20. Incerteza

Capítulo Único

Flashback…

Se conheciam a pouco tempo. sempre foi o decidido, o certo, o brincalhão, sempre foi aquela pessoa que sabia seu futuro de có, não ligava pra imprevistos e sorria para o mundo, começou de tudo aos poucos, crescendo cada vez mais, até algo mudar sua vida, não algo, mas sim alguém. Ela era inteligente, engraçada, um amor de pessoa, a maior das loucas quando se tratava da vida, a maior das alegrias quando se via pelo mundo, seu sorriso era brilhante e estilo de vida intrigante, louca, sabiá e ligeira.
- Hey migo lindo, tudo bom neném?
- Aí meu Deus é ela! - Colocando a mão no peito e sorrindo em seguida - Hey girl! - A saudação dos dois sempre foi a mesma, mesmo jeito, sorriso e carinho.
Apesar do pouco tempo se sentiam bastante familiarizados um com o outro, mesmo sendo o oposto, mesmo sendo loucos, mesmo que por nada brigavam, seja lá o motivo o importante era discordar.
- Eu ainda acho que vão acabar namorando - Disse o irmão de olhando para ambos. - Serio! Vocês são estranhos e mesmo assim diferentes, os opostos se atraem, sabiam? - olhou com um rosto nada discreto mostrando a estranheza que aquilo seria.
Já o apenas observava, sem palavras apenas coração, ela pegou em sua mão e levantou alto para o irmão ver.
- Isso não pode acontecer, somos irmãos, os melhores - Sorriu em seguida e demonstrou firmeza em suas palavras, a seriedade de cada uma delas estava no ar e na mente de .
Apesar de tão centrado um defeito tinha que ter, o tipo de pessoa que se apega facilmente, que ama loucamente e que se apaixona rapidamente, poderíamos definir neste ponto os defeitos do querido .

Alguns meses depois…

estava sentado apenas pensando em cada momento que havia passado com a louca de suas aventuras, o havia mudado, ao invés de bar, caminhadas, ao invés de matagais, o mar, ao invés de simplesmente olhar para o nada, olhar para frente e sentir a areia em seus pés vendo o vai e vem da água era o suficiente para pensar, ela o ensinou isso em cada momento que passaram juntos mas ele não sabia mais o que fazer, seu modo já não era o mesmo perto dela, seu jeito era estranho mesmo já sendo antes, diferente era a palavra que definia aquilo. Olhava o mar atentamente e lembrava dela sorrindo e isto não é bem amizade, já sabia ele com sua cabeça embaralhada e sua mente como nó, a sua vida só mudou com a chegada de .
- Hey, hey, MATHEUS! - O grito naquele momento ecoou em sua cabeça e o fez despertar - Sonhando acordado? Não é possível, ele tá apaixonado! Olha o rostinho de apaixonado…
- Não estou , não enche, vamos correr vai, tô cansado, eu em… apaixonado, até parece.
entortou a cabeça mas não ligou muito, seu irmão era estranho ela sabia, nada mais normal do que pensar, e o lado bom, tudo ia conforme ele planejava, tanto sua carreira como sua vida. Mal sabia ela que seus pensamentos estavam indo por água abaixo, seus sentimentos mudaram e sua carreira poderia sofrer uma grande conturbação por esses sentimentos.
- Hey , cê tá chateado? - Falou ela um pouco ofegante pela corrida - Vamos lá pra casa, vou cozinhar, hm? - Falou correndo de costas e o encarando - Vamos, vamos, vamooss…
- Não estou chateado, estou apenas pensativo. Mas vou aceitar a refeição, porque estou com fome - Ele riu já demonstrando um alívio ali, por ela não estar chateada com sua reação, a mais inesperada, tanto para ela quanto para ele.
Eles caminharam os quarteirões e já perto de sua casa ela subitamente falou.
- Ahh. Esqueci de te falar.
- O que, pequena?
- Vou viajar!
O sorriso de naquele mesmo momento sumiu, todo ficou branco em sua mente e ali foi praticamente um baque.
- Viajar? Viajar pra onde? Quando? Como? O quê?
- Calma, vou em BH resolver algo.
Ali seu pensamento já mudou totalmente, não era o mesmo, ele pensava mil e uma coisas e nada se encaixava mais. Ele apenas sorriu consentindo e disse que tinha algo a resolver, correu como um louco e foi embora sem nem ao menos comer ou a comprimentar.
- Ela vai viajar! - Chegou batendo na na mesa de madeira na sala do irmão - O que eu faço? Como eu faço pra ela não ir? O que eu tô fazendo? O que eu tô sentindo? O que é isso? Porque tô assim? Eu não quero! - Parecia semelhantemente com uma criança fazendo birra e não querendo seguir as ordens da mãe.
- O que aconteceu? O que é isso? Quem vai viajar, o que tá acontecendo? Eu em, tá louco? - Falou estranhando sua atitude.
- Sim! Eu tô louco, eu não sei mais o que fazer ou pensar, eu não sei mais o meu futuro ou como devo viver ele, ela vai pra BH e eu não sei nem o que sinto por ela e nem como se chama isso que sinto agora - Falou de uma só vez, sem nem parar para respirar, rapidamente seu irmão respondeu.
- Incerteza.
- Oi? - Falou ele olhando torto para .
- Incerteza. Isso agora é o que você não sentia senhor certinho. Você sabia de tudo, roupa que ia vestir, o que ia fazer amanhã... Tinha certeza de tudo e nunca encontrou uma dúvida no meio disso?
- Não. Eu sempre faço com a certeza do que fiz, com a certeza do que é, sobrevivi com a certeza toda minha vida, mesmo que cometesse erros, tinha certeza que ocorreu por algum modo e pensava em concertar, em como acertar e novamente conseguia.
- Nossa… Coitado, você não viveu. Você está com medo, está incerto do que sente, do que pode acontecer e do que você é sem ela. Ela te mudou, desde vários meses atrás, ela te mudou… Agora você é humano, você é incerto, e você vai precisar ligar.
- Ligar? - Mateus olhou firme para o seu irmão - Porque ligaria?
- Peça desculpas por ter saído correndo, marque um encontro e vá. Você pelo menos sabe a data da viagem?
- Não, ela não chegou a dizer, eu corri.
- Então descubra, chame pra jantar e descubra, cozinhe pra ela ou peça pra ela cozinhar, fale o que sente, não, antes é melhor descobrir, pois ir com algo incerto é o mesmo que nada.
- Ok, ligar, agora não, falar agora não, vou apenas pensar.

