Capítulo Único
Acordei meio perdida e demorei a entender que eu estava em um avião, porém, quando minha memória foi retornando, a emoção me dominou de novo. Eu realmente estava viajando de avião pela primeira vez. E em um voo internacional. Eu estava indo para Cancun!
Depois de todos os anos de faculdade economizando, eu finalmente iria viver meu sonho. Afinal, eu havia me formado no curso de Licenciatura em Teatro e havia recebido a nota do concurso para o mestrado: eu tinha passado em terceiro! Se havia um melhor momento para viajar e comemorar, eu não conhecia. Por isso, comprei as passagens de avião, a estadia do resort que eu já admirava há anos, Mar Azul, e convenci minha melhor amiga a desgrudar um pouco de Hannah, sua noiva, e fazer uma viagem só nós duas.
E agora lá estávamos nós, vivendo aquele sonho. não mantinha o olhar focado, provavelmente por causa do seu medo de altura. Hora estava na janela, hora na revista de fofoca.
Uma revista de fofoca com uma capa bem familiar. Eu não aguentava mais encarar aquele rosto e aquele nome que estampava qualquer revista, impressa ou eletrônica, nacional ou internacional: .
— Eu ainda não consigo acreditar que vocês foram amigos de infância e que, se eu tivesse entrado um ano antes na escola, eu teria conhecido ele. — tagarelou, admirando a capa da revista. Não pude deixar de fazer uma careta.
— Cuidado pra não babar em nenhuma página, por favor. — Ironizei.
— Aff, chata, nem todas tivemos a mesma sorte que você!
Eu não chamava exatamente de sorte e sim de parte da vida. Desde que eu nasci, eu me lembro de na minha vida. Estudamos juntos, lemos Harry Potter na mesma época, tiramos as melhores notas da turma, tivemos um namoro infantil de uma semana e encenamos uma peça da Turma da Mônica como protagonistas. Só que com 13 anos, o pai dele ganhou uma promoção em Los Angeles e ele foi embora.
Perdemos o contato, mas, pelo visto, ambos continuamos atuando. Eu, em um curso pequeno da cidade, e ele, fazendo sucesso na nova série da Netflix. A vida realmente tem suas reviravoltas.
— Não entendo por que você odeia tanto falar sobre ele. — replicou. — Para mim, você nunca deixou de nutrir uma paixãozinha por ele.
— É complicado. — Eu disse, sem negar. — Mas só acho que não vale a pena ficar pensando em gente famosa quando eu vou conhecer tantos garotos bonitos em Cancun.
— Então você tá atrás de um namoradinho de verão? — Minha amiga brincou.
— Claro! Tô há muito tempo na seca depois de focar na monografia. — Repliquei, rindo, fazendo-a rir também.
Apenas interrompemos nossa risada quando escutamos o barulho que indicava a fala da aeromoça que, depois de falar em espanhol, disse em um maravilhoso português:
— Senhores passageiros, dentro de instantes, pousaremos no Aeroporto Internacional de Cancun. Mantenham os encostos de seus assentos na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas.
e eu trocamos um sorriso, animadas. Agora, a viagem ia começar para valer.
🌊
Estávamos em solo estrangeiro pela primeira vez! Era estranho como tudo parecia tão igual e, ao mesmo tempo, tão diferente das cidades brasileiras que a gente conhecia. Depois de andarmos pelo aeroporto, resolvermos todas as burocracias e termos as malas em mãos, sentimos a exaustão acumulada se abater em nós, mas, mesmo assim, andamos até o local onde pegaríamos um ônibus que nos deixaria no resort, tudo parte do pacote.
Já dentro do transporte, ajeitamos nossas bagagens de mão no espaço apertado. Muita gente estava entrando naquele ônibus, pessoas que vinham dos voos mais variados possíveis. não conseguia ficar sentada por muito tempo, e parecia estar jogando dança das cadeiras.
— Ai, meus pés tão doendo. – Minha amiga reclamou.
— Claro, você não para quieta! Senta, garota, antes que você se machuque. — Briguei com ela igual uma criança, recebendo um bico em resposta.
Pouco depois, todos chegaram e o ônibus deu partida. As pessoas ali dentro falavam as mais diversas línguas e os dois caras na nossa frente falavam em inglês. Tentei até acompanhar para tentar testar meu certificado da Fisk, mas não deu muito certo, os sotaques eram bem diferentes (e provavelmente minha falta de prática não ajudava). A dupla, então, começou a escutar música, teoricamente pelo fone, mas estava tão alta que até mesmo nós duas estávamos escutando.
— Ai, que povo sem noção! — reclamou e não pude deixar de concordar. — Vou mandar eles abaixarem.
— E você fala inglês por acaso, garota?
— Gestos são universais. — Ela replicou, já se levantando. Daqui a pouco, os pés dela estariam realmente inchados.
Observei, já me escondendo de vergonha dela, se levantar e se dirigir até os dois na nossa frente e cutucá-los, com força. Senti pena deles, porque eu já convivia com os cutucões da minha amiga há anos e sabia que doíam. A garota então começou a gesticular para o fone e fazer várias caretas. Eu estava sem fôlego de tanto rir, até que minha amiga simplesmente gritou:
— VOCÊ!
Os garotos se esforçaram para calá-la e eu interrompi meu riso, levemente preocupada. O que tinha feito minha amiga ficar assim? Vi os dois cochicharem e voltou correndo para seu lugar, parecendo mortificada e eletrizada ao mesmo tempo.
— , você não vai acreditar. — sussurrou, em tom de suspense, me deixando extremamente curiosa.
— Abre a boca logo, garota. — Eu sussurrei de volta.
— É ele, . Ele tá aqui.
— Ele quem, ? Existem três bilhões de homens no mundo.
— Ele ele, . É o .
A minha reação imediata foi rir. Ela estava se envolvendo real numa pegadinha, eu já tinha visto aquilo mais de uma vez. Porém, conforme eu fui observando melhor seu rosto, meu riso foi morrendo. não sabia mentir uma animação tão bem assim.
Qualquer sorriso morreu em meu rosto. Quais eram as chances? Não podia ser real, né?
Puta merda.
— Não pode ser ele. — Eu respondi, desesperada.
— Fala baixo! Ele me mandou guardar segredo e aí vou ganhar uma foto! — Minha amiga replicou.
— , se ele tá aqui, ele tá indo pro Mar Azul. Ele não pode! É meu resort! — Eu sussurrei desesperada.
— Ah, cala a boca, mulher! Isso é incrível. Na hora que eu for tirar a foto, você tem que falar com ele! Ele vai ficar todo bobo quando te reconhecer e vai ter que tratar a gente bem!
— Aham, tá, e como você sabe se ele, sei lá, não lembra de mim, ou lembra e me odeia? Acorda, cabeça oca!
— Ai, para de drama! Qual o problema de pelo menos tirar uma foto com ele?
— Já tenho fotos suficientes com ele. Inclusive, uma na banheira.
— Você deveria vender para uma revista, ganharia muito dinheiro.
— !
— Tá bom, tá bom, vou parar de tentar te dar bons conselhos. Depois não se arrependa.
Passamos o resto do percurso quietas, embora a perna de não parasse por um segundo. Uma ansiedade esquisita crescia dentro de mim. Aquele cara bem ali na minha frente poderia ser o ? Seu cabelo estava escondido por um boné bem cafona e parecia mais curto, ele não tinha a barba aparentada nas revistas e usava uns óculos escuros velhos, além de roupas bem desleixadas. Não poderia ser ele, poderia?
Quando finalmente chegamos, o suposto e seu acompanhante foram os primeiros a sair, e nós, quase as últimas, já que voltara a reclamar do pé inchado. Quando saímos do ônibus, no entanto, os dois caras, e mais outros dois bem fortes, ainda estavam ali fora da entrada do resort, parecendo esperar alguém. Se minha amiga não fosse maluca ou não estivesse sofrendo um golpe, eles estariam esperando a gente para a tal foto. Por precaução (do golpe, claro), peguei na minha bagagem de mão um dos meus chapéus de praia e coloquei sobre o meu rosto.
— Ah, você está aí. — O acompanhante do suposto falou com um sotaque bem carregado. Com certeza não era brasileiro. — Vamos cuidar logo disso. Quem é essa com você? É imprensa?
— Ah, não, é só minha melhor amiga.
— , não é melhor fazermos isso dentro do hotel? Onde tem segurança? — Sussurrei para ela.
— Qual é, é só o , ele é um ator, não um mafioso.
— Mesmo que seja ele, ele pode ser os dois. — Repliquei.
— De qualquer jeito, tenho quase certeza que aqueles dois são seguranças. — apontou para os dois grandalhões que estavam junto aos homens.
Então, o tal abriu a boca:
— , certo? — Ele disse para minha amiga, que só confirmou com a cabeça, parecendo uma boba completa. — Tudo bem com você? Sabe, vocês devem estar muito cansadas da viagem e merecem descansar. Por que não tiramos a foto agora e, quem sabe, não nos esbarramos por aí?
— Claro! — respondeu.
O cara então olhou ao redor e, depois de se dar por satisfeito, tirou o boné e os óculos escuros.
Praguejei mentalmente contra todos os responsáveis pelos destinos das pessoas. Apesar de ter tirado a barba e cortado o cabelo, não restavam dúvidas. Aquele era o rosto que estava estampando todas as revistas do momento e era uma versão ainda mais gata, alta e adulta do meu melhor amigo de infância. Engoli em seco antes que acabasse babando.
Desviei o olhar e abaixei ainda mais a cabeça quando abriu um sorriso imenso para e pediu o celular dela para tirar uma selfie. Aquilo ia contra todos os meus planos da minha tão esperada e planejada viagem. Quando finalmente as fotos e os risinhos terminaram, o homem disse:
— E sua amiga? Vai querer uma foto?
Antes mesmo que eu pudesse negar, se intrometeu no assunto, como sempre:
— Ela adoraria! Na verdade, ela já te conheceu pessoalmente antes, sabia?
Caralho, ! Senti o olhar de sobre mim e me escondi ainda mais, xingando minha amiga baixinho.
— Sério? Que legal! Foi em algum evento de divulgação?
Quando todos ficaram quietos, percebi que estavam esperando a minha resposta. Eu teria que me concentrar em matar minha amiga mais tarde. Pigarreei e tentei falar com a voz mais grossa que o normal:
— Ahn, na verdade, não...
— Para de palhaçada, amiga, só conta logo quem você é!
— Contar quem você é? — disse e, pelo tom da sua voz, parecia estar rindo, como se achasse tudo engraçado.
E para ele devia ser. Para ele, devíamos ser apenas duas fãs loucas, algo que já era comum no seu dia a dia. Suspirei, sabendo que não ia deixar aquilo ficar inacabado e, com a cabeça baixa, tirei o chapéu. Levantei meus olhos então em sua direção e nos encaramos, olho no olho. Seus olhos continuavam lindos, no exato tom que eu sempre adorei. Sua expressão parecia confusa e algo me deu a impressão de que ele pudesse estar me reconhecendo, o que me fez sentir esperança e desespero ao mesmo tempo.
Abri um sorriso amarelo na direção dele e desviei o olhar, me sentindo boba e infantil. Ele era o cara mais desejado do momento e eu não era ninguém, só um incômodo do passado.
— Oi, , sou eu, . — Levantai os olhos para encará-lo, envergonhada, mas tentando manter alguma dignidade. — .
🌊
— Eu sabia! — gritava pelo quarto. — Sabia que ele ia te reconhecer!
Suspirei, me jogando na cama do hotel. tinha razão, não só me reconheceu imediatamente, como me abraçou e ainda pediu meu número, triste por não termos mantido contato. Marcamos de nos encontrar na piscina do resort para podermos conversar melhor. Ele não parou de sorrir nem por um segundo...
— Ah, meu Deus, você já tá sorrindo toda bobinha! Hannah vai surtar completamente quando eu contar tudo pra ela.
— , para de imaginar coisa! — Reclamei.
Mas ela tinha razão. Por mais que eu tentasse negar, ele tinha me afetado. Poxa, não era todo dia que se achava um cara famoso, bonito, educado, inteligente e gostoso que ainda por cima estava feliz em te ver. Mas eu sabia que, assim que ele terminasse de ser gentil por pressão social em nome da nossa antiga amizade, ele ia me deixar para lá e eu não ia ligar, apenas seguir minha vida.
Me remexi na cama, incomodada, sentindo que estava em cima de algum papel. Puxei-o de debaixo de mim e percebi que era a programação. Passei meus olhos preguiçosos pelo papel e me levantei, em um susto. Imediatamente, me sentei na cama e procurei minha amiga, que já estava botando o biquíni. Ela ia surtar comigo...
— , não acha melhor primeiro descansarmos da viagem? — Eu falei, tentando bancar a inocente.
— Eu já estou bem descansada. Podemos sair em meia hora.
— Mas e se a gente deixasse para amanhã? — Eu disse, fazendo manha, enrolando um cacho de cabelo no meu dedo indicador, uma mania antiga. Minha amiga me olhou com os olhos semicerrados.
— Você já tá querendo fugir, ?
— Olha, eu juro que não tô querendo fugir, mas é que... Ai, , eles vão fazer uma sessão cinema de Teen Beach Movie daqui a pouco! — Eu exclamei, muito animada, mostrando o panfleto com a programação para ela.
Minha amiga passou os olhos pelo papel e depois me encarou, incrédula.
— , isso aqui é a programação para crianças!
— Eu sei, mas esse filme é o melhor filme sobre romance de verão que existe! E ainda é musical, com anos 60...
— É, aí vai assistir você, com 23 anos, e as crianças, com 8. — provocou.
— Não é minha culpa que bom gosto é para poucos. — Rebati.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meu celular, no entanto, apitou e fui checar a mensagem, imaginando que fossem meus pais. Porém, era da última pessoa de quem eu esperava receber uma mensagem.
— Viu?! — Falei para , depois de ler a mensagem em voz alta. — Ele tem um compromisso! Então eu posso ir para o filme.
ficou simplesmente sem palavras para negar, mas percebi que ela parecia um pouco chateada.
— Ei, você pode aproveitar a piscina sem mim! Faz uma videochamada com a Hannah ou conhece gente nova. A gente ainda vai jantar com o . — Não contei para ela que eu duvidava que ele sequer fosse aparecer. Tinha certeza de que aquele tal compromisso era uma desculpa.
suspirou e voltou a tagarelar sobre o hotel enquanto a gente se arrumava, ela ajustando o biquíni e eu escolhendo uma roupa confortável, mas arrumadinha, porque vai que eu esbarrava em alguém bonito no caminho? Eu tinha que estar sempre preparada para possíveis gringos gatos.
Desci com para o primeiro andar, mas nos separamos ao chegarmos na recepção. Olhei bem o mapa do resort e segui para a direita, andei mais uns dez minutos e consegui chegar.
A sala era um minicinema, talvez para umas cinquenta pessoas, com uma pipoqueira que logo me chamou a atenção. Enquanto eu pegava pipoca, olhei ao redor e percebi que a público era inteiro de crianças e alguns caras que pareciam animadores de festa. Ai, talvez a tivesse razão, mas aquele filme valia a pena mesmo com conversa de criança e babás animadoras observando.
Me sentei em uma das poltronas do fundo, longe das crianças, aproveitando minha pipoca no meio do caos dos gritos e brincadeiras infantis.
Olhei o celular e vi que faltavam cinco minutos para o filme e eu já havia detonado metade da minha pipoca. Levantei para colocar mais enquanto os animadores falavam umas três línguas diferentes para acalmar as crianças. Quando voltei para meu lugar, no entanto, tinha um cara sentado bem ao lado da cadeira em que eu havia deixado minha bolsa. Eu pigarreei quando cheguei perto, porque ele estava atrapalhando o caminho.
