Fanfic finalizada.

Parte única


Uma dor bruta e misteriosa não deixava até que a notificação da mensagem chegasse.
No começo, aquela dor não existia. Era sempre pequena, ínfima, sem importância. Não queria dizer nada, mas, à medida que crescia, passou a querer dizer tudo. E ela bem que tentou, Deus, como tentou se livrar dela. Mas de repente, quando ele se levantava antes do sol nascer e falava sobre ir embora, parecia que um buraco intruso e sufocante queria levar todo o resto de sua saúde.
E estava voltando. Mais uma vez.
Tinha demorado 3 meses desta vez. 3 meses onde o cérebro de corria a uma velocidade inimaginável. Onde suas reflexões tomavam o horário de almoço do trabalho, o caminho para a casa, as oportunidades nos engarrafamentos, qualquer tempo livre que sua consciência abria espaço. E, à medida que os dias passavam, ela pensava o mesmo: ele está voltando. Pode chegar a qualquer momento. E isso não pode ser verdade, não pode ser…
Mas já era. Mesmo que fugisse, no fim, ela chegava à mesma conclusão: sentia que não podia sobreviver sem saber que aquilo significava alguma coisa.
Aquela coisa carnal e colorida que mantinham desde a faculdade. Aquela promessa idiota que fizeram depois de ver aquela série de comédia. Ei, se chegarmos aos 40 anos sem nos casar, vamos fazer isso juntos, que tal? Bem, eles estavam bem longe de ter 40 anos, mas — minha nossa, ela não podia estar pensando isso — se ele quisesse, se dissesse alguma coisa a esse respeito…
Era isso. Ela estava ferrada. Completamente ferrada. Humilhantemente ferrada, depois de 5 anos.
Essa era a única parte de seu relacionamento com que nunca conseguia explicar para as pessoas.
Porque é claro que elas perguntavam. A sociedade se dizia curiosa o bastante para saber porque a maior DJ de casas noturnas da região de New York não tinha um namorado. Ela não tinha qualquer pudor ao informar que tinha com quem suprir as necessidades. Um amigo muito especial, um amigo que dificilmente as pessoas conheceriam porque simplesmente nunca estava por ali.
era um dos melhores alunos da Columbia. E agora, também era um dos melhores vice-presidentes da maior empresa de eletrônicos do país, conquistando os maiores espaços e as maiores tendências do mercado em qualquer canto que estivessem sendo produzidas. Essa era a palavra que acompanhava o rapaz por toda parte: maior. O jeito como se portava, com seu terno e gravata, sua expressão séria e respeitável que abatia qualquer comentário sobre sua aparência jovem antes mesmo que acontecesse, a fala eloquente que quebrava ainda mais as críticas, eram apenas o que ele tinha a oferecer por fora. Aquilo não era nem a ponta do iceberg. tinha muito, muito mais a oferecer, e sempre soube disso. Admirava isso.
E agora, percebeu que amava isso. Amava tudo. Amava ele.
Ela diminuiu a velocidade do carro enquanto esticava o pescoço para se certificar que não bateria na traseira do vizinho novamente. Àquela altura, grande parte dos seus ganhos tinham ido para a poupança, em alimentos orgânicos e, aconselhada por , em velas perfumadas e aplicativos de lembretes de ingestão de água. Ele sempre foi assim: cuidadoso. Atencioso. Parecia um irmão mais velho, às vezes. Tirando o fato de que não se transava com irmãos mais velhos, não importa o quanto eles sejam gostosos.
A notificação continuava ali quando ela entrou no apartamento, colocando o telefone em algum canto bem longe da cozinha enquanto chutava os sapatos para longe e se afundava nos cobertores. Ele devia estar passando bem no meio de algumas montanhas agora. Devia estar saindo de Londres. Saindo para voltar depois, de novo. Voltando para ir embora. sempre ia embora.
Que merda. sentia como se o chão se aproximasse de sua direção. Como se ela estivesse caindo, caindo, caindo. Caindo na própria armadilha, no próprio acordo. Adiou aquela conversa consigo mesma várias vezes, mas agora, com ele se aproximando, toda a sujeira escapava do tapete. Como encararia com aquela verdade absurda que povoava sua cabeça?