Fim do flashback...

Ele passeava, pois sempre que não sabia o que fazer, nem o que sentia e precisava pôr a cabeça em ordem, não escutar nada, apenas o vento e as pessoas ali conversando, ele andava,no parque ou pelo quarteirão e quando o cenário mudava virava praia, aí sim ele escutava o mar, naquele vai e vem em suas ondas grandes e nas rasas proporções que vinha, ele sempre fazia isso, e sempre detestou isso, mas de repente começou a gostar por ela. Andar era uma forma de relaxar e pensar, curtir e ao mesmo tempo levar a sério a sua vida e seus sentimentos, que agora já não passavam de meras incertezas, como se apegar tão rápido a uma garota tão pequena e tão ameaçadora, ele conseguiu isso em poucos meses, como se apaixonar por ela mesmo não sabendo o que ela sentia, se ela gostava de outro ou se era mesmo uma paixão, ele também conseguiu o feito.
Ele ali saiu para relaxar, mas as horas se passaram e a cada suspiro, cada movimento e cada lugar lembrava dela, principalmente quando chegou a orla da praia que ficava apenas a 2 quarteirões da sua casa. Como ela amava o mar, brincar com as ondas, ter a areia em seus pés, como ela amava cada pedaço daquele lugar, o modo que ela ficava embaixo do guarda sol pra se esconder um pouco ou quando ela sorria quando levava o seu primo ali, ao brincar com ele... Ela amava tudo aquilo, e ele amava ela naquilo tudo, ou achava que amava.
O fato era o porquê dela não poder ser sua namorada ou melhor, a incerteza dele ao perguntar se ela queria realmente isso.
pensou, viu o que sentia e sinceramente era amor, paixão e carinho pela sua melhor amiga, depois de tudo que ela fez por ele, não era gratidão, era amor, era o querer dele que a queria por toda sua vida e com toda sua alma e agora não era apenas ser amigo, o que ele queria era o seu amor, ele estava apaixonado.
Ele ligou e novamente tentou, várias e várias vezes até que ela atendeu.
- Alô, ?
- Hey girl, cê pode falar, quero te encontrar pra… - Ele foi interrompido pelo som da voz dela e ouviu o que menos esperava naquele momento.
- , pode falar depois migo? Foi mal, mas eu te retorno, assim que puder vou te retornar.
- Ok, então tchau.
Ela desligou o telefone e nada mais falou, ele estranhou mas esperou, uma, duas, três, quatro horas e nada, escreveu, ensaiou, sentou e a cada minuto olhava o celular, na esperança de uma mensagem, de uma ligação, mas nada, sem respostas, sem notícias e quando tentava ligar, desligado, offline e ele ali desesperado, foi a sua casa e ela não estava. Será que já viajou? Ele pensava, mas nada, ninguém sabia, ninguém dizia e os dias se passavam até que ele mesmo não aguentou, passear na orla, olhar o mar, as árvores e tudo mais já não aguentava mais isso, ele precisava de algo para descarregar a raiva e aquele sentimento de tristeza, e no caminho de casa um bar, o momento perfeito para uma bebida. Ele apenas se sentou na mesa e levantou a mão para fazer o pedido, dali em diante nada mais de caminhar. Ele bebeu, mais e mais e cada vez mais bêbado pediu para o garçom sentar para conversar, o bar já ia fechar e ele lá, bêbado, murmurando, falando dela, sentindo sua falta e olhando o celular, não deu vexame não fez nada demais, até que sentiu novamente aquele mesmo sentimento.
- Incerteza né? Uma porcaria você é! VOCÊ NÃO PRESTA INCERTEZA, EU ODEIO TE SENTIR - Falou aumentando o tom de voz e já de pé ali, bateu na mesa e mais uma vez começou - Você acabou com minha amizade EU TE DETESTO, VOCÊ… VOCÊ… EU… EU GOSTO DELA! - Chegou o garçom na mesma hora tentando o acalmar e o fez sentar, ele já estava cambaleando e com uma voz pesada bêbada e distorcida, quando olhou as garrafas no chão mais de 9 litrões de cerveja e um copo de alcatrão na mesa - Ela me deixou cara - Bateu no ombro do garçom falando - Sabe de quem é a culpa? Minha, eu nunca fui incerto, e pensei demais, eu não sei onde ela tá, eu não sei!
- Calma, ela vai voltar, mas não vai adiantar nada você beber, só se acalma e vamos chamar um táxi pra ir pra casa, tá certo?
- Não, não! Eu só saio daqui quando ela me atender!

