A true history of an inconditional love

Capítulo 1 – Pessoas

Não saberia dizer o que é isso. Não chega a ser um livro, nem um diário. Talvez um desabafo. De quem? Oras, meu, ! É um nome feio, eu sei. Quer dizer, ele não é feio, feio. Só é meio grande demais. Se um dia tiver uma corrida pra quem fala o nome mais rapidamente, eu com certeza vou perder pro "Luãn". Minha mãe disse que me deu esse nome por causa de uma música que ressoava na cabeça dela. Até hoje eu nunca ouvi essa música. Por que ela não tava ouvindo nada com o nome mais legal?
Eu não fui muito bem recebido, sabe. Gravidez altamente indesejada, sete anos depois do meu irmão ter nascido. Meus pais sempre foram meio humildes, e ter um segundo filho iria fazer nós ficarmos declaradamente na lama. Mas vá lá, a vida é um jogo de imprevistos.
Por incrível que pareça, depois do meu nascimento meu pai arrumou um ótimo emprego e a vida da minha família só foi pra frente. Eu era um menino muito chorão. Acho que eu chorei tanto quando era criança que hoje em dia não sobrou mais lágrima nenhuma. Nem que eu queira, eu consigo chorar. Minha vida é boa o bastante pra eu não necessitar das lágrimas, mas tem uns momentos que ninguém agüenta segurar os sentimentos pra si mesmo. Pois é, eu tenho que agüentar.
Isso aqui não vai ser um relato da minha vida. Se procura por um livro de auto-ajuda, feche agora. Eu simplesmente quero escrever a primeira coisa que me vier à cabeça. Algumas coisas serão verídicas, outras, uma mera invenção de uma mente perturbada. Por que perturbada? Não sei. Eu gosto de me auto-difamar para deixar as frases mais bonitas.
Então, comecemos logo esta bosta. Eu moro em , mas sempre quis morar em Londres. Odeio . Aqui todos fedem, é calor e as pessoas não gostam das músicas que eu gosto. Mas se eu não morasse em , não teria conhecido a menina mais perfeita no momento em que eu mais necessitava de alguém. Na verdade, até teria conhecido. O que um bom site de relacionamentos e uma meia hora jogada fora no MSN não podem fazer, hein?
Eu conheci essa menina na Internet. Um grupinho de amigos bem diferente desses que você possa ver por aí conversava em um grupo que falava do Drake Bell. Eu me identificava com eles. Sempre tentava me enturmar lá. E que fique claro, eu nunca tento me enturmar com ninguém, em lugar nenhum. Estava sempre presente nas conversas, mas não recebia muita atenção. Acho que eu não era muito esperto naquela época. Realmente, foi a minha fase mais retardada. Eu devia ter uns 12 anos. Eu fiz 14 antes de ontem, sabia? Parabéns pra mim e tudo mais. Tinha uma tal de idolatraria não admitida pelo moderador do grupo. Até hoje eles não admitem, mas tinha SIM. Essa menina, a , era a fim desse moderador. E ela é daquelas meninas que todos gostam, sabe? Não tem como odiar essa ! Ela é feliz, tá sempre alegre. Até hoje, com um ano de amizade, não consigo enxergar um defeito nela. Era um grupinho muito unido. Muito mesmo.
Depois de um tempinho tentando me enturmar, eu desisti. Não tava dando certo. Mandei tudo pro escambal e fui cuidar da minha vida. Até que um dia, passeando pela Internet, distraidamente vejo que eles estavam meio que mais “humildes” e aceitaram um menino novo no grupinho. Eles o apelidaram de Pônei, e até hoje eu não sei ao certo o motivo desse apelido. Há histórias e mais histórias. Criar boatos é muito fácil, descobrir qual é o verdadeiro – isso é, se realmente existir um – é que é difícil. Ver o Pônei sendo acolhido, foi como uma deixa pra eu voltar a investir na turminha. E lá estava eu, naquela manhã de domingo, sendo ignorado no tópico principal do grupo, enquanto e uma outra amiga conversavam. Essa amiga teve que sair, e não restou outra opção a a não ser conversar comigo. Acontece que eu e a menina tínhamos muitas coisas em comum, além de morarmos na mesma cidade, tínhamos um gosto musical muito parecido e pensávamos de uma maneira similar. Ela me adicionou no MSN, mas eu nunca conseguia falar com ela. Não sei, eu ainda a via como uma coisa superior e inalcançável, onde tudo que eu falasse seria mal visto e/ou ignorado. Continuei indo no grupo, e agora, com a não me ignorando, sentia que ganhava um pouco mais de atenção dos transeuntes. As pessoas foram me adicionando no MSN e os chats começaram.
