Fanfic finalizada

Prólogo

CRIME SCENE - DO NOT CROSS!

Palavras que podem gerar duas sensações: medo e curiosidade.
Naquela noite todos ali presentes sentiam curiosidade em saber o que havia acontecido. Marvelin Avenue, a avenida mais conhecida por suas inúmeras lojas de artigos infantis, como ursos de pelúcia, teve duas de suas lojas mais conhecidas incendiadas.
Policiais e bombeiros conversavam sobre o que poderia ter causado tudo aquilo. Nunca naquele lugar houve sequer um caso que precisasse tomar medidas tão drásticas assim. Conhecida por ser uma vizinhança de extrema calmaria, agora todos ficariam com o pé atrás sobre o que poderia acontecer depois desse incêndio misterioso.
Um corpo foi encontrado em meio às cinzas, mas com o tanto de queimaduras era difícil de identificar quem era. Alguns vizinhos alegavam terem visto uma mulher correndo por lá, atordoada, desolada e confusa. Mas outros também alegavam que poderia ser um homem, que se lembram de terem visto uma silhueta masculina sobre as luzes fracas do local.
Diante de tantos depoimentos era difícil saber quem estava falando a verdade e mais difícil ainda seria para o dono do local reerguer todo seu império infantil novamente.
Quem em sã consciência faria uma coisa dessas?
Por qual motivo?
Havia algum desejo por trás daquilo? Vingança?
Só restava uma coisa... Procurar saber e entender o porquê de tudo aquilo ter acontecido.


Capítulo Único

O quarto que era totalmente dedicado para a garota estava completamente virado de cabeça para baixo. Sua cama se encontrava no meio do caminho, suas roupas espalhadas pelo chão, os lençóis da cama estavam totalmente embolados e os travesseiros arremessados em outro canto do local. No lençol da cama era possível ver alguns resquícios de sangue. Estava uma cena digna de um filme de terror, mas algo além de tudo aquilo chamou atenção em : havia um pequeno caderninho de anotações ao lado de um urso de pelúcia. Como estava escrito na ficha da paciente, Melanie nunca havia deixado seu urso de lado desde que foi diagnosticada com esquizofrenia. Ela sempre achou que ele o faria companhia para o resto de sua vida, mas não era o que parecia.
A garota parecia estar realmente com raiva. Mas qual seria o motivo daquilo tudo? O urso, que agora estava rasgado, se encontrava sem cabeça e jogado no chão ao lado de sua cama com espumas ao seu redor. , curiosa com toda aquela situação, decidiu que leria o pequeno caderno deixado pela garota, afinal, aquilo poderia ajudar a resgatá-la de alguma maneira.
Com os dedos finos, começou a folhear o caderno, vendo que em algumas folhas havia alguns desenhos felizes, tais como casais rodeados de corações, algo típico de uma pessoa apaixonada, até que se deparou com alguns desabafos deixados pela garota desaparecida.

28 de abril de 1995
Querido diário,

Tedd e eu nos damos muito bem. Fazia tempo que eu não me sentia tão amada igual estou me sentindo agora. Nosso relacionamento com o tempo só foi se tornando mais e mais gratificante para mim. Acho que eu nunca encontraria uma pessoa tão atenciosa e linda como ele. Desde que eu me entendo por gente, pude perceber que o significado do amor é totalmente diferente do que eu pensava, e é inexplicável. Mamãe e papai dizem que ele não é bom para mim. Não aceitam que eu estou feliz com alguém que eu conheço há muito tempo e por isso, vivem tentando tirar ele de mim, mas eu não deixo.

Às vezes Tedd sai do controle quando estamos juntos ou até mesmo quando brigamos. Em certa briga, Tedd me pegou pelo braço com força e me jogou contra a parede. Isso fez com que eu me machucasse um pouco e ficasse com o braço roxo, mas não tem problemas. Ele se desculpou comigo e disse que estava nervoso e eu acredito nele. É normal todos nós ficarmos nervosos e cometermos um erro de vez em quando, certo? Eu confio nele mais do que tudo e sei que ele não me faria mal algum, mas mamãe diz que tenho que ficar de olho nele. Talvez esteja acontecendo algo com ele. Eu deveria perguntá-lo, certo? Não posso deixar que ele passe por algo ruim sozinho.

