15. Little Bird

Finalizada em: 25/01/2017

Prólogo

“ And it’s not complete yet, mustn’t get our feet wet, ‘cause that leads to regret diving in too soon…”

Deveria haver uma outra maneira de contar essa historia. Confesso que é difícil encontrar as palavras certa para dizer o que e como tudo isso aconteceu. A vida sempre nos pregando peças, não é mesmo?
Vou explicar como tudo começou.

Verão, 2000 - Fort Stockton, Oeste do Texas.

O sol parecia ser mais quente naquele lugar, era realmente quente ainda mais para um garoto inglês como eu. Com 11 anos eu so tinha visto Texas na tv, a ideia de passar o verão no Texas não me animava nem um pouco. Queria ficar em Suffolk com meus amigos, ora! Era pedir demais?
Meus pais decidiram vir para cá visitar meus avós, mas porque mesmo eu deveria vir junto?
Ja havíamos chegado há uns 30 minutos e eu odiava aquele lugar.
- Para de ser rabugento, ! - Matthew, meu irmão mais velho disse.
- Me deixa, Matthew! - respondi.
- Seu irmão esta certo, querido! - Minha mãe disse. - Você não sente falta da vovó?
- Sinto… mas é que eu queria passar o verão com meus amigos em Suffolk, não no Texas!
- Sei que você vai arrumar amigos novos pro verão. - Minha mãe continuou.
- Claro… - Respondi
O caminho no grande carro alugado até a fazenda dos meus avós maternos foi longo, umas 2 horas. Eu não via a hora de chegar, ficar horas dentro de um avião e depois horas dentro de um carro me deixou irritado e eram apenas 6 da manhã. Chegamos até a grande casa da fazenda (era realmente grande), vovó e vovô ficaram felizes por estarmos lá depois de tanto tempo. Sentia falta deles, e gostei de vê-los, mas só de pensar em passar o verão todo naquele lugar eu já tinha vontade de me afogar no grande lago do qual minha mãe e minha avó estavam falando desde quando pisamos nessa casa.
- Por que não vai andar um pouco por ai, filho? - meu pai disse se aproximando da mesa onde eu estava sentado ao lado de minha mãe.
A ideia de andar não era muito boa mas qualquer coisa era melhor do que ter que ouvir a conversa sobre lago, pescaria e comida na qual meus familiares pareciam animados sobre. Mamãe me obrigou a passar 5kg de protetor solar antes de sair de casa me deixando mais branco do que eu normalmente era. Legal, como ela espera que eu faça amigos assim?
Peguei meu ipod e fui caminhar pela grande “floresta” que ficava bem ao lado da fazenda de meus avós.
- Gladys? - tirei os fones de ouvido. Jurava ter escutado uma voz. - GLADYS? - outra vez.
Guardei o ipod no bolso e caminhei em direção a voz.
- Ai onde sera que ela se meteu? - Vi uma menina para de costas, passando a mão nervosamente pela trança bagunçada em seus cabelos loiros. Ela usava um vestido florido e botas. Estava a observando quando ela se virou.
- Ei, ruivinho. Pode me ajudar? - ela tinha belos olhos verdes. - Claro que pode! Você não viu um pintinho por ai, viu? - Ela se aproximou ainda passando seus pequenos dedos por suas tranças.
- Eu ah…- Droga, ! Fala alguma coisa.
- Ah, nossa que falta de educação a minha. - Ela sorriu. - Sou Harris, pode me chamar só de .
Eu continuava parado lá, com cara de bobo. Ela continuou me encarando e só então percebi que ela havia estendido a mão para que eu pudesse apertar.
- Sou Christopher. - apertei sua mão, ainda a encarando.
- Então ..
- Só ! - a cortei.
- Ok, … você não viu um pintinho por ai, né? - Ela me olhava com olhos suplicantes.
- Um pintinho? - Questionei.
- É, um filhote de galinha que sai do ovo. O nome dela é Gladys, você a viu? - ela disse rápido.
- Eu sei o que é, por que eu veria? Estamos no meio de uma floresta. - Do que aquela menina estava falando?
- Sei que estamos, é que eu a trouxe pra passear e a perdi. Foi sem querer, tinha uma árvore totalmente subivel perto de um lago, deixei Gladys por uns instantes e ai ela sumiu! - falava rapido, quase chorava ao falar. Mas que tipo de maluca leva um filhote de galinha pra passear?
- Você tem que me ajudar a achar a Gladys!
- Eu?
- Sim, você! Por favoooor. - Ela juntou as maos em forma de suplica.
- Tudo bem, eu ajudo! - disse passando a mãos no meu cabelo.
- Ai, obrigada! - Disse animada e me abraçou. - Vamos! Vou te levar até a árvore! Ela saiu correndo em direção a tal arvore e eu fui átras. Era maluquice demais falar com uma estranha átras de uma galinha na floresta? Minha mãe ficaria chateada por eu estar falando com estranhos? não me parecia nada perigosa, pelo contrario, ela me parecia bem inofensiva.
- Olha , essa é a árvore. - ela disse sorrindo olhando para a árvore. Isso pode soar estranho mas ela era realmente “subivel”. - Eu estava subindo e quando olhei para baixo, Gladys já não estava mais aqui. - ela explicava
- Por que você tá me chamando de ? - perguntei.
- Ué, não é seu nome? - ela perguntou ainda andando na minha frente.
- É, mas você pode me chamar só de , todos me chamam de .
- é mais legal! - Ela olhou para tras e sorriu.
- É?
- Sim, parece que estamos fazendo uma reunião de negócios. - ela riu. - Porque parece mais formal.
- Então tá. - Eu ri. - Pra onde você acha que a gali… Gladys foi? - perguntei.
- Não faço a menor idea, só espero que ela não tenha ido pro lago… têm peixes lá. - ela disse andando em direção ao lago.
E não é que esse tal lago era bonito mesmo? Era um grande lago cercado por árvores, realmente um lugar bonito.
- Vem , vamos por aqui. - Ela disse e continuou andando a procura da galinha. Por que eu estava fazendo aquilo? Nem eu mesmo sei. Andamos mais um pouco pela floresta, gritava a galinha como se ela realmente fosse ouvir e voltar ou até mesmo ouvir e tentar nos encontrar, estava chegando a conclusão de que ela podia ser mais maluquinha do que parecia. Meus pensamentos foram interrompidos quando subitamente parou em minha frente.
- O que houve? - perguntei preocupado. Ela manteve-se para encarando algo.
- Olha, ! - Ela disse como se estivesse vendo a coisa mais divertida de todos os tempos.
- Ah… O que exatamente eu deveria olhar? - perguntei desconfiado.
- Ali, você não está vendo? - Ela me encarou incredula.
- Vendo o quê? - perguntei ainda sem entender.
- , tem uma corda amarrada em uma árvore na frente de um lago e tá no alto! - ela me encarou como se algo parecesse obvio. Continuei a encarando ainda sem entender onde ela pretendia chegar com isso tudo. Do que ela estava falando? - Não acredito!
- O que?
- Voce nunca pulou em um lago se balançando em uma corda? - Ela dizia como se fosse a coisa mais normal do mundo. Isso não é normal, ou é?
- Ah, na verdade nao.
- Onde voce mora não existe diversão? - Perguntou revoltada. - Vamos resolver isso agora mesmo! - Ela me puxou para mais perto da árvore. - Deseja fazer as honras?
- Ei, você não espera que eu me pendure nessa corda velha e pule, certo? Pode esquecer! - disse me afastando.
- Tá brincando? Isso é muito divertido, você devia tentar.
- Acho que quem tá brincando é você! E se a corda arrebentar? E se tiver algum bicho na água? Nao, sem chances.
- Primeiro: A corda não vai arrebentar. Segundo: Se ela arrebentar você vai cair no lago. Terceiro: Nesse lago só tem peixe. Isso significa que só e perigoso se você não souber nadar ou se tiver medo de peixes. - Ela disse como se fosse algo obvio.
- Eu sei nadar e eu não tenho medo de peixe, só que isso não… não é exatamente seguro. Certamente não é seguro.
- Voce é sempre tão bobão? - Ela perguntou debochada. - Tudo bem, se você não vai eu vou! Te vejo lá embaixo. - antes que eu pudesse falar alguma coisa, correu até a corda se balançando e logo depois se soltou.
So pude ouvir o barulho da água antes de correr para a ponta do pequeno penhasco no qual ela havia pulado para segurar a corda (que agora realmente me parecia segura pois não havia arrebentado ). Olhei para baixo e não a vi, fiquei desesperado até ela finalmente emergir sorrindo e rindo provavelmente da minha expressão de desespero . Sua gargalhada era tão contagiante que apesar do susto que havia acabado de levar, me fez rir também.
- Viu? Eu tô viva e segura. - ela continuava sorrindo. - Sua vez, . - Involuntariamente dei um passo para tras.
- Não sei se posso fazer isso… - disse nervoso. Aquilo era muito alto…
- Vamos, ! - ela gritou mais uma vez. - Não seja uma menininhaaaa
Ela me chamou de que? Ao ouvir essas palavras eu automaticamente corri e sem pensar muito pulei do pequeno penhasco para me segurar na corda.
- , abre os olhos! - Ouvi ela gritar da água. Eu mantinha as mãos apertadas na corda enquanto me balançava. - Abre os olhos! - ela gritou novamente.
Eu abri o olho esquerdo primeiro, parecia ser mais alto do que antes mas a vista era ótima, abri o olho direito e olhei para a borda do lago… pera ai aquela não seria…
- ! A GLADYS! - Gritei. - OLHA ELA ALI! - Apontei. que provavelmente ria da minha cara de desespero por estar pendurado no alto, ao ouvir minhas palavras se virou rapidamente e olhou na direção que eu apontei.
- GLADYS! - ela gritou animada. - Vamos , desce dai! Vamos pegar a Gladys. - ela se virou novamente.
- Descer? - disse com a voz tremula.
- Sim, . É so soltar a corda, voce não vai se machucar. Vem! - ela disse ainda com a voz mais alta para que eu a escutasse. - Eu prometo que não vai se machucar!
Ela prometeu! Vamos , é so soltar a corda…
Fechei os olhos e finalmente soltei a corda caindo na água, ja nadava em direção a borda do lago e eu a segui. Gladys correu para dentro de uma cabana perto da borda do lago assim que conseguimos sair da agua a seguiu até la.
- Gladys, volta aqui! - ela disse ainda correndo átras da galinha.
Entramos na cabana e finalmente pegou Gladys. Como crianças curiosas fomos ver o que lá dentro, que agora sabíamos que era abandonada, cheia de poeira e moveis velhos.
- Acho que esse lugar tem potencial… - dizia analisando o local. - Está pensando no mesmo que eu, ?
E acho que pela primeira vez em todas as horas que nos conhecíamos eu realmente sabia e entendia o que ela estava falando.
Depois de mais algumas horas de trabalho ficamos com fome e me deu sanduíches que ela havia trago na mesma cestinha onde tinha escondido Gladys. Já devia ter passado das 3 da tarde quando finalmente achamos o lugar mais arrumadinho. Eu e decidimos dar um jeito na cabana e a nomeamos Avesclub, certamente ela escolheu o nome. Tiramos os panos dos moveis empoeirados, abrimos as janelas e colamos varios desenhos que fizemos com algumas folhas de papel e canetinha que também havia trazido em sua cestinha. Decidimos que era hora de ir para casa, cada um para sua, nos despedimos mas marcamos um encontro no Avesclub as 2 da tarde do dia seguinte para terminar a arrumação. Ela me fez prometer de dedinho para ter certeza que eu estaria lá as 2 em ponto, promessa de dedinho? Quantos anos tinhamos afinal? 7?
Ao voltar pra casa recebi um belo esporro de minha mãe por estar tanto tempo fora, depois de explicar o acontecido (omitindo a parte da galinha e da corda pendurada) acredito que ela tenha ficado mais tranquila, principalmente depois de minha avó falar que conhecia a familia de .
- Ela é uma boa menina, de uma boa familia. Que bom que se deram bem. Será que ela sabia que era uma maluca? Que andava pra lá e pra cá com um galinha, pulando em lagos? Acredito que não.
Depois desse dia eu e nos encontramos todos os dias até o fim do verão, sempre na mesma hora, no Avesclub com a Gladys. Em algum dia no meio do verão a cidade celebrava seu 125 aniversario, conhecido com “ Festa do Pássaro”, onde todas as familias fundadoras da pequena cidade de Fort Stockton, que incluía a minha familia e a de também, fizeram uma grande celebração no centro da cidade pela manha e à tarde na beirada contraria da nossa cabana no grande lago de Fort Stockton. Passamos a celebração inteira grudados assim como nos dias anteriores e o verão inteiro.
me mostrou a grande sala de musica que sua família tinha na grande fazenda. Me contou que seu pai era musico, tocava vários instrumentos e escrevia musicas muito bonitas. Um dia ele ate tocou uma delas para a gente no violão.
Contou também quer sua mãe fazia quadros e que vendia muitos deles em sua cidade, o pai e a mãe de dividiam a sala de musica, ela disse que sua mãe gostava de pintar enquanto seu pai tocava.
Ajudamos a minha avó a começar sua horta ao lado de casa, nós a ajudávamos todos os dias depois de voltar o Avesclub.
Mas como tudo na vida o verão chegou ao fim e eu percebi que sentiria falta de Fort Stockton, sentiria falta do Avesclub e sentiria falta da minha mais nova melhor amiga, Harris.
- Promete voltar a Fort Stockton e ao Avesclub todos os verões até ter 70 anos e não ser mais capaz de andar pela floresta até a cabana? - ela levantou o dedo mindinho para que eu prometesse. Estávamos no ultimo dia do verão. Ela ia voltar para sua cara em Dublin na Irlanda e eu iria voltar para Suffolk na Inglaterra. Não sabia se podia promete-la que iria voltar embora eu quisesse muito. Ela ainda me encarava com o mindinho levantado, os grades olhos verdes que ela tinha pareciam esperar ansiosamente por uma resposta positiva que eu não sabia se podia dar, mas também não seria capaz de negar.
- Prometo, ! - ergui meu dedinho em resposta. Ela respirou fundo com se estivesse prendendo o ar até o presente momento e sorriu.
- Eu e Gladys também prometemos. - ela disse ainda segurando a galinha. - Foi um bom verão, . - Andamos juntos para fora da cabana e encaramos o lago.
- É, foi legal! - sorri
- E você não queria vir pra Fort Stockton. - ela disse rindo. - Preciso ir, mamãe deve estar me procurando. - ela se virou pra mim. Nos abraçamos.
Ficamos abraçados ate Gladys bicar nossos pés. Seguimos em caminhos diferentes.
- Primeiro dia de verão de 2001. Esteja aqui, ! - Ela gritou para que a ouvisse devido a distancia, sorriu, virou-se e foi correndo para casa como ela fez durante todo o verão.
Definitivamente sentiria falta disso. Mas eu prometi que voltaria, e foi o que eu fiz por muitos e muitos verões.


