Prólogo
A notícia que circulava pelos corredores era de que a VP de relacionamento com o cliente estava para se aposentar, deixando todos extremamente curiosos pelo futuro da companhia, especialmente por quem assumiria a posição. Uma de minhas melhores amigas e companheira de setor, Mandy, dizia apostar todas as fichas em mim.
- Vai ser você, Margo. Depois dela, você é a pessoa com mais experiência e capacidade para o cargo e sabe disso. - ela dizia pela quinta vez em dois dias, enquanto pegávamos um café na cafeteira do setor e aproveitávamos para conversar alguns minutos, antes de voltarmos para nossas mesas.
- Não sei como pode ter tanta certeza, há tantas pessoas bem qualificadas para o cargo. – respondi, tentando me manter indiferente e ignorando a pequena excitação em meu interior, devido a uma pequena parte de mim acreditar nas palavras de Mandy e torcer para que ela estivesse certa.
Mandy apenas sorriu e piscou um dos olhos em minha direção, antes de ameaçar voltar à sua mesa.
- Margo, o senhor Bardnan ligou. Ele quer vê-la o mais rápido possível. – Anna, nossa supervisora, disse, surgindo à nossa frente com um leve sorriso no rosto.
- Eu sabia! – Mandy comemorou em resposta, assim que entendemos o que aquilo significava, já que Bardnan era um dos sócios e responsável pelo anúncio de novos VPs e demais assuntos de pessoal que ele julgava não ser de alçada do RH, e o sorriso de Anna pareceu aumentar. – Está esperando o quê? Corre! – Mandy disse, quando me percebeu parada no mesmo local, fazendo sinal com as mãos para que eu começasse a andar.
De repente, me senti como se estivesse acordando de um transe, meu corpo pareceu assimilar levemente a notícia e começou a ficar ansioso, com meus pés quase correndo em direção ao elevador e minha respiração curta e rápida, enquanto minhas mãos pareciam suar mais que o normal.
Era o momento pelo qual esperei e trabalhei muito.
Não percebi em que momento o elevador chegou e nem quando entrei no mesmo, apenas recobrei controle sobre meu corpo quando o alarme do elevador tocou brevemente, informando que eu havia chegado à cobertura. Respirei fundo e passei as mãos suavemente pela roupa, em clássica mania de tentar me deixar mais apresentável sem necessidade, antes de sair do mesmo. Tentando evitar andar muito rápido, cheguei à mesa da secretária e esta logo me reconheceu, indo avisar ao senhor Bardnan que eu já estava ali.
- O senhor Bardnan está lhe esperando. – a secretária disse, sem esboçar qualquer reação, assim que retornou à mesa e me encontrou ali, em pé, esperando.
Como se tivesse vontade própria, senti meu corpo girar e começar a ir em direção à sala do sócio. Meu coração batia forte e acelerado e era extremamente difícil controlar o pequeno tremor em minhas mãos enquanto eu tocava na maçaneta dourada e gelada, forçando-a para baixo, fazendo a porta se mover levemente. Terminei de empurrar a porta e entrei na sala, podendo encarar Bardnan a uma curta distância, sentado à mesa em posição imponente.
A excitação deu lugar ao nervosismo rapidamente e tudo o que eu quis foi me sentar para poder evitar que minhas pernas falhassem e eu caísse em frente a um dos mais poderosos homens da companhia. Como se lesse a minha mente, o senhor Bardnan logo disse:
- Nem precisa se sentar, senhorita , o que preciso tratar com a senhorita será breve.
Engoli seco e respirei fundo, antes dele continuar.
- Como deve saber, a nossa atual VP de relacionamento com o cliente está para se aposentar e precisamos de alguém para assumir o cargo. – Assenti levemente, sentindo como se meu coração estivesse em minha garganta, batendo cada vez mais rápido. Era a minha hora. – Devido a isso, sinto muito, mas precisaremos dispensá-la. – Ele finalizou e eu me mantive sem reação, tentando assimilar o que acabara de ouvir, como se não fosse verdade.
- Me, me desculpe, mas... – Tentei falar algo, mas as palavras se misturavam em minha mente e boca.
