Última atualização: 20/11/2015

Capítulo Único

I can feel you watching
Even when you're nowhere to be seen
I can feel you touching
Even when you're far away from me



Espremia-se contra a grade, em uma tentativa de aproximar-se daquele que cantava no palco. Sabia que o poderia encontrar em tantos outros lugares, mas preferia estar ali, sendo envolvida por cada batida que ele emitia. Parte de seu corpo almejava invadir a pequena elevação onde os instrumentos se encontravam nas mãos de seus respectivos donos, mas o pouco bom senso que possuía evitava que o fizesse.
Já tinha em sua mente as cenas seguintes planejadas. Faria de tudo para chamar a atenção do baixista, afinal, se um dia ele se encantou por ela, não seria muito difícil se render novamente.
O pub estava lotado. Os meninos faziam sucesso há algum tempo, mesmo nunca conseguindo decidir o nome da banda e variando isso a cada apresentação, todos da região os conheciam muito bem, devido a eficiente divulgação e ao carisma deles. Talvez, o rosto juvenil e os colegas de universidade ajudassem bastante com isso.
Aquele que tocava a bateria, tinha os fios castanhos, bagunçados de uma maneira tão natural, que não parecia ficar horas em frente ao espelho, procurando por sua perfeição. . . Alguém que, mesmo exposto ao fundo do palco, chamava tanta - ou ainda mais - atenção quanto os outros. Podia arrancar suspiros apenas balançando sua cabeça no ritmo da música, enquanto mordia os lábios concentrado. Os outros meninos eram estonteantes, mas nada se comparava aquele. Não para ela, pelo menos.
Em um lapso, permitiu-se abrir os olhos e admirar a menina que estava na primeira fileira. Arrependeu-se logo em seguida. Perdeu a concentração. Sabia que ela estaria ali. Ela sempre estava no mesmo lugar que ele. Era uma espécie de perseguição. Podia acreditar que estava - como todas as outras - apenas apreciando o show, mas o cartaz em suas mãos o provava o contrário.
Afastou seus pensamentos como pode, inserido nas batidas fortes e rítmicas que não poderia errar.
Algum tempo passou, eles tocaram algumas músicas que as meninas enlouquecidas amavam, algumas melodias sacanas que tinham muito mais a cara deles.
Conforme a apresentação chegava ao fim e os aplausos ecoava por dentre o acústico, sentia seu coração disparar. Nunca imaginou que poderia ser tão bom ser músico. Vivia com seus amigos, batucando pelos móveis, carros e todos os outros cantos em que alguma melodia percorriam sua mente. Além disso, podia conquistar mulheres sem nenhuma dificuldade. A vibração de ter tantas pessoas reconhecendo o seu som era tão nova e deliciosa como perder a virgindade. Era uma boa comparação em sua mente.
Saíram após despedirem-se e seguiram pelo corredor escuro até o camarim. Precisariam de um tempo para se reorganizar, guardar os instrumentos e então poderiam voltar para a festa. E após algumas doses de álcool, muitos xavecos e algumas canções sussurradas à ponta do ouvido, teriam uma bela noite, acompanhados de jovens lindíssimas. Era sempre assim.
apenas guardou as baquetas em sua caixinha especial. Enquanto os amigos distribuíam seus instrumentos pelo carro ao lado de fora, decidiu beber um pouco. Abriu o frigobar e encontrou uma cerveja; não era sua favorita, mas teria que servir. Jogou-se na poltrona grande e marrom, levando-a a boca.
Três batidas na porta. E um entre nada sútil do garoto, como era de costume. A porta se moveu lentamente. Dela surgiu aos poucos a figura de curvas suntuosas, sorriso meigo e mel incomodo. Já não tão são, pensou que poderia passar várias noites, tendo o prazer de contemplar o corpo desnudo da garota. Mas não era assim tão simples com ela. – era esse o nome dela – poderia ser linda e fazê-lo homem como muitas não conseguiam, mas se apaixonava com facilidade.
Mas não era isso que temia. Uma mulher apaixonada por ele. Mas acima de tudo, sabia que era do tipo de garota insistente, que bateria os pés e iria atrás dele no inferno se fosse necessário para tê-lo para ela. Era melhor que isso não acontecesse. Fugir de relações. Ter isso em mente seria importante.
bateu a porta atrás de seu corpo, girando a chave algumas vezes, em seguida conferiu se estava bem fechada.
- Ei, o que você pensa que está fazendo? – gritou por erguendo seu corpo para checar.
- Vim te fazer feliz, meu amor! – Levantou a garrafa de vinho que estava em suas mãos.
O roupão rosa que cobria sua lingerie foi aberto aos poucos. Expondo partes de carne que fariam em poucos minutos a estrutura de render-se a ela. Era melhor que fosse forte. Levantou-se em um impulso e girou a chave, desfazendo o ato de .
- Você é louca! – Exclamou um tom acima do necessário. – Pode saindo daqui!
Ela riu doce.
- Já fez isso antes, . – Sussurrou sexy. – Não será tão difícil para você fazer isso de novo.
Em um rosnado, agarrou os pulsos da garota e a jogou contra a parede. Sendo pressionada apenas pelo corpo do rapaz e seu amiguinho inconveniente, que fazia questão de excitar-se naquela presença.
- Garota, você não entende que eu não gosto de você? Que eu não quero nada com você?
- Mas , tenho certeza que gostou tanto daquela noite quanto eu. Me disse coisas lindas! – Sorriu sincera.
- Aquela noite. – repetiu mais para si mesmo do que para ela – Aquela noite foi um erro, . Um erro que eu não irei repetir.
- Tem algum problema comigo, ? – Perguntou segurando o choro.
Riu incrédulo.
- Se tem algum problema com você, ? Todos. Todos os problemas. Eu comi você muito bem, mas isso não quer dizer que...
- Que eu seja boa o suficiente? – Saiu como um gemido dentre as lágrimas que já percorriam o rosto da menina.
- Ainda bem que me entende. – Afastou-se.
caminhou em direção a porta. Então girou para encará-lo. Esperava que dissesse uma frase de efeito antes de sair, como todas as mulheres fazem.
- Lembra meu nome. Se não tivesse sido bom, não lembraria. – Sorriu vitoriosa.
levou a mão a testa, dando socos leves na região, pensando em quanto uma pessoa poderia se humilhar.
- Eu lembro o seu nome, porque se pudesse, bloquearia você em todas as redes sociais. Decorei seu nome para poder proibir sua entrada em todos os lugares. – soltou um suspiro – Por que faz tudo tão difícil? Podia ser só sexo, mas você faz questão de ser alguém tão insuportável, que meu corpo consegue recusar isso.
Dito isso empurrou a garota pela fresta aberta, colocando seu blazer sobre o corpo seminu dela, apenas para não ser acusado de assédio. E se fechou ali. Escutou-a desabar em seus soluços, fazendo com que seus olhos rolassem. Não era como se não tivesse coração e fosse capaz de maltratar qualquer uma. Era que o tirava do sério. Não sabia como, mas tinha uma capacidade incrível de interpretar erroneamente a frase “É só sexo” ou o clássico “A gente transa e você some! ”, mas o que mais o irritava era que ele acaba cedendo. A tratava bem no ato e em seguida, tinha de fugir.