Todo dia eram milhares de pessoas na mesma conversa pelo MSN. Eu era visto como o palhaço da turma. Se eu falasse sobre o vento, as pessoas morriam de rir. Acho que graças a isso, criei alguns inimigos. Por exemplo, teve uma menina que adorava fazer ataques à minha sexualidade. Usurpava meu nick e dizia besteiras para os outros. Até que um dia, a disse que aquilo não era legal. Desde então, essa menina criou um ódio de mim e fazia de tudo para criar briga comigo. No início, eu bem me divertia a esculachando – quando eu quero, consigo ser bem persuasivo. - As pessoas gostavam de ver nossas brigas, porque até de mim brigando, eles riam. Vá entender a mente dessas pessoas. Mas aquilo ficou chato. Não a agüentava mais. Ela era uma criança. Uma ridícula e deprimente criança!
Acho que o ponto máximo que esclarecia a derrota dela, foi quando ela criou um blog, onde pegava todas as coisas que eu escrevia e analisava do modo mais ridículo possível. “A Donkey Called ”. O layout era bem porco, mas eu ADOREI aquele blog. Eu ria de tudo. Ela difamava o meu blog, os meus amigos, minhas fotos e minhas falas. Eu tava adorando a idéia de ter uma opositora. Mas a foi falar com ela. Não sei ao certo o que aconteceu, mas ela deletou o blog e nunca mais deu as caras na comunidade.
Sem a criatura no caminho para me difamar, nós, os participantes do grupo do Drake Bell, formamos um laço que pensávamos ser intocável. Éramos mais que irmãos. Cada um sabia o que o outro estava sentindo, e entendia isso. Dormíamos pensando uns nos outros e acordávamos com o mesmo pensamento. Sonhávamos conosco e passávamos os dias relatando os míseros detalhes desses sonhos. Criávamos histórias imaginárias, comentávamos como seria bom se nos conhecêssemos e imaginávamos como seria um encontro de todo o grupo. Eu achava estranho. MUITO estranho o fato de eu não sentir nada demais pela . Ela era perfeita, tudo aquilo que eu procurava em alguém ela tinha. E ela morava na mesma cidade que eu! Tem coisa melhor do que isso? Mas eu não sentia nada. Nada.
Pelo contrário, eu comecei a gostar de outra menina do grupo, Jennifer. Eu sempre a achei meio bobinha demais. Era só alguns meses mais nova que eu, mas sentia que eu era no mínimo duas décadas mais maduro que ela. Era daquelas meninas que adoram shopping, músicas da moda, e, como sempre, meninos. Dos mais diversos. Cada dia gostava de um. Ela tava gostando de um tal de Matheus. O cara era um idiota, isso já é fato. E eu me sentia na obrigação de ajudar ela com esse otário. Não agüentava vê-la sempre triste por causa de um gordo retardado. Daí eu consolava ela. E ela acabou gostando de mim. Eu não sabia se sentia o mesmo por ela, eu tinha minha opinião muito bem formada e não queria admitir que tinha errado. A tava empurrando, perguntava se eu sentia alguma coisa e se eu namoraria com ela. Eu sempre negava, claro. Até que um dia a Jennifer disse que gostava de mim. Depois disso, ela me bloqueou no MSN. Isso foi bom, me deu tempo pra pensar. O fato de eu ter pensado é que não foi bom. Eu aceitei. Eu disse que gostava dela. E eu não tenho certeza se realmente gostava. Eu gostava, mas não “gostaaaaaaaaava”, sabe?
Ficamos naquele lero-lero de namoro pela Internet, ligávamos um pro outro, trocávamos mensagens, fazíamos confidências de amor e contávamos os míseros detalhes pra , que achava aquilo a coisa mais fofa do mundo. Eu vivia em função dela, e ela, de mim. Até que, como sempre, tudo tinha que dar errado.