O senhor Bardnan logo continuou:
- Nós optamos pela contratação de um VP externo, para isso, precisamos realizar alguns cortes. Sinto muito, senhorita . – Sinalizando que aquela reunião estava encerrada, Bardnan virou a cadeira, ficando de costas para mim, enquanto discava os números de uma ligação.
Ali, eu senti meu mundo desabar, só não sabia que seria apenas o começo.
- Vai ser você, Margo. Depois dela, você é a pessoa com mais experiência e capacidade para o cargo e sabe disso. - ela dizia pela quinta vez em dois dias, enquanto pegávamos um café na cafeteira do setor e aproveitávamos para conversar alguns minutos, antes de voltarmos para nossas mesas.
- Não sei como pode ter tanta certeza, há tantas pessoas bem qualificadas para o cargo. – respondi, tentando me manter indiferente e ignorando a pequena excitação em meu interior, devido a uma pequena parte de mim acreditar nas palavras de Mandy e torcer para que ela estivesse certa.
Mandy apenas sorriu e piscou um dos olhos em minha direção, antes de ameaçar voltar à sua mesa.
- Margo, o senhor Bardnan ligou. Ele quer vê-la o mais rápido possível. – Anna, nossa supervisora, disse, surgindo à nossa frente com um leve sorriso no rosto.
- Eu sabia! – Mandy comemorou em resposta, assim que entendemos o que aquilo significava, já que Bardnan era um dos sócios e responsável pelo anúncio de novos VPs e demais assuntos de pessoal que ele julgava não ser de alçada do RH, e o sorriso de Anna pareceu aumentar. – Está esperando o quê? Corre! – Mandy disse, quando me percebeu parada no mesmo local, fazendo sinal com as mãos para que eu começasse a andar.
De repente, me senti como se estivesse acordando de um transe, meu corpo pareceu assimilar levemente a notícia e começou a ficar ansioso, com meus pés quase correndo em direção ao elevador e minha respiração curta e rápida, enquanto minhas mãos pareciam suar mais que o normal.
Era o momento pelo qual esperei e trabalhei muito.
Não percebi em que momento o elevador chegou e nem quando entrei no mesmo, apenas recobrei controle sobre meu corpo quando o alarme do elevador tocou brevemente, informando que eu havia chegado à cobertura. Respirei fundo e passei as mãos suavemente pela roupa, em clássica mania de tentar me deixar mais apresentável sem necessidade, antes de sair do mesmo. Tentando evitar andar muito rápido, cheguei à mesa da secretária e esta logo me reconheceu, indo avisar ao senhor Bardnan que eu já estava ali.
- O senhor Bardnan está lhe esperando. – a secretária disse, sem esboçar qualquer reação, assim que retornou à mesa e me encontrou ali, em pé, esperando.
Como se tivesse vontade própria, senti meu corpo girar e começar a ir em direção à sala do sócio. Meu coração batia forte e acelerado e era extremamente difícil controlar o pequeno tremor em minhas mãos enquanto eu tocava na maçaneta dourada e gelada, forçando-a para baixo, fazendo a porta se mover levemente. Terminei de empurrar a porta e entrei na sala, podendo encarar Bardnan a uma curta distância, sentado à mesa em posição imponente.
A excitação deu lugar ao nervosismo rapidamente e tudo o que eu quis foi me sentar para poder evitar que minhas pernas falhassem e eu caísse em frente a um dos mais poderosos homens da companhia. Como se lesse a minha mente, o senhor Bardnan logo disse:
- Nem precisa se sentar, senhorita , o que preciso tratar com a senhorita será breve.
Engoli seco e respirei fundo, antes dele continuar.
- Como deve saber, a nossa atual VP de relacionamento com o cliente está para se aposentar e precisamos de alguém para assumir o cargo. – Assenti levemente, sentindo como se meu coração estivesse em minha garganta, batendo cada vez mais rápido. Era a minha hora. – Devido a isso, sinto muito, mas precisaremos dispensá-la. – Ele finalizou e eu me mantive sem reação, tentando assimilar o que acabara de ouvir, como se não fosse verdade.
- Me, me desculpe, mas... – Tentei falar algo, mas as palavras se misturavam em minha mente e boca.