Não era do tipo de cara que pegava a menina só uma vez. Não se importava com o número de vezes que se aproveitava delas. O problema era quando se apaixonavam, sempre acabava tendo que quebrar seus corações e ganhava uma repercussão que dava a ele fama de destruidor por mais um tempo.
Era acostumado a conquistar corações. Poderia expor uma coleção de mulheres apaixonadas e odiava ter que as desiludir, afinal mulheres apaixonadas, fazem loucuras. Todavia, sempre fazia isso para o bem delas. Não era por falta de experiência com as palavras de término. Era pela incapacidade que possuía para entender sua insatisfação em relação a suas crises de ciúmes, suas investidas inconvenientes, que o irritavam de tal modo, que o fazia agir como o pior dos cafajestes.
As lágrimas escorriam livres pelas maçãs do rosto da garota que ao mesmo tempo deslizava o dorso de suas costas pela porta, levando alguns goles da garrafa de vinho a boca. Não era como se acabara de sofrer uma grande desilusão amorosa. Era algo mais próximo da rejeição. E acreditem, a rejeição pode fazer doer como quase nada foi capaz de fazer.
Em pouco tempo o líquido daquela garrafa preenchia o corpo de , sua sanidade tirava o mundo de foco e tornava o sentimento ainda mais infame. Apenas colocou-se de pé para seguir um rumo qualquer quando os amigos de acompanhados de seguranças a tomaram nos braços e a expulsaram dali.
Podia ter ficado encostada na porta dos fundos, onde a deixaram e continuar com seus soluços. Talvez, fosse mais inteligente do que andar pelas ruas apenas com um blazer sobre os ombros, mas não passou por sua mente o perigo que corria.
O álcool presente em seu sangue tornava todas as ruas iguais, as placas ilegíveis, as retas curvas e as curvas ainda mais sinuosas. Seria difícil achar o caminho para casa naquele estado.
Passava por uma rua escura, vários moradores de rua a analisavam generosamente em suas passadas. Por incrível que pareça, ela sequer tinha ideia disso. Foi quando uma mão alcançou seu punho. Como em um choque de realidade, seu coração disparou e os segundos em que ela virava a cabeça para analisar o que interrompera seu percurso, seguiram em câmera lenta.
Era uma senhora.
Graças a Deus era só uma senhora. Seu rosto desfoque aos olhos de tornava-se ainda mais sombrio na penumbra criada pelo manto que caía desde os fios grisalhos até os pés. Não conseguia ver detalhes, era como uma miragem que a assustava consideravelmente.
- Por que choras? – Perguntou.
Sempre ouviu conselhos que alertavam “Não converse com estranhos! ”, mas durante aquela noite, era a melhor opção. A única opção. Era a única chance que tinha de desabafar e manter ela e sua dignidade intactas.
Após soltar um longo suspiro e engolir algumas lágrimas como podia:
- Tem um cara.
- Eles sempre são o problema. – Prestou suas condolências.
Esboçou um sorriso e prosseguiu:
- Ele é baterista de uma banda, a “” e estuda em minha universidade desde... Sempre. O fato é que há alguns meses, fui a um show deles sem muitas expectativas, apenas para me divertir com minhas amigas. Quando eu cheguei lá, ele tocou para mim. Tocou em mim. E eu cedi. Cedi como nunca antes. Deixei-o deslizar suas mãos por toda a extensão de meu corpo durante o beijo. E então me entreguei a ele. Ah, ouvi palavras lindas, mas quando acordei na manhã seguinte... Ele não estava mais lá.
A mulher riu, como se apenas tivesse a constatação de uma obviedade.
- O fato é que isso se repetiu várias e várias vezes. Eu me vi, tão apaixonada como alguém poderia estar. Nós tínhamos um relacionamento, sabe? – A senhora assentiu. – Então um dia o encontrei aos beijos com outra mulher. Dei umas boas bofetadas na cara dela. E então, recebi um tapa estalado bem no meio da cara. Mas não tinha sido a vadia que se escondia atrás dele e sim, o cara pelo qual eu me apaixonei. – Mais um suspiro. – Apesar de tudo isso. Eu sei que ele vai ser meu. Ele gosta de mim, só não está pronto para admitir isso. Está escrito nas estrelas.
- O que te faz pensar que ele gosta de você? – Perguntou.
listou em sua cabeça todos os motivos que encontrou nos últimos meses. Os avaliava sabendo que nenhum deles seria suficiente, mas a conjuntura era o que a fazia enamorada.
- As palavras que ele me disse. As promessas que me fez. O jeito como em meio à multidão ele sempre encontra meus olhos. Seus olhares cúmplices dirigidos a mim. O jeito simpático que me trata quando está sobreo. Sua preocupação em não me deixar sair nua pelas ruas... Posso ter certeza que ele me ama.
A mulher riu. Riu como qualquer pessoa em sã consciência faria. Mas não se abalou. Já estava acostumada com aquele tipo de reação, apenas deu de ombros, preparada para seguir seu caminho.
Após examinar cada linha da mão da garota, abriu um sorriso leve, diferente do cômico que habitava sua expressão segundos atrás. O casal precisava de um empurrãozinho.
- Esse, por acaso, seria o casaco dele? – A senhora perguntou.
- Seria, sim. – assentiu levantando o blazer como uma confirmação.
- Posso ficar com isso? – A senhora perguntou. – Sei como fazer ele se apaixonar por você. – Completou sorridente.
Obviamente já tinha visto isso em filmes. Uma senhora, que a lembrava – no atual momento – a madrasta da branca de neve, quando disfarçada de velhinha. A fazendo uma pergunta daquelas. E provavelmente em seguida, desapareceria com o blazer do qual ela não teria mais notícias. E então, se encheria de esperança em relação ao seu relacionamento com . Mas nada teria mudado. Absolutamente nada.
Mas é óbvio que com a velocidade que o cérebro dela processava as coisas àquela hora da noite, com o teor alcoólico que percorria sua corrente sanguínea, não pensou em nada disso. Apenas sentiu um frio incomodo na barriga e assentiu. Encontrando na mulher, uma esperança.
- É algum tipo de macumba? – Perguntou, para ver a velhinha rir de uma maneira que a causou calafrios.
- Não chame assim, menina.
- Como devo chamar?
- Um destino forçado. Ou magia. Magia é uma boa definição. – Completou. – Preciso que me fale o seu nome e o dele.
permaneceu atônita. Apenas tentando processar as informações. Foi no estalar de dedos da mulher que saiu de seu transe.
- . e . – Sorriu por fim.
Com o casaco já em mãos, a mulher desapareceu pelas sombras da cidade, deixando no ar uma única mensagem. Não era “Trarei o seu amado em 30 dias” ou algo do gênero, era apenas uma frase, tão vaga quanto a sanidade da menina: “Não se esqueça, que as consequências são reflexos de seus atos”, mas essas palavras, diferente da mulher – que simplesmente evaporou -, perduraram na mente de . Inclusive em sua sanidade.

