Enviada em Março de 2021

Capítulo Único

Parte um

Atualmente - Los Angeles



- ?

A mulher parou de andar pelo corredor vazio e virou-se na direção da voz. Não que ela precisasse fazer isso para saber quem era. Ela reconhecia a voz de Donner a uma distância maior do que aquela.
Seu parceiro estava com uma aparência cansada. Ainda era cedo, considerando a fama de ambos saírem do escritório muito tarde, mas estava começando a mudar esse hábito.

- Sim?

Donner verificou o próprio relógio de pulso. A outra mão estava bastante ocupada com um número considerável de arquivos.

- Você está indo embora? - franziu a testa, em confusão. - Não está cedo demais? Para você?

suspirou, deixando os ombros caírem leves e relaxados. Sim, estava muito cedo para ela. Mas depois do seu último caso e alguns meses de terapia obrigatória, ela não precisava mais ficar obcecada por um caso. Isso tinha lhe custado muita coisa e ela precisava lidar sozinha com as consequências agora.

- Você sempre me coloca para fora, Donner - ela respondeu o seu parceiro. - Resolvi ir embora por conta própria, a partir de hoje.

O homem sorriu. Era verdade que ele sempre pegava no pé da mulher para que ela não madrugasse no escritório sem necessidade. Richard Donner tinha visto de perto o que o último caso tinha feito à mulher e não queria que o episódio se repetisse.

- Boa noite, garota.

Ela lhe lançou um sorriso contido e deu as costas ao homem, voltando a fazer seu caminho de volta, antes de ter sido interrompida. A expressão no seu rosto estava serena demais, embora não fosse assim que a Agente se sentisse. Havia algo lhe incomodando.
Ela ainda não tinha certeza do que era, mas não costumava se sentir incomodada sem algum motivo, mesmo que ainda não tivesse conhecimento de tal.
Mesmo que não tivesse optado por ir embora cedo do escritório naquele dia, ela sequer conseguia manter a concentração em avaliar os arquivos. Tinha ficado com a responsabilidade de decidir o próximo caso da equipe, mas como não estava se sentindo dedicada como normalmente era, achou melhor repassar a tarefa para Yara, que aceitou de bom grado. Yara aceitaria qualquer coisa, se isso significasse que ela estaria livre do Scott por algumas boas horas.
Não que Scott fosse um pé no saco. Ele só gostava de ter como passatempo irritar a própria parceira.
A Agente empurrou a porta de saída, sentindo o vento gélido bater contra a sua pele. Por puro instinto, a mulher abraçou o próprio corpo, apertando o sobretudo cinza ao seu redor. Ela respirou fundo mais uma vez. Não estava tão cedo como de costume, mas também não estava tão tarde a ponto de todos os lugares estarem fechados, como sempre era.
Ela podia ir para casa.
Podia chegar, tomar um banho quente, vestir um pijama confortável. Podia pedir comida, tomar um vinho, e sentar-se de frente à TV.
Mas não conseguia pensar em ir para casa. Às vezes, sua mente lhe traía. Toda vez que chegava perto da própria cama, lembranças lhe invadiam. Ela sentia tanta, tanta falta de Derek. Se flagrara diversas vezes escrevendo uma mensagem para ele, mas quando tinha consciência do que estava fazendo, apagava tudo e se afastava do celular.
Ainda parada na frente do prédio, Los Angeles parecia silenciosa. Pelo menos, até o seu celular tocar. revirou a bolsa, pegando o aparelho. Franziu o cenho ao observar o nome de Penelope no ícone de chamada. Desde que tinha terminado com Derek, não havia sequer mantido contato com a amiga.
Sentindo-se absurdamente culpada, ela atendeu a ligação.

- Pen, eu… - ela tentou dizer, mas foi interrompida.

A sensação de incômodo se intensificou dentro de si.

- Você pode se desculpar depois, eu estou te ligando para te dar uma notícia.
- Você nunca é tão direta assim - estranhou. - Aconteceu alguma coisa?

Do outro lado da linha, Penelope mordia a ponta da caneta. Não tinha sido exatamente autorizada a chamar , mas ela sentia que precisava. Derek a perdoaria depois, não perdoaria? Aquele caso, antes de ir parar nas mãos dos Agentes da UAC*, tinha sido da equipe de . Ela merecia participar. Seria contada como uma ótima ajuda para fechar o caso mais rápido.

- Eu não sei como te contar isso, , sem ser tão direta - Penelope disse, soando sincera e aflita, o que só piorou a sensação para . - Louis McLanner está foragido. A UAC está com o caso e eu pensei…
- O que você disse? - interrompeu, a voz quase falhando.

Céus, ela tinha que ter escutado mal. Muito mal mesmo. Não podia estar prestes a vivenciar tudo de novo daquela maneira. Tinha capturado aquele desgraçado com muito custo, ele não podia estar foragido agora.
Simplesmente não podia.

- Eu sei, eu sinto muito - Garcia murmurou do outro lado, confirmando para a mulher que ela não tinha ouvido nada mal.

Louis McLanner realmente estava foragido.
sentiu o ar faltar por um momento. Houve um silêncio na linha, que Garcia não foi capaz de quebrar. mordeu o próprio lábio, olhando em volta, mudando de ideia quanto à Los Angeles parecer silenciosa. A cidade agora parecia gritar contra ela, o vento tão gélido contra a sua pele, que ela tremeu. Lembranças indesejadas invadiram a sua mente e ela tentou controlar a si mesma, respirando fundo.

- O que você pensou, Pen? - sussurrou a pergunta, incapaz de dizer qualquer outra coisa.
- Que você poderia vir para cá - Garcia respondeu. - Sabe, para ajudar no caso.
- Eu fui solicitada? - perguntou.

Suas mãos estavam tremendo, e embora ela soubesse que estava fazendo frio, não era por esse motivo que estava assim.
v- Bem, não oficialmente - respondeu. - Não ainda, mas…
- Não posso.

As palavras simplesmente pularam da sua boca, antes que ela tivesse a chance de sequer pensar em uma decisão. Garcia puxou a respiração.

- … - tentou, mas desistiu do que ia falar. - Se mudar de ideia, você já sabe.

Mas não queria mudar de ideia. Não queria ter que passar por tudo de novo. Não queria aquelas lembranças o tempo todo consigo. Tinha sido difícil trabalhar aquilo tudo na terapia, ela não podia voltar para o fundo do poço de novo.
As duas encerraram a ligação. guardou o celular no bolso, sentindo-se sufocada por um momento. Ela ainda estava parada na frente do prédio do FBI de Los Angeles, mas não voltou para dentro.
Ela simplesmente deu alguns passos mais para frente, curvou o próprio corpo e vomitou, enquanto tentava se acalmar.
Sua mente estava abrindo as portas novamente, fazendo com que ela vivesse o mesmo inferno tudo de novo.

Alguns meses antes - Los Angeles, 23:45 pm



piscou os olhos, encarando o nada.
Havia diversos papéis espalhados sobre a mesa de seu escritório compartilhado, mas ela não estava concentrada o suficiente para reunir as informações que precisava. Aquele caso estava consumindo-a. Por completo, se era possível. A mulher passou as mãos pelo rosto, como se esperasse que esfregar a pele fosse uma técnica única de relaxamento, mas não tinha funcionado.

