Finalizada em: 20/05/2021

Capítulo Único

I’m in the business of misery, let’s take it from the top…


Me aproximo da entrada da casa, já sendo cumprimentado por todos ao meu redor e respondendo apenas com sorrisos simpáticos; o máximo que eu poderia fazer por ter que comparecer a mais uma festa. Apesar de eu ter me surpreendido ao receber o convite – visto que eu não pisava naquela cidade há dois anos, desde que decidi tentar seguir o meu sonho de ser ator completamente –, o único motivo de eu ter vindo está mais à frente, conversando animadamente com algumas garotas. Ao avistá-la, o nervosismo toma meu corpo e sinto meu coração palpitar. Faço força nas minhas pernas, que não estavam em seu melhor estado, para ir ao seu encontro. Nossos olhares se cruzam, e sorri na minha direção, vindo me abraçar logo em seguida.
“Que bom que você veio”, ela diz, ainda com os braços ao meu redor.
“É, eu… Você sabe que eu sou um homem muito ocupado, senhorita Diaz. Sinta-se especial”, respondo e consigo arrancar uma gargalhada dela.
A verdade é que tirar um riso de era a coisa mais fácil do mundo, e isso era um dos motivos que sempre fez eu me encantar por ela. Sim, estamos falando da garota que eu sou apaixonado desde criança, e que, mesmo após sair do colégio, ao entrar por aquela porta, percebi que ainda não havia a esquecido.
“Então, senhor Holland, você precisa ter o mínimo de diversão hoje”, ela prossegue enquanto me solta e segura minha mão, me guiando entre alguns rostos conhecidos e outros nem tanto, mas que mesmo assim me cumprimentavam. “Ali tem algumas comidas e aqui tem ponche… Se você quiser dançar, fique à vontade.” termina a frase com uma dancinha engraçada em direção à pista de dança improvisada que se encontrava no meio da sala, me fazendo finalmente soltar uma risada sincera naquela noite.
“Quem sabe mais tarde… A aniversariante vai estar disponível ou vou ter que competir com mais alguém para ter uma dança?”
Ela abre a boca para falar, mas, antes que pudesse responder, é interrompida por alguém que a abraça por trás.
“Tom? Cara, você nem me disse que vinha!” Harrison solta e vem na minha direção, me abraçando logo em seguida.
“Foi tudo de última hora, mas eu tô feliz que consegui vir”, falo olhando para de escanteio, que já havia sido abordada por mais uma pessoa.
Harrison foi um dos meus melhores amigos durante o colégio e era o único que sabia da minha “paixonite” por . O único em quem eu confiei para contar, e, mesmo com meu afastamento de todos da cidade, foi um dos que mais continuei mantendo contato. Já havíamos falado sobre a garota em uma das nossas diversas ligações, mas me lembro de ter ficado com uma pulga atrás da orelha ao admitir para Harrison que talvez ainda gostasse dela e sentir que ele havia tentado mudar de assunto. E tudo ficou mais estranho agora, depois daquele abraço. Desde quando eles eram tão próximos assim a ponto de ele abraçá-la daquele jeito? Mas obviamente era coisa da minha cabeça. Harrison nunca faria algo desse tipo comigo, e ele me contaria se acontecesse tal coisa.
“Depois que ficou famoso, se esqueceu da gente”, Andy, meu outro amigo, se aproxima e fala logo após me abraçar.
“Cara, a gente precisa sair um dia desses para falar sobre tudo.” Harrison se anima e eu assinto com a cabeça, mas logo desvia a atenção para um grupo de garotas que estava mais à frente. “Mas, enquanto isso, por que não aproveitamos?” Ele dá um sorriso. Eu o observo pegar um copo de ponche e ir na direção do grupo, oferecendo a bebida para uma delas, depois sendo seguido por Andy, que, antes de ir, me chama. Mas eu apenas nego com a cabeça, logo após procurando com o olhar.
Hoje seria o dia perfeito para falar tudo o que sempre quis, afinal, já havia insinuado algo, só não deu para perceber se fui correspondido ou não.
Após algum tempo, em que eu era abordado por diversas pessoas – sendo elas conhecidas ou não –, alguém sinaliza que já era a hora de cortar o bolo, e todos começam a se dirigir para a mesa onde havia um bolo enorme exposto. Momentos depois, aparece sendo puxada por uma amiga até o local.
“Parabéns pra você…” Iniciam a tão conhecida música, e a garota cora imediatamente, o que me desperta mais um sorriso involuntário ao perceber que ela não havia mudado nada desde que fui embora.
Harrison surge do meu lado assim que acabamos de cantar, e consigo perceber seu comportamento alterado e cabelo bagunçado, provavelmente por conta de uma das garotas daquele grupo. Ele era completamente diferente de mim. Não que eu fosse um santo, mas beber e ficar com um monte de garotas não era o meu forte, tanto é que sempre brincávamos que ele nunca namoraria.
Exatamente por isso – e por ser com quem eu menos imaginava – fico sem reação ao ver um grupo de pessoas o empurrando na direção de . Ela olha ao seu redor, confusa, até que nossos olhares se encontram, mas, antes de qualquer reação, Harrison a puxa pela cintura, selando seus lábios nos dela. Minha única vontade era de sair dali, mas só consigo ficar imóvel, o observando pedi-la em namoro logo em seguida e todos baterem palmas para comemorar o novo casal que acabara de ser formado.