...


I don't even like you
Why'd you want to go and make me feel this way?
And I don't understand what's happened
I keep saying things I never say


A luz incidiava sobre o rosto dormente de , sua cabeça latejava de uma maneira que poderia ser considerada uma bateria, onde o homem conduzia baquetas de aço sem nenhum pudor. Seus olhos ainda pesavam, por isso a dificuldade em mantê-los abertos. O contato com a luz os fez arder por algum tempo, mas assim que se recuperou, olhou para o relógio ao seu lado.
Estava atrasada. Como sempre.
Mas por algum motivo estranho, sabia que dessa vez a sensação de ter dormido pouco era válida. Não fazia ideia de como foi parar em seu quarto e nem queria imaginar o estado em que chegara em casa na noite anterior.
E por um motivo desconhecido uma frase ainda ecoava em sua mente.
“Não se esqueça, que as consequências são reflexos de seus atos”.
Afastou-se como pode, encharcou as mãos que se fechavam em uma concha, para depois molhar cada detalhe de seu rosto. Já desperta, seguiu em direção a cozinha, onde após mexer em algumas gavetas, encontrou as pílulas necessárias para aliviar a pulsação que fazia sua cabeça latejar.
Passou uma maquiagem leve na pele. E, normalmente, somente isso já seria o suficiente para ir à universidade, mas naquela manhã em especial, algo a dizia para ir um pouco mais ajeitada. Costumava ouvir seu sexto sentido em dias como esse e geralmente acabava tendo que tirar alguma foto, ou encontrando algum ex-namorado. Então aproveitou para alongar seus cílios com o rímel negro e colorindo seus lábios em um tom de roxo aveludado.
Os cabelos foram desembaraçados com a escova. E em pouco tempo já caíam por suas costas. Apreciou-se no espelho por algum tempo. Contente com o resultado, andou em direção a seu armário e borrifou seu perfume por seu pescoço. Vaidade. Essa com certeza era uma das características para descrevê-la.
Em pouco tempo já estava com os pés na universidade, o vento soprava leve contra seu rosto, fazendo seus fios esvoaçarem. Os passos firmes com rumo certo, atraíram olhares não usais, mas foi o olhar dele que a surpreendeu. entortou o pescoço para admirá-la passar. Não era como se não fosse bonita o suficiente para atrair olhares, a diferença era que aquele que ela queria nunca estava direcionado a ela. Porém, naquela manhã, ele a seguia com os olhos em uma admiração.
sorriu e acenou, sendo retribuída logo em seguida. Andou em direção a sua sala, sem se aproximar muito, sabendo que teria tempo para investidas mais tarde. Jogou suas coisas na carteira de sempre, uma posição estratégica para admirar as nádegas do professor de matemática e poder ter uma visão completa de que se sentava na fileira oposta.
Em mais uma reviravolta, não pode manter seus olhos fixos no baterista. Então tratou de se concentrar nos glúteos do professor – gostoso – de matemática. Era uma questão de honra não olhar enquanto o garoto a analisava. Todavia, ele não a deu sequer uma brecha. Passou o tempo inteiro vidrado em cada movimento que ela fazia.
Uma bolinha de papel amassado aterrissou estrategicamente sobre a mesa dela. Ao olhar para os lados se deparou com o sorriso escancarado de , e soube que a mensagem era dele. Sentiu seu coração acelerar, assim que ao abrir, arfou o cheiro másculo e inigualável que ela acreditava, só ele poder exalar.
“Preciso falar com você. Jardim principal. Após as aulas. ”
O tic-tac do relógio parecia demorar séculos para tocar. encarava-o impaciente, enquanto viajava em seus pensamentos com os olhos fixos nela. Não entendia o que estava acontecendo. Queria gritar com ela, mas teu corpo o traía. Era como se estivesse enfeitiçado por ela. Vivia um confronto mental, poderia odiá-la, mas estava ali a admirando, como não fazia há muito tempo.
Depois das horas, que passaram tão devagar quanto anos, se encontraram no jardim. estava encostado em uma árvore, em uma posição sexy. Longe dela, tinha algum controle sobre seu corpo, então podia sair correndo, mas acho necessário entender o que estava acontecendo consigo. Conforme os passos de se tornavam audíveis, o coração de passou a bater cada vez mais rápido e descompassado.
- Srta. . – Afirmou chamando sua atenção.
- Sr. . – Brincou de mesma forma.
- Parece que não vai se jogar em cima de mim e me encher de beijos dessa vez. – Riu, fazendo-a corar.
- Dessa vez, , o convite foi seu. – Retrucou. Em sua mente pensava em como não seria má ideia repetir a dose. – E então, por que me chamou aqui?
Primeiro encarou seus olhos, em seguida fitou o chão. Suas mãos que sacudiam no ar, foram guardadas em seus bolsos frontais. Aproximou-se de como pode.
- Te chamei aqui para... – Sua mente processava os possíveis foras que poderia dar na garota. Esclarecer que nunca tiveram um romance e que ele não sabia porque estava a encarando daquele modo. Talvez, fosse apenas atração fixa. Repetia as palavras inaudível.
Entretanto, não foi isso que saiu de sua boca. Suas mãos enlaçaram a cintura de , sua boca alcançou os lábios dela em uma voracidade sem igual. E então se beijaram. As línguas dançavam em contornos deliciosos. Era molhada e quente, mas ao mesmo tempo refrescante. A forma como seus lábios se encaixavam era invejável. O ar lhes faltava, mas continuaram ali. Entre selinhos demorados que se tornavam beijos incessantes logo depois. As mãos de obviamente não permaneciam estáticas em sua cintura, elas contornavam cada curva do corpo da garota, e distribuíam puxões pelos longos fios de cabelo.
E qualquer que fosse a magia que tomasse conta de seu corpo, não mudaria o fato de que beijar aquela boquinha macia, sempre seria bom. Apertar as coxas fartas de nunca perderia o sabor. Só que aquele senso que o permitia evitar que se rendesse a ela, pensando nas consequências futuras, tinha sido simplesmente desligado aquele dia.
Se afastaram. Tudo o que ele sentia era a respiração ofegante que batia quente em seu queixo e boca. mordia o lábio inferior, sem malícia. Porém o ato causava em sensações masculinas extintivas que ele não podia e não queria evitar.
- Uau, isso foi incrível. – Comentou se jogando na grama e a menina o acompanhou.
Em sua mente só podia xingar a frase clichê que acabara de sair sonora por sua boca. Tocou as mãos de e entrelaçou os seus dedos. A expressão facial dela, era um tanto quanto confusa, não esperava isso dele. Pensou seriamente em arriscar um jogo na loteria, porque acreditava não ter dias tão bons como aquele há anos. E foi por isso que esboçou um sorriso sincero, enquanto acariciava o rosto de seu parceiro.
Parceiro ainda não era um termo adequado, mas sua mente aceitava a ideia de bom grado. A cabeça recostada sobre o peitoral de recebeu um beijo doce, sem segundas intenções.
não estava acostumado a não ter segundas intenções.
Ele sempre tinha segundas intenções.
- Por quê? – perguntou inesperadamente.
- Por que o quê? – riu confusa.
- Por quê, você quer fazer com que eu me sinta assim? – Ergueu seu corpo para fitá-la.
- Assim como? – Continuava não entendendo.
- Assim. Com o coração acelerado. E os meus pensamentos me traindo. Assim meio estranho. Meio bobo. – Concluiu.
O brilho no olhar de poderia ser notado há quilômetros de distância. O sorriso bobo estampado em seu rosto também. Foi ela quem selou os seus lábios dessa vez.
E ao mesmo tempo que as palavras escapavam de sua boca, se xingava mentalmente. Estava agindo exatamente como algumas noites atrás, quando a teve por inteiro. Mas naquele momento eram palavras de prazer. Sem pudor. Sem mágoas, mas principalmente, sem sentimento. Era como se algo possuísse seu corpo que destoava tanto de seus princípios.