— Excusa. — O homem pediu e, bom, foi impossível não reconhecer a voz dele.
— ?! — Perguntei, confusa. Aquele homem não ia parar de aparecer na minha frente? Meu ex melhor amigo de infância se sobressaltou e apontou a luz do celular para mim, me cegando de leve.
— ?! Não sabia que você ia estar aqui.
— Nem eu, você não tinha um compromisso?
Ele coçou a cabeça envergonhado, enquanto eu me sentava do seu lado.
— Bom, desculpa por furar nosso encontro, é que, não ri, mas esse meio que foi o compromisso. Eu menti... É que Teen Beach Movie é o melhor musical sobre amores de verão, e ainda tem as partes boas dos anos 60. — Ele disse, um pouco na defensiva, me deixando chocada.
— Foi exatamente o que eu falei para a !
Ele me olhou, parecendo tão surpreso quanto eu, mas, antes que pudesse falar qualquer coisa, os animadores babás pediram silêncio e colocaram o filme.
Fiquei quieta, mas era impossível de reparar como seu corpo estava tão quente ao meu lado, sem contar o seu perfume que parecia tão bom quanto o cheiro de pipoca (um dos melhores que existem no mundo). Maldito homem gostoso e cheiroso.
No entanto, me distraí da minha vergonhosa análise mental de quando Oxygen começou a tocar. Mac e Radie apareceram e todo o meu fogo se voltou para aquele filme maravilhoso e tão familiar. Porém, logo depois da abertura, notei que havia algo de errado.
Caceta, tava em espanhol! Tipo, agora que eu parava para pensar era óbvio, mas eu esqueci completamente desse detalhe. Minha cara de confusa deve ter sido tamanha que sussurrou para mim:
— Posso te explicar o que tá acontecendo, se quiser.
Um arrepio tomou meu corpo com sua respiração tão próxima ao meu ouvido e involuntariamente cruzei as pernas. Me convenci que foi por causa do ar condicionado.
— Não se preocupe. — Respondi, levemente afetada. — Já assisti tantas vezes que sei de cor.
Pelo menos, as músicas ainda eram em inglês e essas eu sabia de cor. Mesmo que eu estivesse lutando para não cantá-las todas. Mas foi um alívio quando ele mesmo começou a cantarolar Surf Crazy. Eu era fraca demais para não cantar Crusin’ for a Bruisin’.
Quando o filme terminou, as crianças já nos olhavam como se fôssemos dois malucos (o que era plausível depois que a gente cantou muito entusiasticamente todas as músicas e ainda aplaudimos muito no final), então saímos rapidamente da sala depois de roubar mais um estoque de pipoca. Não conseguíamos parar de rir.
— Ainda bem que essa nova geração está aprendendo o que é filme de qualidade. — Eu disse, quando já estávamos fora da sala.
— A Disney nunca mais será a mesma. — Ele balançou a cabeça em negação, fazendo drama. Não pude deixar de rir e concordar.
— E quem sabe essa geração aproveita melhor os crushes também? Tipo, o Tanner parece um Ken humano assustador e, pelo amor de Deus, a gente tem Ross Lynch e Jordan Fisher nesse elenco! — Rebati, sempre tendo me indignado sobre como minhas amigas preferiam o garoto tão padrão que parecia falso.
— Se eu te contar, você nem acredita, mas eu encontrei os dois pessoalmente. E eles são ainda mais bonitos ao vivo. Dá pra acreditar? — disse, parecendo incrédulo, e eu só pude pensar que, sim, dava pra acreditar. Porque eu tinha visto ele mesmo na série nova e nenhuma câmera fazia jus a sua visão ao vivo.
Então, eu só mudei de assunto:
— Quais suas músicas preferidas do filme?
Ele franziu as sobrancelhas e passou a mão nos cabelos, pensativo.
— Cruising’ for a Bruisin’, Falling for Ya e Meant to Be.
— Não acredito que você é um romântico. — Exclamei, segurando um sorrisinho.
— Ah, pelo amor de Deus, era uma comédia romântica musical. Se não for romântico, nem gosta. — Ele se defendeu. A essa altura, chegamos na recepção, mas nenhum de nós notou, ou, ao menos, nenhum comentou.
— É uma ficção completa e a Mac era bem sensata sobre amores de verão antes de algo completamente impossível acontecer. — Rebati. — É possível só se identificar com isso e perceber que apenas algo impossível como viajar para dentro de um filme poderia mudar os acontecimentos sensatos.
— E claramente você é uma das pessoas que se identificam com isso. — Ele apontou, com um sorrisinho no rosto.
— É claro!
— E quais seriam as suas músicas favoritas?
— Cruisin’ for a Bruisin’, Like Me e Can’t Stop Singing, obviamente.
começou a rir e eu o encarei, sem entender nada.
— Qual a graça?
— É só que... É engraçado pensar que você amava fanfics ruins de romance brega e agora é contra qualquer romance.
Senti minhas bochechas esquentarem imediatamente.
— Eu não sou contra romances! Eu... só sou realista, sei que nem sempre dá pra ser. E as fanfics não são ruins! Mas hoje em dia eu prefiro algumas do tema de drama.
— É claro. — Ele disse, com um sorriso sarcástico. Ele conseguia ficar ainda mais bonito assim. Maldito fosse.
Não pude evitar sorrir para ele e, nesse momento, várias pessoas entraram, vindo das piscinas, passando pela recepção para voltarem aos seus quartos. Aquilo nos trouxe de volta à realidade. imediatamente recolocou os óculos escuros e abaixou a cabeça.
— Bom... a gente devia ir. — Eu disse, já imaginando que ele era educado demais para me dispensar.
— Mas nos vemos mais tarde, né? Às sete, no restaurante aqui do hotel. — Ele afirmou, parecendo muito ansioso. Mas era por isso que ele era um bom ator.
— Claro. — Eu sorri para ele, tentando enganar a mim mesma de que eu não estava ansiosa para isso.
🌊
O jantar foi maravilhoso e não parava de tagarelar sobre isso. Finalmente fomos apresentadas ao cara que estava do seu lado no ônibus mais cedo, era Louis, seu melhor amigo, que era de Miami e que estava aprendendo português há alguns anos. Também descobrimos que eles vieram de ônibus e não transporte particular porque era o único transporte que o resort permitia o acesso àquela região.
Também descobri um pouco mais da vida de depois de todos esses anos passados. Ele contou sobre como foi difícil se adaptar à escola nova, mas como, depois que começou a fazer as aulas de teatro, tudo melhorou. Eu zombei que ele era quase a Gabriella de High School Musical. Ele contou que realmente atuou em uma produção de High School Musical feita pela escola mas que, infelizmente, foi o Troy, e não a Gabriella. Contou sobre a primeira vez em que apareceu em um comercial, fez figuração e seu teste para a Netflix.
Tudo na noite foi perfeita. se mostrou o mesmo amigo com quem eu sempre pude contar durante metade da minha vida, só que agora ainda mais interessante, mais bonito, mais maduro... E eu simplesmente me sentia atraída para conviver com ele. Não que eu fosse contar isso para . Ela e Hannah já estavam caçoando de mim o suficiente.
Dormi, os olhos de ainda na minha mente, e talvez eu o tenha conjurado, pois, quando acordei, meu celular exibia uma nova mensagem.
Sorri, olhando para o celular, e imediatamente enviei uma mensagem confirmando. Tentei acordar para avisá-la, mas minha amiga roncava profundamente. Ri baixinho enquanto me ajeitava e deixei um recado em seu celular dizendo que tinha saído com e para ela não me esperar (e nem surtar completamente, o que eu sabia que seria sua reação imediata).
Desci do quarto levando um casaco, meus documentos, dinheiro, água, meu celular, protetor solar e óculos escuros. De precaução, vesti meu biquíni e uma roupa leve por cima, junto com saltos baixos e confortáveis que eu tinha, para não deixar de ficar bonita. Mal cheguei à recepção e encontrei , com seus costumeiros óculos escuros e boné para não ser reconhecido.
— Bom dia. — Eu disse ao me aproximar, acenando para ele.
, que olhava o celular, ergueu os olhos para mim e sorriu. Esse gesto fez meu maldito coração errar uma batida.
— ! Bom dia! — Ele se aproximou e me abraçou, me dando dois beijinhos no rosto. Nunca iria admitir, mas desejei que ele fosse mineiro, e não carioca, para poder me dar três beijinhos no rosto.
Que patética eu havia me tornado apenas para ansiar por mais contato.
— Então, quais os seus planos? — Eu me prontifiquei em perguntar, procurando me distrair de todos aqueles beijinhos. — Só para avisar, ainda nem tomei café.
— Bom saber. — Ele sorriu ainda mais largamente. — Os planos envolvem café da manhã e, se tudo der certo, todas as outras refeições também.
— Se os planos envolvem comida, já sou favorável a todos. — Brinquei, fazendo-o rir.
— Tinha que ser taurina. — Ele comentou e fiquei chocada tanto por ele se lembrar do meu aniversário, quanto por saber meu signo. pareceu constrangido perante meu choque e pigarreou. — De qualquer jeito, eu conversei com Louis, que conhece um cara que conhece outro cara que é primo de um cara. Esse último cara conseguiu um carro alugado para a gente.
— Puxa! — Eu exclamei, surpresa. Eu realmente não esperava nada fora do resort.
— Pois é, maneiro, né? — continuou, claramente animado. — Nossa carruagem nos espera. Se você topar, é claro. — Ele acrescentou rapidamente. — Você não é obrigada a aceitar e entendo se quiser ficar. Quer dizer, só para chegar no carro, precisamos andar meia hora e...
— Eu topo. — Eu o interrompi, sorrindo. — Acho que vai ser incrível conhecer Cancun com você.
imediatamente mudou sua postura nervosa para uma postura feliz. Por Deus, ele era tão transparente.
Ou um ótimo ator, fiz questão de lembrar. Ele não fora contratado pela Netflix à toa.
— Mas eu tenho uma condição. — Acrescentei, tentada a afastar os pensamentos ruins que invadiram minha cabeça.
— O que é? — perguntou, a cabeça inclinada para o lado de forma adorável.
Não pude deixar de sorrir ainda mais.
— Você paga a comida. Já custa perder todas as refeições pagas do resort de hoje! — Eu comentei, fingindo ultraje.
gargalhou e segurou minha mão, me puxando para a saída. Meu estômago se revirou de um jeito esquisito e bom.
— Fechado. — Ele falou, ainda rindo e me conduzindo para fora. — Só tente não me falir.
🌊
Cancun era realmente maravilhosa e bem diferente do que eu esperava. Apesar de também ser uma cidade de praia como a minha conhecida cidade Rio de Janeiro, tudo era uma incrível novidade para mim, principalmente o idioma.
e eu caminhamos até o carro e só lá me dei conta de que não havia pesquisado nenhum outro lugar da cidade além do resort, que sempre havia sido o meu objetivo principal. Por isso, me virei para .
— Ei, para onde estamos indo?
Com as mãos no volante, ele abriu o seu sorriso radiante, e, mesmo o vendo toda hora, eu parecia nunca me acostumar. Sempre sentia vontade de sorrir junto a ele.
Virando-se rapidamente para mim antes de dar partida, ele respondeu:
— Lugar nenhum.
Fiquei chocada com a resposta, mas logo entendi seu propósito. Realmente, não fomos a nenhum lugar específico, e com isso parecia que havíamos conseguido ir em todos os lugares. Tomamos café da manhã em uma lanchonete chamada El Pocito e decidimos comer os tão famosos tacos. Estavam deliciosos, embora tudo naquele dia parecesse perfeito. O clima, a comida, a companhia...
Saímos de lá felizes e alimentados, novamente dando partida no carro sem nenhum rumo específico. Por coincidência, acabamos parando em uma praia. Procuramos uma placa e encontramos o nome: “Playa Delfines”. Nos encaramos.
— Olha, eu sempre topo uma praia. — Eu disse, sorrindo, me sentando em um banco próximo à entrada.
— Então, faça as honras. — Ele apontou para a escada, abrindo espaço para que eu passasse na sua frente.
— Que educado. — Eu repliquei, rindo. — Mas, caso não tenha percebido, eu estou tirando meus saltos. — Quando terminei de descalçar o último par, me levantei em um pulo, o assustando. — Quem chegar por último é a mulher do padre! — Gritei e disparei escada abaixo.
Olhei para trás e parecia estar paralisado de choque, então acenei para ele, diminuindo um pouco meu passo. Ele pareceu se recuperar, abrindo um sorriso malandro e disparando atrás de mim em seguida. Me arrependi de ter diminuído o ritmo, pois ele era muito rápido e logo chegou muito perto. Dei o meu melhor para voltar a correr, mas minha vida nada ativa na atlética da faculdade estava cobrando seu preço. logo me passou e colocou as próprias coisas debaixo do guarda-sol de palha disponível mais próximo a nós. Minha cara de cansaço logo se tornou uma careta. Corri à toa.
— Ah, então agora que você perdeu, você se sente mal! — zombou. — Imagine ser pego de surpresa num desafio. Você tentou trapacear me avisando assim tão em cima da hora.
— Não tentei nada! Você que deve ter trapaceado com essa velocidade anormal. — Reclamei, ainda muito sem fôlego. Peguei minha água e bebi um pouco.
— Então, mulher do padre, linda praia, não?
Nem respondi a provocação, porque não pude negar. A faixa de areia era superespaçosa e super clarinha, com uma água cristalina, na qual algumas pessoas nadavam, outras surfavam e alguns ainda por cima mergulhavam. Eu estava arrebatada com tanta beleza.
E claro que a sensação se complicou ainda mais quando tirou a camisa. Não pude deixar de engolir em seco e, Deus me perdoe, mas eu devia estar devorando-o com os olhos, ele parecia perfeito para mim em todos os aspectos. Que merda.
Eu tinha certeza de que ele havia percebido minha descarada admiração, porque ele sorria de lado, parecendo satisfeito. Tentada a parar de agir como uma boba, tirei minha própria roupa, ficando apenas com o biquíni branco que eu comprara especialmente para a viagem. Para minha satisfação, pareceu tão desnorteado quanto eu ficara com ele.
Entramos na água, uma bênção fresca naquele dia tão ensolarado e quente. Mergulhei, já pensando em como teria que hidratar meu cabelo assim que voltasse ao resort, mas não me arrependi, aquela praia parecia um paraíso. Especialmente quando o cara ao meu lado parecia um Deus.
Parecíamos duas crianças felizes brincando na água e parecia sempre arrumar uma desculpa para tocar em mim, fosse me fazer cócegas, ou me empurrar na água, ou me segurar no colo para provar a existência da força empuxo na água que nos faz parecer mais leves... É claro que eu aproveitei e retribuí, sentindo arrepios sempre que seu corpo quente encostava no meu e aproveitando para senti-lo o máximo possível. Nessas brincadeiras, eu sentia a tensão aumentar entre nós, porém fingia agir como se nada tivesse acontecido.
Bom, eu não havia dito para que estava à procura de um namorado de verão? Qual seria o problema se esse namorado fosse meu antigo amigo por quem eu tinha uma nunca admitida quedinha?
Talvez todos os problemas, mas nenhum deles veio à minha cabeça quando estávamos mergulhando juntos, procurando peixinhos que nadavam perto do meu cabelo. Será que eles pensavam que eram algas? Compartilhei meu pensamento com e ele não pôde deixar de rir, se aproximando de mim para apertar minha bochecha.
— Você é adorável, sabia?
— Sério? — Eu perguntei, fazendo careta. — De todos os elogios, você escolhe adorável?
