Aproveite o Dia

Aproveite o dia ou morra lamentando o tempo que você perdeu
Está vazio e frio sem você aqui, tantas pessoas sofrendo



estava sentada no chão de sua varanda, olhando para o céu nublado. O vento lhe cortava o rosto, suas mãos já estavam frias e seu corpo congelando ao vento. Sua jeans estava rasgada, seu All Star totalmente sujo e sua blusa com algumas manchas. Ela precisava sair dali, tomar um banho e trocar de roupa. Mas não sairia dali, não quando ela podia ter todas as memórias que precisava, todas as memórias que mais lhe importaram durante toda a sua vida. A garota encolheu seu corpo e abraçou suas pernas, ainda olhando para o céu. Ela sorriu ao ver uma estrela brilhar entre tantas nuvens. Estava se culpando pelo tempo que perdeu, pelo tempo em que ela poderia tê-lo ali, ainda ao seu lado. Abaixou sua cabeça e começou a lembrar da primeira vez em que o viu. Ele era realmente um garoto estressado...


* Flashback *

– Hey, garota! Olha por onde anda! Da próxima vez, tenta olhar para frente – disse um rapaz, segurando o braço de uma garota que passara por ele correndo, derrubando-lhe o café que tinha na mão.
– AH, vê se eu estou na esquina, seu besta! – revidou , largando o braço da mão do garoto e o encarando de frente.
– Já te disseram uma palavra chamada EDUCAÇÃO? – perguntou ele, quase soletrando a palavra.
– Já, sim, e te garanto que esse não é um bom momento para usá-la. – Ela sorriu cinicamente e pegou o copo que estava na mão do rapaz, derramando um pouco mais sobre a blusa do mesmo. Ela jogou o copo no chão e saiu correndo sem olhar para trás.
Já ele, por sua vez, xingava mentalmente o vulcão que tinha o atropelado e tentava se limpar do café que tinha escorrido por toda a sua blusa, enquanto observava a garota que ia se afastando aos poucos.

* End Flashback *


Eu vejo minha visão queimando, eu sinto minhas memórias desaparecendo com o tempo
Mas estou tão jovem para me preocupar
Essas ruas que nós viajamos resistindo nosso mesmo passado perdido



apertou os olhos e começou a derramar lágrimas involuntariamente. Por que a vida sempre tinha que ser injusta com ela? Levando todos os que ela amava. O que mais doía eram as lembranças que iam sumindo com o tempo, as lembranças de que ela tanto se vangloriava. Ela levantou a cabeça e logo em seguida levantou-se também, entrou na casa, pegando o primeiro casaco que viu pela frente, e saiu logo em seguida. Andou pelas ruas frias de Londres durante algum tempo. As lembranças já não eram mais nítidas como antigamente, mas ainda assim vinham com freqüência em sua memória. era jovem, tinha apenas vinte e três anos, mas mesmo assim ela se preocupava com o seu passado, ela se preocupava com coisas que para alguns eram inúteis, e para outros... Bem, para outros, era tudo o que restava, era tudo o que tinham. Ela parou em frente ao ponto de ônibus e se sentou em um toco de árvore que havia ali perto. Colocou as mãos no rosto e começou a alisar a própria face.


* Flashback *

– Ora, ora, veja se não é a garota vulcão que esbarrou em mim outro dia, derramando sobre mim o café que eu estava na mão.
Um rapaz alto e cheio de casacos se aproximava de , com um meio sorriso estampado no rosto.
– Que mundo pequeno, não? – indagou ela, dando espaço para que o rapaz sentasse ao seu lado no banco em que havia no ponto de ônibus.
– Eu quem o diga. – Ele se sentou ao lado dela e tirou um pacote de chiclete do bolso. – Quer um? Aliás, qual o seu nome?
O garoto estendeu o pacote de chicletes e olhou diretamente nos olhos da jovem que estava em sua frente.
– Ah, obrigada... – Ela abaixou o olhar para o chiclete, pegando-o, e depois de um tempo voltou o olhar para o rapaz que estava na sua frente. – . Chame-me apenas de . – Ela sorriu sinceramente. – E você?
, – respondeu , imitando o sotaque da garota. – Me chame apenas de . Indo para onde a essa hora da manhã?
Ele olhou no relógio e observara que era 06h50min da manhã. Virou a cabeça para o lado para ver se o seu ônibus chegava .
– Ah, faculdade, meu caro, não quero ser burra pro resto da vida. – Ela se levantou e fez sinal para que o ônibus parasse. – A propósito, desculpe-me pelo café, eu realmente estava apressada. Quem sabe nós nos encontremos por aí novamente...
sorriu e o ônibus parou. Ela acenou para e entrou no ônibus, encarando o motorista. Por que diabos ela reencontrara aquele garoto?