“Agora, de volta à festa!”, outra pessoa grita, dessa vez me fazendo despertar do transe e me afastar o mais rápido possível da cena de Harrison entregando algo a . Vasculho o bolso da minha calça à procura das chaves do carro enquanto ia em direção ao veículo, agradecendo mentalmente por não ter escolhido vir de Uber hoje.
“Tom, espera… Thomas!” Ouço Harrison me chamar, mas nem me dou ao trabalho de voltar atrás. “Eu ia te contar, mas…”
“Mas preferiu me fazer ficar com cara de trouxa? Depois de tudo que eu já te falei que sentia por ela durante esses anos?”
“Depois que você foi, nos aproximamos, e eu vi a garota incrível que ela é. Porra, Tom, você foi embora. Queria que as coisas continuassem a ser como eram antes, depois desse tempo todo?”
“Pensei que a nossa amizade continuaria a mesma. Foi isso que você falou, né? Ou não se lembra mais?” Finalmente me virei para encará-lo, fazendo questão de não esconder minha cara de desprezo.
“Mas ela vai continuar… Por que uma garota seria mais importante do que a nossa amizade?”
“Ela foi a única de quem eu falei para você durante todos esses anos… A única! E dane-se a garota, como eu vou continuar sendo amigo de alguém que simplesmente não se importou com os meus sentimentos na hora de beijá-la na frente de todo mundo?”
“Eu amo a !”
“Ama?” Dou um riso cínico, já nem me importando com o tom alterado da minha voz. “Ou você ama a sensação de ter alguém na sua cama a hora que quiser? Harrison, você é o maior galinha que aquela escola já teve.”
“Pessoas mudam, Tom. Eu mudei por ela.”
“Mudou mesmo? Quando você tava se pegando com uma daquelas garotas, minutos antes de pedir a em namoro, você também tava mudado ou teve uma recaída?”
“Não fale o que você não sabe.”
“Eu sei muito bem, eu sei de tudo. E quer saber? Dane-se você, dane-se ela, e dane-se essa cidade de merda! Eu vou embora de novo e nem vou me lembrar disso e do amigo bosta que você foi.”
“Como você não lembrou que ainda era apaixonadinho pela minha namorada?” Ao ouvir aquela frase, avanço na direção de Harrison e dou um soco em sua mandíbula. Ele cambaleia para trás, com a boca já suja de sangue, e dá uma risada baixa. “Você é um egoísta de merda.”
“Eu fui egoísta por querer seguir meu sonho? Eu tô sendo egoísta por estar chateado por uma traição que você fez comigo? Por sua culpa? Eu não esperava que as coisas continuassem a ser como eram, mas o mínimo que eu esperava era que você fosse decente ao menos uma vez na vida e considerasse tudo o que falamos antes de decidir querer transar com a única garota que você sabe que eu fui apaixonado por todos esses anos!” Jogo as palavras com ódio, me virando para seguir o caminho em direção ao meu carro novamente. Mas sou interrompido quando Harrison me agarra por trás, me fazendo cair no chão e ter que lutar contra seus braços desgovernados, que tentavam me acertar de qualquer forma. Ele se debatia nos braços de uma das várias pessoas que surgiram durante a briga, tentando avançar na minha direção, mas, antes que pudesse fazer alguma coisa, consigo levantar e me viro uma última vez para encará-lo, antes de finalmente ir embora. “Você cheira a álcool.”

Ao chegar em casa, me desvio das várias perguntas de meus pais sobre como havia sido a festa e vou direto para o meu quarto, checando o celular a cada minuto para ver se havia alguma mensagem de . Provavelmente, ela devia estar cuidando da boca cortada de Harrison, que faria questão de cavar a minha cova para a garota. Apesar de dizer o contrário, eu não conseguia não ligar; não suportava o fato de ela se enganar a ponto de pensar que Harrison seria um bom namorado, se é que ela soubesse das coisas que ele fazia. Ou se é que ela quisesse ter aceitado aquele pedido, só o fazendo por pura e espontânea pressão de todos os convidados.
Antes mesmo que eu pudesse terminar meu raciocínio, ouço um latido vindo do outro lado da porta e deixo Tessa entrar, ajudando-a a subir na minha cama e me deitando do seu lado.
“Oi, garota. Desculpa não ter ido falar com você.” Dou um beijo em sua testa, e a cadela apoia a cabeça no meu peito enquanto analiso algumas mensagens não lidas. Noto que havia recebido uma do meu agente, avisando que minha volta teria que ser adiantada. “Ótimo.” Solto um grunhido de alívio, apesar de que, se essa notícia tivesse sido dada horas atrás, minha reação teria sido completamente diferente. Bloqueio o aparelho, me permitindo fechar os olhos e tentar relaxar.
Assim que estava conseguindo pegar no sono, sou surpreendido pela vibração constante do meu celular, encarando-o por um momento antes de atender a ligação.
“Alô?”
“Tom, é a … Olha, eu… eu soube que você e o Harrison brigaram. Só consegui te ligar agora, desculpa a demora.” Dou um pequeno riso silencioso ao perceber que meu palpite estava certo, e que, provavelmente, ela pediria para eu me afastar. Mas sou surpreendido ao escutar outra coisa. “Ele não quis contar o motivo, só tava te xingando bastante. Tom, ele tava bêbado, e na hora ninguém consegue raciocinar direito. Mas eu tenho certeza que se vocês conversarem vão conseguir se resolver.”