O senhor Bardnan logo continuou:
- Nós optamos pela contratação de um VP externo, para isso, precisamos realizar alguns cortes. Sinto muito, senhorita . – Sinalizando que aquela reunião estava encerrada, Bardnan virou a cadeira, ficando de costas para mim, enquanto discava os números de uma ligação.
Ali, eu senti meu mundo desabar, só não sabia que seria apenas o começo.
Capítulo Único
Algo que nunca me disseram, ou eu nunca prestei atenção o suficiente para ouvir e recordar, é sobre o que fazer quando seu mundo todo desmorona. Quando tudo parece ruir e você já não sabe mais o que fazer para evitar, para se manter forte e firme em suas convicções e fé. Quando até a coisa mais certa e fixa em sua vida é retirada dela, você começa a se questionar se o problema é você, se o problema sempre foi você e você que nunca percebeu. Afinal, é extremamente difícil se manter positivo e firme, de frente às inúmeras peças que o destino nos prega.
Se a única pessoa a ser afetada pela mudança drástica em minha realidade fosse eu mesma, ok, eu iria tentar seguir em frente, mas não, dessa vez eu tinha mais alguém para me preocupar e zelar.
Olhei para dormindo tranquilamente ao meu lado na cama de casal antiga e senti aquela dor familiar se manifestar dentro de mim. Aquele vazio em meu peito, que parecia pesar uma tonelada e dificultava inclusive minha respiração, além de atrapalhar meu sono à noite, voltou a se manifestar, mais forte que ontem e menos que amanhã. Como era costume, me levantei da cama, tentando não fazer muito barulho para não acordar , e fui até a cozinha, abrindo a porta do armário superior e tateando as garrafas ali presentes, em busca de algum resquício de álcool, logo encontrando uma garrafa de whisky barato quase vazia.
Aqueles dois meses desempregada haviam me afetado de tal forma que eu quase não me reconhecia mais quando olhava no espelho. As olheiras profundas, o rosto magro e quase sem vida, juntamente com as roupas largas e gastas, contribuíam para que eu me assemelhasse cada vez mais a algum dependente químico. E eu percebia que me olhava diferente a cada manhã, como se em seus míseros quatro anos, soubesse o que eu estava me tornando e sentisse vergonha. Era desesperador olhar em seus olhos e ver que eu não conseguia mais ser a mãe que ele merecia, a mãe que conheceu e se orgulhava. Era um milagre eu ainda continuar de pé e ele parecia perceber isso, depositando um olhar pendendo entre esperança e pesar sobre mim, sempre que acordava e me via de olhos marejados e exalando álcool pela casa.
Às vezes, achava que ele fingia dormir somente para não ter que assistir a mãe se afundar cada dia mais na bebida, enquanto chorava desesperadamente sentada no chão, em um canto qualquer da cozinha, pensando no desastre que sua vida havia se tornado em tão pouco tempo e prevendo a hora que um agente do conselho tutelar iria aparecer à porta, para buscar a última “coisa” que ainda lhe restava, “coisa” esta que deveria ser seu bem mais precioso.
Em meio a goladas, repeti meu ritual noturno diário, sentindo minha respiração se tornar cada vez mais e mais difícil e escassa à medida que não conseguia perceber como consegui parar na situação que me encontrava hoje. Em meio a goladas, praguejei minha mãe por nunca ter me preparado para este momento, para quando a minha rotina já não existisse mais, assim como nada que até meses atrás era certo e meu salário e qualidade de vida, para quando tudo que tinha era uma grande dúvida de como sobreviver ao amanhã quando tudo que tinha era uma pensão mínima e dada raramente. As incertezas eram muitas e enlouquecedoras, me arrancando cada vontade de viver e de encarar os olhares de , sempre doce, gentil e sorridente. Por ele, eu tentava ser forte, tentava me manter de pé e firme em minhas convicções e fé, porque sabia que ele precisava. Por ele, eu tentava acordar amanhã, ainda que nada mudasse.
Cambaleando um pouco, me levantei e comecei a andar em direção ao banheiro. Porém, quando estava passando em frente à porta da sala, algo no chão chamou minha atenção.
