Baseada em Alone - Carrie Underwood



I hear the ticking of the clock /Eu ouço o tique-taque do relógio
I'm lying here the room's pitch dark/ Estou deitada na escuridão do quarto
I wonder where you are tonight/ Me pergunto aonde você está essa noite
No answer on the telephone/ Sem resposta no telefone
And the night goes by so very slow/ E a noite passa tão lentamente
Oh I hope that it won't end though/ Oh, eu espero que ela não termine,
Alone / Sozinha...

Era uma noite sombria, cinzenta. A lua não estava mais lá para ajudar a me concentrar em tantas coisas estranhas que passavam pela minha vida. Nada daquilo era o que eu queria pensar e a noite foi benevolente em apagar da minha vista aquela lua, tão cheia de luz e de vida. Eu queria a escuridão, eu a buscava loucamente, mas havia algo evitando que eu me entregasse à ela.
Meu quarto é pequenino e solitário. Há apenas minha escrivaninha, o laptop, alguns livros, papéis, minha cama fria e desarrumada, com um travesseiro nada aconchegante e o cobertor fino. Não preciso de luxos e de prazer. Não mais. Nunca mais. Basta que minha vida seja repleta de entusiasmo mórbido, já que não penso mais em viver e não penso em tirar minha vida, que ela venha desprezívelmente, assim como eu vim ao mundo.
Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chama-se Raimundo não seria uma rima, seria uma solução. Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é meu coração. Sim, eu estou perdida, estou sozinha, assim como o poema de 7 faces do Drummond. Como é triste para mim ser eu. Como desgraçado o meu destino e o meu passado. E esse relógio na parede do meu quarto não me deixa em paz, não me deixa sozinha, não quer que eu perca o tempo, sendo tanto tempo já perdido. Chega de olhar o céu. Deito-me na escuridão do quarto, em minha cama tão desconfortável e fecho os olhos em busca de lágrimas, que não querem sair, tão seco está meu coração. Como me sinto triste, infeliz, desprezada. Não há mais Deus, não há mais brilho, nem cor, nem nada que possa me reconfortar? Por que eles tinham de morrer e eu sobreviver? Por que o mundo foi tão cruel comigo, tão cedo? Não há nada que me faça feliz. Nada.
É claro que tive um reconforto, um sinal. Mas como tudo, ele se foi, sem deixar rastros, respostas ou um nome. Apenas um número, que insiste em não ser atendido, como se aqueles dígitos tivessem outro significado. Estou enlouquecendo, eu sei. Isso é um fato. Só quero que essa noite não termine. Que ela perdure pela eternidade, escura, vazia, porque estou sozinha. Mas queria tanto, tanto encontrá-lo mais uma vez.