“Disso eu já não tenho muita certeza.”
“Mas… por que vocês brigaram?”
Ao ouvir aquela pergunta, permaneço uns segundos calado, pensando em diversas formas de como responder: ‘Por você, porra! Eu gosto de você desde o fundamental, e aquele filho da puta sabia. Ele sempre soube e, mesmo assim, fez o que fez.’ Muito expositivo.
‘Ele não te merece e você tá sendo estúpida de acreditar nas mentiras que ele fala. Ou vai ver que você tem o mesmo caráter que ele. Sério que nunca me percebeu sempre falhar quando eu estava do seu lado, ou foi puro egocentrismo por ter certeza que tinha alguém caindo aos seus pés?’ Muito insensível.
‘Você não percebe que vai ser traída com metade da população da cidade, ou gosta de ser feita de corna? E pensar que eu ia me declarar pra você, mas já que prefere ser burra a ponto de aceitar namorar o cara que tava com uma marca recém-feita de chupão no pescoço quando fez o pedido, a escolha é sua.’ Muito egoísta. Ela não merecia isso, com certeza não.
, a única coisa de que eu me arrependi foi não ter falado direito com você antes de ter ido. Você não merecia nada disso no dia do seu aniversário, me desculpa. Mas, sinceramente, acho melhor você perguntar para o seu namoradinho. Inclusive, parabéns pelo namoro, e boa sorte”, finalmente respondo, já posicionando meu dedo em frente ao botão de desligar.
“Por favor, não desliga… Tudo bem, eu não vou insistir, mas você tem certeza que não quer conversar comigo sobre mais nada? A gente podia se encontrar um dia desses, e eu tenho certeza que as coisas iriam melhorar.”
“Não dá, vou ter que voltar mais cedo para Nova York. Nesses últimos dias, vou fazer uma viagem para o interior com a minha família e, assim que eu chegar, já vou ter que ir direto para o aeroporto…” Eu sabia que poderia estar sendo o maior babaca por fazer isso, mas simplesmente não aguentaria olhar para de novo sem pensar em tudo que essa noite me causou. “Me desculpa mesmo, mas vou precisar desligar agora, eu… Você é uma menina incrível, . Não deixe um cara qualquer te enganar.” Pressiono os dedos contra meu olhos, tentando afastar a dor de cabeça que havia se formado desde que cheguei em casa.
“Como assim?”
“Conselho de amigo… Enfim, feliz aniversário de novo. Boa noite.” Desligo o celular, antes mesmo de ouvir a resposta da garota, e bufo, afundando minha cabeça no travesseiro e fechando os olhos novamente.
Logo eu estaria longe daquela cidade e de tudo que ela remetia.


8 meses depois
I waited eight long months, he finally set her free…


Acordo com o aviso de pouso do voo de sete horas de Nova York para Londres, e, assim que piso fora do aeroporto e inalo o ar londrino, a atmosfera agradável da cidade toma meu corpo. Dessa vez havia sido menos tempo em que eu ficava longe da cidade, mas, só por ter a vantagem de conseguir fugir um pouco dos problemas, estava perfeito. Sem falar que o período que passei nos Estados Unidos foi ótimo para minha carreira, com diversas entrevistas e propostas de trabalho em filmes novos. Na verdade, só decidi voltar mais cedo para fazer uma surpresa de aniversário a minha mãe, que teria uma festa mais tarde, e, consequentemente, poderia ficar mais tempo com minha família, até ser obrigado a voar para outro país por conta de alguma entrevista.
“Thomas?”, meu pai pergunta assim que abre a porta, me abraçando e me puxando para dentro de casa. “Sua mãe vai amar a surpresa, ela tá lá na sala conversando com a .”
Ao ouvir o nome, o sorriso no meu rosto se desfaz, e só consigo chegar até o local em que as duas mulheres conversavam com meus irmãos por causa da força que meu pai fazia para me puxar. Todos na sala se viram na minha direção, incluindo a garota, que tem a mesma reação que a minha.
“O-oi.” Levanto a mão rapidamente, mas ainda permaneço travado diante do grupo de cinco pessoas que me encarava, com um olhar surpreso em direção a . Até Paddy, meu irmão mais novo, se levantar correndo para me abraçar e eu retribuir o abraço.
Depois de ter que acalmar minha mãe – que começa a chorar ao me avistar do outro lado da sala –, ser recepcionado da melhor forma por Tessa e responder as perguntas animadas de meus irmãos enquanto olhava algumas vezes de relance para – que permanecia com a mesma expressão envergonhada desde que eu havia chegado –, me dirijo a cozinha, sinalizando que pegaria água.
, por que não vai com o Thomas e ajuda a trazer água para todos?” Minha mãe se vira para a garota, que pareceu ter se assustado com o pedido inesperado, perdida em seus pensamentos, os quais eu daria tudo para poder adivinhar sobre o que eram. Dou um olhar de reprovação para a mulher, que apenas responde com um sorriso.
“Claro, Nikki”, ela assente, me seguindo até a cozinha. Ao chegarmos lá, num caminho que pareceu ser eterno, o silêncio toma o local, até quebrá-lo. “Ela me chamou para ajudar na decoração da festa… e queria chamar o Harrison também, mas eu disse que era melhor não fazer isso… Se você quiser eu vou embora, não tem problema.”