Capítulo 1

5 dias para o Verao, 2014 - Londres, Inglaterra.

E agora depois de tantos anos eu estou voltando ao lugar que costumava ser o meu favorito no mundo todo, continuaria sendo se não me trouxesse tantas lembranças… não que elas sejam ruins, pelo menos nao totalmente ruins. Eu sabia que teria que voltar la um dia, só esperto estar preparado.
2 dias para o Verao, 2014 - Dublin Airport, Irlanda.

caminhava pelo aeroporto um pouco apressada. “Sempre atrasada” ela pensava.
- Senhores passageiros do voo 423 com destino a San Angelo, Texas fazendo ponte em Londres, Inglaterra embarque imediato no portão D.
havia acabado de despachar suas malas quando seu voo foi anunciado, estava morando em Londres há mais de 3 anos, teve que voltar a Dublin para fazer uma breve visita a alguns parentes que não iriam se juntar a família nesse verão. Continuou correndo pelo aeroporto até finalmente encontrar o portão D, onde seu avião aguardava os últimos passageiros. adorava andar de avião, desde pequena sempre adorou ver as nuvens la de cima porem ao mesmo tempo ficava apreensiva por estar voando tão alto, mesmo depois de pesquisar muito, sem conseguir entender como os aviões funcionavam. Afinal, como era possível algo tão grande e pesado voar tão alto? Viajar sozinha também não era a atividade favorita de , mas era preciso e já já encontraria sua prima que a esperava no Heathrow Airport em Londres. Ela tentou dormir o voo todo mas algo não a permitiu, talvez a saudade que sentia de Fort Stockton e seu clima quente, diferente de Londres que era sempre fria e chuvosa, talvez fosse a saudade de sua família ou talvez até mesmo… não, não era isso. Definitivamente não era isso! Foi despertada de seus pensamentos quando percebeu que a senhora que estava sentada ao seu lado havia finalmente parado de roncar, levantar lentamente e caminhar para a saída. Havia chegado em Londres.
Ao sair do avião o que mais queria era encontrar com sua prima e entrar logo no próximo voo, a ansiedade para chegar a Fort Stockton ja havia feito a loira roer todas as unhas, parecia que esse velho habito tinha voltado.