Aparentemente, falar com pessoas de outro estado não é lá muito barato. E em alguns dias, tinha gastado todo o meu dinheiro com mensagens. As coisas estavam indo de mal a pior, até que o grupinho adotou outro participante: o Felipe. Ele era daqueles “gatinhos”, sabe? Pegava todas, era descolado, ouvia músicas mais modernas e coisas do tipo. E a Jennifer, claro, caiu dentro. Decidimos terminar tudo. E por incrível que pareça, isso não afetou nem um pouco a nossa amizade, muito menos o grupo num geral. O que mais ia afetar estava por vir.
O moderador, aquele que todos adoravam, tava meio sumido. Talvez tenha sido por isso que o grupo estava mais humilde, conversando mais com os novatos e criando novas amizades. Quando o moderador voltou, chocou a todos com uma notícia nem um pouco agradável. Ele era gay.
A , que tinha uma queda por ele, desmoronou. Nunca a vi tão triste. O resto do grupo reagiu bem, mas a ... A descontou os sentimentos contidos no Pônei. E eles começaram a namorar. Eu e o resto do grupo nunca apoiamos esse namoro. Todos sabíamos que não ia dar certo, mas eu não falava nada. Mantinha a discrição. Outras pessoas do grupo até comentavam, mas eu, o único que não comentava nada, fui o maior culpado, de acordo com o Pônei, do término deles, poucos meses depois. O namoro não ia dar certo, isso é fato. Eles não combinavam. E, se desse certo, o desfecho desse “desabafo” não seria nem um pouco aceitável. Então, todos, devidamente com os corações partidos, continuávamos amigos. Mas algo estava diferente. O Pônei queria se afastar de tudo e todos, odiava a todos. Principalmente a mim e a . Nós dois sofremos um pouco de preconceito nessa época. A era discriminada por ter começado e terminado o namoro com o Pônei. E eu, oras, eu era o principal culpado, afinal! Mas o porquê? Pergunte pro Pônei, pois até hoje não me foi explicado.
Imagine então, você discriminado por todos que você mais ama. Você ficar limitado a uma pessoa. Eu à ,e a a mim. Férias de Julho. Passávamos o dia inteiro conversando, obviamente, pelo MSN, orkut, telefone e afins. Os sentimentos estavam fluindo. Eu, sempre lerdo, não percebia. Eu continuava com a opinião de que a e eu não daríamos certo. Éramos perfeitos, mas ela era algo superior a mim e eu era ignorado por ela. Criei um bloqueio por ela.
Até que em setembro, vésperas do aniversário dela, eu finalmente tomei coragem e marquei um encontro com ela.

Capítulo 2 – Amor

A menina ia fazer aniversário e eu necessitava aparecer. Mas como eu poderia aparecer no aniversário de alguém que eu nunca sequer vi, abracei ou senti? Eu precisava encontrá-la de algum jeito. E assim foi feito. Marquei um shopping com ela.
Era manhã de sexta. Acordei às 5 horas da manhã pra vomitar e descobrir que aquela lingüiça super apimentada que a minha mãe me obrigou a comer no dia anterior fez mal ao rim/pâncreas/estômago/corpo num geral e estava dando sinais de que queria voltar a ver a luz do sol. Apesar do meu estado, fui obrigado a ir pra escola assim mesmo. Eu sabia que ia passar mal, mas tinha duas provas naquele dia, e cada uma sairia bem caro caso eu as perdesse. Assim que cheguei à escola, senti o primeiro aviso dizendo “vai pro banheiro”. Ignorei-o, já que o banheiro tava fechado. Durante a oração, veio o segundo aviso de que o negócio tava esquentando, mas o banheiro ainda estava fechado e eu não poderia sair na oração. Quando deu o terceiro aviso, saí correndo da sala, dane-se a professora, dane-se o hino, dane-se a escola, eu queria vomitar e se não abrissem o banheiro seria no chão do corredor mesmo.
Só sei que eu voltei pra casa antes de acabar o primeiro tempo. Dormi, dormi, dormi e dormi mais um pouco. Acordei, almocei e passei a tarde imaginando como seria meu encontro com a . Sabem quando vocês ficam ansiosos pra uma coisa, aí dormem mais cedo e ficam torcendo pra acordar o mais tarde possível pra que essa coisa chegue logo? Eu vivi isso. E como isso é ruim.
No dia seguinte, quando deu 10 horas, acompanhei meus pais e meu irmão ao shopping para ver o celular, o laptop e outras coisas dele. Depois, fui almoçar, mas, sem a menor fome, pedi o mesmo prato de anos e empurrei-o sem muito prazer. Finalmente tava na tão esperada hora de encontrar a .