XXXXXX

No dia seguinte ele amanhece no seu quarto sem camisa suas calças abertas sem cinto e sua cama bagunçada.
- O que aconteceu? Onde eu estou? Aí minha cabeça. - Falou pondo a mão sobre ela e tentando lembrar da sua noite anterior.
- Você não lembra? - Ouviu uma voz meiga e familiar vindo da porta do quarto e em seguida abrindo - Bem vindo ao meu quarto de hóspedes, você em, bebendo seu , o que houve?
- ? É você mesmo? É você? - Falou observando atentamente a moça que carregava uma bandeja com sopa para o ressacado.
- Sim, sou eu. Não posso ficar fora alguns dias que tem mais de 20 ligações suas, 10 do te procurando e só faltava agora a da polícia para testemunhar
- Culpa sua. Porque sumiu em?
- Eu tava comprando minha casa ué, essa casa. Escritora pode ganhar lá seu dinheiro bom. Afinal das contas sou eu.
- Você foi pra BH…
- Comprar essa casa seu bobo.
- Sério? - Falou ele assustado e feliz. - Que alívio.
- Alívio? Por quê?
- Eu pensei que tinha me abandonado sua louca!
- Eu? Nunca! Mas porque se importaria tanto de beber por minha causa? Não é possível - Fez um rosto assustado e pondo a mão na boca falou perto de sorrir - Você gosta de mim seu louco? Nossa… Eu… - Ela foi interrompida por ele que respondeu sua pergunta.
- Não, sim, não, pera calma, sim ou não, ah não deixe essa incerteza me consumindo e eu não aguento mais, ela tá me possuindo e eu quero realmente te abraçar mas não sei se posso, você viajou sem me dizer e eu fiquei louco, sumiu não me atendeu, eu fiquei preocupado e não sabia porque, eu realmente queria te ver e não te perder de vista, queria que você atendesse e eu lembrava de você toda hora e sim eu bebi por você e mesmo assim não sabia o que sentia porque eu era certo fiquei incerto e ah quer saber? Que se dane tudo agora. SIM, ESTOU COMPLETAMENTE APAIXONADO POR VOCÊ! - Ela arregalou os olhos e sorriu, um sorriso bobo e feliz.




Fim.



Nota da autora: Sem nota.



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