Capítulo 1 - Sobrenatural

Novembro de 1976, Claire Choice estava no banco carona de um caminhão Ford F350, ao lado de seu marido Willham Choice. Era a mulher mais bela e feliz de todo o mundo. Havia deixado a pequena Choice na casa de sua mãe e ia comprar o pernil para a Ação de Graças. Ela não conseguia cozinhar mais do que ovos, era uma negação na cozinha, mas isso não a deixava menos inteligente e bela. Seu sorriso ia de ponta à ponta, ouvindo o marido cantarolar uma música nova que estava fazendo muito sucesso por aquelas bandas do Arizona. Will era divertido e diferente dos homens daquela região, tinha origem brasileira, sua mãe era uma senhora respeitável que chegou aos Estados Unidos com o avô. A graciosa Miss era a inspiração do filho, sempre livre e feliz, sem colocar rédeas na vida, apenas seguindo em frente, para onde o vento levava. Will não conheceu o seu pai, sua mãe foi alvo de criticas por criá-lo solteira, mas isso não afetou o pequeno garoto, ao contrário, sempre foi apaixonado pela força da mãe, que mudou seu sobrenome latino Chaves, para Choice e deu esse poder de escolha para o filho, que tem o mesmo sobrenome. Miss era uma velha senhora agora, e seu filho resolveu homenageá-la colocando o mesmo nome na pequenina e belíssima filha. Claire não se opôs, tinha o mesmo fascínio pela sogra que o marido.
No início, a família de Claire se opôs, mas agora, passados 6 anos desde o nascimento de , a fraternidade enfim reinou e essa seria a primeira Ação de Graças com todos reunidos.
A pequena brincava com sua boneca, a belíssima Angelica. gostava do nome Angelica, havia aprendido com seu pai que sempre haveria um anjo para lhe proteger e resolveu que esse anjo seria a boneca, Angelica. As tranças castanhas da boneca de olhos verdes deixavam muito feliz. “Eu quero ter longas tranças quando crescer, vovó!”, era o que a menina dizia à Mary Aple, mãe de Claire. “Seus cabelos estão crescendo bem rápido querida, logo logo terá tranças tão grandes quanto as da sua boneca”. A menina abriu um sorriso gigantesco e abraçou a avó.
O Ford F350 acelerava naquela longa estrada até o povoado vizinho, lá estava a mercearia que vendia o melhor pernil da região e Will fez questão de ir até lá. Estacionou o caminhão quando chegou e tirava o dinheiro do bolso, prestes a descer e pegar sua mercadoria, quando Claire tocou em seu braço:
- O que foi amor?
- Will, olhe em volta.
- O que? – ele olhou.
- Não parece muito estranho?
O medo era gigantesco nos olhos de Claire. O povoado estava vazio, os carros estacionados de qualquer maneira e não havia som, nem de pessoas, nem de animais. Parecia uma cidade fantasma. Will percebeu o que a mulher estava tentando dizer e pediu que esperasse no carro enquanto ele descia para conferir o que havia acontecido.
Quando entrou na mercearia, havia muitos corpos no chão e sangue por toda a parte. Ele arregalou os olhos e saiu correndo dali.
- Vamos amor, há alguma coisa errada, precisamos sair daqui.
Disse entrando no caminhão. Sua surpresa foi gigantesca quando olhou para os olhos de Claire que estavam completamente vermelhos, como se houvesse fogo queimando aquele olhar. Ela tinha uma expressão demoníaca e partiu para cima de Will que não conseguiu se defender da mordida que arrancou parte de seu pescoço, fazendo com que o sangue espirrasse de sua veia aorta. O grito dele foi ensurdecedor, mas assim que foi mordido partiu para cima da esposa, com os mesmos olhos e quebrou seu pescoço, arrancando sua cabeça com uma força sobrenatural.

Capítulo 2 – A cicatriz da perda.

cresceu sem saber o que aconteceu naquele dia, quando, em maio de 1983, sua avó, Miss , resolveu lhe contar tudo o que sabia sobre o incidente. ficou extremamente abalada e jogou sua boneca no fogo da lareira.
- Por que está fazendo isso ? – a avó perguntava espantada.
- Anjos não existem vovó.
Os olhos da pequena choravam muito, desde aquela revelação dolorosa da maneira como seus pais, inexplicávelmente, mataram um ao outro, deixaram-na muito triste e chocada.
Ela ia para a escola, mas evitava conversar com as pessoas, respondia a chamada e fazia suas atividades, era o que bastava. Miss não sabia o que fazer, aquela menina, que quando criança era tão feliz, foi murchando com o tempo. Primeiro, com a morte dos pais, pois nunca mais foi a mesma, vivia sofrida pelos cantos, segurando a boneca com quem conversava e agora estava completamente isolada do mundo. “O que eu fiz meu Deus? O que eu fiz?”, a avó se perguntava todos os dias, por ter acabado com a fé que tinha.
Um dia sentaram para conversar um pouco, como de costume, no chá da tarde.
- .
- Pois não, vovó.
- O que você acha de conhecer o Brasil? Poderíamos ir as duas e eu lhe mostraria onde eu nasci.
Na verdade, a velha Miss sabia que em breve morreria e não fazia a menor questão de deixar com Mary, a avó materna. Levá-la ao Brasil seria quebrar todos os conhecimentos americanizados da neta, fazê-la feliz, ou pelo menos tentar. Lá ela ficaria bem, cresceria muito mais feliz, longe da lembrança de morte dos pais. Poderia ficar com seu grande amigo, Robert Little, caso Miss viesse a falecer. Ele era 12 anos mais jovem, ela recordava e a pequena adorava as visitas que o antigo amigo de Miss vinha lhe fazer nas férias, ele era inteligente, dizia ela, e muito engraçado.
De fato, Robert era uma companhia completamente satisfatória para Miss e seria de grande valia deixar a neta naquelas mãos. Por sorte, concordou em passar um tempo no Brasil, sem saber que seria eterno na próxima viagem. Era apenas o tempo de Miss convencer Robert a cuidar da menina.

