Fanfic Finalizada

Capítulo Único

“Querido leitor, se parece uma armadilha, você já está em uma.”


Já faz um tempo que as pessoas me viram em um programa de televisão. Ultimamente estava fugindo de tudo que pudesse me acarretar um assunto chamado minha vida amorosa, os boatos depois do meu último relacionamento com a nova queridinha da América eram cruéis e me machucavam. ainda rondava minha mente como uma foto que fora postada na internet e que nunca mais saiu de lá.
Aceitar o convite do Jimmy Fallon pareceu uma cilada para mim no início, e mais tarde eu percebi o quanto estava certo sobre isso, pois não demorou muito para uma crise de ansiedade me atingir assim que entrei no carro em direção ao estúdio. A mídia ansiava pela minha aparição de uma forma tão sedenta que eu viraria manchete apenas por dizer “boa noite”.
Após a noite que Brixton ganhou o Oscar, eu simplesmente sumi do universo em busca de me encontrar novamente, não havia outra mulher na face da terra que tivesse conquistado meu coração e não o devolvido mais, como ela fez. Se ela apenas tivesse sido um pouco mais madura para lidar com todas aquelas críticas, eu ainda a teria do meu lado, mas não posso culpá-la, a indústria também me engoliu no início.
Bufei. Pensar nela exatamente antes de uma entrevista não era a melhor opção, fazia apenas dois meses, mas eu ainda mataria ou morreria por ela, literalmente, não seria algo difícil para mim. Concentrei minhas emoções em algo sólido para que não me perdesse, eu havia decorado tantas respostas, o suficiente para não ser pego de surpresa.
Pelo menos era isso o que eu pensava.
— Recebam agora, Bursin! — O apresentador me chamou e imediatamente a plateia gritava ansiosa.
Acenei para todos enquanto me dirigia até Fallon, o qual tinha um enorme sorriso no rosto e abriu os braços para me acolher em um abraço. De todos os programas que eu havia passado ao longo da minha carreira, esse era o que eu mais me sentia seguro, por sentir o quanto ele era empático e foi por esse motivo que eu concordei com minha aparição no show.
— É um prazer enorme estar hoje aqui, Jimmy. — Dei um grande sorriso.
— Eu que digo isso, estávamos com saudades, cara! — Foi gentil.
— Me perdoem o sumiço pessoal, as vezes é bom ficar longe das telas, eu estava precisando disso. — Olhei para o público à minha frente e gesticulei com as mãos. — Acho que você entende o que quero dizer. — Voltei os olhos para o homem que estava ao meu lado e ele assentiu.
— Todos sabemos o quanto esse mundo pode nos sugar, mas é bom te ter de volta. — Segurou meu ombro e balançou o mesmo em comemoração.
Depois de um tempo em que falamos sobre minha carreira, novos projetos, presentes esquisitos que recebi dos meus fãs, eu me senti mais confortável, por mais que Jimmy soubesse o quanto toda sua audiência queria saber sobre ou até mesmo sobre minha vida amorosa, ele simplesmente decidiu focar em mim, eu tinha muito para agradecê-lo.
O programa foi um sucesso, os pontos de espectadores foram altíssimos e isso me fez pensar se as pessoas realmente queriam saber sobre mim ou queriam ver como eu estava após um dos términos mais difíceis da minha vida, me permiti pensar isso, após ter visto várias manchetes sobre ela durante esses dois meses.
Mas o pior estava por vir. Após me despedir de Fallon e eternizar um enorme “obrigado”, eu andava pelos corredores da grande emissora em sentido ao estacionamento já com uma sensação de que as coisas não estavam certas, algo ruim iria acontecer e eu podia sentir, não era mais uma das crises de ansiedade que estavam acontecendo comigo.
Era uma armadilha.
— Senhor Bursin, está tudo bem? — Meu motorista, Kevin, me perguntou.

“Querido leitor, quando você mirar no diabo, se certifique que não vá errar.”


