FFOBS - 14. Pete Davidson, por Lefebvre

Finalizada em: 22/09/2019

Capítulo Único

Recomeçar a vida após a reabilitação era, de longe, a situação mais difícil que havia passado na vida.
Foram 90 dias internada em uma instituição completamente isolada e, ter que se reintegrar com tudo e todos estava sendo extremamente difícil. Principalmente pelo fato de que agora, não deveria consumir nenhum tipo de medicamento.
Com medo de acabar tendo uma recaída, ela optou por deixar de lado a vida agitada que tinha no centro de Los Angeles e passou a viver em uma casa num condomínio fechado em Beverly Hills. Para muitos, não era uma mudança grande, mas, para ela, só o fato de deixar de lado as grandes baladas do centro da cidade - que ela amava muito - já era um grande passo.
Esse condomínio era praticamente uma pequena cidade. Ela poderia sair sem seguranças, sem se importar com paparazzis ou qualquer outro tipo de incômodo. Todos que moravam ali prezavam muito pela sua privacidade, assim como . Então, ela poderia viver em paz.
Os primeiros dias ali, sozinha, haviam sido péssimos. Ela não sentia vontade de fazer nada. Passava o dia na cama assistindo qualquer coisa na televisão. Na segunda semana, após uma longa conversa com Amanda - sua empresária e melhor amiga - sobre bem-estar, ela resolveu que ia começar a fazer exercícios físicos, para voltar a ficar em forma. E, foi na corrida que ela encontrou uma forma de não enlouquecer sozinha dentro daquela casa enorme.
Ela começou com poucos metros, para seu corpo se acostumar com o exercido, para poder conhecer toda a extensão do condomínio e, para analisar se essa era uma prática bem-vinda no local. Em suas primeiras saídas, ela já pôde notar que era algo bem comum. Pessoas correndo sozinhas, com colegas, com cachorros. Playground para crianças.
Era quase como se estivesse vivendo no subúrbio. Se não fosse os milhões que eles guardavam no banco, pensou.
Em um mês, ela já conseguia dar uma volta inteira pelo local. E, foi assim que ela começou a passar boa parte do seu tempo.

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não conseguia acreditar que aquele animal era de verdade. Era o cachorro mais lindo que já havia visto na vida. Um dálmata gigantesco, correndo pelo gramado. Ela nunca tinha visto um dálmata tão grande como aquele em sua vida. Continuou sua corrida, olhando algumas vezes para trás, para continuar apreciando o animal. O que, obviamente, não deu certo. E, na segunda olhada, tropeçou em algo e foi direto para o chão. Bom, não exatamente no chão.
- Deus! Você está bem? - Uma voz, muito perto, chamou sua atenção. E, era muito perto. havia tropeçado em uma raiz de árvore e caído, praticamente no colo de um homem que lhe era muito familiar.
- Oh, meu deus! Me, desculpa. - Ela imediatamente se levantou, morrendo de vergonha. - Eu estava distraída.
- Observando o cachorro. Eu vi. - Ele riu, levantando-se também. - Eu acho que nós nos conhecemos. ? - Ele a encarou e sorriu, estendendo a mão para ela, cumprimentando-a. - Nos conhecemos em uma festa pós Grammy, ano passado, talvez. . - Ela segurou a sua mão.
- Eu também não me lembro em qual ano foi. - Confessou. - Mas, lembro que foi Katy quem nos apresentou. - Disse e imediatamente se arrependeu. Citar a ex-namorada do homem era o pior jeito de iniciar uma conversa. - Oh, desculpa. Foi indelicado recordar dessa parte.
- Não tem problema. - Ele riu. - Você está sangrando. - Disse, apontando para o braço a moça. Ela esticou o braço, olhando para onde o homem apontava, vendo um grande ralado em seu cotovelo. - Tem certeza que está bem? - Ele perguntou, visivelmente preocupado.
- Oh, isso aqui não é nada. Sou tão desastrada que já estou acostumada, não estou nem sentindo. - Deu de ombros. - Mas, agradeço por você ter amortecido a queda. Se você não estivesse aí, teria sido bem pior. - Disse, fazendo o homem a sua frente rir.
era tagarela e sem filtro. E, o fato de ela estar morando sozinha, praticamente sem falar com ninguém, havia a deixado muito pior.
- Não há de quê. - Ele disse, sorrindo.
- Você sabe quem é o dono daquele cachorro? Por Deus, ele é maravilhoso! - Ela perguntou, voltando a sua atenção para o animal que saltitava pela grama.
- Sei, mas não o conheço. A única dois que eu sei é que, aparentemente, esse é o horário de lazer do cachorro, pois, ele vem aqui todos os dias.
- Olha que stalker. Você está seguindo o cachorro ? - Ela perguntou e ele gargalhou.
- O animal é simpático, gosto de vir aqui e observar ele se divertir. Pensar um pouco na vida. As vezes o universo me dá uma mão e uma moça bonita acaba caindo do céu direto no meu colo. - Ele deu de ombros. Como se fosse uma conversa corriqueira. E, para ele até poderia ser. Mas para era completamente o oposto. O sinal vermelho de alerta em sua mente imediatamente começou a piscar. Ela riu, um pouco sem graça da situação.
- Quando me falaram que você era galanteador, eu não acreditei. - Ele deu risada.
- Essas malditas pessoas falando sobre o que não sabem. Não acredite em nada. Ou acredite, nem tudo era mentira. Mas, saiba que esse homem que está aqui em sua frente é um homem novo. Que poucos tiveram a honra de conhecer. Se você tiver interesse. - Ele sorriu.
Bom, a fama de narcisista pelo jeito não era mentira, ela pensou.
- Ok, . Vou te falar a real, acabei de sair da reabilitação e, não estou com tempo para nenhum tipo de distração que não seja aquele dálmata maravilhoso. Então, essa história de homem novo e o escambau não vai colar comigo. - Ela vomitou as palavras, se arrependendo logo em seguida. , um pouco assustado com a franqueza da moça, riu, achando engraçado o jeito dela de se defender da sua conversa fiada, mesmo que só fosse de brincadeira. Ela, acabou rindo junto com ele, para quebrar o possível clima chato que poderia ficar depois do mini surto dela.
- , acho que seremos ótimos amigos. - Foi o que ele disse, fazendo com que a moça sorrisse e concordasse.

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Com o passar dos dias, meses, acabou se adaptando a casa nova e ao estilo de vida mais calmo. Saia para correr duas vezes por dia, e passava o resto do tempo trabalhando no seu projeto novo. Às vezes, assistia alguma coisa na televisão ou ia até a casa de Amanda, no centro da cidade.
Mas, quem estava mais presente em sua vida, era . Desde o encontro no parque, eles começaram a desenvolver um grande laço de amizade.
Conversavam por mensagens, o que acabou se tornando um hábito. Se encontravam no parque com frequência e, ele ia algumas vezes na casa de .
Ele estava passando por uma fase criativa ótima e, nessas visitas, eles sempre acabavam trabalhando em alguma coisa juntos. Afinal, música era o principal assunto dos dois, uma vez que compartilhavam a mesma profissão.
- Vai, vamos. É seu aniversário e você não quer fazer nada? - perguntou e ouviu o suspiro do homem através da linha.
Estavam há dois dias do aniversário de 39 anos do homem e ele não havia tocado no assunto nenhuma vez.
- Não estou muito animado. - Confessou. Estava com a cabeça cheia e nem tinha parado para pensar em alguma comemoração.
- Por favorrrrrrrrrr. - Ela suplicou. - Podemos fazer qualquer coisa. Algo simples. Assistir um filme talvez. Não seja chato. - adorava aniversários. E, como o dele era próximo do dela, ela estava mais animada ainda.

- Tá bom. Algo simples. E você que vai resolver tudo. - Ele disse, sabendo que ela resolveria tudo de qualquer jeito.
- Cuidarei de tudo. Você vai ver. - Ela disse animada, já pensando nas possibilidades. desligou a ligação deixando o homem pensativo em sua casa.