Fui pro shopping e, como já era de se esperar, me perdi. O shopping era muito grande e estranho. Ele é mal formulado demais, tem muitas escadas rolantes. Mas eu tava adorando aquilo. A adrenalina de que a qualquer momento iria encontrar a menina. A menina que deixou meus dias mais felizes naqueles meses de exclusão. A minha menina.
E foi pensando assim que meus olhos brilharam e meu coração bateu mais forte que nunca quando a vi correndo na minha direção pra dar um abraço. Fiquei tão preocupado e no final, ela estava lá. A . Era simplesmente ela. Aquela menina, que, a mais ou menos 8 meses atrás, eu via como inalcançável, estava abraçada comigo. E era a melhor sensação do mundo. Entrar naquela sala de cinema com ela fez o meu coração bater ainda mais forte. Estava ficando tonto e o pior de tudo era não saber se ela também sentia aquilo.
Não sei o que aconteceu comigo, o que se passou na minha cabeça, mas a abracei e a beijei com um prazer que nunca havia tido em beijar ninguém. Eu estava ali, beijando a . Aquele simples ato de troca de saliva significava tanto pra mim que não saberia nem poderia descrever com simples palavras. E foi naquele momento que, novamente, minha opinião estava errada e eu estava realmente gostando da .
Destruí a barreira que havia criado entre nossos corações com um simples encontro de lábios. Talvez estejamos cometendo um erro, comprando o ódio de todo o grupo, aquele grupo que nós amávamos e nos amava, mas não ligávamos, estávamos aproveitando aquilo que um podia oferecer pro outro: carinho.
Na saída do cinema, o avô dela nos esperava. Conversei com ele como se nada tivesse acontecido, afinal, não sabia como a tinha encarado aquilo tudo. Bonita daquele jeito, eu não devia ser o primeiro que a beijava e sentia aquilo por ela, e muito menos o último. Para mim, ela seria inesquecível, mas para ela, o que seria eu? Vá saber. Até hoje não sei. Não consigo entender a mente dela. Não preciso entender, só sentir. Nos despedimos e, assim, acabava o encontro com a menina que, sem querer, marcou a minha vida.
De noite, no MSN, extasiados, conversávamos e dizíamos o que achamos do dia. Era fato, estávamos apaixonados. E era diferente de qualquer outra paixão. Era uma paixão acessível. Nos encontraríamos e trocaríamos juras de amor sempre. Não ficaríamos limitados a um teclado e um monitor. Muito menos a letras. Letras sem sentido, sem sentimento.

Capítulo 3 – Começo

Doze de setembro. Nove horas da manhã. Estava escondido no banheiro do meu colégio matando educação física para desejar parabéns à . Era seu aniversário, e a festa seria naquele sábado. E eu, poderia então, encontrar com ela novamente.
A novidade de termos “ficado” causou muita repercussão. Enquanto tinha pessoas como a Nathi, que pulava, gritava e tinha verdadeiros orgasmos com o acontecimento, tinha o moderador, que odiava a idéia mais que tudo – ele me odiava declaradamente – e tinha o Pônei, que...ignorava. Não saberia dizer como que a notícia chegou aos ouvidos dele, mas chegou, e a questão é que ele não gostou nem um pouco. E deixou isso bem claro. Uma característica respeitável do Pônei, é que ele conseguia muito bem esconder seus sentimentos. Ele sempre me odiou e eu nunca desconfiei. Até, é claro, o dia em que ele disse com todas as palavras que me odiava e me culpava pelo “FAILED” do namoro dele.
Doze de setembro caiu numa sexta, ou quinta. Não lembro. A questão é que a festa seria no sábado e eu ia estar lá, nem que tivesse que matar alguém. Uma coisa engraçada, que eu acho bem importante explicitar nessa parte, é que nesses momentos, você, mesmo que inconscientemente, começa a criar expectativas pra aquilo que é muito esperado. Essas expectativas nunca são correspondidas.
Sábado. Acordei com aquele sentimento de angústia corroendo cada órgão meu. Cada lugar que houvesse uma gota sequer de sangue, da ponta do fio de cabelo mais comprido até a ponta da unha do dedão do pé.