Capítulo 3 – O tempo que nos faz crescer

adorou o Brasil, passou com a avó dois meses no país tropical e se sentiu em casa. “Papai adoraria conhecer o Brasil, que tanto amava”, era o que ela pensava. Seu semblante mostrava um leve sorriso agora, ela quase parecia sua boneca, não fossem os cabelos, que ao invés de tranças tinham um coque alto.
- Querida, não acha que deveria soltar seus cabelos? Ontem espiei você penteando eles e não imaginava que fossem tão lindos e gigantescos.
tinha 16 anos agora. Morava com a avó e Robert no Rio de Janeiro.
- Não acho que seja apropriado Mister Robert.
- Ora minha querida, aqui no Brasil não existe apropriado ou não.
- Existe sim, na escola todos dizem que minha avó não é apropriada e eu fico bastante irritada com isso.
Eles riram, sabiam que as atitudes da velha Miss não eram as mais educadas diante da alta sociedade carioca, principalmente por ela ter um espírito tão jovem por trás das rugas e da forte maquiagem. mal parecia com a avó, sempre em tons claros, vestidos cinzentos e rosados, o cabelo preso, a voz compassada. Miss parecia gritar a cada frase exclamada, era um escândalo, e a pequena tinha orgulho dela, como o pai teria.
A vida no Brasil era divertida, sobretudo por sua avó e Robert. Eles se esforçavam para fazê-la sorrir e acabavam tirando uma expressão de sorriso nas piadas, isso era um bom começo. Mas para ela, aquela vida era oca e infeliz, não fazia questão nenhuma de estar no Brasil, ou nos EUA, ou na Europa. Ela queria estar com os pais, onde quer que estivessem e descobrir o que havia acontecido com eles.
- Que tal uma médica?
- Acho muito proveitoso, mas não tenho intimidade com o corpo humano.
- Direito então!
- É o ideal, não?
- A escolha é sua.
Havia chegado o tempo de escolher uma profissão e o máximo que lhe vinha em mente eram poesias. Poemas e poemas de morte e arrependimento, que deixavam seus diários repletos de dor e sofrimento. Como era triste ser assim, tão sozinha. Ela poderia ter o mundo a seus pés, era da família mais bem sucedida de todo o Rio de Janeiro. A riqueza de sua avó e de Robert somadas, mais a herança dos pais, lhe faziam completamente livre para estar em qualquer lugar do mundo naquele momento, embora ela nem quisesse fazer parte dele.
- Às vezes eu sinto vontade de me matar, vovó.
Os olhos cansados da já definhada Miss estavam ainda mais pesados depois daquela revelação.
- ! Nunca mais diga isso. Você é o único motivo de eu estar viva, meu amor. O único e principal motivo de eu estar viva, por favor, não diga isso.
A voz saía fraca e tremula, em um sotaque carregado de carioquês e americanês. Mal poderia ser decifrado por um brasileiro, pois Miss não tinha mais forças para elaborar sequer uma frase.
- Eu sei disso vovó, mas não sei até onde vale a pena. Eu já tenho 22 anos e nunca fui feliz, a não ser por tê-la comigo e por ter Robert também, mas ele está quase morrendo e eu sinto tanto, mas você também. O que será de mim quando vocês se forem? – as lágrimas rolavam no belíssimo rosto pálido da adorável . Ela tremia descompassada, pensando a morte estar ali, próxima. O que fazer?
Naquela noite, Miss faleceu. Era um belíssimo verão no Brasil, mas o céu se fechou de ímpeto, talvez por estar de luto, como , que jamais voltou a vestir os cinzas e rosas, agora era o negro de luto que a acompanhavam. Robert não sabia o que fazer para consolá-la, ele não poderia.
estudava para ser professora, mas desistiu de continuar, resolveu ir para os Estados Unidos, atrás de respostas. Ela sabia que havia algo errado na morte dos pais e teria de criar coragem para descobrir o que. Seu destino, após 5 meses da morte de sua avó, era a casa de sua família americana em Oro Valley.