Não estava nada bem. Não era possível. Qual seria a probabilidade de encontrar Brixton na porra de um estacionamento qualquer? Estava bem óbvio que era ela, eu reconheceria aqueles cabelos em qualquer lugar, e ninguém ficava tão bem em um vestido preto colado no corpo ou tinha um sorriso tão meigo. Pousei a mão no coração na tentativa falha de controlar as batidas que aceleravam cada vez mais conforme ela caminhava até mim.
Apesar de vir em minha direção, ela ainda não havia me notado, conversava distraída com , que acabou tornando-se sua maquiadora particular e uma grande amiga, visto que o sorriso em seu rosto era de quem tinha acabado de contar um segredo. Não consegui me mexer, por mais que eu quisesse não trombar com ela, paralisei, era como se meu cérebro me pedisse algo e meu coração não me deixasse fazer.
A reação dela não foi muito diferente da minha, no automático ela deve ter parado uns cinco passos à minha frente quando me viu, e o sorriso que antes ocupava sua boca sumiu, o que confundiu um pouco a sua amiga, até que ela me visse e entendesse o motivo de ter ficado imóvel tão rápido.
... — falou meu nome com a voz fraca.
Não consegui responder. Meus olhos só focavam na morena à minha frente, Brixton me encarava sem conseguir desviar o olhar e isso estava me enlouquecendo de uma forma que eu poderia ir a qualquer lugar e ainda estaria preso naquele exato momento.
— Eu vou te esperar no camarim, . — Ela cruzou o olhar por nós dois e retirou-se do espaço da maneira mais educada possível.
— Esperarei no carro, senhor Bursin. — Kevin avisou e logo eu me pronunciei.
— Não precisa esperar, eu já estou indo. — Disse entredentes, fitando Brixton.
Eu sabia que em algum momento seria inevitável encontrá-la em algum lugar, já que seguíamos o mesmo ramo, mas não sabia que não estaria seguro o suficiente para quando isso acontecesse. Sem mais delongas, coloquei as mãos no bolso da calça, passei por ela em completo silêncio e de cabeça erguida, mas foi impossível não sentir o cheiro do shampoo de baunilha que ela usava enquanto ainda estávamos juntos.
Aquilo me trouxe uma pequena memória.

“— Eu amo esse cheiro. — Disse enquanto acariciava os cabelos dela e estávamos enrolados entre os lençóis na cama.
— Baunilha? — Ela sorriu, levantando a cabeça que estava deitada sob o meu peitoral, e olhou para mim.
— Sinto vontade de comer você. — Mordi o lábio em um sorriso malicioso.
— Está falando no sentido literal, senhor Bursin? — Me perguntou enquanto ficava em cima de mim e mais uma vez pude ver seu corpo nu.
— Totalmente no sentido literal. — A segurei pela cintura. — Eu nunca vi alguém tão linda como você. — Fitei seriamente a morena na minha frente. — Eu amo você, . — Sorri de forma serena.”