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- Então esta é a sua casa. - disse observando o local. A casa do homem era composta por vários tons de azul, e era extremamente minimalista, o que ela achou muito estranho uma vez que sabia que ele gostava de colecionar coisas.
- Sim, esta é a minha casa. - Ele respondeu, observando-a.
- Interessante, muito interessante. - Ela disse, bebendo um gole da água que ele havia lhe servido assim que chegaram.
- E então, qual é o seu veredicto? - perguntou notando que ela observava cada canto do lugar.
- Bom, você não tem muitos enfeites.
- Não gosto de ter objetos que não tenham um propósito. - Ele deu de ombros e ela riu.
- Mas o propósito dos enfeites é te deixar feliz. Eles deixam o lugar divertido e extravagante.
- Bom, se você quiser mudar ou acrescentar alguma coisa. Pode ficar à vontade.
- Não de liberdade. Meu espírito de decoradora irá encarnar e eu gastarei todo o seu dinheiro com enfeites de gatinhos e discos de vinil. - alertou, fazendo gargalhar alto.
- Todo o meu dinheiro não. Talvez metade, com os enfeites de gatinhos. Tenho uma boa coleção de vinis que você pode usar.
- , eu não diria isso se fosse você. Por favor, leve-me até os discos.

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estava imersa em sua própria bolha enquanto olhava e mexia na coleção de enquanto ele, que estava sentado no canto da sala, bebericando um copo de whisky, a observava.
Fazia alguns dias que ele tinha percebido que estava perdidamente apaixonado por ela e, não sabia o que fazer. Já havia tentado tocar no assunto, para saber como ela reagiria e, ele acabou percebendo que ela também sentia alguma coisa. Entretanto, o término do noivado, há cerca de um ano, ainda era presente na vida dela. E, ele tinha medo que ela entendesse o seu sentimento de forma errada - ele sabia que ela tinha um pé atrás com ele devido ao seu passado.
estava certo de uma coisa, o sentimento que estava crescendo dentro dele era totalmente diferente de tudo o que já havia sentido e ele precisava fazer alguma coisa para que ela acreditasse nisso.

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- O que você está fazendo? - Ela perguntou enquanto o encarava, sem realmente entender o que estava acontecendo. havia tentado lhe beijar e ela estava realmente chocada com aquilo.
- Eu pensei que... - Ele começou a se justificar, mas, o interrompeu.
- Pensou errado, . Já conversamos inúmeras vezes sobre isso e eu já te expliquei inúmeras vezes todos os motivos para isso. - Ela apontou para ele depois para si. - Não acontecer
- Mas você tem que entender. Eu mudei , eu não sou mais o mesmo, eu não sei o que aconteceu. Mas, você fez isso comigo. O que que eu tenho que fazer para te provar isso? - Ele perguntou, exasperado.
- Você não tem que fazer nada! Não é para isso que estou aqui. Somos amigos.
- Você sabe que isso daqui não é só uma amizade. - Ele murmurou.
- Mas vai ter que ser. Eu não posso entrar em um relacionamento que eu sei que vai destruir tudo o que eu estou construindo. - andava de um lado para o outro.
- Ei, vem aqui. - Ele disse, notando que ela estava ficando nervosa
- Não. - Ela negou a mão que ele ofereceu, se afastando.
- . - Ele se aproximou, puxando-a para um abraço. Por mais que quisesse dizer que ela estava errada, que faria de tudo para provar que ele tinha mudado e que entraria de cabeça em um relacionamento com ela. Ele sabia, no fundo, que era muito para lidar no momento, uma vez que estava trabalhando arduamente em seu disco novo e isso a ocupava por completo.
- , eu realmente preciso que você entenda. - Ela o encarou. - Quero que você entenda que somos amigos. Eu não consigo lhe oferecer nada a mais do que isso. Não agora.
estava fazendo tudo minuciosamente certo para que tudo andasse nos conformes e, ter ele ali, se declarando para ela daquele jeito, não era algo que ajudava.

- Tudo bem. - Ele murmurou, visivelmente abalado. Havia gostado de quando a reencontrou ali em Los Angeles e, ela havia mudado sua vida e sua perspectiva em muitos aspectos de uma forma completamente diferente de tudo que já havia vivido até então.
- Acho que já está na hora de eu voltar para casa. - Ela disse.
- . Não, me desculpa. - Ele se apressou. Não queria que ela fosse embora magoada com ele.
- Eu tenho algumas coisas para resolver ainda.
- No domingo?
- Pois é, é complicado. - Ela concordou.
- Mas, é meu aniversário. - Ele murmurou, fazendo-a respirar fundo.
- Você sabe que é jogo sujo usar a carta do seu aniversário quando claramente eu quero fugir daqui. - Ela confessou, fazendo o homem rir.
- Eu sei, mas também é jogo sujo você querer ir embora quando claramente eu faria qualquer coisa para você me desculpar e esquecer esse pequeno deslize que eu tive.
- Qualquer coisa? - Ela perguntou. Mesmo que estivesse chateada com o acontecido. Ela poderia deixar isso de lado para o seu próprio bem.
- Então pegue as chaves da Ferrari, querido.
- O QUE? - Ele praticamente gritou e gargalhou. - Não. Não faz nem dois anos que você tem a habilitação.
- Você disse qualquer coisa. - Ela o encarou e ele grunhiu. Sabia que não tinha como discutir contra esse argumento e se deu por vencido.
- Pelo menos coloque um tênis. - Ele pediu.
- Claro que não, vou dirigir o seu bebê com esse salto de 15 cm. E você estará sentado do meu lado, assistindo tudo.
- Você é a encarnação do demônio. - Ele murmurou, indo pegar as chaves do carro.

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- Hoje será a festa de aniversário de um amigo meu. Pensei que talvez, você quisesse me acompanhar.
- Festa? - Ela perguntou. - Onde que será?
- No restaurante Delihah, em Hollywood.
- Eu devo me preocupar com qual amigo seu daria uma festa no Delihah?
Esse restaurante era frequentado por ricos e famosos. Fechar um local como aquele para um aniversário seria no mínimo, o evento do mês.
- Talvez tenha alguns fotógrafos. - Ele murmurou. Vendo que sua ideia de que ela o acompanharia não iria rolar. Uma vez que estava evitando qualquer local badalado por celebridades.
- Eu não acredito que você queria me levar no ninho das cobras! - reclamou, fazendo gargalhar com a definição dela de famosos e paparazzis.
- É um evento fechado. Só entra com convite. Não será nada muito pomposo.
- O Delihah em si já é muito pomposo. Agradeço o convite, mas, vou passar essa.
- .
- .
- Por favor. - Suplicou. Não queria ir sozinho na festa. Sabia que se fosse sua acompanhante o evento seria muito mais interessante.
- Desculpa. Mas, acabei de sair da reabilitação, não posso ir em festas.
- Não venha com a desculpa de reabilitação que eu sei muito bem que não é por isso.
- Não é desculpa, é verdade. Não quero ficar vendo as pessoas bebendo e se divertindo e eu ter que ficar na água a noite toda.
- Eu não vou beber. - Ele disse e ela gargalhou.
- Aham, até parece.
- Eu juro.
- Não, obrigada. Divirta-se. Não faça nada que eu não faria.
- Você agora, ou, você antes da rehab?
- Ambas. - Ela riu. - Confio em você .