...


Ooh, Ooh Won't you please stop loving me to death?



Os dias se passaram e os encontros com tornaram-se cada vez mais frequentes. Estava em sua garagem, tocava sua bateria. E ainda assim, podia sentir os toques da menina, que insistia em invadir seus pensamentos. O domínio por seu corpo não era mais algo hipotético. Sabia que não estava em seu estado normal. Quando os dois estavam separados, o único desejo de era que tudo continuasse assim, mas quando ela se aproximava dele, era como se todo o seu corpo se rendesse.
Concentrou-se na batida sincronizada. As baquetas se alternavam e vez ou outra, arriscava arremessa-las para cima, para que aterrissassem perfeitamente em suas mãos, sem perder o compasso. Seus cabelos bagunçados balançavam conforme sua cabeça.
Admirava o garoto encostada ao batente da porta. Tinha a mesma malícia de dias atrás. Buscou no mais íntimo de sua memória, a apresentação, que acontecera há pouco mais de um mês. Escapavam em lapsos, culpava-se por ter bebido tanto àquela noite. O fato era que encontrá-lo desarmado tanto de uma repugnância aparente, quanto de uma paixão contestável, fazia com que os lábios de se curvassem imperceptivelmente.
O suor que escorria por sua testa só o deixava ainda mais sexy, assim como o modo como ele espremia seus beiços. Poderia ficar apenas o admirando por anos.
Com a última batida, seus olhos se abriram e ele soltou um suspiro longo. Estava cansado de se sentir daquela maneira. Porém não entendia o que estava acontecendo. Forçou um sorriso, enquanto levantou-se para depositar um beijo calmo na testa da menina.
Apesar de continuar se sentindo forçado a fazer coisas que nunca fez. Estar próximo a ela, deixou de ser um sacrifício. não era assim tão chata, afinal.
- Olá. – Cumprimentou.
- Olá, Sr. . – Sorriu.
- Hm... Sinta-se à vontade. – Disse enquanto puxava uma cadeira para que ela se acomodasse. – Os meninos vão chegar mais tarde.
Ela assentiu. Acomodou-se na cadeira e ele voltou a sua posição favorita, sentado atrás daquele instrumento.
- Que música você quer ouvir? – Perguntou simplesmente.
- Guns! – Bateu palminhas, empolgada.
- Uma música, . – Riu desajeitado, já girando as baquetas por seus dedos, preparando algo que tinha em mente.
- Certo, – riu fraco – Guns.
O som logo se fez ouvir. era bom. Muito bom. Na verdade, não era bom somente com as baquetas. Algo o desconcentrou e, somente, quando ele errou duas ou três notas seguidas, enquanto espremia seus olhos, pode perceber que algo estava errado.
- Ei, você está bem? – Perguntou preocupada.
- Estou sim. – Tentou sorrir. Recebendo um olhar de advertência. – É só... Dor de cabeça.
- Ah, eu tenho um remédio muito bom para dor de cabeça. Se quiser...
- Eu aceito. – Respondeu sem remediar – Eu tenho um ensaio mais tarde, é melhor que a dor passe.
Riu.
remexeu sua bolsa atrás dos comprimidos que usara há alguns dias. Assim que os encontrou, destacou um da cartela e estendendo ao rapaz. Esse agradeceu, depositando um beijo estalado em sua bochecha. Agarrou o seu braço, puxando-a pela escada que dava em um quarto, que ela jugou pertencer a ele. Não deu tempo de analisar os pôsteres dispostos milimetricamente pelo quarto do rapaz, já estavam em um corredor pequeno e estreito que dava na cozinha. Podia tê-la deixado esperando no andar de baixo, mas preferiu levá-la consigo, evitando possíveis acidentes com sua bateria. Ou apenas para não ter que subir novamente, no caso de ela estar com a garganta seca.
Abriu um dos armários e alcançou dois copos sem dificuldade alguma. Por mais que tentasse, não pode deixar de analisar a maneira como a sua cueca aparecia quando ele se esticava e de pensar em como ficaria melhor sem ela. Estava, de certa forma, tão imersa em seus pensamentos, que não o percebeu ao seu lado estalando os dedos.
- E então você quer? – Repetiu.
- Ah, sim. – Soltou o fôlego, por um segundo esqueceu-se como se respirava do jeito certo, então apenas ficou dando ordens de entrada e saída para o oxigênio.
Entregou o copo a ela. E ambos levaram a boca, em uma tentativa de disfarçar o clima instalado no local. A campainha fez se ouvir e, em um movimento brusco repentino, acabou derrubando água em sua camiseta.
- Opa! – Soltou um riso alto, enquanto o líquido encharcava o branco da camisa deixando seu sutiã sutilmente exposto. Por alguns minutos seus olhos se perderam ali.
- Er... Vou pegar uma camiseta para você! – Comentou dirigindo-se até o seu quarto.
Outro toque. E outro. E mais alguns persistentes toques na campainha.
- Não é melhor você atender? – Perguntou se olhando no espelho e amassando a camisa como se aquilo fosse a fazer secar.
- Eles podem esperar mais um pouco. – Disse já com a cabeça enfiada dentro do armário de madeira. Em pouco tempo a entregou a camiseta. – Acho que deve servir. – Curvou o canto da boca.
Estava pronta para trocar de blusa quando sentiu os olhos de fixos nela. Sentiu suas bochechas corarem levemente e maliciou aquela cena. Ele balançou a cabeça e colocou a mão nos bolsos.
- Bem, eu vou descer. Me encontre lá em baixo. – Completou.
Ela assentiu.
A descida foi rápida, batia em sua testa, tentando tirar a boa ação de sua cabeça. Devia tê-la despido, a jogado contra a cama, mas não, simplesmente virou de costas para a tentação. Abriu a porta e encontrou seus amigos sentados à guia. Os três olharam para trás em conjunto. Em suas expressões um descontentamento aparente que passou para um olhar desconfiado segundos depois.
Em um reflexo, virou seu pescoço para trás e encontrou uma coberta por sua camiseta, que em seu corpo caía longa, cobrindo a maior parte de seu short jeans. Ela abriu um sorriso meigo.
- Ah, agora entendemos por que nos deixou esperando. – Resmungou, adentrando pela porta.
corou, mas se manteve ali atrás dele, que em um ato protetor a abraçou.
- Ela vai nos assistir hoje. – Comentou enquanto entrelaçava seus dedos aos dela.
Primeiramente, os três ficaram se encarando, como se não acreditassem nas palavras que saíram pela boca do amigo. E o pior de tudo, nem mesmo acreditava. Por fim, acabaram aceitando a decisão do companheiro.
Os garotos se posicionaram junto a seus devidos instrumentos. - 1... 2... 3 – As mãos hábeis do guitarrista seguiam os acordes perfeitamente e fazia questão de manter o compasso em sua bateria, dando o ritmo para toda a banda; o vocalista cantarolava palavras mentirosas, mas que em sua voz envolvente pareciam verdadeira e se faziam acreditar; o baixista fazia questão de acrescentar ao som. estava impressionada em como se arrepiou rapidamente em pouquíssimas notas. Todos manuseavam seus instrumentos em uma sincronia tão perfeita, que ela não entendia como continuavam em uma garagem e, vez ou outra, em um pub pequeno da cidade.