“O quê? Não, nem pensar.”
“É que eu achei que…”
“Eles te adoram, … e eu também.” Me viro em sua direção, como um ato impulsivo. Pensei que finalmente teria conseguido superá-la, mas, ao entrar por aquela porta e avistá-la, todos os meus pensamentos antigos voltaram à tona. Afinal, se eu não tinha conseguido superar em dois anos, o que eram oito meses? “E então, como tá o namoro?”
“O Harrison… ele…” Ao tentar formular a frase, lágrimas começam a rolar pelo rosto da garota, seguidas de soluços, o que me fez ficar completamente sem reação. “Me desculpa, eu…”
“Quer conversar lá no meu quarto?”, pergunto. Ela apenas assente com a cabeça, segurando minha mão direita que havia lhe sido oferecida, saindo comigo do cômodo e indo na direção das escadas. “Nós só vamos… voltamos já”, falo com o rosto quente ao sentir o olhar de minha família sobre nós, seguido por um ‘não faça nada que eu não faria’ de Harry, que é repreendido por meus pais.
Ao chegarmos no quarto, onde surpreendentemente tudo estava arrumado – provavelmente por mérito da minha mãe –, nos sentamos na cama; ela ainda com a mão sobre a minha e o rosto vermelho. Decidi não pressioná-la e deixá-la confortável para falar somente quando sentisse que conseguia, e, após alguns minutos, assim ela o fez, hesitando por um momento antes de soltar tudo.
“A gente foi para uma festa um dia desses, e ele começou a beber demais. Terminou que eu o encontrei se esfregando com uma garota. Depois, ele percebeu que eu tinha visto toda a merda que fez e começou a dizer que me amava… Como alguém diz isso logo depois de ficar com uma garota que acabou de conhecer em uma festa? E, depois, ainda tentou jogar a culpa em mim, dizendo que só fez isso porque eu não dava atenção pra ele…” volta a chorar, dessa vez abraçada em mim, que não tinha a mínima ideia do que fazer além de retribuir o ato. Ficamos assim por mais algum tempo, até ela levantar a cabeça e continuar sua fala. “Eu devia ter seguido seu conselho, como pude ser tão burra?”
Ao ouvir aquilo, o sentimento de culpa se apossa do meu corpo, me lembrando que eu poderia ter evitado isso se tivesse sido mais sincero com ela e contado toda a verdade sobre Harrison.
“Me desculpa…”, falo impulsivamente, e a garota olha para o meu rosto, confusa. “... Por não ter ficado do seu lado. Eu devia ter tentado mais. Mas não fala isso, não é sua culpa ele ser idiota e não valorizar a pessoa incrível que você é.”
Ficamos abraçados por mais uns minutos até se recompor e, antes de descermos, ela olha para mim e me agradece, completando que eu era um bom amigo. Amigos. Isso era o que nós éramos, e nossa relação nunca iria passar disso. Ficou claro para mim. A famosa ‘friendzone’.


2 semanas depois
Two weeks and we caught on fire…


“Tudo pronto?” A cabeça de minha mãe surge no meu quarto enquanto eu arrumava as últimas coisas da minha mala. Queríamos aproveitar minha última semana em Londres, antes de eu ter que viajar novamente, e combinamos de ir para uma casa de praia.
“Sim… só falta isso aqui”, aviso ao pegar Outros Jeitos de Usar a Boca, o livro que eu tentava terminar há um bom tempo e finalmente teria um período livre para fazê-lo. Eu pensava isso até sair do quarto e me encontrar com sentada no sofá da sala, conversando animadamente com Sam.
“Tom, olha quem tá aqui, sua namorada”, meu irmão fala ao me avistar. Ele recebe um olhar de reprovação de minha parte e se levanta logo em seguida, indo para seu quarto. “Agora que ele chegou, finalmente posso terminar de arrumar minhas coisas.”
“Que cê tá fazendo aqui?”, pergunto com um sorriso ao me sentar ao seu lado, notando a mala que estava em suas pernas.
“Sua mãe me chamou para viajar com vocês… Eu só não disse nada a você antes porque ela pediu para não contar.”
“Então você já sabia quando a gente se encontrou antes de ontem?”
Ela assente com a cabeça, rindo, mas depois se vira na minha direção.
“Eu tentei negar porque achei que parecesse muito incômodo, mas ela insistiu…”
“Não é incômodo nenhum. Eu gostei muito de você ter vindo.”
Nos separamos em dois carros: um dirigido por meu pai, onde estavam também minha mãe, Paddy e Tessa, e outro dirigido por mim, com , Harry e Sam. A garota havia ficado no assento de passageiro, tendo que colocar uma playlist que Harry havia feito depois de muita insistência.
Me jogo no sofá assim que entramos na casa, mas logo tenho que me levantar para separarmos os quartos. Como eram quatro, meus pais ficaram em um; Sam e Harry em outro; eu e Paddy no terceiro, e ficaria no último.
“As garotas ficam nesse, né, Tessa?”, ela pergunta para a cadela, que responde com um latido.
“Ótimo, então vamos trocar de roupa e já podemos tomar banho”, meu pai fala ao finalizarmos a divisão de quartos, e cada um vai para o seu respectivo.