— Mas você é. — Ele replicou, rindo, depois ficando bem sério, o que me deixou apreensiva. — , eu não quero que você me entenda errado. Eu te acho sim adorável. Sempre te achei. Mas... — engoliu em seco, se aproximando ainda mais, deixando minha boca automaticamente seca. — Eu não te acho só adorável. Eu te acho inteligente, engraçada e leal. Tudo o que você sempre foi e continua sendo. Só que agora você conseguiu de alguma forma ficar ainda mais bonita e... er... encorpada.
— É tão estranho me chamar de gostosa, ? — Eu zombei, tentando disfarçar meu nervosismo diante daquela confusão. A gente só havia se reencontrado havia um dia, mas tudo entre a gente parecia certo, como se nossa conexão nunca tivesse ido embora.
E talvez ele tenha sentido o mesmo, porque logo disse:
— , eu acho você linda. E, vou admitir, eu te acho gostosa. — Aquelas palavras, ditas com o seu sorriso de lado, me fizeram arrepiar até que eu sentisse um calor entre as minhas pernas. — E é por isso que eu quero te beijar.
se aproximou de mim pelo que pareceu uma eternidade, seus olhos caindo sobre os meus lábios, enquanto os seus próprios estavam entreabertos. Não pude deixar de encará-los, de ansiá-los, depois de tanto tempo. Um beijo não faria mal. Na verdade, naquele momento, com ele tão próximo, eu sentia que poderia morrer se ele não me beijasse logo.
Arquejei quando nossas bocas finalmente se encostaram. Assim como parecíamos ainda saber muito um sobre o outro e como nos entender, nosso beijo funcionou como se já tivéssemos feito isso milhares de outras vezes. Quando sua língua invadiu minha boca, todos os meus pensamentos se esvaíram. Agarrei seus cabelos, tentando puxá-lo ainda mais para perto, e engatei minhas pernas em sua cintura embaixo d’água. Escutei um grunhido sair de sua garganta e não pude deixar de sorrir ainda no beijo.
— Então você gosta de provocar... — Ele sussurrou na minha boca, sua respiração quente em contraste com a minha pele fria e molhada. — Uma pena que estamos em um lugar público. — Me arrepiei completamente. — Já pensou que só faltava a gente surfar para parecermos a Mac e o Radie?
Não pude deixar de rir com a quebra de clima e concordar, me sentindo simplesmente feliz por as coisas estarem exatamente como estavam naquele momento. Me aproximei mais e o beijei novamente, já sentindo abstinência desse contato.
Passamos o resto da manhã nos revezando entre brincar na praia como as duas crianças que já havíamos sido e nos beijar como os dois adultos que agora éramos, por mais que, em parte, estivéssemos tão bobos e atraídos como dois adolescentes.
Almoçamos no restaurante em frente à praia, lado a lado, e contamos um pouco mais sobre nossas famílias. Ele ficou chocado quando descobriu que agora eu tinha um irmão, o pequeno Miguel de seis anos, e eu descobri que seus pais haviam se separado, mas depois se reconciliado. Sua situação era complicada desde nossa época de jovens.
Eu me sentia muito confortável conversando com e sentia que podia lhe contar sobre tudo, o que foi difícil de impedir, já que ele parecia tanto querer me ouvir e me incentivava. Ele apenas me interrompia quando se inclinava para me beijar, e não posso negar que esse silêncio me agradava bastante.
Voltamos à Playa Delfines e descansamos na sobra de nosso guarda-sol, aproveitando nossas casquinhas de sorvete. Não pude deixar de perceber que até hoje seu sabor preferido era creme. Sorri de leve enquanto comia o meu de morango.
— Eu estou sentindo meu corpo todo arder. — Ele reclamou, a boca suja nos cantos com o sorvete derretido. Meus sorrisos estavam vindo com muita facilidade do lado dele.
— E você ao menos passou protetor solar hoje? — Eu perguntei, arqueando uma sobrancelha.
— Mas qual o intuito de passar protetor se eu quero ficar bronzeado? — Ele perguntou e tive que me segurar para não o estrangular.
— Caralho, ! Você branquinho desse jeito não passou protetor? Até eu que sou negra tenho que passar e os estudos provam que minha pele me protege muito mais que a sua! Você quer o quê? Um câncer de pele?
— Ai, desculpa, mamãe. — Ele fez um biquinho e eu suspirei.
— Você agora arruinou sua viagem, vai ter que ficar sem mais Sol nenhum até sua pele se recuperar.
— Então, pelo visto, vou ter que passar muito tempo no quarto... Quer me fazer companhia? — Ele sorriu maliciosamente para mim, me fazendo rir. Depois de comer o resto do meu sorvete, eu me levantei.
— Que eu saiba, eu passei protetor e estou bem.
— Ei, onde você vai?! — perguntou, confuso.
— Vou pegar Sol, querido! Eu ainda posso ficar mais bronzeada. — Pisquei para ele e saí andando para o mar, provocando-o. Pude escutar seus gritos de contestação ao fundo e apenas ri com mais gosto. Respirei a brisa marítima, me sentindo leve e feliz como eu não me sentia há anos.
Depois de implicar com ele, juntamos nossas coisas e voltamos para o carro, porque o Sol estava muito forte para a pele sensível do meu antigo melhor amigo. Partimos novamente sem rumo e, em vinte minutos, chegamos ao aeroporto internacional de Cancun, aonde havíamos nos encontrado pela primeira vez, mesmo sem saber.
De lá, acabamos em frente a um prédio baixo e branco que parecia uma escola, mas acabamos descobrindo ser uma biblioteca pública. Imediatamente eu quis entrar, e , compartilhando do meu entusiasmo, concordou, o que, eu admito, que me fez ficar levemente encantada por ele.
O local era simples, cheio de estantes e livros doados, mas tudo muito organizado, até com computadores. Fui correndo para a área de ficção, para só então lembrar que eu nem sabia ler espanhol. Bom, pelo menos era bonito e tinha aquele cheiro maravilhoso de livros.
Senti, antes de propriamente ver, se aproximar por trás de mim, fazendo meu corpo se arrepiar. Ele esticou o braço para uma estante acima de mim e tirou um livro.
— Harry Potter Y La Piedra Filosofal. — Ele sussurrou perto do meu ouvido, me deixando ainda mais agitada. Passei o peso de uma perna para a outra.
— Quer saber uma coisa? — Sussurrei de volta, me distraindo.
— De você? Claro.
— Lembra quando a gente tava no fundamental e você tava lendo Harry Potter? — Falei, tentando ignorar a fofura na sua resposta. Ele fez que sim com a cabeça, esperando que eu continuasse. — Eu não tinha lido ainda, mas falei que já tinha para você continuar conversando comigo sobre as cenas que passavam.
Ele arregalou os olhos, surpreso.
— Não acredito que você fez isso e pegou vários spoilers! — Ele sussurrou, parecendo genuinamente chocado.
— Bom, fazer o que se eu tinha uma quedinha por você. — Dei de ombros e desviei os olhos. Por que eu falei isso? Só faltava ele me achar maluca agora!
— Não acredito que você gostava de mim. — Ele falou baixinho.
— Eu sei, era bem engraçado e bobinho. — Eu continuei, a merda já estava feita, não custava continuar falando. — Eu escrevia tudo o que a gente conversava no meu diário e tentava pedir sua ajuda em história sempre que dava.
— Então era tudo um esquema? — Ele riu baixinho, fingindo estar chocado.
— O mais sujo dos esquemas. — Eu repliquei, beliscando seu braço de forma carinhosa.
— Isso me deixa aliviado. Afinal, eu passava a noite estudando história só para parecer inteligente e você me pedir ajuda. — Ele admitiu.
Não pude deixar de rir, ficando aliviada. Como éramos bobos! Dois pré-adolescentes apaixonados sem contar nada um para o outro por medo e vivendo de planos infantis para interagirem mais.
Acabamos nos beijando ali mesmo. E depois atrás de várias outras estantes. Parecíamos realmente dois adolescentes que não conseguiam se desgrudar.
Ele me contou das primeiras impressões que teve ao ler Percy Jackson e a primeira impressão ao ler um roteiro de Shakespeare. Eu lhe contei meu drama quando tentei ler artigos científicos e descobri que eu só servia como leitora de qualquer coisa científica se tivesse “ficção” na frente. interpretou uma rápida cena de Sonho de uma Noite de Verão em mexicano na minha frente aos sussurros e, mesmo sem entender uma única palavra, fiquei perigosamente derretida por cada palavra rouca que saía de sua boca.
Já era noite quando pegamos o carro e partimos em uma última aventura sem destino. Menos de dez minutos depois, avistamos um lindo restaurante do outro lado. Descemos do carro, mas vi uma fila gigante com várias pessoas bem vestidas. Arregalei os olhos e baixei o olhar para meu shortinho e minha blusa marcados de biquíni molhado e a sandalinha básica.
— É melhor a gente encontrar outro lugar, não? — Perguntei receosa a .
— Por quê? O destino nos trouxe aqui, não? — replicou, parecendo realmente convencido que era para ser esse lugar.
— Mas olha essa fila gigante! E as pessoas arrumadas. Eu não devo nem ter dinheiro para pagar um suquinho. — Falei, desesperada.
pegou minha mão e me guiou para a entrada do restaurante, mesmo contra a minha vontade. Então, se virou para mim.
— Nosso acordo era que eu pagasse a comida, certo? Fica tranquila e deixa comigo.
Sabendo que ele não ia me escutar, apenas fiquei ali, esperando pateticamente. Porém, eu tinha esquecido um detalhe crucial. Eu estava acompanhada de um famoso. Assim que tirou o boné, os óculos e se dirigiu para a atendente que recebia as pessoas, eu percebi sua mudança de postura. Seu queixo caiu, depois ela gaguejou, então abriu um sorriso radiante e chamou seu gerente. Não deu nem dois minutos e nós dois fomos alocados em uma das melhores mesas do restaurante, que antes tinha uma placa “reservado” em cima.
sorria contente, mesmo com todos os olhares que recebia. Seu disfarce estava arruinado e tudo apenas para conseguir um lugar em um restaurante porque o destino o levou ali. Foi exatamente o que eu lhe disse, ao que ele respondeu:
— Mas conseguimos entrar, não?
Os pratos eram realmente fora da minha realidade, mas pareceu achar normal. Bom, ele recebia em dólar, aquilo realmente devia ser normal. O restaurante tinha opções vegetarianas, o que conquistou , já que aquele era um fato que eu descobrira sobre ele no jantar do dia anterior. Eu admirava muito a causa, mesmo sendo algo que eu nunca colocara em prática.
O local, no entanto, era realmente maravilhoso. Com música de fundo no piano e a comida gostosa, me senti bem naquela situação, mesmo com os olhares que recebíamos. Me acomodei mais ao lado do meu ex melhor amigo e continuamos uma conversa tranquila durante a noite. Foi um grande alívio também que os garçons sabiam português.
Deitei a cabeça no ombro de . Aquilo era muito confortável para meu próprio bem.
— Queria que essa viagem nunca acabasse. — Eu falei, me ajeitando mais ao seu lado.
— Entendo... — Ele disse, me encarando. Seus olhos desceram para minha boca, mas, quando pareceu que ia me beijar, seu olhar vagou para os outros. Ele desistiu do ato, provavelmente pensando que já estava comprometendo o suficiente. E tudo por minha causa. — Então, quando você vai embora? — me perguntou, provavelmente tentando se desculpar puxando assunto.
— Ah, eu...
Porém, naquele momento, a TV do restaurante começou a mostrar um rosto muito familiar em sua tela. Um rosto que estava do meu lado. Um rosto acompanhado de outra pessoa muito, muito bonita.
— fue visto junto a la modelo Mariza Martillo la semana passada. En internet dicen que ella podría ser su nueva novia. — A repórter dizia, em espanhol.
Me senti paralisada, olhando aquela foto sem conseguir desgrudar os olhos. A garota loira, branca, magra e alta. Ela sorria verdadeiramente para na foto e aquilo me deu náuseas, apesar de ser um lindo sorriso. Ela devia ser ainda mais bonita pessoalmente. E parecia ser alguém legal.
O seu único defeito era ser exatamente a pessoa que, durante a minha vida inteira, me ensinaram que era mais bonita do que eu, estando ao lado do cara que, apesar de eu estar redescobrindo sobre há apenas dois dias, estava me cativando muito mais do que eu gostaria de admitir. Como nenhum outro havia conseguido.
Eu queria chorar. Eu era tão estúpida. não era mais meu coleguinha da escola. Ele era um cara famoso e lindo que podia ter qualquer atriz, modelo, cantora, o que quisesse se imaginar. Inclusive essa tal Mariza. Eu sabia, esse tempo todo, que me envolver com ele significava me apegar, a única coisa que eu não deveria. Eu partiria logo e ele também, e tudo voltaria a ser como antes, ele famoso, e eu contando uma ou outra história de como uma vez eu conheci esse cara famoso. Ele seguiria a vida sem lembrar de mim e eu me esforçaria para esquecê-lo.
No entanto, tudo o que eu fiz foi me virar para ele e sorrir.
— Já está tarde, não? — Perguntei, lutando contra o bolo na minha garganta. — Já pagamos a conta, é melhor voltarmos para o hotel. Você tem que hidratar sua pele.
Se antes todos pareciam nos olhar de leve, agora todos no restaurante pareciam prestar atenção em nós. Afinal, o cara ao meu lado estava literalmente na TV. Me levantei, sem esperar sua resposta e me dirigi para a saída. Estava quase no carro, quando o escutei perto de mim.
— , você não entende. Não é nada disso. Liza e eu estamos apenas trabalhando em um novo projeto. — Ele tentava se explicar, enquanto entrava no carro comigo.
— Não se preocupe, . — Eu o respondi, muito mais calma do que eu me sentia realmente. — Está tudo bem. Agora precisamos do GPS, não?
não parecia se conformar com minha atitude e tentava insistir em uma discussão, em uma explicação. Mas eu, honestamente, não estava interessada.
A verdade é que poderia facilmente estar dizendo a verdade. Aquela garota não era sua namorada, apenas uma parceira de negócios. Mas isso não importava. Em uma semana, eu estaria de volta ao Brasil e estaria em Los Angeles. Ou quem sabe em Londres, gravando uma nova série. A verdade é que isso nunca poderia dar certo. Estaríamos sempre distantes e ele sempre estaria cercado de todos os tipos de pessoas. Alguma, com certeza, faria mais seu tipo do que eu. O mesmo destino que ele cismava que nos levara ao restaurante era o que havia me feito assistir a reportagem. Era o que o havia levado embora há tanto tempo atrás e que levaria novamente em poucos dias.
Quando finalmente chegamos perto do resort, a Lua iluminava nosso caminho e caminhamos em silêncio durante toda a meia hora. Toda a magia daquele dia mais do que perfeito havia se extinguido. Mas não eram assim que funcionavam os amores de verão, de qualquer modo?
Na recepção, fui obrigada a falar alguma coisa que seja. me encarava e eu sabia que, se eu não fingisse que tudo estava bem, ele iria atrás de mim, pela pura educação que mantinha em compromisso a nossa antiga amizade.
— Obrigada pelo dia, . Foi muito divertido, eu adorei. — Forcei o maior sorriso que eu consegui. — Quem sabe a gente se encontra mais por aí?
Me aproximei dele e beijei sua bochecha. Ele tentou me beijar apropriadamente, mas eu me afastei, sorrindo de leve. Meu estômago se revirava e eu sabia que estava precisando ficar sozinha.
Me virei e caminhei para as escadas que levavam aos quartos.
— , por favor... — Eu o escutei chamando, mas não olhei para trás.
🌊
— Você não pode passar toda a sua viagem dos sonhos assim! — brigou.