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Após a festa de aniversário de seu amigo, ficou um caco. Havia enlouquecido a ponto de ter a pior e maior ressaca de sua vida e, depois de uma longa conversa com sigo mesmo, ele tinha decidido que iria parar de beber. foi a primeira pessoa com quem ele compartilhou a novidade. Ela, que também já tinha passado por aquela decisão, o parabenizou e se colocou à disposição para tudo. Inclusive, deu a ideia de sempre que ele tivesse vontade de beber, ligasse para ela.
Com essa ideia, eles acabaram se aproximando ainda mais. Conversavam duas, três, as vezes até quatro vezes por dia devido as ligações telefônicas. Além de toda a rotina que já haviam construído juntos de correr, ver os cachorros no parque e tocar alguma música juntos.
Era véspera de Halloween e do aniversário de , que era no dia 01 de novembro. E ele queria fazer uma surpresa para a amiga.
Sabia o quanto ela adorava aniversários, mas também sabia que uma festa poderia ser um problema para ambos, uma vez que beber estava fora de cogitação.
Então, havia pensando em uma celebração, na noite de Halloween - havia nascido às 00:57 da madrugada, então, segundo ela, poderia comemorar o aniversário no Halloween. A ideia era que a festa começasse depois das onze da noite e não servir bebidas alcoólicas. Ele estava seguindo o pensamento de que as pessoas já teriam bebido antes desse horário em outro lugar então, não reclamariam tanto do fato de eles não estarem servindo nada que tivesse álcool.
Com a ajuda de Amanda, um pouco a contra gosto, - ela achava estranha a amizade dos dois e não apoiava, mesmo que nunca tivesse dito isso ao homem - eles organizaram tudo secretamente na casa dele. Como não a frequentava muito, não desconfiaria de nada.
Amanda ficou incumbida da lista de convidados e da decoração, enquanto ele entrava com o incentivo financeiro - não era acostumado a dar festas, muito menos em sua casa.
E, foi essa a desculpa que ele usou para que a casa de fosse usada para que distribuíssem os doces. Ela, como adorava decorações loucas para o feriado, não se importou, mas, impôs uma condição: ele deveria se fantasiar também. não se opôs, inclusive, já tinha a fantasia planejada. Uma roupa de unicórnio. Animal pelo qual era fascinada.
Então, foi assim, vestido de um unicórnio colorido, que apareceu na casa de , no finalzinho da tarde de 31 de outubro, com uma sacola cheia de doces, enquanto Amanda e outras pessoas que estavam com ela, organizavam a surpresa para em sua casa.
- Eu não estou acreditando no que eu estou vendo. - Ela disse sorridente, dando pulinhos animada com a fantasia do homem.
- Eu é que não acredito no que estou vendo. Acho que vou voltar pra casa e fingir que essa minha tentativa de fantasia foi apenas um surto coletivo. - Ele respondeu, realmente chocado com uma vestida de Edward, do filme Edward Mãos de Tesoura. Ela estava idêntica ao personagem e ele estava realmente chocado.
- Pare, você está lindo. Eu adorei! - Ela disse genuinamente, fazendo-o sorrir. - Venha, entre e me ajude a colocar as minhas luvas. - Ela disse, referindo-se as luvas pretas com alguns objetos pontiagudos na ponta, que ele não sabia o que eram, mas que serviam como as tesouras do personagem.
- Você leva o Halloween realmente a sério. - afirmou enquanto colocava as luvas nas mãos da amiga.
- É a minha data comemorativa, estou planejando essa fantasia desde o ano passado. Seria pedir demais que você tirasse algumas fotos minhas? - Ela perguntou, fazendo biquinho. Mesmo com toda aquela maquiagem, peruca e roupas, ele continuava a achando linda. Estou perdido, ele pensou, rindo sozinho.
- Cadê seu telefone? - Ele perguntou e ela sorriu, animada com a festa.

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- EU NÃO ACREDITO NISSO!!!! - gritou assim que viu Amanda. Ela abraçou a amiga forte, não acreditando que havia sido totalmente enganada.
Depois de muita insistência, havia aceitado a ideia de de ir até a casa dele buscar o resto dos doces que ele havia comprado, mesmo que já fosse tarde e que ninguém mais aparecesse para pedir.
Quando chegou na residência do homem e viu todos os enfeites de Halloween, ouviu a música alta e viu a casa cheia de conhecidos seus, ela não acreditou. Passou cumprimentando as pessoas, enquanto observava todo quintal da casa dele decorado e vários balões escrito e feliz aniversário.
- Feliz aniversário . - Amanda disse, retribuindo o abraço.
- Eu estou morrendoooooo. Te amo, te amo, te amo. - Ela abraçou a amiga novamente, que ria da reação exagerada dela. A única pessoa do mundo que faria aquilo por ela era Amanda e ela estava extremamente agradecida.
- Agradeça ao . A ideia foi toda dele. Eu tinha pensando em algo totalmente diferente.
- Capaz. - disse, não acreditando que faria aquilo por ela. Só o fato de ele ter cedido a sua casa já tinha a impressionado, mas saber que ele era o responsável por tudo aquilo, era muito maior.
- Você o viu? - Ela perguntou, passando os olhos pelo local, procurando-o sem sucesso.
- Não, ele não veio com você?
- Veio, mas não estou o vendo. Vou procurá-lo, te amo. - Ela disse, seguindo para o meio da multidão que dançava alegremente uma música que ela não estava reconhecendo, mas que ela sabia que fazia parte da sua playlist "United States of América, 80s (ish)".
Ela o encontrou assim que entrou dentro da casa dele. que mexia em seu celular, teve sua atenção atraída quando ouviu o barulho da porta abrir. Sorriu quando viu uma extremamente sorridente.
- Eu não acredito que você fez isso tudo para mim. - Ela estava muito feliz e isso era tudo o que ele queria. Era o objetivo de tudo aquilo.
- Eu faria qualquer coisa por você, . - Ele confessou, também sorrindo.
Em um impulso de felicidade, a moça se jogou nos braços do amigo, selando seus lábios nos dele.
- Muito obrigada! Foi o melhor presente que eu poderia ter de receber. Muito obrigada mesmo. - Ela disse, sem dar atenção ao que tinha acabado de fazer. , que estava um tanto chocado com a reação dela, limitou-se a sorrir.
- OH MEU DEUS! - Ela exclamou quando Rebel Yell começou a tocar. - É a minha música! Você precisa dançar comigo. - Ela o puxou pela mão, indo em direção ao lado de fora da casa, onde a festa acontecia.

