para protestar, mas fato era que não sabia se queria recusar; a noite estava sendo agradável e a companhia dele era algo que eu poderia ter para sempre e não me acostumaria. – A não ser que você queira ir agora... – completou com indiferença e isso me irritou. Claro que eu não queria ir.
- Há quanto tempo você dirige? Já bateu o carro alguma vez? Quantos pontos você tem na carteira? – Cassidy começou a entrevistá-lo.
e Cara riram e eu senti as bochechas arderem de vergonha. Cassidy sempre arrumava uma forma de nos divertir ou nos constranger – não sei qual a palavra certa – com seu jeitinho peculiar e deveras maternal.
- É moto, na verdade. – disse . Apenas fiquei de espectadora.
- tem medo de moto. – Cass protestou e os olhos castanhos do tatuado pousaram em mim, como se inquirisse resposta. Eu apenas balancei a cabeça negativamente, porque não, eu não tinha, definitivamente, medo de modo, eu tinha receio, o que são coisas diferentes.
- Você não bebeu, né? – Cass insistiu nas perguntas.
- Não, mas você sim. – ele apontou o copo da garota. Sorri para ele e ele piscou para mim. era esperto e tinha um senso de humor ácido, eu gostava daquilo.
- Exatamente, Cass. Sem moral, gatinha. – fechei questão.
- Eu nunca bati o carro. – minha amiga protestou e Car revirou os olhos, vindo em minha direção para um abraço.
Cara, de todas elas, era a que mais me entendia. Nós éramos como irmãs gêmeas e, por mais que muitas pessoas achassem um exagero, desde o primeiro dia já tivemos uma ligação. Sabíamos o que estávamos pensando só de olhar, era engraçado e confortante ao mesmo tempo.
- Juízo, . – Car me abraçou e beijou minha bochecha e, em seguida, Cassidy fez o mesmo.
Vi minhas amigas se afastarem e balançar a cabeça negativamente sorrindo sozinho, mas não perguntei nada. Sabia que ele devia ter achado a Cassidy uma figura.
Voltamos ao jogo e por algumas tacadas nenhuma bola foi encaçapada até que eu consegui, talvez por um milagre ou uma macumba, reagir e empatar. Mesmo tendo gasto minhas oportunidades de perguntas com amenidades, não tinha ideia do que gostaria de saber dele naquele momento. Na verdade, algo passava por minha mente, mas não me sentia corajosa o suficiente para aquilo, até porque a tequila e os goles de uísque não alteraram em nada o meu estado e precisaria muito álcool para me fazer ficar totalmente desinibida e desbocada. Enrolei alguns segundos a fim de fazer um suspense e me decidir se iria direto ao ponto e, por fim, optei por arriscar.
- O que te atrai em uma mulher? – sustentei o olhar pelos longos segundos que se prolongou e pude registrar quando as pupilas dele dilataram e a ires ganhou brilho maior. Era quase como ver sua pele se arrepiar, porém por outros ângulos. O típico sorriso com apenas um dos lados do lábio curvado se fez presente.
se aproximou cauteloso e charmoso, me fazendo ansiar por seu toque enquanto parava a milímetros de mim. Seus olhos sempre fixos nos meus, vacilaram e registraram outras partes de meu rosto antes de voltar ao início. Ele, então, afastou uns fios rebeldes do meu cabelo de meu rosto e colocou sua mão em minha cintura de uma forma segura antes de responder.
- Me atrai mulheres com olhar desafiador, lábior vermelhos, sorriso discreto, cabelo levemente desarrumado... – ele fez uma pausa e tive a certeza que estudava minhas reações enquanto falava e eu estava praticamente derretendo por dentro acompanhando seus lábios se moverem e tentando decidir se olhava neles ou em seus olhos. – Decote... adoro colo à mostra. Unhas compridas e pintadas de preto, vestido com bota, brinco de cruz, muitos anéis... – a cada item listado, eu sentia meu corpo formigar e arrepiar. Mordisquei meu lábio.
- Você está me descrevendo? – minha voz quase não saiu.
ergueu a sobrancelha e se esquivando de responder, prosseguindo com o jogo. Nem me toquei que ainda tinha uma tacada, apenas deixei que ele prosseguisse. Precisava lidar com aquele momento. O local em que ele havia me tocado na cintura ainda tinha a temperatura da mão dele e eu ainda podia sentir o contato tão firme e certo. Suspirei. Eu acredito que entrei em transe, pois só me dei conta que ele tinha encaçapado a última quando ouvi o barulho da bola deslizando pela caçapa para a gaveta da mesa.
- Não creio! – protestei.
encolheu os ombros, em uma típica fala muda de: “fazer o que, né? Sou bom mesmo”.
- Vou conseguir um capacete pra você, me espera no bar. – disse , se afastando.
Sem pensar duas vezes, fui até o bar e pedi uma cerveja corona, bebendo longos goles. Quando apareceu novamente com um capacete em mãos, levantei-me da banqueta que estava sentada e senti uma leve tontura. Talvez as misturas tivessem começando a fazer efeito.
- Vamos? – ele perguntou e eu apenas assenti com a cabeça.
Durante todo o caminho, eu gostaria de tê-lo abraçado e sentido seu corpo em meus braços, mas foi exatamente o contrário que eu fiz. Segurei nas laterais da jaqueta de couro de e deixei minhas mãos fixas por ali até que ele estacionou em frente ao prédio de tijolinhos de quatro andares. Rapidamente estávamos em minha casa e eu queria que tivesse demorado boas horas para chegar ali.
Desci da moto e retirei o capacete, mordiscando meu lábio ao ver fazer o mesmo. Para mim, era como se aquele ato estivesse acontecendo em câmera lenta, como em um filme.
- Então... – eu disse, quando ele se encostou na moto e pegou em minha mão. me puxou para mais próximo dele e quando me dei conta, estava entre suas pernas e com uma das mãos apoiadas em seu ombro.
- Então... – ele respondeu e envolveu sua mão em minha nuca, subindo os dedos pelo meu cabelo e entrelaçando seus dedos ali.
Seus toques eram certos, eram cautelosos e agressivos ao mesmo tempo, cheio de vontade e desejo. Eu ansiava por aquele momento a cada segundo e senti meu corpo quase entrar em êxtase quando seus lábios se encostaram aos meus. Não consegui me conter. Pressionei meu corpo ao dele e deixei o beijo se tornasse mais intenso.
- Você quer entrar. – perguntei.
- Estava contando com isso. – respondeu sorrindo de canto.