4 – Os heróis em ação

- Hey Dean, venha até aqui.
- O que foi?
- Olha só esse lugar, é muito estranho, parece um esconderijo.
Eles entraram na espécie de fenda secreta que havia no sótão daquela casa em Safford, era realmente arrepiante a cidade fantasma em que estavam. Há alguns dias haviam chegado e não havia nenhuma pessoa viva. Embora perguntassem à Bobby Singer e tivessem olhado no diário do pai, não havia nada que fosse semelhante àquilo. Era muito estranho, parecia que os moradores tivessem se matado aos socos, pontapés e mordidas.
- Acho que essa devia se chamar Cidade Canibal Assombrada. Que lugar macabro cara!
- Sem piadinhas Dean, acho que pode ter alguma coisa aqui, se pelo menos a sua lanterna funcionasse. – eles entraram na fenda, estava tudo muito escuro e apenas Sam estava com a lanterna ligada.
- Mas ela funciona. Quer ver? Tcharam!
Quando Dean finalmente ligou a lanterna, iluminou olhos completamente vermelhos e dentes que estavam sedentos, com toda certeza.
- Cuidado Dean!
Sammy atirou sal grosso naquele monstro horrível em forma humana, mas foi em vão, não era um demônio.
Dean atirou com as balas de prata (ambos estavam armados para as suposições, que haviam criado antes de sair à caça), mas as balas também não adiantaram. Foi tudo muito rápido, em questão de segundos, lá estava aquela besta feroz em cima de Dean e Sam já havia sido arremessado. Não conseguiam ver absolutamente nada, porque a escuridão os cegava.
Ouviram um barulho muito forte, como se alguém quebrasse a parede, e era realmente isso que estava acontecendo. A luz entrou por um vão de parede quebrada direto no mostro que soltou um granhido ensurdecedor. Sam se recuperou, abriu a bolsa e tirou um jato de fogo, que mirou diretamente para os olhos do monstro, que começou a gritar enquanto saia uma fumaça negra de sua cabeça. Logo o corpo explodiu e o sangue esguichou em Dean que estava imobilizado por um pedaço de granito que havia caído em suas pernas.
- Mas que merda!
Sam fez uma expressão mais tranqüila, não contava com aquilo, sem dúvidas, mas foi uma baita sorte o irmão só ter machucado a perna. Eles quase morreram, mais uma vez.
Bobby havia chego na hora certa.
- Por que demorou tanto? Nós quase viramos fantasmas lá.
- Sorte sua eu ter lembrado a tempo do episódio em 1976 aos arredores de Oro Valley.
- Esse monstro já havia atacado?
Bobby explicou a situação, disse que se tratavam de Destrucció, antigos vampiros de origem celta. Há cerca de 30 anos haviam atacado ali no Arizona e pelo visto permaneciam em povoados daquela região, matando algumas pessoas em lugares distintos, mas de 30 em 30 anos, mais ou menos, atacavam uma cidade inteira. O episódio de 1976 não foi muito conhecido, então Bobby não tinha nada documentado, mas um caçador do Texas lhe passou as coordenadas e ele correu até os Winchester.
Naquela noite, comeram alguns sanduíches no Hotel, além de beber algumas cervejas, enquanto Dean assistia alguns vídeos pornôs na internet.
- Ei, será que dá pra parar e se concentrar na nossa missão?
- Eu estou concentrado, mas preciso de lazer de vez em quando maninho. E olha, se eu fosse você dava uma olhada nessa loirinha aqui ela parece...
- Dean! – Sammy fechou o laptop. – Será que você não percebe? O mundo está infestado de demônios, nós estamos no meio de uma guerra, Lúcifer pode estar aqui na esquina e você só pensa em sexo?
- Qual é Sam! Você acha que eu não estou tão surtado quanto você? Acha que eu não me preocupo em jogar você em uma porra de um calabouço com o Diabo? Eu preciso de tempo, ok? Tempo!
A discussão não demorou muito, logo estavam traçando a nova rota, com ajuda de Bobby que parecia estar conectado com os caçadores daquela região.