Verao, 2000 - Fort Stockton, Texas.

- Nós devíamos pintar essa cabana, … - dizia pensativa. Ela e estavam sentados em uma toalha na beirada do lago.
- Como é? - perguntou parando de brincar com Gladys. Aquela galinha era espertas demais pra uma galinha, disso ele tinha certeza.
- Vamos pintar a cabana? - repetiu.
- Não vamos conseguir pintar a cabana em 4 dias.
- Não precisamos terminar agora, , podemos terminar no próximo verão. - Ela disse se virando para , que estava deitado na toalha.
rapidamente deu um tapa na mão de que estava em sua boca.
- Não faz isso! - ele disse rápido.
- O que? O que? - ela perguntou assustada olhando desesperadamente para sua mão.
- Você tem noção de quantas bacterias estão vivendo nessa unha que você esta roendo? - ele disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
- Não , ninguém sabe sobre isso. - ela disse lentamente.
- É serio, isso pode te deixar doente.
- Para de ser paranoico, ! - respondeu rindo, deitando ao lado de e Gladys na toalha.
- Ri mesmo, quando você ficar doente eu vou ter que passar o verão todo no hospital levando a Gladys clandestinamente pra te visitar no quarto. - olhou pra e riu e ela a acompanhou, e poderia ser imaginação demais porem eles acreditavam que ate Gladys estava rindo.

- Incrível como nossa mala parece sempre ser a ultima quando estamos com pressa… Ei moça, você tá bem? - acordou do seu “transe”, tirando rapidamente a mão da boca assim que percebeu que um rapaz falava com ela.
- Ah, desculpa. Eu to bem sim, o que você dizia? - Ela perguntou encarando o rapaz.
Ele parecia ter uns 24 anos, moreno, alto e usava uma camisa social branca com as mangas dobradas até a metade do braço.
- Disse que parece que nossa mala e sempre a ultima quando estamos com pressa. - Ele sorriu de lado, sorriu de volta.
- Não tô com tanta pressa, talvez eu seja só azarada. - ela respondeu sorrindo.
- Talvez nós sejamos bem azarados então. - ele disse rindo abrindo os braços, mostrando que apenas eles e mais 3 pessoas continuavam esperando suas malas na esteira. - Nathan Luccas. - Ele estendeu a mão a menina.
- Harris. - Ela apertou a mão de Nathan.
- Posso te perguntar se vai ficar por Londres, Harris? - Ele perguntou parando ao lado de , agora os dois olhavam a esteira ainda a espera de suas malas.
- Pode, Nathan Luccas. - eles riram. - Só fiz uma ponte, vou para o Texas. - respondeu.
- Acho que pegaremos o mesmo voo, Harris. - Nathan disse vendo andar ate a esteira pra retirar a sua mala, ele instantaneamente foi ajuda-la.
- Acho que vejo voce no avião Nathan Luccas, obrigada. - Ela sorriu e andou até a saída da sala de malas.
Quem ela queria enganar… É claro que estava com pressa, muita pressa. Queria mais do que tudo chegar no Texas…Sua prima a mataria se soubesse que ela havia basicamente fugido de um rapaz como Nathan.
Caminhava pelo aeroporto a procura de sua prima, percebeu o lugar estava mais cheio do que costumava ser. É, definitivamente estava mais cheio que o normal. andava apressadamente pelo aeroporto, ainda em busca de Carolina ou Carol, como todos a chamavam. Correu para despachar logo suas malas para o proximo voo, de quem foi a ideia de pegar um avião atras do outro? Ah, dela mesma. Após despachar as malas, foi em direção a uma pequena cafeteria, ja havia cansado de ligar para sua prima e a mesma não atender. O que tinha acontecido, afinal? O voo sairia em 30 minutos, onde Carol tinha se enfiado?
comprou seu café e seguiu, ainda com sua mochila nas costas, para as cadeiras de espera mais perto de seu portão de embarque. Ela sempre foi assim, não gostava de bolsas achava muito mais prático uma simples mochila, estava pensando como era diferente de Carol - e de provavelmente toda população feminina - que adorava usar bolsas e podia gastar o seu salário todo so nelas.
andava aerea demais nesses últimos dias.Costumava ficar assim quando estava nervosa com algo, na época da faculdade, por exemplo, costumava ficar assim em vésperas de provas importante. Há muito tempo a loira não se sentia assim, antes que pudesse chegar a uma conclusão foi acordada de seus pensamentos por estridentes gritos que se estendiam pelo grande aeroporto, chegando cada vez mais perto. levantou-se de sua cadeira, afim de ver o que estava acontecendo. Pode ver uma grande multidão de pessoas, algumas correndo um tanto quanto desesperadas demais. Até que do meio delas saiu Carol, praticamente arrastando sua bolsa pelo chão indo em direção a .
- EU NÃO ACREDITO, NÃO ACREDITO MESMO! - Carol veio gritando em direção a loira. - ! Graças a Deus eu achei você… ai adolescentes!
- O que houve? - perguntou ainda sem entender.
- Essas crianças correndo e gritando, que droga! - Carol falava irritada enquanto tentava arrumar seus cabelos desajeitadamente. - Pra que tudo isso? Eu só queria chegar perto do cara…
- Que cara? Do que voce tá falando? - ria sem entender o que a prima queria dizer.
- Senhores passageiros, embarque para o voo 423 com destino a San Angelo, Texas embarque imediato no portão G.
- Opa, esse é o nosso. - disse se dirigindo junto com Carol ao portão de embarque.
Carol ainda reclamava de ter sido atropelada pela multidão de adolescentes quando elas entraram no avião. Quando finalmente encontraram seu assento, Carol ja havia mudado de assunto, agora falava de como as coisas estavam indo no hospital e de como ela estava animada para que conhecesse seu novo namorado que na estava em Fort Stockton, pois também tinha família na cidade.
- Tipo ele tem família lá, o quão incrível é isso? Por que mesmo eu não frequentava as festas de fim de ano lá quando criança? Não ia ser legal se nós ja tivéssemos nos conhecido na infância e nos reencontrado agora? - Carol falava rápido e parecia realmente animada para que a família toda finalmente o conhecesse. A loira ainda não conhecia o namorado da prima pessoalmente, andava muito ocupada esses últimos meses, mas de alguma forma sentia como se já o conhecesse há anos, já que a Carol não havia parado de falar dele nesses ultimos meses. colocava a mochila no compartimento acima de seu assento quando avistou Nathan algumas cadeiras atras da dela, ele acenava sorrindo, ela acenou de volta e se sentou .
- Quem é aquele? - Carol perguntou se sentando ao lado de .
- Um rapaz que conheci na esteira das malas assim que cheguei aqui. - ela respondeu afivelando o cinto de segurança.
- Ele é um gato! - Carol dizia animada. - Pegou o telefone?
- Como é? Por que eu pegaria?
- Porque ele é um gato e do jeito que ele sorriu, minha querida, ele com certeza quer te conhecer melhor… se é que me entende.
- Você viaja, Carolina.
- Serio , olha so vamos conversar serio agora. Você tem que parar com isso. - Carol encarava a prima.
- Parar com o que? - perguntou ainda sem entender.
- Esse seu medo de relacionamento, medo de conhecer gente nova. Quero dizer… você não faz muito isso, não que você seja anti-social ou algo assim, mas você devia tenta conhecer um cara legal que…
- Ah Carol, não. Esse papo outra vez? - a cortou. Ela sabia exatamente onde Carol queria chegar com aquilo tudo e ela não gostava nem um pouco do caminho que aquilo tomaria. - Olha, nós estamos indo pro Texas ver nossos avós, será que nós podemos não tocar no assunto. Por favor?
- Tá, desculpa. É que eu acho que as vezes você pode querer se abrir um pouco sabe, tudo bem falar do assunto comigo, você sabe.
- Eu sei Carol, obrigada por isso, mas eu realmente não quero tocar no assunto, pelo menos não agora.
- Sim, senhora.
As vezes mesmo se irritando, apreciava a persistência de Carol em querer sempre faze-la se sentir melhor, porém, ainda era um assunto complicado pra ela. Depois de algumas horas as duas ja haviam conversado muito e Carol acabou caindo no sono, até tentou dormir diversas vezes mas embora cansada a ansiedade de voltar finalmente a Fort Stockton não a permitia pregar os olhos. Seria uma longa viagem…

2 dias para o Verão, 2014 - Londres, Inglaterra.