Com amor, Melanie.



franziu o cenho intrigada com o que lia. Será que ela estava tendo um relacionamento com alguma pessoa dentro do local onde trabalhava e nunca percebera? Ou poderia ser algo de sua imaginação? Folheou novamente mais algumas folhas até encontrar outra carta.

05 de maio de 1995
Querido diário,

Tentei conversar com Tedd sobre o que estava acontecendo com ele, mas segundo o mesmo, nada estava acontecendo. Achei estranho tudo aquilo, já que seu comportamento estava muito diferente de quando nos conhecemos. Eu deveria me sentir ameaçada por ele estar escondendo alguma coisa de mim? Ou eu deveria aceitar que ele não quer me contar o que se passa? Talvez não tenha nada de fato e eu que esteja alucinando sobre ele. Hoje Tedd voltará do trabalho mais cedo e quero fazer uma surpresa para ele.

Preparei o prato que ele mais adora: lasanha. Fiz questão de fazer da maneira como ele gosta: com bastante queijo. Tratei até de comprar uma garrafa de vinho para que passássemos a noite, aproveitando e desfrutando da companhia de cada um. Nós bebemos bastante, mas Tedd conseguiu beber mais do que eu. Acho que ele estava angustiado com alguma coisa. Na hora de dormir, esperei que ele caísse no sono para poder ficar o observando enquanto dormia. Ele parecia um anjo e eu me achava a pessoa mais sortuda do mundo por ter ele como namorado, mas algo me incomodou.

Tedd começou a falar enquanto dormia. É normal isso acontecer depois que se bebe muito? Algumas palavras não davam para entender, mas outras, sim. Ele repetia ''matar'' ''dormindo'' ''faca'' várias vezes. Será que ele queria matar quem? Eu? Alguém que estava infernizando sua vida? Até que ele disse meu nome em uma frase. Disse que ma mataria com uma faca enquanto eu dormia. Eu gelei completamente. Ele queria me matar. O que eu fiz de errado? Estou com medo. Muito medo.

Com amor, Melanie.


- Ok, isso já está começando a ficar estranho. – Murmurou para si mesma, encostando-se em uma das paredes do local, intrigada com tudo aquilo, continuou a ler em busca de mais respostas sobre o que aconteceu.

09 de maio de 1995
Querido diário,

Hoje tirei o dia para ficar por conta da faxina de casa. Comprei algumas coisas novas pela internet que deixaram os ambientes mais lindos e mais vivos. Meu quarto e do Tedd estava uma completa bagunça. Havia poeira para todos os lados e como sou alérgica, tive que limpar o mais rápido possível. Comprei um quadro muito bonito com uma paisagem cheia de animais. Eu gosto de animais, sabe? Eles são muito fofinhos, mas também às vezes são bastante violentos. Às vezes isso me lembra Tedd.

Da mesma forma que ele é fofo comigo em certos momentos, em outros ele chega a ser violento. Até quando fazemos amor. Fazer amor com ele já não é a mesma coisa de antes. Agora ele passa a ser bruto e às vezes me machuca. Mas eu não ligo, só quero que ele fique bem.

Também comprei um jogo de cama de casal muito bonito. Algo que era a nossa cara e decidi que era à hora de colocar, mas achei uma coisa estranha do lado da cama de Tedd. Havia várias fotos minhas rasgadas e manchadas com alguma coisa vermelha. Sangue? Tinta? Não sei ao certo, pois já estava seco e eu não consegui decifrar. Junto dessas fotos havia um conjunto de facas. Eram afiadas e brilhantes, como se nunca tivessem sido usadas antes.

Ele dormia com aquilo em baixo da cabeça?
Aquilo não o machucava?
Ele mencionou enquanto dormia que desejava me matar com uma faca, será que estavam ali para isso?
O que eu devo fazer agora? Eu quero minha mãe...

Com amor, Melanie.
PS: eu estou desesperada.



Era como se alguma coisa tivesse sugado todo ar de . Seus olhos arregalados com o que estava escrito nas páginas que encontrava no caderno martelavam em sua cabeça como um pedido de ajuda. Ela estava sofrendo, mas ninguém entendia o que ela passava naquele momento. trabalhava naquele lugar há bastante tempo e já havia presenciado pacientes em situações ruins, mas não desse tipo. A garota que lia negou com a cabeça e respirou fundo, pronta para que pudesse ler a outra carta que estava por vir.