Sorte que não teria nenhuma apresentação naquela noite. Não dava pra pensar com tanta gente ao redor. Não dava nem pra ficar de cara amarrada, ou aérea, estando em cima de um palco, animando os demais. Não dava pra entrar no modo de autopiedade com tanta gente que te achava incrível.
Permitindo que o sono viesse, ela fechou os olhos no meio da tarde, desejando sonhar com encostas de florestas verdes e misteriosas, e não com o rosto de que se aproximava de New York, o rosto que a roubava de qualquer tranquilidade e implantava a boa e velha excitação de reencontro, desde o começo.

O plano era que tudo ficasse bem.
Era óbvio que tinha sonhado com ele. Andava fazendo muito isso, pelo menos há 2 anos, quando as viagens dele duravam mais do que deveriam, e quando seu tempo juntos era reduzido por reuniões e entregas de relatórios. O rosto de sempre aparecia, em uma fantasia adolescente ridícula que a transportava para cenários que incluíam mais de 3 dias juntos, um passeio de helicóptero, um mar negro e ondulante lá de cima.
Patético. não sabia identificar em que momento exato tinha se tornado aquilo. Uma mulher apaixonada.
Entre os declives e valas do sonho, um tremor do lado externo a fez abrir os olhos. Demorou alguns instantes para que o mundo entrasse em foco de novo e sua cabeça soubesse identificar o apito insuportável daquela campainha. Resmungando em voz baixa, ela se colocou de pé, ainda grogue, coçando os olhos até enfiar um deles pelo olho mágico.
Entretanto, a realidade que esperava do outro lado foi como um perfeito banho de água fria inesperado.
Ela deu um passo para trás, sentindo a garganta fechar ligeiramente. A campainha soou de novo. Ele sabia que ela estava em casa. Ele sempre sabia.
Inclinando a cabeça para trás, respirou fundo por três vezes antes de, finalmente, girar a chave e abrir a porta.
imediatamente tirou o celular do ouvido, no qual tentava fazer a 5º tentativa de ligação para . Ela permaneceu parada no batente, observando a primeira coisa que acompanhava o rapaz: uma pequena mala de mão, agora na cor verde como um carpete, marcada por linhas pálidas e fraturadas.
Deve ter ganhado isso de alguma empresa do oriente, pensou ela automaticamente. E teria sido a primeira coisa que brincaria se não estivesse tão esmagada por suas próprias constatações.
. Puxa. Estava dormindo? — ele perguntou com um pequeno sorriso, reparando no rosto amassado da garota — Por que ainda está dormindo? Achei que fosse trabalhar.
— Se achou que eu fosse trabalhar, por que está aqui tão cedo? — ela lutou para usar o mesmo tom de voz de sempre, aquele que destilava ironia cínica e divertida. Quando ele sorriu em resposta, ficou ainda mais claro o quanto ele se agradava com tal coisa.
— Vim deixar as minhas coisas. Não foi isso que eu disse da última vez? Deixo a mala aqui, me troco e vou aproveitar uma noitada de serviço com você.
É claro. sempre fazia isso. Era a rotina de alguém que pisava sazonalmente em New York: deixar as coisas no seu apartamento. Curtir uma noite inteira de farra. Voltar para o seu apartamento e curtir outro tipo de noitada. Ir embora no dia seguinte.
Costumava ser perfeito para . Às vezes, ele ficava para o próximo dia, eles assistiam a desenhos animados e faziam receitas. Mas o ir embora sempre chegava. Partir não era parte de um pacote de escolhas. Ela iria acontecer e pronto.
? — ele perguntou ao vê-la em silêncio. Seu olhar faíscava na direção dele, sem explicação alguma. limpou a garganta, afastando-se da porta, tentando dissipar os últimos pensamentos absurdos.
— É… Hoje eu não vou trabalhar. Mas pode deixar as suas coisas, fica à vontade.
Ela não parou ao lado da porta. Simplesmente, arrumou os cabelos e seguiu para a cozinha, concentrando-se em ligar a máquina de café e fazer como bons anfitriões sempre faziam. Pare com isso, , ele vai começar a perguntar, pare com isso, pare!