* End Flashback *


Eu encontrei você aqui, agora, por favor, fique por um tempo
Eu posso me mover com você por perto
Eu te asseguro minha vida mortal, mas isto será para sempre?
Eu faria qualquer coisa por um sorriso, segurando sua mão até nosso tempo acabar
Nós dois sabemos que o dia irá chegar, mas eu não quero te deixar



tirou as mãos do rosto e olhou para os lados. Novamente ela estava ali, deprimindo-se por uma pessoa que nem ao menos estava ao seu lado. Ela se levantou do toco de árvore e começou a andar novamente pelas ruas de Londres. Passava por algumas vazias e outras mais movimentadas. Seus pensamentos insistiam em lhe oportunar em momentos indevidos.


* Flashback *

! Corre aqui, venha ver o que eu achei – gritou da porta do quarto. – Vem aqui pra cima!
– Tô indo... Mas que coisa, viu? – subiu as escadas rapidamente e parou no batente da porta, observando que estava com alguns livros nas mãos. – Posso saber o que você está fazendo?
– Olha só, eu achei vários livros. – Ela desdenhou o rosto como se fosse óbvio. – Nós poderíamos doar alguns deles, o que você acha?
– Nah... Nem pensar, esses livros são antigos e eu os tenho desde criança. – respondeu, e logo em seguida pegou os livros da mão de , colocando-os novamente na estante.
Eles estavam juntos há um ano. o encontrou mais algumas vezes no ponto de ônibus, e começaram uma amizade, que se transformou em amor. Ele trabalhava como músico, e ela ainda estava terminando sua faculdade de direito. As coisas poderiam ter acontecido um pouco rápido demais, ela ter ido morar com ele, eles terem se apaixonado. Mas ninguém mandava em suas vidas, eles tinham tudo o que queriam. Estavam felizes juntos.
– Amor, não faz essa cara... Esses livros são realmente importantes. – passou as mãos pelos livros e encarou uma chorosa sentada na beira da cama. – Vamos, nós compramos outros livros para doarmos.
– Não quero comprar livros, não estou a fim de sair de casa hoje. – Ela cruzou os braços e se jogou de costas na cama. – Você não vai ensaiar hoje, não é?
descruzou os braços e se deitou de lado na cama. Ela observou que estava parado em frente a estante, perdido em pensamentos. Quando o garoto percebeu que ela tinha se dirigido a ele, sorriu e foi andando lentamente até a cama.
– Não, não vou se você não quiser. – se sentou na cama e deu um selinho em . – , faz um ano que estamos juntos.
– Pois é eu sei disso. – Ela se sentou novamente, abraçou o garoto pelo pescoço e começou a encher seu rosto de selinhos. – Faz um ano que te encontrei naquela rua, faz um ano que nós éramos amigos e ficávamos sentados no ponto de ônibus falando besteiras, e eu acho que faz um ano que te amo.
A garota sorriu abobadamente, arrancando uma risada de . Ele a puxou para mais perto do seu corpo e lhe selou os lábios.
– Sabe, já imaginou nossas vidas daqui a alguns anos? – perguntou ele, olhando diretamente nos os olhos de .
– Bom, eu já me imaginei com uma casa cheia de filhos, com vários cachorros no quintal, e você e seus amigos da banda no meu quintal fazendo churrasco. – Ela mordeu o lábio e ele riu.
a amava, só não conseguia acreditar que a perderia em pouco tempo. Não, ele não queria pensar naquilo agora, afastou seus pensamentos para longe e se afastou um pouco dela, levantando-se depois.
– Ainda bem que esse futuro me inclui. – Ele sorriu e puxou o braço da garota, fazendo-a levantar e ficar em sua frente. Ele a puxou para mais perto e começou a alisar as costas de , sorriu fraco e logo aproximou seus rostos. – O que você acha de começarmos a deixar herdeiros?
Ela sorriu e logo o beijou. Colocou a mão no cós da calça de e começou a alisar a barriga dele. Ele, por sua vez, beijava a garota mais intensamente e colocava a mão por debaixo de sua blusa, alisava suas costas e brincava com o fecho de seu sutiã.