- Você vai ter que ir direto, não pode parar, . - Will dizia irritado. - O aeroporto tá entupido de gente.
apenas concordou com a cabeça e se preparou para sair do carro apenas com uma mochila e seu violão na mão. Usava um suéter verde, não estava tão frio em Londres.
- Antes de sair repassando a agenda. Hoje ainda temos 1 show em Dallas, amanha 1 show em San Antonio e ai você pega um avião para San Angelo e vai encontrar sua família. - Will ajeitando seus óculos de grau no rosto. - Vamos.
Dito isso Will deu duas batidas na janela, o sinal para que a porta fosse aberta. Will saiu primeiro sendo seguido por que passava pela “corrente” de seguranças e funcionários do aeroporto que tentavam impedir que as fãs que o esperavam no aeroporto chegassem perto dele. apenas sorria e acenava para algumas seguindo as instruções de Will, ele não poderia parar para falar com nenhuma delas. O que não era tão ruim, ele definitivamente não tinha se acostumado com tudo isso ainda e na maioria das vezes tinha vergonha de parar para falar com as fãs embora ele as adorasse, sabia que sem os fás ele nunca estaria onde estava e era muito agradecido por tudo isso.
Ja dentro do aeroporto as correntes se desfizeram dando lugar a uma grade que separava dos fãs e ele pode finalmente parar de correr e andar mais tranquilo ate o portão de embarque. O ruivo pode ver Will gesticulando e falando um pouco mais alto com algum funcionário do aeroporto, provavelmente estava brigando com o pobre rapaz. Will era um cara legal exceto quando estava irritado, ou seja, a maior parte do tempo.
- Ai, incompetentes! - Will se aproximou de . - Vamos ter que esperar um pouco pra entrar no avião.
olhou para a multidão de fãs que gritavam o seu nome e decidiu se aproximar, tirou foto com alguns, autografou CDs, tudo corria bem até que por uma fração de segundo enquanto falava com as fãs uma coisa o fez parar tudo que estava fazendo. Não podia ser, era coisa da cabeça dele, não era possível. olhou ma menina que estava na “muvuca” de fãs desesperada para sair, ele conhecia aquela garota. Imediatamente agradeceu a uma fã que havia acabado de entrega-lo um ursinho sem nem a encarar e seguiu ainda com os olhos fixados nas cadeiras de espera do portão ao lado, porém o quanto mais ele tentava ver, mais os fãs entravam na frente. Por mais alguns segundos uma pequena brecha entres os fãs se abriu e ele pode ver a menina seguindo em direção a…
- tudo pronto, temos que ir! - disse Will ainda irritado puxando pelo braço. - ! - Will o chamou mais uma vez. Ele pode a ver mais uma vez passando pelo portão de embarque enquanto seguia Will para dentro de seu avião.
Finalmente conseguiram entrar no avião. ainda estava atordoado com o que havia acabado de ver, certamente tinha sido coisa de sua cabeça…
Estava a tantos dias pensando em Fort Stockton que provavelmente sua ansiedade a voltar a cidade que antes era seu lugar favorito no mundo misturado com o cansaço da turne tinha o feito delirar um bocado. Riu de si mesmo assim que chegou a essa conclusão. Seria um longo voo.
- Sr. ? - ja estava de sentado de olhos fechados esperando a decolagem do avião ate que ouviu seu nome ser chamado. Ele mal pode acreditar.
- Chad!
- Vem dar um abraço no seu melhor amigo seu ruivo babaca! - na mesma hora se levantou.
Chad era seu amigo de infância, havia se tornado produtor e havia o convidado para ajudar produzir seu próximo álbum e alguns shows, so haviam se falado por telefone e nao se viam a muito tempo.
- Como isso cara? Vai com a gente pro Texas? - perguntava animados.
- Will me ligou, disse que você tava se sentindo meio solitário e como eu tenho que visitar minha família, porque não irmos juntos. -Chad disse animado.
- Boys are back in town! - disse animado.
- IHA TEXAS!


Capítulo 2

1 dia de Verão, 2001 - Fort Sctockton, Texas.

- Já estamos chegando? - perguntei me enfiando entre os dois bancos da frente do carro alugado por meus pais para dirigir até Fort Stockton.
- Ainda não, ! Nem parece o mesmo idiota resmungão que não queria vir ano passado.- Matt disse ja irritado.
- Vocês reclamaram porque eu não quis vir e agora reclamam porque estou ansioso pra chegar, não entendo! - O que eles queriam afinal?
- Preferia quando você detestava Fort Stockton, pelo menos ficava quieto. - Matt respondeu colocando.
O caminho parecia infinito, como se nós nunca fossemos chegar. Era impressão minha ou ano passado chegamos mais rápido? Antes que pudesse perceber acabei caindo no sono, não faço ideia do tempo que ficamos na estrada, fui apenas acordado quando entramos na cidade. Pude ver o grande pássaro de ferro que ficava na entrada de Fort Stockton, finalmente.
Chegando na fazenda entrei em casa o mais rápido possível falando com meus avós e outros familiares, corri para a porta com cuidado para que ninguém percebesse que eu estava saindo.
- Ei! - ouvi minha mãe dizer assim que abri a porta da sala para sair de casa. - Onde pensa que vai escondido, mocinho?
- Ah, vou andar um pouco mãe. - Respondi rapido olhando para fora de casa, eu so queria correr pra cabana naquele instante.
- Não antes do almoço, a vovó fez seu prato preferido.
- Mas mãe…- tentei protestar mas fui logo cordado por minha mãe.
- Nada de “mas mãe”. Vamos logo almoçar. - Ela disse docemente tirando minha mão da maçaneta e fechando a porta logo em seguida.
Olhei para a porta pela ultima vez até minha mãe me afastar da saída.

-x-

abriu os olhos, já passavam das 2 da manha. Passou as mãos no rosto e no cabelo ainda sentado, a luz de seu jato já estava mais baixa para que quem estivesse lá dentro pudesse dormir melhor, mas não era tão simples como parecia. havia sonhado com isso a semana toda, todos os dias acordando de madrugada devido a esse sonho que era mais uma lembrança.
A viagem não devia parecer tão longa, mas a saudade que sentia de sua família fazia seu coração apertar so de imaginar. , bem ele estava mais do que ansioso para chegar logo ao Texas, 2 shows e ele estaria voltando pro lugar onde ele havia passado quase toda a sua infância e adolescência.
- Mate? ? - ouviu Chad o chamar e finalmente o encarou. - Tá tudo bem, mate?
- Ah, sim eu to legal. Só meio cansado. - disse se encostando novamente no assento.
- Claro… Não quer falar sobre isso? - Chad o conhecia bem, sabia que estava mentindo.
- Sobre eu estar cansado? São só os shows, tá tudo bem. - Respondeu. sabia que Chad não ia desistir fácil.
- Ok, já entendi. É porque estamos voltando pro Texas, eu sei. Tenta dormir mais um pouco, 2 shows pela frente, você tem que estar descansado.
apenas concordou com a cabeça.
As horas pareciam nÃo passar para , o cansaço misturado com a ansiedade estava a deixando irritada. Por que estava tao ansiosa, afinal? No fundo ela já sabia a resposta embora não quisesse aceitar, afinal, já fazia tanto tempo. Seus pensamentos não a deixavam quieta até que finalmente caiu no sono.

1 dia de Verão, 2001 - Fort Stockton, Texas.

Sempre gostei do cheiro da comida que vovó preparava quando vínhamos a Fort Stockton, me perguntava mentalmente se também iria gostar de comer alguma das maravilhosas tortas que tinha ajudado mamãe a fazer mais cedo.
Coloquei frutas, tortas e outras coisas dentro da cesta, passei pela porta da cozinha e corri para o galinheiro da minha avó. Sentia tanta saudade de Gladys que tive vontade de aperta-la assim que vi a não mais tão pequena ave um pouco distante das outras.
- Gladys! Senti sua falta. - A abracei. - Vamos, vamos ao Avesclub, será que ja esta nos esperando?
Coloquei Gladys na cesta e corri em direção a cabana.

Capítulo 3

2 dias se passaram lentamente, tanto para e quanto para . No ulimo show em San Antonio, fez questão de ressaltar o quanto ele gostava do Texas, repetiu isso muitas vezes. Contou a todos a historia de como ele descobriu que era aquilo que ele queria fazer pro resto da vida, ele já amava musica, mas não tinha certeza do que fazer com isso e lá ele teve a confirmação do que nem se passava por sua cabeça.
- Estávamos deitados na ponta de um lago, eu e uma… grande amiga de infância, eu meio que gostava dela e… estamos olhando as nuvens. Ela falava que as nuvens pareciam com animais meio borrados e que as vezes ela gostava de imaginar que assim como o sol e a lua, as nuvens eram vistas da mesma forma em todos os lugares do mundo, mesmo sabendo que isso não acontecia, ela dizia que a fazia sentir mais perto de quem ela sentia falta quando pensava dessa forma. Fazia sentido, todo sentido na verdade. Depois disso eu nunca mais olhei para as nuvens da mesma forma. - fez uma pausa. - Nesse dia ela me convidou pra jantar na casa dela…

Verão, 2001 - Fort Stockton, Texas.