Fui almoçar com meus pais e logo depois eles me deixaram na casa de um amigo que ia comigo para o aniversário da . Devo agradecer muito a esse meu amigo, mas ele é safado pra caramba, sempre me mete em besteira, então vou deixar isso pra outra hora. Cheguei na casa dele, conversamos, a tia dele deu uma pequena aula de geografia, e então, fomos pro local da festa. O meu presente não era lá dos mais apresentáveis, devo dizer. Há muito tempo que eu tinha planejado dar aquele presente em conjunto com meu amigo. Juntamos dinheiro, – estávamos muito duros. Gastamos muito naquela semana. - e compramos uma lingerie pra menina na loja mais barata da cidade. Escrevemos dedicatórias e desenhos nas roupas e embrulhamos num pacotinho do garfield. Vivi momentos terríveis enquanto a tia do menino embrulhava o presente e eu tinha que ficar do lado dela, explicando que não estávamos querendo ofendê-la, só fazer uma surpresa...inesperada.
Chegamos ao local. estava linda com o cabelo alisado e vestido. Sério, eu, que não gosto de mulher de vestido, a achei linda. Parecia outra pessoa. Uma mulher. Uma mulher linda. Era em uma pizzaria. Chegamos, sentamos, fomos ignorados por todos os amigos infantis dela – os amigos dela são verdadeiras crianças. Com 15 anos na cara fazendo coisas que eu deixei de fazer aos 10, tipo jogar moedas na minha cara.
Não sei o que se passou comigo naqueles momentos, mas eu não conseguia. Não conseguia beijá-la. Talvez por ela ser a aniversariante e estarem todos nos encarando, talvez porque várias pessoas daquele nosso grupinho estavam ali, talvez porque a tia dela estava me encarando. Não consegui. Ficamos conversando e falando besteiras até o dia acabar. Na hora da despedida, um selinho demorado marcou o final daquele “FAILED” descomunal.
Desde então, marcamos de ir ao shopping todos os sábados. Menos um sábado em especial. O melhor sábado da minha vida. Declaradamente, de todos os bons dias que eu já tive, aquele foi o melhor, o sábado da apresentação de dança na minha escola. Foi um sábado pouco esperado, não estava pondo muitas esperanças naquele dia. Ia ser só mais um encontro com a , mas dessa vez, na minha escola.
Fui acordado pelos meus pais, bem na hora de ir almoçar. Almocei sem a menor fome e fiquei assistindo a um filme bobo. Tomei banho, me arrumei, tomando cuidado com os menores cuidados. Para , toda perfeição é pouca. Deu o horário marcado e eu fui pra escola, cheirosinho, bem vestido e pronto para viver aquele dia que me esperava.
Ela ainda não tinha chegado. Fiquei com uns amigos tocando violão na escadaria da igreja, até que começou a chover e tivemos que entrar na escola. me ligou avisando que estava na escola e que era pra eu ir encontrá-la na porta. Fui lá e a abracei durante uns segundos. Entramos na escola, sentamos na arquibancada e conversamos. Conversamos por um tempo, e depois não conseguíamos fazer outra coisa que não incluísse o contato com nossos lábios. Estávamos no momento perfeito.
O momento que eu sempre sonhei em viver com alguém, estava se realizando ali, naquele momento, com . Um dia nublado, abraçado com quem eu amava, pensando em como qualquer momento, independente do quão bom fosse, não seria melhor que aquele. E foi naquele momento de êxtase que eu pedi em namoro. Segurei sua mão, coloquei um anel em seu dedo e, olhando nos seus olhos, pedi-a em namoro. Ela aceitou e selamos esse momento com um beijo demorado que só foi interrompido pela chegada de um amigo, muito inconveniente, que estava ali com o único e principal intuito de atrapalhar o momento. Não conseguiu. Olhamos pra cara dele e voltamos a nos beijar, como se fosse a última vez que nos encontraríamos.
Acho que o momento mais triste da minha vida foi quando a tia de chegou dizendo que o táxi estava as esperando na porta da escola. Com um último beijo demorado, nos despedimos e vivi um dos momentos mais difíceis da minha vida vendo-a entrar naquele táxi. Voltei para dentro da escola e tentei me distrair com as danças, mas não saía mais do meu pensamento. Era inevitável. Eu a via em todos os lugares o tempo todo. Em tudo e todos. Estava amando .
