19. Magic

Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Bbbbaby c'mon over
I don't care if people find out
They say that we're no good together
And this never gonna work out.

Ela andava com todo o estilo que cabia em si. Seus fios longos e voavam como em um vídeo clipe da Demi Lovato. Seu sorriso esperto não escapou do olhar de ninguém. Seu delineador absurdamente escuro contrastavam de um jeito novo com seus grandes e marcantes olhos . Não vou negar que meus olhos acabaram por escorregar em seu corpo. E que corpo! Seus seios não tão grandes, nem tão pequenos. Exatamente na medida perfeita. Caberia certinho na minha mão, disso tenho certeza.
Ela veio em minha direção e eu tive que juntar meus pedaços derretidos pelo meio do Campus. se aproximou de mim e quando ia beijar-me, a droga do meu despertador me acorda avisando que estou atrasado.
Tem sido assim desde que , meu melhor amigo, trouxe sua irmã para a cidade. Sonho dormindo e acordado com aquela mulher. Mulher de 22 anos, deixo bem claro. , o menino prodígio que entrou na faculdade com 16 anos, popularmente conhecido como eu, não teria a menor chance com uma pessoa como ela. E eu não era o único a pensar assim. Todos do Campus acham que eu quero mais do que posso alcançar. Eles dizem que nós não ficaríamos bem juntos e que isso jamais funcionaria.
Dizem isso pelo fato de já ter se metido mais em encrencas do que se pode contar. Ela é o que costumam classificar como badass. Vivem falando que não vale a pena se ocupar com ela, pois sempre terminará em confusão e isso mancharia a minha imagem de bom moço e até meu futuro profissional. Mas o que eles não sabem é que eu simplesmente não me importaria. Tendo em meus braços, eu teria o mundo.

Me arrumo como sempre para mais um dia na universidade quando me liga.
- Salve, Smaug. - Eu atendo.
- Quem? - Uma voz feminina soa do outro lado. Sim, eu acabei de chamar , o amor da minha vida, de Smaug.
- Ahn... Me desculpa. Eu achei que era o... - Eu me atrapalho inteiro com meu nervosismo.
- E por que você chama meu irmão de ET do Harry Potter? - Ela indaga assustada.
- Ahn? Ah. Tá. Na verdade, eu a chamei de dragão. Com todo respeito, é claro!
- Oi?
- Eu acho que você está confundindo com o Dobby e...
- Quê?
- Bom, a diferença é que ele é um Elfo-doméstico enquanto o Smaug é um...
- Tanto faz, Nerd. - Ela insistia em me chamar assim quando sabia que Geek caia muito melhor sobre mim. - Preciso que você venha aqui! E tem que ser agora. - Eu amava o jeito como ela colocava urgência nas coisas. Me pergunto se todos que nascem em Las Vegas são assim.
- Eu meio que tô indo pro Campus e...
- Deixa de ser Coelho e vem logo aqui! - Ela desligou e eu sorri sem pensar. Quando uma pessoa normal confunde Smaug com Dobby, você quer mata-lá. Mas quando faz isso, você só quer sentar por horas a seu lado e explicar com beijos.  

Pensei um pouco no que poderia ter ocorrido de tão grave a ponto de deixar outro alguém mexer em seu celular. Peguei o carro do meu pai e fui até a casa dos . Toquei a campainha e atendeu. Ela estava diferente da última vez que a vi. E olha que faz menos de uma semana. Dessa vez, estava com mechas verdes degradê. Os fios ainda permaneciam, mas, dessa vez, contrastava levemente com a nova cor.
 E ainda tinha sua tatuagem. As flores de Lótus que percorriam seu corpo maravilhosamente escupido por deuses. Começava do lado direito de seu busto, atravessava sua virilha para enfim chegar em suas coxas. E eu continuava do mesmo jeito de sempre. Magricelo, alto, cabelos bagunçados e camiseta do Dungeons & Dragons. Meu Converse velho parecia mais cinza do que preto. Minha calça com espaço para pendurar canetas continuava caindo por culpa da minha falta de interesse em cintos.
 
Para que falar de mim quando se existe ela?