— Senhor Bursin? O senhor ainda vem? — Meu motorista interrompeu a pequena lembrança, chamando minha atenção.
— Claro, Kevin! — Assenti um tanto desnorteado e comecei a acompanhá-lo.
! — Brixton me chamou e o som da sua voz me inundou. — Você estava gravando com o Jimmy, certo? — Pareceu meio confusa.
— Sim! — Fui direito, virando-me para encará-la.
— Já faz um tempo! — Sorriu sem graça.
— É! — Concordei.
— Como você…
, eu preciso ir. — A interrompi sendo seco e dei as costas à mesma.
Não estava ali para uma possível conversa, estar perto dela não fazia bem, pois não era o mesmo que estar com ela, e isso me matava de todas as maneiras possíveis. Agir dessa forma, ainda mais com ela, era algo que não combinava comigo, não o Bursin depois da Brixton.
? — A morena me chamou pela segunda vez e eu novamente olhei para ela. — Por que está agindo como se estivesse com raiva de mim? — Arqueou uma das sobrancelhas.
— Talvez eu esteja. — Dei de ombros.
— Eu achei que estávamos bem. — Apertou os lábios.
— E agora o quê? Vamos tomar uma bebida e fingir que somos amigos? — Indaguei ela grosseiramente.
— Eu…
— Sim, você sempre esteve melhor do que eu. — Sorri sarcástico a interrompendo novamente. — Pelo menos é o que dizem as notícias. — Levantei minhas mãos em defesa.
— O que quer dizer? — Aproximou-se.
— Sua cama está quente o suficiente desde que eu não estive mais nela? — Proferi as palavras com um certo nojo.
— Alguém está ressentindo por aqui.. — Ela cruzou os braços e travou o maxilar.
— Não mais que os homens que são trocados por você toda sexta-feira. — Mordi o interior da minha bochecha com força.
— Não me diga que está triste porque não é você quem está nela? — Perguntou de forma irônica. — Parece até uma piada você falar isso, quando todo mundo sabia quem você era antes de me conhecer. — Revirou seus olhos.
— Eu mudei e você foi embora, mais que merda! — Praguejei.
— Sim, eu fui. — Ela balançou a cabeça positivamente.
— Quando não precisou mais de mim. — Falei sem pensar, visto que esse foi um dos motivos por ela querer optar pelo término, o fato de sempre associarem o sucesso dela à minha pessoa.
— Você é inacreditável. — Soltou uma risada com olhos marejados.
— Não precisa mais chorar, agora você tem a fama que tanto queria. — Fui cruel pois queria que ela sentisse a mesma dor que eu estava sentindo, mesmo que isso não fosse uma justificativa plausível.
— E a porra de um Oscar. — Ela debochou com um sorriso no rosto.
— Eu deveria ter me certificado de que você seria... — Tentei procurar a palavra certa.
— Um erro? — Ela perguntou, chegando mais perto ainda de mim.
— Talvez você seja mesmo, Brixton. — Assenti com a cabeça.

“Querido leitor, pegue o seu mapa, escolha algum lugar e simplesmente corra.”


— Você só diz isso porque já tinha uma carreira antes de me conhecer. — Senti a raiva em seus olhos.
— Não, eu digo isso porque faz dois meses da porra do nosso término e eu ainda não consegui tirar você da minha cabeça…
— Como se você fosse uma grande vítima disso tudo, não é mesmo, Bursin? — Me interrompeu, gesticulando com as mãos. — Até parece que não me abandonaria se não tivesse uma…
, eu não sei por qual motivo estamos brigando, você fez sua escolha e está feliz com isso, mas eu não estou. — A cortei e engoli seco antes de falar novamente. — Eu ainda amo você e isso dói para caralho, mas acabou e eu estou tentando seguir com a porra da minha vida e você... Você não está mais nela. — Olhei profundamente nos olhos dela e disse de todo o meu coração o que tinha para dizer.
Não sei se ela não soube me responder, ficou sem palavras ou simplesmente não quis falar algo, mas a calmaria naquele estacionamento finalmente apareceu e eu tomei isso como uma deixa para ir embora. Brixton me encarou por alguns segundos, respirou fundo, se recompôs e me deu as costas, seguindo caminho para a entrada do estúdio, fazendo barulho com seus enormes saltos altos em contato com o chão.
E quanto a mim, eu escolheria algum lugar e fugiria de novo.
— Kevin, vamos para o bar do Logan. Mas passe no Paul antes. — Disse rápido enquanto ele abria a porta do carro e eu me enfiava lá dentro.
Kevin dirigia calmamente enquanto eu tentava me recuperar. Coloquei o dedo indicador e o dedo médio esticados na lateral do pescoço, próximo à veia carótida, realizando uma leve pressão para sentir a pulsação. Eu odiava isso. Afrouxei a gravata e respirei como a terapeuta ensinou uma vez. Acho que perdi uns cinco minutos nisso até que me senti bem novamente. Ver tão perto e não poder tocar ela me fodeu de todas as formas possíveis.
— Chegamos, senhor Bursin. — Disse brevemente. — Vai descer?
— Não. Vou ligar para ele. Obrigado. — Disquei o número de Paul e depois de cinco minutos ele desceu.
— E aí, ?
— Vai tomar no cu. Por favor. — Bufei.
— Foi grave assim? — Perguntou.
— Péssimo. Mas botei tanta coisa pra fora, tanta coisa, acho que até ofendi ela. Acho não, eu tenho certeza de que eu ofendi. — Suspirei.
Paul suspirou e ficou quieto por alguns minutos. Ele era um bom amigo e eu era grato por ele e nossa amizade. Kevin seguiu caminho e foi até o bar do Logan.
— Eu acho que ele teve um ataque de ansiedade, senhor. — Ouvi Kevin falar baixinho para Paul. — Acho melhor ele não beber.
— Vou tentar. — Sorriu Paul. — Vamos, Bursin. Logan disse que fechou o bar para nós três. Vamos melhorar esse astral. Você só me xingou uma vez hoje.
— Kevin, pode ir para casa. Eu peço para o Logan me levar. Não se preocupe. — Assegurei.