Os dias passavam em branco. era o motivo pelo qual eu sorria ao acordar, era a pessoa que eu esperava o tempo todo. Se você não tem a quem esperar, os dias não têm sentido. Você perde o sentido de viver quando você tem tudo o que quer ou quer algo que não pode ter.

Capítulo 4 – Show

Lembram que eu tinha dito que eu e combinávamos no quesito música? Então, os Beach Boys iam fazer um show aqui. Eu não era lá o maior fã do mundo de Beach Boys, mas , com certeza, tava na lista. Antes que fosse confirmada a presença deles nesse fim de mundo chamado , já tinha orgasmos no MSN. Nessa época, não querendo ficar por fora dos assuntos tratados pelo grupo, baixei os CD’s da banda e, inconscientemente entrei na lista enorme de adoradores. Nesse ponto, eu também tinha orgasmos só em imaginar o show dos caras.
No mesmo dia em que os ingressos começaram a vender, já esgotaram os camarotes. Eu e contribuímos pra isso, confirmando nossa presença no camarote A. Na verdade, eu peguei o B, mas a tia dela trocou comigo. Santa mulher. Começou, então, a contagem pro dia. O show ia rolar numa sexta feira e o aniversário de um mês de namoro com , no sábado. Aquele seria, definitivamente, o melhor fim de semana de nossas vidas. Mas não. Não foi. Não pra mim. Depois do sábado descrito anteriormente, até hoje, nada o superou. Nem o show dos Beach Boys.
10 de outubro. O dia do show. Acordei feliz. Isso não acontecia muito. Nem fez com que eu acordasse feliz. Acordar nunca é bom. só piorou isso, já que eu quase sempre sonho com ela. Dormi os primeiros tempos de aula, me ferrei na prova de espanhol e assim que acabou a aula, fui correndo no MSN pra marcar o horário do show com a . Nós íamos juntos de carona com meu pai. A idéia parecia assombrante, mas foi divertido. Marcamos tudo que tinha que ser marcado. Ela foi pra escola e eu fui estudar função de segundo grau. Não preciso dizer que não estudei bulhufas, né?
Deu a hora marcada, eu e meu pai fomos pra casa dela. A tia dela, que ia tomar conta da gente, ainda não tinha chegado. Meu pai ficou no carro, e eu e entramos, pra ... passar o tempo. A idéia de que a sua sogra possa chegar em casa a qualquer momento e te ver beijando sua filha, é definitivamente assustador. Ela não sabia do namoro de comigo. Mas ela sabia da minha existência e não gostava nem um pouco. Não me pergunte o porquê, não me pergunte como, não me pergunte nada. A vida de é muito complicada e sempre que eu tento entender, se mostra uma pessoa muito fechada. Aliás, esse é um sério problema dela. Um problema muito irritante, devo acrescentar. Ela diz que as pessoas não dão atenção pra ela, que vive num mar de profundas tristezas e que a vida dela é horrível, mas se você pergunta o que está havendo, o porquê dela estar triste, recebe patadas das mais diversas. Ela se esconde do mundo e reclama por não a acharmos.
Então, estava abraçado com , olhando nos olhos dela em um silêncio monótono e infinito que se durasse pra sempre, eu não ia reclamar. Qualquer momento com ela, se durasse pra sempre, seria bom. E isso é a única certeza que eu tenho. Essa e o fato de amar aquela menina. A mãe dela não estava em casa, mas podia chegar a qualquer momento. A tia dela, o mesmo. As duas chegaram juntas. Com uma palidez imensurável, me informa da chegada de minha atual sogrinha. Ao me ver, a mulher demonstra claramente desconforto. Afinal, quem gosta de ter o menino odiado saindo de sua casa sem o seu consentimento? Ninguém. Muito menos ela. Conseguiu manter as aparências, se eu não soubesse de seu ódio por mim, nem teria percebido. Pediu um beijinho na bochecha, fez piadinhas e conversou algo com em particular. Tentei fazer aparência de ser um bom jovem, fiquei perto do meu pai, com as mãos nos bolsos e face de autista. Não sou muito bom nessa parte. Fiquei olhando pro chão enquanto a tia de explicava pro meu pai o caminho até o local do show e permanecia em casa, conversando algo com a mãe. Depois das demoradas despedidas, todos entraram no carro de meu pai e se encaminharam pro show. Tive que sentar na frente, ficando, conseqüentemente, longe de . ficou conversando com sua tia, e eu e meu pai ficamos quietos. Quando está feliz, ninguém consegue falar. Ela faz com que todos prestem atenção exclusivamente nela, e essa é uma das características dela que eu mais gosto.
