Finalizada em: 25/07/2018

Prólogo

- Vamos, querida! Canta para a mamãe! – Minha mãe falou e eu me levantei da cadeira, ajeitando a barra do meu vestido e vi papai apontar a filmadora em minha direção.
Tossi um pouco, mantendo meu corpo bem reto e olhei para papai que sorria animado e eu retribuí o sorriso, colocando os braços para trás.
- Honey honey, how you thrill me, a-ha, honey honey. – Comecei a cantar devagar. - Honey honey, nearly kill me, a-ha, honey honey. – Assenti com a cabeça, sorrindo. - I'd heard about you before, I wanted to know some more and now I know what they mean, you're a love machine! – Abri os braços, alongando a voz. - Oh, you make me dizzy. – Balancei a cabeça, dando uma gargalhada. - Honey honey, let me feel it, a-ha, honey honey. – Sorri para meu pai. - Honey honey, don't conceal it, a-ha, honey honey. – Balancei os ombros, vendo um flash da câmera da minha mãe estourar em meu rosto. - The way that you kiss good night. The way that you hold me tight. – Suspirei. - I feel like I wanna sing when you do your thing! – Suspirei, alongando o fim da frase.
- Uhul! – Meu avô gritou do outro lado da mesa, aplaudindo e meus pais e avó fizeram o mesmo. – Tem certeza que ela só tem quatro anos? – Ele falou para minha mãe e eu sorri, me sentando de novo na cadeira.
- Ela tem talento, simplesmente. – Minha mãe falou sorrindo.
- Será que não seria bom ela fazer parte de algum programa de música ou algo assim? – Minha avó perguntou e eu coloquei um pedaço de torta na boca.
- Então... – Falei, rindo em seguida.
- O quê? – Minha avó perguntou.
- Estava acontecendo alguns testes na Broadway semana passada e eu a levei para fazer. – Minha mãe sorriu, fazendo um carinho em meus ombros.
- Mesmo? – Meu avô sorriu para mim.
- Uhum! – Sorri. – Fiz o teste para a Cosette de Os Miseráveis.
- E como foi? – Meu avô perguntou.
- Ela foi uma das cinco pessoas chamada para o último teste! – Sorri, olhando para minha mãe.
- Nossa! – Meus avôs sorriram. – Isso é muito bom!
- Levando em conta que são três pessoas, já que tem uma lei especial para o trabalho de menores, ela está empolgada! – Minha mãe tirou os pratos da mesa e eu ri fraco.
- É isso que você quer ser, querida? – Meu avô se sentou ao meu lado. – Atriz de musicais?
- Eu gosto muito, vovô! – Falei. – Acho lindo o que esses atores fazem. – Suspirei, abaixando os ombros.
- E você com essa voz linda quer ser atriz da Broadway? Não de cinema ou uma cantora famosa?
- Papai! – Minha mãe falou.
- Eu não estou achando ruim! Você sabe como eu amo musicais e poder ver minha neta em um deles seria um sonho. – Ele respondeu para minha mãe. – Mas normalmente as crianças estão pensando em Hollywood, Britney Spears e Spice Girls nessa idade.
- Eu também gosto disso, vovô! – Falei. – Mas eu gosto muito mais de musicais. – Abri um pequeno sorriso. – E você sabe que foi você que me apresentou esse mundo. – Ele abriu um sorriso, depositando um beijo em minha testa.
- Eu sei, querida! – Ele se abaixou ao meu lado. – Mas se é isso que você quer fazer, eu dou apoio total para você. – Ele segurou minhas mãos. – E eu te prometo que estarei presente em todas as suas apresentações. – Dei um sorriso. – Não importe quando ou onde. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada, vovô! – Falei.
- Bem, vamos cantar parabéns e cortar esse bolo? – Minha mãe colocou o bolo de chocolate em cima da mesa com a vela acesa com o número quatro em cima da mesma.
Os quatro convidados da minha festa começaram a bater palmas para mim e cantar o parabéns a você. Me coloquei em pé na cadeira que estava sentada e meu pai me ajudou, me segurando pela cintura enquanto eu me aproximava do bolo.
- Faz um pedido, querida! – Minha avó falou e eu fechei os olhos, respirando fundo.
Quero ser uma estrela da Broadway. Pensei e assoprei a vela, vendo todos sorrirem para mim e ali eu já me senti uma estrela.


Capítulo Único

- Vamos continuar, então! – A diretora falou e eu virei de frente. – , vamos com The Name of The Game? Michael, você também! – Ela perguntou e eu me levantei da poltrona, seguindo para as escadas do palco com Michael, que interpretava Bill, um dos três possíveis pais da minha personagem, a Sophie.
- Vai ficar me encarando, Mike? – Perguntei para ele que riu, batendo uma mão contra a minha.
- Não é minha culpa! – Ele riu e nos colocamos em posição no cenário no palco.
- Quando quiser. – A maestro falou e eu assenti em sua direção.
- Quando você quiser, Janet! – Falei e ela sorriu, indicando para um dos músicos que começou a tocar piano. Puxei a respiração por um momento, soltando novamente pelo nariz e assenti para Janet, começando a ouvir as notas delicadas da música que eu ensaiava há sete anos durante cinco dias na semana.
- I've seen you twice, in a short time, only a week since we started. – Respirei fundo. - It seems to me for every time, I'm getting more openhearted. – Alongava o fim da frase, olhando para Michael que me encarava de volta. - I was an impossible case, no one ever could reach me. – Balancei a cabeça. - But I think I can see in your face, there's a lot you can teach me. So I wanna know, what's the name of the game. – Abri os braços, vendo Michael desviando o olhar. - Does it mean anything to you? What's the name of the game. Can you feel it the way I do, tell me please, 'cause I have to know. I'm a bashful child, beginning to grow. – Soltei um suspiro. - And you make me talk, and you make me feel, and you make me show, what I'm trying to conceal. – Respirei rapidamente, me aproximando de Michael. - If I trust in you, would you let me down? Would you laugh at me? If I said I care for you, could you feel the same way too? – Segurei suas mãos, vendo-o me encarar. - I wanna know the name of the game.
Finalizei logo em seguida sendo aplaudida pelo elenco e equipe e eu saí do palco, acompanhada de Michael, dando uma rápida olhada no relógio e vendo que era uma da tarde.
- Bem, gente, é isso! – Phyllida, a diretora, falou. - Vão almoçar e nos encontramos aqui às três horas para a primeira apresentação do dia. Temos somente mais algumas semanas em cartaz, precisamos dar nosso melhor. – Assentimos com a cabeça e eu peguei minha mala em uma das poltronas e segui com o resto do elenco para fora do teatro Winter Garden, vendo as faxineiras começarem a arrumar o teatro para a apresentação das quatro horas.
- Onde vai almoçar hoje? – Uma das atrizes perguntou.
- Eu trouxe comida de casa hoje, preciso dar uma passada na farmácia, meu pó acabou na última apresentação. – Ela fez uma careta.
- Nos encontramos depois? – Ela perguntou e assenti com a cabeça.
- Até mais! – Falei, acenando para ela e senti meu celular vibrar. O puxei rapidamente da bolsa e vi o nome de meu avô no mesmo e o coloquei rapidamente na orelha.
- Olá, vovô! – Falei animada, ouvindo sua risada do outro lado da linha.
- Como está minha estrela? – Ele perguntou.
- Tudo certo, vô! – Falei rindo. – Qual o motivo da ligação? Precisa de alguma coisa?
- Só avisando que eu vou te assistir mais tarde. – Sorri, me sentando em uma das últimas cadeiras.
- Você recebeu meus ingressos? – Perguntei.
- Sempre, você sabe! – Suspirei.
- Tem como vir, vô? Posso pedir um táxi para você.
- Não precisa, querida, meu enfermeiro vai comigo de novo.
- Enfermeiro? – Perguntei.
- É, querida! Você não se lembra de que a Elisa se aposentou? Precisei encontrar outra pessoa.
- Confesso que minha cabeça está nas nuvens, vovô! – Suspirei. – Faz uns três meses isso já, não faz? – Perguntei.
- Faz sim, ele já me levou em algumas apresentações suas também. Também gosta de musical. – Ri fraco.
- Que bom, vô! – Suspirei. – Eu estou no meu horário de almoço, preciso correr antes de começar o aquecimento. Falo contigo mais tarde?
- Me encontra depois da sua apresentação, por favor.
- Com certeza! – Falei e voltei a andar em direção à saída do teatro, vendo o movimento na Avenida Broadway.
Desci pela avenida por cerca de cinco minutos até chegar no meio da Times Square, encarando todos os telões e luzes brilhantes, mesmo sendo só a hora do almoço. Olhei para o letreiro com o cartaz de Mamma Mia e a frase ‘últimos dias’ em vermelho e senti um aperto no coração, pensando quanto tempo que eu fazia essa peça e que sua temporada estaria chegando ao fim.
Puxei as notificações do meu celular e vi que tinha pelo menos três e-mails da minha agente com horários para novos testes. Com Mamma Mia acabando, eu estava desempregada e, apesar de ser fácil eu conseguir um novo emprego, eu precisaria fazer os testes da mesma forma.
Senti alguém esbarrar em mim e balancei a cabeça, correndo entre os táxis amarelos para atravessar a rua e entrei na primeira farmácia que eu vi.