Enquanto eu a admirava timidamente, me puxou pela camisa. Fechou a porta e as janelas como se estivesse se escondendo do Governo.
- Ahn... O que está acontecendo aqui? - Eu perguntei, já sabendo que a resposta não seria das melhores.
- É o seguinte, Harry Potter. - Ela coloca uma garrafa de energético em cima da mesa e me encara.
- sumiu!
- Oi? - Eu a olho, confuso. Eu havia conversado com ontem à noite. Ele estava na casa de sua namorada. - não está com a ?
- Eu sabia! - Ela diz como se dissesse "Eureca!". - Foi aquela porca. Eu sabia!
- Do que você está falan...
- Seu porta-malas é grande?
- Ahn, sim, mas...
- Ótimo. Pega a chave. Temos uma missão a caminho!
- Ahn? - Eu a olhei, assustado, enquanto media com os olhos o tamanho do porta-malas do carro. - Mas o que você vai fazer?
- Nós iremos fazer! Você é meu time agora. - Ela me olha orgulhosa.
- Eu sei que isso parece claro para você, mas eu sou só um humano, então por favor, me explica do que que você está falando! - Eu paro em frente a ela. Ela me encara e bufa logo depois.
- Nós vamos sequestrar Porca ! - Ela diz como se fosse a coisa mais óbvia e normal do mundo.
- Nós vamos o quê? - Eu grito, assustado.
- Precisamos dar uma lição naquela nojenta! - Ela diz, colocando a jaqueta e entrando no carro.
- Mas por quê? - Eu continuo com os olhos arregalados, sem entender absolutamente nada.
- Por que ela roubou meus brincos achados no Evest. Entra logo no carro, !
Já não tenho fôlego para mais um "porquê". Só a olho, sem reação, enquanto ela bufa impaciente para mim.
- Você sabe que eu não vou fazer isso, né? - Ela me olha.
- Isso o quê?
- Não vou mata-lá, .
- Eu nem pensei isso...
- Então entra na droga do carro! Agora!
- Desculpa, mas eu não vou ser preso. Não hoje. - Pego minha jaqueta e saio andando depressa. -
Tenho trabalho para entregar. Tchau, pode ficar com meu carro e...
- Por que você não quer?
- Porque isso é errado!
- Então o que seria certo?
- Sei lá, pedir para ela devolver os brincos. - Usei o "tom óbvio" dela a meu favor.
- Aquela ladra não vai me devolver. Já sei! - Outro "Eureca!" de . - Podemos ir pessoalmente na casa dela roubá-los de volta!
- Ahn, não? - Eu digo, irônico.
- Vai dizer que isso é errado também?
- Adivinha.
- Pois eu quero que você saiba que não é, não! Se a polícia nos pegar, podemos dizer que ela roubou primeiro. Roubar de ladrão não é pecado. É Robin Hood! - Assim que terminou sua frase, ela sorriu orgulhosa de si mesmo por ter achado um motivo plausível. Respirei fundo e me condenei até a morte pela decisão que estava prestes a tomar.
- Tudo bem. - Eu entro no carro. - Eu vou. Mas se eu for preso por furto, eu mato você e o Robin Hood também! - Eu digo e ela sorri, contente. Ligo o carro e vou até a rodovia principal. e eu conversamos pouco, pois ela estava tão distraída olhando pela janela - e aquela visão era realmente linda.  

But baby you got me moving too fast
Cause I know you wanna be bad
And girl when you're lookin' like that
I can't hold back.