Eu me revirava na cama, tinha acabado de acordar. Eu havia dormido muito tarde ontem depois de voltar da praia à noite. Evitando ao máximo encontrar no resort, depois de me recuperar da pequena quebra de coração, passei a sair apenas à noite. Por enquanto, tudo parecia estar dando certo. Como tínhamos pouco tempo de envolvimento, com seu número bloqueado e sem vê-lo, eu estava bem recuperada, mas não confiava em mim mesma para encontrá-lo novamente. Era o melhor para nós dois desse jeito.
Claro que não concordava. Sendo uma romântica incurável, ela acreditava que eu estava sendo uma idiota afastando (em suas palavras) um “lindo, gostoso e famoso que estava completamente caidinho por mim”. O problema é que ela não enxergava. Não enxergava que não vivíamos um conto de fadas e não tinha como aquilo funcionar em uma vida real prática. Eu havia me deixado levar pelo impossível.
O problema era que, sim, eu estragara a minha viagem dos sonhos. Todos os dias à beira da piscina com drinks chiques e rindo das besteiras de foram arruinados por um medo de expor mais ainda meu coração. Maldito que se intrometera na minha viagem.
Agora, iríamos voltar hoje à noite. Pelo menos, eu poderia me afastar de vez. Mas seria horrível sempre ver cada foto tirada ali. Especialmente as que havíamos tirado na nossa pequena viagem no segundo dia. Eu esperava que elas se tornassem boas memórias, mas que não me despertassem mais nada. E especialmente não me atormentassem sobre como seus beijos eram maravilhosos. Como ele era um romântico incurável. Como, um dia, ele também gostara de mim. Como tudo talvez pudesse ter sido diferente.
— , por favor, só me deixa. — Eu respirei, resignada. Era impossível discutir com minha melhor amiga e eu não queria que a gente se desentendesse por causa de um garoto qualquer.
— Por favor, vamos para a piscina. Uma última vez. Temos algumas horas antes de ir para o voo. — Ela implorou.
— ... Me desculpa, mas eu prefiro não ir.
Eu percebi pelos meus olhos entreabertos que seu biquinho se convertia em uma careta irritada e sem paciência. Ela bufou e arrancou meu lençol, me fazendo soltar um gritinho incrédulo em resposta.
— Você venceu, . Quer passar a porra do seu dia trancada no quarto quando deveria estar aproveitando só para evitar um garoto que claramente se importa com você? Então passa! — Ela lançou o lençol para longe. — Mas ao menos seja higiênica. Minha melhor amiga não é uma porca! Quando foi a última vez que você escovou o cabelo? Você sempre amou modelar seus cachos. Então quer ficar aqui? Vai tomar um banho, passar um desodorante, cuidar do seu cabelo, escovar os dentes e trocar de roupa. E é melhor arrumar essa mala também! Ouviu?!
Me sentei assustada na cama e concordei. A última vez que eu vira assim fora um dia em que eu me convenci que não iria passar de jeito nenhum na disciplina de Escrita cênica e dramatúrgica nos séculos XX e XXI. E ela me fizera estudar a semana inteira até recuperar minha nota e passar com um belo 7,3 na média. Por isso, não tive coragem de contestar. Afinal, ela tinha razão. Desde quando um garoto tinha direito de arruinar meu lindo cabelo e meu corpo?
Cuidei de toda a minha higiene e me ajeitei direitinha. Depois, foquei em arrumar minha mala. Envergonhada, percebi que meu lado do quarto estava uma completa bagunça. Eu realmente ficara muito desleixada e isso não tinha nada a ver comigo.
Quase duas horas depois, eu terminei tudo. Até mesmo coloquei um biquíni por baixo do leve vestido, por mais que não tivesse intenção de sair. ficara no celular o tempo todo, provavelmente conversando com Hannah, mas analisou tudo depois que eu concluí. Por fim, abriu um sorriso orgulhoso e me deu um beijo na bochecha.
— Agora sim! Um ser humano decente!
Mostrei a língua para ela, mas feliz por ela ter me feito acordar para a realidade. Logo em seguida, ela se levantou.
— Bom, se você não quer aproveitar o resort, eu aproveito por você. Volto daqui a algumas horas. E estarei lá se decidir me encontrar.
Sorri para ela, engolindo o “não irei” que quase escapou e a observei sair. Peguei meu próprio celular e me joguei na cama, determinada a me distrair com alguns memes no Twitter. No entanto, escutei algumas batidas na porta. Será que havia esquecido sua chave para o quarto? Olhei e vi que seu protetor havia ficado para trás. Peguei e fui até a porta, abrindo e já estendendo o objeto.
— Você fala da minha bagunça, mas você é uma completa...!
Perdi a fala quando percebi que não era ali, e sim a pessoa que eu estive determinada a ignorar esse tempo todo. Por reflexo, tentei fechar a porta, mas ele a segurou.
— , para de fugir de mim!
— Como você descobriu meu quarto? — Foi tudo o que lhe perguntei, ainda tentando fechar a porta. Infelizmente, ele conseguiu entrar.
— . — Ele disse simplesmente, fechando a porta.
Não consegui acreditar que minha melhor amiga havia me traído desse jeito.
— Olha, , não sei o que você quer, mas acho que é melhor para nós dois você sair agora.
— Para de tentar adivinhar o que é melhor para mim! Para de tentar adivinhar o que eu sinto! — Ele explodiu, me assustando. — Tentei te encontrar todos esses dias, mas não consegui de jeito nenhum. Sabe o que é melhor para mim? Ficar perto de você. Nunca me senti tão vivo e feliz como quando estive ao seu lado. Não me sentia assim desde a escola, desde o Brasil. Desde você. É você que me deixa desse jeito, , e é sua indiferença que me mata.
Ele se aproximou e minha respiração acelerou em resposta. Pelo bem da minha sanidade, tentei me afastar um pouco mais, mas ele gentilmente segurou meu pulso.
— Por favor, , me diga que eu não imaginei tudo. Me diga que você não é indiferente ao meu toque. A mim.
— Eu... — Tentei formular qualquer coisa inteligível, mas foi praticamente impossível com o ardor com que ele me encarava e segurava.
— ... — Ele sussurrou, me causando um arrepio. Ele percebeu e seus olhos brilharam de satisfação. Eu lhe entregara o que ele queria. Eu lhe mostrara que, por mais que tentasse ser indiferente, ele me afetava. E muito.
Aquele simples arrepio foi o suficiente para que ele tomasse meus lábios e, diferente da calma e gentileza das outras vezes, esse beijo estava repleto de paixão e desejo. Tive que conter um gemido e foi simplesmente impossível não retribuir. Ele beijava minha boca, sugava meu lábio, mordiscava meu queixo, beijava minha orelha e meu pescoço. Eu estava simplesmente entregue às suas carícias, seu toque e, principalmente, à sua língua que passeava por minha clavícula no momento. Arquejei e, ao invés de me afastar como racionalmente eu deveria, apenas me aproximei mais dele, necessitada de mais.
O empurrei até que ele se sentasse na minha cama e posicionei minhas pernas ao lado de seu quadril, me sentando em seu colo. Não pude deixar de suspirar ao sentir o volume que encostava em minha intimidade. Pelo menos, não fui a única afetada. Um gemido rouco escapou da garganta de , inflamando ainda mais meu corpo. Não demorou para que suas mãos descessem para minha bunda e ele arrancasse o vestido do meu corpo, deixando apenas o biquíni.
Eu não deveria, mas estava entregue. A merda já estava feita. E por isso, apenas por isso, eu me pus a tirar sua camisa, explorando todo o seu abdômen e seus braços como eu tanto queria. Mordisquei seu ombro ao mesmo tempo em que rebolava de leve em seu colo. Não demorou para que ele me erguesse de seu colo e se levantasse, me colocando na cama e se colocando por cima.
Seu olhar era tão devasso quanto seus toques. Do jeito que ele me olhava dos pés à cabeça, eu me senti tão desejada e com uma vontade insaciável cada vez mais crescente entre as minhas pernas. As cruzei, sem conseguir me conter, e seu olhar foi atraído para elas. Ele sorriu de leve ao perceber o efeito que estava causando.
— Que pernas deliciosas... — Ele sussurrou, beijando meu joelho. — Mal posso esperar para estar entre elas.
Suas palavras eram quentes como seu toque, porém o carinho que estava junto com sua carícia me surpreendeu. Sua fome não se tornara menor, já que rapidamente tratou de se livrar da parte de cima do meu biquíni. Seu olhar esquentou meu corpo ainda mais e ele se inclinou para mais perto, deslizando a mão por meu pescoço, ombro, até alcançar o mamilo com a ponta dos dedos. Me contorci para mais perto dele, extasiada com as ondas de prazer que aquele simples toque proporcionou ao meu corpo. Sua outra mão passou a brincar com o outro mamilo, me deixando ainda mais quente. Meus quadris se mexiam involuntariamente.
— Só isso é preciso para que você já fique assim? — Ele questionou, brincalhão, antes de capturar o seio direito com a boca. Tudo era tão intenso e maravilhoso.
— Cala a boca, , que eu consigo sentir o quão duro você está. — Eu encontrei fôlego para responder.
— Espero que logo você sinta ainda melhor. — Ele falou, antes da sua língua circundar o mamilo esquerdo. Nunca sentira tanto prazer naquela única região. Eu estava ficando louca e ele nem havia me tocado direito.
Para meu alívio e desespero, seus beijos desceram pela minha barriga, até me beijar no ponto abaixo de meu umbigo. Com um toque extremamente gentil para alguém que parecia tão ávido, ele afastou minhas pernas e suas mãos desceram por toda a extensão das minhas coxas, até seus dedos alcançarem a parte de baixo do biquíni, que logo sumiu do meu corpo. Suas mãos então voltaram a me acariciar até seu polegar encostar em meu ponto sensível. Não consegui conter meu gemido, arrancando outro de em resposta.
Seu dedo foi substituído pela ponta da sua língua, fazendo com que ondas de choque percorressem meu corpo. Não havia nada melhor do que a boca de na minha intimidade. Eu sentia as ondas de prazer se espalharem pelo meu corpo enquanto meu ponto ficava cada vez mais sensível. Eu sabia estar chegando lá e também pareceu perceber, o que não explicou o porquê dele se afastar.
— , pelo amor de Deus! — Eu reclamei, erguendo os quadris em sua direção. Ele riu, porém seu riso parecia um pouco desesperado.
Percebi então que ele estava tirando a própria bermuda. Sua visão nua poderia ser o suficiente para me fazer gozar e a necessidade de mais, necessidade dele só aumentou ainda mais em mim. Ele percebeu e seu olhar se tornou ainda mais quente. Sua mão rapidamente alcançou um pacote pequeno no bolso da sua bermuda. Meu corpo esquentou ainda mais com a ideia do que estava por vir. Depois de colocar a camisinha por toda sua extensão, ele acariciou minha entrada uma última vez, introduzindo um dedo com facilidade.
— Puta merda, você tá tão molhada...
Seu dedo logo saiu de mim, mas, antes que ele pudesse colocar em mim, eu fiz questão de inverter nossas posições.
— Eu gosto mais assim. — Expliquei, roçando seu pau na minha entrada.
As mãos de se firmaram em minha cintura.
— Acho que essa vai se tornar minha nova posição preferida. — Ele brincou.
Sem aguentar mais, ajeitei-o embaixo de mim e desci por toda a sua extensão. Nossos gemidos saíram juntos. Ele era delicioso e não demorei a rebolar de leve em cima dele.
— Caralho, com você jogando a bunda assim pra mim... Acho que nunca senti nada mais gostoso na vida. — Ele falou, a respiração entrecortada combinando com a minha.
Aos poucos, fui ficando ainda mais confortável. Apoiei minhas mãos em seu tronco, a musculatura tensa com a pele macia, e acelerei as investidas, gemendo cada vez mais alto. Os grunhidos de ficavam ainda mais intensos. Nada me dava mais prazer do que perceber que ele estava gostando e perdendo o controle. Eu queria que ele perdesse todo o controle.
No entanto, eu estava ainda mais propensa. Ainda sensível de seu oral, quase gritei quando seu polegar encontrou meu ponto sensível. Eu senti o nó no meu baixo ventre se intensificar enquanto eu rebolava cada vez mais e seu dedo se esfregava em mim. Quando ele me tocou leve, mas rapidamente, eu não pude mais me segurar. Fechei meus olhos com força e gemi alto, sentindo meu corpo se libertar e explodir em prazer, minha intimidade se contraindo involuntariamente em espasmos.
gemeu, dobrou as pernas, segurou minha cintura com força e investiu rápido, intensificando a sensação que se espalhava por meu corpo. Não demorou muito para que ele também alcançasse o ápice do prazer embaixo de mim. Abri meus olhos, tentando recuperar minha respiração, e encontrei seus olhos, preenchidos de prazer e emoção.
Saí de cima dele e ele me puxou para perto, me abraçando. Sua respiração batia contra a minha testa e, por um tempo, apenas ficamos ali, respirando, pele contra pele, corações expostos talvez até demais.
foi o primeiro a quebrar o silêncio, depositando um beijo na minha testa.
— Você também sente, não sente? Como tudo é intenso com a gente?
Não pude deixar de concordar, mas aquilo apenas serviu como um choque de realidade. Sim, nossas conversas eram intensas, assim como nossos beijos e nosso prazer.
Mas a dor da separação também seria mais intensa. Eu sabia, no entanto, que ele não me escutaria, então apenas sorri e me aninhei a ele.
🌊
roncava, por isso não foi fácil me desvencilhar dele. Vesti minha roupa rapidamente e o olhei, meu coração querendo pular da garganta.
Ele dormia profundamente e seu corpo era simplesmente majestoso, em contraste com seu rosto adorável com a boca aberta, a baba escorrendo. Meu coração se partiu, sabendo que eu nunca mais veria aquilo. Nunca mais o veria.
Porque não importava que a gente se gostasse. Nada disso importava perante a vida real. Não éramos Mac e Radie. Não éramos personagens, éramos pessoas. E aquilo simplesmente não iria funcionar. Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto.
Olhando o Sol se pôr, peguei minha mala e a mala de , caminhando para fora do quarto. Lancei um último olhar para o cara que, em uma semana, conseguira conquistar meu coração e suspirei.
Ao menos, teríamos as lembranças daquele verão para sempre.
Depois de todos os anos de faculdade economizando, eu finalmente iria viver meu sonho. Afinal, eu havia me formado no curso de Licenciatura em Teatro e havia recebido a nota do concurso para o mestrado: eu tinha passado em terceiro! Se havia um melhor momento para viajar e comemorar, eu não conhecia. Por isso, comprei as passagens de avião, a estadia do resort que eu já admirava há anos, Mar Azul, e convenci minha melhor amiga a desgrudar um pouco de Hannah, sua noiva, e fazer uma viagem só nós duas.
E agora lá estávamos nós, vivendo aquele sonho. não mantinha o olhar focado, provavelmente por causa do seu medo de altura. Hora estava na janela, hora na revista de fofoca.
Uma revista de fofoca com uma capa bem familiar. Eu não aguentava mais encarar aquele rosto e aquele nome que estampava qualquer revista, impressa ou eletrônica, nacional ou internacional: .
— Eu ainda não consigo acreditar que vocês foram amigos de infância e que, se eu tivesse entrado um ano antes na escola, eu teria conhecido ele. — tagarelou, admirando a capa da revista. Não pude deixar de fazer uma careta.
— Cuidado pra não babar em nenhuma página, por favor. — Ironizei.
— Aff, chata, nem todas tivemos a mesma sorte que você!
Eu não chamava exatamente de sorte e sim de parte da vida. Desde que eu nasci, eu me lembro de na minha vida. Estudamos juntos, lemos Harry Potter na mesma época, tiramos as melhores notas da turma, tivemos um namoro infantil de uma semana e encenamos uma peça da Turma da Mônica como protagonistas. Só que com 13 anos, o pai dele ganhou uma promoção em Los Angeles e ele foi embora.