Capítulo 5 – O primeiro encontro, 1996
Eu não gostava de estar longe do Brasil, isso era um fato. Estava com 26 anos, procurando o motivo da morte de meus pais e isso me deixava completamente frustrada. Eu poderia ser feliz um dia? É claro que não. Minha fortuna me ajudava com os contatos, mas não me trazia nada além disso. Nem mesmo conforto, porque eu me negava a ter conforto. Passava as noites pulando de cidade em cidade, de motel em motel, com meu Ford F350, assim como o dos meus pais. Ele era o único luxo ao qual eu me rendia. No toca fitas, aquelas músicas tão lindas que meu pai amava ouvir, as vozes gritantes e toda a loucura do hard dos anos 70. Eu seria tão feliz se eles não tivessem morrido.
Till now I always got by on my own/ Até agora eu sempre me virei bem por conta própria
I never really cared until I met you/ Eu realmente nunca me importei até te conhecer
And now it chills me to the bone/ E agora me gela nos ossos
How do I get you alone/ Como eu consigo você sozinho
How do I get you alone/ Como eu consigo você sozinho
Estava sentada na cama gigantesca do motel, fumando um cigarro, com as pernas cruzadas, ao estilo texano, como eu gostava de fazer. Não usava mais os vestidos pretos, agora andava como uma típica americana do interior, como meu pai. Eu amava muito a imagem de minha mãe e sempre tentei ser o máximo dela, mas ela e eu não poderíamos ser parecidas nunca, porque ela era feliz, então idealizei a imagem masculina. Não havia mais o cabelo preso, agora meus longos cabelos castanhos eram presos em um rabo de cavalo, que me deixavam ainda mais interiorana, pois utilizava ele com um boné. Naquele instante eu estava sem o cabelo preso e sem o boné, apenas fumando, tranquilamente naquele colchão de água, quando de ímpeto tive uma vontade louca de chorar e maldizer o mundo. Vontade que eu tinha há anos, mas nunca me dei o direito de fazer.
- Eu te odeio, mundo – eu estava curvada chorando, o cigarro no chão, as lágrimas rolando – odeio tudo o que você me deu, odeio minha vida, odeio ter matado meus pais, odeio ter levado minha doce Miss , odeio ter me trazido para esse lugar, odeio ter me feito acreditar que um dia seria possível existir Deus, ou anjos, ou demônios, ou vida. Nada é real, eu sou uma fraude e sou tão suja, tão nojenta. Porque eu te odeio e sei que te odeio vida, mas eu não consigo deixar você, não tenho coragem de repetir as atrocidades que fez com meus pais. Eu te odeio morte, porque você é covarde e não vem até aqui! Eu...
Minha voz saia descompassada, com ódio e o choro deixava ela mais alta, agoniada, cheia de dor, desconsolo, não havia mais o que fazer, eu precisava gritar ou me mataria ali com tanta dor. Foi quando uma imagem masculina apareceu em minha frente.
Era um homem moreno, de olhos azuis profundos, uma ar sério que atormentou meu ser e me fez ter medo e paz, ao mesmo tempo.
- Você é a morte?
- Não.
Ele disse olhando para meus olhos lacrimosos e sentindo o quão aflita eu estava. Estendeu sua mão para mim, com muita gentileza. O olhar continuava fixo e tinha muito poder ali. Eu hesitei dar minha mão, não sabia o que estava acontecendo, que ser era aquele? Mas eu tinha certeza de que não era um homem normal, estava tudo trancado, não poderia ter entrado ali. Meus cabelos caiam em meu rosto, eu levei as mãos aos olhos e limpei as lágrimas, meu rosto voltava a ser duro, mas com uma pitada de aflição.
- Confie em mim, me de sua mão.
Não era a melhor escolha a fazer, foi o que pensei, mas resolvi estender, poderia ser a morte disfarçada, poderia ser um sonho. Hoje penso que foi um sonho. Estendi minha mão e o homem abriu um sorriso gentil.
- Por que você deixou sua vida de lado ? Por que queimou Angélica naquela tarde e junto dela a sua fé?
- Quem é você?
- Sou um anjo, sou o seu anjo Castiel. E vim para te confortar, em nome de Deus, pois você está aflita e ele está triste por ver alguém tão especial chorar.
Minha cabeça estava latejando de dor, eu não sabia absolutamente o que fazer, o que dizer e o que sentir. A paz queria me invadir, mas eu lutei contra ela e tudo o que me lembro é do meu corpo gelado, como se meus ossos fossem quebrar de tanto frio, acordando com um pedaço de papel nas mãos, nele havia um número: 555 2010 0517