Ao trocar de roupa, vou na direção da prancha, hesitando por um momento ao me lembrar que eu e Harrison sempre fazíamos isso: surfar até meus pais brigarem e nos chamarem para dentro de casa. Penso em dar meia-volta, mas decido levá-la, afinal, eu amava fazer isso. Não poderia evitar simplesmente por uma lembrança de alguém desagradável.
Me sento na areia à espera dos outros, até que sinto alguém tocar meu ombro.
“Não vai entrar?”, pergunta e se senta ao meu lado, vestida com um blusão e, embaixo dele, provavelmente um biquíni.
“Tava esperando alguém.”
“Você surfa, né?” Ela percebe a prancha e dá um sorriso melancólico, provavelmente por já ter feito aquilo com Harrison. Eu assinto com a cabeça. “Me ensina?”
Olho para seu rosto corado devido ao vento e me levanto, oferecendo uma mão para ela, que a aceita e faz o mesmo.
“Você vai ter a melhor aula de surf da sua vida”, falo ao desenterrar a prancha da areia. Me viro em sua direção e me deparo com a cena dela tirando a roupa, ficando só de biquíni, e vindo na minha direção. “V-vamos?”
“Rápido, eu tô morrendo de frio.” Ela me puxa e corremos até o mar, mergulhando logo em seguida. “Certo, o que eu preciso fazer primeiro?”
“Subir na prancha”, respondo, rindo e a ajudando a se equilibrar em cima do objeto. Sinto meu corpo esquentar ao tocar sua cintura desnuda, mesmo com o vento forte de fora. “A-agora você vai nadar”, dou o comando e assim ela o fez, sempre olhando na minha direção para ver se estava certo. “Tá vindo uma onda, tenta se equilibrar na prancha. Eu vou te soltar, certo?”, aviso e ela assente com a cabeça, indo de encontro com a onda, que acaba sendo forte demais e a faz se desequilibrar e cair no mar. Nado em sua direção, a segurando perto demais quando consigo alcançá-la. “Cê tá bem?”
“Eu tô ótima!”, ela responde com as mãos apoiadas no meu ombro e a boca tremendo levemente por conta do frio, mas com um sorriso enorme. “Muito obrigada por tudo o que você tá fazendo. Não sabe como me ajudou nesses últimos dias.” me abraça e, ao voltar para a posição inicial, encara minha boca. “Meu Deus, você tá tremendo.”
“Você não tá muito melhor que eu”, falo rindo e faço o mesmo gesto que ela, me segurando para não fazer nada que ultrapassasse os limites da nossa amizade; apesar de já estarmos com nossos corpos praticamente colados um no outro, talvez já ultrapassado esse limite. “Melhor voltarmos”, falo ao avistar no canto do olho minha família saindo da casa e indo na direção em que havíamos deixado nossas coisas.

Eu e Sam estávamos sentados, e eu observava enquanto brincava com Tessa na areia até ser interrompido por ele.
“Tá gostando dela, né?”, Sam pergunta, e eu o encaro. “É só pra você falar que tá, todo mundo já sabe, Tom. Nem adianta mentir.”
“Vocês são loucos.”
“Louco é você que tá numa casa de praia com ela e não tenta nada.”
“Desde quando você virou conselheiro amoroso?”
“Desde quando você começou a precisar de um… Mas não se preocupe, eu e Harry vamos dar um jeito.” Ele termina a frase e, antes que eu pudesse questioná-lo, sai correndo para dentro do mar, se juntado aos outros.
Depois de comermos, enquanto assistíamos a um filme, meus pais avisam que vão dormir, se dirigem ao quarto, e, assim que eles somem de vista, Harry pausa o filme e se vira para Paddy.
“Já é hora de criança dormir.”
“Eu não sou criança!”
“É sim, vai pro quarto.”
“Vou jogar Free Fire”, o menor fala ao ser guiado para nosso quarto, e Harry fecha a porta, se virando na nossa direção logo em seguida.
“Certo, agora vamos nos divertir”, ele diz, indo para a cozinha e voltando com uma garrafa de vodka e quatro copos. “Verdade ou desafio. A cada rodada, alguém bebe.”
“Não podemos só voltar a ver o filme?” , que estava com a cabeça apoiada no meu ombro, quase dormindo, se pronuncia.
“Não, vai ser legal.” Sam se levanta e segue o irmão, que se direcionava para fora de casa.
“Pode pelo menos ser aqui?”, pergunto. Ambos gritam que não, nos forçando a ir até eles, que já enchiam os copos da primeira rodada.
“Tá, eu começo!” Harry leva a mão em direção a garrafa, mas é interrompido por .
“Mulheres primeiro, seu mal-educado… Quem cair nessa parte, escolhe se é verdade ou desafio.” Ela gira o objeto, que para em Sam.
“Verdade.”
“Já deu PT em alguma festa?”
“Em algumas… Acho que numas três, no mínimo.” Assim que ele termina, todos tomamos um copinho cheio de vodka; eu já sentindo o ardor ao encostar o líquido na minha garganta. “Minha vez?”
“Desafio”, Harry fala ao ver que a garrafa havia parado nele.
“Não tem graça, ele é meu gêmeo.”
“Vai logo, bebezão”, apresso Sam após ouvir sua reclamação, que se vira para Harry e continua.
“Tá, então escolhe alguém pra pular no mar.”