Perdemos o contato, mas, pelo visto, ambos continuamos atuando. Eu, em um curso pequeno da cidade, e ele, fazendo sucesso na nova série da Netflix. A vida realmente tem suas reviravoltas.
— Não entendo por que você odeia tanto falar sobre ele. — replicou. — Para mim, você nunca deixou de nutrir uma paixãozinha por ele.
— É complicado. — Eu disse, sem negar. — Mas só acho que não vale a pena ficar pensando em gente famosa quando eu vou conhecer tantos garotos bonitos em Cancun.
— Então você tá atrás de um namoradinho de verão? — Minha amiga brincou.
— Claro! Tô há muito tempo na seca depois de focar na monografia. — Repliquei, rindo, fazendo-a rir também.
Apenas interrompemos nossa risada quando escutamos o barulho que indicava a fala da aeromoça que, depois de falar em espanhol, disse em um maravilhoso português:
— Senhores passageiros, dentro de instantes, pousaremos no Aeroporto Internacional de Cancun. Mantenham os encostos de seus assentos na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas.
e eu trocamos um sorriso, animadas. Agora, a viagem ia começar para valer.
Estávamos em solo estrangeiro pela primeira vez! Era estranho como tudo parecia tão igual e, ao mesmo tempo, tão diferente das cidades brasileiras que a gente conhecia. Depois de andarmos pelo aeroporto, resolvermos todas as burocracias e termos as malas em mãos, sentimos a exaustão acumulada se abater em nós, mas, mesmo assim, andamos até o local onde pegaríamos um ônibus que nos deixaria no resort, tudo parte do pacote.
Já dentro do transporte, ajeitamos nossas bagagens de mão no espaço apertado. Muita gente estava entrando naquele ônibus, pessoas que vinham dos voos mais variados possíveis. não conseguia ficar sentada por muito tempo, e parecia estar jogando dança das cadeiras.
— Ai, meus pés tão doendo. – Minha amiga reclamou.
— Claro, você não para quieta! Senta, garota, antes que você se machuque. — Briguei com ela igual uma criança, recebendo um bico em resposta.
Pouco depois, todos chegaram e o ônibus deu partida. As pessoas ali dentro falavam as mais diversas línguas e os dois caras na nossa frente falavam em inglês. Tentei até acompanhar para tentar testar meu certificado da Fisk, mas não deu muito certo, os sotaques eram bem diferentes (e provavelmente minha falta de prática não ajudava). A dupla, então, começou a escutar música, teoricamente pelo fone, mas estava tão alta que até mesmo nós duas estávamos escutando.
— Ai, que povo sem noção! — reclamou e não pude deixar de concordar. — Vou mandar eles abaixarem.
— E você fala inglês por acaso, garota?
— Gestos são universais. — Ela replicou, já se levantando. Daqui a pouco, os pés dela estariam realmente inchados.
Observei, já me escondendo de vergonha dela, se levantar e se dirigir até os dois na nossa frente e cutucá-los, com força. Senti pena deles, porque eu já convivia com os cutucões da minha amiga há anos e sabia que doíam. A garota então começou a gesticular para o fone e fazer várias caretas. Eu estava sem fôlego de tanto rir, até que minha amiga simplesmente gritou:
— VOCÊ!
Os garotos se esforçaram para calá-la e eu interrompi meu riso, levemente preocupada. O que tinha feito minha amiga ficar assim? Vi os dois cochicharem e voltou correndo para seu lugar, parecendo mortificada e eletrizada ao mesmo tempo.
— , você não vai acreditar. — sussurrou, em tom de suspense, me deixando extremamente curiosa.
— Abre a boca logo, garota. — Eu sussurrei de volta.
— É ele, . Ele tá aqui.
— Ele quem, ? Existem três bilhões de homens no mundo.
— Ele ele, . É o .
A minha reação imediata foi rir. Ela estava se envolvendo real numa pegadinha, eu já tinha visto aquilo mais de uma vez. Porém, conforme eu fui observando melhor seu rosto, meu riso foi morrendo. não sabia mentir uma animação tão bem assim.
Qualquer sorriso morreu em meu rosto. Quais eram as chances? Não podia ser real, né?
Puta merda.
— Não pode ser ele. — Eu respondi, desesperada.
— Fala baixo! Ele me mandou guardar segredo e aí vou ganhar uma foto! — Minha amiga replicou.
— , se ele tá aqui, ele tá indo pro Mar Azul. Ele não pode! É meu resort! — Eu sussurrei desesperada.
— Ah, cala a boca, mulher! Isso é incrível. Na hora que eu for tirar a foto, você tem que falar com ele! Ele vai ficar todo bobo quando te reconhecer e vai ter que tratar a gente bem!
— Aham, tá, e como você sabe se ele, sei lá, não lembra de mim, ou lembra e me odeia? Acorda, cabeça oca!
— Ai, para de drama! Qual o problema de pelo menos tirar uma foto com ele?
— Já tenho fotos suficientes com ele. Inclusive, uma na banheira.
— Você deveria vender para uma revista, ganharia muito dinheiro.
— !
— Tá bom, tá bom, vou parar de tentar te dar bons conselhos. Depois não se arrependa.
Passamos o resto do percurso quietas, embora a perna de não parasse por um segundo. Uma ansiedade esquisita crescia dentro de mim. Aquele cara bem ali na minha frente poderia ser o ? Seu cabelo estava escondido por um boné bem cafona e parecia mais curto, ele não tinha a barba aparentada nas revistas e usava uns óculos escuros velhos, além de roupas bem desleixadas. Não poderia ser ele, poderia?
Quando finalmente chegamos, o suposto e seu acompanhante foram os primeiros a sair, e nós, quase as últimas, já que voltara a reclamar do pé inchado. Quando saímos do ônibus, no entanto, os dois caras, e mais outros dois bem fortes, ainda estavam ali fora da entrada do resort, parecendo esperar alguém. Se minha amiga não fosse maluca ou não estivesse sofrendo um golpe, eles estariam esperando a gente para a tal foto. Por precaução (do golpe, claro), peguei na minha bagagem de mão um dos meus chapéus de praia e coloquei sobre o meu rosto.
— Ah, você está aí. — O acompanhante do suposto falou com um sotaque bem carregado. Com certeza não era brasileiro. — Vamos cuidar logo disso. Quem é essa com você? É imprensa?
— Ah, não, é só minha melhor amiga.
— , não é melhor fazermos isso dentro do hotel? Onde tem segurança? — Sussurrei para ela.
— Qual é, é só o , ele é um ator, não um mafioso.
— Mesmo que seja ele, ele pode ser os dois. — Repliquei.
— De qualquer jeito, tenho quase certeza que aqueles dois são seguranças. — apontou para os dois grandalhões que estavam junto aos homens.
Então, o tal abriu a boca:
— , certo? — Ele disse para minha amiga, que só confirmou com a cabeça, parecendo uma boba completa. — Tudo bem com você? Sabe, vocês devem estar muito cansadas da viagem e merecem descansar. Por que não tiramos a foto agora e, quem sabe, não nos esbarramos por aí?
— Claro! — respondeu.
O cara então olhou ao redor e, depois de se dar por satisfeito, tirou o boné e os óculos escuros.
Praguejei mentalmente contra todos os responsáveis pelos destinos das pessoas. Apesar de ter tirado a barba e cortado o cabelo, não restavam dúvidas. Aquele era o rosto que estava estampando todas as revistas do momento e era uma versão ainda mais gata, alta e adulta do meu melhor amigo de infância. Engoli em seco antes que acabasse babando.
Desviei o olhar e abaixei ainda mais a cabeça quando abriu um sorriso imenso para e pediu o celular dela para tirar uma selfie. Aquilo ia contra todos os meus planos da minha tão esperada e planejada viagem. Quando finalmente as fotos e os risinhos terminaram, o homem disse:
— E sua amiga? Vai querer uma foto?
Antes mesmo que eu pudesse negar, se intrometeu no assunto, como sempre:
— Ela adoraria! Na verdade, ela já te conheceu pessoalmente antes, sabia?
Caralho, ! Senti o olhar de sobre mim e me escondi ainda mais, xingando minha amiga baixinho.
— Sério? Que legal! Foi em algum evento de divulgação?
Quando todos ficaram quietos, percebi que estavam esperando a minha resposta. Eu teria que me concentrar em matar minha amiga mais tarde. Pigarreei e tentei falar com a voz mais grossa que o normal:
— Ahn, na verdade, não...
— Para de palhaçada, amiga, só conta logo quem você é!
— Contar quem você é? — disse e, pelo tom da sua voz, parecia estar rindo, como se achasse tudo engraçado.
E para ele devia ser. Para ele, devíamos ser apenas duas fãs loucas, algo que já era comum no seu dia a dia. Suspirei, sabendo que não ia deixar aquilo ficar inacabado e, com a cabeça baixa, tirei o chapéu. Levantei meus olhos então em sua direção e nos encaramos, olho no olho. Seus olhos continuavam lindos, no exato tom que eu sempre adorei. Sua expressão parecia confusa e algo me deu a impressão de que ele pudesse estar me reconhecendo, o que me fez sentir esperança e desespero ao mesmo tempo.
Abri um sorriso amarelo na direção dele e desviei o olhar, me sentindo boba e infantil. Ele era o cara mais desejado do momento e eu não era ninguém, só um incômodo do passado.
— Oi, , sou eu, . — Levantai os olhos para encará-lo, envergonhada, mas tentando manter alguma dignidade. — .
— Eu sabia! — gritava pelo quarto. — Sabia que ele ia te reconhecer!
Suspirei, me jogando na cama do hotel. tinha razão, não só me reconheceu imediatamente, como me abraçou e ainda pediu meu número, triste por não termos mantido contato. Marcamos de nos encontrar na piscina do resort para podermos conversar melhor. Ele não parou de sorrir nem por um segundo...
— Ah, meu Deus, você já tá sorrindo toda bobinha! Hannah vai surtar completamente quando eu contar tudo pra ela.
— , para de imaginar coisa! — Reclamei.
Mas ela tinha razão. Por mais que eu tentasse negar, ele tinha me afetado. Poxa, não era todo dia que se achava um cara famoso, bonito, educado, inteligente e gostoso que ainda por cima estava feliz em te ver. Mas eu sabia que, assim que ele terminasse de ser gentil por pressão social em nome da nossa antiga amizade, ele ia me deixar para lá e eu não ia ligar, apenas seguir minha vida.
Me remexi na cama, incomodada, sentindo que estava em cima de algum papel. Puxei-o de debaixo de mim e percebi que era a programação. Passei meus olhos preguiçosos pelo papel e me levantei, em um susto. Imediatamente, me sentei na cama e procurei minha amiga, que já estava botando o biquíni. Ela ia surtar comigo...
— , não acha melhor primeiro descansarmos da viagem? — Eu falei, tentando bancar a inocente.
— Eu já estou bem descansada. Podemos sair em meia hora.
— Mas e se a gente deixasse para amanhã? — Eu disse, fazendo manha, enrolando um cacho de cabelo no meu dedo indicador, uma mania antiga. Minha amiga me olhou com os olhos semicerrados.
— Você já tá querendo fugir, ?
— Olha, eu juro que não tô querendo fugir, mas é que... Ai, , eles vão fazer uma sessão cinema de Teen Beach Movie daqui a pouco! — Eu exclamei, muito animada, mostrando o panfleto com a programação para ela.
Minha amiga passou os olhos pelo papel e depois me encarou, incrédula.
— , isso aqui é a programação para crianças!
— Eu sei, mas esse filme é o melhor filme sobre romance de verão que existe! E ainda é musical, com anos 60...
— É, aí vai assistir você, com 23 anos, e as crianças, com 8. — provocou.
— Não é minha culpa que bom gosto é para poucos. — Rebati.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meu celular, no entanto, apitou e fui checar a mensagem, imaginando que fossem meus pais. Porém, era da última pessoa de quem eu esperava receber uma mensagem.
(on-line)
Oi, !
Eu sei que a gente marcou de se encontrar na piscina por agora, mas um outro compromisso apareceu para mim no mesmo horário. Você e a se importam de mudar para um jantar hoje às 19? Eu pago!
— Viu?! — Falei para , depois de ler a mensagem em voz alta. — Ele tem um compromisso! Então eu posso ir para o filme.
ficou simplesmente sem palavras para negar, mas percebi que ela parecia um pouco chateada.
— Ei, você pode aproveitar a piscina sem mim! Faz uma videochamada com a Hannah ou conhece gente nova. A gente ainda vai jantar com o . — Não contei para ela que eu duvidava que ele sequer fosse aparecer. Tinha certeza de que aquele tal compromisso era uma desculpa.
suspirou e voltou a tagarelar sobre o hotel enquanto a gente se arrumava, ela ajustando o biquíni e eu escolhendo uma roupa confortável, mas arrumadinha, porque vai que eu esbarrava em alguém bonito no caminho? Eu tinha que estar sempre preparada para possíveis gringos gatos.
Desci com para o primeiro andar, mas nos separamos ao chegarmos na recepção. Olhei bem o mapa do resort e segui para a direita, andei mais uns dez minutos e consegui chegar.
A sala era um minicinema, talvez para umas cinquenta pessoas, com uma pipoqueira que logo me chamou a atenção. Enquanto eu pegava pipoca, olhei ao redor e percebi que a público era inteiro de crianças e alguns caras que pareciam animadores de festa. Ai, talvez a tivesse razão, mas aquele filme valia a pena mesmo com conversa de criança e babás animadoras observando.
Me sentei em uma das poltronas do fundo, longe das crianças, aproveitando minha pipoca no meio do caos dos gritos e brincadeiras infantis.
Olhei o celular e vi que faltavam cinco minutos para o filme e eu já havia detonado metade da minha pipoca. Levantei para colocar mais enquanto os animadores falavam umas três línguas diferentes para acalmar as crianças. Quando voltei para meu lugar, no entanto, tinha um cara sentado bem ao lado da cadeira em que eu havia deixado minha bolsa. Eu pigarreei quando cheguei perto, porque ele estava atrapalhando o caminho.
— Excusa. — O homem pediu e, bom, foi impossível não reconhecer a voz dele.
— ?! — Perguntei, confusa. Aquele homem não ia parar de aparecer na minha frente? Meu ex melhor amigo de infância se sobressaltou e apontou a luz do celular para mim, me cegando de leve.
— ?! Não sabia que você ia estar aqui.
— Nem eu, você não tinha um compromisso?
Ele coçou a cabeça envergonhado, enquanto eu me sentava do seu lado.
— Bom, desculpa por furar nosso encontro, é que, não ri, mas esse meio que foi o compromisso. Eu menti... É que Teen Beach Movie é o melhor musical sobre amores de verão, e ainda tem as partes boas dos anos 60. — Ele disse, um pouco na defensiva, me deixando chocada.
— Foi exatamente o que eu falei para a !
Ele me olhou, parecendo tão surpreso quanto eu, mas, antes que pudesse falar qualquer coisa, os animadores babás pediram silêncio e colocaram o filme.
Fiquei quieta, mas era impossível de reparar como seu corpo estava tão quente ao meu lado, sem contar o seu perfume que parecia tão bom quanto o cheiro de pipoca (um dos melhores que existem no mundo). Maldito homem gostoso e cheiroso.
No entanto, me distraí da minha vergonhosa análise mental de quando Oxygen começou a tocar. Mac e Radie apareceram e todo o meu fogo se voltou para aquele filme maravilhoso e tão familiar. Porém, logo depois da abertura, notei que havia algo de errado.
Caceta, tava em espanhol! Tipo, agora que eu parava para pensar era óbvio, mas eu esqueci completamente desse detalhe. Minha cara de confusa deve ter sido tamanha que sussurrou para mim:
— Posso te explicar o que tá acontecendo, se quiser.