A notificação de despejo demorou mais a chegar do que eu imaginei, mas o choque que eu imaginei que teria ao lê-la foi maior do que qualquer imaginação minha. Desocupação imediata, era somente isso que eu conseguia ler e assimilar de todo o texto. Porém, imaginava que também fosse o mais importante de tudo.
Nunca desejei tanto um milagre quanto desejava agora.
***
Não sabia quanto tempo passara quando resolvi me deitar. Eu já havia acabado com o restante do conteúdo de todas as minhas garrafas e chorado mais que o meu corpo conseguia suportar. Alguns singelos raios de luz solar pareciam ser visíveis pela janela do quarto, mas eu já não conseguia saber até que ponto aquilo era real.
Apaguei, exalando álcool e com os olhos vermelhos, pouco depois.
estava agitado ao meu lado, mais que de costume, tentando a todo custo me acordar e recebendo resmungos desconexos como resposta.
- Mamãe? – Ele chamou, me cutucando na lateral da barriga, e eu resmunguei qualquer coisa como resposta, me virando para voltar a dormir. – Mamãe, acorda – Ele me cutucou novamente, sem me fazer mudar de posição. – Mamãe, o celular está tocando. – Escutei ele falar, mas ignorei como se fosse fruto do meu estado sonolento. – Alô... Sim, é dela, é minha mãe... – Ouvi o que parecia a voz de , porém já não sabia mais se realmente era. – Mamãe, é de uma empresa, querem falar com você sobre emprego.
Emprego.
Emprego.
Emprego.
Levantei da cama em um salto e mais rapidamente ainda peguei o telefone da mão de .
- Senhorita ? – A voz feminina do outro lado da linha perguntou.
- Sim, é ela.
- Sou Jane, da Cooper Enterprises, Inc. Estamos em busca de uma VP de Relacionamento com o Cliente e gostaríamos de saber se possui interesse na vaga. É para início imediato em nosso escritório em Ohio.
- Sim! – Quase gritei, em meio ao choque e empolgação misturados, chamando a atenção de , que ainda parecia meio sonolento, deitado na cama com seu urso de pelúcia. – Perdão. Eu possuo, sim, interesse na vaga.
- Ótimo! – A mulher do outro lado pareceu sorrir, a julgar pela pequena distorção no tom de voz. – Vou informar ao sócio responsável pela área seu interesse e ele deve retornar o contato em breve, apenas para realização dos procedimentos finais, ele está ansioso por conhecê-la. Espero encontrá-la em breve, senhorita , tenha um bom dia.
- Igualmente.
Assim que a ligação foi encerrada, a minha ficha pareceu começar a cair.
Eu tinha uma proposta de emprego.
Eu ia voltar a trabalhar.
Não seríamos mais despejados.
Em meio ao choque, comecei a pular de alegria - com um sorriso enorme em meu rosto, que não parecia querer ir embora, fazendo com que me olhasse, confuso, antes de começar a pular também, apenas sendo contagiado pela minha felicidade repentina.
Quando parei, abri os braços e o chamei para um abraço apertado, como há muito não o dava. Ele pareceu confuso antes de vir em minha direção e pular em meu colo. Girei com pelo quarto, antes de parar e falar:
- A mamãe te ama muitão. Você sabe, não sabe? – Falei enquanto o apertava mais no abraço e depositava um beijo em cada bochecha e ele concordava com a cabeça, com um sorriso sapeca nos lábios e os olhos brilhando.
- Também te amo, mamãe. – Ele disse, antes de me dar um beijo estalado na bochecha. – A moça queria dizer algo bom, não é? – Concordei com a cabeça, voltando a beijar suas bochechas, agora beijando também sua testa. – As coisas vão melhorar de novo, mamãe?
- Com certeza, querido. Com certeza. – Afirmei, sentindo a dor em meu peito dar lugar à felicidade e ansiedade pelas coisas boas que pareciam estar voltando a surgir.
Whatever happens
Even when everything's down
I'ma stand tall
Se a única pessoa a ser afetada pela mudança drástica em minha realidade fosse eu mesma, ok, eu iria tentar seguir em frente, mas não, dessa vez eu tinha mais alguém para me preocupar e zelar.