Andei sozinha pelo píer do cenário, onde os panos azuis abaixo de mim se mexiam como se fossem água do mar e a iluminação ajudava, tornando o efeito mais bonito. Senti o vento em meu rosto e arqueei o corpo para trás, colocando as mãos no bolso.
- I have a dream, a song to sing... – Suspirei. - To help me cope with anything... – Balancei a cabeça, soltando um suspiro. - If you see the wonder of a fairy tale, you can take the future even if you fail. – Dei um pequeno sorriso, respirando rapidamente. - I believe in angels. Something good in everything I see. – Olhei para frente, notando a luz forte do refletor em meu rosto. - I believe in angels. When I know the time is right for me. – Respirei fundo. - I'll cross the stream, I have a dream.
Senti um leve toque em meus ombros e virei o rosto, vendo Mary, que interpretava Donna, atrás de mim e ela me abraçou fortemente e eu retribuí com um largo sorriso no rosto. Os atores de Bill, Harry e Sam vieram logo atrás e deram abraços igualmente apertados e Joe, ator de Sky, se aproximou como se conduzisse um pequeno barco e eu entrei no mesmo, me sentando ao seu lado, sentindo o barco começar a andar pelo curto trilho.
Observei os atores de Donna, Bill, Harry e Sam acenarem de cima do pequeno píer e Joe me abraçou de dentro do barco, enquanto o barco seguia pelo trilho. Dei um pequeno sorriso, olhando para baixo e soltei um curto suspiro antes de cantar minha última fala.
- I'll cross the stream, I have a dream... – Finalizei, observando as luzes se apagarem aos poucos e o letreiro escrito Mamma Mia aparecer sob as cortinas que se fecharam e os fortes aplausos da plateia foram ouvidos.
Assim que entrei pela coxia, saí correndo com Joe do barco de volta para os camarins, pois tínhamos somente três minutos para tirar as roupas comuns de Sophie e Sky e colocar as roupas de flashback para Waterloo.
Após o último número, éramos sempre apresentados para o público. Era o momento em que tínhamos mais alegria entre os fãs calorosos de musicais.
- E como Sophie Sheridan, ! – O ator que fazia Harry gritou e eu entrei correndo no palco, sendo aplaudida pelo pessoal e fiz uma rápida referência para eles, acenando logo em seguida, emocionada pela milionésima vez com esse momento.
Dei alguns passos para trás, me colocando entre Joe e Mary e demos as mãos, erguendo as mesmas, abaixando em sincronia e erguendo novamente com um largo sorriso no rosto, sentindo os cachos feitos para a cena caírem em meu rosto.
Quando as luzes da plateia se acenderam, pude ver meu avô em um dos lugares da frente, aplaudindo com um largo sorriso no rosto de sua cadeira de rodas. Mandei um beijo para ele, respirando fundo e o ritmo de Mamma Mia se cessou, quando as cortinas se fecharam a poucos centímetros de meu nariz.
As luzes se apagaram e a equipe se silenciou atrás das cortinas. Saímos do palco em silêncio, mas com sorrisos no rosto e descemos pela coxia novamente. As meninas seguiram para um camarim e os homens para outro, fazendo as portas se fecharem e as meninas do meu camarim começaram a tirar as roupas espalhafatosas de Waterloo.
- Hm, parece que recebeu flores novamente. – Jackie falou e eu ri, me aproximando da minha penteadeira.
- É do meu avô. Ele veio hoje! – Falei, me sentando na cadeira em frente à minha penteadeira e puxei as botas brancas de salto dos pés que deveriam estar inchados.
- Tem mais coisa aí, . – Beth falou e eu notei o grande arranjo de lírios que meu avô deveria ter enviado e olhei outro um pouco menor, mas tão bonito quanto, de uma pequena flor que eu não reconheci.
- Será que é do seu admirador secreto? – Mary falou e todas as meninas se aproximaram e eu corri puxar o cartão do arranjo.
- Com licença! – Falei, escondendo o cartão entre meus seios e elas riram.
- É dele? – Elas perguntaram quase juntas e eu abri o mesmo, vendo uma letra de mão até que feia no mesmo.
- “Encantadora mais uma vez”. – Li as poucas palavras. – “SAS”. – Falei e elas sorriram.
- Seu admirador secreto! – Elas falaram juntas e gargalhamos. Balancei a cabeça e coloquei o cartão na minha penteadeira novamente e me levantei, começando a tirar a roupa colada em meu corpo.
- Há quanto tempo você recebe coisas dele? – Respirei fundo.
- Deve fazer uns dois meses já. – Falei. – Ele vem a cada duas semanas, dez dias. – Dei de ombros.
- E você não se interessa em saber quem é? – Julia perguntou.
- Como eu vou saber? – Falei. – Ele nem assina. E perguntar na bilheteria todos os homens que compraram ingresso para essa sessão será meio triste. – Suspirei.
- Pode ser mulher. – Dita disse.
- Exato! – Apontei para ela, colocando o sutiã e jogando uma camiseta por cima. – Eu tenho cerca de 500 opções? – Perguntei.
- Por aí... – Jackie falou e eu balancei a cabeça.
- Consigo excluir meu avô pelo menos. – Falei e elas riram.
- Você vai ver, esse cara vai acabar aparecendo quando você menos espera. – Mary falou e eu sorri para ela.
- Só espero que ele seja um príncipe encantado e não um chato. – Puxei o ar fundo e elas sorriram.
- Se for para ser, será! – Mary falou, acariciando meu ombro e eu ri fraco, voltando a me trocar.
- Sabe o que ele parece? – Beth falou e nos viramos para ela.
- O quê?
- Seu próprio fantasma da ópera. – Olhei para ela, assustada com a semelhança, soltando uma risada.
- É verdade! – Falei. – Um guardião que fica sempre observando.
- O fantasma acabou aparecendo para a Christine um dia. – Ela falou e eu dei um pequeno sorriso.
- Quem sabe? – Ri, virando para frente e começando a tirar os grampos do cabelo.