Um arrepio tomou meu corpo com sua respiração tão próxima ao meu ouvido e involuntariamente cruzei as pernas. Me convenci que foi por causa do ar condicionado.
— Não se preocupe. — Respondi, levemente afetada. — Já assisti tantas vezes que sei de cor.
Pelo menos, as músicas ainda eram em inglês e essas eu sabia de cor. Mesmo que eu estivesse lutando para não cantá-las todas. Mas foi um alívio quando ele mesmo começou a cantarolar Surf Crazy. Eu era fraca demais para não cantar Crusin’ for a Bruisin’.
Quando o filme terminou, as crianças já nos olhavam como se fôssemos dois malucos (o que era plausível depois que a gente cantou muito entusiasticamente todas as músicas e ainda aplaudimos muito no final), então saímos rapidamente da sala depois de roubar mais um estoque de pipoca. Não conseguíamos parar de rir.
— Ainda bem que essa nova geração está aprendendo o que é filme de qualidade. — Eu disse, quando já estávamos fora da sala.
— A Disney nunca mais será a mesma. — Ele balançou a cabeça em negação, fazendo drama. Não pude deixar de rir e concordar.
— E quem sabe essa geração aproveita melhor os crushes também? Tipo, o Tanner parece um Ken humano assustador e, pelo amor de Deus, a gente tem Ross Lynch e Jordan Fisher nesse elenco! — Rebati, sempre tendo me indignado sobre como minhas amigas preferiam o garoto tão padrão que parecia falso.
— Se eu te contar, você nem acredita, mas eu encontrei os dois pessoalmente. E eles são ainda mais bonitos ao vivo. Dá pra acreditar? — disse, parecendo incrédulo, e eu só pude pensar que, sim, dava pra acreditar. Porque eu tinha visto ele mesmo na série nova e nenhuma câmera fazia jus a sua visão ao vivo.
Então, eu só mudei de assunto:
— Quais suas músicas preferidas do filme?
Ele franziu as sobrancelhas e passou a mão nos cabelos, pensativo.
— Cruising’ for a Bruisin’, Falling for Ya e Meant to Be.
— Não acredito que você é um romântico. — Exclamei, segurando um sorrisinho.
— Ah, pelo amor de Deus, era uma comédia romântica musical. Se não for romântico, nem gosta. — Ele se defendeu. A essa altura, chegamos na recepção, mas nenhum de nós notou, ou, ao menos, nenhum comentou.
— É uma ficção completa e a Mac era bem sensata sobre amores de verão antes de algo completamente impossível acontecer. — Rebati. — É possível só se identificar com isso e perceber que apenas algo impossível como viajar para dentro de um filme poderia mudar os acontecimentos sensatos.
— E claramente você é uma das pessoas que se identificam com isso. — Ele apontou, com um sorrisinho no rosto.
— É claro!
— E quais seriam as suas músicas favoritas?
— Cruisin’ for a Bruisin’, Like Me e Can’t Stop Singing, obviamente.
começou a rir e eu o encarei, sem entender nada.
— Qual a graça?
— É só que... É engraçado pensar que você amava fanfics ruins de romance brega e agora é contra qualquer romance.
Senti minhas bochechas esquentarem imediatamente.
— Eu não sou contra romances! Eu... só sou realista, sei que nem sempre dá pra ser. E as fanfics não são ruins! Mas hoje em dia eu prefiro algumas do tema de drama.
— É claro. — Ele disse, com um sorriso sarcástico. Ele conseguia ficar ainda mais bonito assim. Maldito fosse.
Não pude evitar sorrir para ele e, nesse momento, várias pessoas entraram, vindo das piscinas, passando pela recepção para voltarem aos seus quartos. Aquilo nos trouxe de volta à realidade. imediatamente recolocou os óculos escuros e abaixou a cabeça.
— Bom... a gente devia ir. — Eu disse, já imaginando que ele era educado demais para me dispensar.
— Mas nos vemos mais tarde, né? Às sete, no restaurante aqui do hotel. — Ele afirmou, parecendo muito ansioso. Mas era por isso que ele era um bom ator.
— Claro. — Eu sorri para ele, tentando enganar a mim mesma de que eu não estava ansiosa para isso.
O jantar foi maravilhoso e não parava de tagarelar sobre isso. Finalmente fomos apresentadas ao cara que estava do seu lado no ônibus mais cedo, era Louis, seu melhor amigo, que era de Miami e que estava aprendendo português há alguns anos. Também descobrimos que eles vieram de ônibus e não transporte particular porque era o único transporte que o resort permitia o acesso àquela região.
Também descobri um pouco mais da vida de depois de todos esses anos passados. Ele contou sobre como foi difícil se adaptar à escola nova, mas como, depois que começou a fazer as aulas de teatro, tudo melhorou. Eu zombei que ele era quase a Gabriella de High School Musical. Ele contou que realmente atuou em uma produção de High School Musical feita pela escola mas que, infelizmente, foi o Troy, e não a Gabriella. Contou sobre a primeira vez em que apareceu em um comercial, fez figuração e seu teste para a Netflix.
Tudo na noite foi perfeita. se mostrou o mesmo amigo com quem eu sempre pude contar durante metade da minha vida, só que agora ainda mais interessante, mais bonito, mais maduro... E eu simplesmente me sentia atraída para conviver com ele. Não que eu fosse contar isso para . Ela e Hannah já estavam caçoando de mim o suficiente.
Dormi, os olhos de ainda na minha mente, e talvez eu o tenha conjurado, pois, quando acordei, meu celular exibia uma nova mensagem.
(on-line)
Bom dia, flor do dia! Topa me encontrar para uma surpresa só nós dois? Reserve o seu dia para isso.
Sorri, olhando para o celular, e imediatamente enviei uma mensagem confirmando. Tentei acordar para avisá-la, mas minha amiga roncava profundamente. Ri baixinho enquanto me ajeitava e deixei um recado em seu celular dizendo que tinha saído com e para ela não me esperar (e nem surtar completamente, o que eu sabia que seria sua reação imediata).
Desci do quarto levando um casaco, meus documentos, dinheiro, água, meu celular, protetor solar e óculos escuros. De precaução, vesti meu biquíni e uma roupa leve por cima, junto com saltos baixos e confortáveis que eu tinha, para não deixar de ficar bonita. Mal cheguei à recepção e encontrei , com seus costumeiros óculos escuros e boné para não ser reconhecido.
— Bom dia. — Eu disse ao me aproximar, acenando para ele.
, que olhava o celular, ergueu os olhos para mim e sorriu. Esse gesto fez meu maldito coração errar uma batida.
— ! Bom dia! — Ele se aproximou e me abraçou, me dando dois beijinhos no rosto. Nunca iria admitir, mas desejei que ele fosse mineiro, e não carioca, para poder me dar três beijinhos no rosto.
Que patética eu havia me tornado apenas para ansiar por mais contato.
— Então, quais os seus planos? — Eu me prontifiquei em perguntar, procurando me distrair de todos aqueles beijinhos. — Só para avisar, ainda nem tomei café.
— Bom saber. — Ele sorriu ainda mais largamente. — Os planos envolvem café da manhã e, se tudo der certo, todas as outras refeições também.
— Se os planos envolvem comida, já sou favorável a todos. — Brinquei, fazendo-o rir.
— Tinha que ser taurina. — Ele comentou e fiquei chocada tanto por ele se lembrar do meu aniversário, quanto por saber meu signo. pareceu constrangido perante meu choque e pigarreou. — De qualquer jeito, eu conversei com Louis, que conhece um cara que conhece outro cara que é primo de um cara. Esse último cara conseguiu um carro alugado para a gente.
— Puxa! — Eu exclamei, surpresa. Eu realmente não esperava nada fora do resort.
— Pois é, maneiro, né? — continuou, claramente animado. — Nossa carruagem nos espera. Se você topar, é claro. — Ele acrescentou rapidamente. — Você não é obrigada a aceitar e entendo se quiser ficar. Quer dizer, só para chegar no carro, precisamos andar meia hora e...
— Eu topo. — Eu o interrompi, sorrindo. — Acho que vai ser incrível conhecer Cancun com você.
imediatamente mudou sua postura nervosa para uma postura feliz. Por Deus, ele era tão transparente.
Ou um ótimo ator, fiz questão de lembrar. Ele não fora contratado pela Netflix à toa.
— Mas eu tenho uma condição. — Acrescentei, tentada a afastar os pensamentos ruins que invadiram minha cabeça.
— O que é? — perguntou, a cabeça inclinada para o lado de forma adorável.
Não pude deixar de sorrir ainda mais.
— Você paga a comida. Já custa perder todas as refeições pagas do resort de hoje! — Eu comentei, fingindo ultraje.
gargalhou e segurou minha mão, me puxando para a saída. Meu estômago se revirou de um jeito esquisito e bom.
— Fechado. — Ele falou, ainda rindo e me conduzindo para fora. — Só tente não me falir.
Cancun era realmente maravilhosa e bem diferente do que eu esperava. Apesar de também ser uma cidade de praia como a minha conhecida cidade Rio de Janeiro, tudo era uma incrível novidade para mim, principalmente o idioma.
e eu caminhamos até o carro e só lá me dei conta de que não havia pesquisado nenhum outro lugar da cidade além do resort, que sempre havia sido o meu objetivo principal. Por isso, me virei para .
— Ei, para onde estamos indo?
Com as mãos no volante, ele abriu o seu sorriso radiante, e, mesmo o vendo toda hora, eu parecia nunca me acostumar. Sempre sentia vontade de sorrir junto a ele.
Virando-se rapidamente para mim antes de dar partida, ele respondeu:
— Lugar nenhum.
Fiquei chocada com a resposta, mas logo entendi seu propósito. Realmente, não fomos a nenhum lugar específico, e com isso parecia que havíamos conseguido ir em todos os lugares. Tomamos café da manhã em uma lanchonete chamada El Pocito e decidimos comer os tão famosos tacos. Estavam deliciosos, embora tudo naquele dia parecesse perfeito. O clima, a comida, a companhia...
Saímos de lá felizes e alimentados, novamente dando partida no carro sem nenhum rumo específico. Por coincidência, acabamos parando em uma praia. Procuramos uma placa e encontramos o nome: “Playa Delfines”. Nos encaramos.
— Olha, eu sempre topo uma praia. — Eu disse, sorrindo, me sentando em um banco próximo à entrada.
— Então, faça as honras. — Ele apontou para a escada, abrindo espaço para que eu passasse na sua frente.
— Que educado. — Eu repliquei, rindo. — Mas, caso não tenha percebido, eu estou tirando meus saltos. — Quando terminei de descalçar o último par, me levantei em um pulo, o assustando. — Quem chegar por último é a mulher do padre! — Gritei e disparei escada abaixo.
Olhei para trás e parecia estar paralisado de choque, então acenei para ele, diminuindo um pouco meu passo. Ele pareceu se recuperar, abrindo um sorriso malandro e disparando atrás de mim em seguida. Me arrependi de ter diminuído o ritmo, pois ele era muito rápido e logo chegou muito perto. Dei o meu melhor para voltar a correr, mas minha vida nada ativa na atlética da faculdade estava cobrando seu preço. logo me passou e colocou as próprias coisas debaixo do guarda-sol de palha disponível mais próximo a nós. Minha cara de cansaço logo se tornou uma careta. Corri à toa.
— Ah, então agora que você perdeu, você se sente mal! — zombou. — Imagine ser pego de surpresa num desafio. Você tentou trapacear me avisando assim tão em cima da hora.
— Não tentei nada! Você que deve ter trapaceado com essa velocidade anormal. — Reclamei, ainda muito sem fôlego. Peguei minha água e bebi um pouco.
— Então, mulher do padre, linda praia, não?
Nem respondi a provocação, porque não pude negar. A faixa de areia era superespaçosa e super clarinha, com uma água cristalina, na qual algumas pessoas nadavam, outras surfavam e alguns ainda por cima mergulhavam. Eu estava arrebatada com tanta beleza.
E claro que a sensação se complicou ainda mais quando tirou a camisa. Não pude deixar de engolir em seco e, Deus me perdoe, mas eu devia estar devorando-o com os olhos, ele parecia perfeito para mim em todos os aspectos. Que merda.
Eu tinha certeza de que ele havia percebido minha descarada admiração, porque ele sorria de lado, parecendo satisfeito. Tentada a parar de agir como uma boba, tirei minha própria roupa, ficando apenas com o biquíni branco que eu comprara especialmente para a viagem. Para minha satisfação, pareceu tão desnorteado quanto eu ficara com ele.
Entramos na água, uma bênção fresca naquele dia tão ensolarado e quente. Mergulhei, já pensando em como teria que hidratar meu cabelo assim que voltasse ao resort, mas não me arrependi, aquela praia parecia um paraíso. Especialmente quando o cara ao meu lado parecia um Deus.
Parecíamos duas crianças felizes brincando na água e parecia sempre arrumar uma desculpa para tocar em mim, fosse me fazer cócegas, ou me empurrar na água, ou me segurar no colo para provar a existência da força empuxo na água que nos faz parecer mais leves... É claro que eu aproveitei e retribuí, sentindo arrepios sempre que seu corpo quente encostava no meu e aproveitando para senti-lo o máximo possível. Nessas brincadeiras, eu sentia a tensão aumentar entre nós, porém fingia agir como se nada tivesse acontecido.
Bom, eu não havia dito para que estava à procura de um namorado de verão? Qual seria o problema se esse namorado fosse meu antigo amigo por quem eu tinha uma nunca admitida quedinha?
Talvez todos os problemas, mas nenhum deles veio à minha cabeça quando estávamos mergulhando juntos, procurando peixinhos que nadavam perto do meu cabelo. Será que eles pensavam que eram algas? Compartilhei meu pensamento com e ele não pôde deixar de rir, se aproximando de mim para apertar minha bochecha.
— Você é adorável, sabia?
— Sério? — Eu perguntei, fazendo careta. — De todos os elogios, você escolhe adorável?
— Mas você é. — Ele replicou, rindo, depois ficando bem sério, o que me deixou apreensiva. — , eu não quero que você me entenda errado. Eu te acho sim adorável. Sempre te achei. Mas... — engoliu em seco, se aproximando ainda mais, deixando minha boca automaticamente seca. — Eu não te acho só adorável. Eu te acho inteligente, engraçada e leal. Tudo o que você sempre foi e continua sendo. Só que agora você conseguiu de alguma forma ficar ainda mais bonita e... er... encorpada.
— É tão estranho me chamar de gostosa, ? — Eu zombei, tentando disfarçar meu nervosismo diante daquela confusão. A gente só havia se reencontrado havia um dia, mas tudo entre a gente parecia certo, como se nossa conexão nunca tivesse ido embora.
E talvez ele tenha sentido o mesmo, porque logo disse:
— , eu acho você linda. E, vou admitir, eu te acho gostosa. — Aquelas palavras, ditas com o seu sorriso de lado, me fizeram arrepiar até que eu sentisse um calor entre as minhas pernas. — E é por isso que eu quero te beijar.
se aproximou de mim pelo que pareceu uma eternidade, seus olhos caindo sobre os meus lábios, enquanto os seus próprios estavam entreabertos. Não pude deixar de encará-los, de ansiá-los, depois de tanto tempo. Um beijo não faria mal. Na verdade, naquele momento, com ele tão próximo, eu sentia que poderia morrer se ele não me beijasse logo.
Arquejei quando nossas bocas finalmente se encostaram. Assim como parecíamos ainda saber muito um sobre o outro e como nos entender, nosso beijo funcionou como se já tivéssemos feito isso milhares de outras vezes. Quando sua língua invadiu minha boca, todos os meus pensamentos se esvaíram. Agarrei seus cabelos, tentando puxá-lo ainda mais para perto, e engatei minhas pernas em sua cintura embaixo d’água. Escutei um grunhido sair de sua garganta e não pude deixar de sorrir ainda no beijo.