Dirijo a 120 Km/h em uma rodovia calma. Olho pro lado e encontro-a dormindo. Ótimo.
A única pessoa no carro que sabia o endereço estava no terceiro sono, e eu era babaca demais para acorda-lá. Liguei o rádio e aumentei o som na esperança que funcionasse, e realmente funcionou. Ela acordou se debatendo como se estivesse fugindo de um pesadelo.
- Tudo bem? - Eu pergunto.
- Tirando você me acordar com essa música horrível, sim! - Ela refaz o laço nos cabelos, agora bagunçados.
- Foi necessário. Você é a única que sabe onde ela mora!
- Não sei, não! - Ela me olha assustada. - Eu pensei que você sabia!
- E por que diabos eu saberia? - Eu a indaguei.
- E por que eu que saberia?
- Porque você deu a ideia!
- E você é o melhor amigo do !
- E você é a irmã!
- Por que acha que te chamei para isso? Porque eu achava que você tinha as informações!
- Isso nem sequer faz sentido.
- Não precisa brigar, falou? Eu acho que lembro onde ela mora.
- Você acha que lembra?
- É melhor que nada! - Ela me manda uma indireta.
- Ei! Eu fiquei sabendo do seu plano maluco há trinta minutos!
- Grandes coisas. Enfim, a casa dela tem árvores ao redor e uma chaminé marrom.
- Tem certeza que esse não é um filme de terror que você viu?
- Eu posso te jogar pela janela em dois segundos!
- Tá.
- Tem comida aqui dentro? Tô com fome.
- Por que teria comida aqui dentro?
- Porque você é um humano, Harry Potter. Humanos comem, sabia?
- Deve ter algumas barras por aí. - Eu digo, distraído. Ela me olha esperando mais informações, mas quando vê que não encontrará, começa a procurar as possíveis barras.
Após achar a barra, o silêncio total reina. O plástico sendo amassado e sua mordida rápida é tudo que preenche o carro.
- Por que você é tão quieto? - Ela me olha, curiosa.
- Eu penso demais. - Dei uma resposta que julgo simples para ela.
- Eu também penso demais e mesmo assim não calo a boca! - Ela ri do próprio comentário.
- Meu psicólogo disse que é normal, então tudo bem.
- Uau! Isso me lembra... Você é gay?
Me assusto com a pergunta e acabo quase perdendo o controle do carro.
- Não! - Exclamo.
- Calma! É que nunca te vi com nenhuma garota e...
- Isso não quer dizer nada!
- Você precisa de uma garota! Está muito tenso. - Ela fala com uma nova intimidade entre nós.
Não, isso não foi uma indireta sensual que ela mandou.
- Eu nunca tive nenhuma, então...
- NÃO! PARA! - Ela me diz, surpresa. Seus olhos arregalados e sua boca aberta me observam. - Você é virgem, Harry Potter?
- Dá para parar de me chamar assim? - Tento mudar de assunto enquanto fico completamente vermelho.
- Nem uma chegada? Quer dizer, você nunca, nem uma vez...
- Eu já fiquei com garotas, sim! E para suas informações, foram muitas! - No meu dicionário, dois já se classifica como muito. Na verdade, uma. A outra, huh, digamos que deu errado.
- Muitas, é? Não sabia que você era o garanhão do Campus. - Ela diz, sarcástica.
- Nem tantas assim...
- Se recuperarmos meus brincos, quem sabe não viro a número dois da sua lista? - Droga! havia contado a ela. Maldito.
Cogito a ideia por alguns segundos e não posso negar o quão maravilhosa ela é. Acho que me envolvo demais nisso, o que acaba colocando um sorrisinho safado em meu rosto.
- Sério? Está pensando em meu corpo nu enquanto dirige? - Ela me olha de braços cruzados.
- Eu, ahn... - Gaguejei, entregando que ela estava certa. Volto a ficar vermelho. Ótimo! Essa viagem não podia ficar melhor. - Não! Eu estava...
- Não mente para mim. Não é necessário! Às vezes me pego viajando no corpo alheio também e...
- Ahn...- Meus olhos perguntam se já havia feito isso comigo, mas meus lábios só travam.
- Não! - Ela responde a pergunta não feita.
Lhe dou um sorriso sem graça e volto a me concentrar na estrada. Alguém aqui notou que estou dirigindo sem foco ou direção alguma? Oh céus, quem diria que o maior prodígio da Flórida largaria um dia de aprendizado no Campus para uma viagem louca com uma possível desconhecida...  

Enquanto ela dorme, eu a observo cuidadosamente por alguns segundos antes de me focar na estrada novamente. Agora vejo porque amo essa louca depravada ao meu lado. Seu cabelos caem bagunçados sobre seu rosto agora calmo. Um pequeno sorriso desenha seus lábios. Ela se abraça em busca de conforto enquanto seu peito sobe e desce em uma respiração calma. Posso até jurar que, de um certo ponto e pela primeira vez na vida, parece frágil.