Ao fim da música, ela abriu um sorriso, batendo palmas, animada. Enlaçou o pescoço de com seus braços. E depositou um selinho demorado ali. Apesar de sentir os olhares em si, retribuiu, mesmo que com as bochechas ruborizadas. O guitarrista o encarava com uma das sobrancelhas arqueadas.
Outras músicas se fizeram ouvir. As batidas de sincronizadas com a melodia potente emitida pelo vocalista, ou a harmonia com que as notas se encontravam, fez com que cada uma daquelas sacanagens, soassem deliciosas de se ouvir. Algumas vezes, permitia que seu corpo agisse conforme a música e eles a fitavam admirados. Era bom saber que alguém gostava tanto do trabalho que faziam. Há algum tempo, música não era só mais uma brincadeira para nenhum dos rapazes ali.
Estavam exaustos, esparramados pelo sofá de couro velho, jogando conversa fora. Aquele dia o ensaio rendeu mais que em dias normais. e desceram com algumas cervejas em mãos e um balde de pipoca. Em poucos minutos, a pipoca já voava por dentre eles e vez ou outra algum tentava capturar uma delas com a boca. A menina se provou muito melhor que eles, no quesito caça pipocas no ar. Rindo divertidamente com a cara de decepção que eles faziam ao errar. jurava apenas não vencer dela, porque o corpo sobre o seu o atrapalhava, mas era só uma desculpa para sua incapacidade.
Foi só quando seus olhos alcançaram o relógio, que o baixista começou a gritar esperando a atenção de todos.
- Ei, ei, Pessoal! – Sua primeira tentativa não teve sucesso.
Algumas palmas. Ainda nada.
Bateu com uma das mãos no prato da bateria. E o som desafinado que produziu, fez com que todos se curvassem.
- PESSOAL. – Repetiu o mais velho.
- O que foi? – Os outros dois perguntaram uníssonos.
- Ei, não toque a minha bateria. – semicerrou aos olhos.
- Desculpe, . – Fez uma pausa – Eu queria perguntar por que não vamos a balada da cidade hoje à noite.
- Opa! – Todos responderam juntos, menos , que permaneceu calado.
- Não quer ir, amor? – perguntou, ainda sobre o colo do rapaz, afastando-se consideravelmente para admirá-la.
- Não, . Temos planos para hoje, certo? – Jogou um olhar sugestivo a ela, que acabou assentindo. E batendo, forçadamente, em sua testa; como se sua memória a tivesse traído.
As palavras ainda sem nexo em sua cabeça não a permitiram fazer muito mais do que isso.
. Ele a chamou por seu apelido, pela primeira vez, desde que se conheceram. Por algum motivo isso a deixou feliz. Muito feliz.
Algum tempo se passou. Os amigos de conversaram com ele a respeito de , era uma menina divertida no final das contas e mesmo sem entender o que estava acontecendo com o amigo, acabaram por aceitar sua decisão, sabiam o quão traidor o coração poderia ser. Deixaram a casa, ainda com o sentimento de perda de um dos integrantes da folia.
No momento, ele se encontrava estacionado em frente à casa da menina, enquanto ela se arrumava no andar de cima, a cortina semiaberta o permitia espiar tanto o corpo que o fazia desejar, quanto avaliar o estado em que se encontrava.
Passou cerca de trinta minutos batucando contra o painel do carro, mas quando a viu saindo pela porta, teve a certeza que a espera tivera valido à pena. O vestido preto básico que caía acentuando suas curvas e a deixando ainda mais bonita. Seus cabelos presos em um rabo de cavalo alto, sua maquiagem era carregada, mas não a deixava artificial. E foi ali, passando os olhos por cada detalhe, que percebeu, que qualquer que fosse a força que estava o controlando, não era tão ruim afinal. Não tinha vergonha de passar o tempo com ela, mas ainda assim, não compreendia o que estava acontecendo com ele nos últimos tempos. Ele dizia palavras que nunca escaparam de sua boca antes. E sentia seu coração acelerar. Aquilo não deveria ser considerado normal.
Destravou a porta e esperou que se acomodasse para partirem. Em pouco tempo já estavam juntos em uma balada que se misturava a um karaokê. Divertiam-se julgando todos ali presentes. E trocavam beijos lentos e carinhosos vez ou outra.
O rebolado dela, tinha sua atenção e era algo sensual, estava próxima a ele e ainda assim, atraía olhares de homens ao seu redor. Porém era em que pensava a cada vez que rebolava o seu quadril e era a ele que queria provocar a cada vez que subia e descia conforme a música.
O álcool em seu corpo já não era suficiente para conter seus desejos. Estranhou, quando foi desperto do transe, com o pronunciar de seu nome e do dela em uma das saídas de som.
Ele a olhou de relance, negando com a cabeça enquanto ela tentava o puxar.
- , sabe por que eu toco bateria? – Ele negou, mas continuou tentando o puxar. – Por que eu não sei cantar.
Ela riu.
- Por favor, ! Eu também não sei. – A música da menina de cabelos vermelhos já chegava a metade.
Ele soltou um suspiro esbravejante. Levantou as mãos como em rendição.
Então levantou-se, puxando-a dentre as pessoas até o local de espera. Chegaram a tempo de ver a menina se aplaudida. sentiu borboletas formarem em seu estômago, não estava preparada para passar tamanha vergonha.
- Qual é a música, Srta. ? – Perguntou encarando-a nos olhos.
- Would You Stop Loving Me To Death. – Sorriu e ele encarou o chão, familiarizado demais com a música para dar de ombros.
Já estavam no palco quando seus passos se tornaram pesados. Ele não queria fazer aquilo. Ela apertou ainda mais sua mão, como em uma tentativa de encorajá-lo.
A música começou. A voz desafinada de foi coberta pelas notas de . Ele pelo menos conseguia fingir cantar bem devido a seu ritmo apurado, seus pés batiam no chão junto ao compasso da bateria. Por algum tempo, permitiu-se admirar a sua voz rouca e ao mesmo tempo doce. Conforme as letras subiam pela tela e as pessoas se aproximavam do palco dançando com eles, se xingava por entender tão bem o inglês. Traduziu toda a letra em sua mente. E não pode deixar de pensar na menina ao seu lado. Foi quando a última frase chegou que ele teve de olhar no fundo dos olhos dela.
- Won’t You Please Stop Loving Me To Death? – Cantarolou e a tomou nos braços como parte da apresentação. Selou seus lábios e rapidamente cortou o beijo, sabendo que teriam de sair dali.
As pessoas os cumprimentaram e pode sentir o fervor de estar com ela. Então sorriu. Um sorriso sincero e leve, enquanto suas mãos encaixavam-se em seus bolsos.
Deixaram a casa quando o céu negro da madrugada já tomava as cores da manhã. E as ruas pelas quais passaram enquanto andavam até o carro, fez com que um flash se desenhasse na mente de .
Uma senhora. O blazer de . E aquela frase que não saiu de sua mente, desde a manhã em que acordou com sua cabeça latejando.
“Não se esqueça, que as consequências são reflexos de seus atos”.
Era como se a entendesse, porque as ruas escuras o trouxera uma sensação próxima ao dejavu, o estranho era que ele tinha a certeza que não vivera nenhuma das sensações que causavam o estranho efeito em sua mente.