- Eu vou sair para jantar com o meu avô, volto para a apresentação das nove. – Falei para o contrarregra de peça.
- Vai jantar agora? – Joe perguntou. – São sete horas. – Ri fraco.
- Tenho que estar de volta até as oito, é o tempo que eu tenho. – Dei de ombros, ajeitando minha mala no ombro. – Até mais.
- Até! – Ele falou e saí pela catraca da entrada de trás do teatro.
- Com licença! – Uma senhora de uns 50 anos me parou.
- Oi! – Falei, olhando para ela.
- Você é , certo? Que faz a Sophie. – Abri um pequeno sorriso.
- Sou sim! – Assenti com a cabeça.
- Ah, você é ótima! Posso tirar uma foto contigo? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Claro! – Falei e me aproximei dela, sorrindo quando vi nossos rostos na tela do celular.
- Muito obrigada! – Ela falou animada. – Para onde você vai depois que aqui acabar? – Fiz uma careta.
- Eu tenho algumas ofertas na mesa, mas nada certo ainda. – Ela fez uma cara triste.
- Te procurarei, você é demais! – Ela falou e eu ri. – Obrigada! – Ela falou.
- Eu que agradeço pelo carinho. – Acenei para ela, dando mais alguns passos para fora do teatro e sendo parada por uma cadeira de rodas que foi colocada em minha frente.
- Aqui está ela! – Sorri para meu avô.
- Vovô! – Falei, me abaixando um pouco para abraçá-lo e dei um forte abraço no mesmo. – Como o senhor está? - Sorri.
- Eu estou ótimo! E você? Maravilhosa como sempre! – Ele segurou minhas mãos e eu sorri.
- Obrigada, vovô! É bom ter o senhor aqui. – Ele sorriu. - Vamos jantar, então? – Olhei no relógio. – Eu tenho só 57 minutos para isso. – Ele riu. – Cadê seu enfermeiro? – Perguntei.
- Ah sim! – Ele se virou rapidamente e notei um moço se aproximando. Ele deveria ser um pouco mais velho do que eu, alto e loiro, mas ainda era jovem. Não que eu fosse velha com 24 anos. – Querida, esse é ! – Ele me apontou para o moço. – Ele se tornou meu novo enfermeiro depois que Elisa se aposentou. Foi altamente recomendado.
- Olá, tudo bem? – Sorri, estendendo a mão para ele, recebendo um bonito sorriso de volta. – Eu sou a neta.
- E a estrela também! – Ele falou e eu assenti com a cabeça. – Parabéns pelo show, é incrível e você estava magnífica! – Dei um sorriso tímido de lado.
- Muito obrigada, me deixa feliz! – Assenti com a cabeça.
- Bem, vamos? – Meu avô perguntou e ri fraco para .
- Se importa se eu conduzir, ? – Apoiei as mãos na cadeira de meu avô.
- Não, fique à vontade. – Ele falou e eu comecei a empurrar a cadeira de rodas de meu avô.
- Então, vovô, aonde vamos hoje? Taco Bell ou KFC? – Perguntei, empurrando-o para os fast foods perto dos teatros da Avenida Broadway.
- Hum... – Ele suspirou, virando o rosto por trás da cadeira.
- KFC! – Falamos juntos e rimos em seguida.
- não gosta que eu fico comendo besteira. – Meu avô falou e eu virei para o moço que andava ao lado de meu avô.
- Besteira? – Falei, me fingindo horrorizada. - Frango temperado com aquela maravilhosa crosta empanada acompanhada com molho agridoce de pimenta é besteira? – Abri os lábios.
- Você é uma atriz, faz muito bem, mas eu não vou brigar contigo, ele precisa controlar o colesterol. – Soltei uma risada fraca.
- Eu sei! – Falei. – Mas aposto que um balde de frango frito não vai afetar a dieta prescrita cautelosamente pela nutricionista. – Ele riu e empurrei a cadeira de meu avô com cuidado por entre as portas do restaurante e um dos atendentes logo nos indicou uma das mesas para deficientes.
- Talvez, mas sem pimenta. – Ele falou e eu estacionei meu avô próximo à mesa e nos sentamos em uma das cadeiras nas laterais.
- Temos um acordo. – Falei e ele sorriu.
- Olá, o que vão querer hoje? – O atendente perguntou e eu respirei fundo.
- Dois baldes de frango frito com molho agridoce sem pimenta. – Falei encarando o enfermeiro de meu avô que assentiu com a cabeça.
- Para beber?
- Três sucos de laranja, por favor. – O atendente assentiu com a cabeça e saiu.
- Então, desde quando Elisa se aposentou e quando começou? – Perguntei.
- Faz pouco mais de três meses. – Meu avô falou.
- Elisa que te indicou? – Perguntei para .
- Sim, trabalhamos no mesmo hospital. – Ele falou. – É um hospital específico para ortopedia, fisioterapia, etc... – Ele falou.
- Você é enfermeiro? – Perguntei.
- Sou gerontólogo também. – Assenti com a cabeça.
- Ah, legal! – Assenti com a cabeça. – E você ainda trabalha no hospital?
- Faço plantão duas vezes por semana. – Ele falou. – Nos dias que seu avô fica na fisioterapia. Nos encontramos lá e eu o trago de volta para casa.
- A Grace ainda vai lá limpar? – Perguntei.
- Nos dias que está no plantão. – Meu avô falou. – Enfim, vamos falar de coisas importantes, minha querida, vamos falar de você.
- O que você quer saber? – Perguntei, apoiando os cotovelos na mesa.
- Fiquei sabendo que Mamma Mia vai acabar. – Suspirei.
- Vai! – Falei. – Eles informaram isso há algumas semanas.
- Como você ficou? – Ele perguntou.
- Eu fiquei bem chateada, inicialmente. – Suspirei. – Sabe, são sete anos fazendo esse papel. Mas talvez seja uma boa mudar de roteiro um pouco. – Suspirei.
- Já sabe o que vai fazer? – Ele perguntou.
- Eu tenho algumas audições na semana que vem, mas vamos ver. Talvez seja a hora perfeita para umas férias. – Ele sorriu.
- Você pode tirar umas férias? – Ele perguntou.
- Até que posso, na verdade. – Suspirei. – Tenho algumas economias guardadas.
- Faça o que for melhor para você, querida. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Sim! Tenho que pensar um pouco também. – Segurei a mão de meu avô em cima da mesa. – Tenho tempo ainda.
- Faz tempo que você não aparece lá em casa, por que você não vai almoçar conosco no domingo? – Ele falou. – aqui é italiano e ele faz uma lasanha maravilhosa. – Dei um pequeno sorriso, balançando a cabeça.
- Pode ser! Talvez seja o que eu estou precisando. – Suspirei e virei para . – Adoro lasanhas. – Ele sorriu e assentiu com a cabeça.
- Frango frito! – O atendente apareceu novamente, colocando dois baldes de frango em nossa frente e eu sorri.