* End Flashback *


Ela parou de andar e olhou em sua volta; tudo o que tinha era uma rua movimentada. apressou o passo e decidiu voltar para casa; lá poderia recorda-se melhor do que já passou. Não que ela quisesse, mas talvez aquilo aliviasse sua dor, aliviasse o que ela estava sentindo. Apertou o casaco contra seu corpo e continuou a andar firmemente até sua casa. Quando chegou, abriu a porta vagarosamente e se dirigiu ao seu quarto, pegando um álbum de fotos que estava em cima de sua estante.


Eu vejo minha visão queimando, eu sinto minhas memórias desaparecendo com o tempo
Mas estou tão jovem para me preocupar
"Uma melodia, uma memória, ou só uma fotografia”



Ela abriu o álbum de fotografias e começou a folhear rapidamente, quando parou em uma. Na fotografia, estava com um violão na mão e a boca entre aberta, provavelmente cantando algo, e ela estava mais atrás, com uma folha na mão. Sorria abobadamente para , enquanto ele tocava algo. Ela foi regredindo aos poucos para trás, até que sentiu suas pernas encostarem na cama. Sentou-se e ficou observando o álbum. Algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto, que já estava corado e totalmente quente pela sensação que as lembranças a causavam. Sua visão estava ficando fraca cada vez mais que folheava o álbum. já estava acordada o dia inteiro, sem comer nem ao menos uma bala. Deitou-se em sua cama e colocou o álbum sobre o peito. Fechou os olhos e tentava se lembrar de quando ele lhe escreveu uma música, sim, uma música totalmente dedicada a ela. As imagens em sua cabeça não eram claras, mas ela conseguia ouvir de longe a melodia, sentia que ele estava ali, cantando somente a ela.


* Flashback *

! Eu tenho uma coisa para te mostrar – falou , aparecendo na porta do quarto da garota com um violão e um papel na mão.
– Oi, , peraí – desligou o celular e jogou para o outro lado do quarto. – Mostre-me o que você tem.
Ela sorriu marota e ele apenas retribuiu o sorriso. Então, ele se sentou sobre a cama e informou:
– Saca só, essa música é para você, e não ria dela. – mostrou a língua. – Senta aí.
se sentou ao lado dele e ficou o encarando por um tempo, até que começou a dedilhar uma nota no violão e cantar suavemente a música que ele escreveu a ela.
– Estou viciado em você, baby, LALALALA, eu estou... – cantava e dedilhava a música com orgulho.
sorria, com o rosto corado. Ele terminou de cantar, e colocou o violão aos pés da cama, virou-se para e colocou a mão no rosto da garota, fazendo com que ela sorrisse.
– Eu te amo – disse o garoto. – Independente do que aconteça.
– Eu também te amo, e sobre a música... – Ela sorriu e colocou as mãos na nuca de . – Também amei.
deu um selinho de leve na garota como resposta de agradecimento. Ele gostaria que aquilo durasse para sempre, sentia-se mal ao pensar que em alguma hora teria que contar a verdade a ela, teria que contar que sua doença não o deixaria viver por muito tempo ao lado dela.

* End Flashback *


saiu do seu transe e levantou o álbum para observar algumas fotos. Ela gostaria que ele estivesse ao seu lado naquele momento. Talvez o destino dela fosse realmente perder algumas pessoas que mais amava.


Nova vida substituindo todos nós, mudando esta fábula que vivemos
Não precisamos ficar muito aqui, então para onde iremos?
Irá você seguir esta jornada esta noite, me seguir nas paredes de mortes passadas?
Mas garoto, e se não haver vida eterna?



Ela se levantou de sua cama e foi até a cozinha tomar um copo d’água. Pegou o copo, encostou levemente a metade do corpo sobre a pia e ficou fitando o chão. Toda vez que era o aniversário dele, ela ficava desnorteada daquele jeito. Era seu segundo ano sem ele. tentava superar, mas parecia que as coisas sempre voltavam ao mesmo lugar, às mesmas lembranças, às mesmas frases, aos mesmos sentimentos: perda e dor.