“Não tem graça, o desafio tem que ser…”
“Tom.”
“Isso não é justo, vocês tão fazendo um complô contra mim.”
“Vai logo, bebezão”, Sam devolve e eu mostro o dedo do meio para ele, depois tirando minhas roupas e ficando só de cueca. “Vai e volta!”
Corro na direção do mar e, ao entrar, sinto todos os meus ossos congelarem. Com certeza ficaria resfriado depois. A sensação de estar naquela água gelada só não foi pior do que quando saio, sentindo o vento forte bater contra meu corpo e me jogando no chão ao finalmente chegar no local onde estávamos.
“Boa, campeão.” Levanto a cabeça ao ouvir Harry comemorando como se fosse uma líder de torcida. Começo a balançar minha cabeça, fazendo com que as gotas de água em meu corpo respingassem sobre eles.
Olho para o lado à procura das minhas roupas e sinto o olhar de sobre mim, que percebe que estava sendo observada e logo as entrega. Depois de beber mais um shot de vodka, giro o objeto à minha frente, que para em .
“Verdade.”
“Qual foi o máximo de pessoas que você ficou numa festa?”
“A pergunta já prontinha, olha lá”, Sam brinca com Harry, e eu reviro os olhos.
“Vocês fiquem na sua aí.”
“Acho que foram quatro… ou cinco.”
Arregalo os olhos ao ouvir a resposta da garota, que olhava diretamente em meus olhos. Bebemos mais uma dose, e já estava começando a me acostumar com o gosto amargo da bebida.
“Desafio”, Sam fala após a garrafa parar nele.
“Pensei que ia escolher verdade. Não tava preparada para isso, calma.” pensa por alguns segundos, até que tenho uma ideia e, como um ato impulsivo, cochicho em seu ouvido, sentindo sua pele se arrepiar ao encostar sem querer no local.
“Ei, não vale!” Sam protesta, mas o ignora e fala o que ele devia fazer em seguida.
“Você vai ter que postar uma foto nos stories, marcando a conta da sua crush.”
“TOM!”
“Você que quis brincar assim, maninho.”
“Vai ter troco”, ele afirma após cumprir o desafio, enquanto bebemos mais um gole. Após mais uma jogada, a garrafa vai em mim. “O mundo gira tão rápido.”
“Verdade.”
“Verdade que você já quis beijar a ?”
“C-como assim? Claro que…”
“Opa, maninho, a verdade.”
“Já”, falo em tom de sussurro, com a cabeça abaixada.
“Pode repetir? Não deu pra escutar direito…”
“Sim, eu já quis beijar a ”, o álcool age na minha mente e solto a frase toda. Só me toco depois do que eu havia feito, sem coragem alguma de olhar para a garota.
Após bebermos mais um copo, giro a garrafa novamente, e ela cai em Harry.
“Verdade, porque eu tô com medo desses desafios de vocês.”
“O lugar mais estranho que você já fez sexo com alguém.”
“Acho que num banheiro público”, ele responde, e todos fazemos cara de nojo. “O quê? Vai dizer que nunca ficaram com vontade durante um show?”
“Sim, mas não é mais inteligente e higiênico ir para um carro, ou esperar até chegar em casa?”, questiona logo após bebermos mais um gole, e Harry gira o objeto, caindo na garota.
“Verdade.”
“Você já teve vontade de beijar o Tom?”
“Já chega dessa brincadeira, tá passando dos…”
“Espera, deixa eu responder…” segura meu pulso, quando eu ameaço levantar. “Já tive sim.”
“Eita, que agora o negócio…”
“Harry”, o repreendo antes mesmo de ele terminar a frase.
“Tá, desculpa.”
“Minha vez agora.” A garota gira a garrafa após mais um gole, e, coincidentemente, para em mim, o que me faz engolir em seco antes de responder.
“Desafio.”
“Te desafio a passar dez minutos em algum lugar fechado comigo.”
…”
“Desafio dado, vamos.” Ela me puxa até dentro da casa, analisando o local em busca do seu objetivo.
“Lá tem um armário.” Sam aponta para o quartinho e eu lhe lanço um olhar bravo, que sussurra para mim. “Como se você não quisesse.”
Entro no local escuro, busco por algum interruptor, e, ao me virar para a porta, dou de cara com , que havia acabado de fechá-la.
“Certo, vou botar dez minutos no cronômetro. Quando terminar, venho aqui e chamo vocês”, Harry fala do lado de fora e ambos confirmamos, logo após ouvindo o barulho do trinco da chave.
“Por que fez isso?”, pergunto ao perceber o silêncio completo tomando o local. Provavelmente, eles não cumpririam com o prometido.
“Porque eu tô bêbada, Tom… Só assim pra eu ter coragem de fazer isso.”
“Eu não vou fazer nada com você assim.”
“Pelo amor de Deus, eu não tô sedada, sei muito bem o que tô fazendo.” Recuo enquanto ela se aproxima, e consigo sentir a parede gelada contra minhas costas. “Eu pensei que você queria isso”
“Você não sabe o quanto eu quero.” Permito que ela se aproxime mais, enquanto inclinava minha cabeça para frente.
“Aposto que tanto quanto eu.” apoia os braços em volta do meu pescoço, enquanto eu a seguro pela cintura, e sela nossos lábios, finalmente cessando a vontade que eu tive durante anos.