— Então você gosta de provocar... — Ele sussurrou na minha boca, sua respiração quente em contraste com a minha pele fria e molhada. — Uma pena que estamos em um lugar público. — Me arrepiei completamente. — Já pensou que só faltava a gente surfar para parecermos a Mac e o Radie?
Não pude deixar de rir com a quebra de clima e concordar, me sentindo simplesmente feliz por as coisas estarem exatamente como estavam naquele momento. Me aproximei mais e o beijei novamente, já sentindo abstinência desse contato.
Passamos o resto da manhã nos revezando entre brincar na praia como as duas crianças que já havíamos sido e nos beijar como os dois adultos que agora éramos, por mais que, em parte, estivéssemos tão bobos e atraídos como dois adolescentes.
Almoçamos no restaurante em frente à praia, lado a lado, e contamos um pouco mais sobre nossas famílias. Ele ficou chocado quando descobriu que agora eu tinha um irmão, o pequeno Miguel de seis anos, e eu descobri que seus pais haviam se separado, mas depois se reconciliado. Sua situação era complicada desde nossa época de jovens.
Eu me sentia muito confortável conversando com e sentia que podia lhe contar sobre tudo, o que foi difícil de impedir, já que ele parecia tanto querer me ouvir e me incentivava. Ele apenas me interrompia quando se inclinava para me beijar, e não posso negar que esse silêncio me agradava bastante.
Voltamos à Playa Delfines e descansamos na sobra de nosso guarda-sol, aproveitando nossas casquinhas de sorvete. Não pude deixar de perceber que até hoje seu sabor preferido era creme. Sorri de leve enquanto comia o meu de morango.
— Eu estou sentindo meu corpo todo arder. — Ele reclamou, a boca suja nos cantos com o sorvete derretido. Meus sorrisos estavam vindo com muita facilidade do lado dele.
— E você ao menos passou protetor solar hoje? — Eu perguntei, arqueando uma sobrancelha.
— Mas qual o intuito de passar protetor se eu quero ficar bronzeado? — Ele perguntou e tive que me segurar para não o estrangular.
— Caralho, ! Você branquinho desse jeito não passou protetor? Até eu que sou negra tenho que passar e os estudos provam que minha pele me protege muito mais que a sua! Você quer o quê? Um câncer de pele?
— Ai, desculpa, mamãe. — Ele fez um biquinho e eu suspirei.
— Você agora arruinou sua viagem, vai ter que ficar sem mais Sol nenhum até sua pele se recuperar.
— Então, pelo visto, vou ter que passar muito tempo no quarto... Quer me fazer companhia? — Ele sorriu maliciosamente para mim, me fazendo rir. Depois de comer o resto do meu sorvete, eu me levantei.
— Que eu saiba, eu passei protetor e estou bem.
— Ei, onde você vai?! — perguntou, confuso.
— Vou pegar Sol, querido! Eu ainda posso ficar mais bronzeada. — Pisquei para ele e saí andando para o mar, provocando-o. Pude escutar seus gritos de contestação ao fundo e apenas ri com mais gosto. Respirei a brisa marítima, me sentindo leve e feliz como eu não me sentia há anos.
Depois de implicar com ele, juntamos nossas coisas e voltamos para o carro, porque o Sol estava muito forte para a pele sensível do meu antigo melhor amigo. Partimos novamente sem rumo e, em vinte minutos, chegamos ao aeroporto internacional de Cancun, aonde havíamos nos encontrado pela primeira vez, mesmo sem saber.
De lá, acabamos em frente a um prédio baixo e branco que parecia uma escola, mas acabamos descobrindo ser uma biblioteca pública. Imediatamente eu quis entrar, e , compartilhando do meu entusiasmo, concordou, o que, eu admito, que me fez ficar levemente encantada por ele.
O local era simples, cheio de estantes e livros doados, mas tudo muito organizado, até com computadores. Fui correndo para a área de ficção, para só então lembrar que eu nem sabia ler espanhol. Bom, pelo menos era bonito e tinha aquele cheiro maravilhoso de livros.
Senti, antes de propriamente ver, se aproximar por trás de mim, fazendo meu corpo se arrepiar. Ele esticou o braço para uma estante acima de mim e tirou um livro.
— Harry Potter Y La Piedra Filosofal. — Ele sussurrou perto do meu ouvido, me deixando ainda mais agitada. Passei o peso de uma perna para a outra.
— Quer saber uma coisa? — Sussurrei de volta, me distraindo.
— De você? Claro.
— Lembra quando a gente tava no fundamental e você tava lendo Harry Potter? — Falei, tentando ignorar a fofura na sua resposta. Ele fez que sim com a cabeça, esperando que eu continuasse. — Eu não tinha lido ainda, mas falei que já tinha para você continuar conversando comigo sobre as cenas que passavam.
Ele arregalou os olhos, surpreso.
— Não acredito que você fez isso e pegou vários spoilers! — Ele sussurrou, parecendo genuinamente chocado.
— Bom, fazer o que se eu tinha uma quedinha por você. — Dei de ombros e desviei os olhos. Por que eu falei isso? Só faltava ele me achar maluca agora!
— Não acredito que você gostava de mim. — Ele falou baixinho.
— Eu sei, era bem engraçado e bobinho. — Eu continuei, a merda já estava feita, não custava continuar falando. — Eu escrevia tudo o que a gente conversava no meu diário e tentava pedir sua ajuda em história sempre que dava.
— Então era tudo um esquema? — Ele riu baixinho, fingindo estar chocado.
— O mais sujo dos esquemas. — Eu repliquei, beliscando seu braço de forma carinhosa.
— Isso me deixa aliviado. Afinal, eu passava a noite estudando história só para parecer inteligente e você me pedir ajuda. — Ele admitiu.
Não pude deixar de rir, ficando aliviada. Como éramos bobos! Dois pré-adolescentes apaixonados sem contar nada um para o outro por medo e vivendo de planos infantis para interagirem mais.
Acabamos nos beijando ali mesmo. E depois atrás de várias outras estantes. Parecíamos realmente dois adolescentes que não conseguiam se desgrudar.
Ele me contou das primeiras impressões que teve ao ler Percy Jackson e a primeira impressão ao ler um roteiro de Shakespeare. Eu lhe contei meu drama quando tentei ler artigos científicos e descobri que eu só servia como leitora de qualquer coisa científica se tivesse “ficção” na frente. interpretou uma rápida cena de Sonho de uma Noite de Verão em mexicano na minha frente aos sussurros e, mesmo sem entender uma única palavra, fiquei perigosamente derretida por cada palavra rouca que saía de sua boca.
Já era noite quando pegamos o carro e partimos em uma última aventura sem destino. Menos de dez minutos depois, avistamos um lindo restaurante do outro lado. Descemos do carro, mas vi uma fila gigante com várias pessoas bem vestidas. Arregalei os olhos e baixei o olhar para meu shortinho e minha blusa marcados de biquíni molhado e a sandalinha básica.
— É melhor a gente encontrar outro lugar, não? — Perguntei receosa a .
— Por quê? O destino nos trouxe aqui, não? — replicou, parecendo realmente convencido que era para ser esse lugar.
— Mas olha essa fila gigante! E as pessoas arrumadas. Eu não devo nem ter dinheiro para pagar um suquinho. — Falei, desesperada.
pegou minha mão e me guiou para a entrada do restaurante, mesmo contra a minha vontade. Então, se virou para mim.
— Nosso acordo era que eu pagasse a comida, certo? Fica tranquila e deixa comigo.
Sabendo que ele não ia me escutar, apenas fiquei ali, esperando pateticamente. Porém, eu tinha esquecido um detalhe crucial. Eu estava acompanhada de um famoso. Assim que tirou o boné, os óculos e se dirigiu para a atendente que recebia as pessoas, eu percebi sua mudança de postura. Seu queixo caiu, depois ela gaguejou, então abriu um sorriso radiante e chamou seu gerente. Não deu nem dois minutos e nós dois fomos alocados em uma das melhores mesas do restaurante, que antes tinha uma placa “reservado” em cima.
sorria contente, mesmo com todos os olhares que recebia. Seu disfarce estava arruinado e tudo apenas para conseguir um lugar em um restaurante porque o destino o levou ali. Foi exatamente o que eu lhe disse, ao que ele respondeu:
— Mas conseguimos entrar, não?
Os pratos eram realmente fora da minha realidade, mas pareceu achar normal. Bom, ele recebia em dólar, aquilo realmente devia ser normal. O restaurante tinha opções vegetarianas, o que conquistou , já que aquele era um fato que eu descobrira sobre ele no jantar do dia anterior. Eu admirava muito a causa, mesmo sendo algo que eu nunca colocara em prática.
O local, no entanto, era realmente maravilhoso. Com música de fundo no piano e a comida gostosa, me senti bem naquela situação, mesmo com os olhares que recebíamos. Me acomodei mais ao lado do meu ex melhor amigo e continuamos uma conversa tranquila durante a noite. Foi um grande alívio também que os garçons sabiam português.
Deitei a cabeça no ombro de . Aquilo era muito confortável para meu próprio bem.
— Queria que essa viagem nunca acabasse. — Eu falei, me ajeitando mais ao seu lado.
— Entendo... — Ele disse, me encarando. Seus olhos desceram para minha boca, mas, quando pareceu que ia me beijar, seu olhar vagou para os outros. Ele desistiu do ato, provavelmente pensando que já estava comprometendo o suficiente. E tudo por minha causa. — Então, quando você vai embora? — me perguntou, provavelmente tentando se desculpar puxando assunto.
— Ah, eu...
Porém, naquele momento, a TV do restaurante começou a mostrar um rosto muito familiar em sua tela. Um rosto que estava do meu lado. Um rosto acompanhado de outra pessoa muito, muito bonita.
— fue visto junto a la modelo Mariza Martillo la semana passada. En internet dicen que ella podría ser su nueva novia. — A repórter dizia, em espanhol.
Me senti paralisada, olhando aquela foto sem conseguir desgrudar os olhos. A garota loira, branca, magra e alta. Ela sorria verdadeiramente para na foto e aquilo me deu náuseas, apesar de ser um lindo sorriso. Ela devia ser ainda mais bonita pessoalmente. E parecia ser alguém legal.
O seu único defeito era ser exatamente a pessoa que, durante a minha vida inteira, me ensinaram que era mais bonita do que eu, estando ao lado do cara que, apesar de eu estar redescobrindo sobre há apenas dois dias, estava me cativando muito mais do que eu gostaria de admitir. Como nenhum outro havia conseguido.
Eu queria chorar. Eu era tão estúpida. não era mais meu coleguinha da escola. Ele era um cara famoso e lindo que podia ter qualquer atriz, modelo, cantora, o que quisesse se imaginar. Inclusive essa tal Mariza. Eu sabia, esse tempo todo, que me envolver com ele significava me apegar, a única coisa que eu não deveria. Eu partiria logo e ele também, e tudo voltaria a ser como antes, ele famoso, e eu contando uma ou outra história de como uma vez eu conheci esse cara famoso. Ele seguiria a vida sem lembrar de mim e eu me esforçaria para esquecê-lo.
No entanto, tudo o que eu fiz foi me virar para ele e sorrir.
— Já está tarde, não? — Perguntei, lutando contra o bolo na minha garganta. — Já pagamos a conta, é melhor voltarmos para o hotel. Você tem que hidratar sua pele.
Se antes todos pareciam nos olhar de leve, agora todos no restaurante pareciam prestar atenção em nós. Afinal, o cara ao meu lado estava literalmente na TV. Me levantei, sem esperar sua resposta e me dirigi para a saída. Estava quase no carro, quando o escutei perto de mim.
— , você não entende. Não é nada disso. Liza e eu estamos apenas trabalhando em um novo projeto. — Ele tentava se explicar, enquanto entrava no carro comigo.
— Não se preocupe, . — Eu o respondi, muito mais calma do que eu me sentia realmente. — Está tudo bem. Agora precisamos do GPS, não?
não parecia se conformar com minha atitude e tentava insistir em uma discussão, em uma explicação. Mas eu, honestamente, não estava interessada.
A verdade é que poderia facilmente estar dizendo a verdade. Aquela garota não era sua namorada, apenas uma parceira de negócios. Mas isso não importava. Em uma semana, eu estaria de volta ao Brasil e estaria em Los Angeles. Ou quem sabe em Londres, gravando uma nova série. A verdade é que isso nunca poderia dar certo. Estaríamos sempre distantes e ele sempre estaria cercado de todos os tipos de pessoas. Alguma, com certeza, faria mais seu tipo do que eu. O mesmo destino que ele cismava que nos levara ao restaurante era o que havia me feito assistir a reportagem. Era o que o havia levado embora há tanto tempo atrás e que levaria novamente em poucos dias.
Quando finalmente chegamos perto do resort, a Lua iluminava nosso caminho e caminhamos em silêncio durante toda a meia hora. Toda a magia daquele dia mais do que perfeito havia se extinguido. Mas não eram assim que funcionavam os amores de verão, de qualquer modo?
Na recepção, fui obrigada a falar alguma coisa que seja. me encarava e eu sabia que, se eu não fingisse que tudo estava bem, ele iria atrás de mim, pela pura educação que mantinha em compromisso a nossa antiga amizade.
— Obrigada pelo dia, . Foi muito divertido, eu adorei. — Forcei o maior sorriso que eu consegui. — Quem sabe a gente se encontra mais por aí?
Me aproximei dele e beijei sua bochecha. Ele tentou me beijar apropriadamente, mas eu me afastei, sorrindo de leve. Meu estômago se revirava e eu sabia que estava precisando ficar sozinha.
Me virei e caminhei para as escadas que levavam aos quartos.
— , por favor... — Eu o escutei chamando, mas não olhei para trás.
— Você não pode passar toda a sua viagem dos sonhos assim! — brigou.
Eu me revirava na cama, tinha acabado de acordar. Eu havia dormido muito tarde ontem depois de voltar da praia à noite. Evitando ao máximo encontrar no resort, depois de me recuperar da pequena quebra de coração, passei a sair apenas à noite. Por enquanto, tudo parecia estar dando certo. Como tínhamos pouco tempo de envolvimento, com seu número bloqueado e sem vê-lo, eu estava bem recuperada, mas não confiava em mim mesma para encontrá-lo novamente. Era o melhor para nós dois desse jeito.
Claro que não concordava. Sendo uma romântica incurável, ela acreditava que eu estava sendo uma idiota afastando (em suas palavras) um “lindo, gostoso e famoso que estava completamente caidinho por mim”. O problema é que ela não enxergava. Não enxergava que não vivíamos um conto de fadas e não tinha como aquilo funcionar em uma vida real prática. Eu havia me deixado levar pelo impossível.
O problema era que, sim, eu estragara a minha viagem dos sonhos. Todos os dias à beira da piscina com drinks chiques e rindo das besteiras de foram arruinados por um medo de expor mais ainda meu coração. Maldito que se intrometera na minha viagem.
Agora, iríamos voltar hoje à noite. Pelo menos, eu poderia me afastar de vez. Mas seria horrível sempre ver cada foto tirada ali. Especialmente as que havíamos tirado na nossa pequena viagem no segundo dia. Eu esperava que elas se tornassem boas memórias, mas que não me despertassem mais nada. E especialmente não me atormentassem sobre como seus beijos eram maravilhosos. Como ele era um romântico incurável. Como, um dia, ele também gostara de mim. Como tudo talvez pudesse ter sido diferente.
— , por favor, só me deixa. — Eu respirei, resignada. Era impossível discutir com minha melhor amiga e eu não queria que a gente se desentendesse por causa de um garoto qualquer.