Assim que chegamos ao local, marquei um ponto de encontro com meu pai e partimos para o camarote. Quando chegamos, ainda estava acontecendo o show de uma banda muito ruim, diga-se de passagem. foi encontrar com umas amigas, e eu fiquei aturando aquela banda horrível de abertura. O show deles acabou e ficou aquele murmurinho interminável no local. já havia voltado, e nesse ponto estávamos nos beijando, sem muito carinho. Nos beijávamos mais para passar o tempo, pois sabendo o que nos esperava, não dava pra prender a concentração em um simples beijo.
O show começou, gritaria, pulos, choradeira e, assim, transcorreu o resto da noite. Logo na primeira música fiquei com medo de . Nunca tinha visto alguém gritar tanto. Ela estava roxa. Roxa mesmo. Da cor de uma berinjela. Na verdade, ela estava igual a uma berinjela! Oh céus, eu namoro uma berinjela. Onde estava com a cabeça?!
O show acabou. estava sem voz nenhuma. Se comunicava por meio de sinais, tentava berrar com o pouco que restava de sua voz e chorava de cair no chão. Eu, estava um pouco rouco, mas nada de se espantar. Meu pai me ligou e avisou que estava me esperando na porta do local. Dei um último beijo salgado na boca molhada de lágrimas de , me despedi e disse que a amava.
É, conclusão do dia: Namoro uma berinjela com sérios problemas de auto-estima. E a sogra berinjela me odeia. Essa história está indo de mal a pior, meu Deus!
No dia seguinte, sábado, fomos no shopping comemorar o aniversário de um mês de namoro. O avô dela já sabia do namoro. Na verdade, acho que a família inteira dela já sabia, menos a mãe. Minha família também já sabia, mas não estava muito acostumada com a idéia. Meu irmão, aos vinte e um anos nunca tinha sequer beijado uma menina, e a idéia de que eu seria assim também, tomava posse da mente da minha mãe.
tem o dom de se atrasar. Nós marcamos de ir ao cinema às 14:00. Eu cheguei, comprei os ingressos e liguei para ela. Ela ainda estava em casa, veja você. Chegou quando eram mais ou menos 14:30. Dei o presente de um mês – comprei um leãozinho de pelúcia que ela não demonstrou muito interesse, mas vá saber -, coloquei uma cartinha que tinha escrito pra ela no pacote e nós fomos pra sala do cinema. O filme já havia começado há mais de meia hora. O segurança achou que nós estávamos querendo ver a próxima sessão. Realmente, não é muito comum que pessoas cheguem meia hora atrasadas para ver um filme que dura uma hora e vinte minutos. Eu nem lembro qual era o filme. Sempre que vou com a no cinema, não lembro nem mesmo o nome do filme. Muito menos a história. Já saí do cinema sem ao menos saber o nome do personagem principal. Como prestar atenção em uma história mirabolante estando abraçado com a minha história? Como me preocupar com o romance alheio vivendo o meu naquele momento? Não, não dá.
O avô dela nos esperava na porta do cinema. Ele ficou me fazendo perguntas sobre o que eu pretendia do meu futuro enquanto pulava e arrancava os cabelos vendo vitrines. Eu queria rir dela, mas o avô dela me fitava com uma cara de que se eu risse era capaz dele pular em cima de mim. E ele falou uma coisa que esclareceu bastante isso. Então, vocês sabem o que é uma 45? Aquela pistola super simpática que é capaz de, com apenas um tiro, perfurar desde o seu coração até o seu pâncreas? Pois é, eu descobri depois dessa conversinha com ele. E a , vendo roupas. Aiai, eu tenho que amar muito essa menina. E eu amo. Mas aparentemente o avô dela foi com a minha cara. Ele diz que beijar a namorada em público é falta de respeito, mas de acordo com , eu consegui manter o nível enquanto a beijava na livraria do shopping. Vai entender, né. Eu tenho é que concordar. Alô, o cara tem uma 45!
E aquele maldito momento chegou de novo. O momento em que eu tenho que dar um último selinho demorado na , dizer que a amo e vê-la entrando naquele bendito táxi. E isso é ruim. Muito ruim.