Antes de intensificar o beijo, aproveito o momento de pausa para inverter as posições, prensando-a na parede e a segurando pelo quadril, fazendo o máximo de movimento para que nossos corpos entrassem em contato mais profundo. Suas pernas se fecham sobre minha cintura, enquanto ela ajuda com movimentos lentos e afasta a cabeça, fazendo o caminho ficar livre para que eu consiga explorar todos os locais disponíveis em seu pescoço.
era uma das garotas mais doces que eu já conheci, mas estava completamente diferente do que eu imaginava, passeando as mãos pelo meu corpo com uma certa selvageria. Elas chegam nos botões da minha calça e os desabotoam lentamente, passando por entre o tecido grosso para acariciar o local volumoso, coberto apenas por uma cueca úmida, e extraindo um gemido abafado de minha parte. Minhas mãos faziam o mesmo com seu corpo, procurando se desvencilhar de qualquer vestígio de tecido por onde passavam. Elas apertavam possessivamente qualquer que fosse o local, chegando na região de seu busto, onde, com a ajuda da falta de sutiã, passava os polegares gentilmente pelos seios fartos da garota, já conseguindo imaginar a visão que seria dela sem roupa alguma.
“Dez minutos! Vou admitir, deixamos passar mais alguns… Gente?” Harry escancara a porta do pequeno cômodo, se deparando com aquela cena e ficando completamente paralisado. “E-eu não sabia que vocês iriam levam tão a sério.”
“O que tá acontecendo? TOM! VOCÊ CONSEGUIU!” Sam chega atrás do outro e arregala os olhos assim que vê e eu ajeitando nossas roupas rapidamente.
“Vocês dois… Fora!”, ordeno, e Harry fecha a porta do quarto novamente. “Me desculpa por isso…” Aponto sem graça para a porta, sem conter o riso, e a garota me acompanha.
“Tudo bem, você só vai precisar me compensar mais tarde.”
“Mais tarde? Olha o meu estado, , como eu vou sair daqui com isso?”
“Então pode ser agora… Só temos que nos certificar que seus irmãos não invadam de novo.”
“Eles não vão, pode ter certeza”, afirmo e vou em sua direção, tirando minha blusa e prensando-a contra a parede novamente, dessa vez fazendo uma trilha de beijos.
Eu aproveitava para tirar todos os tecidos que atrapalhavam meu trajeto, desde seu pescoço até sua intimidade. Começo com lambidas leves, logo depois passando os dedos lentamente no local úmido. Aperto levemente seu clítoris, o que despertou gemidos baixos da garota, que tentava se apoiar ao máximo para suas pernas não cederem e, consequentemente, cair no chão. Aumentei a velocidade e a profundidade dos movimentos, sendo ajudado por , que segurou firmemente em meus fios de cabelo enquanto rebolava seu quadril, fazendo com que tivéssemos o máximo de contato.
“Porra, Thomas.”
Ao olhar para cima, faço contato visual com a garota, que mantinha uma das mãos apertando seu seio. Ao sentir que seu orgasmo estava próximo, me levanto e faço o trabalho somente com os dedos, enquanto dedicava minha boca a seu outro seio. Sua mão, que antes estava no meu cabelo, desabotoa novamente minha calça, dessa vez ignorando completamente o tecido fino e indo diretamente de encontro com a pele sensível do local, fazendo movimentos de vai e vem.
“Caralho”, exclamo ao sentir seu toque delicado sobre minha glande, intensificando os movimentos de meus dedos em sua vagina até sentir seu orgasmo, já me preparando para adentrá-la. Assim que o faço, solta um gemido fino, que tentamos disfarçar com um beijo desajeitado, e entrelaça as pernas no meu quadril, ajudando nos movimentos. Algum tempo depois, sinto o segundo orgasmo da garota. Percebo também que estava prestes a atingir meu ápice e me forço a sair de dentro dela, parando um pouco para me recompor.
“Sua vez de ser recompensado.” Ela me prensou na parede, indo direto para o meu membro que clamava por atenção mesmo depois disso tudo.
Ao sentir seus lábios macios sobre ele, deixo escapar um gemido de alívio, jogando minha cabeça para trás enquanto minhas mãos automaticamente vão parar na sua nuca, a orientando a ir mais fundo. E assim ela o fez, meu prazer aumentando à medida que continuava a chupar meu membro, dando leves mordiscadas na parte mais sensível deste. Era como se nossos corpos já soubessem exatamente o que fazer, qual sensação e qual resposta ter para cada toque. Não estava com capacidade para raciocinar direito, então só percebi que havia atingido o ápice ao sentir os movimentos em meu membro pararem e a garota se levantar com seus lábios vermelhos depois do trabalho. Puxei-a para mais um beijo, só parando quando já estávamos sem fôlego algum, e, enquanto tentávamos normalizar a respiração, ficamos abraçados, apoiados na parede do cômodo.
“Se eu sequer desconfiasse que você sentia o mesmo, isso teria acontecido bem antes”, falo e me afasto um pouco, me permitindo admirar cada detalhe da garota à minha frente.
“Digo o mesmo… Mas acho que a espera valeu muito a pena. O que acha de assistir a um filme?”, ela sugere. Após vestirmos nossas roupas, nos dirigimos até seu quarto, passando pelo de Harry e Sam antes, que, coincidentemente, estava com a porta aberta.