A noite já vai surgindo e sente fome. Paramos em um posto qualquer e enquanto ela comia, eu vasculhava a longa e escura internet em busca da casa de .
- Ei, Potter! - Ela grita saindo do estabelecimento. Estou sentando no carro. - Eu acabei de achar o maior sanduíche de Bacon da história da humanidade! Isso deveria estar no Guiness.
- Eu achei a casa da sua rival. - Eu a olho um pouco cansando da viagem. Ela espreme seus olhos tentando decifrar a qual rival me refiro e depois os arregala após entender o recado.
- Eu sabia! Potter, você é o melhor nerd do mundo! - Ela me abraça forte. Seu cheiro é uma mistura de paraíso com gordura de Bacon. Fico sem reação e quando pretendo finalmente esticar meus braços para rodear seu corpo, ela me solta.
- Enfim, a casa da garota fica há seis horas! - Eu digo, realmente esperando que isso fosse um bom motivo para desistir.
- Então vamos logo, ué! - Como sempre, nunca é a resposta que eu espero.
  notou o cansaço em meus olhos e resolveu trocar nossos papeis. Ela iria dirigir enquanto eu manuseava o GPS. Tenho que dizer, aquela mulher dirige como se estivesse em uma competição com Vin Diesel.
- E aí? Como começou esse seu ódio pela ? - Eu puxo assunto.
- Ahn - Ela diz entre sugadas de Coca-Cola enquanto dirige. - Começou quando ela roubou o controle da tv da minha mão.
- Você só pode estar brincando...
- Estou falando sério, . Aquela porca vive me tirando do sério!
- Ela mora há seis horas de distância de você. Como ela pode fazer isso?
- Ela tem seus dons.
- Ok. - Acabo de concluir que ela é piradinha, coitada.
- Eu sei o que você pensa de mim. - Ela se ajeita no banco.
- Sabe? - Ai Meu Deus! contou para ela que eu a amava também, é?
- Sim. Você acha que eu sou metida, louca e fútil.
- Metida não. Fútil, hm, deixa para lá. Mas louca...
- Por quê? Por que seria louca? Por lutar por meus ideais?
- Não. Por escalar o Everest de shorts jeans, talvez?
- E desde quando isso é errado?
- Desde quando Deus criou o universo.
- Idiota.
- Olha, não estou dizendo que isso é errado. Eu até gosto desse seu lado louco aí...
- E você? Não tem nenhum lado louco, não?
- Bom, eu prefiro DC do que Marvel, e isso é muito louco para alguns!
- Até eu que sou burra, sei que isso não faz sentido.
- Ei! The Flash é a prova viva de que...
- ASSUNTO NERD À VISTA.
- É Geek.
- Quê?
- Esquece.
- ...
- ...
- Ei, Potter...
- Oi. 
- Você me acha uma fracassada?
- Esse adjetivo não te descreve de forma alguma!
- Sério? - Ela me olha, esquecendo que tem um volante à frente. - O diz que eu sou uma pedra do caminho dele.
- O só não te vê do jeito certo.
- Meus pais acham a mesma coisa. Por isso que vim morar aqui com ele, mas no fim, só movi o problema de lugar! - Ela ri tentando disfarçar a tristeza que toma conta de seu rosto.
- Talvez o que incomode eles tanto é o fato de você ser única. Eu posso apostar que ninguém mais no planeta terra ou dessa galáxia é tão maravilhosamente surpreendente como você. E talvez isso assuste os leigos. Talvez seja difícil pro seus pais lidar com algo tão raro como .
- Você está dando em cima de mim, Potter?
- Ahn, eu, é que... - Droga. Alguém aí cava um buraco e me joga dentro, por favor?
- Você tem que aprender a mentir. Gaguejar não é o melhor jeito!
- Eu sei mentir, ok? - Digo nervoso, coçando as mãos.
- Ah, é? E qual é o tamanho médio da minha bunda?
- Ahn, eu não... Eu não sei. Eu... Nunca, ahn, nunca olhei para ela e...
- Liar, liar. Pants On fire!
- Não canta essa música. Ela é ridícula!
- Por que você não fala a verdade?
Penso em responder "porque se eu te dizer que sua bunda tem o tamanho perfeito assim como o resto do seu corpo, você não vai gostar", mas simplesmente digo:
- Não sei.
- Não posso te culpar. Às vezes faço isso também.
- ...
- Sabe os brincos? Eles não foram exatamente achados...
- Não?
- Tá mais para roubados de um cadáver que tinha entre as rochas.
- Ah meu Deus... - Como? Como uma pessoa rouba brincos de uma cadáver no meio de um monte?
- E é assim que se mente! - Ela diz orgulhosa. - Aplausos para a mestra! - Ela solta o volante para se aplaudir.
- Ahn?
- Você realmente acha que eu roubaria brincos de um cadáver, Potter? Que tipo de ser humano você acha que sou?
- Bem, é que eu...
- Você tinha que ter visto sua cara! - Ela ri. Sua atenção no volante é quase zero. Isso me faz rir também, mas é de nervosismo.
Cessamos a risada e o silêncio volta a dominar o lugar.
- Sabe, Potter, você é mais legal do que eu imaginei. - Ela diz, pela primeira vez no dia, atenta ao volante.
"E você é muito melhor do que em meus sonhos", sussurro baixo para mim mesmo.
- Você sonha comigo? - Droga. Novamente. havia escutado o meu projeto de sussurro.
- Eu sonho com todo mundo. - Tento disfarçar.
- Hm. Você realmente nunca viveu uma aventura?
- Eu me apaixonei pela garota popular que nunca será minha. Isso conta?
- Mas você disse para ela que a amava?
- Ela riria da minha cara.
- Se ela fizesse isso, ela seria a maior vadia do universo!
- Sério? Por quê?
- Por que não se ri na cara de quem te ama.
- Hm.
- Bom, isso não pode ser considerado aventura, já que você guardou para si mesmo.
- Talvez eu simplesmente não viva do jeito certo.
- Tudo bem. Eu sei como é.
- Não sabe, não. Você tem uma história nova a cada dia. Já eu só saio de casa para ir pro Campus. Só tenho um amigo, nunca lancei um livro e nem plantei uma árvore. Você já rodou o mundo com uma mochila nas costas. O que você sabe sobre não viver do jeito certo? - Me exalto sem motivo explícito e continua calada. Um silêncio sobe por alguns segundos até ela começar a falar.
- Eu não faço yoga e nem tentei pilates como as garotas do colégio. Bebo um pouco mais do que o recomendado e só rodei o mundo para achar meu caminho. Sou uma pedra no caminho de quem amo e vivo sozinha. Então sim, . Eu sei o que é viver do jeito errado. Ou do jeito abandonado.
Uau. Isso me quebrou em todos os sentidos. nunca me contou que seus pais não se davam com .
- Eu sinto muito pelo seus pais. - Digo baixo, envergonhado. - Mas acho que um dia eles vão entender quem você é e o quanto é incrível.
- Como que eles vão entender se nem eu consigo? - Ela ri tentando disfarçar sua tristeza novamente.
Eu tento dizer alguma coisa que a conforte, mas não podemos sair dando conselhos de uma coisa que nunca vivemos.
- Eu só estou tentando achar meu caminho de algum jeito, sabe? Sorrio fraco e ela volta a se focar no caminho. Seus olhos já não brilham como antes. Acho que desenterrei um lado de que ninguém jamais tinha visto.