- Você deveria ir para casa.

Donner entrou pela porta, segurando uma pasta na mão e a olhou, como se repreendesse o fato de ela ainda estar ali, tão tarde da noite, trabalhando. simplesmente não conseguia evitar. Aquele canalha desgraçado ainda estava solto por aí, sequestrando e matando mulheres, então, consequentemente, ela se sentia culpada e responsável pelo que estava acontecendo, embora sua equipe insistisse que ela estava errada.

- Você sabe que… - ela tentou dizer, mas o suspiro longo de seu parceiro a calou.
- Há alguém te esperando em casa, - informou. - Eu não tinha ideia de que você ainda estava aqui, até o Morgan ligar.

Merda.
Ela esquecera completamente que Derek chegaria de Quântico para passar o fim de semana com ela. sentia saudade de passar um tempo com ele, claro, mas ultimamente não parecia certo manter um relacionamento em que ela não estava concentrada em levar adiante. Sua cabeça estava completamente cheia de ideias erradas e, se ela pensasse demais, acabaria sabotando a si mesma.

- Alguma novidade?
- - o tom alerta na voz de Donner fez ela se dar por vencida. - Vá para casa.

Suspirando derrotada, ela não se deu ao trabalho de juntar os papéis espalhados na mesa. Simplesmente levantou-se, pegou o seu casaco e parou exatamente na frente do seu parceiro.

- Eu te odeio - ela murmurou.

Ele deu de ombros, aceitando o beijo dela na sua bochecha e sorriu ao vê-la finalmente sair. bem que precisava de uma distração e ele sabia que Derek Morgan era bem mais do que um. O homem odiaria ver sua melhor parceira perder a sanidade por causa de um assassino sem o menor escrúpulo. O que pudesse fazer para resgatar do fundo do poço que ela mesma estava cavando, ele faria.

00:27 am



- Derek?

Havia um silêncio reconfortante pairando sobre o lugar, assim que ela chegara ao apartamento. Também havia um cheiro de comida que ela não reconheceu, então andou até a cozinha, onde desconfiava que ele estava.

- Oi, querida - ele murmurou, virando-se para ela.

abriu um sorriso lento e alegre, um que não dava há muito tempo, mas que era só dele. O homem estava completamente vestido, com um avental de cozinha cobrindo-o. Ele gostava de cozinhar e ela adorava vê-lo daquela forma.

- Oi - ela murmurou de volta, tirando os sapatos dos pés, sentindo o chão gelado. - Sinto muito se te fiz esperar, eu…
- Você esqueceu que eu vinha - ele completou, conhecendo-a.

Ela levantou um ombro, estampando um sorriso culpado.

- Garota, venha aqui - chamou.

não hesitou nenhum pouco em caminhar até ele. Estava precisando relaxar e não havia nada melhor que Derek era capaz de fazer. Tudo nele a relaxava e distraía a sua mente. Era como uma cura para todos os seus problemas, embora soubesse que, assim que saísse pela porta de novo, sua realidade estaria chamando-a de volta.
Ela abraçou Morgan por trás, depositando um beijo na pele das costas dele por cima do pano fino da camisa. Ele estava mexendo em alguma coisa na panela, mas ela só sentiu o cheiro e não soube exatamente o que era. Toda vez ele fazia alguma coisa nova, como se fosse uma aventura cozinhar e a fazia de cobaia para seus experimentos. Derek deixou a panela por um momento e virou-se de frente para ela, envolvendo a cintura dela com as mãos.

- Donner está preocupado com você - confidenciou.

Ele passou o polegar pelas bochechas dela. Não imaginava que, no momento em que a conheceu, fosse amar tanto essa mulher. Ela despertava tudo nele e não havia nada que ele não faria por ela.

- Derek… - o tom de alerta na voz dela fez ele suspirar. - Donner está sempre preocupado, não é por isso que você tem que ficar também.

Ele beijou os lábios dela por um instante.

- , estou achando que é uma regra tola que temos entre nós - ele admitiu. - Talvez, se…
- Não - ela interrompeu. - Não vou falar dos meus casos com você.

A Agente afastou-se do homem, soltando um suspiro de pesar. Lambeu os próprios lábios, sentindo os músculos tencionarem.
Ela estava sob estresse. Falar sobre o caso que estava consumindo seu tempo e sono não a faria melhorar. Ela gostava de chegar em casa e encontrar ele, comentar sobre coisas banais dos dias, assistir filmes, implicar um com o outro por coisas superficiais. Gostava da aura de alegria, paz e distração que se instalava entre eles quando estavam juntos. Não era uma regra tola, como ele tinha dito. Era simplesmente… como uma válvula de escape.
Ele não podia trazer assuntos do trabalho para casa, e ela também não.
Não era uma regra tola.
Derek desligou o fogo.

- Só achei que pudesse ajudar você.

esfregou o pescoço, encarando-o. Ele sempre tinha a melhor das intenções e ela o amava por isso também, mas no momento não queria que ele pensasse em nada que estivesse preocupando-a. Fez um lembrete mental de xingar o Donner por aquilo.

- Você estar aqui já me ajuda - ela relaxou. - Final de semana?

Ele assentiu.

- Você consegue dois dias?
- Não tenho certeza, mas… - ela deu de ombros. - Acho que Donner não vai se opor quanto a isso.

Ele não iria mesmo. De jeito nenhum. O homem tentava de todas as maneiras fazê-la sair daquele escritório, mesmo que estivessem correndo contra o tempo para resolverem o caso. Para Richard, não valia a pena perder a sanidade por um caso, se você perderia todos os outros depois. precisava de um tempo. Dois dias era muito para ela, mas Donner justificaria que ainda era pouco.

- Penelope disse que você deve uma visita - ele mudou de assunto, aproximando dela novamente.

Ela gemeu em protesto, um ponto de culpa transparecendo na voz.

- Eu sei! - exclamou. - Ela me cobra sempre que pode. Vou compensá-la depois, eu prometo.

Ele riu, abraçando-a, beijando a curva do seu pescoço.

- Tem que prometer isso a ela, e não a mim - ele disse.
- Bem - retrucou, sentindo ele começar a passear as mãos pela lateral do seu corpo. - Você certamente pode passar a mensagem.

Ele resmungou algo que ela não entendeu. Ele estava muito ocupado distribuindo beijos por toda região da pele do seu pescoço, enquanto ela fechava os olhos e apreciava cada momento.

- Você não estava cozinhando? - ela se ouviu perguntar.

abriu os olhos quando ele parou os beijos. Derek a olhava com um misto de excitação e travessura.

- Eu estava pensando em começar com a sobremesa primeiro - respondeu.

A mulher mordeu o sorriso.

- Não preciso adivinhar que a sobremesa sou eu, certo?

Ele sorriu. Aquele tipo de sorriso que também era só dela.

- Você sempre foi uma mulher esperta.

Ele a agarrou, beijando o sorriso convencido dela.
sentia que podia vencer qualquer coisa quando ele a beijava daquela forma. Por dois dias, ela deixaria seus problemas para trás, mesmo que eles insistissem em permanecerem presentes.