Capítulo 6 – Parte 1 - A espera de um milagre

- Então as pistas nos levam até Green Valley? – Sammy perguntando ao Bobby.
- Exatamente, Lúcifer está lá, atrás de uma vingança pessoal.
- E Miguel? – Dean perguntando ao Bobby.
- Ele está a caminho. – Castiel respondendo a todos.
De onde ele tinha vindo? Ninguém sabia. A ultima vez que haviam se visto foi no episódio contra o cavaleiro da peste, há alguns meses. Agora estavam em busca de “você sabe quem”, que poderia estar em Green Valley ou não, era uma hipótese. Mas Castiel afirmou que Miguel estaria lá e que faria de tudo para acabar com Lúcifer antes deles, o que significava acabar com eles também.
- Desde quando seus poderes de anjo voltaram? – Sammy.
- Não voltaram, eu vou recebê-los em Green Valley.
- Como é que é? – Bobby.
Ele explicou que há anos isso estava pré estabelecido, mas ele não havia se dado conta. Tinha certeza de que a aparição em sua forma humana em um quase sonho de uma garota meio brasileira, havia sido o pressagio de que ele voltaria a ativa no dia 17 de maio de 2010, isso era uma suposição, mas ele precisava estar em Green Valley para ter certeza.
A princípio, Castiel não fazia idéia do que os números que lhe foram ordenados realmente significavam, foi nessa ultima fase de desespero, sem seus poderes, que ele percebeu que Miguel era o primeiro responsável da quinta dinastia dos 5 protetores do selo, só não sabia onde o outro cinco estaria encaixado, já que Miguel era o primeiro e não quinto anjo, mas pelo jeito, ele era o quinto a mudar o destino dos Winchester e esses números casavam perfeitamente com o número entregue tantos anos atrás para a mulher meio brasileira, a qual não conseguia lembrar o nome, mas lembrava de uma profunda depressão quando pensava nela. Ele seria seu anjo se não fosse enviado a outra missão. Não importava, aqueles sinais vieram em sua cabeça por algum motivo e ele precisava averiguar se eram o que imaginava, afinal, ela poderia devolver seus poderes. Era uma esperança, quase um milagre que ele esperava!
Sam e Dean seguiram no Impala, Bobby estava em sua caminhonete. Foram a caminho de Green Valley.

Capitulo 6 - Parte 2 – O destino que nos cerca

Era uma noite sombria, cinzenta. A lua não estava mais lá para ajudar a me concentrar em tantas coisas estranhas que passavam pela minha vida. Nada daquilo era o que eu queria pensar e a noite foi benevolente em apagar da minha vista aquela lua, tão cheia de luz e de vida. Eu queria a escuridão, eu a buscava loucamente, mas havia algo evitando que eu me entregasse a ela.
Nada daquilo importava. Eu parecia uma boemia do século XIX naquele apartamento cheio de fumaça, no centro de São Paulo. Precisava voltar para os Estados Unidos. Era uma mulher completamente feita e, exatamente no meu aniversário de 40 anos, resolvi vender tudo e ir para Green Valley. Voltaria para o Arizona e encararia meu destino.
Há alguns anos, não pude dar seguimento à minha viagem, pela loucura de um sonho, mas agora eu descobriria o que havia matado meus pais, pois era muito mais madura e saberia o que fazer. Essa depressão maldita teria de sair. Aquele anjo não existia, jamais voltaria para me dar a mão, naquele gesto tão simples que radicalizou minha vida.
Quando voltei ao Brasil, me casei, engravidei e perdi o bebê. Me divorciei e voltei à vida depressiva. Se Deus existia, ele me odiava, porque roubou mais uma pessoa de minha vida, dessa vez um filho. Essa dor eu não suportei. Me viciei em heroína, fui para uma clínica de reabilitação, voltei a morar em casas com más condições e acabei com boa parte da minha herança jogando em Las Vegas, em um fim de semana. Minha vida era uma ponte aérea Brasil - Estados Unidos e eu sempre fugindo do que havia acontecido com meus pais.
- Preciso voltar, dessa vez para sempre. – decidi.
voltou para o Arizona, ela parecia muito decidida, embora a motivação não tirasse o peso de seus ombros. Ela se sentia mal, mas não chorava. Não havia mais lágrima naquele corpo. Como ela poderia ter se apaixonado pela imagem de um sonho, agora tão distante a apagado em sua mente? Não sabia, mas era o que a mantinha viva. Ela não acreditava em anjos, mas aquela imagem era a de um homem, ela sabia. E aquele homem era invenção de sua mente, ela pensava. “Estou enlouquecendo ainda mais”.
Quando chegou em Green Valley, foi direto para o Motel mais barato. Era o mês de maio, algo lhe gritava na mente que aquele mês era especial, mas por quê?
foi até o banheiro, pretendia tomar um longo banho e deitar, estava cansada. Passou algum tempo olhando no espelho. Como era possível, apesar do sofrimento, apesar da dor, o tempo ser tão eficiente em manter aquele rosto pálido jovem, tão vivido quanto o de sua mãe? Era o que ela lembrava. Soltou os cabelos, fazia tempo que não fazia isso, resolveu adotar o coque da adolescência novamente, parecia mais velha assim, embora seu rosto não aparentasse, o cabelo criava a seriedade. Quando deixou os cabelos caírem, deixou um sorriso esboçar. “Como você é bonita”, pensou e foi tomar o demorado banho.