Olhei para dormindo tranquilamente ao meu lado na cama de casal antiga e senti aquela dor familiar se manifestar dentro de mim. Aquele vazio em meu peito, que parecia pesar uma tonelada e dificultava inclusive minha respiração, além de atrapalhar meu sono à noite, voltou a se manifestar, mais forte que ontem e menos que amanhã. Como era costume, me levantei da cama, tentando não fazer muito barulho para não acordar , e fui até a cozinha, abrindo a porta do armário superior e tateando as garrafas ali presentes, em busca de algum resquício de álcool, logo encontrando uma garrafa de whisky barato quase vazia.
Aqueles dois meses desempregada haviam me afetado de tal forma que eu quase não me reconhecia mais quando olhava no espelho. As olheiras profundas, o rosto magro e quase sem vida, juntamente com as roupas largas e gastas, contribuíam para que eu me assemelhasse cada vez mais a algum dependente químico. E eu percebia que me olhava diferente a cada manhã, como se em seus míseros quatro anos, soubesse o que eu estava me tornando e sentisse vergonha. Era desesperador olhar em seus olhos e ver que eu não conseguia mais ser a mãe que ele merecia, a mãe que conheceu e se orgulhava. Era um milagre eu ainda continuar de pé e ele parecia perceber isso, depositando um olhar pendendo entre esperança e pesar sobre mim, sempre que acordava e me via de olhos marejados e exalando álcool pela casa.
Às vezes, achava que ele fingia dormir somente para não ter que assistir a mãe se afundar cada dia mais na bebida, enquanto chorava desesperadamente sentada no chão, em um canto qualquer da cozinha, pensando no desastre que sua vida havia se tornado em tão pouco tempo e prevendo a hora que um agente do conselho tutelar iria aparecer à porta, para buscar a última “coisa” que ainda lhe restava, “coisa” esta que deveria ser seu bem mais precioso.
Em meio a goladas, repeti meu ritual noturno diário, sentindo minha respiração se tornar cada vez mais e mais difícil e escassa à medida que não conseguia perceber como consegui parar na situação que me encontrava hoje. Em meio a goladas, praguejei minha mãe por nunca ter me preparado para este momento, para quando a minha rotina já não existisse mais, assim como nada que até meses atrás era certo e meu salário e qualidade de vida, para quando tudo que tinha era uma grande dúvida de como sobreviver ao amanhã quando tudo que tinha era uma pensão mínima e dada raramente. As incertezas eram muitas e enlouquecedoras, me arrancando cada vontade de viver e de encarar os olhares de , sempre doce, gentil e sorridente. Por ele, eu tentava ser forte, tentava me manter de pé e firme em minhas convicções e fé, porque sabia que ele precisava. Por ele, eu tentava acordar amanhã, ainda que nada mudasse.
Cambaleando um pouco, me levantei e comecei a andar em direção ao banheiro. Porém, quando estava passando em frente à porta da sala, algo no chão chamou minha atenção.
A notificação de despejo demorou mais a chegar do que eu imaginei, mas o choque que eu imaginei que teria ao lê-la foi maior do que qualquer imaginação minha. Desocupação imediata, era somente isso que eu conseguia ler e assimilar de todo o texto. Porém, imaginava que também fosse o mais importante de tudo.
Nunca desejei tanto um milagre quanto desejava agora.
Não sabia quanto tempo passara quando resolvi me deitar. Eu já havia acabado com o restante do conteúdo de todas as minhas garrafas e chorado mais que o meu corpo conseguia suportar. Alguns singelos raios de luz solar pareciam ser visíveis pela janela do quarto, mas eu já não conseguia saber até que ponto aquilo era real.
Apaguei, exalando álcool e com os olhos vermelhos, pouco depois.
estava agitado ao meu lado, mais que de costume, tentando a todo custo me acordar e recebendo resmungos desconexos como resposta.
- Mamãe? – Ele chamou, me cutucando na lateral da barriga, e eu resmunguei qualquer coisa como resposta, me virando para voltar a dormir. – Mamãe, acorda – Ele me cutucou novamente, sem me fazer mudar de posição. – Mamãe, o celular está tocando. – Escutei ele falar, mas ignorei como se fosse fruto do meu estado sonolento. – Alô... Sim, é dela, é minha mãe... – Ouvi o que parecia a voz de , porém já não sabia mais se realmente era. – Mamãe, é de uma empresa, querem falar com você sobre emprego.
