Finalizada em: 24/02/2021

Capítulo Único

Eu sentia que eu e ele éramos feitos da mesma matéria. Sempre ouvi que o amor era o centro do universo e que cura qualquer ferida interna, daquelas que permanecem no fundo do coração.
Tudo começou naquele maldito verão de 2016, naquela maldita cabana, quando meus olhos cruzaram com os dele.

"– Por falta de verba do acampamento, não pudemos fazer cabanas novas para os monitores. Isso significa que vocês irão dividir o mesmo espaço. Já deixo claro que o primeiro casal que eu encontrar fazendo qualquer gracinha, será demitido na hora. Ouviram bem? – Sentimos o tom de ameaça na voz da Sra. Smithers, ainda mais quando ela abriu a porta com tanta força que chegou a quebrar a maçaneta.
Escutamos alguém correr e xingar várias palavras que nunca havia escutado antes, ele parecia ser bem criativo, tirou uma leve risada de mim.
– Me perdoe, estou atrasado. O ônibus demorou a passar e tive que correr metade do caminho. Sabe como é a fama de acampamento depois que inventaram Jason Voorhees, a gente tem que rezar toda hora aqui. – o rapaz disse e me virei para ele, nunca havia visto olhos tão lindos como os deles. Ele me olhou de volta e sorriu também. Porra, ele tem cara de quem vai acabar com a minha vida.
– Você deve ser o , o único que faltava. E já percebi que você é o engraçadinho de todos, saiba que não gosto de gracinhas. Levo esse trabalho à sério. – A mais velha voltou a falar.
– Sim, senhora. – se aproximou e parou próximo a mim. Sentia seus olhos me encarando e como eu senti, ele falou comigo.
– Ela falou alguma coisa importante? – ele perguntou sussurrando.
– Nada além de falar que não gosta de gracinhas. – respondi podendo o olhar mais de perto. – Sou , mas pode me chamar de .
– Eu sou , mas pode me chamar de mesmo, ainda não conheci nenhum apelido bom para o meu nome. – ele estendeu sua mão para apertar a minha.
– Eu já sabia disso. – apertei sua mão e voltei a olhar para frente, fingindo prestar atenção no que a Sra. Smithers falava.
– Obrigado pela parte que me toca, . – ele fingiu se ofender.
– Eu me referi que já sabia o seu nome, mas agora posso dizer o mesmo sobre seus apelidos. – ele riu e também começou a olhar para frente.
"

As semanas naquele acampamento pareciam durar uma eternidade e cada instante era intenso, assim como meus sentimentos por .
Em tão pouco tempo, ficamos muito próximos. Contamos nossos medos, angústias e sonhos. Eu já o lia como uma página de Shakespeare que eu não conseguia parar de ler.

"– Eu acho que devíamos deixar nossa marca registrada aqui, para as próximas pessoas saberem que existimos. – ele cortava uma folha aos poucos servindo como uma distração.
– E o que você sugere? – perguntei curiosa, saltando da árvore e sentando ao lado dele de frente para o lago.
– O mais clichê de todos. Vamos escrever nossas iniciais na árvore, não ouse negar que eu sei que você acha isso fofo. – ele pegou uma pedra e se dirigiu para a árvore, fazendo força para que a primeira parte da letra aparecesse.
– Eu acho que você não vai conseguir com uma pedra, campeão. – depositei um beijo em seus lábios e o entreguei meu canivete que estava no meu bolso.
– Você não tem ideia de como tirar esse canivete do bolso te deixou muito sexy. – se aproximou e me abraçou, botando a mão na minha bunda e logo me deu um beijo.
Ficamos ali até o pôr do sol admirando a árvore que agora tinha nossa marca e foi bem ali que nos conectamos de vez e me entreguei a ele, devo admitir que nunca me senti tão especial em tão pouco tempo.
"

Aprendi da pior maneira que tudo não passou de uma mentira. Romeu e Julieta não passam de dois idiotas que fizeram o mais romântico dos românticos acreditar. Sim, acreditar que o amor existe e que um dia qualquer você iria encontrar aquela pessoa que te daria um imprinting tão forte que te causaria as borboletas mais bravas no estômago.

"Chegou o dia de ir embora e dizer um breve adeus à não era fácil. Tive o melhor verão em todos os meus 19 anos de vida, conheci pessoas incríveis e pude beijar os lábios mais macios que já experimentei.
Todos os monitores pegaram um ônibus para a rodoviária onde encontraríamos nossas famílias. Fui sentada ao lado de durante a viagem, fazendo diversos planos para nos encontrarmos mais vezes.
A viagem pareceu durar bem menos do que esperávamos e de dentro do ônibus, enquanto estacionava, pude encontrar minha mãe, que erguia a cabeça ansiosa me procurando.
Nós dois descemos juntos e com nossas mochilas. Estava ansiosa para apresentar o para minha mãe. De repente, vi uma garota pular nos braços de quem me fez juras de amor durante o verão. Ela beijava seus lábios desesperadamente.
Não consegui ter alguma reação além de sentir meus olhos marejados já escorrendo lágrimas por meu rosto.
... quem é ela? – foi a coisa mais estúpida que poderia ter saído da minha boca, a resposta era óbvia.
, essa é a minha namorada, a Ashley. – ele respondeu sem alguma reação. A garota olhou para nós dois sem entender nada. – Amor, essa é a , uma amiga que fiz no acampamento.
Minha vontade era de gritar tão alto para extravasar toda a dor que meu peito sentia naquela hora. Só consegui correr, deixando minha mãe sem entender nada.
"

Nossa história sem fim se tornou um conto de terror onde a mocinha morre no final. É como me sinto, como se parte de mim tivesse morrido ali, naquela estação.
Nos meus últimos aniversários, quando me perguntam o que eu desejei ao apagar as velas, é uma coisa bem simples: desejo nunca ter o conhecido.
Seu nome assombra, é uma palavra que não falo mais, senão é como se queimasse toda minha boca.
Queria poder fazê–lo sofrer, assim como ele fez comigo, mas eu não consigo.
– E desde então, é como se eu tivesse perdido o controle da minha vida. Tento assumir o controle, mas sempre perco. – Eu já não aguentava contar toda minha história para mais uma pessoa, tentando buscar uma solução que eu sei que pra mim não existe.
A Dra. Sullivan olha para mim com uma cara de tédio e pega mais um de seus remédios para ansiedade para me dar.
Minha vida se tornou isso. Eu não quero sentir isso para sempre, não quero ter mais uma tristeza acumulada dentro de mim, mas sei que é uma guerra perdida. Não quero ser triste para sempre.


Fim



Nota da autora: Sem nota.



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