***


Havia se passado duas semanas desde o dia em entrou em minha vida. Aliás, desde o dia em que ele fez uma passagem em minha vida, pois aquela foi a única vez que ficamos juntos. Não era do meu feitio na primeira vez chamar para entrar em minha casa e transar quase a noite inteira, mas foi exatamente o que aconteceu. Depois que entramos em meu loft, os beijos se tornaram cada vez mais quentes e , sempre usando suas mãos, suas palavras e seus toques da forma certa, me enfeitiçou. Eu não me arrependia, absolutamente não. O beijo dele era meu vício e ele tinha sido o melhor homem com quem dormi e, por alguma razão, eu tinha a certeza que ninguém mais o superaria.
- Então, quer dizer que... – Cara começou a falar um pouco sem graça e corou com a pequena menção a sexo oral. Já fazia duas semanas que eu tinha saído com e aquele era o assunto vigente desde então.
- Melhor sexo oral... – confirmei sorrindo para Car.
- E o que aconteceu entre vocês, afinal? – curiosa, Spencer quis saber.
Parei de falar quando vi e os amigos chegando para ocupar a mesa perto da escada. Senti novamente aquela mesma sensação do dia do Ferro Velho. Meu corpo formigou e arrepiou inteiro, fazendo meu coração acelerar. Ele acenou com a cabeça para nós, mas não veio até a mesa conversar. Estava sendo assim desde o começo daquela semana. Ele tinha parado de tentar aproximação quando percebera que eu estava firme em não levar nada aviante.
- Ah... nós não vamos dar certo. – respondi dando de ombros, e procurei não olhar mais naquela direção.
- Mas... – Cass tentou protestar, mas fui mais rápida.
- Eu não sou para ele, meninas. – fechei questão e o olhei rapidamente. Ele continuava lindo como sempre e tudo o que eu queria era tocá-lo novamente, era poder senti-lo dentro de mim novamente.
- Por quê? – as três perguntaram juntas.
- Isso eu não contei, mas quando estava amanhecendo, ficamos na cama conversando. Nós conversamos muito durante a madrugada e enquanto recuperávamos nossas energias e... bom, primeiro de tudo é que ele é dependente químico em recuperação e eu e o álcool temos um relacionamento sério e eu sei que posso influenciar no tratamento dele. Segundo que eu sou completamente egoísta e vocês sabem... eu queria que ele só tivesse olhos para mim e ele é todo aberto com todas as meninas. Vocês viram segunda, né? Aquela que ele já foi pegando na cintura e andando abraçados...?
- , você não pode estar falando sério! – Spencer exclamou.
- Eu não sou o que ele precisa. Vocês não entendem... eu sinto a falta dele demais, mesmo tendo sido só uma noite, mas eu não... eu... – foi então que eu percebi que eu não tinha argumentos o suficiente.
O que estava me assustando realmente? Será que era a declaração de amor precipitada que ele fez às seis horas da manhã depois de termos transado mais uma vez? Ou era o fato de eu já estar pensando em um futuro com ele sem nem ao menos ter certeza se eu queria ter um futuro? A verdade era que eu tinha sido uma idiota. No dia seguinte, eu não atendi suas ligações, não fui à faculdade e logo chegou o final de semana. Ele foi até a minha casa e eu não atendi mesmo estando entediada dentro das minhas quatro paredes. Eu estava assustada e o afastei, mas mesmo com essas minhas atitudes ridículas, tudo o que eu queria era que ele me ligasse novamente, fosse em minha casa novamente, me chamasse para conversar e me beijasse.
Meus olhos foram de encontro aos seus, que me observavam. Sorri para ele.
Talvez em um gesto infantil, e egoísta, puxei meu celular e escrevi a seguinte mensagem:
”Eu sei que depois do que fiz não tenho esse direito, não te tratei como merecia, mas querido, vamos manter o contato, porque eu não sou o que você precisa, mas eu sinto tanto a sua falta. Você tem o meu número, vá em frente e ligue.”
Enviei a mensagem e vi o exato momento que ele recebeu, mas não me atrevi a olhá-lo novamente. Eu precisava afastar todos os receios de mim, antes de me entregar novamente e completamente a .


FIM



Nota da autora: Heey strangers, tudo bem por aí? Me perdoe por essa fic corrida, mas foi mais difícil escrevê-la do que pensei, sabia? Espero que tenham gostado. Deixei um coments para eu ser feliz hahaha xxx

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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