“Minha quarta bebida na minha mão, estas são orações desesperadas de um homem amaldiçoado...”


— Isso é ridículo, Paul! — Praguejei depois de virar a quarta dose de whisky na minha frente. — Durante toda a minha vida, me envolvi com várias mulheres e a mídia me destroçava da melhor maneira possível. — Ri fraco. — E aí vem a . — Enchi o copo novamente com o líquido alcoólico.
— Que tal se formos para casa, ? — Meu amigo sugeriu.
— Você deveria entender! — Resmunguei, virando mais um copo. — Eu fui amaldiçoado, isso nunca vai acabar! — Entrelacei as mãos no cabelo.
— Bursin! — Paul chamou minha atenção.
— Não importa o quanto eu peça a Deus, isso nunca vai sarar! — Engoli o choro para não demonstrar fraqueza. — Ela deve ser meu karma. — Bufei.
— Chega de bebida! — Logan apareceu dando o ar da graça. — Eu já estou fechando o bar e vou levar você para casa. — Ele pousou as mãos sobre meus ombros.
— Não faria isso com seu próprio amigo. — Reclamei, caindo com a cabeça sobre a mesa.
Depois disso não lembro de muita coisa, a não ser o fato de que não havia mais ninguém no bar e que ambos me levaram até o carro de Logan, que me deixaria em casa, já que Paul morava mais perto. Não foi muito difícil sair do local, visto que utilizamos a porta dos fundos para evitar qualquer tipo de paparazzi inconveniente esperando um deslize meu há meses, depois de todo o ocorrido com Brixton.
— Sinto muito por tudo isso, gente! — Falei enquanto eles me colocavam no banco do passageiro.
— Tudo bem, amigão! — Ramsey tentou me consolar.
— Você já cuidou da gente bêbado, estamos retribuindo, mas se você vomitar no meu carro, eu faço você limpar. — Zombou Logan.
— Já disse para você ir se foder hoje? — Bufei.
— Você sempre manda. — Riu. — Até mais, Paul.

[...]


— Vamos lá, , coloca os braços no meu ombro e firma as pernas, tá? — Logan disse, me ajudando a sair do carro. — Eu vou te ajudar a entrar em casa.
— Logan, eu a maltratei, sabia? — Lamentei. — Muito.
— Eu sei que foi sem querer. Você não é assim, né? Só estava magoado. — Ele disse me colocando sentado no sofá e colocando minhas pernas pra cima. — Vou fazer café para você. Caso queira vomitar, toma. — Ele me estendeu o lixo perto do sofá.
Ouvi o barulho vindo da cozinha e apaguei.