...


I don't even see my friends no more
'Cause I keep hanging out with you
I don't know how you kept me up all night
Or how I got this tattoo


Pode ver as ligações não atendidas em seu celular, mais de vinte. Provavelmente eram os meninos o convidando para alguma coisa. Ou avisando sobre algum ensaio surpresa, mas tinha planos. Estava em sua melhor jaqueta, com seus cabelos desalinhados e um perfume caro que sabia que gostava.
Ela estava sozinha em casa, então não demorou para abrir a porta. Estava produzida, mas ao contrário dele, não vestia suas melhores roupas, apenas uma lingerie. Mordeu seu lábio inferior. Com a garrafa de champanhe na mão.
Brevemente, a noite do show passou pela cabeça de . Aquele foi o último dia que ele teve domínio sobre seu corpo, que não sofreu com nenhuma dor psicológica ou física. A última vez que se sentiu independente. E ao mesmo tempo, foi a primeira vez que pode se aproximar de sem medo ou pudor. Não sabia se devia se arrepender. Apenas tinha ideia que há pouco mais de um mês, não tinha controle sobre seu corpo.
Ela continuava recostada ao batente da porta e ele invadiu a casa sem ao menos pedir licença. Bateu a porta atrás de si e jogou o corpo de contra a madeira. Encostou seus lábios ao dela e abocanhou-a voraz. Desejo. Era algo que sentia por ela há muito tempo. Seu membro não o permitia mentir. Ela segurava seu rosto, firme e retribuía. roçava seus corpos de uma maneira deliciosa enquanto as memórias da primeira noite com ela passavam por sua mente. As palavras ditas. A pegada forte. O controle. Os foras. O rancor. E lá estava ele, pensando em tudo isso, mas ignorando sua razão para cumprir os desejos sexuais de seu pau.
se esforçava para não deixar a garrafa de champanhe cair ao chão. Então empurrou o corpo de de leve, apenas para afastá-lo. Foi repreendida com o olhar. Então derrubou o líquido nas taças e entregou uma delas a ele.
- Acha que eu estou inadequada? – Perguntou sobre seus trajes.
- Está perfeita. – Ele sorriu.
- É que você veio tão... – Não encontrava as palavras certas para completar.
- Vestido? – Perguntou soltando um riso alto e potente que fez suas pernas bambearem.
- É. – Ela riu.
- Posso resolver isso. – Retirou a jaqueta.
Ambos queriam isso desde o dia da apresentação. Só que agora não tinham nada que pudesse os impedir. As taças já estavam sobre a mesa, o álcool percorria o corpo junto ao calor que fazia queimar.
As mãos de percorriam os músculos definidos de . Contornando cada detalhe com as unhas. Uma invasão mútua, uma troca de mordidas e uma dança de línguas impressionante. As mãos de já conheciam toda a extensão pela qual percorriam sem pudor. Ele a faria ser sua novamente àquela noite.
Estava tão fora de si devido à grande injeção de álcool, que abusar da força em apertões era algo normal. o puxou pela gola da camisa e o jogou no tapete da sala. Ele ergueu o tronco e sua camisa branca se perdeu pelo cômodo. As mãos dela já desabotoavam sua calça jeans, tão sapeca, que o olhar de chegava a brilhar. A calça deslizou por sua perna musculosa. Então deitada sobre ele, agora com tanta pele exposta, iniciou outro beijo. Onde a cada ato não permitido, recebia uma punição deliciosa, no membro de .
Não demorou muito para que ela rebolasse sobre a elevação ainda escondida pela boxer. Enquanto puxava os fios de cabelo, estando com os dedos emaranhados a eles. Ele fazia questão de apertar os glúteos com força. Estava concentrado e não percebeu a mordida na língua que recebeu.
Distribuiu alguns beijos pelo pescoço da menina, descendo vagarosamente até onde a alça de seu sutiã se encontrava. Suas mãos não demoraram a subir abrindo o feixe. Os seios fartos ficaram perfeitos para serem levados a boca. E assim fez, mordiscando o bico vez ou outra e distribuindo chupões bem dados. Um gemido. O suficiente para ele trincar os dentes, voraz.
Girou ao redor da garota e juntou dois de seus dedos pressionando o clitóris inchado de . Abaixou sua calcinha deixando-a completamente nua. E seguiu seu exemplo.
Fazia um bom tempo ela não via o grande membro que causava nela reações tão distintas. Ele invadiu o seu corpo sem pedir permissão. A cada centímetro um novo gemido. Seus pelos roçavam contra as nádegas e arredores de . O suco que molhava não mais sua calcinha, mas o pênis de , era delicioso tê-lo em si. Enquanto a puxava para si, aumentou a velocidade do movimento, arrancando ainda mais gemidos de sua boca. O cheiro natural do suor dela, estava o embriagando. Como nunca esteve. Calou um novo gemido a tomando nos lábios.
O processo se repetiu várias e várias vezes durante a noite. Quando gozaram, se estiravam um ao lado do outro, apenas esperando que o fôlego fosse retomado para repetir a dose. Supriram todo o tesão de meses naquela noite.
estava exausto. Caíram no sono com o pau dele encostado na bunda dela.
Acordou, sem saber como foi parar em seu apartamento. Talvez, um momento de lucidez, o fizera acabar com o romantismo. Foi ao banheiro, tomar um banho. Quando se despia em frente ao espelho, levou um susto.
Uma tatuagem em seu quadril. Berrou em desespero.
Tinha tatuado o nome de uma pessoa que algum tempo atrás, ele sequer gostava. Ou melhor repudiava.
Tomou o controle de seu corpo pela primeira vez nos últimos tempos, agarrou o celular ao lado de sua cama. E ligou para .
- Oi, amor. – Ouviu uma voz cansada do outro lado
- Só me escuta. – Falou. – , eu não sei se vou conseguir te dizer isso...
- Sim. – Ela falou esperançosa.
Soltou o ar de seus pulmões.
- Hoje eu acordei com uma tatuagem que eu não tinha ontem. O meu corpo não me pertence mais. Eu não consigo me controlar. E isso está relacionado a você. Então pelo amor de Deus, me diz cadê o seu boneco de vodu, me deixe livre. Por favor...
Um desabafo. As palavras que não conseguiu reproduzir aquele mês inteiro saíram sonoras de sua boca. Mas se arrependeu quando se ouviu. O choro leve do outro lado da linha fez com que seu coração apertasse dentro do peito.
- Ei, não chora. Só me escuta. – Repetiu. – Eu vou passar aí na sua casa, ok?
- Tudo bem, . – Tentou parecer forte.
Porém ela desabou pouco tempo depois. Ia além da sua cabeça latejando, algo com o quê se acostumou, ou as fincadas em seu peito. Era o modo como aquilo estava invadindo sua mente.
Acelerou o mais rápido que pode. O caminho tão frequente se tornou algo automático, então chegou lá em uma velocidade recorde. A porta estava aberta e o choro ecoava pela casa. estava encolhida no sofá, com a cara entre os joelhos.
- Oi, Srta. . – Tentou, mas ela não respondeu. Ele se jogou ao seu lado e puxou a cabeça da menina para seu peito. Ficou acariciando seus cabelos até que sua respiração voltasse por completo e o choro se cessasse.
- , eu sinto fincadas em meu peito. Minha cabeça dói. Eu digo coisas que eu nunca disse. Faço coisas que nunca quis. – Suspirou – Eu só queria ter controle sobre o meu corpo.
- , eu preciso te contar uma coisa. – Soltou o ar. Ele fez sinal para que ela prosseguisse. – No dia em que voltamos do karaokê, eu me lembrei da apresentação no pub. Eu estava magoada com você, então saí sem rumo pelas ruas, coberta apenas pelo seu blazer. Uma mulher me encontrou. Eu desabafei. Então ela me disse que tudo daria certo. E deu.
Mordeu os lábios, tentou ser o mais breve possível. Esperou um tapa. A raiva de subindo por seus olhos e dominando seu corpo, mas isso não aconteceu. Ele apenas depositou um beijo estalado em sua cabeça. Aquele silêncio a incomodou.
- , – Falou calmo – a gente precisa desfazer isso. Pelo amor de Deus. As lágrimas escorreram livres pelo rosto de . Ela não queria desfazer o encanto. Sabia que quando acontecesse, não olharia mais na cara dela. E não poderia suportar, não depois de todos esses dias, não depois da noite anterior, mas sabia que era para o bem dele.
Assentiu e sorriu tristonha.