— Por que não vai trabalhar? — andou até ela depois de entrar e fechar a porta. A mala verde berrante ficou bem ao lado da porta. Ele nunca a parou ali, daquele jeito.
— Não estou me sentindo bem — mentiu, pegando as cápsulas mais fortes de sua coleção.
— Jura? E foi ao médico?
— Não é esse tipo de mal — ela cortou, torcendo para que sua língua não embolasse — Quer dizer… Caí de moto na semana passada. Não foi nada grave. Só um arranhão, mas as costas ainda doem.
— Meu deus, arfou, aproximando-se ao seu lado. Tão perto. Seu cheiro continuava o mesmo, e ela não queria ficar encarando tanto para também constatar que seu rosto continuava o mesmo — Você sempre com esse espírito inconsequente. Acha que motos são bicicletas? Deixa eu ver…
— Tá tudo bem — ela disse rapidamente, se afastando para o outro armário. A história da moto era verdade, mas era uma verdade de 2 meses atrás. Não tinha sido nada grave. Não seria algo que ela o contaria — Já estou me cuidando, então pode parar com a síndrome de pai.
— Desculpa me preocupar com você — revirou os olhos, encostando o quadril na pia surpreendentemente limpa, arrastando os olhos agora pela cintura da garota de costas — E não precisa de uma massagem? Acupuntura? Um beijo…
— Como foi sua reunião? — preferiu ignorar suas perguntas e sugestões, virando-se para ele com certa pressa. Precisava inventar alguma coisa para fazer naquela noite, algo que não podia incluí-lo, o que seria quase impossível porque em New York era o compromisso que a fazia cancelar outros.
Ele pareceu perceber a agitação anormal, mas não fez comentários adicionais.
— Foi legal. Em um campo de golfe perto do Queens. Sobrevoamos a estátua da Liberdade e fechei um contrato de 5 bilhões.
— Uau. Onde ele te levou pra jantar? — olhou para dentro da máquina de café com um sorrisinho.
— Ele queria me levar no Sky Dome. Mas recusei — disse . o olhou sem entender — Esperava comemorar com outra pessoa.
O formigamento no peito surgiu sem aviso. De vez em quando, acontecia esse tipo de coisa quando usava aquele tom de voz abafado, abria o sorriso puramente sacana e dizia coisas que a faziam se sentir como se fosse a prioridade de suas paradas.
Pare. Sua mente estava criando fantasias de novo. Ela não era prioridade de ninguém, muito menos de . Ela era sua amiga de longa data, uma parceira pra toda ocasião, inclusive quando se tratava de vestir asas para festas a fantasia, e uma foda decente para cada escala entre um país e outro, mas apenas isso. Não era prioridade em New York, não era prioridade em lugar nenhum.
— Acho que consegui um bico — ela disse sem pensar, tirando um pouco do sorriso dele — Quer dizer, não hoje. Como eu disse, hoje não vou trabalhar. Mas me chamaram pra uma festa amanhã, sabe? Coisa de gente rica. Querem que eu coloque aquelas asas de pássaro e tudo mais. Tem cara de ser coisa grande.
— Jura? Não fiquei sabendo de nenhum evento assim amanhã.
— Não é amanhã — ela diz novamente, sentindo o rosto esquentar, a língua inchar — Ainda não olhei o dia direito. Pode ser essa semana, ou semana que vem. De qualquer forma, não é tão grande assim. Você não saberia. Também não estaria aqui para ir.
Ela odiou o tom frio e neutro que se apoderou de sua voz na última frase, mas não ficou para ver a reação dele. virou-se novamente, desta vez para outro armário na extremidade contrária, torcendo para que pensasse que sua amiga estava com alguma TPM ou com algo pior que a deixasse insuportável e fosse embora dali, fizesse check-in em um bom hotel e curtisse uma noite inteira muito bem acompanhado por seus outros amigos residentes da cidade.
— Tá tudo bem mesmo? — é claro que ele perguntou. bufou, organizando biscoitos já organizados em um pote, desejando que sua voz soasse mais convincente.