“Falando a verdade de graça pra você, mas, meu bem, meu bem, por favor
Você não acreditaria na minha palavra se soubesse quem está falando.“

Acordei na minha cama sentindo a cabeça pesar mais que meu corpo e rastros de uma humilhação causada pelo whisky. Eu estava só de calça de moletom e assimilei que Logan deve ter me trazido e me ajudado, constatei minhas suspeitas pelo bilhete que ele deixou na mesa de cabeceira com duas aspirinas do lado. Suspirei pesado e enfiei as duas para dentro. Desci as escadas devagar e fui atrás do tal café que eu lembrava ter ouvido ele falar que fez. Não existe ressaca pior que a ressaca moral. Enchi uma caneca e me sentei no meu sofá. Eu precisava me desculpar com urgentemente. O jeito que eu a tratei foi cruel. Eu só estava magoado, com raiva e me senti no direito de dizer o que eu disse, o que foi errado com ela. Procurei o celular pela casa e, quando o achei, liguei para a floricultura pedindo o melhor buquê deles, e pedi que me enviassem um email onde eu tivesse como mandar o cartão que teria que ser entregue junto com as flores.

“Querida ,
Se eu ainda posso te chamar assim, acho que não tenho mais direito disso. Queria te pedir perdão pelo modo como te tratei no estacionamento naquele dia, pelas coisas que eu disse e que eu sei que te magoaram, não podia ter falado daquele jeito. Me lembro de quando chegou no teste, como o brilho nos seus olhos e o jeito que me abraçou quando conseguiu o papel me mudaram completamente, eu nunca tinha visto ninguém como você.
Eu amei você desde o primeiro até o último dia — ainda amo. Perder você foi um soco no estômago e sei que isso é consequência das minhas próprias ações, mas naquela época senti que poderia estar traindo a mim mesmo se eu o fizesse, e no final, acabei traindo você. Fui fraco por não proteger você.
Espero que algum dia você me perdoe por isso tudo e possamos ter uma lembrança feliz um do outro. E, se quiser conversar sobre qualquer coisa, sabe onde me achar.
Com carinho,
The B.”


Enviei o email de volta e confirmei a compra. Eles falaram que mandariam pra loja de Chicago e me avisariam quando chegasse até ela, a única coisa que eu podia fazer agora era esperar. Esperar por ela.

[...]

“Se você soubesse por onde eu estava andando… Para uma casa, não para um lar, completamente sozinho porque não há ninguém lá”