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- Eu não acredito que você fez um cover de Billy Idol! - disse eufórica assim que o homem colocou o pé dentro do camarim. - Você não pode fazer esse tipo de coisa sem me avisar. Eu não tomo mais remédios, lembra? - riu da reação da amiga. Sabia que ela ficaria feliz pois, era uma grande fã do cantor.
- Se eu te contasse estragaria a surpresa.
- White Wedding é tudo pra mim. Foi maravilhoso! - Ela o abraçou.
- Você vai embora hoje? - Ele perguntou, retribuindo o abraço.
- Acho que sim. Pedi para a minha equipe ver se tinha algum quarto livre no hotel em que vocês estão hospedados, mas todos estão ocupados. - Ela respondeu, sentando-se no braço do sofá. - E, como você já deve imaginar, fui aconselhada a não procurar outros hotéis porque está em cima da hora, tem muitos fãs seus na cidade, causaria um tumulto, estou muito tempo longe das câmeras, devo me manter discreta e toda essa merda de sempre. - Ela revirou os olhos. - Então, aparentemente, virão me buscar e irei de carro para Beverly Hills.
- Cancele. - Ele disse, enquanto tomava um gole de água de sua garrafa.
- Cancelar o que?
- A viagem. Cancele. Avise que vai passar a noite aqui e que volta amanhã, no avião da minha gravadora.
- Eu não vou fazer isso.
- Podemos jantar juntos. Assistir aquela série que você gosta, de Drag Queens.
- Claro, aí eu vou dormir onde? Na rua? - Ela perguntou, fazendo o homem rir.
- Claro que não! Você irá dormir comigo.
- Com você?
- Não é como se nunca tivéssemos dormido juntos. - Ele argumentou, abrindo os botões da camisa que ele usava.
- Na verdade, não é uma má ideia. - Ela deitou-se no sofá, observando o homem.
- Sério? - Ele perguntou, não acreditando que ela concordaria com aquilo.
- Aham.
- Ok. - concordou, entrando no pequeno banheiro do camarim para tomar uma ducha.
- Eu quero jantar no quarto. - o seguiu até a porta do banheiro, sentando-se no chão ao lado da mesma.
- E tem alguma coisa que você queira comer? - Ele perguntou.
- Batata-frita. - Ela respondeu, depois de pensar por um momento.
- Ok, batata-frita. Eu gostaria de comer macarrão à bolonhesa.
- Mas você não come macarrão.
- Estou com vontade. Podemos pedir um bolo também, chocolate com recheio de doce de leite.
- Nossa, sim! Por favor. Ah, eu preciso de roupas.
- Roupas?
- Sim, para dormir.
- Não precisa de roupas para dormir, pode dormir sem. - Ele respondeu, fazendo-a rir.
- Claro, posso ir aí tomar banho com você também.
- Você sabe que sempre é bem-vinda.
- Agradeço a gentileza, mas prefiro tomar banho no seu quarto de hotel. Tenho certeza que deve ter uma banheira maravilhosa.
- Gigante, com hidromassagem.
- Tudo o que eu precisava.
O barulho da porta do cômodo se abrindo, atraiu a atenção de , que mexia em seu celular enquanto o homem tomava o seu banho.
- , eu preciso... Ah, oi , tudo bem? Eu não sabia que você estaria aqui. - Hannah, assessora de disse, visivelmente desconfortável com a presença dela ali.
- Eu estou bem Hannah e você? insistiu para que eu viesse assistir ao show, não tive como negar. - sorriu, levantando-se para cumprimentá-la.
- Eu sei como ele pode ser insistente. - A moça riu. - Eu não sabia que você estava aqui, estou atrapalhando alguma coisa?
- Estava pensando que podemos entrar naquela banheira juntos. E pedir um champanhe. - A voz do homem atraiu a atenção das duas.
- Ah, Hannah. Eu não sabia que você estava aqui. - disse, forçando um sorriso. queria morrer de vergonha. O homem estava com a toalha enrolada na cintura e o torso nu.
- Champanhe? Vocês dois não tinham parado de beber?
- Champanhe sem álcool. - disse, como se fosse óbvio.
- Espero que seja mesmo. Preciso de você para algumas fotos e, talvez uma pequena entrevista. Coisa de meia hora. - Hannah respondeu, ignorando o tom de deboche que o homem tinha usado.
- Sem chance. - Ele deu as costas para ela, indo pegar uma roupa para vestir.
- , eu sei que você odeia quando marcamos algo sem te avisar ou em cima da hora.
- Se você sabe então por que se deu ao trabalho de vir até aqui? - Ele indagou, visivelmente irritado.
sentou-se no sofá e pegou seu celular com o intuito de se distrair enquanto eles se resolviam. Não iria se meter na situação pois, sabia como era ruim estar em ambos os lados.
- Eu sei que a culpa não é sua, Hannah. - O homem murmurou, parado na porta do banheiro com as roupas na mão. - Só que, se eu abrir uma brecha hoje, eu tenho certeza que isso se repetirá.
- Foi exatamente isso que eu disse aos contratantes. Mas, eles insistiram para que eu viesse lhe perguntar.
- Diga que não vai ser dessa vez. - Ele entrou no cômodo para se vestir. - Diga que já estou indo embora e que estou acompanhado, isso deve ser o suficiente.
- Tem fotógrafos aqui dentro? - perguntou preocupada.
- Só um.
- Confisque a câmera até saímos do prédio, para evitar problemas. - instruiu, saindo do banheiro, já vestido.
- Ok. E se perguntarem quem está te acompanhando, o que eu respondo? - Hannah questionou enquanto anotava as possíveis desculpas para ele não ter aceitado dar a entrevista.
- . - Ele respondeu, naturalmente.
- Que? - praticamente gritou. - É claro que não! - Ela olhou feio para o homem que ria sozinho enquanto penteava os cabelos. - Diga que você não pode dar esse tipo de detalhes e agradece. - Ela disse à Hannah, que concordou com um balançar de cabeça. - Você é louco? - Ela direcionou a pergunta ao homem. - Ninguém sabe que estou aqui. Nem brinque em vazar esse tipo de informação.
- Relaxa, . Temos tudo sob controle.
- Eu realmente espero. - Ela o fuzilou com os olhos, enquanto Hannah baixinho dos dois.
- Bom, então eu sugiro que vocês saiam agora, que eles ainda estão no palco te esperando, .
- Ok. Ah, eu preciso do avião da gravadora. - Ele informou e Hannah o olhou sem entender os motivos de ele querer a aeronave. - Para . Um voo daqui até Beverly Hills.
- Ah, tudo bem. Que horas? - A assessora perguntou. olhou para , perguntando silenciosamente que horas ela iria. Ela deu de ombros, dizendo silenciosamente para ele decidir.
- Veja que horas vamos e marque um pouco antes, para podermos deixá-la no aeroporto antes de seguimos viagem. Pode ser?
- Sim. Eu lhe envio todas as informações por mensagem. Bom, agora eu vou lá dispensar o pessoal da entrevista.
- Boa sorte. - desejou.
- Diga que ele surtou. - sugeriu, fazendo os dois rirem.
- É uma ótima ideia! - Hannah exclamou.

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- , eu estou te avisando. Você vai se arrepender se não me soltar. - praticamente gritou, enquanto se debatia em cima do ombro do homem, que caminhava com ela pelo quarto e ria muito.
- E você vai fazer o que? Com esse tamanho todo que você tem, hein? - Ele perguntou.
- Pode ter certeza que eu pensarei num jeito de me vingar. - Ela grunhiu, fazendo-o gargalhar.
Talvez fosse o efeito placebo após terem bebido três garrafas de champagne sem álcool, ou as horas conversando juntos dentro da banheira, mas eles estavam se sentindo muito mais à vontade ali.
- , se você tem amor a sua vida você vai me soltar. - Ela disse, fazendo o homem rir ainda mais.
Acatando o pedido da mulher, só que do seu jeito. a jogou na cama, prendendo seus braços com as mãos e ficando por cima dela.
- Se você se deitar encima de mim eu vou morrer esmagada. - murmurou, tentando soltar seus braços, sem sucesso.
- Eu peso só 30 quilos a mais que você, não é muita coisa, eu sei que você aguenta. - Ele piscou com um olho, fazendo graça e ela revirou os olhos.
- Eu aguentaria você fazendo qualquer outra coisa. - Ela sugeriu e ele suspirou, encarando-a. - Mas se jogar todo esse peso em cima de mim, com certeza morreria esmagada. - Ela completou, rindo.
- , você não é de Deus. - Ele a soltou, jogando-se deitado em seu lado.
- Eu fui enviada do inferno para te atormentar, .

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- Esse final de semana será a minha primeira viagem de carro, sozinha, desde que saí da clínica. Confesso que estou um pouco nervosa. Não sei se ainda sei dirigir. - Murmurou, realmente insegura. Estava há tantos anos sob efeito de medicamentos que nem se lembrava se alguma vez havia dirigido sóbria.
- Eu tenho certeza que isso não será um problema. Você já dirigiu alguns dos meus carros e tirou de letra. - Ele incentivou.
- Mas não era uma grande distância. São quarenta minutos até Malibu! - Ela exclamou.
- Oh, você vai até Malibu? Não sabia que conhecia alguém lá.
- Não conheço. Eu tenho uma casa lá. Ai, como é aniversário da Amanda, resolvemos fazer uma pequena comemoração, só para alguns amigos próximos. Coisa simples, mas, eu já estou surtando. Como eu queria um remédio para ansiedade neste momento. - Confessou, deixando o amigo em modo de alerta.
- Talvez eu possa ir com você. - Ele disse. Já conseguia imaginar como ela estava agitada. Provavelmente andando de um lado para o outro da casa.
- Ir comigo? Capaz, não precisa. Sei que você tem suas coisas para fazer. Não quero te atrapalhar toda a vez que eu tiver um pequeno surto por bobeira.
- Não atrapalha. Inclusive, eu estava totalmente livre esse final de semana. - Mentiu. Tinha um milhão de coisas para fazer. Seu álbum novo estava sendo finalizado e ele gostava de estar presente nesse momento para que tudo saísse como esperado. Entretanto, saber que ela passaria por uma situação desconfortável fazia com que não se preocupasse com isso, mas sim com ela. Essa era a pior parte de estar apaixonado desse jeito. E, ele sabia que era diferente porque nunca havia sentido isso. Essa vontade de estar presente. De cuidar e de proteger. De fazer qualquer coisa sem receber nada em troca. Era tudo muito novo e ele não sabia como lidar com isso.
- Você faria isso por mim? - Ela estava deitada em sua cama, olhando para o teto branco tentando se acalmar. Pensar que poderia ir com ela a deixava menos nervosa. Alguém que sabia o que ela estava passando fazia toda a diferença em sua vida e, nesses pequenos passos, era ainda mais importante. Ela tinha plena consciência disso.
- Sem dúvidas. Que horas você pretende ir?
- Pensei em sair umas três horas da tarde de sábado mais ou menos. Para aproveitar o fim da tarde na praia. A festa será a noite. E, passaríamos a noite lá.
- Juntos?
- Juntos o que?
- Passaríamos a noite juntos lá? - Ele perguntou, fazendo com que Bianca risse.
- Claro, juntos dentro de casa. Não deixaria você dormir na rua. Talvez eu até arrume um quarto para você dormir, se você se comportar. - Ela respondeu e ele gargalhou. Adorava as respostas que recebia quando a provocava. Era uma das formas que ele havia achado para distraí-la. E, jogar uma indireta algumas vezes.
- Tentarei me comportar então. Já que essa é a sua condição.

