Capítulo Único
"Uma lenda oriental fala sobre um "Fio Vermelho do Destino" (Akai Ito é como se chama). Esse fio supostamente liga pessoas que estão pré-destinadas a se encontrar. Diz a lenda que o fio se embaraça, estica, se enrola mas nunca se parte. Eu acredito que através do livre arbítrio nossos encontros pré-destinados se bagunçam. Achamos que o que queremos é o que é melhor pra gente e nessa o fio fica cheio de nós. A verdade é que não sabemos nada."
fechou o google, sua avó falava dessa antiga lenda e de como todos os casais da sua família se juntaram por causa do Akai Ito, mesmo morando no Brasil, sua avó gostava de manter as lendas e tradições do seu país natal. era nascida no Brasil, seus pais se mudaram quando sua mãe estava grávida, após um acidente, sua avó, Fumiko Yamamoto, se mudou para o Brasil, para cuidar da neta. Agora, era ela que era cuidada. estava no segundo ano da faculdade de jornalismo, e precisava que alguém ficasse em casa com a avó, então, ela procurou por enfermeiros, que pudessem ficar apenas na parte da noite, já que ela chegava tarde. A avó detestou todas as meninas, e gostou do único rapaz que havia se candidatado para a vaga, era seu nome, uma rapaz simpático, havia acabado de terminar o curso de técnico em enfermagem. aceitou que ele ficasse com a avó, e com o tempo se tornaram amigos.
observava cada namorado de , de algum modo, ele sempre sabia que daria errado. O primeiro, foi André, ele até que era um cara legal, mas tinha bastante ciúmes e principalmente do enfermeiro, não durou muito tempo. Lucas, foi o que durou mais tempo, até achou que estava enganado, mas no fim das contas, ela partiu seu coração de alguma forma. O último, havia sido Pedro, ele durou uns 4 meses, mas não queria que ela fizesse faculdade, porque nunca tinha tempo para sair com ele à noite. a consolou todas as vezes, ele achava engraçado como ela conseguia errar tantas vezes, e não enxergar o que ele enxergava. Não era por nada, mas eles pareciam a versão masculina e feminina um do outro, Fumiko adorava o rapaz, e ele conhecia e entendia como ninguém. Mas para ela, era algo que jamais poderia acontecer, e ela sequer sabia responder o porquê. Cansada de errar tanto, ela simplesmente não quis mais saber de se relacionar.
Era aniversário de 80 anos de sua avó, a ajudou a fazer um bolo de aniversário, e os três juntos, comemoraram a data. Ela não tinha mais família no Brasil a não ser sua avó, e agora, ele. Era estranho como os dois se davam bem, e mais estranho ainda, ele ter sido o único que sua avó gostou. Ela começou a pensar sobre todas as lendas de sua cidade ancestral, e quando despertou de seus pensamentos, percebeu que a encarava, sorrindo.
— O que foi? — Perguntou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Nada, só acho que você fica fofa quando se perde em pensamentos. — Respondeu, cortando um pedaço de bolo.
— E como você sabe que eu estava perdida em pensamentos?
— Você faz uma cara diferente. — Disse, dando uma garfada no bolo.
— Diferente como? Engraçada? — Perguntou novamente, curiosa.
— Não, tá mais pra fofa. — Respondeu, colocando um pedaço do bolo na boca. ficou sorrindo, com cara de boba. Limpou a bochecha do rapaz, que se sujou de bolo, e comeu um brigadeiro. Sentou-se ao lado de sua avó, que olhava para a lua.
— Lembra das lendas que te contei? — Perguntou Fumiko, assentiu. — Elas são mais que lendas, para nossa família, não se esqueça disso. — Completou, segurando a mão da neta, que naquele momento, virou seu olhar para , que comia docinhos escondido.
Depois daquele dia, começou a notar mais que a conhecia muito bem. Ele sabia exatamente como fazê-la sorrir, deixava sempre algo para ela, para quando ela chegasse da faculdade. Às vezes um salgado, às vezes um pedaço de bolo, coisas que Fumiko comprava na padaria para ele comer, porque ele sabia que ela comia na rua, mas chegava com fome. E todo esse cuidado, esse carinho, o fato dele escutar quando ela falava, rir de suas piadas, lembrar de suas histórias, despertaram sentimentos nela, que nele, já existiam faz tempo. E os toques, carinhos e abraços, se tornaram diferentes. Ele sentia isso, e ela também, finalmente ela tinha entendido. Um dia, ela chegou mais cedo da faculdade, mas ele era pago para passar a noite, então eles foram assistir um filme. Na briga pela pipoca, eles ficaram próximos o suficiente para sentir a respiração um do outro, ela sentiu o toque dos dedos dele em suas bochechas, ele sentiu a ponta do nariz dela, encostando no seu, e logo, os dois sentiram seus lábios se tocar. E quando abriu os olhos, pôde enxergar o fio do destino que os ligava.
O tempo foi passando, e eles já haviam começado a namorar. Ficavam sempre olhando as estrelas, se lembrando de Fumiko, que partiu pouco depois de uní-los, e adorava olhar as estrelas. abraçou , e depositou um beijo em sua testa.
— Talvez a gente possa casar e morar na Coréia. — Disse ele, o encarou rapidamente, espantada.
— Sabe que isso é só um sonho… — Ele o interrompeu.
— Vale a pena sonhar, do seu lado, se você sonha com isso, eu gostaria de dividir esse sonho com você. — Eles sorriram e deu uns pulinhos.
— Mas, e os seus sonhos? — Perguntou, olhou para o céu.
— Ainda estão aqui, mas eu sonho ao seu lado, eu fico pensando em você e esqueço totalmente do mundo, só pra te ter. É estranho, mas seu amor assumiu totalmente o meu coração. — Disse ele. — Eu não fico um segundo sem te ver, quem dirá outro país, outro continente… — Eles riram. — Eu quero o seu colo a vida inteira, e a vida inteira eu vou te amar.