Dois anos atrás - Los Angeles
[flashback on]



Derek Morgan era o tipo de homem que gostava de ser centrado.
Ele levava o trabalho muito a sério, uma vez que não tinha sido fácil chegar até ali. O homem se orgulhava da sua trajetória profissional, principalmente pela sua história de vida.
Mais do que isso, ele gostava de ser um analista de perfil e fazer parte da melhor equipe do FBI. E era justamente por ser um dos melhores do ramo - e por estar disponível -, que Penelope o arrastou até Los Angeles. Ela tinha recebido uma ligação de uma amiga, solicitando a ajuda de um dos membros da equipe, e a analista achou conveniente levar Derek.
Ela não precisava ter ido junto, mas era uma de suas amigas mais antigas e usou a viagem como desculpa para finalmente visitá-la.
Penelope tinha insistindo de todo jeito que a amiga aceitasse alguma vaga em Virginia, mas aparentemente gostava mesmo da cidade. E de sua unidade.

- Chegamos - ela anunciou, olhando o prédio através da janela do carro.

Era um prédio enorme, que abrigava grande parte do trabalho de todo o FBI, dividido por Departamentos.

- Por que você não trouxe o Spence? - Derek questionou, saindo do carro logo depois dela.

Penelope revirou os olhos, ajeitando o óculos no rosto e verificando se toda a sua peça de roupa colorida estava no devido lugar. Céus, ela deveria ser a única pessoa que se destacava usando rosa por ali, mas certamente ela não se importava nenhum pouco.

- Reid resolveria o caso em dois minutos e eu preciso mais do que dois minutos com ela - Pen respondeu, mostrando que era uma resposta óbvia. - Você também vai precisar.

Morgan riu, balançando a cabeça. Os dois caminharam lado a lado, passando pela entrada do prédio e mostrando a identificação na recepção.
A recepcionista indicou o andar de Homicídios e ambos entraram no elevador. Penelope foi o caminho todo tagarelando sobre coisas que ela achava importante Morgan saber de .
Era uma de suas amigas mais antigas. Definitivamente, muito bonita. A analista achou importante frisar isso duas vezes.
Tem um diploma em sociologia, quando decidiu seguir carreira na polícia, e consequentemente, no FBI.
Muito inteligente. E nunca descansava enquanto não tivesse o trabalho terminado e seus casos encerrados com sucesso.
O elevador deixou-os no andar correto. Havia diversas pessoas ali e corredores demais. Penelope não conseguiu avistar de primeira, mas não foi preciso procurar muito. A outra Agente avistou a amiga - e quem mais usaria um tom tão forte de rosa, senão Garcia?

- Penelope! - exclamou, vindo do outro lado do corredor, com um celular na mão e um jovem ao seu lado. - Você não me avisou que já estava aqui!
- Queria fazer surpresa - a outra respondeu, sorrindo demais. - Gosto muito disso.

balançou a cabeça, não perdendo tempo em abraçar a amiga. Fazia um tempo desde que as duas tinham se visto. Morar em cidades diferentes e estarem atoladas de tarefas do trabalho não facilitava o encontro nenhum pouco. Às vezes, era preciso o trabalho intervir, como exatamente naquele caso.
As duas engataram um assunto rápido, até Penelope lembrar que não estava sozinha.

- Ah, deixa eu te apresentar - ela afastou um pouco o corpo e deixou Derek em destaque. - Derek Morgan. Ele é a sua ajuda hoje.

encarou-o. Ele tinha um ar sereno, mas bastante profissional que não permitiu deixá-la ver muito mais do que ele mostrava.

- Derek, essa é a - continuou Penelope.

Morgan a encarou de volta. Ela tinha um sorriso muito bonito, pensou. Suas linhas de expressões eram bastante visíveis, mas o homem precisava mais do que isso para analisar sua personalidade melhor.
Ela estendeu a mão para ele, que aceitou no mesmo momento. Ela também tinha um aperto de mão firme.

- Muito prazer! - exclamou, um sorriso estampando o seu rosto. - Obrigada por ter aceitado vir.

Ele assentiu e os dois soltaram as mãos. recuperou a postura, lembrando que também tinha alguém ao seu lado.

- Esse é o Johnny - ela apresentou o rapaz, que parecia ter a metade da idade dos três presentes. - Estou guiando ele em uma visita ao Departamento, tentando convencê-lo a aceitar trabalhar aqui. Aparentemente, meu charme não foi o suficiente.

Johnny riu, murmurando algumas palavras para Penelope e Morgan, agradecendo pela companhia, prometendo voltar depois.
Os três assistiram o rapaz ir embora.

- Vocês já estão acomodados? - questionou. - Eu preferia que estivessem confortáveis antes de ir direto para o caso.
- Eu adoraria um café com uns biscoitinhos antes - Penelope respondeu.
- Claro - assentiu. - Venham comigo.

A Agente levou os dois até a Copa, que também era ligada à sala de descanso. Penelope informou que poderia já apresentar o caso para Derek, já que ele não estava com vontade de comer nada e muito menos descansar. Ela concordou, e ambos deixaram Garcia na Copa, com Derek seguindo até uma sala, onde estavam três pessoas em uma discussão que parecia bastante fervorosa.

- Oi, pessoal - anunciou a própria presença. - Esse é o Agente Derek Morgan. Ele é o profiler que eu solicitei. Agente Morgan, esses são Agente Scott Bauer, Yara Stoner e Richard Donner. Minha equipe.

apresentou, apontando para cada um conforme ia citando os nomes. Derek apertou a mão de todos eles, devidamente apresentados.

- Nós pegamos um caso de homicídio que parecia, no sentido menos técnico da coisa, fácil - começou a apresentar. - Não que um caso de homicídio seja fácil, mas você entendeu.

Derek assentiu, tentando muito não sorrir. Ela parecia ser o tipo de Agente que amava o seu trabalho e se frustrava quando não conseguia resolvê-lo com a rapidez que era esperada.

- O que ela quis dizer - Scott tomou a iniciativa. - É que parecia um caso tradicional de homicídio. Nós tínhamos as provas, o motivo e o suspeito. Estávamos prontos para fazer a prisão e encerrar o caso.
- Mas eu e notamos que algumas coisas não batiam - Yara continuou. - Quando pesquisamos no banco de dados, descobrimos que havia casos em abertos com o mesmo tipo de vítima.
- A mesma assinatura - Scott implicou.
- Você é insu… - Yara tentou dizer, mas desistiu quando Donner pigarreou.

Ele era o mais velho ali e comandava a equipe.

- Não ligue para eles dois - comentou com Derek. - São como gato e rato. Provavelmente já transaram.
- ! - Yara repreendeu.

riu, murmurando um pedido de desculpas. Derek gostava daquele companheirismo que a equipe parecia ter. Era importante que eles fossem unidos, porque significava que fariam um trabalho em conjunto e o resultado seria mais rápido e satisfatório.

- Desculpe a bagunça - Donner revirou os olhos, virando-se para Morgan. - Para te poupar de detalhes extensos demais e implicâncias desnecessárias - ele lançou um olhar para Scott e Yara, que permaneceram em silêncio. - Aqui está o arquivo.

Morgan aceitou a pasta que Donner estendeu. Todos sentaram na mesa, esperando que o novato temporário se atualizasse sobre o caso. Penelope apareceu logo depois, sentando-se na mesa também, pronta para ser uma ajuda útil com seu notebook nas mãos.