O metrô até o Greenwich Village saindo do Theather District não demorou muito. Era até feio eu pensar que eu mal aparecia na casa do meu avô, lugar onde morei após a morte dos meus pais.
Eu nasci e cresci em Greenwich Village, a famosa vizinhança do seriado Friends, sabe? (Não, o Central Perk não existe.) Aos oito anos meus pais sofreram um trágico acidente de trânsito na ponte do Brooklyn e eu fiquei órfã, indo morar com meus avôs.
Minha carreira continuou crescendo normalmente, passei pelo luto e me reergui. Aos 14 anos, quando eu estava fazendo papéis mais importantes, eu fui morar na escola de balé, treinando quase oito horas por dia com os professores mais aclamados de Nova York, além das cinco horas de aulas de canto.
Com 16 anos, quando consegui o papel para fazer a Sophie em Mamma Mia, eu aluguei um apartamento de um quarto no Teather District, o bairro dos teatros. Dali eu não saí mais e acabei me afastando naturalmente dos meus avós.
Minha avó veio a falecer de um câncer de estômago que descobrimos e a levou em um período de quatro meses. Um dia simplesmente minha avó estava lá e no outro não estava. E, anos depois, meu avô teve um forte AVC colocando-o na cadeira de rodas como uma das sequelas. Mas isso não tirou a animação dele de ir repetidamente às minhas peças e em todas as outras em cartaz na Broadway.
Mas isso é a vida, não é? Ela acontece com todos nós e nunca estamos preparados para isso.
Saí da estação de metrô e andei somente alguns quarteirões antes de entrar no lobby de um dos vários apartamentos de tijolinho à vista e acenei para o porteiro que ficava sentado em uma mesa na porta.
Entrei no elevador e apertei o botão quatro, vendo-o fechar e subir lentamente até o andar requisitado. Atravessei o hall dos apartamentos e toquei a campainha, ouvindo-a ecoar do lado de dentro.
- Querida! – Meu avô falou abrindo a porta e eu sorri, me debruçando sobre ele e estalando um beijo em sua bochecha. – Entre, entre! – Ele desviou sua cadeira e eu entrei no apartamento, fechando a porta em seguida. – já está preparando nosso almoço. – Passei pela bancada que dava para a cozinha e acenei para que estava de avental e com uma rede no cabelo.
- Oi, ! – Acenei, sentindo o gostoso cheiro de molho no ar.
- Oi, ! – Ele acenou e eu sorri. – Senhor , o senhor tem que tomar seu remédio antes de almoçar.
- Ah, acho que acabou, ! Esqueci de te avisar. – Ele falou e eu me sentei em uma das poltronas da sala de jantar.
- O senhor tem outra receita, não tem?
- Tenho sim! – Meu avô seguiu para dentro do apartamento.
- Traz para mim que eu vou buscar para o senhor.
- Eu posso ir! – Falei, me levantando. – Assim você não para o almoço. – Me aproximei do balcão, apoiando os antebraços no mesmo.
- Você gosta de lasanha? – Ele perguntou.
- Adoro qualquer tipo de comida italiana. – Suspirei. – São minhas favoritas. – Ele riu.
- Espero que goste! – Assenti com a cabeça.
- Aqui, ! – Meu avô voltou e eu peguei a receita de sua mão. – O dinheiro, querida. – Ele me entregou uma nota que eu guardei no bolso.
- Eu vou lá. Quando voltar, almoçamos. – Meu avô assentiu com a cabeça.
- Me empresta a receita, rapidinho, eu preciso datar e assinar. – falou e eu coloquei a mesma em cima da bancada, vendo-o se virar para dentro da cozinha novamente e voltar com uma caneta.
- Por que isso? – Perguntei.
- Porque como seu avô vai uma ou duas vezes por ano nos médicos, eles dão mais receitas, mas precisam de datas para aprovação e, em partes, aprovadas por um enfermeiro responsável, que sou eu. – Balancei a cabeça, afirmando.
- Beleza, eu vou lá! – Ele se abaixou para escrever o que precisava no verso da receita e me entregou de volta. – Daqui a pouco eu estou de volta. – Falei para meu avô, seguindo novamente para a porta. – Guardem lasanha para mim! – Falei e ouvi ambos rirem.
Saí do apartamento e entrei no elevador. Lendo na receita o remédio que eu precisava pedir. Virei a receita para ver a assinatura de e me assustei, aproximando a receita de meus olhos.
A assinatura de eu nunca havia visto na vida, mas o escrito “Enfermeiro Responsável” estava com uma letra idêntica aos cartões que eu recebia do meu admirador secreto. Saí do elevador e apoiei minha bolsa na mesa do porteiro e puxei minha carteira, procurando o último recado do meu admirador e coloquei ambos lado a lado.
As escritas eram igualmente grossas e desengonçadas. Aproximei os dois papéis e comparei as duas letras ‘E’ e notei que eram idênticas.
- Não pode ser! – Falei, balançando a cabeça e tentei ligar os pontos.
Meu avô disse que trabalha com ele há uns três meses, quando sua antiga enfermeira se aposentou, e fazia dois meses que eu recebia essas mensagens misteriosas. Coincidentemente eu recebia essas mensagens no dia que meu avô assistia à peça...
- O é meu anjo da música. – Falei surpresa, colocando a mão na boca em seguida.
- Senhorita? – O porteiro falou e eu balancei a cabeça.
- Desculpa, Emílio. – Falei para ele. – Já volto! – Falei, guardando tudo dentro da bolsa novamente e saí correndo do prédio.