...


Every time you're near me
Suddenly my heart begins to race
Every time I leave
I don't know why my heart begins to break


As dores frequentes, levaram ao hospital. Os médicos não encontravam nada de errado com ele, por isso o mandavam de volta para casa. Os dias se passaram a dor aumentou, então passou a faltar aos ensaios da banda. E passando mais tempo em sua casa, do que de costume.
procurou todas as videntes, benzedeiras e qualquer outra pessoa que pudesse ter lançado a magia em , mas foi em vão. Não a encontrou. Continuava tentando, mas ao mesmo tempo, chorava. Não só por saber que perderia o seu amor, mas por saber que se não a encontrasse, perderia . E essa era uma ideia ainda pior em sua mente.
Passou na casa do rapaz. Ele estava deitado na cama, sua pele pálida fez com que os olhos de perdessem o brilho. Ela depositou um beijo estalado em sua bochecha e enroscou sua mão a dele.
- Srta. . – Sua voz saiu fraca.
- Sr. . – Ela sorriu. – Como está se sentindo?
- Ainda dói. – Respondeu simplesmente.
- Me desculpa. – Ela falou baixo.
- Não é sua culpa, . – Riu – Não como um todo.
Suspirou.
- É só uma consequência de vários atos.
- É isso, . – Sentiu uma ideia pontar em sua mente. – Precisamos ir ao pub. Acha que consegue?
- Consigo, sim.
Ao levantar-se, sentiu uma tontura dominar seu corpo, mas persistiu, apesar de toda a dor. Suas pernas já não pareciam aguentar o peso de seu corpo e tudo dentro de si doía. o ajudou. Entraram no carro e dirigiu até o pub. Não entraram, olhando as ruas. Aos poucos as memórias vieram como flashs. As palavras cortantes de , o choro, a bebida, o frio, as ruas... As ruas. Essa era a única memória que poderia ajudá-la no momento. Se forçava a lembrar coisa ou outra. Então puxava o braço do rapaz.
Uma rua repleta de moradores de rua jogados ao chão. Ela podia ter certeza que era lá. Mas não encontrou nenhuma senhora com aparência sombria. Sentou na guia esgotada. E fez o mesmo. Viu as lágrimas passarem a escorrer livremente por seus olhos e mesmo com toda sua dor, ele a envolveu em seus braços, tentando a acalmar. As batidas do coração dele, eram tão envolventes como as de sua bateria. E tornavam tudo mais fácil.
Um vulto. Os olhos de que lacrimejavam, ficaram atentos quando a porta se abriu lentamente, dando forma a uma senhora com uma manta que caía até seus pés. Era ela. tinha certeza.
- Senhora, - chamou – eu preciso da sua ajuda.
- Acho difícil, minha querida. Não costumo poder ajudar. – Abriu um sorriso quase medonho.
se levantou e segurando no braço da mulher, fazendo com que seu rosto fosse visto.
- Por que choras? – Perguntou. – Não tens o amor que sempre sonhou?
A menina abaixou o olhar e raspou os lábios. Ela tinha o amor com o qual sempre sonhara. Tinha um cara incrível ao seu lado. E no momento isso não se fazia suficiente.
- Eu aprendi, nos últimos dias... Que mais vale um alguém feliz longe de você, do que alguém infeliz ao seu lado.
- O que quer que eu faça? – Perguntou.
- Liberte-o. – Respondeu, para depois perceber como soou ridícula.
- Só você pode fazer isso, querida. As consequências são reflexos de seus atos. Prove que é isso o que você realmente quer. – Finalizou, soltando-se da garota.