Já está escuro quando chegamos na rua de . estaciona estrategicamente atrás da casa entre algumas árvores. Ela me olha e faz alguns sinais malucos que sinto ter visto em filmes de agentes secretos. Finjo entender e ela sai do carro, cautelosa. Com os dedos, faz sinal para onde devo ir. E aí que me toco que a doida quer invadir a casa. Pior, ela quer que eu invada a casa.
- Você só pode estar brincando, né? - Eu sussurro, nervoso.
- Calma. Isso faz bem para pele! - Ela pisca e meu coração se derrete. Droga, ! Foco na idiotice que está prestes a fazer.
 Como covarde que sou, sigo as instruções dadas e faço vigília enquanto ela invade cautelosamente a janela da sala de , depois de observar que havia levado sua namorada para passear, pois o carro não estava na garagem. Enquanto tremo de medo, mas tento manter a cara de bravo guerreiro corajoso, ouço um barulho de vidro quebrando e me toco que simplesmente explodiu a janela da garota. Mas que droga aquela garota tem na cabeça?
A demora é maior do que eu quero e as folhas da moita já estão fazendo meu corpo borbulhar em caroços. Enquanto tento me ajeitar, ouço outro barulho se aproximando. Não. Não pode ser! Isso é... Isso é uma sirene de polícia? Vejo uma luz azul e rosa piscando uns quarteirões a frente se aproximando lentamente. Eu, como culto que era, diria nesse momento que estamos em uma situação cuja saída é a cadeia. Mas como hoje o dia não está nada normal, tudo que tenho a dizer é: fudeu!
 