Capítulo 7 – O homem que eu amo.
precisava de ar, já havia dias que estava trancada naquele quarto, pesquisando em jornais antigos notícias das mortes de 1976, mas não havia nada, como sempre.
- Vou até o mercado comprar alguma comida. Não agüento mais ficar aqui.
Quando chegou perto da rua principal da cidade, ficou completamente espantada. Havia uma multidão se dirigindo até a Igreja, não fazia idéia do que era, afinal, não havia comemoração nenhuma naquele dia para tanta gente se dirigir até lá. Deu de ombros quando pensou que “pelo menos o mercado estaria vazio”.
Em seu trajeto pela rua, foi surpreendida por uma imagem que a chocou.
(Flash Back On)
- E então, aonde você acha que os irmãos metralha marcariam um encontro? – Dean.
- Não sei, talvez eles fossem para um vale ou lugar assim – disse Bobby.
- Não, acho que não. Pelo que estava lendo, gostam de platéia.
- Vocês falam de um jeito, como se o show de horrores fosse um jogo de futebol americano.
- Relaxa Cas, pior do que está não fica, acredite. E então, tudo arrumado Sam?
- Sim, podemos ir. Acho que o centro da cidade é um bom lugar.
Quando chegaram ao centro, ficaram atônitos pela quantidade de gente que estava se dirigindo à Igreja. Como não haviam pensado antes? A Igreja! É claro. O grand finale seria lá.
- Vamos até lá.
- Eu não vou com vocês.
- Como é que é? Você que insistiu para que viéssemos aqui.
- Não posso entrar na Igreja agora, eu poderia morrer antes de recuperar meus poderes. Preciso encontrar alguém antes.
- Do que você está falando?
- Pare com isso Sam, temos que ir. O Cas está morrendo de medo, deixa esse frutinha aí e vamos logo.
Sam olhou para Castiel em uma última tentativa, mas foi em vão.
(Flash Back Off)

You don't know how long I have wanted/ Você não sabe o quanto eu tenho te procurado
To touch your lips and hold you tight/ Para tocar seus lábios e segurá-lo firme
You don't know how long I have waited/ Você não sabe o quanto eu tenho esperado
And I was gonna tell you tonight/ Eu ía te contar essa noite
But the secret is still my own/ Mas o segredo ainda é só meu
And my love for you is still unknown/ E meu amor por você ainda é desconhecido
Alone/ Sozinha...

- Você.
Os olhos de se encheram de lágrimas, havia emoção em seus gestos, seu coração estava acelerado, ela mal podia conter a sensação de estar em frente àquele homem. Oh meu Deus, ele não havia mudado uma vírgula. Mas é claro, era um anjo, pensava ela. Sua mente foi inundada por aquela visão.
- .
Agora ele podia lembrar claramente daquela mulher, podia lembrar de tudo olhando naqueles olhos verdes tão intensos. Ela não era mais uma menina, era uma linda, belíssima mulher, talvez a mais linda que Castiel já havia visto, mas como poderia estar com aquele rosto tão sereno, intacto? Parecia ter 10 anos a menos, no mínimo.
- V-você sabe q-quem eu sou?
Ela estava impressionada, apaixonada, maluca. A multidão caminhava para a igreja e os dois ali, no meio da cidade, pardos olhando um para o outro, enquanto gritos de desespero começavam a ecoar nos arredores de Green Valley. “É o fim do mundo”, pensava Castiel “e eu estou aqui, olhando esses olhos verdes tão, tão...”.
- Sei , sei quem você é. Você trouxe minha força e eu preciso lutar agora.
Ela olhou surpresa para os olhos de Castiel, que miravam para a Igreja nesse momento, ele tinha gestos de um guerreiro e seguia para lá, quando ela tocou o seu braço e o segurou.
Castiel sentiu um surto de calor invadir o seu corpo. Parou imediatamente e olhou para .
- Se você é um anjo, se é mesmo o meu anjo como disse, por favor, eu suplico, eu lhe rogo que me ajude.
Os olhos marejados estavam brilhando. Castiel não pode evitar se prender a eles.
- Venha comigo.
Olhou para os lados, segurou a mão de e os dois caminharam até uma cabana que ficava ao lado do armazém, abandonado pelos moradores, já que estavam todos na Igreja. Os gritos eram cada vez maiores, mas ele não pensou em nada além de ouvi-la. sentia-se em paz, finalmente, caminhava atrás daquele homem, daquele anjo, à espera de que as respostas viessem.