Viajei até a casa de em um feriado qualquer de Nova York e passamos o dia juntos. Às vezes era meio difícil sair por causa do assédio dos paparazzi e por ainda não estarmos preparados para dizer que voltamos. Então nós sempre saíamos separados e nos encontrávamos em um lugar seguro. Depois de passar o dia fora, voltamos para casa e ela foi fazer o jantar enquanto eu estava deitado no quarto assistindo futebol americano. Foi quando deu o anúncio na televisão e eu me vi estampado nela. No TMZ. Com a . E a notícia era pra lá de sensacionalista e expunha todo nosso relacionamento desde quando voltamos. Senti um frio na espinha e me ajeitei na cama. Como eles sabiam onde a gente tava? Quem havia gravado nós dois num momento íntimo? De novo não. Não agora.
— Amor, o jantar tá pronto, vem comer!
, vem cá, por favor. — Pedi.
— Oi. — Ela disse subindo as escadas sorridente.
— Vazaram a gente juntos. — Bufei. — E agora?
— Hm….E, daí? — Questionou. — Estamos juntos mesmo, qual o problema?
, você sabe que a gente combinou assim por causa disso! Eles vão atacar a gente outra vez.
— Eu não ligo mais. — Deu de ombros. — Por mim, que falem.
— Eu não entendi. — Disse a fitando. — O que está acontecendo?
— Fui eu que contei.
— Oi?
— Fui eu que chamei um insider pra vazar. Só isso.
— Só?! Porra, ! — Gritei. — Combinamos de não contar até estarmos preparados! Você virou uma sanguessuga mesmo! Quer saber? Fica com a sua fama, seu dinheiro, seu insider, informante, seja lá quem for! Acabou! Para quem não queria ser exposta, você mudou bastante, né? Espero que seja feliz.
… Qual o problema, hein? — Bufou.
— Primeiro você não aparece para jantar com meus pais e eu descobri que era por causa de uma porcaria de festa, aí você vaza informações nossas pessoais pro TMZ?! Lembra que foram eles que acabaram com nosso namoro da primeira vez?!
— Você está fazendo tempestade em copo d’água sem necessidade, . Eu chamei só pra chamar a atenção, qual o problema de querer mídia?
— Chega, ! Acabou! Eu não quero mais. Eu não sou assim, eu não faço esse tipo de coisa pra me manter na mídia. Isso é muito sujo. Mas aparentemente combina com você. Vou arrumar minha mala. Boa sorte com sua fama.
Vesti a calça jeans que estava na poltrona e comecei a catar minhas coisas enquanto descia as escadas como se não tivesse acontecido nada. Eu não acredito que ela vazou nosso momento para ter mídia ou cliques. Ela não era assim. Talvez ela estivesse certa quando disse que eu não mudei por causa da fama, mas ela sim. Tentei respirar o máximo possível, controlando minha respiração, e pude ir embora em paz. Mais uma vez eu estava indo embora da vida de Brixton, mas dessa vez seria para sempre.

[...]


— Eu sinto muito , de verdade. — Ele disse sentando-se do meu lado. — Nem sei o que dizer. — Paul disse sorrindo sem os dentes.
— Não precisa dizer nada.
— Eu queria fazer uma viagem, o que acha? — Sugeriu. — Eu, você e o Logan, topa?
— Tipo uma viagem dos garotos? — Ri. — Não sei se sou uma companhia muito boa agora. Não devo ser boa companhia para ninguém, aliás.
— Ei! Não diga isso, ok? A gente espera você se sentir melhor e vamos. O que acha? — Assenti sem humor e Paul sorriu acolhedor.
Depois de um tempo e alguns desabafos, Paul rumou para casa dele e me deixou sozinho, mesmo insistindo que queria ficar e me fazer companhia, preferi ficar a sós comigo mesmo. Me ajudava a repensar algumas coisas e organizar meus pensamentos. Mais uma vez eu teria que refazer minha vida depois do furacão Brixton.
Os dias viraram semanas e as semanas viraram meses, finalmente consegui encontrar o equilíbrio que eu precisava para finalmente sair de casa novamente e encontrar meus amigos. Paul havia arrumado tudo para viagem e partimos em um carro para explorar um parque de conservação no interior.
— À vida. — Logan disse levantando uma longneck. — E nós três, claro.
— A nós. — Brindei. — Obrigado por me aturarem.
— Se nada der certo para a gente, viramos um trisal. — Paul completou zombando.
— Acho que vamos ser um casal, Paul, tem uma mulher de olho no nosso ruivinho aqui. — Disse apontando com a cabeça.
Virei a cabeça discretamente e percebi uma moça alta, com os cabelos claros e curtos me dando um tchauzinho de longe. Levantei minha cerveja pra ela e ela me chamou com o dedo indicador.
— Ih, melhor a gente sair até de perto. — Zoou Paul. — Vamos, Logan. Sei onde tem uma mesa de sinuca aqui.
— Querem parar? — Bufei. — Tô bem? — Eles assentiram e eu rumei até a mesa da loira.
— Oi. Meu nome é Hailey.
— Eu sou o .
— Eu sei quem você é. — Sorriu. — Aceita beber uns drinks comigo?
— Claro.
Sentei na mesa de Hailey e começamos a conversar animadamente sobre tudo. A conversa com ela fluiu fácil e ela era muito divertida. Ela era dona de uma marca própria de cosméticos e fazia alguns jobs importantes de modelo.
Continuamos nossa viagem com nossos grupos e saindo na parte da noite pra continuar conversando. Marcamos de nos encontrar em Nova York e ver o que podia dar.