- Spencer não resolveria isso em dois minutos - Derek comentou para Garcia.

Ela estreitou os olhos, batendo a caneta de costume na boca.

- Talvez duas horas - ela admitiu, corrigindo.

O homem sorriu e voltou a atenção para a equipe, pronto para trabalhar em conjunto com eles. Era comum que outros Departamentos solicitassem a ajuda de um membro da UAC. Normalmente eles trabalhavam da própria mesa, mas sempre havia algumas exceções.
Com ao seu lado, Morgan lembrou de agradecer a Penelope por ter tornado aquele pedido de ajuda uma exceção.

Dois dias depois, o caso estava encerrado. A equipe trabalhara incansavelmente, ligando todos os pontos faltando do caso, até Derek ter um perfil completo e eles começarem a caçar os suspeitos, finalmente encontrando o certo.
Agora, três deles estavam em uma cafeteria, se despedindo antes de dois deles precisarem voltar para Quântico.

- Preciso deixar vocês sozinhos por um momento? - Garcia questionou.

Ela não era ingênua. Tinha levado Derek ali com uma intenção suspeita e não esperava que tivesse dado certo, mas quando observava os dois amigos sorrindo um para o outro e conversando como se fossem amigos há décadas, ela soube que seu plano tinha dado mais do que certo.

- O quê? - a olhou. - Não!
- Eu não me importo - Garcia se apressou em responder. - Vou pegar um café para viagem.

E saiu dali, sem dar brecha para protestos.
balançou a cabeça, mordendo o lábio, enquanto Morgan ria. Ele tinha percebido o que Penelope estava fazendo na noite em que fingiu estar cansada e morrendo de sono, deixando eles jantarem sozinhos no restaurante. De qualquer forma, ele não tinha exatamente do que reclamar.
Tinha gostado muito da presença da mulher que estava na sua frente agora, do outro lado da mesa. Parecia fácil conversar e rir com ela.

- Obrigada mais uma vez por ter vindo - agradeceu. - Sua ajuda foi muito importante.
- Só fiz meu trabalho - ele respondeu.
- Você costuma ser modesto sempre? - questionou.

Ele riu mais uma vez.

- Eu só estou sendo realista - defendeu-se. - Eu tinha certeza que vocês iriam conseguir resolver sozinhos. Eu só… dei um empurrãozinho.

Ela abriu um sorriso, concordando em silêncio.
Não era a primeira vez que estavam ali sozinhos, deixados por Penelope, mas não se importava nenhum pouco. Achava um absurdo estar se sentindo atraída por um homem que só conhecia há dois dias, mas quem diabos tinha controle dessas coisas? Ele era bonito, charmoso e bom de lábia.
Inteligente também.

- Espero que você pretenda visitar Los Angeles mais vezes - ela tentou, bebendo um gole do seu café.
- Achei que você estivesse devendo uma visita a Garcia agora - Morgan lembrou.
- E estou - admitiu, deixando os ombros caírem. - Eu não gosto muito de Quântico, mas o que a gente não faz pelos amigos?

Todo seu treinamento para se tornar Agente tinha sido na Academia de Quântico, mas a mulher realmente não era muito fã da cidade e ela não tinha exatamente um motivo específico para aquilo. Quando se formou e soube da vaga na sede de Los Angeles, não pensou duas vezes em se candidatar e dar o fora da cidade.

- Eu acho que posso me acostumar com Los Angeles - Derek disse.

E, realmente, ele tinha se acostumado.
O bastante para ter se apaixonado por ela.

[flashback off]




* UAC significa Unidade de Análise Comportamental.

parte dois

Atualmente - Los Angeles



parecia mais calma agora.
Ela não tinha saído do mesmo lugar desde que recebeu a ligação e sua mente girava, deixando-a um pouco tonta, mas ela não se importou com isso. Para o inferno que estivesse passando mal, tinha coisas mais importantes para resolver no momento. Ela virou-se novamente, observando o prédio à sua frente. Ele sempre parecera enorme demais. Não havia muitas pessoas do lado de fora, mas sabia que havia um número considerável lá dentro, já que mesmo depois do expediente, o trabalho nunca parava.
A mulher pensou em ir para casa, mas não conseguia mover os pés até o carro. Não conseguia pensar em encontrar mais um vazio naqueles cômodos, a lembrança de Morgan sempre lhe invadindo, ainda mais naquele momento.
Respirou fundo, segurando a alça da bolsa com mais firmeza do que precisava, e andou de volta para dentro do prédio. Ela refez o mesmo caminho que tinha feito para sair, mas ao invés de ir direto para a sala de Donner, a Agente entrou na Sala de Descanso. Andou até a pequena geladeira montada ali e pegou uma garrafa de água com gás, bebendo até a metade. Não se sentia melhor, no entanto. Talvez uma garrafa de álcool fizesse mais efeito, mas sabia que não podia beber agora. Não era exatamente uma solução para o tamanho do problema que ela achava que tinha. Deixou a bolsa no sofá da sala - que estava completamente vazio, o que era estranho, porque Scott estava sempre ocupando o sofá.
Ela caminhou pelo corredor novamente, parando em frente a porta de Donner. Pensou em bater. Ou simplesmente entrar de uma vez. Não sabia porque estava hesitando tanto, era só uma conversa. Uma conversa que mostraria o quão ainda era vulnerável àquele caso.

- Entre.

A voz de Richie ecoou do outro lado. Ela bufou, abrindo a porta de uma vez e adentrou a sala, fechando a mesma porta atrás de si. Lançou um olhar desconfiado para ele.

- Como você sabia?

Ele deu de ombros, apontando para debaixo da porta, uma frestinha irritante.

- Sua sombra - respondeu.

Ela assentiu, entendendo. Talvez devesse ter entrado de uma vez, afinal.
respirou fundo. Ela observou Donner tirar o óculos do rosto e soltar uma pasta em cima da mesa, mas ele ainda segurava uma folha.

- Eu… - ela tentou dizer, mordendo a parte interna da bochecha.
- Eu já sei - admitiu, poupando a mulher de completar uma maldita frase.

o encarou.

- Você já sabia? - questionou.
- Bem, eu acabei de saber - ele corrigiu, apontando a folha para ela. - Como você está?

Ela revirou os olhos com a pergunta. Como era inconveniente agora.

- Estou bem - respondeu, aproximando-se da mesa dele. Donner lançou um olhar desconfiado para a parceira. - Estou bem, Donner.

Insistir na pergunta não parecia a decisão certa, então o homem desistiu, se contentando com a resposta que ele não achava que era sincera. Ela ainda parecia inteira, afinal, mas ele se preocupava que ela fosse voltar a precisar de sessões intensas de terapia. Ele era o único que sabia o que realmente ela tinha passado.

- Recebi uma ligação - ela informou. Não precisava mais do que duas frases para ele entender tudo o que ela dizia.
- Estão solicitando você em Quântico?
- Não exatamente - respondeu, confusa. - Mas… sim.