* Flashback *

– Então, seu caso não é um dos melhores – dizia o médico a e , que estavam sentados em frente ao seu gabinete – Você tem duas semanas de vida.
olhou para o médico e ficou boquiaberta. Não tinha como ter um tumor cerebral sem ao menos sentir sintomas da doença, ou ao menos ficar fraco às vezes. Ela olhou o garoto, ele a encarou e olhou para o médico.
– Obrigado, doutor, só queria ter certeza.
– CERTEZA? COMO ASSIM, CERTEZA? – exaltou-se , gritando na sala do médico e se levantando da cadeira. – VOCÊ SABIA, ?
– Depois nós conversamos, , eu te explico tudo em casa – disse calmamente, pegou o exame da mão do doutor e saindo do consultório, puxando com ele.
– HEY, ESPERA AÍ! – se debateu e puxou pelos ombros. – EU NÃO ESTOU ENTENDENDO! VOCÊ NÃO PODE ESTAR MORRENDO, IMPOSSÍVEL... VOCÊ NUNCA ME DISSE,VOCÊ NUNCA SENTIU NADA.
, meu amor, abaixa a sua voz – ele pediu, abaixando a cabeça e falando normalmente. – Eu sabia, , desde o começo. – Ele levantou a cabeça novamente, olhando nos olhos de . – Mas eu não queria te contar, não queria fazer você sofrer. Eu tenho esse tumor há mais de seis meses. O tumor não tem sintomas, e eu não queria fazer tratamento, eu morreria aos poucos e sofrendo.
encarou a parede ao seu lado e deixou escapar uma lágrima em seu rosto. a observou e limpou a lágrima que escorreu de seu rosto com seu dedão. Ela, porém, se afastou e foi recuando.
– Não, , você não entende. A ÚNICA QUE SOFRE AQUI SOU EU! VOCÊ PODERIA TER ME CONTADO, PODERIA TER ME PREPARADO PARA ISSO, NÃO TER ME TRAZIDO AO UM BOSTA DE MÉDICO PARA DIZER QUE VOCÊ ESTAVA MORRENDO! VOCÊ PODERIA ESTAR CURADO! VOCÊ PODERIA TER FEITO O TRATAMENTO. VOCÊ PREFERIU MORRER, VOCÊ QUIS MORRER.
Ela saiu dali cambaleando para trás, chorando, e cheia de dor. Algumas pessoas olhavam sem entender, outras cochichavam. apenas a assistiu ir embora, não poderia fazer nada.

* End Flashback *


apertou o copo que estava em sua mão, quebrando-o sem querer. Olhou para a mão que estava sangrando e correu para a torneira lavá-la. Colocou um pano sobre sua mão e ficou a apertando por alguns minutos.


* Flashback*

estava sentado em frente à porta de casa. não estava em casa, e ele estava a esperando sentado ali por horas. Consultou seu relógio novamente e decidiu entrar em casa. Ele deveria ter dito a verdade, mas ela não entenderia como não entendeu agora. Ele entrou, pegou um papel e uma caneta. Resolveu deixar um bilhete a ela, assim que ela chegasse, ele não estaria mais ali.

“Você sabe que eu odeio saber que as coisas não são como deveriam ser. Você foi o tipo de garota que mudou minha vida. Odeio quando você se estressa, visto que você está estressada agora e não quer nem me ver pintado de ouro. Eu tentei realmente esconder a doença de você, mas você acabaria sabendo mais tarde ou mais cedo. De que me vale ser sincero? Se com mentiras ou sinceridade você se afastaria de mim no momento em que eu mais preciso de você. Já não tem sido fácil suportar a idéia de que eu vou te deixar e nunca mais poderei lhe tocar novamente, nunca mais poderei dizer que te amo. Eu só quero dizer que os momentos que passei ao seu lado foram os melhores, até porque eu conheci uma pessoa que realmente me fez viver e me mostrou que a vida não é apenas um acaso. Eu te amo e sempre te amarei, acredito em vida eterna.
Com amor


dobrou o papel e colocou em cima de uma mesinha ao lado do telefone. Ele iria para a casa de seus pais, queria ter um último momento com eles. O mais difícil seria deixar .

* End Flashback *


Ela abanou a mão e foi para a sala, lembrando da noite em que lhe deixara o bilhete. Ela tinha sido imatura ao ponto de não ter apoiado o homem que amava, quando ele mais precisava. Ela se sentou em uma poltrona e pegou o controle da televisão. Estava cansada, mas não queria dormir, queria poder lembrar dos momentos que a deixaram feliz. Ela se lembrou exatamente do que estava escrito, ele havia dito que acreditava em vida eterna. não acreditava nessa coisas. Ela sorriu involuntariamente pensando naquilo, coisa boba. Não existia vida eterna, só estava vagando mentalmente por coisas que já passaram.