“Você deveria encontrar outra luz guia, luz guia….Bem, eu brilho tanto.”

7 meses depois


Sete meses depois de terminar com , eu comecei a namorar Hailey e tudo parecia correr muito bem. Expliquei pra ela tudo que havia acontecido, deixei claro que não queria sentir aquilo novamente e ela entendeu a situação. Nós aparecemos publicamente assumidos pela primeira vez na festa de lançamento da primeira Vogue de Setembro dela, ela tinha dito que era a edição mais importante do ano, perdendo apenas para as Fashion Weeks.
— Obrigada por ter vindo. — Ela disse enrolando os braços no meu pescoço.
— Claro que eu viria, seria louco se eu deixasse você passar por isso sozinha, amor. — Disse depositando um beijo carinhoso no pé da sua orelha.
— Eu tô tão feliz! — Ela sorriu. — Nem acredito nisso.
— Tô orgulhoso. — Sorri. — O Paul e o Logan mandaram sucesso, não puderam vir porque iam sair num encontro duplo. — Ri.
— Imagino aqueles dois saindo juntos pra um encontro. — Riu junto. — Eu preciso andar agora, mas fica por aqui, tá? Assim que eles esquecerem de mim, a gente fica juntinho.
Ela me deu um beijo na ponta do nariz e foi ser a anfitriã da festa. Comecei a andar pelo salão e conversei com poucas pessoas que me paravam para parabenizar Hailey, era muito bom ter um relacionamento assim. Depois do que aconteceu com o da última vez, virou uma chave na minha cabeça e eu precisava mudar como eu queria um relacionamento. Minha namorada me deixava extremamente feliz e tranquilo.
Depois de algum tempo Hailey voltou e ficamos apreciando um tempo juntos enquanto ela não era puxada pra mais uma sessão de fotos com os convidados.
— Amor, pega um drink pra mim? Um cosmopolitan. — Ela disse sentando-se em uma das minhas pernas.
— Claro, querida. — Sorri. — Eu já volto, hm?
Levantei do sofá que estava sentado e caminhei até o bar. Um dos bartenders que estavam servindo alguém ficou desocupado e eu o chamei, mas, antes que ele respondesse, uma voz familiar chegou nos meus ouvidos, me fazendo parar no mesmo lugar.
— Oi . — acenou.
. — Disse acenando de volta.
— Como você está? — Ela se aproximou, pedindo outra taça de espumante ao garçom.
— Ótimo. — Sorri amigável. — E você? — Tentei ser educado.
— Ótima também.
Um silêncio ensurdecedor tomou conta do ar.
— Te vi na TV ontem. — Comentei.
— Só ontem? — Me questionou.
— Impossível. — Falei rapidamente. — Quer dizer é impossível, você está em quase todos os canais ultimamente. — Desconversei, não queria dar a entender que ainda pensava nela de alguma forma.
— Isso significa que pensa em mim? — Ela disse sorrindo.
Ela sabia me ler como ninguém nunca soube.
— Para ser sincero, nunca penso. — Fui direto. — Na verdade... Só quando você aparece na TV, acaba sendo inevitável. — Acabei confessando a realidade e ela apenas assentiu, como eu esperava.
Logo depois, o garçom apareceu com as nossas bebidas.
— Com licença, eu só vim pegar um cosmopolitan para a Hailey. — Expliquei, precisava sair dali o quanto antes. — Foi legal te ver, eu acho. — Franzi o cenho, em dúvida. — Aproveita a festa. — Eu disse pegando a taça e saindo do seu campo de visão.
Voltei para o sofá e vi Brixton andar até o meio do lugar, onde dava visão plena de Hailey e eu juntos. E mesmo sabendo que ela estava lá, tentei não ter contato visual com a própria, o que foi inevitável. Logo que virei meu rosto e a vi, desfiz meu sorriso e a encarei por um momento. Senti meu coração apertar ao vê-la chorar.