Donner assentiu, observando a mulher sentar na cadeira vazia de frente para a sua mesa. Ele a avaliou minimamente, tentando encontrar algum vestígio de que tudo aquilo estava sendo demais para ela, mas estava com a postura serena, somente um fio de expressão mostrando preocupação em seu rosto. Donner quase podia acreditar que ela realmente estava bem, e não afetada, como normalmente ficaria. Como qualquer um ficaria.
Ou talvez só tivesse ficado muito boa em fingir as próprias emoções. Tinha precisado disso, afinal.

- Posso mandar a Yara no seu lugar - ele finalmente se pronunciou. - Não vai ser problema nenhum e ela participou do caso tanto quanto você.

Não era somente por causa do desgraçado do Louis McLanner. Ir para Quântico implicava em ela precisar lidar com o ex. Que ainda amava, por sinal.

- Eu sei - disse. - Não tenho dúvida que ela adoraria, uma vez que poderia ficar livre do Scott por alguns dias.

Donner deu um mínimo sorriso, concordando com um aceno de cabeça. Ele deixou o silêncio se instalar, sentando-se em sua cadeira, depositando o papel junto aos outros na mesa. Ele deixou que pensasse, que tomasse sua própria decisão, porque ela sabia, mais do que qualquer um, o que estava fazendo.
Richie sentia raiva por aquele desgraçado ter conseguido fugir. Ele mesmo teria feito questão de armar uma caçada para capturá-lo de volta, mas não o fez. Havia algo indicando que aquele era somente um direito de . Se havia alguém que tinha o direito de capturar o desgraçado de volta, era ela.
Não Yara, não Scott.
Ela.

- Preciso pensar - ela anunciou.

O seu parceiro assentiu.

- Qualquer que seja a sua decisão, você tem o meu apoio - ele disse.

balançou a cabeça, levantando-se da cadeira, pronta para sair da sala, quando ele a chamou.

- Ninguém vai te culpar por querer deixar esse caso para trás, .

Ela piscou os olhos. No final de tudo, não tinha precisado de uma garrafa de álcool para se sentir bem.

- Obrigada, Richie.

Alguns meses atrás - Los Angeles, 07:21am
[flashback on]



Scott Bauer costumava ser um homem que gostava de leveza. Ele estava sempre fazendo graça pelos corredores, contando piadas divertidas para os outros colegas, mas mais do que isso, seu passatempo favorito era implicar com Yara.
Naquela manhã, no entanto, sua expressão estava séria. Não havia vestígio algum de humor ou piadas, simplesmente só uma expressão fechada. Yara não estranhou a falta de implicância da parte dele, uma vez que estava sofrendo do mesmo estresse. O Chefe do Departamento estava ali. Bom, ele estava, precisamente falando, na sala de Donner. Scott não tinha dúvidas que as coisas deviam estar muito ruins para os dois homens estarem trancados lá dentro.
O Agente passou a mão pelo rosto, olhando ao redor. Yara estava sentada de frente para uma mesa, concentrada em algo que ele não conseguia adivinhar o que era. Em outra ocasião, teria ido até a mesa, só para atentar um pouco o seu juízo, mas agora ele estava somente concentrado em encontrar , que não estava em lugar algum dali.

- Ah, céus, Bauer.

O tom de alerta na voz de Stoner chamou a sua atenção. Ele franziu o cenho quando olhou para a parceira, notando-a chamá-lo com as mãos. Scott não demorou e logo estava parado ao lado dela, encarando a tela do computador.

- Porra - ele murmurou, infeliz.

Era por isso, então, que o Chefe do Departamento estava ali.
Definitivamente, as coisas estavam muito ruins.

- Onde está a ? - ele questionou, a voz usando o tom urgente de pergunta.

Yara lambeu os próprios lábios, encarando o parceiro.

- Provavelmente na Sala D.

Scott não respondeu. Deu as costas para a sua parceira e adentrou o corredor que levava direto até a Sala de Descanso, que eles costumavam chamar de Sala D. O homem deu duas batidinhas na porta, por puro costume, mas abriu a mesma logo em seguida. estava ali.
No momento em que Bauer entrou, ela tinha acabado de tomar uma aspirina, engolindo o restante de água no copo. Sua expressão estava péssima e ela parecia mais cansada do que todos eles.

- Não tenho boas notícias - ele foi direto, ainda parado perto da porta.

A mulher levantou o olhar para ele.

- Que droga, Scott.

Ele adentrou a sala, fechando a porta atrás de si. Caminhou até ela, encostando-se na mesa, do mesmo jeito que ela estava, parando ao seu lado. Eles não eram tão próximos nos mesmos termos que ele era de Yara, mas ambos faziam parte da mesma equipe e eram amigos. Aquilo bastava.

- O Chefe do Departamento está aqui - ele anunciou a primeira notícia ruim, recebendo um gemido de desgosto da parte dela. Ele a entendia. - E a outra, você não vai gostar nadinha, .

Ela virou o rosto para olhá-lo. Seus olhos estavam mais escuros do que era possível, pensou, sentindo falta da sombra de humor que ele sempre carregava. Se Scott estava tanto com aquela expressão séria, ela não iria gostar mesmo.
Abriu a boca para dizer que ele podia continuar, quando o celular tocou novamente. Ela ignorou, mas Scott, bem ao seu lado, mexeu a cabeça até o celular, vendo o nome de Morgan aparecer na tela. Em seguida, diversas ligações e mensagens perdidas.

- Você está ignorando seu próprio namorado? - ele questionou, desviando do assunto por um momento.
- Não é da sua conta - ela murmurou.

Por mais incrível que parecesse, ele sorriu, os braços cruzados.

- Não precisa ser tão má comigo - ele disse. - Esse posto você pode deixar para a Yara. Ela faz muito bem.
- Aposto que sim.

O celular tocou novamente. suspirou.

- Sim, estou ignorando meu próprio namorado.
- Por quê?

Ela pensou na resposta. Havia alguns dias que estava ignorando as ligações de Derek. Respondia raramente as mensagens e ela estava surpresa que ele não tinha aparecido ali, exigindo alguma explicação para o comportamento dela, mas ele não era daquele tipo. Morgan gostava de ser paciente.

- Não me sinto eu mesma - confessou, quase em um fio de sussurro. Se Scott não estivesse tão perto, talvez não conseguisse ouvir. - Não posso ser quem ele precisa que eu seja. Não consigo estar presente em um relacionamento e conduzir esse caso e ainda precisar o tempo todo estar bem. Não posso descarregar uma bagagem emocional para cima dele, Scott, porque é injusto com ele - ela respirou fundo, controlando as lágrimas. - É por isso que eu estou ignorando-o.
- Há quanto tempo?
- Uma semana.

Scott descruzou os braços. Ele silenciou o celular dela. Não disse nada imediatamente, como se estivesse escolhendo a coisa certa a dizer, e não a melhor.

- , não tem nada que eu possa dizer, senão somente a coisa mais óbvia - ele disse. - Você precisa resolver isso. Dê uma resposta ao homem. Deixá-lo no escuro também é injusto.

Ele não sabia se era o tipo de coisa que ela queria ouvir, mas quando ouviu as palavras saírem da boca de Scott, ela soube que já tinha tomado uma decisão. Mas não podia conversar com Derek por telefone, ela não seria babaca daquela forma.

- Obrigada.
- Não me agradeça ainda - respondeu. - Ainda sou portador de outra notícia ruim.
- Diga de uma vez.