- Hoje vamos fazer um jantar na casa da vovó, uns primos meus de Austin vieram pra ca. Você devia ir, vai ser legal.- disse deitada na toalha de lanches que havíamos estendido na beirada do rio.
- Tenho que falar com minha mãe. – Respondi
- Ela está convidada também, toda sua família esta.
- Ah, então tudo bem. - sorri.
Antes do sol se por, eu e fomos pra casa. Já à noite fomos a grande casa de fazenda da família Harris. No final da noite ela disse que ia me levar em um lugar. Ao fundo da propriedade da fazenda tinha uma grande sala com paredes de vidro, dentro dessa sala tinha um piano de calda muito bonito, em um canto uns violões. No outro canto da sala tinha uns quadros em branco, outros pintados e muita tinta espalhada por todos os lados.
- Essa é a sala dos meus pais. - olhava pra tudo fascinada, como se fosse a primeira vez que entrava ali.
- Qual dos dois toca piano? - Disse me aproximando do grande piano.
- Meu pai, ele toca violão também. - Ela disse me olhando curiosa enquanto eu sentava no banquinho que estava a frente do piano.
Como se algo a mais me guiasse, meus dedos deslizaram pelas teclas formando um som tão belo que eu não sabia como tinha feito aquilo.
- Você toca piano, ? - ela sentou-se ao meu lado.
- É, um pouco. - respondi envergonhado. - Nós temos um piano em casa, era do meu avó e ele costumava tocar quando eu era pequeno.
Ela começou a tocar em algumas teclas, fiz o mesmo do lado oposto. No fim, estávamos os dois tocando piano juntos e som era bom, muito bom.
- Vocês dois são bons nisso. - Ouvimos o pai de dizer assim que entramos na sala. - Você toca piano, filho?
- Um pouco senhor. - Disse instantaneamente pulando da cadeira assim que ouvi a sua voz.
- Quem te ensinou? - ele perguntou.
- Eu ah… aprendi sozinho, senhor. - respondi ainda meio travado, meu pai não gostava muito de me ver tocar piano e o que eu menos queria era que ele me visse la. John, pai de , se aproximou pegou um dos violões que estavam encontrados na parede e encostou no piano.
- Se eu tocar, você consegue me acompanhar? - ele perguntou. Eu apenas concordei com a cabeça e voltei a me sentar ao piano. continuava ao meu lado, antes de começar eu a encarei e ela me observava no intuito de me encorajar a tocar. Quando percebeu que eu a encarava, ela simplesmente sorriu e eu senti algo bom.
David, pai de , começou a tocar o violão e eu o segui, com algumas falhas e a cada nota errada eu o encarava, o olhar dele era como quem dissesse “ Está tudo bem, continue.”
Fechei os olhos e era como se a musica me levasse a outro lugar, mal percebi que ja não estava mais do meu lado.
Ele começou a cantarolar Wonderwall e eu simplemente o segui, e cantei junto. Somente quando finalizamos eu percebi que minha mãe, avó e mãe de estavam ali também. provavelmente deve ter ido chamá-las, mamãe gravava tudo sorrindo. Ao finalizarmos todos os presentes aplaudiram, eu corei. Era isso! Não queria fazer mais nada além da minha vida.

- E hoje eu to aqui. - Finalizou sorrindo. - Eu amo o que faço, não poderia fazer algo diferente.
Ao final do show, pensou que nunca havia contado essa historia pra ninguém antes e agora todos sabiam. Estar voltando para Fort Stockton depois de tanto tempo estava mesmo mexendo com ele.
Pra , os dias passavam tao lentamente quanto pra . Assim que chegou em em San Angelo, Carol percebeu que parecia mais animada e ela realmente estava. Ia ver toda sua familia, pessoas que não via a alguns anos e ela sentia muita falta, sempre fora bem colada com toda sua família, tanto a seus parentes de Dublin quanto a seus parentes de Fort Stockton. Na viajem até a cidade estava falante e animada até passarem pelo grande pássaro na entrada da cidade. Ao avistar a grande ave de ferro, se calou. Milhares de lembranças invadiram seus pensamentos, nao que fossem todas lembranças ruins, muito pelo contrario. Mas era o tipo de coisa que ela evitava se lembrar.
Quando finalmente chegaram na casa de seus avós, Carol viu sorrir novamente, as duas estavam felizes em ver sua familia toda novamente, alguns primos ainda não haviam chegado mas a casa já estava cheia. No primeiro dia de verão as duas ficaram em casa ajudando na cozinha como era de costume sempre que iam para lá, a noite a família se reunia na varanda para comer, jogar e cantar. A noite estava fria embora fosse verão, o que trouxe mais lembranças a assim que a mesma entrou em seu quarto.

Ultimo dia de Verão, 2004 - Fort Stockton, Texas.

Já passava das onze da noite quando ouvi um barulho estranho em minha janela. Eu deveria ser menos curiosa e chamar alguém para ver o que era imediatamente, eu deveria…
Escutei o barulho uma vez… duas… Tres…
Levantei correndo para a janela e a abri. Olhei para o quintal a baixo e não vi nada, decidi fechar a janela novamente, deve ser coisa da minha cabeça.
- Ei! ! - ouvi alguém me chamar antes que pudesse fechar a janela. - Aqui!
Olhei para baixo novamente, era .
- , desce! - ele falava um pouco mais alto gesticulando.
- O que?
- Desce! - ele repetiu.
- Descer? Eu…
- Desce logo! É importante! - ele ainda gesticulava.
Eu olhei pra baixo pela ultima vez, pedi pra que ele esperasse e desci lentamente as escadas tentando não ser notada por meus familiares que provavelmente continuavam acordados. Passei pela porta da cozinha ja que meus primos continuavam na sala conversando. usava um casaco azul e estava de costas. Me aproximei e coloquei minhas mãos por baixo de seus óculos escondendo seus olhos, ele estava de costas mas tinha certeza que ele estava sorrindo.
- O que esta fazendo aqui? Achei que fosse voltar pra casa amanhã cedo. - disse assim que ele se virou.
- E vou… mas é que eu não podia ir sem te dar o seu presente de aniversario! - Ele disse sorrindo.
- Meu aniversario é só mês que vem. - disse sem entender.
- Eu sei, em setembro. Só que não nos vemos em setembro então decidi te dar logo. - Ele tirou de dentro do casaco uma sacola pequena. - Feliz Aniversario! - Ele sorriu.
- Obrigada! - peguei o saco e o abracei.
Cuidadosamente abri a sacola olhando o que estava dentro.
- Não acredito! É uma câmera instantânea? - Perguntei sorrindo.
- É, descobri que minha avó tem uma porção delas. Ela deixou eu pegar uma, agora podemos fotografar tudo e enfeitar a cabana com nossas fotos! - Ele ainda sorria.
- Isso é genial, ! - sorri. - Acho que tivemos a mesma ideia. - ele me olhou como se não entendesse. - Tenho algo pra você também!
Levei até a sala de musica de papai.
- Para ai! - Disse a ele assim que entramos na sala. - Fecha os olhos. - Ele o fez Andei até atras do piano e peguei o presente.
- OK, pode abrir. - abriu os olhos, um de cada vez.
- Uou, isso é… - eu assenti. - É meu?
- Claro que é! Feliz aniversario ! - Ele sorriu, pegou o violão da minha mão o observando, eu tinha colado um pequeno lacinho de presente no braço do mesmo.
- É lindo, ! - seus olhos brilhavam ao olhar o violão em suas mãos.
- Bom, como você desistiu de vez do piano e já sabe tocar violão celo achei que seria legal aprender violão também. – sorri
- Você personalizou? - ele ainda encarava o presente sorrindo.
- É… isso é uma pata de urso, você parece um e eu pintei de laranja pra parecer com seu cabelo.
- Eu adorei. Muito obrigado! - ele me abraçou.
- Tenho que me despedir de Gladys antes de ir. - Ele disse abrindo a porta para sairmos.
- ? - ouvimos minha mãe chamar de longe assim que saímos da sala.
- Droga, é minha mãe! Eu deveria estar dormindo. - Eu e corremos de volta para a porta da cozinha da casa.
Era ruim ter que me despedir de depois de passarmos o verão todo grudados, como minha mãe dizia, sentia falta dele em Dublin mas tinha certeza que o veria novamente no proximo verão como prometido.
Paramos um pouco distantes da porta da cozinha para nos despedirmos, nos abraçamos. Não se muito bem como aconteceu, mas em algum momento no percurso do abraço fui beijar a bochecha de e… nos beijamos. Foi rapido, paramos assim que percebemos que nossos lábios haviam acidentalmente se tocado. Nos olhávamos assustados até ouvir minha mãe chamar mais uma vez, corri para a porta e para o lado oposto em direção ao galinheiro, nós nos despedimos, mas eu tinha que saber…
- ! - Ele se virou. - Vamos nos ver no próximo verão, certo?
Ele apenas sorriu e levantou seu mindinho, eu sorri junto e entrei em casa.