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- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. - disse, balançando a cabeça em negação e rindo.
- Synthwave é a minha religião e eu irei propagá-la. - respondeu, aumentando o som do rádio e cantarolando a letra da música que tocava.
- Oh, lorde. Isso não pode estar acontecendo. - Ele gargalhou.
Eles estavam a caminho de Malibu. dirigia enquanto a acompanhava no banco do passageiro. O vento batia em seus cabelos, devido ao teto do carro conversível que estava aberto e o sol brilhava alto no céu. O dia estava lindo. E, nem se lembrava do breve surto que havia tido uns dias atrás. Estava genuinamente feliz e conseguia perceber isso.
Fazia pouco mais de seis meses que se conheciam e ele a entendia como ninguém. Conhecia seus trejeitos e suas manias e, amava cada pedacinho dela em silêncio. Já estava conformado em estar na "zona de amizade" e, nem se importava mais com isso. Momentos como aquele faziam tudo aquilo valer a pena.
- Cale a boca e preste atenção na música.
- Eu não vou prestar atenção nessa merda. - Resmungou.
- Você é muito chatooooooo! Parece um velho resmungando. - Ela reclamou e ele gargalhou.
- Estou quase na terceira idade. Reclamar faz parte da minha faixa etária.
- Eu não sei como te aguento.
- É porque você não consegue mais viver sem mim. - fingiu uma gargalhada alta.
- Vai acreditando nisso vai. - Ela disse como se fosse um alerta e ele riu com ela.

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Estar em um ambiente festivo com bebidas alcoólicas estava sendo mais tranquilo que ela havia imaginado. Estava morrendo de vontade de beber alguma coisa, é claro. Contudo, ela tinha tudo sob controle. Havia cogitado a possibilidade de tomar um gole de vinho branco ou, apenas enxaguar a boca com o líquido para sentir o gosto, mas, no fim, desistiu. Estava há mais de um ano sem beber e achava que ainda não estava na hora disso. Então, limitou-se a pegar apenas uma garrafa de água e voltar para a festa. De longe, ela avistou sentado sozinho em um dos bancos do lado de fora do salão de festas. Como ele também havia parado de beber, compartilhava do sentimento e da vontade que ela estava sentindo. E, ela gostava disso. De ter alguém que a compreendia por ter passado ou estar passando uma situação parecida. Na verdade, nos últimos dias, ela vinha gostando de muitas coisas nele. Desde o seu aniversário, quando ela acidentalmente havia lhe beijado, ela estava se sentindo estranha. Principalmente quando falava ou estava com ele. Além de não conseguir prestar atenção em nada quando estavam juntos. Ela só conseguia focar nele, como agora. No jeito que ele estava sentado, largado sobre o sofá. No cabelo que não via uma tesoura há alguns meses. Nós seus olhos que se fechavam conforme ele. Em como a sua risada era gostosa. E, em como ela nunca havia notado nenhuma dessas coisas.
- ? Está tudo bem? - Ele perguntou, a encarando um tanto quanto confuso enquanto ela estava parada na frente dele.
- Eu quero tanto te beijar. - Confessou de uma vez. E, sem pestanejar, ele a puxou pela mão para mais próximo e a beijou. Não sabia o que havia dado nela, mas, ele estava há tanto tempo e esperando por aquilo que não deixaria a oportunidade passar.
Sem desgrudar suas bocas, um pouco desajeitada, se sentou no colo do homem, com uma perna em cada lado de seu corpo e assim eles ficaram, por um longo tempo, até resolverem que ali já não era o suficiente para eles.

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Assim que pegou no sono, pegou suas coisas e foi para o seu quarto. Estava extremamente confusa, agitada e muito arrependida.
Tomou um longo banho para ver se colocava as ideias no lugar e deitou-se para dormir. Sem êxito. Ficou as horas que se seguiram até o nascer do sol rolando de um lado para o outro pensando nos acontecimentos da noite anterior. Não que tivesse sido ruim. Muito pelo contrário, tinha sido sensacional. Se não estivessem tão cansados, provavelmente ela ainda estaria lá com ele. E, era exatamente esse o problema.
, conhecia o homem o suficiente para saber que ele não era o tipo de cara que ela deveria ter aquele tipo de aproximação. , como todo mundo sabia, tinha uma grande fama de mulherengo. E isso a deixava extremamente alerta. Estava em uma ótima fase da vida e não queria estragar isso com um relacionamento que, claramente, estava fadado ao fracasso. poderia até estar perdidamente apaixonado ou algo do tipo, mas, isso iria passar no segundo em que ela correspondesse. Ela sabia disso e todos em sua volta sabiam disso. O que ela queria era calmaria e segurança. Tudo o que as músicas dele a transmitiam, mas, que definitivamente ele não transmitia. Para ela, um relacionamento com ele era como um furacão, da daqueles que vem em alta velocidade e passa por você num nível de intensidade tão grande que te deixa devastada e, que vai embora na mesma velocidade em que veio.
Por isso que ela não queria que cruzassem o limite da amizade. estava surtando.
Levantou assim que constatou isso e resolveu que iria correr para colocar as ideias no lugar.

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acordou com o sol invadindo o quarto. Fazia meses que não dormia tão bem e acordava tão disposto. Era o efeito que ela fazia em sua vida. Ele estava muito feliz. Finalmente ela tinha correspondido e ele estava mais do que pronto para que dessem o próximo passo. Sua vida inteira havia o preparado para ela e ele não tinha dúvidas disso.
Ele levantou, tomou um longo banho, fez sua higiene matinal e desceu até a cozinha. Onde provavelmente estaria, já que ela tinha o costume de acordar bem cedo.
- O que você fez com ela? - Amanda perguntou assim que ele apareceu no cômodo.
- O que? - Perguntou sem saber do que se tratava.
- , o que você fez com ela? Não a encontro em lugar algum. - Disse a moça, nervosa.
- sumiu?
- Sim, sumiu.
- E o que te faz pensar que eu tenha feito alguma coisa?
- Porque era questão de tempo até você fazer alguma coisa. Eu sabia. Desde quando vocês chegaram aqui. Eu vi como você olhava para ela. Por Deus, você sabe que ela gosta de você.
- Amanda, calma! Primeiro: eu não fiz nada. Segundo: ela tem costume de correr pela manhã. Você sabe como ela é, deve ter esquecido de avisar e nem pensou em levar o celular. Terceiro: eu também gosto dela. Mesmo que você não acredite. Então, peço que pare de tirar conclusões precipitadas sobre a minha pessoa. Tudo o que aconteceu e o que for acontecer, foi porque ela também quis.
- Quem quis o que? - perguntou, assim que entrou, pela porta da cozinha, atraindo a atenção dos dois que discutiam no cômodo.
- O que vocês fizeram? - Amanda perguntou, um tanto quanto chocada com a informação.
- Quem? Nós? Que eu saiba, nada. - respondeu, sem entender sobre o que eles conversavam.
- Bobeira. - respondeu, ignorando a pergunta, atraindo um olhar de reprovação de Amanda. - Como foi a corrida?
- Ah, ótima. Estava precisando colocar a cabeça no lugar. - Ela sorriu enquanto tirava os tênis, colocando-os ao lado da porta. - Eu tinha esquecido do quanto Malibu é bonita e calma de manhãzinha.
- Eu estava preocupada. Você poderia ter avisado ou ter levado seu celular. - Amanda reclamou.