Meus pés coçam desesperados para sair correndo pedindo minha mãe, mas lembro que não saiu de dentro da casa ainda. Lembro também do assobio de acasalamento dos pássaros que combinamos como código. Tento o meu melhor para sair algo como Blue faria, mas o máximo que chego é em Túlio. A sirene fica cada vez mais próxima e nenhum sinal da doida de cabelos Lovato. Então vejo que a única solução é entrar na casa e buscá-la eu mesmo. Para me animar, tento lembrar que já fiz isso, mas aí percebo que experiências em Xbox não agregam na vida real. Entro sem pensar, assobiando nosso código. Encontro a louca no andar de cima rasgando os travesseiros de pena importada de .
- Você é louca! - Faço mais uma afirmação do que pergunta.
- Achou que eu ia deixar em branco o que ela fez?
- Você só pode estar brincando.
- Não. Não estou e...
- Olha, a polícia está vindo para cá e a gente não tem muito tempo! Então é melhor você levantar essa bunda daí e correr como se estivesse em plena segunda guerra mundial! - Eu falo um pouco alterado.
Ela me olha assustada e eu quase desmaio ao ver que o carro da polícia já está parado lá em baixo. Eu a olho com cara de desespero e ela me pede calma. Eu já estou quase me ajoelhando e começando a rezar quando ela me puxa pelo braço e aponta para a janela dos fundos. Ela só pode ter pirado de vez! Ela se aproxima e olha a altura rapidamente antes de me chamar com os olhos mais uma vez. Eu fecho meus olhos, respiro fundo e desligo minha mente. Se eu morrer, pelo menos vou ter visto o fim de Senhor dos Anéis a tempo.
Pulo com a cortina na mão que acaba de me entregar. Abro meus olhos com a esperança de ver Deus, mas tudo que vejo é a grama molhada. Olho para cima e vejo pulando. Tento bancar o herói e a seguro, mas caímos do mesmo jeito. Ela me olha esperta e aponta para frente. Antes que eu pudesse pensar, uma lanterna ilumina o anão de jardim ao nosso lado e me empurra para correr. Saio às banguelas atrás dela pulando muros e sem olhar para trás. 

Corremos feito loucos por quarteirões e mais quarteirões. Uma viatura tentava nos achar, o que tornava a maratona mais intensa. Quando eu achava estar longe, ouvia a sirene se aproximando. A rua estava escura e as casas tinham muitos arbustos. pulou dentro de outra residência e eu fui logo atrás, mas o que nós não contávamos era com o cachorro gigante que nos esperava lá dentro.
Assim que percebeu a presença do animal que rosnava agitado tentando se safar da coleira, subiu em uma árvore que havia no local. Aquilo me parecia fácil, então eu tentei, mas só parecia mesmo. Enquanto eu me arranhava todo para subir, o totó conseguiu se soltar. O monstro mutante veio em minha direção na maior velocidade do mundo enquanto eu me mijava inteiro.
Enquanto ele se aproximava, uma colmeia em chamas caiu sobre sua cabeça, o assustando. Olhei para cima sem entender nada e vi guardando um isqueiro enquanto pulava. Ela me olhou e gritou "corre!" enquanto as abelhas saiam apavoradas do seu antigo ninho. Corri mais rápido que antes, cego de medo. Dobramos a esquina e uma viatura nos esperava um pouco mais longe, parada. não vê outra solução a não ser entrar no mato que nos espera do outro lado da rua. Atravessamos rapidamente e saltamos no meio da mata. Os policiais de antes vêm logo atrás, mas nenhum deles carrega uma arma. Mais ao fundo, achamos outro agregado de casas.
 