permanecia encostada no batente da porta olhando fixa pra janela sem pisar dentro do lugar, ela dormiria na sala com uns primos naquele dia e ela até preferiu assim. Olhou de longe sua parede cheia de fotos coladas, ela nao estava preparada pra isso, com certeza não estava. Achou que voltar a faria sentir bem, mas no fundo, ela sabia muito bem que nao tinha superado e que se arrependia do que havia feito, na época pareceu tão certo…
- ? - Carol a chamou assim que passou pelo corredor e viu a prima. - Tá tudo bem?
- O que? Ah, esta sim. - passou as maos nervosa pelos cabelos. - Vamos descer. - sorriu.
No dia seguinte permaneceu o dia inteiro dentro de casa, ela sabia que sair a traria lembranças e ela definitivamente não queria. Durante a tarde foi a cozinha buscar água e olhou para a janela. Ela pode ver o antigo caminho que a levava ao tão conhecido lugar onde ela passou boa parte de seus verões. Ela se lembrava de todas a vezes que havia feito esse caminho, caminhou até a porta na intenção de sair de casa. Lembrou de um dia especifico…

Primeiro dia de Verão,2005 - Fort Stockton, Texas.

Não me lembrava da ultima vez que tinha ficado tão nervosa e ansiosa. Após o almoço em familia, como costumava fazer todos os anos, eu enchia a cesta, andava até o pequeno galinheiro da vovó e escondia Gladys que estava cada ano maior. Gladys não estava solta pelo terreno como costumava ficar. Não era um bom inicio de verão como os outros costumavam ser…
- Gladys? - chamei por ela, e nada.
Decidi então entrar no galinheiro, Gladys estava sentada em um cercado de madeira cheio de palha. Quando me viu era como se ela sorrisse embora não tivesse labios, pude imagina-la sorrindo, então ela se levantou como se quisesse me mostrar o que estava abaixo dela. Coloquei a cesta no chão e me aproximei.
- Gladys! - sorri. - Você pôs ovos Gladys! Vai ter filhotes, quatro filhotes! - Gladys entrou na cesta. - Temos que contar pra ! Vamos, estamos atrasadas.
Peguei a cesta, fizemos nosso caminho para a cabana. não iria acreditar, nossa Gladys já estava crescida. Entrei na cabana, ele não estava la ainda então apenas tirei nossa amiga penosa da cesta e a coloquei ao meu lado no sofá enquanto esperávamos .
1 hora depois e eu ja estava sentada de cabeça pra baixo ainda no sofá enquanto esperávamos , Gladys parecia se divertir com um pano qualquer no chão.
3 horas depois eu havia cochilado, acordei com Gladys fazendo um barulho estranho. Ela me observava como se estivesse tão entediada quanto eu, olhei para fora e chovia um pouco.
- Ele prometeu que vinha, Gladys. Ele já deve estar chegando! - dizia mais pra mim do que para ela. Ele não prometeria se não pudesse vir, ainda mais depois de…
Algumas horas depois ainda estávamos na cabana, eu andava para lá e pra cá como se isso pudesse de alguma forma fazer o tempo passar mais rapido. Decidi colar na parede da cabana uma foto minha e de Gladys que tinha tirado mais cedo com a câmera que havia me dado no ano anterior.
5 horas depois e eu ja havia caído no sono, ele não viria. Não, ele não faria isso… ou faria? Não, ele não faria! Ele deve ter tido algum problema no voo ou algo do tipo, so podia ser.

desistiu de sair de casa, voltou para dentro e tentou se distrair com algo isso seria melhor. Ela ainda não estava preparada para voltar la.


Capítulo 4

Mais um voo, indo em direção a mais um lugar diferente. ja estava acostumado com isso, então porque estava tão nervoso? Ele sempre ficava nervoso no caminho para Fort Stockton, se lembrava de todas as vezes que seu irmão, Matt, reclamava do nervosismo de para chegar na cidade. sorriu com a lembrança.
- Finalmente! - Chad disse entrando no carro que ia em direção ao aeroporto de Dallas. - Sinto falta de casa, sinto falta da minha namorada… Voce vai adora-la, mate!
- Ela vai mesmo estar lá? - perguntou e o motorista deu partida.
- Ela já esta lá. - Chad suspirou e depois sorriu.
- Que sorriso é esse? - perguntou desconfiado. - Tá apaixonado? - Ele o encarou sorrindo.
- Ah, cala a boca! - Chad corou. - Parece que não sabe como é…
- Como é o que?
- Estar apaixonado… quero dizer, você faz tudo pra vê-la porque nada parece mais certo do que estar com ela. - Chad sorriu mais e fechou os olhos. - Todos já se sentiram assim, como se nada mais fosse tão importante quanto o sorriso dessa pessoa.
sabia exatamente como Chad se sentia, ele sabia mesmo.

4 semanas antes do Verão, 2005 - Suffolk, Inglaterra.

Faltavam apenas algumas semanas pro verão quando minha mãe disse que não iríamos para Fort Stockton no verão por falta de dinheiro, eu ainda não tinha pensando em nada, nenhuma maneira de conseguir dinheiro para as passagens, eu só sabia que tinha que ir pra FS no verão, de qualquer maneira. Estava deitado na minha cama olhando pro teto como se aquilo fosse me ajudar de alguma forma, podia arrumar um emprego mas não conseguiria todo o dinheiro em apenas 3 semanas. Em um momento como esse se estivesse em Fort Stockton eu pediria ajuda a mas ela não estava aqui, então comecei a pensar no que ela diria se estivesse “Seja criativo!” ou “Você consegue pensar em uma coisa, bota essa cabeça pra funcionar . Eu e Gladys estamos te esperando!”. … sentia falta dela. Então como um estalo em minha mente eu olhei pro lado, e la estava ele. O violão que me eu no verão passado, era isso! Peguei o violão e sai de casa, parado em uma esquina movimentada de Suffolk e fiz algo que nunca achei que fosse fazer… Eu cantei. Nunca tinha cantado na frente de ninguém alem de antes.

3 semanas antes do Verão, 2005 - Suffolk, Inglaterra.

Ja fazia 1 semana desde que eu decidi cantar na rua para ganhar o dinheiro das passagens, comecei a achar que essa tinha sido a ideia mais genial que eu já tive, já tinha conseguido boa parte do dinheiro em apenas uma semana. Não contei para ninguém da minha familia, todos os dias depois da aula eu ia para o mesmo local e cantava até conseguir uma certa quantia. As pessoas pareciam gostar ou estão apenas com pena do pobre garoto que canta por dinheiro.

2 semanas para o Verão, 2005 - Suffolk, Inglaterra.

A ideia de cantar esta funcionando muito bem, a vergonha já não era mais tanta e eu já me sentia um pouco mais confortável, mas meus pais começaram a desconfiar e a perguntar o que eu estava fazendo depois das aulas. A historia do dever de casa já não estava mais funcionando, tenho que me lembrar de pensar em outra coisa para dizer para a eles. Matt ja sabia o que eu estava fazendo depois da aula, ele atá foi me ver uma vez, prometeu que não ia contar pros nossos pais embora achasse maluquice.

1 semana para o Verão, 2005 - Suffolk, Inglaterra.

Mamãe me seguiu hoje depois da aula, ela ficou de longe me filmando e eu só a vi depois de algum tempo. Muitas pessoas pararam para ver hoje, minha mãe disse que estava orgulhosa e que ia falar com papai sobre a viajem já que eu tinha conseguido o dinheiro para as passagens.

3 dias para o Verão, 2005 - Suffolk, Inglaterra.

As passagens estavam compradas, nós viajaríamos na madrugada. não ia acreditar quando eu contasse. Dissemos pro meu pai que aquele dinheiro era de umas economias que eu tinha, ele desconfiou, mas no fim aceitou. Fort Stockton aqui vou eu.