- Aí mãe, eu imaginei que você soubesse que corro todos os dias pela manhã.
- E no final da tarde também. - completou, para provocar Amanda, mostrando que sabia mais sobre a rotina de do que a melhor amiga.
- E no final da tarde também. - Ela repetiu o que o homem disse, como se fosse o óbvio. - Da próxima vez irei deixar um bilhete. - Ela beijou o rosto da amiga antes de roubar uma torrada de seu prato. - Vou tomar uma ducha e já desço para tomar café com vocês. - Ela informou e subiu as escadas correndo. Deixando-os sozinhos novamente.
- Seja lá o que for isso que vocês estão fazendo, por favor, não quebre o coração dela. Eu não aguentaria vê-la no fundo do poço novamente. - Ela murmurou.
- Eu prometo para você que jamais faria isso.
- Eu realmente quero acreditar nisso.

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- Sobre o que você e Amanda estavam conversando hoje de manhã na hora que eu cheguei? - perguntou.
Eles já estavam voltando para casa quando a moça lembrou da cena que havia acontecido mais cedo. se oferecera para ser o motorista da vez e ela não tinha negado.
- Acho que ela não gosta muito de mim. - Ele murmurou fazendo-a rir.
- Amanda? Ela é sua fã de carteirinha. Acompanha sua carreira desde quando nos conhecemos na faculdade.
- Sério? - Ele perguntou, achando o fato um tanto quanto curioso.
- Sim! Chegava a ser chato. No início, quando as revistas publicavam coisas sobre você ela ficava chateadíssima. Te defendia, brigava com quem concordasse com o que estava escrito. Com o tempo, ela começou a deixar de lado esse amor platônico. E, percebeu que você não era o santo que ela achava que era. Foi isso.
- Uau! - Ele exclamou, chocado com a informação.
- Ela só é superprotetora. Logo logo ela vê que não tem motivos para ela se preocupar.
- Não tem? - Ele questionou. Ainda não haviam conversado sobre a noite anterior e isso estava deixando-o louco.
- Não. - Ela deu de ombros. - Você é bonzinho , só não deixa as pessoas saberem disso. - Ela disse e ele gargalhou.
- É, apenas um grupo de pessoas restrito conhece esse meu lado.
- Fico lisonjeada. - Ela sorriu.

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Trabalhar em um disco novo era tudo o que precisava para focar a sua mente. Desde que havia optado pela internação, há um ano atrás, ela já estava pensando nesse projeto. E, o tempo que passou em repouso serviu para que ela começasse a se dedicar a ele com a mente limpa. Saiu da clínica com algumas composições novas, algumas pela metade, alguma completas, outras só havia pensado na melodia. Metade provavelmente ela jogaria no fundo de uma gaveta e, quem sabe, aproveitaria no futuro.
Seu trabalho era o que lhe trazia paz e, às vezes, um pouco de conflito consigo mesma. Pois, era extremamente perfeccionista com seu trabalho. Esse era o motivo de haver um intervalo de, no mínimo, dois anos entre seus álbuns. Ela nunca conseguiria produzir algo num tempo menor.
E agora, onde ela estava cuidando minuciosamente de cada detalhe, seria ainda mais trabalhoso.
Pensar nesse trabalho era como se fosse uma progressão de si. Era esquecer a vida de famosa e pensar nela como uma mulher comum, tendo os problemas que toda mulher tinha. Problemas com a família, relacionamentos, a morte de sua outra melhor amiga, o vício em medicamentos. E ela queria entender como tudo isso a construía como pessoa e queria compartilhar, através da música. Então, era um trabalho bem profundo. Mas, a ideia não era ser um álbum triste. Longe disso.
Fazia alguns dias que ela estava com Mark, o produtor executivo do álbum e toda a equipe de produção no estúdio, em Nova York. Eram horas e mais horas trabalhando continuamente, para que tudo ficasse pronto até a data prevista de lançamento.

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- , você tem visita. - Amanda disse, encarando a amiga.
- Eu? Quem? Ninguém sabe que estou aqui.
- Aparentemente sabe.
- Que? Sério? - Ela perguntou, tentando conter o sorriso.
Ela tinha viajado para Nova York no dia seguinte que haviam voltado de Malibu. Não tiveram muito tempo para conversar, já que estavam muito ocupados com outras coisas e, desde então, não haviam conseguido se encontrar devido as agendas lotadas.
- Pois é, eu gostaria de saber o que ele está fazendo aqui. Não era para que as gravações fossem secretas? - Ela perguntou.
- Bom, eu também não sei. Então, devo ir recebê-lo para perguntar. - Ela disse. - Intervalo de meia hora e em seguida iniciamos a gravação de Diamond Heart. Tudo bem? - Ela informou a equipe e eles concordam.
- está aqui? - Mark perguntou.
- Aparentemente. - Ela respondeu.
- Ele é um ótimo músico. Seria legal se ele pudesse participar da próxima gravação.
- Posso perguntar. Como não sei o motivo de ele ter vindo aqui, não posso te prometer nada.
- Pode prometer que passará o meu contato para ele, gostaria de tralhar em algum projeto dele. - Mark sorriu e concordou com a cabeça, retribuindo seu sorriso.
Ambos seguiram até a saída do estúdio, onde Amanda estava parada, observando a amiga.
- Vocês estão juntos? - Ela murmurou, seguindo-a até a entrada do local.
- O que? Claro que não! - negou. Sabendo que estava meio que mentindo.
- Se estivessem você me contaria?
- Claro que sim. - Ela respondeu, notando que Amanda não acreditava totalmente nela. - Mandy, fica tranquila. Não tem nada para você se preocupar.
- Eu quero muito acreditar nisso. - Ela riu, deixando a amiga sozinha para que pudesse falar com o visitante.
- Por deus, o que você está fazendo aqui? - Ela disse assim que o viu, sentado na sala de espera.
- Que bela recepção. - Ele riu, levantando-se para cumprimentá-la.
- Aqui não. - Ela sussurrou, sinalizando com a mão para que ele voltasse a sentar no sofá. Em silêncio, concordou e voltou a sentar-se. - Então, o que lhe trouxe até aqui? - Ela perguntou, sentando-se do seu lado.
- Tenho um show na Filadélfia amanhã, lembra? Pensei em dar uma passada aqui para te ver. - Confessou. - Porém, parece que você não gostou da surpresa.
- É claro que eu gostei! - Ela exclamou, repreendendo a si mesma logo em seguida por estar falando alto. - Eu só não esperava que você viesse justo aqui, no estúdio. Você sabe, com várias pessoas aqui.
- Não vejo nada demais, todos sabem que somos amigos. - Ele respondeu, pleno. Não via nada de errado naquilo.
- Sim, somos amigos. - Ela murmurou, mais para si do que para ele. Ela respirou fundo, com o objetivo de afastar toda a sua paranoia e sorriu.
- Como foi a viagem? - Perguntou. Iria fazer o possível para não pensar o quanto era errado ele estar ali e aproveitar a sua presença, uma vez que fazia quase um mês que não se viam.
- O voo atrasou, o aeroporto estava lotado e não eu consegui dormir. Tirando isso, tudo certo.
- Você veio direto do aeroporto?
- Sim. - Ele apontou para a mala de rodinhas que estava encostada no canto da sala. - Como estão as coisas aqui? Conseguiram acertar a melodia daquela música?
- Oh, sim. Iremos gravá-la daqui a pouco. Mark sugeriu que você pudesse ajudar. - Ela riu. - Ele também disse que eu deveria passar o contato dele para você, aparentemente ele tem vontade de trabalhar contigo.
- Eu irei adorar! - Ele sorriu. - Ambas as coisas.
- Ótimo! - Ela comemorou. - Venha, vou te apresentar ao pessoal. - Ela levantou-se e o puxou pela mão para dentro do local.
- Você irá passar a noite aqui? - Ela perguntou e ele concordou com a cabeça. - Ok, irei ligar lá para casa e pedir que arrumem o quarto de hóspedes para você. - Ela sorriu e ele permaneceu em silêncio. Tentando entender se aquilo era verdade ou apenas uma cena para as pessoas que estavam ali não desconfiarem que eles estavam juntos.