Bauer suspirou.

- Há uma nova vítima.



09:00 am



Nove vítimas.
O desgraçado estava avançando e não parecia que tinha intenção de parar tão cedo. Não enquanto não fosse pego.
sentia o fracasso em cada parte do seu ser, começando a duvidar de si mesma, da capacidade de fazer o seu trabalho. Como poderia estar sendo tão difícil capturar aquele assassino? Tinha sido exigido diversas vezes que o caso fosse repassado para outro Departamento, mas Donner argumentara que eles eram capazes de resolver o caso.
Agora, não parecia ter tanta certeza disso. A dúvida remoía, a falta de confiança em si mesma e no seu trabalho começava a atrapalhar toda a sua postura profissional.

- Estamos sofrendo muita pressão - Donner anunciou.

A equipe inteira estava na sala dele, depois da visita do Chefe. O mais velho explicava como tinha sido sua reunião com o superior, e pelos relatos, não tinha sido nada bom. Sofrer pressão de alguém acima deles era pior ainda.

- Se não resolvermos esse caso, ele será repassado para outra equipe - completou.
- Mas nosso trabalho terá sido em vão - Stoner argumentou.

nunca tinha visto Donner tão estressado, como ele estava agora.

- Eu sei, Yara - ele respondeu. - Mas não há muito que eu possa fazer. Precisamos nos esforçar mais, entender o que estamos errando e juntar o que falta do quebra cabeça.

sabia que devia estar prestando atenção na conversa, mas não conseguia. Não iria conseguir manter sua atenção no caso completamente, enquanto não resolvesse sua situação com Morgan. Céus, ela estava muito pior do que pensava.
Tomava aspirina toda noite, mesmo sem nenhuma dor de cabeça, na esperança que o remédio a fizesse dormir mais rápido. Tinha pesadelos toda vez que encontrava uma nova vítima. Sentia-se culpada por não conseguir salvá-las. Tudo lhe tirava o sono, e cada vez que Derek ligava, não aguentava mais fingir que estava tudo bem.
Seu emocional estava péssimo, não podia lidar com o seu relacionamento, a saúde mental e o caso ao mesmo tempo.
Ela mal percebeu que Yara e Scott saíram da sala, até escutar a batida da porta. Encarou Donner, que a olhava com uma paciência invejável. ajeitou a postura na cadeira, amarrando o cabelo com um coque mais firme, impedindo que fios rebeldes atrapalhassem sua visão.

- Preciso fazer um pedido - ela comunicou.
- Tem a ver com Quântico? - questionou.

A mulher soltou um suspiro. Ela nunca sabia se era tão óbvia no que sempre estava pensando ou se simplesmente Donner a conhecia bem demais, depois de quase quatro anos de parceria.

- Sim - respondeu, decidindo ser sincera. - Só preciso de um dia para resolver uma coisa. Eu prometo que voltarei rápido, e então… pegaremos aquele desgraçado.
- Vá, então.



Quântico, Virginia - Horas mais tarde



Ela ainda não gostava de Quântico, pensou, enquanto olhava a cidade passar através do vidro do táxi.
Dois anos tinham se passado, entre uma visita ali e outra aqui, mas nunca, jamais tinha sido suficiente para ela se agradar um pouco com a cidade. Agora, tinha mais um motivo para desgostar ainda mais.
Ela respirou fundo, parando de olhar as paisagens da cidade e verificou o seu celular. Havia diversas mensagens, algumas somente de Derek. Ele fazia perguntas comuns, perguntando se estava acontecendo alguma coisa ou se ela estava bem e que ele estava preocupado por ela não atender as ligações com a mesma frequência de antes. Ela não estava ignorando-o de propósito. Não, nunca faria aquilo.
A Agente simplesmente não sabia mais como fingir que não estava dando certo. Que se sentia tão perdida, que não conseguia encontrar um caminho de volta até ele, onde pudesse amá-lo em paz e do jeito que ele merecia.
Um relacionamento era tudo o que ela não conseguia lidar no momento.
O táxi estacionou, despertando a atenção dela. Guardou o celular e retirou uma nota de dinheiro, pagando ao homem e saindo do carro em seguida, com apenas uma mochila.
Não foi preciso fazer as malas, porque pretendia voltar o mais rápido possível. Só conversaria com Derek e iria embora, se ainda não fosse tão tarde para voltar a Los Angeles. Uma bolsa com coisas necessárias tinha sido o suficiente.
respirou fundo, percebendo só agora que não tinha a chave da casa de Morgan, o que ela notou que precisaria esperar do lado de fora. Era início da noite e com certeza Derek estava trabalhando. Sabendo que correria o risco de ele não estar na cidade, arriscou uma ligação para Penelope, buscando a informação. Sentada na escada que levava à porta, ela mandou uma mensagem para ele.

- ?

A voz suave veio duas horas depois. Ela ficou na mesma posição esse tempo todo, incansavelmente, esperando-o. Morgan não tinha respondido a mensagem que ela mandara horas atrás, mas talvez ela merecesse. Não vinha respondendo-o direito há uma semana. Ele tinha um semblante confuso.
Mas é claro que ele estaria confuso. Não tinha tido nada há dias e agora, de repente, ela estava ali, parada em frente à casa dele?

- Podemos entrar? - ela questionou, levantando-se. - E conversar?

Naquele momento, observando o quão exausta ela parecia, Derek Morgan soube que não seria uma conversa habitual e fácil.
O homem assentiu, passando direto por ela, inspirando o seu cheiro involuntariamente. Abriu a porta, ligando as luzes, revelando a sala que ela já conhecia tão bem. entrou logo em seguida, segurando a sua bolsa nas costas. Não pôde evitar se sentir nervosa, tinha ensaiado diversas vezes o que iria dizer, como iria começar, mas agora… tudo parecia ter sumido.

- Está tudo bem? - ele quebrou o silêncio, fechando a porta.

Sim, ela queria responder, mas não. Não podia começar com uma mentira.

- Na verdade, eu não sei - optou por aquela resposta, sem saber exatamente o que dizer.

Não era uma mentira, mas também não era exatamente uma verdade. Não uma sincera, pelo menos.
Derek assentiu, soltando um suspiro. Estava com o coração apertado, por vê-la tão perdida ali, quando era tão fácil ser eles mesmo um com o outro. Algo a incomodava e ele não conseguia definir o quê.

- Você quer…?
- Não vou ficar - ela interrompeu.

Ele exalou o ar. Ela olhou para o chão por alguns segundos, antes de finalmente criar coragem e encará-lo. Seu coração a esmagou dentro do peito, como se implorasse que ela não fizesse o que estava prestes a fazer porque, inferno, ela o amava.
Ela o amava tanto, que às vezes ficava difícil respirar.

- Derek, não há uma maneira fácil de fazer ou dizer isso - ela puxou a respiração, tentando manter o olhar nele. Se desviasse, estaria falhando consigo mesma. - Não posso mais fazer isso. Nós… eu… Não posso.
- , o quê? Não.

Ela não conseguiu identificar a emoção que transpassou pelo rosto dele, mas tinha doído o bastante para não querer ver de novo. Céus, era tão difícil.