Empurrei a porta do apartamento de meu avô novamente e o encontrei sentado à mesa e terminava de servir um pedaço de lasanha para ele.
- Ei! – Falei, tirando o remédio do saquinho e coloquei-o ao lado de meu avô.
- Sente-se, . Eu pego a água! – Me sentei na diagonal de meu avô.
- Ele é seu enfermeiro ou seu empregado? – Perguntei baixo para meu avô e ele riu, destacando o remédio com suas mãos trêmulas e encarei por um segundo, observei-o conseguir pegar o remédio.
- Um pouco dos dois! – Ele falou e eu ri, vendo voltar com o copo para ele.
Enquanto meu avô virava o remédio para baixo, serviu um pedaço para nós dois e eu dei um pequeno sorriso, vendo-o retribuir da mesma forma. Começamos a comer e um silêncio se instalou entre nós.
- Então, sobre o que vamos conversar? – Meu avô falou e eu olhei para ele, rindo fraco.
- Por que não falamos sobre você? – Apoiei minha mão sobre a dele e ele balançou a cabeça.
- Ah não, querida. Sempre falamos de mim. – Ri fraco.
- E de mim também. – Ele fez uma careta e eu balancei a cabeça.
- Vamos falar sobre o , então! – Virei para o enfermeiro que arregalou os olhos.
- De mim? – Ele virou e eu ri, colocando mais um pedaço de lasanha na boca.
- Eu preciso saber quem está morando com meu avô, certo? – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Diga-me um pouco de você.
- Ah... – Ele pensou um pouco. – Eu tenho 27 anos, nasci em Livorno na Itália, mas me mudei para os Estados Unidos com sete anos. – Assenti com a cabeça. – Meu pai era da força aérea italiana e veio para cá em missão, acabamos estabilizando nossa vida aqui e ficamos. – Ele balançou a cabeça. – Quando eu fiz 17 anos eu entrei na faculdade de gerontologia, me formei aos 21 e decidi emendar a faculdade de enfermagem...
- Você tem duas faculdades? – Ele assentiu com a cabeça.
- Sim. Eu acho que uma acaba complementando a outra, sabe? – Ele deu de ombros, descansando os talheres. – Então eu posso fazer o trabalho para seu avô e ainda pegar alguns plantões no hospital. – Assenti com a cabeça.
- Legal! – Falei. – E você parece ser bem inteligente também. – Ele balançou a cabeça.
- Esforçado! – Ele falou e eu dei um pequeno sorriso. – E você? Quando começou sua carreira? Confesso que não era muito ligado em musicais até vir trabalhar com o seu avô.
- Ele era péssimo! – Meu avô riu. – Arrastei-o para vários musicais. – Abri um largo sorriso, balançando a cabeça.
- Com esse daqui você vê vários diversas vezes e não cansa. – Falei, passando a mão no antebraço de meu avô. – Bem, eu comecei minha carreira com quatro anos.
- Nossa! Cedo! – falou e eu assenti com a cabeça.
- É como começa! – Falei. – Eu já fazia balé há um ano quando fiz o teste. – Falei. – Eu entrei para fazer a Cosette mais nova em Os Miseráveis. Fiquei seis anos interpretando-a. – Suspirei. – Depois eu cresci e não podia mais interpretar uma criança tão jovem como a Cosette. – Ele riu. – Aí eu fui para Matilda, interpretei a Matilda por dois anos, depois a Babette de A Bela e a Fera por mais dois, e a Meg Giry em O Fantasma da Ópera por mais três anos. Aí entrei em Mamma Mia e estou há quase sete. – Ele arregalou os olhos.
- Que currículo! – Ele falou e eu ri, abrindo um sorriso. – E como você conciliava isso com escola, estudos?
- O problema não era nem conciliar com estudos, eu estudava em casa. – Falei, balançando a cabeça. – Difícil era conciliar com aulas de balé, valsa, jazz, street dance, tango e canto. – Falei e ele travou por um momento.
- Meu Deus! – Ri fraco. – Isso é espetacular. – Dei um pequeno sorriso.
- Pois é! – Suspirei. – E eu só tenho 24 anos. – Ele arregalou os olhos novamente.
- Você tem 20 anos de carreira e só tem 24 anos? – Ele perguntou e eu sorri.
- Para você ver! – Ri fraco. – Posso me aposentar com 34. – Brinquei e ele sorriu.
- Meu Deus! Fiquei com inveja agora. – Gargalhei.
- É brincadeira! Não quero largar isso por muito tempo. – Sorri.
- Mas e agora, querida. O que você vai fazer com o final de Mamma Mia? – Meu avô perguntou e eu dei um longo suspiro.
- Tenho alguns testes amanhã. – Balancei a cabeça. – Um para fazer a Bela em A Bela e a Fera, outro para fazer a Christine Daaé em O Fantasma da Ópera e outro para fazer a Fanny em Funny Girl. – Meu avô sorriu.
- Só papéis principais. – Retribuí o sorriso.
- Meu currículo é bom demais para eu ser coadjuvante. – Falei e ele riu.
- Essa é a minha garota! – Ele falou. – Mas se você conseguir todos, qual vai escolher?
- Quero muito o de Funny Girl. Por que eu já fiz os outros dois, certo? Apesar de ser papel principal, e serem musicais muito bons com espectadores o ano inteiro, eu queria algo novo. – Virei para . – Acredite, é difícil você ficar sete anos cantando as mesmas músicas. – Ele riu.
- Imagino! – Ele riu. – Mas deve ser demais estar lá em cima do palco. – Assenti com a cabeça.
- É o momento em que eu me sinto mais confortável, sabia? – Suspirei. – É o único lugar que eu não tenho problemas! – Sorri para ele.
- O estrelato combina com você. – Ele falou e eu assenti com a cabeça, sorrindo.
- Obrigada! – Senti meu rosto ruborizar e abaixei a cabeça, voltando a focar em meu prato.