Era como se apenas estivéssemos a sós, pois ninguém mais parecia perceber que estava lá ou que nós estávamos trocando olhares. Depois de um tempo ela apenas secou as lágrimas, suspirou e saiu andando para o meio das pessoas. Fechei minha mão em um punho, segurando a vontade de ir atrás dela, mas não ajudou, logo pedi licença à minha atual namorada e aos nossos amigos e tentei segui-la.
Ao virar o corredor, percebi ela entrando no banheiro e segui em direção ao mesmo lugar, e assim que cheguei na porta foi possível ouvir Brixton se debulhando em lágrimas, um choro muito forte, eu nunca havia escutado ela chorar daquela forma, porém quando me prontifiquei de entrar, ouvi outra voz feminina.
— O que aconteceu, ?
Era .
— Eu sinto muito, , eu sinto mesmo.
— Eu sei, eu sei.
Do que ela estava se desculpando, afinal?
— Você viu os viu, não foi?
foi certeira.
— Ele parece tão feliz, me sinto como um peso.
— Você sabe que não é.
— Tenho certeza que é como ele se sente. Desta vez é sério, , está tudo acabado e eu vi tudo com meus próprios olhos.
Disse em meio a soluços. Mas, realmente, estava tudo acabado entre nós dois, eu estava com uma nova mulher e pretendia ficar assim. Baixei minha cabeça, era tão errado eu ainda estar ali.
— Meu amor…
— Viu que ela conheceu os pais dele? Era para ser eu, .
Ela tinha visto as notícias, não imaginei que ela ainda se importasse com algo entre nós ou sobre mim, visto que ela sempre estava tão bem nos eventos, na televisão ou nas redes sociais. Era tudo uma mentira? Por que você quis tanto a fama ao invés de nós? Você já tinha tanto, , pensei comigo mesmo.
— Estraguei tudo, com ele, com você. Com todo mundo.
Então, de fato havia acontecido algo para ela está se desculpando com .
— Como alguém pode ser tão certo e ao mesmo tempo tão errado para você?
Ouvir aquilo era como morrer com mil cortes espalhados pelo meu corpo.
— Acho que sempre vou ser assombrada por isso.
chorando era minha maior fraqueza. Criei forças para entrar, precisava dizer que não queria que ela se sentisse daquela forma, mas logo fui interrompido novamente pela voz de :
— Eu não sei quanto ao e muito menos em relação ao futuro, mas eu sei que sempre vou estar por aqui, certo?
— Feliz aniversário atrasado!
Brixton havia esquecido o aniversário da sua melhor amiga? Mordi o interior da bochecha pensativo.
— Obrigada. Agora vamos para casa, não é bom que as pessoas te vejam assim, a mídia pode fazer uma enorme confusão com a presença de aqui.
estava certa e essa foi a deixa para que eu apenas desse as costas e voltasse para Hailey. Acho que eu e finalmente havíamos entendido que nunca conseguiríamos dar certo de alguma maneira, e, apesar da enorme dor que carregávamos dentro de nós por tanto amor e vontade de fazer o correto, sempre acabaríamos fazendo o errado, talvez por imaturidade ou por puro ego, e eu carregaria isso comigo até o dia que não lembrasse mais o quanto a amo.




FIM



Nota da autora: Oi meninas! Esperamos que vocês tenham gostado da nossa trilogia assim como nós gostamos de escrevê-las Queremos saber o que vocês acharam do final! Foi difícil separar eles, viu? Mas nos contem o que acharam na caixinha dos comentários! Um beijo e até a próxima!
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