— Claro que está. É só as asas de pássaro. Ainda não sei como vou fazer. Talvez eu não use a de um pássaro, mas a de um corvo. O que você…
A respiração dele em sua nuca travou suas próximas palavras. Lentamente, colocou seus dedos quentes em torno de seus ombros, um gesto tão normal e simplório, mas que serviu para elevar o espírito de mais do que gostaria.
— Suas mentiras ficam piores a cada ano que passa — ele virou o corpo da garota de encontro para o seu, e centímetros ridículos separavam suas testas — Por que a formalidade? Não sentiu falta o suficiente para demonstrar ou sentiu tanto que a deixou com medo?
— Do que está falando? — era difícil se fazer de forte diante daquele hálito, da boca próxima, na forma clara com que suas pernas roçavam uma na outra toda vez que ele se aproximava.
— Sabe o que eu quero dizer — ele encaixou uma mão na nuca de , e uma erupção quente desbravou o abdôme e o peito da mulher; ela sabia o que ele faria, o que sempre fez, mas agora a expectativa e o desejo apagavam sua mente — Se não vai trabalhar hoje, mulher-pássaro, então significa que temos mais tempo.
E foi assim que ele a beijou intensamente, sem precisar de um sim dito em alto e bom som, sem precisar de joguinhos ou trapaças. Entre e , sempre seria sim. O gosto seria o mesmo, o abraço era familiar, o toque no ponto certo, e todas as coisas que uniam duas pessoas em corpo e alma.

Se pudesse voltar atrás, desejaria nunca ter sentido aquele gosto.
Ela e eram o exemplo perfeito de personagens secundários de um livro de aventura. Ela, da Resistência; ele parte do Império. Duas pessoas que não nasceram para ficar juntas, e que ninguém se interessava por ler. As páginas do livro onde se encontravam seriam divertidas e engraçadas, mas apenas isso. Esquecível. Sem romance. Só uma bela amizade. Porque sempre tinha que ir. Tinha que correr até um avião da mesma forma que ela corria daquele apego.
Lá fora, a noite já havia caído há muito, mas ela não dormia. Pelo contrário. Encarava o rosto dele, dormindo serenamente, na imagem espetacular do corpo nu entre os lençóis dela, a cortina aberta em leque como pedia, porque gostava de dormir observando as estrelas. devia ser a única pessoa que conseguia ver estrelas naquela selva de pedra. Ou a única pessoa que ligava pra esse tipo de coisa.
Sua respiração leve esboçava uma tranquilidade que veio com ele desde o nascimento. não gritava, não se estressava e, mesmo quando fazia isso, mantinha sempre a diplomacia, sem ceder ao descontrole. Era tudo que o fazia ser admirável, respeitado e, na intimidade, tornava-o poderoso e autoritário de um jeito sexy e tremendo, fazendo com que desejasse mais ainda ter garras e prender aquele homem ali, para sempre.
Que maluquice.
estava certo. Eles eram amigos. Apenas isso. Se algum sentimento mudasse, o que seria desse status? Mesmo que a questão amigos fosse um tanto mais estilizada e diferente, com beijo e sexo exclusivo nos reencontros, mas ainda assim. A cabeça de queria contestar essa decisão. Queria uma reunião com a cabeça de . Queria lhe perguntar porque era tão impossível que tentassem um passo adiante, mesmo que ela não soubesse exatamente qual seria.
Às 4 da manhã, começou a lentamente abrir os olhos, encontrando os de já abertos. A mulher estava deitada de lado, exposta, exibindo curvas generosas na meia luz, que fazia com que todos os pelos dele se eriçarem. Era difícil esconder qualquer desejo por . Até quando eram apenas amigos, sem nada mais. Até quando ele não tinha dúvida alguma que ela jamais o enxergaria como mais do que isso.
A melancolia da despedida tinha início naquela borda do tempo. engoliu em seco, desesperada por alguns minutos com a passagem dos segundos, pedindo para que parassem, pedindo internamente para que a dessem só mais um dia, apenas um, o único que precisava para que ele soubesse com calma, para que existisse uma discussão, um consenso, qualquer coisa, mas não agora…
O sorriso sonolento dele veio quando fechou os olhos de novo. Era tão lindo que doía em alguma parte dela. Era tão lindo que não se contentava em preencher o quarto com seu cheiro; tatuava sua presença na pele, na mente, no coração.