Chegamos em uma residência onde não tem árvores para se esconder. A polícia está a pouco centímetros e poderá nos ver facilmente. Olhamos pro lado sem saber o que fazer, até que eu acho uma piscina e empurro dentro. Pulo logo depois e espero a viatura passar. Assim que a sirene está longe o bastante, mergulhamos para fora e respiramos, aliviados. Enfim nos olhamos e uma gargalhada invade nosso pulmão.
tapa meus lábios com sua mão macia e molhada. Eu sorrio finalmente e ela balança seus cabelos molhados. Ainda estamos na piscina de uma casa desconhecida com policias nos procurando, se quer saber.
- Foi uma aventura igual dos seus quadrinhos? - Ela me pergunta, calma.
- Foi muito melhor. Nos meus quadrinhos não tinha você! - Eu a olho, bobo, não escondendo meu amor platônico.
- Tenho a leve impressão que amanhã nossas fotos de fugitivos estarão na primeira página do jornal!
- Eu espero que a foto que eles tenham tirado seja boa. Afinal, é nossa primeira aventura juntos e eu quero que o mundo inteiro saiba! - Eu digo. Ela revira os olhos e depois ri.
So l-l-let them take pictures
Spread it all around the world now
I wanna put it on my record
I want everyone to know now.


- Eu não imaginei que você toparia. - Ela me olha serena. - E se eu disser que tudo o que eu queria era fazer parte de uma de suas memórias loucas?
- Então, parabéns. Você acaba de se tornar a mais doida de todas!
- Sério?
- Claro. Não é todo dia que a Badass da cidade tem uma quedinha pelo Nerd viciado em Star Wars!
- Bom, era Star Trek, na verdade...
- Continua fazendo isso que vou continuar te adorando. - Ela me olha e meus pulmões perdem o ar. Meu queixo caído e minha falta de reação a entregaram meu susto. - O quê? - Ela cruza os braços. - A burrinha do Campus não pode se apaixonar pelo Nerd de óculos quadrado em plena viagem de furto de vez em quando, não?
- Pode. É claro que pode! - Eu a abraço em meio à água gelada. É tão bom sentir seu cheiro outra vez.
Sinto um dor fraca na cabeça. Coloco as mãos em minha testa e vejo o sangue escorrer lentamente. Devo ter feito o corte enquanto corri desesperado. Ela limpa meu ferimento com a água e dá um beijo no local logo após.
- Sabe, eu acho que serei sua Hermione, Harry Potter! - Ela passa o dedo sobre o corte o massageando.
- Na verdade, Hermione fica com o Rony e...
- Cala a boca. - Ela sorri e me beija. Me beija como se fôssemos perfeitos um para o outro. Como se uma aventureira nascida na cidade mais louca do universo fosse feita exata e completamente pro futuro Físico-Quântico nascido no sul da Califórnia. Se quer saber como foi meu segundo beijo, eu te conto! Foi muito melhor que o primeiro. Era como se tivesse uma criança louca pulando dentro de mim. Meu coração palpitava no mesmo ritmo de quando Darth Vader fez a grande revelação. Talvez um pouco mais forte. Meu Deus, como é bom amar alguém!  

Acredito que todos na terra tem um momento no qual percebem o valor da vida. No qual respiram aliviados e entendem que todas as lágrimas caídas os levaram até ali. Também acredito que na terra somos como um folha de papel picado. Somos jogados no mundo e passamos a vida em busca do grande pedaço perdido. Deus! Como sou sortudo em  saber que meu pedaço leva o nome e a história de H. .
  Cessamos nossos beijos com um selinho. Sorrimos um pro outro antes dela espirrar.
- Bom, mas pelo menos recuperamos seus brincos, não é? - Eu digo e ela ri.
- Ahn, na verdade... - Ela procura em seus bolsos.
- Ah, não...

Cause you, you've got this spell on me
I don't know what to believe
Kiss you once, now I can't leave
Cause everything you do is magic
But everything you do is magic.




Fim



Nota da autora: Gente, tenho que deixar claro aqui meu obrigado pro John Green (que vai ler essa história, com certeza!) por me inspirar a criar essa história. Super me baseei em Cidades de Papel e eu espero que tenha ficado tão bom quanto. Ah, essa história também é inspirada na maravilhosa mósica do Rudimental com participação da Emeli Sandré, "Free".
E aí? Já leu a Ficstape de Take Me Home? dá uma olhadinha, aposto que vai adorar. As histórias estão ótimas, assim como as autoras são!
Beijos.





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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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