...


Ooh, Ooh
Won't you please stop loving me to death?



Depois de deixar em casa, não voltou mais. Se perguntava se ele morreria amando-a ou se o encanto já havia se desfeito e ele simplesmente não quisera correr atrás dela. Ou melhor, tivesse tentado ao máximo se manter longe dela. Era uma opção a ser levada em conta. As lágrimas, se tornaram frequentes no rosto dela e os dias solitários.
Evitava ir à universidade com medo de esbarrar com ele e sofrer uma nova humilhação. E o que cortava o mais íntimo de seu peito era não saber se ele tinha melhorado. Decidiu acabar com a agonia de vez.
Discou o número que sabia de cor. Chamou, chamou. Então uma voz se pronunciou. Não era a voz de , era uma feminina que a machucou ainda mais que qualquer palavra que ele pudesse dizer.
- Oi.
- Olá... Hum... O está? – Perguntou.
- Está sim, um minuto. – Logo o telefone foi passado para ele. – Srta. ?
- Liguei para saber se você estava bem. – Falou engolindo o choro.
- Ah, estou sim. - Podia jurar que ele sorria. – Desculpe-me, devia ter ligado para te avisar.
- Está tudo bem. – Respondeu triste. – Era só isso.
Antes que se despedisse, ele interrompeu.
- Tudo o que aconteceu, fica entre nós, certo?
- Aham – Balbuciou. – Adeus, Sr. .
- Adeus, Srta. .
As lágrimas queimavam o rosto de . Sabia que tudo acabaria assim. Ficou feliz que ele estivesse bem, mas a falta que tê-lo em seu peito, completando-a, a cortava como um estilete.
Ao escutar as últimas palavras dela ao telefone, sentiu seu coração se apertar. Olhou para a menina que estava esparramada em sua cama. Não foi tão bom como com ela. Soltou um suspiro triste. Percebendo que estava infeliz. Incompleto. Quando tudo começou, realmente não gostava dela. Mas era o nome dela que ele gemeria à noite. Era o rosto dela que perturbava sua mente. Seu corpo estava dominado por um sentimento mais forte que qualquer magia. Não queria continuar com sua vida antiga. Talvez não pudesse ignorar aquele sentimento. Expulsou a menina que estava em seu quarto de casa.
E repetiu o caminho com o qual se acostumou. Colocou a mão nos bolsos e ficou batucando no painel, lembrando de todos os motivos que o levaram até ali. Liberdade não era o que ele desejava afinal.
Tocou a campainha uma, duas vezes e quem atendeu foi o pai de , que ele não via há um bom tempo. O homem o lançou um olhar quase assassino.
- Eu preciso falar com sua filha, Sr. .
- Então você é o responsável pelo estado em que ela se encontra? – Perguntou.
- De certa forma. – Soltou o ar. – Eu acho que amo sua filha.
- Você acha? – O homem perguntou incrédulo.
- Não é um sentimento com o qual estou habituado.
O homem cedeu passagem e se colocou no quarto de . Bateu na porta, sem respostas.
- Srta. . – Falou sem resposta. – Por favor, me deixe entrar...
A porta se abriu lentamente. Os olhos de estavam inchados, provavelmente pelo tempo que passou chorando, seus cabelos estavam desalinhados e isso só fez com que tivesse ainda mais vontade de abraçá-la e a guardar em seus braços.
- Acho que não preciso de um boneco de vodu para me controlar. Nem de magia negra para me fazer te amar.
- O que está dizendo, ? – Levantou o olhar.
Ele passou a mão por seus cabelos. Não sabia que seria assim tão difícil dizer isso, nada estava saindo como em seu roteiro mental.
- No começo, eu sequer gostava de você. Queria distância, mas quando você se aproximava eu queria que se aproximasse ainda mais. Eu tentei fugir. Fugir do seu amor. Fugir do meu coração, mas foi mais forte que eu. Eram os seus sorrisos deliciosos, sua boca macia, foi você que mudou a minha mente. Eu não tinha domínio sobre o meu corpo ou sobre minhas palavras, mas tinha noção de tudo o que fazia. E deixou de ser um peso. Passou a ser algo leve, algo bom. Eu descobri que eu te amo. – Respirou fundo - , eu te...
Antes que ele completasse ela o tomou nos lábios entre selinhos:
- Eu também.
Iniciaram um beijo tão longo e calmo que ambos poderiam ser congelados naquela cena. começou a passar a mão pelo corpo do rapaz e então ele riu.
- Você tem cócegas? – Arqueou a sobrancelha.
- Na verdade não. É só que eu esqueci que tenho o seu nome tatuado na minha costela. Para ser sincero, acho que eu seria obrigado a te amar, mesmo que não quisesse... – Soltou um riso alto e ela fez uma careta.
- Então, você não vai parar de me amar, até a morte? – Lembrou-se da canção.
- Não.
- Nem se eu pedir por favor? – Perguntou fazendo beiço.
- Não. – Riu novamente.


Fim.



Nota da autora: Olá, meus amores. Fico muito feliz que tenham chegado até aqui. Sou muito fã dos meninos da 5SOS, há algum tempo (O fave é o Luke), e quando vi este ficstape (lê-se a Lai me contou) surtei demais e pedi três músicas, uma delas era voodoo doll e acabei ficando com ela. Porém quando saiu o resultado eu não tinha ideia do que escrever, então pensei em trocar de música com a Isy, mas a Lai me deu uma ideia de gênio e sério eu não sei o que seria de mim sem ela. Voodoo ficou bem brisada, mas eu gostei bastante dela. Ah, e me desculpem pela cena restrita eu não ia conseguir escrever uma noite inteira de sexo. Mil desculpas, Kkkkk. Então eu queria agradecer a Laís Abreu por ter feito a minha capa e ter sido uma amigona, a Lai por acompanhar a fanfic, a Bella Fontaine por ter lido e relido voodoo, além de me incentivar a escrever sobre um baterista, também devo meu amor a Liz e a Faith. Enfim, espero que tenham gostado do principal. E prometo que um dia eu reescrevo essa fanfic, colocando mais detalhes. É que eu sou uma pessoa meio atrapalhada e escrevi metade da fanfic até a última semana de prazo e a outra metade eu tive que correr. Kkkkkk Pois é amorinhas, obrigada por chegar até aqui. E deixem seu comentário aqui em baixo, para a Lavi ficar feliz. Não se esqueçam que um comentário um boneco de vodu, ou um beijo do pp, você que sabe. Beijos, amo vocês. <3 Ah e não deixem de ler as outras fanfics desde ficstape, vale à pena. Principalmente (05. 18 da Lai – que eu amo e 22. English Love Affair – que eu também amo!).





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