Fechei a torneira da pia e sequei minhas mãos em um dos panos, pendurando-o em cima do fogão, para ver se a quentura do forno o secasse. Saí da cozinha e passei pelo corredor do apartamento de meu avô e entreabri a porta de seu quarto devagar, espiando-o dormindo lá dentro com a cadeira estacionada ao seu lado.
Notei a foto da minha avó em sua mesa de cabeceira e dei um pequeno sorriso. Nós havíamos sofrido bastante, mas estávamos aqui, firmes e fortes. A mais nova e o mais velho. Suspirei e puxei a porta novamente, andando novamente pelo corredor.
Voltei para a sala e passei pela sacada, dando uma olhada lá embaixo e respirei fundo com o vento que bateu em meu rosto. Franzi a testa e entrei novamente, seguindo para a lavanderia, passando pela porta que dava para varanda e encontrei .
Ele estava sentado na parte mais alta da rampa que dava para o jardim de meu avô, com uma câmera fotográfica na mão. O jardim inicialmente era da minha avó, ela cultivava várias flores e temperos, acho que depois que ela se foi, meu avô achou que manter ele era uma bela homenagem a ela.
- EI! – falou e eu desviei o olhar para ele, descendo os dois degraus ao lado da rampa e me sentei ao seu lado.
- Gosta de tirar fotos? – Perguntei.
- Sim! É um hobby! – Ele virou a câmera em minha direção e eu ri, ouvindo o clique da câmera. Dei um suspiro e achei que podia ser a hora de eu confrontá-lo sobre ele ser meu admirador secreto. Apesar de não saber como fazer isso. Sabe, não tinha muito espaço para namorados na minha vida corrida. Ninguém acompanhava e a maioria dos atores e bailarinos gostavam da mesma coisa que eu.
- Então, meu avô mencionou que você não tinha ido muito a musicais antes de trabalhar com ele.
- Não mesmo! – Ele balançou a cabeça, voltando a focar sua lente em algumas flores. – Eu nunca tive o interesse para falar verdade, mas agora adoro! – Ele falou e eu assenti com a cabeça. – É maravilhoso mesmo! – Ele sorriu. – Vocês dão duro! Dançam, cantam, correm. – Ele sorriu. – Eu realmente me apaixonei por isso. – Dei um pequeno suspiro.
- Ah é? – Falei, dando uma risada fraca. – E quando você teve a ideia de me mandar bilhetes como meu admirador secreto? – Perguntei e ele virou assustado para o meu lado.
- , eu... – Ele falou e eu segurei sua mão no ar.
- Não! – Falei, balançando a cabeça. – É você, não é? – Perguntei e ele balançou a cabeça.
- Como você descobriu? – Ele perguntou.
- Sua letra na receita, eu comparei com o bilhete. – Falei e ele assentiu com a cabeça. - Por que não me disse nada? – Perguntei.
- A gente acabou de se conhecer. – Ele deu de ombros. – O que você queria que eu fizesse? Me declarasse para você? – Rimos juntos. – Eu ia esperar um tempo para te chamar para sair e acabaria revelando um dia. – Assenti com a cabeça, suspirando.
- É! Você tem razão. – Suspirei. – Eu provavelmente me assustaria. – Falei e ele sorriu. – Mas sim, eu aceito sair contigo. – Falei e ele virou para mim novamente.
- Com um estranho? – Ele perguntou e eu dei de ombros.
- Meu avô confia em você, já é um bom começo. – Falei e ele sorriu.
- Combinado então! – Ele voltou a tirar fotos com sua câmera e eu me aproximei dele, encostando meu corpo no seu e apoiei a cabeça em seu ombro e ele passou uma das mãos em minha cintura.
- Me diga um pouco mais sobre você, . – Ele falou e eu suspirei.
- O que você quer saber de mim? – Perguntei. – Tirando que as pessoas param para me ouvir quando eu começo a cantar, eu não tenho nada de especial. – Dei uma risada. – Sou até um pouco chata, para falar a verdade. – Ele riu.
- Por quê? – Ele riu e eu balancei a cabeça.
- Eu sou normal, sabe? – Dei de ombros. – Provavelmente se eu te contar uma piada você já vai ter ouvido. – Ele riu fraco.
- Eu não ligo para piadas. – Sorri, erguendo o rosto para olhá-lo. – Me diga como você decidiu que seria cantora. – Suspirei.
- Bem, minha mãe gostava de dizer que eu comecei a dançar antes mesmo de andar. – Suspirei. – E também dizia que eu comecei a cantar antes mesmo de falar. – Balancei a cabeça.
- Seu avô disse que você perdeu seus pais cedo. – Assenti com a cabeça.
- Eu tinha oito anos só. – Suspirei. – Faz muito tempo já. – Suspirei. – Fico imaginando se eles teriam orgulho de mim com tudo que eu alcancei.
- Você acha que não? – Ele virou para mim. – Eles estariam mais do que orgulhosos de você. – Suspirei, sentindo uma lágrima solitária escapar de meus olhos.
- Às vezes eu me pergunto como isso começou, sabe? Com a música e tudo mais. – Suspirei. – Quem fez com que a música me conquistasse... – Sorri. – Com certeza eu devo isso a eles. – Virei para ele. – Eu sou muito grata a eles por causa disso. Pela música, pela alegria que isso me dá, pelo sorriso deles que eu vejo quando olho para o holofote. – Suspirei. – Eu realmente não sei o que seria de mim ou da minha vida sem a música, sem a Broadway. – Ri fraco. – Confesso que não faço a mínima ideia do que estaria fazendo se não fosse a música.
- Tenho certeza que você estaria fazendo algo tão incrível quanto você. – Ele passou a mão em meus cabelos dourados e eu suspirei, assentindo com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri, erguendo meu rosto e estalando um beijo em sua bochecha, fazendo-o sorrir. – Bem, chega de falar de mim, vamos falar de você, enfermeiro! – Falei e ele riu.
- O que eu posso te contar? – Ele perguntou e eu ri.
- Não sei, eu me abri contigo. – Dei de ombros. – Se vira! – Falei e ele riu. – Por que decidiu ser gerontólogo e enfermeiro?
- Por causa dos meus avós, para falar a verdade. – Ele suspirou. – Eu não conheci meu avô, ele se foi antes de eu nascer. – Assenti com a cabeça. – Minha avó, em compensação, teve um AVC igual seu avô, mas a diferença é que ela não tinha ninguém para resgatá-la. – Ele falou, suspirando. – Ela foi encontrada pela empregada dois dias depois. – Ele suspirou, passando a mão em seu rosto.
- Sinto muito, ! – Falei, apertando seu braço.
- Se ela tivesse alguém... – Assenti com a cabeça.
- Entendo! – Suspirei.
- Foi por isso que eu escolhi. – Ele deu um sorriso de lado. – Para que eles sempre tenham alguém.
- Meu avô gosta de você! – Falei.
- Ele é ótimo! – Ele sorriu.
- Todos temos problemas, . Mas não adianta ficar remoendo-os como se pudessem ser consertados. – Ele assentiu com a cabeça.
- Você está certa! – Ele sorriu, assentindo com a cabeça.
- Bem, eu tenho alguns testes para fazer amanhã. Consegue fugir daqui ou do plantão para me acompanhar? – Perguntei.
- Acho que consigo dar um jeito. – Ele falou sorrindo. – Que horas?
- Começa quatro horas. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Perfeito. Eu vejo e te aviso. – Ele falou e eu assenti.
- Quer anotar meu telefone? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça.
- Acho que é uma boa! – Ele falou e eu ri.