Capítulo 8 – O súbito frio da morte

Till now I always got by on my own/ Até agora eu sempre me virei bem por conta própria
I never really cared until I met you/ Eu realmente nunca me importei até te conhecer
And now it chills me to the bone/ E agora me gela nos ossos
How do I get you alone/ Como eu consigo você sozinho
How do I get you alone/ Como eu consigo você sozinho
- Me deixe falar – ela tocou os lábios de Castiel com o indicador direito e fechou os olhos, ele fez o mesmo instintivamente e as palavras saíram doces da boca de – Eu esperei você pela vida toda. Sei que é o meu anjo e talvez eu tenha sofrido tanto, mas tanto, por te desejar assim. Por te amar assim.
Os olhos de Castiel se abriram repentinamente, a mão dela acariciava seu rosto. Ele não deixou que aquela mulher continuasse, envolveu-a em seus braços e beijou-a loucamente, por um instante infinito, enquanto lá fora o mundo se acabava. O corpo de ficou frágil e deixou-se cair com aquele súbito de prazer que deixava seu corpo quente e ainda mais sedutor.
Era um pecado, ele tinha certeza, mas não poderia recusar a sensação repentina de amor, que jamais havia lhe invadido, jamais havia lhe dado coragem, jamais. Não poderia olhar aquela mulher, que sofreu tanto e deixá-la sozinha.
Beijou seus lábios doces e deitou seu corpo sobre o dela, naquele monte de palha que havia no chão do velho depósito do armazém. Ela sorriu, um sorriso que jamais havia deixado sair de dentro de si. As mãos dele percorriam as curvas de seu corpo e arrancavam a sua roupa em um extremo de emoções. Não sabia se voltaria a sentir aquilo, mas não se importava, queria o momento, mais nada. Pois o momento era de amor.
- Eu te amo - ela sussurrou em seu ouvido, completamente apaixonada, delirando.
- Eu... – ele hesitou - Eu te amo.
Naquele momento, o céu e a terra se encontravam ali. Os dois estavam nus, a boca de Castiel percorria o corpo de , que gemia com intensa emoção do momento, repetindo o quanto amava, em meio às mesmas juras vindas daquele anjo. O corpo dele estremeceu de prazer quando entrou no dela e deixou que a magia da vida fizesse parte dos dois. estava emocionada e mal podia conter a vontade de rasgá-lo todo, assim que entrou nela. Suas unhas arranhavam suas costas e o sexo ficava mais quente e ainda mais agressivo a cada momento em que os dois se beijavam e não continham a sensação do absoluto.
- Eu te amo.
Era só o que aquela mulher sabia falar enquanto o anjo fazia das suas sensações momentos únicos. Uma pausa, após um longo tempo, lá fora o barulho estava ensurdecedor, era a guerra do bem contra o mal, os Winchester estavam lá, Bobby estava lá, mas Castiel não lembrava de nada, nem ouvia qualquer som que não fosse o das palavras de , que agora beijava seu corpo e usava sua boca para lhe dar prazer.
Ele a abraçou forte, após as emoções do sexo e cobriu seu corpo com a jaqueta que ele usava. Acariciou o rosto dela, que estava sonolenta, mas abriu um sorriso tímido.
- Durma com os anjos.
Ela fechou os olhos.
Castiel saiu para ajudar os amigos, enquanto dormia em segurança. A multidão já estava morta, muitos haviam morrido cruelmente, a Igreja estava no chão, muito da cidade também. Da poeira que estava no ar, surgia a imagem de Dean, com Bobby sendo arrastados em seus braços. Os olhos dele quando miraram Castiel foram de fúria. De repente, tão rápido quanto a luz, veio a escuridão, que cobriu tudo o que estava ao redor, nada podia se ver.
Castiel correu em direção ao armazém para proteger , mas era tarde. Além de não poder ver nada, era como se o céu tivesse desabado sobre a cidade. Cas usou a sua luz para iluminar e pode ver os destroços do armazém, seria um milagre se estivesse viva.
Com uma fúria gigantesca, Cas ergueu as tábuas e procurava pela amada, gritando seu nome, quando um súbito frio veio em sua espinha, seus olhos ficaram completamente abertos de espanto, de dor. Uma espada de anjo cravada em seu peito. Havia apenas o frio nos ossos de seu corpo, como se fossem quebrar. E a luz se apagou.



Fim






N/A Minhas delícias maravilhosas, tudo bem? Ein, ein, ein? Cara o Castiel me faz ovular, fato. tá ai uma com o gato. Amo vocês se comentarem e se não comentarem amo também, beijos. Curiosidade: Meu nome é Aline Angelica, eu sou angel meeeesmo, morram, kkk beijos Obrigada xbarbosafull!!


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