Emprego.
Emprego.
Emprego.
Levantei da cama em um salto e mais rapidamente ainda peguei o telefone da mão de .
- Senhorita ? – A voz feminina do outro lado da linha perguntou.
- Sim, é ela.
- Sou Jane, da Cooper Enterprises, Inc. Estamos em busca de uma VP de Relacionamento com o Cliente e gostaríamos de saber se possui interesse na vaga. É para início imediato em nosso escritório em Ohio.
- Sim! – Quase gritei, em meio ao choque e empolgação misturados, chamando a atenção de , que ainda parecia meio sonolento, deitado na cama com seu urso de pelúcia. – Perdão. Eu possuo, sim, interesse na vaga.
- Ótimo! – A mulher do outro lado pareceu sorrir, a julgar pela pequena distorção no tom de voz. – Vou informar ao sócio responsável pela área seu interesse e ele deve retornar o contato em breve, apenas para realização dos procedimentos finais, ele está ansioso por conhecê-la. Espero encontrá-la em breve, senhorita , tenha um bom dia.
- Igualmente.
Assim que a ligação foi encerrada, a minha ficha pareceu começar a cair.
Eu tinha uma proposta de emprego.
Eu ia voltar a trabalhar.
Não seríamos mais despejados.
Em meio ao choque, comecei a pular de alegria - com um sorriso enorme em meu rosto, que não parecia querer ir embora, fazendo com que me olhasse, confuso, antes de começar a pular também, apenas sendo contagiado pela minha felicidade repentina.
Quando parei, abri os braços e o chamei para um abraço apertado, como há muito não o dava. Ele pareceu confuso antes de vir em minha direção e pular em meu colo. Girei com pelo quarto, antes de parar e falar:
- A mamãe te ama muitão. Você sabe, não sabe? – Falei enquanto o apertava mais no abraço e depositava um beijo em cada bochecha e ele concordava com a cabeça, com um sorriso sapeca nos lábios e os olhos brilhando.
- Também te amo, mamãe. – Ele disse, antes de me dar um beijo estalado na bochecha. – A moça queria dizer algo bom, não é? – Concordei com a cabeça, voltando a beijar suas bochechas, agora beijando também sua testa. – As coisas vão melhorar de novo, mamãe?
- Com certeza, querido. Com certeza. – Afirmei, sentindo a dor em meu peito dar lugar à felicidade e ansiedade pelas coisas boas que pareciam estar voltando a surgir.
Whatever happens
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Fim!
Nota da autora: Se eu dissesse que fiquei morrendo de inseguranças com esse enredo, acreditariam em mim?
Não sei porque, mas o fato de não ter um personagem principal para formar um casal me deixou um tanto insegura com a história.
Enfim... espero que tenham gostado. <3
Caixinha de comentários: A caixinha de comentários pode não estar aparecendo para vocês, pois o Disqus está instável ultimamente. Caso queira deixar um comentário, é só clicar AQUI
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Nota da beta: Essa letra com certeza não precisa de um clássico casal, ela é simplesmente sobre isso que você fez, ser forte! E essa pp se afundou, mas ver a felicidade dela em sentir que as coisas irão melhorar foi de arrepiar! E eu amei essa criança, sério, ainda bem que ele atendeu esse telefone hahahaha Maravilhosa, sério! 💙
Qualquer erro nessa atualização ou reclamações somente no e-mail.
Não sei porque, mas o fato de não ter um personagem principal para formar um casal me deixou um tanto insegura com a história.
Enfim... espero que tenham gostado. <3
Caixinha de comentários: A caixinha de comentários pode não estar aparecendo para vocês, pois o Disqus está instável ultimamente. Caso queira deixar um comentário, é só clicar AQUI
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Nota da beta: Essa letra com certeza não precisa de um clássico casal, ela é simplesmente sobre isso que você fez, ser forte! E essa pp se afundou, mas ver a felicidade dela em sentir que as coisas irão melhorar foi de arrepiar! E eu amei essa criança, sério, ainda bem que ele atendeu esse telefone hahahaha Maravilhosa, sério! 💙