- ! – Acenei para ele na porta do teatro e ele veio em minha direção.
- Demorei? – Ele perguntou, me abraçando rapidamente e eu retribuí, dando um beijo em sua bochecha.
- Não, chegou na hora! – Falei, esticando a mão para ele e entramos juntos no teatro Winter Garden.
O teatro não estava cheio, mas tinha várias poltronas ocupadas. Eles estavam fazendo vários testes ao mesmo tempo. Alguns musicais estavam com a produção no começo e outros estavam com atualização de elenco ou à procura de substitutas.
- Senta aqui que eu vou me inscrever. – Falei, vendo-o entrar em uma das fileiras e andei mais para frente, me aproximando das três pessoas atrás da mesa. – Boa tarde! – Falei, me aproximando da prancheta, entregando meu currículo e assinando meu nome. – . – Eles sorriram.
- Sabemos quem é, senhorita . – Assenti com a cabeça. – Teste para os três papéis?
- Quantos tiverem disponíveis. – Falei e eles sorriram.
Voltei por aonde vim e me sentei ao lado de , olhando para o palco vazio, com somente um piano. As pessoas cochichavam a nossa volta e eu segurei a mão de em cima do apoio de braços.
- Normalmente é rápido. – Sussurrei para ele. – Eles chamam os nomes nos palcos, primeiro os coadjuvantes e depois dos principais. – Suspirei. – Mas como eles estão fazendo testes para três musicais ao mesmo tempo, pode demorar. – Falei. – Só ver a quantidade de pessoas que tem aqui.
- Os produtores te conhecem? – Ele perguntou.
- Não vê como as pessoas me olham? – Perguntei, virando o rosto para os lados novamente. – Eu sou veterana aqui. – Suspirei. – Todos me conhecem.
Ele ergueu o rosto lentamente, olhando a nossa volta e respirou fundo, voltando a sua posição anterior. Ele deu uma risada fraca e se abaixou para que sua boca tocasse minha orelha.
- Você é famosa. – Ele falou e eu sorri.
- Um pouco. – Suspirei. – Pelo menos para quem é dessa área. – Falei e ele sorriu.
- Boa tarde, senhores! – Uma das produtoras subiu no palco. – Vamos começar? – Ele perguntou. – Começaremos pelo elenco de O Fantasma da Ópera, depois A Bela e a Fera e, por último, Funny Girl. – Ele falou e eu gemi, fazendo uma careta.
- O quê? – perguntou.
- Eles começam e terminam com os mais difíceis. – Falei. – Eu me aqueci mais cedo, mas O Fantasma da Ópera judia de qualquer um. – Suspirei. – Você vai ver! Muitas pessoas vão sair logo de cara.
- Vai dar tudo certo! – falou e eu suspirei.
- Sempre deu! – Virei para ele que sorriu, assentindo com a cabeça.
Os coadjuvantes começaram a ser chamados um a um, eu acabei relembrando algumas músicas que eu cantava quando interpretei Meg Giry em O Fantasma da Ópera e senti falta do começo. De quando tudo era novidade.
Quando os principais começaram, notei que eu acabei ficando por último. Não porque eu havia sido uma das últimas as chegar, mas normalmente os veteranos eram deixados para o fim. Normalmente era quem tinha mais chance em conseguir os papéis principais mesmo. Os iniciantes acabavam começando por papéis pequenos ou de menor destaque.
- A próxima é... – A produtora ergueu o rosto para mim. – . Venha nos humilhar e dar seu show! – Ela falou e eu me levantei, sentindo apertar minha mão em sinal de apoio antes que eu atravessasse as poltronas e subisse as poucas escadas. A piada da produtora teria sido engraçada e arrancaria boas risadas minha e de todos, mas certeza que só tinha deixado o pessoal mais tenso.
- Meu nome é e eu vim fazer o teste para Christine Daaé. Já interpretei Meg Giry por três anos. – Falei, me aproximando do piano. – Minha música é The Point of No Return. – Falei para o pianista que concordou com a cabeça. – Após a parte solo da Christine. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
Me afastei de trás do piano, mostrando meu corpo completo e respirei fundo diversas vezes. Esse era o teste fatal. Não tinha orquestra, não tinha microfone e tinha poucas pessoas. Ali eu precisava de talento puro. Dei uma pigarreada e fiz um aceno de cabeça para o pianista que começou a tocar a música lentamente.
- Past the point of no return... – Comecei suave, ajeitando minha voz para a afinação que a música precisava. - No going back now... – Ergui a cabeça, olhando para o fundo vazio do teatro. - Our passion-play has now, at last begun... – Movimentei uma mão devagar. - Past all thought of right or wrong. One final question: how long should we two wait, before we're one? – Fechei os olhos, deixando minha voz alongar como a música precisava. - When will the blood begin to race, the sleeping bud burst into bloom? – Cantei um pouco mais rápido. - When will the flames, at last, consume us? – Engrossei a voz, mostrando força na mesma e respirei rapidamente, olhando para os produtores na mesa em minha frente. - Past the point of no return. – Continuei sozinha a parte que deveria seguir com o ator do fantasma. - The final threshold. The bridge is crossed, so stand and watch it burn... – Relaxei o corpo, acalmando a voz e cantando lentamente. - We've passed the point of no return... – Deixei minha voz morrer devagar, finalizando a música.
- Magnífico, . Como sempre. – Um dos produtores falou e os três me aplaudiram. Como era de praxe, a plateia ficou em silêncio.
- Com certeza entraremos em contato. – A produtora de cima do palco falou baixo e eu assenti com a cabeça. – Pode se sentar. – Assenti com a cabeça.
Desci novamente do palco, observando os olhares sobre mim enquanto passava e mantive minha pose séria, como se nada tivesse acontecido, mas por dentro eu estava pulando de alegria. Passei saltitante pelas cadeiras e me joguei ao lado de novamente que estava boquiaberto.
- Então, o que achou? – Perguntei e ele balançou a cabeça.
- Isso foi demais! – Ele falou. – Você é incrível, magnífica. – Ele balançou a cabeça. – Acho que estou cada vez mais apaixonado por você. – Balancei a cabeça e ri fraco, virando meu rosto para ele.
- Isso é besteira! - Me assustei por seu rosto estar virado para o meu e aproximei nossos rostos, encostando nossos lábios por um momento.
Ele alongou o beijo, entreabrindo os lábios, permitindo que fosse mais do que só um selinho. Ele subiu as mãos para meu pescoço, fazendo com que eu encostasse minha cabeça na poltrona e erguesse minha mão para seu pescoço também. Nem o próximo teste fez com que eu me soltasse dali.
Quando eu consegui me desgrudar dele, eu encostei minha testa na dele, com um largo sorriso no rosto, soltando até uma risada inapropriada para o momento, fazendo com que eu colocasse as mãos na boca para abafar o barulho e escorreguei na poltrona, tentando me esconder.
- Eu ainda não estou apaixonada por você, mas isso é só questão de tempo. – Falei e ele sorriu, colando os lábios nos meus novamente.
- Isso é culpa da música também? – Ele perguntou e eu ri fraco.
- Se for, eu tenho que agradecer a ela por me trazer você. – Falei suspirando e apoiei minha cabeça em seu ombro, olhando novamente para o palco onde alguém começava o próximo teste.

As lágrimas já não paravam de cair de meu rosto. Aquela apresentação com certeza tinha sido uma das piores, todo mundo não parava de se emocionar pelo fato de ser nossa última apresentação com esse elenco, com essa galera, com essa turma que trabalhou junto incansavelmente durante sete anos.
Balancei a cabeça, jogando os cabelos loiros cacheados para trás e observei os atores saindo da coxia com lágrimas nos olhos. Respirei fundo, olhando para Joe do outro lado do palco secando o rosto também e assenti com a cabeça. Ele sorriu e fez o mesmo.
- Joe Canam como Sky! – Michael, ator de Sam gritou e Joe saiu da coxia, acenando para o pessoal e eu respirei fundo, fechando os olhos. – Agora, a incrível como Sophie Sheridan. – Ele falou e eu demorei dois segundos para sair de trás das cortinas. Eu não estava preparada para dizer adeus.
Saí correndo por trás do elenco, passando pelo corredor do mesmo e me coloquei à frente do palco. Acenei para a plateia lotada e fiz uma reverência, acenando para todos os lados. Olhei para a primeira fileira, abrindo um largo sorriso e mandando um beijo para meu avô em sua cadeira de rodas e que me aplaudia de pé.
Fiz outra reverência, sentindo as lágrimas voltarem a cair de meus olhos e respirei fundo, dando alguns passos para trás, vendo Michael apresentar Mary que interpretava Donna. Com todos os atores apresentados, demos as mãos, dando alguns passos para frente e nos abaixamos em sincronia, fazendo com que brilhos e paetês voassem pelos ares.
Abri um largo sorriso ao ver o teatro se acender e todos nos aplaudindo de pé. Passei a mão rapidamente em meu rosto, ouvindo a música Mamma Mia voltar a tocar e eu não queria sair dali. Eu não queria que acabasse.
Pensamos que quando algo chega ao fim, vai ser fácil esquecer ou passar para frente, mas não era. Com certeza não era! Abracei Joe de lado, ouvindo-o também chorar baixo em meu ombro e dei uma rápida olhada novamente na plateia antes de ver a cortina se fechar em minha frente, fazendo com que a plateia aplaudisse mais forte e os atores ficassem em silêncio lá atrás.
- Está tudo bem. – Falei, suspirando e Joe sorriu.
- Sim, está! – Ele falou, passando a mão em meu rosto e eu ri. – Vou sentir sua falta. – Assenti com a cabeça.
- Eu também vou! – Suspirei, sentindo-o beijar minha testa.
Os atores começaram a se cumprimentar no palco e eu virei meu corpo para trás, olhando ao fundo do palco o letreiro escrito Mamma Mia em um azul brilhando e suspirei.
Que a alegria, que vida, que chance! Suspirei, mordendo meu lábio inferior e passei a mão nos cachos de Sophie e suspirei, vendo Mary aparecer em minha frente, abrindo os braços.
- Pensativa? – Ela falou contra meu ouvido e eu suspirei.
- Só pensando em como vai ser daqui para frente. – Falei e ela riu fraco, erguendo meu rosto.
- Vai ser magnífico, como sempre. – Ela falou. – Você é especial, . E faz muito por merecer. – Assenti com a cabeça, apertando-a em meu corpo novamente e eu suspirei.
- Obrigada por tudo, Mary! Principalmente pelos ensinamentos. – Falei e ela riu fraco.
- Você também, ! – Ela sorriu. – Aprendi muito contigo. – Assenti com a cabeça.
- Nos encontraremos por aí? – Perguntei.
- A gente sempre acaba se esbarrando por aí. – Ri fraco, virando para os outros atores, sentindo todos espremerem eu e Mary em um abraço.