13 de maio de 1995
Querido diário,

Há alguns dias venho me perguntando como as coisas mudaram de repente entre eu e Tedd. Acho que ele não gosta mais de mim como antigamente... Ele mudou comigo de uma forma que eu não consigo explicar direito. Nossas brigas foram se tornando mais constantes, mas não era algo que eu queria. Eu evito o máximo não dizer algo que gere alguma discussão, mas é inevitável. Eu não durmo direito com medo dele fazer algo comigo... No trabalho, várias pessoas ficam me perguntando o que há de errado comigo que eu sempre apareço com algum roxo no corpo e eu tenho que mentir. Se eu contar a eles que Tedd anda violento vão querer denunciá-lo e eu tenho medo do que ele pode fazer comigo.

Você era confortante e quietinho, como o amor se tornou tão violento?

Sinto falta do namorado que eu tinha há um tempo. Sinto falta de como as coisas eram calmas antes de mudarem da água para o vinho. Quero pedir ajuda, mas ao mesmo tempo não quero. Acho que consigo lidar com isso sozinha, mas e se eu não conseguir? Será que eu ainda tenho esperanças de tê-lo de volta para mim? Pode ser somente uma fase e logo tudo estará bem novamente. Bom, pelo menos é o que eu espero

Com amor, Melanie.



Parecia que havia levado um soco em seu estômago com o que lia. Cada palavra, cada frase, cada desabafo só mostrava como a situação que Melanie se encontrava era ruim demais para ela. Não pelo fato dela estar passando tudo aquilo da forma como achava, mas por ela estar sendo enganada por conta de suas próprias alucinações. Sua própria cabeça.
- Eu preciso mostrar isso para alguém. – negou com a cabeça e olhou para trás para ver se algum policial ou funcionário passava, mas todos estavam ocupados ainda com a identidade da garota.
sabia que era errado o que estava fazendo naquele momento, mas precisava saber como tudo aquilo acabava. Passou os dedos novamente pelas folhas e encontrou mais outra carta, se preparando para lê-la.

18 de maio de 1995
Querido diário,

Nosso relacionamento chegou ao fim. Eu não queria que isso tivesse acontecido, mas foi preciso. Aquilo estava me tomando de uma maneira inexplicável. Eu estava no meu limite. Mamãe brigou várias vezes comigo dizendo que eu estava sendo burra continuando com ele, permanecendo no mesmo erro. E isso doeu. Doeu mais do que todas as vezes que eu sofri calada por surtos de Tedd. Doeu mais do que quando eu tinha que levar pontos em um corte que eu fiz no braço ou ainda mais de quando eu quebrei o pé enquanto brincava com meus amigos. Por que a infelicidade dói tanto assim? Em poucos dias tudo estava lindo e acabou se tornando uma desgraça. Eu me desfiz de tudo o que me lembrava ele. Fotografias, roupas, livros... Eu queria distância. Quer dizer, eu precisava de distância. Tudo estava me fazendo mal, porém se fosse por mim, eu continuaria a passar por tudo aquilo apenas para tê-lo ainda ao meu lado...

A noite está muito fria e estou sentada ao lado da lareira que tenho em minha sala enquanto leio um livro qualquer de minha estante e tomo um chocolate bem quente. Você já se sentiu como se estivesse sendo observado? Como se todos os seus movimentos fossem calculados por uma pessoa que você não consegue ver? Estou me sentindo assim. Eu estou com medo, medo pra caralho. Eu gostaria muito de sair de casa agora, mas tenho medo de alguém acabar me pegando na saída. E se me matarem? E se fizerem algo comigo? Para onde eu iria? Eu só queria que tudo fosse um sonho meu.

De fato, toda a situação que Melanie estava passando era completamente assustadora. Estava sendo traída por sua própria cabeça e não poderia fazer nada em relação àquilo. encarou os lençóis sujos de sangue sobre sua cama e deduziu que aquele sangue poderia ser de Melanie, decorrente de seus surtos, chegando a machucar a si própria achando que era seu namorado inexistente.
Agora só restava mais uma página, o resto estavam todas em branco. O que poderia esperar do desfecho daquilo? Será que seria algo feliz? Ou não? Por conta da situação desde a primeira carta até a penúltima, talvez não fosse... Só restava a ela ler o último desabafo para saber.