- Não termine comigo - ele pediu. Quase implorou, na verdade. - Seja qual for o problema, nós podemos resolver. Por favor, .

Ele estava bem próximo dela agora. Seus olhos escuros suplicavam que ela não levasse a sua decisão adiante, mas ela tinha ido até Quântico com um único objetivo e não sairia de lá sem cumprir ele.
Não se sentia mais capaz.
Não se sentia mais digna de ser qualquer coisa daquele homem.

- Não posso - sussurrou, decidida. - Preciso terminar com você. E preciso ir embora.
- Não, por favor, fique - ele tocou o braço dela, segurando-a levemente.

sentiu um nó na garganta. Não demoraria muito para que ela se derramasse em lágrimas ali, embora fosse tudo que ela não quisesse. Um suspiro entrecortado escapou dos seus lábios e ela encarou Derek, tão de perto, sentindo o toque leve dele ainda em seu braço e tocou o rosto dele com as duas mãos.
Era injusto, tão injusto, mas a decisão certa. Ele merecia alguém presente e inteiro e ela estava pela metade e perdida. Esperava que, um dia, ele entendesse sua decisão.

- Quero terminar - ela sussurrou.

Um lampejo de dor passou pelos olhos dele. Ela se sentiu a pior pessoa do mundo quando o homem se afastou do seu toque, parecendo bastante atordoado.
Injusto.

- Por quê? - foi a única pergunta que saiu dos lábios dele.

Era a única pergunta que sempre o perseguiu.

- Sinto muito, Derek - disse. - Eu só não posso, não consigo mais.

O Agente não disse mais nada. Nenhuma palavra. Não era o que ele queria, mas também não havia nenhuma outra maneira, senão aceitar a decisão dela com respeito.
Ele assentiu dolorosamente.

- Espero que saiba que não é nada com você - disse, após uma pausa de silêncio. - Eu amo você. Eu sempre amarei você.

Parece que não o suficiente para ficar, ele pensou.
deu uma última olhada nele, antes de voltar a se dirigir para a porta e ir embora.
Sua mente e seu coração tinham travado uma batalha, ambos querendo decisões diferentes.
Daquela vez, deixando Derek e seu relacionamento para trás, o coração tinha perdido a batalha.

[flashback off]

parte três

um mês depois - Los Angeles
[flashback on]



Yara Stoner agradecia imensamente a alguma força divina por ter conseguido atender o celular no exato momento em que ele estava tocando. Tinha atendido animadamente a ligação, quando percebeu que tinha alguma coisa errada. não estava na linha, mas ela conseguia ouvir tudo o que estava acontecendo e uma segunda voz de fundo. Yara era inteligente o suficiente para ter conseguido juntar as peças rapidamente e correu até Bauer e Donner, colocando a ligação no viva voz.
Em seguida, todos eles se moveram com urgência, organizando uma equipe tática até o prédio de . Yara não saberia dizer o que teria acontecido se tivesse chegado um segundo mais tarde.
Agora, no hospital, com seus dois colegas de trabalho, esperava apreensiva por qualquer notícia da amiga. Não suportaria qualquer perda, e mesmo que não fosse do tipo, rezava para que sobrevivesse.

- Deveríamos avisar ao Morgan? - ela se viu perguntando, levantando a cabeça do ombro de Scott.
- Não - a resposta veio de Donner, séria o bastante para que ela não insistisse mais no assunto.

Estavam ali há quatro horas. Louis McLanner tinha sido capturado, mas não sem antes esfaquear .
A morena ficou em silêncio, voltando a descansar a cabeça no ombro do parceiro, que por vezes, era extremamente irritante com a mesma, mas parecia ter dado uma trégua e estava tolerável. Podiam até fingir que eram bons amigos, embora Stoner soubesse que eram mais do que isso e dariam a vida um pelo outro, se assim fosse preciso.

- Ela vai ficar bem - Bauer sussurrou, baixo o suficiente para que só ela escutasse. - Não conheço ninguém mais que lutaria contra a morte com tanto afinco e conseguisse mais uma chance.

Yara sorriu. Ela tinha a mesma definição sobre a amiga, um exemplo de força que jamais pensara que fosse ser capaz de adquirir um dia.
Stoner pensou em responder o parceiro, mas se agitou, afastando-se dele quando o médico retornou. Os três se colocaram de pé imediatamente.

- A cirurgia correu bem - o médico informou, escutando três suspiros de alívio. - Ela acordou agora e chamou por Donner.

Yara e Scott olharam para o mais velho. Ele concordou com um aceno de cabeça e seguiu o médico até o quarto em que estava internada. O Dr, abriu a porta, permitindo a entrada de Donner.

- Ei - sussurrou, ao avistá-lo passando pela porta. - Você parece péssimo.
- Estou melhor do que você, tenho certeza disso - respondeu, parando ao lado da cama dela.

deu um sorriso fraco. Não sentia dor, mas tinha plena consciência de que não podia fazer esforço.

- O médico diz que precisa me dar uma notícia, mas que eu preciso ter alguém comigo como apoio emocional ou algo do tipo, então… - ela conseguiu mexer os ombros, assentindo para o segundo presente no quarto. - Doutor?

O homem pareceu ficar sério de repente, como os médicos geralmente sempre ficavam quando precisavam dar uma notícia que eles não queriam, mas fazia parte do trabalho. Ele aproximou-se o suficiente da cama, cruzando as mãos na frente do corpo.

- Srta. , eu sinto muito - ele começou, como se fosse algo muito ruim. - Mas dada a gravidade do seu ferimento, nós não conseguimos salvar o bebê.

franziu o cenho, confusa. Não tinha entendido exatamente nada do que o médico tinha informado, então só para esclarecer a mente dela, questionou.

- Desculpe - murmurou. - Bebê?

O médico - que Donner descobriu em uma leitura rápida no lado esquerdo do jaleco que se chamava Todd -, olhou de um para outro. Quando pareceu que eles realmente estavam verdadeiramente confusos, continuou.

- Ah, você estava grávida - informou. - De oito semanas.

pareceu esquecer como se respirava. Tudo em sua mente girou com a nova informação. Estava grávida e agora não estava mais.
Aparentemente, tinha perdido um bebê que nem sequer sabia que existia.
Ela pensou em Derek, dolorosamente pensou no seu ex, e em como desejou que ele estivesse ali com ela, ao seu lado, sofrendo a mesma perda. Um soluço escapou pelos lábios dela, depois do que pareceu ser um minuto eterno de silêncio.
Involuntariamente, tocou a barriga.
Não. Tudo parecia ser demais, demais, demais, e…

- , por favor, respire.

Era a voz de Donner, mantendo-a no presente. Ele estava tão surpreso quanto ela, mas ainda mantinha a própria respiração e a Agente não soube dizer qual tinha sido o momento em que ele tinha entrelaçado sua mão na dela, apertando forte agora, como se soubesse que ela precisava daquilo.
Um bebê.
Ela teria sido mãe, mas até aquilo aquele desgraçado do Louis McLanner tinha tirado dela. resmungou, soltando um grito em seguida. Não tinha sido um grito alto, apenas o suficiente para conter a sua pequena explosão de ódio contra o mais recente serial killer capturado.
Definitivamente, não graças a ela, tinha certeza disso.