— O que você tem? — ele perguntou, grogue, com seu habitual tom gentil — Por que está acordada?
não percebeu que não tinha sequer pregado os olhos. Não percebeu como isso seria estranho. Afinal, ela não o via sair. Nunca. Só sabia que acordaria e ele não estaria mais ali. Mas hoje, especificamente hoje, queria ver. Queria ver para aceitar. Sempre será assim. Entenda, sempre vai ser assim.
— Não consegui dormir — respondeu, simplesmente. A voz era fraca pelo tempo estática. Era fraca por todo o ar que tinha perdido enquanto o observava.
— Por que não me disse? Vem aqui — ele puxou sua cabeça com cuidado, colocando-a em seu peito, afundando os dedos em seu cabelo que caía até os ombros.
Não. Isso era pior. Era mais terrível do que no dia em que ele a ajudou a se livrar de um corvo que tinha pousado na janela, e, de quebra, para acalmá-la do susto, fez esse mesmo carinho em sua cabeça. Era pior quando se lembrava que ele sempre fazia isso. Era pior, muito pior.
— Vou fazer o seu café — ela se afastou para o lado, sentindo a pele arrepiar, o coração se quebrar e a realidade judiar.
— Por que vai fazer café uma hora dessas? — se apoiou nos cotovelos, agora coçando os olhos para observá-la se sentar.
— Quero que coma alguma coisa antes de ir. Vou me sentir péssima se você pousar em Londres só com barrinhas de cereal.
— Não estou indo embora, — disse imediatamente. parou com tudo onde estava, com as pernas jogadas para fora da cama.
— O que disse? — perguntou devagar, sem se preocupar com a potente falta de discrição.
— Disse que não estou indo embora.
— Vai ficar mais um dia?
— Vou ficar por 1 mês.
Os olhos de se abriram em exponencial surpresa. exibiu um pequeno sorriso de canto, agora também erguendo o corpo para se sentar, dedilhando uma das mãos pelos ombros e costelas da garota, pensando repetidamente e erroneamente que era ali que queria mesmo pousar, era sempre em New York, sempre onde tivesse , como se tudo fosse sua propriedade particular e ela fosse seu tesouro prioritário.
Era muito difícil não ser inundado por pensamentos retrógrados e conceitos desesperados quando se tratava de , mesmo que os escondesse a maior parte do tempo, os escondesse a vida inteira.
— Não vai falar nada? — perguntou ele, ao vê-la em silêncio novamente. pareceu acordar, limpando a garganta para afugentar a nova onda de confusão e conseguir falar normalmente.
— Eu… Não sabia. Não imaginava.
— Eu sim. Era o que vinha fazendo todo esse tempo. Conseguindo mais tempo — ele deu de ombros, sempre simplista e didático, e em seguida, lançou um olhar suplicante para a amiga — Acho que consegui um bom agora. Posso passá-lo com você?
precisaria anotar depois como aquelas palavras tinham soado dentro de seu coração agitado, e em como sua mente ficou tão perdida que provavelmente precisaria de um GPS para se encontrar de novo, ficando ainda pior quando somado ao sorriso de . As coordenadas das frases se perderam. Foi com um esforço chocante que conseguiu pronunciar:
— Vai ficar aqui?
— Se você permitir — ele sorriu, e teve certeza de que desejou ter uma câmera para ter aquele sorriso registrado. Parecia diferente — Podemos sair para aqueles lugares que não tivemos tempo. Podemos comer naquelas barraquinhas do Central Park. E podemos conversar.
O sorriso de foi um esboço da forma mais pura de satisfação.
— Você quer conversar?
— Acho que temos muito a conversar.
Acima de tudo: tinham muito a revelar. Mas por ora, precisavam se tocar mais uma vez e tornar a estadia duradoura mais real em suas cabeças. Precisavam registrar a presença um do outro com afinco. Antes que a próxima despedida viesse.



FIM.



Nota da autora: 💛

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