23 de maio de 1995
Querido diário,

Ele está aqui. Eu posso sentir. Estou escondida dentro do guarda-roupa e estou rezando para que ele não me encontre por aqui. Ele está com uma faca em sua mão. Uma faca bem grande e bastante afiada. Acho que ele vai me matar, mas eu não quero morrer. Oh, céus. Eu sou muito nova para morrer. Eu sempre pensei que minha vida seria linda como nos filmes de romance. Achei que eu iria casar numa praia num lindo dia, ter uma lua de mel incrível e três filhos. Duas meninas e um menino. Teríamos uma casa na praia e um cachorro. Um não, talvez dois ou mais. O que eu fiz de errado para ter uma vida tão ruim desse jeito? Será que quando eu nasci estava escrito nas estrelas que minha vida se tornaria um completo fracasso? Talvez sim.

Tedd está gritando. Eu estou tão despreparada, eu estou assustada pra caralho. Ele quer que eu apareça e mostre a vadia que eu sempre fui. Quer me mostrar uma brincadeira, mas não acho que seja uma brincadeira sadia. Eu... Vou sair. Mas quero que saiba que tudo o que eu fizer não será em vão. Se alguém pegar esse diário, saiba que eu por muito tempo não soube o que é ter coragem, mas agora eu estou sentindo que é a minha hora de mostrar que não tenho nada a perder. Por favor, cuide muito bem desse diário e não lamente se alguma coisa acontecer comigo. Saiba que no fundo este era o meu destino e eu apenas o aceitei.

Diga a papai que eu o amo e que sempre vou amá-lo.
Diga à mamãe que ela sempre será minha rainha. Meu espelho para toda eternidade.

A minha família só tenho que agradecer por tudo o que passamos juntos, mas chegou minha hora. A hora para todos vai chegar um dia, mas saibam que fiz de tudo o que gostaria de fazer na vida e não me arrependo.
Amo cada um de vocês.

Com amor, Melanie.



Com a boca semiaberta, fechou o diário imediatamente e encarou todas as coisas reviradas no quarto e chegou a uma conclusão: talvez fosse tarde demais. Com o pequeno caderno em mão, saiu correndo do quarto onde estava na esperança de encontrar um policial ou alguém que poderia contar tudo o que havia acontecido, mas de fato, era tarde demais para que soubessem de tudo.
Com os olhos vidrados na pequena televisão que havia na parede do estabelecimento, sentiu um aperto em seu coração com a notícia alta que vinha do aparelho.
‘’Polícia confirma que o corpo encontrado na cena do crime é realmente o da mulher que causou em incêndio em lojas de brinquedos na cidade.’’

‘’Melanie Martinez foi dada como desaparecida desde a noite do dia 25 de maio. Foi confirmada nesta sexta-feira, dia 26, a morte de Melanie Adele Martinez em Nova Iorque, durante o incêndio da última quarta-feira (25).
A informação é da advogada da família Hudson, Cristina McQueen, contatada pela nossa emissora. "Pedimos neste momento que os microfones e as câmeras de televisão sejam desligados para esta notícia e que a dor da família seja respeitada", declarou a advogada. Melanie, de 25 anos, era fotógrafa da região onde morava quando mais nova antes de ser diagnosticada com esquizofrenia.’’


Algumas lágrimas caíram rapidamente pelo rosto de , que as enxugou num piscar de olhos para que ninguém percebesse. A passos lentos, caminhou até um dos policiais que acabara de chegar ali e o entregou, contando tudo o que estava escrito ali e o quanto aquilo ajudaria a fechar o caso da garota desaparecida. Feito isso, se virou e voltou a andar de volta para onde sempre ficava trabalhando, tentando não sucumbir às emoções do que havia acontecido, já que estava sendo paga para isso.
Naquele momento, tudo o que ela queria era que toda aquela história fosse apenas um sonho, mas não se pode mudar o destino de ninguém...
Mesmo que ele seja cruel demais.




Fim



Nota da autora: Sem nota.



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