- Pode nos dar licença? - Donner pediu ao médico, que assentiu prontamente, saindo do quarto em seguida.

O mais velho encarou a sua parceira, agora mais calma. tinha um olhar perdido, mas sereno, e tinha soltado a mão dele, sem sentir a necessidade de apertar seus ossos mais.

- Sinto muito - ele começou a dizer, mas ela balançou a cabeça.
- Não, não faça isso - reclamou. - Não quero viver essa dor agora e certamente não quero que você sinta muito, Richie.

Pena era tudo o que ela não precisava naquele momento, mas ela sabia que, se tratando de Richard Donner, era mais solidariedade com o seu caso do que pena dela. Ele não era o tipo de pessoa que fazia aquilo.

- O que você quer fazer agora? - ele questionou, aceitando a condição dela.

Não tocaria no assunto, enquanto ela não estivesse preparada para encarar a situação. Tinha acontecido muita coisa em um curto espaço de tempo. Precisava deixar ela decidir quando sentir as próprias emoções.

- Quem está responsável pelos relatórios oficiais?
- Stoner - ele respondeu.

assentiu, a pele um pouco pálida demais. Os bipes das máquinas começavam a irritá-la.

- Isso não sai daqui, Richie - disse, após um segundo. - Não quero que ninguém saiba que eu estava grávida e eu sei que você vai guardar esse segredo, não porque eu estou pedindo, mas porque estou te implorando.

Sem controlar as próprias emoções, começou a chorar. Lágrimas rolavam por seu rosto sem permissão, grossas e quentes, escorrendo por cada lado de suas bochechas. Ela se sentia tão vulnerável e impotente. E como não conseguia controlar o próprio choro, desistiu e chorou tudo o que deveria.
Donner, como se já esperasse por aquela reação, aproximou-se o suficiente para abraçar a mulher, como um pai abraça um filho pequeno, acariciando os fios do cabelo dela, entoando uma canção em uma língua que ela não reconheceu.

- Não direi uma palavra sobre isso - ele prometeu.

Ela achou ter dito “obrigada”, em algum momento, mas não teve certeza.
Devia estar se sentindo aliviada por finalmente ter encerrado o caso e prendido o assassino.
Mas não houve alívio.
Só uma grande sensação esmagadora contra o seu peito de que ela tinha perdido muito mais do que podia contar.

[flashback off]
Atualmente - Los Angeles



Não era tarde o suficiente para que as cafeterias da cidade estivessem fechadas.
costumava ter qualquer uma delas como lugar favorito para pensar, relaxar ou simplesmente não fazer nada. Era como se fosse seu local sagrado, não importava onde estivesse. Um café quente e o silêncio ao redor - era importante que grande parte da cafeteria estivesse vazia -, era a sua coisa favorita, diante de tudo.
Ela encarou o celular, posto sobre a mesa. O café estava no meio das suas duas mãos e a mulher tinha perdido a noção do tempo. Não saberia dizer há quanto tempo estava ali. Trinta minutos? Uma hora, talvez?
Depois da pequena conversa com Donner, ela tinha voltado para buscar a sua bolsa, saído do prédio e atravessado uma rua para adentrar a primeira cafeteria que encontrasse.
As palavras do seu parceiro ecoavam na sua mente. Ela sabia, mais do que qualquer um, que não era obrigada a aceitar participar do caso de novo. Ninguém a julgaria por isso, dada as circunstâncias de tudo que tinha passado. Ser atacada dentro do próprio apartamento fazia as pessoas criarem um certo nível de empatia.
A mulher mordeu o próprio lábio, bebendo mais um gole do café, que estava meio morno. O gosto do leite saboreou a sua boca, fazendo com que ela se concentrasse naquilo por um tempo, sua mente trabalhando mais devagar.

- Senhorita?

Ela levantou os olhos na direção da voz, encontrando o mesmo garçom de antes, com um prato elegante de biscoitos de gengibre.

- Ah, sim. Obrigada - ela assentiu, observando o rapaz colocar o prato bem na sua frente.

Ela agradeceu novamente, não perdendo tempo em experimentar um biscoito. A sensação ainda estava ali. Cavando um buraco dentro dela, um incômodo irritante.
Se fosse parar para pensar, havia diversas emoções misturadas dentro dela agora. não sabia qual priorizar sentir primeiro, mas estava sentada ali há muito tempo, agora tomando café com biscoitos e precisava tomar uma decisão.
Ela não era mesmo obrigada a aceitar a solicitação de participar do caso novamente, mas sentia que precisava de um novo desfecho. Um desfecho que não tiraria tudo dela de novo, mas do próprio assassino. Ela queria se certificar, daquela vez, que ele jamais escaparia de novo, apodrecendo entre as quatros paredes mofadas da cela, sem conseguir sequer ver uma brecha da luz do sol.
Mastigou o biscoito, deixando de lado o copo de café e pegou o celular de volta. Abriu a barra de pesquisa e procurou por uma passagem da cidade até Quântico, encontrando uma viagem em exatamente duas horas.
Se pegasse aquele horário, conseguiria estar em Quântico - que ela ainda tanto desgostava -, pela manhã.
O peito da Agente ardeu. Lembranças desagradáveis invadiram a sua mente sem permissão e ela respirou com dificuldade.
Definitivamente, precisava de um desfecho.
Sabendo que não seria nada fácil passar por tudo de novo, ela comprou a passagem e clicou no número de Penelope, que atendeu no segundo toque.

- Você nunca dorme? - O trabalho nunca para - ela respondeu do outro lado, com humor na voz. - Eu posso te ajudar com algo? mordeu o lábio. - Sim, eu… - parou e respirou fundo. - Eu aceito. - Tem certeza? - Penelope hesitou. - Eu não quero que você… - Eu aceito - afirmou, decidida. - Com uma condição. Pode não contar ao Derek? Só... até eu chegar. - Eu acho que posso fazer isso, mas… - ela mordeu a ponta da caneta do outro lado. - Não acho que ele vá gostar. - Eu sei. Uma parte dela sorriu quando encerrou a ligação. A outra parte queria sair daquela cafeteria e vomitar novamente tudo o que ela tinha ingerido nos últimos minutos. só não sabia que faria parte daquele caso de qualquer jeito que fosse, mesmo que não tivesse aceitado o convite direto de Penelope Garcia. Porque, como não bastasse ter de lidar com seus sentimentos tão antigos - e ao mesmo tempo, tão atuais -, que tinha por Morgan, tinha se tornado o único objeto de vingança do assassino.




Fim.



Nota da autora: Olá de novo! Espero que tenham gostado desse spin-off tanto quanto eu gostei de escrever. Sempre quis mostrar um pouco do ponto de vista das coisas que aconteceram antes de In Dark e como a principal reagiu com tudo. Também nem preciso dizer o quanto os personagens secundários ganharam meu coração (olá, Yara e Scott) aff! Se você ainda não leu In Dark, basta acessar pelo link abaixo. Muito obrigada pela sua leitura. Até mais! <3



Outras Fanfics:
05. Break Free (Ficstape Perdidos #2/Originais)
07. Since We're Alone (Ficstape Perdidos #3/Originais)
In Dark (Criminal Minds/Em andamento)
Operação Bebê (Originais/Em andamento)

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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