Experimentando a vida, há perguntas de nossa existência aqui, não quero morrer só sem você aqui
Por favor, diga-me que o que temos é real



ligou a televisão sem fazer o mínimo esforço para prestar atenção no que passava em sua frente. Ela ficou olhando sua mão machucada, enquanto lembrava da última vez em que falara com .


* Flashback *

– Alô? – perguntou apressada, atendendo ao telefone.
? Aqui é a mãe do , ele quer te ver urgentemente, querida. – disse a senhora ao telefone. – Por favor, venha a nossa cidade. Ele está no hospital.
– Senhora ? foi para aí? Na sua casa?
Já fazia mais de uma semana que não via , ela estava desesperada atrás do garoto. Pelo o que a mãe dele a contara pelo telefone, tinha ido para lá há uma semana e meia. desligou o celular e se arrumou rapidamente, parou na frente do espelho e olhou para sua barriga.
– Você não poderá o ver crescer, nem o ouvir dizer a primeira palavra. Você não poderá o confortar com suas palavras carinhosas, como fez para mim. Você não poderá ensiná-lo a bater em outras crianças, como todo bom pai faz, e muito menos viverá tempo suficiente para o ver adolescente, para beber uma cerveja com ele. – Ela já estava derramando várias lágrimas enquanto alisava sua própria barriga. – Mas eu prometo que ele te amará, te amará mesmo não existindo vida eterna.
limpou suas lágrimas e pegou sua bolsa. Ela estava grávida de um mês e meio, mas não queria contar, estava com medo da reação do garoto. Mas tudo veio à tona, ele iria morrer dali alguns dias, horas, ou poderia morrer agora mesmo. Ela foi até o aeroporto e comprou sua passagem para . Depois de algumas horas no avião, ela estava a caminho do hospital. Tirou um pedaço do papel com o nome do hospital e olhou para o letreiro a frente; era aquele. entrou no hospital com um pouco de medo, informou-se na recepção sobre o quarto dele e foi diretamente para lá. Encontrou a mãe do garoto parada em frente a porta, e o pai dele logo ao lado dela.
– Querida – suspirou a mãe de , indo abraçá-la – Por favor, entre. Ele quer te ver.
O pai dele apenas concordou e deu um empurrãozinho em para que ela se apressasse ao entrar no quarto. Ela deu um sorriso amarelo e entrou, fechou a porta e se encostou nela. Observou durante um tempo, viu que ele estava cheio de aparelhos e fios.
? – murmurou ele com dificuldade, tentando-se levantar.
– Eu – apressou-se ela em dizer, indo diretamente ao encontro dele. – Não se mexe muito, não fala. Você tem que guardar suas forças.
riu fraco e se sentou na cama com dificuldade, olhou para e pegou em sua mão.
– Eu não queria que as coisas terminassem desse jeito, você me vendo em uma cama de hospital morrendo... Tudo por culpa de um tumor idiota que me afligiu durante muito tempo – ele disse, fazendo com que ela começasse a chorar. – Por favor, não chora. Eu só não consigo me imaginar sem você, eu não consigo aceitar que vou partir. Isso já está começando a ficar irônico e sem sentido, mas...
– Não, eu não... – começou ela, querendo com que ele parasse da falar.
– Não fale, apenas me escute – continuou ele, interrompendo e olhando diretamente nos olhos dela. – Eu te amo como nunca amei ninguém. As coisas aconteceram rápido entre nós. Mas eu não tenho medo sofrer, não tenho medo de morrer... De alguma forma, de algum jeito, eu sei que tudo me levará a você. – Ele parou e deu uma tossida; estava fraco. – A morte é apenas uma travessia do mundo, tal como os amores que atravessam o mar e permanecem vivos uns nos outros. Porque sentem a necessidade de estar presentes, para amar e viver o que é onipresente. Embora digam que a morte separe as pessoas e acabem com tudo, sua amizade, amor, e convívio estão, no melhor sentido, sempre presentes, porque são imortais.
escutava tudo aquilo sem falar uma palavra, apenas chorava. Sentou-se ao lado dele e encostou sua cabeça no peito de . Ele a abraçava fortemente e beijava o topo de sua cabeça.