“Opa, tudo bom?” Harry surge na porta com um sorriso. “Vocês tão indo para um lugar mais aceitável para transar agora?”
“Ah, cala a boca, banheiro público.” revira os olhos em brincadeira e segue na direção de seu quarto, me fazendo rir.
“Já tá todo apaixonadinho.”
“Boa noite.” O empurro levemente para dentro do quarto, fechando a porta e me dirigindo para o de .
Decidimos ver um filme de terror. Não que fosse meu gênero favorito, mas eu nem precisei prestar atenção, visto que, sete minutos depois do título do filme aparecer, a garota se pôs em cima de mim, começando tudo de novo.
Enquanto estávamos abraçados, totalmente despidos embaixo do edredom grosso da cama, várias coisas começam a passar pela minha cabeça, me fazendo perceber que eu não podia perder mais tempo. Já havia abusado muito da paciência dele.
“Viaja comigo para Los Angeles.”
“O quê?” olha confusa na minha direção, levantando a cabeça antes apoiada no meu peito.
“Daqui a uns dias eu vou precisar viajar. Vem comigo?”
Ela ri sem graça, me fazendo arrepender de ter perguntado.
“Você tá falando sério?”
Eu assinto com a cabeça, e ela pensa por uns segundos, para depois me abraçar.
“Claro que sim! Só tenho que ver como vou dar a desculpa para minhas faltas na faculdade. ‘Professores, não vou poder ir esses dias, pois estarei em Los Angeles com meu namorado…’”
“Namorado?”
“Ai, meu Deus, desculpa!” tapa a própria boca e eu começo a rir, enquanto botava um braço embaixo da minha nuca.
“Eu não reclamei… Mas acho que devíamos fazer direito. Enquanto isso, pode me chamar de namorado não-oficial.”
“Meio grande, mas gostei.” Ela ri enquanto apoia a cabeça novamente em meu peito.
Fecho os olhos lentamente, perguntando antes de adormecer se isso era real. Se ela era real.

“Vem, Thomas, você não quer se atrasar, quer?”, pergunta ao me arrastar para dentro do local. Na verdade, eu só não queria me atrasar tanto quanto eu não queria ir nessa festa, mas só o fiz por insistência da garota.
“Claro que não, amor.” Adentramos a casa repleta de pessoas, ela agarrada ao meu braço enquanto cumprimentávamos algumas pessoas.
Havíamos ido para Los Angeles, e ficamos lá por um grande período até decidirmos voltar para Londres. Foi lá que eu a pedi em namoro, uma das coisas mais organizadas e bem planejadas que já fiz. Finalmente minha agenda estava mais estável e programada, então teríamos muito tempo até eu ter que viajar de novo. Enquanto isso, tentava passar o máximo de tempo com , mesmo que isso significasse ter que ir para festas entediantes.
Encontramos um grupo de amigos e ficamos conversando, até ser interrompido por um toque brusco em meu ombro e me forçar a virar na direção de quem o havia feito.
“Olha quem tá aqui… Pensei que ia abandonar e se esquecer. E no fim conseguiu o que você sempre quis… e nem se desculpou por ter roubado ela de mim?”, Harrison fala com uma expressão cínica de nojo.
“Eu não tenho que me desculpar por nada, muito menos por ‘roubar’ ela de você.”
“E você…” Ele se vira para , a ameaçando com o dedo na direção de seu rosto. Mas, antes mesmo que eu pudesse intervir, segurou o pulso do garoto, tirando seu dedo de perto dela.
“Nem pense em fazer isso. Quem você pensa que é pra querer cobrar alguma coisa de mim, depois de ter feito aquilo? Por que não vai dar em cima de todas as garotas da festa e, de quebra, pede uma em namoro? O Thomas não me roubou de ninguém. Se eu pudesse mudar o passado, com certeza faria no dia em que aceitei ser alguma coisa sua.”
, não vale a pena”, digo, tentando a tirar de perto dali, mas sou interrompido pelo segurar de Harrison no meu braço.
“Como você consegue ser tão sonso?”
“Da mesma forma que você consegue ser um completo babaca.” Dessa vez ela me puxa, mas permaneço parado na frente do outro. “O quê, Harrison? Tá esperando pra levar um soco de novo?”
“Quem vai levar um é você.”
“Thomas, vamos… Só pra deixar claro, ele faz muito melhor que você.” me puxa com mais força, e dessa vez cedo, seguindo-a até a saída enquanto tentava me controlar para não voltar lá e acabar com ele, escutando apenas suas provocações. “Obrigada por não se descontrolar.”
“Eu não faria isso com você.” Afasto uma mecha de cabelo do rosto da garota, e ela dá um sorriso tímido.
“Eu não tô com vontade de voltar lá. Quer comer em algum canto?”
Assinto com a cabeça enquanto repouso meu braço nas costas da garota. Vamos andando em direção ao carro, ela botando uma de suas diversas playlists para tocar enquanto íamos em direção de qualquer restaurante longe dali, cantando todas as músicas que passavam pelo rádio como se fossem vento. Viro a cabeça para o lado, avistando sorrindo para mim entre uma letra e outra, e faço o mesmo, finalmente me permitindo relaxar no assento ao ter certeza de que ela era a única. Sempre foi.


Fim



Nota da autora: Sem nota.


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