— Por favor, vamos para a piscina. Uma última vez. Temos algumas horas antes de ir para o voo. — Ela implorou.
— ... Me desculpa, mas eu prefiro não ir.
Eu percebi pelos meus olhos entreabertos que seu biquinho se convertia em uma careta irritada e sem paciência. Ela bufou e arrancou meu lençol, me fazendo soltar um gritinho incrédulo em resposta.
— Você venceu, . Quer passar a porra do seu dia trancada no quarto quando deveria estar aproveitando só para evitar um garoto que claramente se importa com você? Então passa! — Ela lançou o lençol para longe. — Mas ao menos seja higiênica. Minha melhor amiga não é uma porca! Quando foi a última vez que você escovou o cabelo? Você sempre amou modelar seus cachos. Então quer ficar aqui? Vai tomar um banho, passar um desodorante, cuidar do seu cabelo, escovar os dentes e trocar de roupa. E é melhor arrumar essa mala também! Ouviu?!
Me sentei assustada na cama e concordei. A última vez que eu vira assim fora um dia em que eu me convenci que não iria passar de jeito nenhum na disciplina de Escrita cênica e dramatúrgica nos séculos XX e XXI. E ela me fizera estudar a semana inteira até recuperar minha nota e passar com um belo 7,3 na média. Por isso, não tive coragem de contestar. Afinal, ela tinha razão. Desde quando um garoto tinha direito de arruinar meu lindo cabelo e meu corpo?
Cuidei de toda a minha higiene e me ajeitei direitinha. Depois, foquei em arrumar minha mala. Envergonhada, percebi que meu lado do quarto estava uma completa bagunça. Eu realmente ficara muito desleixada e isso não tinha nada a ver comigo.
Quase duas horas depois, eu terminei tudo. Até mesmo coloquei um biquíni por baixo do leve vestido, por mais que não tivesse intenção de sair. ficara no celular o tempo todo, provavelmente conversando com Hannah, mas analisou tudo depois que eu concluí. Por fim, abriu um sorriso orgulhoso e me deu um beijo na bochecha.
— Agora sim! Um ser humano decente!
Mostrei a língua para ela, mas feliz por ela ter me feito acordar para a realidade. Logo em seguida, ela se levantou.
— Bom, se você não quer aproveitar o resort, eu aproveito por você. Volto daqui a algumas horas. E estarei lá se decidir me encontrar.
Sorri para ela, engolindo o “não irei” que quase escapou e a observei sair. Peguei meu próprio celular e me joguei na cama, determinada a me distrair com alguns memes no Twitter. No entanto, escutei algumas batidas na porta. Será que havia esquecido sua chave para o quarto? Olhei e vi que seu protetor havia ficado para trás. Peguei e fui até a porta, abrindo e já estendendo o objeto.
— Você fala da minha bagunça, mas você é uma completa...!
Perdi a fala quando percebi que não era ali, e sim a pessoa que eu estive determinada a ignorar esse tempo todo. Por reflexo, tentei fechar a porta, mas ele a segurou.
— , para de fugir de mim!
— Como você descobriu meu quarto? — Foi tudo o que lhe perguntei, ainda tentando fechar a porta. Infelizmente, ele conseguiu entrar.
— . — Ele disse simplesmente, fechando a porta.
Não consegui acreditar que minha melhor amiga havia me traído desse jeito.
— Olha, , não sei o que você quer, mas acho que é melhor para nós dois você sair agora.
— Para de tentar adivinhar o que é melhor para mim! Para de tentar adivinhar o que eu sinto! — Ele explodiu, me assustando. — Tentei te encontrar todos esses dias, mas não consegui de jeito nenhum. Sabe o que é melhor para mim? Ficar perto de você. Nunca me senti tão vivo e feliz como quando estive ao seu lado. Não me sentia assim desde a escola, desde o Brasil. Desde você. É você que me deixa desse jeito, , e é sua indiferença que me mata.
Ele se aproximou e minha respiração acelerou em resposta. Pelo bem da minha sanidade, tentei me afastar um pouco mais, mas ele gentilmente segurou meu pulso.
— Por favor, , me diga que eu não imaginei tudo. Me diga que você não é indiferente ao meu toque. A mim.
— Eu... — Tentei formular qualquer coisa inteligível, mas foi praticamente impossível com o ardor com que ele me encarava e segurava.
— ... — Ele sussurrou, me causando um arrepio. Ele percebeu e seus olhos brilharam de satisfação. Eu lhe entregara o que ele queria. Eu lhe mostrara que, por mais que tentasse ser indiferente, ele me afetava. E muito.
Aquele simples arrepio foi o suficiente para que ele tomasse meus lábios e, diferente da calma e gentileza das outras vezes, esse beijo estava repleto de paixão e desejo. Tive que conter um gemido e foi simplesmente impossível não retribuir. Ele beijava minha boca, sugava meu lábio, mordiscava meu queixo, beijava minha orelha e meu pescoço. Eu estava simplesmente entregue às suas carícias, seu toque e, principalmente, à sua língua que passeava por minha clavícula no momento. Arquejei e, ao invés de me afastar como racionalmente eu deveria, apenas me aproximei mais dele, necessitada de mais.
O empurrei até que ele se sentasse na minha cama e posicionei minhas pernas ao lado de seu quadril, me sentando em seu colo. Não pude deixar de suspirar ao sentir o volume que encostava em minha intimidade. Pelo menos, não fui a única afetada. Um gemido rouco escapou da garganta de , inflamando ainda mais meu corpo. Não demorou para que suas mãos descessem para minha bunda e ele arrancasse o vestido do meu corpo, deixando apenas o biquíni.
Eu não deveria, mas estava entregue. A merda já estava feita. E por isso, apenas por isso, eu me pus a tirar sua camisa, explorando todo o seu abdômen e seus braços como eu tanto queria. Mordisquei seu ombro ao mesmo tempo em que rebolava de leve em seu colo. Não demorou para que ele me erguesse de seu colo e se levantasse, me colocando na cama e se colocando por cima.
Seu olhar era tão devasso quanto seus toques. Do jeito que ele me olhava dos pés à cabeça, eu me senti tão desejada e com uma vontade insaciável cada vez mais crescente entre as minhas pernas. As cruzei, sem conseguir me conter, e seu olhar foi atraído para elas. Ele sorriu de leve ao perceber o efeito que estava causando.
— Que pernas deliciosas... — Ele sussurrou, beijando meu joelho. — Mal posso esperar para estar entre elas.
Suas palavras eram quentes como seu toque, porém o carinho que estava junto com sua carícia me surpreendeu. Sua fome não se tornara menor, já que rapidamente tratou de se livrar da parte de cima do meu biquíni. Seu olhar esquentou meu corpo ainda mais e ele se inclinou para mais perto, deslizando a mão por meu pescoço, ombro, até alcançar o mamilo com a ponta dos dedos. Me contorci para mais perto dele, extasiada com as ondas de prazer que aquele simples toque proporcionou ao meu corpo. Sua outra mão passou a brincar com o outro mamilo, me deixando ainda mais quente. Meus quadris se mexiam involuntariamente.
— Só isso é preciso para que você já fique assim? — Ele questionou, brincalhão, antes de capturar o seio direito com a boca. Tudo era tão intenso e maravilhoso.
— Cala a boca, , que eu consigo sentir o quão duro você está. — Eu encontrei fôlego para responder.
— Espero que logo você sinta ainda melhor. — Ele falou, antes da sua língua circundar o mamilo esquerdo. Nunca sentira tanto prazer naquela única região. Eu estava ficando louca e ele nem havia me tocado direito.
Para meu alívio e desespero, seus beijos desceram pela minha barriga, até me beijar no ponto abaixo de meu umbigo. Com um toque extremamente gentil para alguém que parecia tão ávido, ele afastou minhas pernas e suas mãos desceram por toda a extensão das minhas coxas, até seus dedos alcançarem a parte de baixo do biquíni, que logo sumiu do meu corpo. Suas mãos então voltaram a me acariciar até seu polegar encostar em meu ponto sensível. Não consegui conter meu gemido, arrancando outro de em resposta.
Seu dedo foi substituído pela ponta da sua língua, fazendo com que ondas de choque percorressem meu corpo. Não havia nada melhor do que a boca de na minha intimidade. Eu sentia as ondas de prazer se espalharem pelo meu corpo enquanto meu ponto ficava cada vez mais sensível. Eu sabia estar chegando lá e também pareceu perceber, o que não explicou o porquê dele se afastar.
— , pelo amor de Deus! — Eu reclamei, erguendo os quadris em sua direção. Ele riu, porém seu riso parecia um pouco desesperado.
Percebi então que ele estava tirando a própria bermuda. Sua visão nua poderia ser o suficiente para me fazer gozar e a necessidade de mais, necessidade dele só aumentou ainda mais em mim. Ele percebeu e seu olhar se tornou ainda mais quente. Sua mão rapidamente alcançou um pacote pequeno no bolso da sua bermuda. Meu corpo esquentou ainda mais com a ideia do que estava por vir. Depois de colocar a camisinha por toda sua extensão, ele acariciou minha entrada uma última vez, introduzindo um dedo com facilidade.
— Puta merda, você tá tão molhada...
Seu dedo logo saiu de mim, mas, antes que ele pudesse colocar em mim, eu fiz questão de inverter nossas posições.
— Eu gosto mais assim. — Expliquei, roçando seu pau na minha entrada.
As mãos de se firmaram em minha cintura.
— Acho que essa vai se tornar minha nova posição preferida. — Ele brincou.
Sem aguentar mais, ajeitei-o embaixo de mim e desci por toda a sua extensão. Nossos gemidos saíram juntos. Ele era delicioso e não demorei a rebolar de leve em cima dele.
— Caralho, com você jogando a bunda assim pra mim... Acho que nunca senti nada mais gostoso na vida. — Ele falou, a respiração entrecortada combinando com a minha.
Aos poucos, fui ficando ainda mais confortável. Apoiei minhas mãos em seu tronco, a musculatura tensa com a pele macia, e acelerei as investidas, gemendo cada vez mais alto. Os grunhidos de ficavam ainda mais intensos. Nada me dava mais prazer do que perceber que ele estava gostando e perdendo o controle. Eu queria que ele perdesse todo o controle.
No entanto, eu estava ainda mais propensa. Ainda sensível de seu oral, quase gritei quando seu polegar encontrou meu ponto sensível. Eu senti o nó no meu baixo ventre se intensificar enquanto eu rebolava cada vez mais e seu dedo se esfregava em mim. Quando ele me tocou leve, mas rapidamente, eu não pude mais me segurar. Fechei meus olhos com força e gemi alto, sentindo meu corpo se libertar e explodir em prazer, minha intimidade se contraindo involuntariamente em espasmos.
gemeu, dobrou as pernas, segurou minha cintura com força e investiu rápido, intensificando a sensação que se espalhava por meu corpo. Não demorou muito para que ele também alcançasse o ápice do prazer embaixo de mim. Abri meus olhos, tentando recuperar minha respiração, e encontrei seus olhos, preenchidos de prazer e emoção.
Saí de cima dele e ele me puxou para perto, me abraçando. Sua respiração batia contra a minha testa e, por um tempo, apenas ficamos ali, respirando, pele contra pele, corações expostos talvez até demais.
foi o primeiro a quebrar o silêncio, depositando um beijo na minha testa.
— Você também sente, não sente? Como tudo é intenso com a gente?
Não pude deixar de concordar, mas aquilo apenas serviu como um choque de realidade. Sim, nossas conversas eram intensas, assim como nossos beijos e nosso prazer.
Mas a dor da separação também seria mais intensa. Eu sabia, no entanto, que ele não me escutaria, então apenas sorri e me aninhei a ele.
roncava, por isso não foi fácil me desvencilhar dele. Vesti minha roupa rapidamente e o olhei, meu coração querendo pular da garganta.
Ele dormia profundamente e seu corpo era simplesmente majestoso, em contraste com seu rosto adorável com a boca aberta, a baba escorrendo. Meu coração se partiu, sabendo que eu nunca mais veria aquilo. Nunca mais o veria.
Porque não importava que a gente se gostasse. Nada disso importava perante a vida real. Não éramos Mac e Radie. Não éramos personagens, éramos pessoas. E aquilo simplesmente não iria funcionar. Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto.
Olhando o Sol se pôr, peguei minha mala e a mala de , caminhando para fora do quarto. Lancei um último olhar para o cara que, em uma semana, conseguira conquistar meu coração e suspirei.
Ao menos, teríamos as lembranças daquele verão para sempre.
FIM.
Nota da autora: UAU! CONSEGUI! NEM TÔ ACREDITANDO!
Summerboy começou com uma ideia completamente diferente. Mas bastou um sonho (fanfiqueira gosta de sonhar com plot) para mudar tudo. Mas o desafio foi: como transformar o plot gigante em um ficstape que eu tinha menos de um mês para escrever.
As mudanças foram acontecendo, as ideias foram surgindo (aliadas a várias músicas diferentes, um agradecimento especial para as músicas de Teen Beach Movie que me ajudaram a desbloquear o início).
Tudo que poderia acontecer de errado pra fic não sair foi acontecendo: trabalho, faculdade, cólica, reação alérgica (ódio), compromissos... Fiquei apavorada, mas não queria desistir da ideia. Achei que nem hot ia sair. Mas aí vem um agradecimento especial à Rihanna, Taylor Swift, Selena Gomez, Ariana Grande... fizeram alguma mágica, porque saiu!
Espero de verdade que vocês gostem dessa história especial e que eu tenha conseguido passar toda a sua essência nessas poucas páginas. Que a Iasmin, a Liz e o Pedro tenham conquistado seus corações, como conquistaram o meu. Essa história exigiu muita pesquisa e também muitas lembranças desenterradas. Essa história, como todas as outras minhas, possuem um pedaço meu.
Enfim, obrigada por ter usado seu tempo para ler essa história, espero que goste, não esquece de comentar e me siga no instagram para ver mais das minhas outras histórias (e quem sabe uma futura continuação? Essa é pra Pati e pra Luísa que, sem nem lerem, já estavam pedindo continuação HAHAHAHA). Beijos!
Nota da beta: Foram muitas emoções, eu juro.
Bom, o Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Summerboy começou com uma ideia completamente diferente. Mas bastou um sonho (fanfiqueira gosta de sonhar com plot) para mudar tudo. Mas o desafio foi: como transformar o plot gigante em um ficstape que eu tinha menos de um mês para escrever.
As mudanças foram acontecendo, as ideias foram surgindo (aliadas a várias músicas diferentes, um agradecimento especial para as músicas de Teen Beach Movie que me ajudaram a desbloquear o início).
Tudo que poderia acontecer de errado pra fic não sair foi acontecendo: trabalho, faculdade, cólica, reação alérgica (ódio), compromissos... Fiquei apavorada, mas não queria desistir da ideia. Achei que nem hot ia sair. Mas aí vem um agradecimento especial à Rihanna, Taylor Swift, Selena Gomez, Ariana Grande... fizeram alguma mágica, porque saiu!
Espero de verdade que vocês gostem dessa história especial e que eu tenha conseguido passar toda a sua essência nessas poucas páginas. Que a Iasmin, a Liz e o Pedro tenham conquistado seus corações, como conquistaram o meu. Essa história exigiu muita pesquisa e também muitas lembranças desenterradas. Essa história, como todas as outras minhas, possuem um pedaço meu.
Enfim, obrigada por ter usado seu tempo para ler essa história, espero que goste, não esquece de comentar e me siga no instagram para ver mais das minhas outras histórias (e quem sabe uma futura continuação? Essa é pra Pati e pra Luísa que, sem nem lerem, já estavam pedindo continuação HAHAHAHA). Beijos!
Nota da beta: Foram muitas emoções, eu juro.
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