1 dia de Verão, 2005 - Algum lugar no ar em direção ao Texas.

As horas passavam lentamente dentro do avião, será que acha que eu não vou aparecer por lá esse verão? Se ela soubesse tudo que eu fiz pra estar aqui dentro desse avião… Pensar nela me fez sorrir. Abrir a porta da cabana e vê-la la dentro já tinha se tornado habitual mas ainda era minha parte favorita do ano…
Eu lembrava do que havia acontecido no verão passado toda vez que olhava para o violão. O beijo foi algo tão… natural, tão inocente. Não era como se eu esperasse por isso e acho que ela também não, e foi pensando em tudo que aconteceu depois daquele verão a alguns anos atras que eu percebi o quanto minha vida mudou depois que eu a conheci, mudou pra melhor é claro. Eu falava mais com as pessoas, encontrei algo que eu realmente gostava de fazer, que era a musica, tudo mudou depois dela. E com o passar dos anos vê-la amadurecer assim como eu, mas ela continuava linda, e legal, inocente, ela não tinha mudado muito, mas o que eu sentia por ela… isso sim tinha mudado. Cai no sono.
Algumas horas depois ja estávamos em San Angelo indo em direção a Fort Stockton, como sempre eu mal podia me conter dentro do carro e Matt (como sempre) reclamava sem parar da minha inquietude. Ja passavam das 1 da manha quando chegamos a casa da vovó. Corri para casa da família de , taquei algumas pedrinhas na janela como costumava fazer sempre, e nada. Ela não estava no quarto, passei no galinheiro e Gladys não estava la. Estava tarde para bater na porta.
- Droga!
Ela so podia estar na cabana. Segui o pequeno caminho dentro das arvores passando pelo lago, entrei lentamente na cabana. estava deitada no sofá dormindo com Gladys acomodada em seus cabelos. A chuva ja apertava la fora e la dentro dormia como um anjo, sorri. Me aproximei das duas, primeiro pegue Gladys que cochilava.
- Ah, olá Gladys. Você está crescida. - Por um momento me lembrei que tudo havia sido culpa de Gladys, se ela não tivesse fugido naquele dia eu e nunca teríamos nos conhecido. – Obrigada, Gladys.- Eu a coloquei no chao.
Como sempre tinha trazido uma cesta com comidas.
- . - chamei. - ? - mais uma vez. Assoprei o ouvido dela. Uma vez ela disse que seu pai costumava fazer isso para acorda-la.
Percebi que seu rosto estava meio inchado, espera… Ela havia chorado? Ela nunca chorava. Ela abriu os olhos lentamente, deu um pulo do sofa assim que me viu.
- Tá tudo bem? - eu perguntei.
Ela não respondeu, apenas me abraçou forte. Depois me deu um tapa e brigou comigo por te feito ela esperar por tanto tempo, ela estava irrita… muito irritada, tão irritada que ela até me chamou de , isso mesmo, ! Só se acalmou depois que eu expliquei o que havia feito, ela ficou feliz por saber que estar com ela no verão era importante o suficiente para me fazer cantar na frente de pessoas aleatórias na rua em troca de dinheiro. Conversamos a madrugada toda, preferimos ficar por lá mesmo. Algo me dizia que aquele verão seria o melhor de nossas vidas.

E foi… em partes.
Chegaram no aeroporto. Novamente cheio, teve que passar correndo da mesma forma que da ultima vez, porém, agora ele estava mais aereo, pensando constantemente.
Já era noite quando o avião pousou em San Angelo, a familia de e a de Chad já os esperavam em suas respectivas casas que eram um próximas uma da outra. Mais algumas horas de carro até chegarem a entrada da cidade, assim que avistou o grande pássaro de ferro, como um filme em sua cabeça ele lembrou de todas as vezes que havia passado por ali.
No dia seguinte, levantou mais cedo que seus primos que dormiam junto com a mesma na sala, foi até a cozinha buscar um copo de água e decidiu sair na varanda, sentou se nas escadas. Um vento frio a atingiu e ela se encolhei com o copo ainda nas mãos, não eram mais de 7 da manha e ela ja estava de pé, se questionava porque… No fundo ela já sabia, não tinha dormido direito desde o dia em que pisara novamente naquela cidade. Continuou encarando o caminho que a levava a cabana, ponderava a possibilidade de voltar ao lugar, mas ela simplesmente não tinha coragem…

Final do Verão, 2005 - Fort Stockton, Texas.

- Por que não chama para comer churrasco conosco? - minha avó disse assim que percebeu que eu estava sentada nas escadas da varanda entediada.
- Tudo bem. - eu sorri.
As coisas não haviam mudado muito entre mim e desde que ele chegou, só que agora acontecia de nós nos beijarmos… todos os dias. Aquilo era estranho, mas parecia tão certo. Ontem teve a ideia de ficamos junto todos os verões até podermos nos encontrar em outras épocas do ano. Eu disse que nós ja ficávamos juntos todos os verões, mas não era ao mesmo tipo de ficar juntos que ele se referia, ele dizia juntos tipo juntos mesmos. Eu não sabia se aquilo era o certo, ele era meu melhor amigo, já havia conversado com Gladys sobre isso mas a coitada não podia me responder. Antes de ir a casa de passei no galinheiro para buscar Gladys.
- O que eu faço, Gladys? E será que eu devo contar pra ele sobre o papai? - perguntava enquanto caminhava até a casa da familia de . Se Gladys pudesse responder ela provavelmente diria algo como “Segue o seu coração” ou “Ficar junto durante o verão? Maluquice!”
- ok, ela provavelmente diria a primeira coisa. Era isso, parecia certo e geralmente o que parece certo é certo, certo? Isso mesmo, certo! - falei comigo mesma.
Chegando na casa da familia de , eu já estava decidida.Aceitaria a proposta e contaria tudo para , afinal ele é meu melhor amigo. Pensei em bater na porta mais ouvi um certa gritaria lá dentro, não deveria ser tão curiosa eu sei, mas dei a volta na casa até chegar perto da cozinha.
- Eu sabia que essa historia de economias era mentira! - O pai de dizia irritado.
- Ele só queria vir para ca, nao é um problema, John. – Imogen, mãe de dizia calmamente.
- Eu sei, mas você não entende! O quanto ele mudou desde que decidimos vir para cá pela primeira vez. - John completou. continuava ao lado da porta quieta escutando tudo, ela queria sair mas teve medo de fazer barulho e ser notada.
- O que você quer dizer com isso?
- Essa maluquice, essa coisa que ele esta tendo com a musica! Ele deveria fazer engenharia como Mathew quer fazer ou algo melhor, ele está com essa ideia maluca de seguir a carreira de musico! E tudo isso começou depois que ele começou a andar com a filha do Harris. - que tentava sair assim que ouviu parou novamente.
- Ele é talentoso, você nunca o ouviu - Imogen continuava calma.
- O problema é que isso não é vida. Conseguimos tirar essa ideia de Mathew temos que tirar de também. - ele respirou fundo. - Temos que afasta-lo daquela família, afasta-lo dela!
- Não acho que devemos fazer isso John, ele gosta da menina e ela e uma garota boa. - Ela o incentiva, ele começou com isso depois que viemos pra cá, será que você não vê? Ela o atrapalha, depois que ele começou com a musica só fica trancado naquele quarto que mais parece um estúdio, anda com aquele violão pra lá e pra cá!
- Está errado John, não vejo problema nele fazer o que ele quer!
- Temos que resolver isso, rapido! - Ele concluiu.
Eu não quis ouvir mais nada. Quando me vi já estava correndo direto para a cabana com Gladys nos braços, parei de correr e encostei na arvore próxima a cabana, onde tudo havia começado. Então eu o atrapalhava? Sei que se os pais de não quiserem mais deixa-lo me ver, ele vai dar um jeito, como ele sempre fazia. Eu não queria ficar no meio daquilo tudo, não queria causar problemas, senti finos pingos de chuva em contato com a minha pele. Em pouco tempo a chuva se misturou com as lagrimas e a decisão que eu tinha tomado a alguns minutos atras havia mudado. Tinha que sair da vida de pro próprio bem dele. Eu chorei, chorei por não saber exatamente o que fazer em relação a , chorei por não conseguir nem mesmo conta-lo sobre a doença do meu pai, chorei porque não queria perde-lo… não queria perde-los. Mas eu deveria fazer isso.
Senti Gladys se escondendo da chuva em baixo de mim, decidi entrar na cabana e esperar a chuva que agora apertava passar.
Abri as portas da cabana, ja decidida sobre o que fazer sobre , amanha falaria com ele e daria um jeito de sair de sua vida.
- ! - Ouvi a voz de assim que abri a porta da cabana. - Que bom que você chegou, olha aqui colei nossas fotos na parede, tava achando isso aqui muito normal e quis dar uma mudada . - ele disse olhando para as fotos na parede sem me encarar.
Ele não devia estar ali, eu não estava preparada pra isso.