Então, e se eu nunca te abraçar, ou beijar seus lábios novamente?
Então eu não quero te deixar e as memórias que nós dois temos
Eu imploro não me deixe



– resmungou ela, limpando as lágrimas e quebrando o silêncio em que os dois estavam. – Eu não quero te perder assim, eu estou confusa.
– Você vai me perder – respondeu ele, com certo remorso. – Mas as memórias irão continuar, e eu sempre irei estar te olhando de algum lugar. Pode parecer ridículo, que seja, mas eu sempre estarei ao seu lado.
acariciou a cabeça da garota e a beijou.
– interrompeu ela, parando o beijo e se arrumando do lado do garoto. – Eu te imploro, por favor! Não me deixa.
– Eu não posso fazer nada a respeito, você sabe! – Ele olhou para seus pais, que estavam encostados no vidro do quarto, olhando para os dois. – Eu os amos, diga isso a eles. Eu estou com sono, você pode ficar sentada naquela cadeira.
apontou uma cadeira que estava ao lado de sua cama e se deitou, fechando os olhos e adormecendo aos poucos.
não queria interromper; ela achava que por algum milagre ele ficaria vivo durante muito tempo. Ela se sentou na cadeira onde ficou durante três horas, quando ouviu que os aparelhos dele começaram a apitar do nada, dando o sinal de que ele estava morrendo.
– Eu te amo – sussurava ela, apoiando-se na maca, enquanto os médicos tentavam ressuscitar . – Por favor, não me deixa.
Ela estava chorando desesperadamente, quando um dos médicos oficializou a morte de .
– 22h50min da noite, pode levar o corpo – disse o médico, fazendo sinal para que saísse do quarto e fosse falar com os pais do menino.

* End Flashback *


acordou assustada, olhou para a televisão ainda ligada e correu para o banheiro. Dormiu a noite inteira na poltrona, lembrando e sonhando com . Tomou um banho rápido e se arrumou. Saiu de casa apressada; seu filho estava na casa de sua mãe e ela tinha esquecido desse pequeno detalhe.
– MÃE! Abre, sou eu. – Ela deu três batidas na porta e ouviu sua mãe vindo abri-la.
– Minha filha! Onde você se meteu ontem? Não consegui falar com você o dia inteiro e...
– Depois te conto mãe, cadê o ? – entrou dentro de casa procurando seu filho.
– Está no quintal brincando, vou trazê-lo.
esperou alguns minutos na sala e logo avistou que sua mãe estava vindo com o filho. Quando eles chegaram, ela pegou seu filho e saiu diretamente da casa; só tinha seu pensamento voltado em uma coisa.


Silêncio você me perdeu, sem chance para um outro dia. "Continuará no fundo"
Eu caminho aqui sozinho
Caindo sob você, sem chance de levar você de volta para casa



– Vamos filho, se aproxime...
estava no cemitério. Era domingo e ela estava visitando o túmulo de seu amado, . Olhou para o tumulo e se agachou, colocando ali algumas flores. Ela passou a mão delicadamente sob a lápide que jazia ali.
– Venha aqui, corre logo, ! – ela gritou para que viesse.
O garotinho pequeno logo se aproximou. o pegou no colo, bagunçando os cabelos de seu filho. Sorriu e imaginou como o pequeninho era parecido com seu .
– Sabe filho, você é muito parecido com seu pai... Pena que ele não está aqui para te ver crescer.
Ela ficou ali mais alguns segundos, fitando o túmulo. Ela caminhava sozinha ali, sozinha nos sentimentos. Ela sabia que nunca mais teria uma chance de rever seu amor, uma chance em outro dia, uma chance de ouvi-lo dizer um “eu te amo”. Ele apenas continuaria enterrado naquela terra maldita, debaixo daquela grama a sete palmos embaixo da terra. nunca mais poderia levá-lo novamente para casa, como fazia quando eles se encontravam no ponto de ônibus no começo do namoro deles. Só restava a ela se conformar com o maldito destino. Ela tinha que se importar com uma pessoa, apenas aquela pessoa: seu filho.



Fim





Nota da Autora:
Hey you there . Se você está lendo isso é porque realmente tem paciência . Enfim, eu quero dedicar essa fanfic a você que leu e está lendo isso agora , quero dedicar a minha amiga Larissa ! *-* que foi a primeir a ler a fic e me dizer sobre seus rios que chorou , e aos mcguys 8) . Obrigado a beta Ma Lorandi e a todos vocês *solta fogos* . Essa foi a minha primeira fanfic gente, então se tiverem reclamações, ou não gostarem, ou gostaram entre outras coisas, comentem . Sua opnião é importante para mim . E quem quiser me adicionar no MSN : oiebesta@hotmail.com



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