Epílogo

- Não faça isso. – Comecei a andar para frente, tentando me livrar das mulheres à minha volta.
- Você não pode fazer isso. – Suspirei.
- Você está louca! – Balancei a cabeça, ajeitando o chapéu em minha cabeça.
- Você não tem nada a ver com isso. – Agarrei meu buquê de flores e a echarpe de pelos e continuei andando, tentando me desvencilhar delas.
- Não faça isso, Fanny. Não faça! – Me aproximei quase da beirada do palco, colocando as mãos nas orelhas.
- Não diga! – Gritei, virando para elas que se silenciaram. - Don't tell me not to live, just sit and putter. – Ergui as mãos, tentando afastar elas. - Life's candy and the sun's a ball of butter. Don't bring around a cloud to rain on my parade... – Dei alguns passos para o lado, vendo uma das senhoras me seguir, tentando me impedir de pegar minhas malas. - Don't tell me not to fly, I've simply got to. – Peguei minhas malas, virando para a mulher. - If someone takes a spill it's me and not you. – Balancei a cabeça em direção a ela, virando a cabeça para o outro lado. - Who told you you're allowed to rain on my parade? – Segui andando mais rápido, andando pelo cenário do porto. - I'll march my band out, I'll beat my drum, and if I'm fanned out, your turn at bat, sir. – Dei uma volta no palco e joguei minhas malas no chão. - At least I didn't fake it, hat, sir. I guess I didn't make it but whether I'm the rose of sheer perfection. A freckle on the nose of life's complexion, the cinder or the shine apple of his eye. – Segui andando devagar em direção à plateia, movimentando as mãos no ritmo da música. - I gotta fly once, I gotta try once. Only can die once, right, sir? – Suspirei, passando as mãos no chapéu de pele e jogando para o lado. - Oh, life is juicy, juicy and you see, I gotta have my bite, sir. – Finquei os pés no chão. - Get ready for me love, 'cause I'm a comer. I simply gotta march my heart's a drummer. Don't bring around a cloud to rain on my parade. – Respirei fundo, balançando a cabeça. - I'm gonna live and live now. Get what I want, I know how. One roll for the whole shebang. One throw that bell will go clang. Eye on the target and wam. – Bati o pé no chão, fechando as mãos com a força da voz. - One shot, one gun shot and bang! Hey, Mr. Arnstein, here I am... – Cantei alto, alongando a voz, sentindo meus pelos arrepiar, ouvindo os aplausos para mim e dei um pequeno sorriso, vendo que a orquestra parou de tocar também e os aplausos ficaram cada vez mais altos, me fazendo sorrir e sentir meu corpo arrepiar. Puxei o ar novamente e continuei. - Hey, Mr. Arnstein, here I am... – Ouvi a orquestra continuar e olhei em volta, percebendo que o porto estava vazio.
Balancei a cabeça novamente e saí correndo para trás do palco novamente, pegando minhas malas correndo, ouvindo os saltos de dança baterem contra o chão e passei por cima do palco, descendo novamente, encontrando um pequeno barco com a mudança de cenários. Entreguei tudo para o ator que estava me esperando e subi no mesmo, achando engraçado eu estar em outra peça em barco e me aproximei da beirada do mesmo, respirando fundo antes de cantar.
- I'll march my band out... I'll beat my drum... And if I'm fanned out... – Respirei fundo. – Your turn at bat, sir. At least I didn't fake it, hat, sir. I guess I didn't make it, get ready for me, love, 'cause I'm a comer. I simply gotta march, my heart's a drummer. Nobody, no, nobody... – Respirei fundo, segurando na beirada do barco. - Is gonna... – Senti minha voz tremer. – Rain on my... Parade... – Senti a música tremer em minha barriga e os instrumentos de sopro tocarem em meu ouvido, trazendo aquela alegria novamente para dentro do meu peito e a música parou, me fazendo balançar a cabeça.
Ouvi os aplausos novamente e as luzes se acenderem para que eu pudesse ver as pessoas aplaudindo de pé na plateia. Coloquei a mão sobre o peito e agradeci em um rápido aceno de cabeça. Respirei fundo, sentindo uma lágrima solitária escapar de meus olhos e eu olhei para a primeira fileira novamente, vendo aplaudindo efusivamente com um largo sorriso no rosto. E meu avô ao seu lado com um sorriso no rosto.
Dei um pequeno sorriso, sentindo meu coração bater forte em meu peito e eu ergui o rosto para os holofotes novamente, visualizando o sorriso de meus pais no mesmo. Assenti com a cabeça e quando os aplausos finalmente cessaram, as luzes se apagaram devagar, permitindo que eu saísse do palco às pressas. Encontrei o diretor na coxia que me abraçou orgulhosamente.
- Estreia incrível, . – Ele falou e eu sorri, correndo escadas abaixo.
Além do orgulho em meu peito, eu só tive um pensamento, algo que minha mãe falava para mim desde pequena: afinal, o que seria de nós, sem uma canção ou uma dança? Eu ainda não sei a resposta, mas com certeza sou grato a eles.




FIM!



Nota da autora: Ah que felicidade ver essa fic postada no ficstape mais flashback de todos! <3 To muito feliz. Essa é a minha música favorita no mundo e eu consegui escrever algo que faça jus a ela. Pelo menos eu acho!
Espero que vocês tenham gostado! Não se esqueçam de deixar seu comentáriozinho aqui embaixo e caso tenha gostado e queira mais histórias minhas, acompanhe pelo grupo do Facebook.
Beijos, beijos!



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