Capítulo 5

chegou na casa de sua família por volta das 6:30 da manha, alguns familiares já estavam acordados tomando café, decidiu então se juntar a eles. Seu irmão estava lá, sua avó e mais algumas pessoas de sua família. Mathew, que estudou musica, falava de como estava a composição de mais uma de suas musicas, ele compunha musica clássica, sempre foi o seu forte mesmo passando por cima da vontade de seu pai. Parece que a musicalidade era mais forte naquela familia, os dois irmãos seguiram a musica e os dois deram muito certo assim. Depois de muita conversa, pegou seu antigo violão que ele mantinha sempre junto com ele, não importava o lugar que ele fosse e sentou-se na varanda. Ele tocava algumas notas perdido com os pensamentos sobre aquele lugar. Deixou o violão de lado na varanda e seguiu pelo caminho tão conhecido por ele, a cada passo ele se aproximava do lugar que foi seu refugio por muito tempo, ao avistar de longe a cabana ele lembrou da ultima vez que esteve nela.
Final do Verao, 2005 - Fort Stockton, Texas.

tinha mesmo gostado da camera que eu havia dado a ela, fotografou tudo que pode esse verão, tinhamos agora mais de 50 fotos. pediu pra que eu a encontrasse as 5 na cabana, mas decidi ir antes e preparar uma surpresa,tinha escrito uma musica* pra ela ( So ) e eu iria cantar assim que ela chegasse e iria colar as fotos na parede para enfeitar a cabana. Ela disse que tinha algo a me contar e eu esperava que ela aceitasse o que eu havia dito a ela no dia anterior. Assim que terminei chovia lá fora e eu escutei o barulho da porta se abrindo.
- ! - Disse assim que a ouvi entar. - Que bom que você chegou, olha aqui, colei nossas fotos na parede tava achando isso aqui muito normal e quis dar uma mudada. - Me virei.
estava um pouco molhada, provavelmente tinha pego chuva. Gladys entrou primeiro na cabana, permaneceu com a cabeça baixa.
- Precisamos conversar. - Ela me encarou pela primeira vez, seus olhos estavam vermelhos ela havia chorado. Tinha algo errado.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei.
Ela pediu que eu sentasse, parecia triste e eu ficava cada vez mais preocupado. Não pude acreditar quando ela disse que a ideia de ficarmos juntos era bobeira, maluquice. Paralisei quando ela disse que não poderíamos mais nos ver, do que ela estava falando? - Como é? - perguntei ainda sem acreditar.
- Não podemos mais nos ver… . - ela disse abaixando a cabeca, não pareceu ser nada, mas quando ela me chamou de ‘’ foi como se estivesse levando um belo de um soco na cara.
- Por que esta dizendo isso? Nós somos amigos não somos? Por que não podemos nos ver mais? Nossos planos de mudar pra Londres, nós vamos morar juntos em Londres, você lembra?
- Não podemos, . Já disse, é isso! - ela continuou. A chuva apertava mais a cada minuto que passávamos la dentro, trovoadas e relâmpagos se tornavam mais frequentes.
- , você não entende, não pode fazer isso por que…
- Já está feito, nós não podemos! - ela me cortou. - Por favorã nao faz isso ser mais difícil do que já é.
- , você não pode fazer isso porque eu te amo. - Eu a amava e ela tinha que ficar. Eu tinha que faze-la ficar. Ela instantaneamente arregalou os olhos como se não acreditasse no que eu tinha acabado de dizer e logo depois os fechou como se levasse um tapa.
- Mas eu… - ela fez uma pausa de segundos que pra mim foram como horas. - Eu não amo voce! - Ela me olhou firme. Aquilo foi como uma facada no meu peito.
- Você… - abaixei a cabeça. - Você esta mentindo! Por que tá fazendo isso? - aumentei a voz.
- Não estou mentindo!
- Tá sim! Você franzi o nariz quando mente, por que esta fazendo isso, ? Seja lá o que tenha acontecido nós podemos resolver juntos, nós sempre resolvemos. - Levantei do sofa.
- Não dá pra resolver isso, ! - ela aumentou a voz e se levantou ficando na minha frente.
- Nós podemos tentar, você só tem que me falar o que esta acontecendo. - Ela fechou os olhos, ela ia chorar eu sei que ia. Por que ela estava fazendo isso. Sua expressão mudou.
- Será que você não entende? - ela falou mais alto. - EU NâO AMO VOCÊ, ! EU NÃO TE AMO, ENTENDE? - ela disse mais alto quando um relâmpago clareou tudo pela janela. - Por que você não me esquece, esquece que me conheceu só esquece tá legal?
Ela não podia estar falando serio, aquilo não podia doer mais.

foi até seu quarto que até então não havia conseguido entrar, lá estava tudo da mesma forma que ela havia deixado na ultima vez que tinha visitado o local. Na parede perto da cama a foto que ela queria ver tirada na camera instantânea. Na foto ela estava com , os dois estavam sorrindo um pro outro. Lembrava que o ruivo havia tirado sem ela perceber, só percebeu quando a luz do flash o denunciou, ambos estavam rindo de algo. Ela sorriu, mas então se lembrou de quando havia colado aquela foto ali.

Final de Verao, 2005 - Fort Stockton, Texas.

Já não estava aguentando mais segurar, eu ia chorar mas não podia chorar ali. Ele me amava, eu tambem o amava e era por isso que não podia ficar, a unica forma que achei de faze-lo querer se afastar foi tentando o magoar e aquilo doía provavelmente mais em mim do que nele.
Em algum momento enquanto eu e brigávamos Gladys saiu da cabana.
- Nós não podemos simplesmente…
- fica quieto. - pedi quando ouvi um barulho estranho.
- O que? Voce não pode… - coloquei a mão na boca dele para que ele não falasse mais.
A porta estava aberta, ouvi os barulhos novamente corri para a porta. Era Gladys, passou por mim correndo e foi ate Gladys, um galho havia caído na pata dela. Fui atras, levamos Gladys para dentro, e foi ai que eu chorei. Tudo havia começado com Gladys, agora ela estava com a pata quebrada e eu não sabia se teria jeito, assim como eu e . Ele me abraçou.
- Tem certeza que é o que você quer? - Nao teria volta, eu saibia disso. A resposta decidiria o que iria acontecer conosco.
- Tenho.
Tivemos que dormir na cabana devido a chuva, Gladys se foi e também. Quando acordei no dia seguinte eu estava sozinha na cabana.
No ultimo dia de verão, antes dos fogos da festa da cidade eu fui até a cabana, seria a ultima vez. Passei pela corda onde eu e costumávamos usar para pular no lago e de longe puder ve-lo sair da cabana, sem olhar pra trás. Esperei ele sumir de minha visão para me aproximar da cabana. Entrei lentamente, seria realmente a ultima vez. Fui até a parede onde havia colado nossas fotos e peguei a minha favorita, no chão abaixo das fotos tinha um pequeno CD, e um papel colado na capa de trás.
1. ‘So’ é a sua musica
2. ‘Little Bird’ é a musica para nossa Gladys.
.

passo lentamente a mao pelo batente da porta da cabana onde ele e marcavam suas alturas, seus nomes gravados na porta. Novamente como um filme todas as memorias passavam pela cabeça de . Já dentro da cabana, olhou todas as fotos coladas na parede.
desceu as escadas correndo, ela precisava voltar lá. Correu pelo caminho entre as árvores, passou pela corda onde ela e costumavam pular.
Se aproximou da porta.

My little bird…
My little bird wood…

Ela ouviu assim que se aproximou da porta, não era possível. Provavelmente sua mente a enganando novamente, mas ela queria que fosse real.
A única coisa que conseguia pensar era que ele deveria estar ali, agora ela estava pronta.
Ele só queria que ela estivesse lá.
estava sentado no sofá com o cotovelo nos joelhos e cabeça a baixa, a porta se abriu, levantou a cabeça.
- .
- . - eles sorriram.




Fim?



Nota da autora: acabou? Bom na verdade eu nao sei bem se acabou, eu comecei a fic com a intenção dela ser maior mas devido ao tempo ela acabou tendo que ficar menor so que eu queria que ela fosse. Então esse final pode nao ser um final. Gostaria de pedir que comentassem a baixo se gostariam de ler uma ‘continuação’ dessa fic que é a minha primeira. Espero que gostem :) x

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