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- Eu ouvi uma música e fiquei preocupado. - falou assim que atendeu o telefone.
- Hum. - Murmurou sonolenta. Havia acordado com a ligação.
- Estava dormindo? - Perguntou. - Ainda são duas horas. Você nunca dorme cedo. - olhou na tela do celular, para ver que horas eram e o brilho fez seus olhos arderem.
- Fuso horário. Aqui são cinco horas.
- Oh, me desculpe. Enfim, agora que já liguei. Ouvi uma música e fiquei preocupado.
- Qual?
- Do seu álbum novo. Que você me enviou.
- Hã? - Ela sentou-se na cama para conseguir prestar atenção na ligação. - Você ouviu meu álbum novo e tudo o que tem para dizer é que ficou preocupado? Preocupado com o que?
- Não, eu tenho muita coisa para falar. Inclusive, fiz várias anotações. - Ele disse olhando para o caderno em seu colo. - Mas, uma me deixou preocupado em particular.
- Por quê? O que ficou ruim? Não acredito que você não gostou da finalização do Mark.
- Não é isso. Você consegue acessar o arquivo que me enviou para que eu possa lhe mostrar qual é a minha preocupação?
- Eu conheço esse álbum do início ao fim. Pode falar. - Ela disse, impaciente. Odiava quando ele não era objetivo.
- "Todo é a mesma coisa, eu estou cansada dos seus jogos urbanos, eu desejo um homem realmente selvagem." - Ele recitou a letra da uma de suas músicas. - Eu fiquei realmente preocupado. Você usou o meu nome, e acredito que o sobrenome seja um anagrama do meu. Isso foi uma indireta? - Ele perguntou, fazendo-a gargalhar, incrédula. - Ei, não é para achar graça. Minha dúvida é realmente verdadeira.
- Eu não acredito que você está dizendo que eu, , teria escrito uma indireta dessas para você. Você acha que eu tenho quantos anos? 19? - Perguntou, referindo-se a uma ex-namorada de que já havia feito algo parecido. Adorava tirar sarro do homem por causa disso e, o fato de ele pensar que ela também faria isso era cômico.
- Não é isso. - Ele murmurou, parando para pensar e vendo que não era algo do feitio dela. - É que, eu achei estranho uma música com o meu nome. Você também acharia caso fosse o contrário.
- É a segunda música que você acha que é uma indireta para você. Eu acho que quem deve se preocupar sou eu. Você anda fazendo algo de errado ?
- O que? Eu? É claro que não!
- Então por que está tão preocupado com as letras das minhas músicas? Você sabe que esse álbum está escrito faz um tempo. Aliás, essa música em específico, Mark e Josh me ajudaram terminar. Eu só tinha alguns versos, mas já estava com a melodia pronta. Você anda muito preocupado. Estou achando estranho.
- Não, é que... - Ele suspirou.
- Eu não acredito que de todas as músicas do álbum você foi focar justamente nas que não tinham nada a ver. - Ela tinha sim escrito uma música sobre eles e, não conseguia acreditar que ele não tinha entendido a mensagem.
- Desculpa, eu não... - Ele estava muito confuso com a relação deles. Desde que haviam se visto em Nova York, tudo estava estranho. Parecia que eles tinham voltado ao status de amigos e ele queria saber o que estava acontecendo. Entretanto, todas as vezes que havia tentado falar sobre, era evasiva e dava um jeito de mudar de assunto. Não tinha como não pensar que letras como essa e como "Não era amor, era uma perfeita ilusão", não eram uma indireta e que ela havia desistido de tentar algo mais sério com ele. Mesmo que a conhecesse o suficiente para saber que esse tipo de indireta não era algo que poderia se esperar. Poderia esperar uma canção de amor, ou de dúvidas, ou de sofrimento, menos uma indireta daquelas. Ok, ele estava surtando com o assunto e não sabia mais o que fazer.
- ? - Ela chamou, fazendo com que ele lembrasse que estavam em uma ligação.
- Posso fazer um vídeo chamada? Estou com saudades. - Confessou. Iria analisar todas as músicas do álbum da moça novamente, procurando alguma pista de como ela estava se sentindo com a relação deles.
Mesmo que ela não falasse com muita frequência, também sentia a falta dele.
- Não repare a minha cara de morta. Lembre-se que você me acordou cinco horas da manhã. - Ela disse, fazendo-o gargalhar. Desligou a chamada de voz e, em seguida, iniciou a de vídeo.
estava sentado em sua cama, com as costas apoiadas na cabeceira do móvel. A luz do abajur que ficava ao lado da cama estava ligada e ele já estava de pijamas. Provavelmente estava ouvindo o álbum antes de dormir. também acendeu a luz do seu abajur, para que ele também a visse.
- Você falou da sua cara de morta, mas, não estou vendo nada de errado. Inclusive, irei sonhar com essa camisola branca e com esse cabelo bagunçado. - Ele disse, fazendo-o rir.
- Que bom que gostou. Porque olha, esse seu pijama de tiozinho, tem que ter coragem. - Ela provocou e ele gargalhou.
- Bom, se você não gostou, eu posso trocar, ou tirar. - Ele sugeriu e ela sentiu suas bochechas ruborizarem.
- Oh céus, não faça isso, eu preciso dormir. - disse, fazendo-o rir. - Oh, acabei de lembrar de uma coisa! - Ela exclamou animada.
- Que eu sou muito bonito? - Ele perguntou, rindo.
- Não! Que o seu nome está na lista de convidados do Grammy. Você vai?
- Na verdade, eu não sei. - Ele disse, pensativo. - Minha agenda está lotada de shows e exatamente neste dia, tenho uma folga. Tinha até pensando em ir te encontrar.
- Eu vou me apresentar lá.
- Na premiação? - Ele a olhou, confuso.
- Sim. - Ela estava claramente animada.
- E por que só estou sabendo disso agora? A lista de apresentações foi fechada faz mais de um mês. Você está querendo saber por que não quer que eu vá? - Ele perguntou, sem entender por que ela esconderia tal informação.
- Claro que não! Eu não te contei antes por que acabei de aceitar o convite.
- Convite para que?
- Para cantar um dueto com uma banda. Música deles. Nada relacionado ao meu novo trabalho. Amanda disse que seria uma ótima oportunidade, já que o álbum sairá em breve.
- Com certeza. Apresentar-se numa premiação desse porte é uma grande oportunidade. Eu jamais recusaria.
- Então, estou querendo saber se você vai. Pensei que poderíamos nos encontrar lá e depois fazer alguma coisa.
- Nos encontrar lá? - Ele estava começando a gostar da ideia de ir ao evento. era extremamente discreta no que dizia respeito a sua vida pessoal e, ir com ele em uma premiação era o posto daquilo.
- Sim. Mas, antes que você pense alguma coisa errada.
- Eu? Pensar coisa errada? - Ele se fez de ofendido.
- Não precisa fingir, estamos numa vídeo chamada, consigo ver a sua linguagem corporal. - Ela disse, fazendo-o rir. - Continuando, nos encontraríamos lá, mas como amigos. A regra de ninguém saber ou ver alguma coisa que nos comprometa continua.
- Amigos que conversam e se sentam ao lado um do outro?
- Posso pensar nisso.

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- Amanda, eu preciso te contar uma coisa. - disse, no meio do filme que elas assistiam.
- Diga. - Amanda murmurou, sem tirar a atenção da tela. Estavam assistindo Mamma Mia e a moça adorava o filme.
- Eu acho que estou apaixonada, pelo . - Ela murmurou. Falar aquilo em voz alta tornava tudo mais real ainda. Amanda respirou fundo, pegou o controle da televisão e olhou para amiga. Ela já sabia disso, todos que conviviam com já sabiam disso. Entretanto, ela tinha esperanças de tudo isso ser apenas um delírio coletivo, coisa que ela tinha acabado de saber que não era.
- Você tem certeza? - Ela indagou.
- Sim. - murmurou cabisbaixa.
Não queria estar sentindo aquilo e, sabia que Amanda não gostava da ideia.
- E ele? Já sabe?
- Mais ou menos. Nós nos beijamos no seu aniversário. - Amanda arregalou os olhos, surpresa com a informação. - Inclusive, até dormimos juntos aquele dia.
- Eu não acredito que vocês transaram! - Amanda praticamente gritou, chocada.
- Nós não transamos. - imediatamente a corrigiu. - Só dormimos juntos.
- Conta outra, não é um cara que só dorme junto.
- Então, acredite. Nós não transamos. E não foi por falta de vontade minha.
- Chocada. - Amanda murmurou, tomando um gole do seu refrigerante. - E o que faremos a respeito disso?
- Eu não sei. - confessou. - Estou confusa.
- Ele claramente está apaixonado.
- Você acha?
- Todo mundo acha, amiga. Ele já até cantou uma música do seu cantor favorito num show. - Amanda a lembrou.
- Pois é. Mas, eu não sei. Não sei o que fazer.
Fazia um ano e meio que havia terminado um noivado de cinco anos e, desde então, não tinha se relacionado emocionalmente com outra pessoa. Foi um término difícil e, esse era o motivo de Amanda estar sendo tão cautelosa com a situação.
Não queria ver a amiga sofrendo de novo.
- Você acha que ele merece uma chance? - perguntou, fazendo a amiga suspirar.
- Você sabe o que eu penso de tudo isso, não é? - Ela perguntou e a amiga balançou a cabeça, afirmando. - Mas, confesso que também estou achando tudo muito confuso. Faz quanto tempo que vocês estão nessa "amizade"? - Amanda fez aspas com os dedos e riu.
- Quase um ano. Penso que se ele não sentisse nada, já teria desistido.
- Ele gosta de você. Disso, você pode ter certeza. Acho que você deveria dar uma chance, se não der certo, paciência. Você se muda para minha casa e evitamos qualquer coisa. - Ela disse. Quando queria, Amanda era muito direta e, nesse caso, ela já sabia o que a amiga queria ouvir, então, não tinha muito o que fazer.
- Deus, parece que eu tenho quinze anos novamente. - grunhiu e Amanda gargalhou.
- Eu sempre fui a que dava conselhos. Quase quinze anos depois e nada mudou.
- Você sempre foi a sensata. Está num relacionamento de mais de dez anos, tem uma carreira consolidada, nunca teve uma overdose, nunca teve nem um coma alcoólico. - Ambas riram.
- Você deveria seguir o meu exemplo.
- Deveria mesmo. - concordou.
- Acho que deveria transar com ele também.
- Olha, eu deveria messsssmo.

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- Eu escrevi uma canção nova na madrugada passada. E, gostaria de compartilhar ela com vocês nesta noite. - Ele disse, arrumando o celular para que a câmera focasse melhor em si.
Fazer aquela Live seria um tiro no escuro, mas, ele sentia que deveria arriscar. era uma mulher completamente diferente. Era uma pessoa que havia lhe feito ver a vida através de uma nova perspectiva e ele queria demonstrar isso a ela de um jeito ou de outro.
Quando viu seu nome na tela do telefone, indicando que ela tinha entrado na live, seu coração parecia que ia sair do peito.
- Essa letra vem sendo escrita há meses. Ela é sobre crescimento, mudanças, provações, interesse, persistência e sentimentos. Muitos sentimentos. Profundos. - Ele fez uma pausa para colocar seus pensamentos em ordem.

- Sentimentos que você sabe que só irá sentir uma vez na vida. E, as vezes você nem está esperando ou, não está preparado. Você só... Sente. - Ele suspirou. - E, eu senti. Eu sinto. É algo que entrou dentro de mim e foi me consumindo ao longo desses meses. - Ele mordeu seu lábio inferior, não queria citar seu nome, mas, ela precisava saber do que se tratava.
- Eu ouvi seu álbum inteiro novamente tentando buscar alguma coisa. Algum indício de que o que eu sinto era recíproco. E, estava bem ali, na minha frente. - Ele riu sozinho, lembrando de quando percebeu que a música que ele jamais imaginaria era a que realmente lhe dizia alguma coisa.
- Então, depois disso, eu percebi que precisava escrever uma música, lhe mostrando a razão que você tanto falou. E, foi tão fácil, parece que a minha vida inteira me preparou para você, para isso, como se você fosse a minha alma gêmea. - Ele suspirou, pensativo. - Olha, falando isso em voz alta, tudo faz sentido. E, eu sei que você sabe disso. Eu sei que você sabe que é a minha alma gêmea, e tudo aquilo. Deus, estou começando a ficar nervoso. - Ele riu novamente. - Bom, essa música foi feita para você.
então tocou o primeiro acorde da canção que ainda não tinha nome, mas, que para ele, significava tanto, que definir um nome para ela ainda não tinha sido possível.

Eu sou o garoto no seu outro telefone
Acendendo a tela dentro de sua gaveta em casa, sozinho
Quase 40 anos e na friendzone
Nós conversamos e depois você vai embora, todo dia
Oh, você não pensa duas vezes em mim
E talvez você esteja certa em duvidar de mim, mas
Mas se você me der apenas uma noite
Você vai me ver sob uma nova perspectiva
Sim, se você me der apenas uma noite
Para te encontrar sob o luar
Oh, eu quero uma segunda chance
Eu quero avançar
Eu quero saber a coisa real sobre você
Para que eu possa te ver sob uma nova perspectiva
Pego uma carona até Malibu
Eu só quero sentar e olhar para você, olhar para você
O que importaria se seus amigos soubessem?
Quem se importa com o que as outras pessoas dizem?
Oh, nós podemos ir para longe daqui
E fazer um novo mundo juntos, querida
Mas se você me der apenas uma noite
Você vai me ver sob uma nova perspectiva


- Bom, é isso, eu acho. Eu estarei lá para você, no lugar em o universo fez você cair no meu colo.
Espero que você me dê a oportunidade de fazer você me ver sob uma nova perspectiva.
Agradeço o apoio de todos que assistiram e, até a próxima. - Ele mandou um beijo tímido para a câmera e encerrou a transmissão.

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- , você está bem? - Amanda perguntou, notando que a amiga estava há uns bons minutos em silêncio, olhando para o celular.
- acabou de se declarar em uma live. - Ela murmurou, virando-se para encarar a mulher.
- fez o que? - Amanda quase gritou, questionando-a, para ver se tinha entendido bem.
- Se declarou em uma live, no Instagram. - começou a rir. - Deus, eu quero morrer.
- Calma. Eu ainda não estou conseguindo acreditar. - Amanda, ainda descrente, se sentou ao lado de e pegou seu celular para ver do que ela se referia.
- Eu não acredito que ele citou a sua música. - Amanda gargalhou, colocando a mão no rosto, incrédula com a audácia do homem. - Eu não acredito que você fez essa música para ele. - Ela pegou uma almofada do sofá e jogou na amiga.
- Ei, você já sabia que eu estava apaixonada, nem vem.
- Oh céus, ele lhe escreveu uma música. Eu não aguentooooo. - Amanda disse, animada.
- Eu quero cavar um buraco e me esconder. Amanhã seremos manchete em todos os lugares.
- Cavar um buraco e se esconder com ele, né? - Amanda perguntou, sem tirar os olhos do celular.
- Óbvio.
- Talvez nem percebam que ele estava falando sobre você.
- "Eu ouvi seu álbum todo procurando e decidi que deveria escrever uma música mostrando essa razão que você tanto fala", todo mundo perceberá.
- Que seja! - Amanda devolveu o celular para . - Se perceberem ou não, tanto faz. Ele realmente gosta de você e eu acho que você não deve se preocupar com os outros. Talvez não haja lugar ou tempo melhor do que esse, melhor do que agora.
- Amanda, você era totalmente contra esse relacionamento.
- Era contra quando achava que você seria só mais uma. Agora que eu acho que ele te ama mais que tudo nessa vida, entrei pro fandom do casal. - Ela explicou, o que fez as duas amigas rirem.
pensou em em sua vida e percebeu em como eles acabaram se alinhando como, se realmente, o Universo tivesse lhes ajudado.
Era louco pensar em como duas pessoas, tão diferentes, poderiam talvez, serem a alma gêmea uma da outra.
- , não pense muito. - Amanda alertou. Sabendo que quando a amiga pensava demais, ela não fazia as melhores escolhas.
- Acho que eu vou ser feliz. - Ela murmurou, sabendo exatamente o que deveria fazer.


Fim



Nota da autora: Muito obrigada à todxs que leram.
Beijos. <3



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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