Capítulo 5 – Ciúme

e eu estávamos brigando muito. Algumas brigas eram sérias, outras eram de brincadeira, mas ainda assim, brigas. Eu não tava gostando nem um pouco das brigas sérias. Se tem uma coisa que a nunca deixou de reclamar comigo enquanto estava com o Pônei, é que ele dramatizava demais as coisas. Na verdade, todo o grupo acha que vive em uma novela mexicana. Estranho o fato das maiores de idade não terem mudado o nome para Maria do Bairro. Enquanto o Pônei deixava muito insatisfeita com esse problema, ela me admirava por deixar tudo mais simples. Às vezes, ela chegava com um problema, aparentemente sem solução, e, em alguns minutos, eu clareava tudo. Essa é uma característica minha. As coisas são simples, as pessoas que complicam. Quando beijei pela primeira vez, eu vivi isso, quando eu a pedi em namoro, também vivi isso. E nada disso teria acontecido se eu pensasse antes nos outros do que em mim mesmo.
Então, eu e estávamos brigando muito. Algumas das brigas começavam às 18:00 e acabavam 18:30, enquanto outras perduravam a noite inteira, e só no final, ficávamos “de bem” e voltávamos a trocar juras de amor. Acho que é assim com todos os casais, mas eu e não somos um casal comum, ela é minha namorada. E eu não sou um cara comum, muito menos ela é uma menina comum.
Eu não sou muito ciumento. Quando eu estive com Jennifer, ela estava sempre envolvida com outros garotos e eu não via o menor problema. Mas com é diferente. Ela é linda, inteligente e alegre, todos a querem. Ela tem um amigo, um tal de , que eu não gosto nem um pouco. Sabe, é daqueles surfistinhas que estão sempre em festas. Ele tem uma namorada linda. Aquela beleza plastificada que você encontra por aí. Nunca conversei com nenhum dos dois, mas não parece ser um casal muito apaixonado. Muito porque, sempre pede pra que me traia com ele. E ela nunca escondeu isso. Eu não gosto dessa amizade, e acha que eu estou errado por julgá-lo sem nem mesmo conhecê-lo.
Mas eu o conheço bastante para saber que não é um bom amigo. foi o motivo de diversas brigas, tanto entre mim e , como entre e todo o grupo. Ninguém gosta dele. É unânime.
Eu só tenho ciúmes de duas pessoas. Uma é esse e o outro, é um ciúme inexplicável que nem mesmo eu entendo. Eu tenho ciúmes daquele moderador. Aquele que me odiava, mas depois de muito investir nele, fiz com que criasse um novo ponto de vista sobre minha pessoa e hoje somos grandes amigos. Sinto que se ele pedisse para namorar com , ela aceitaria. Ele já pediu para que ela terminasse comigo, mas ela não o fez, como você deve ter percebido. Quando ele me contou, isso foi um choque. Mas eu aceitei. Ele não gostava de mim quando pediu, e fiquei com a mentalidade de que ele nunca faria aquilo novamente. Mas a mentalidade de que se ele quiser, ele pode ter a qualquer momento, não sai de mim. Tenho certeza de que se algum dia nós três sairmos juntos, ficarei sozinho. Não sozinho, solteiro. Mas seria esquecido naquele período de tempo. adora aquele menino. E eu admito que tenho ciúmes dessa adoração.
Pela Internet, não tem como você mostrar a intensidade de seus sentimentos para alguém. Palavras não têm sentido. Palavras são só amontoados de letras. Sentimentos se demonstram com ações. Até mesmo as palavras “eu te amo”, hoje em dia não tem mais sentido. Dizem-nas como se fossem “bom dia”. Eu mesmo falo isso para as pessoas. O jeito que eu achei para tentar passar um pouco dos meus sentimentos para foi enviando recados para ela pelo MySpace. Eu faço isso para me sentir bem. Faço por mim mesmo antes de qualquer um. E é isso que estou fazendo nesse momento com esse “desabafo”. Pego um papel, escrevo um poema, um texto, ou seja lá o que estiver na minha cabeça naquele momento, e mando pra ela. Ela sempre diz que adora, ou aceita e não fala nada. Mas teve uma vez, uma única vez em que ela rejeitou meu “depoimento” a pedido do moderador. Acho que foi a briga mais séria que tivemos por minha culpa. Eu me ofendi com aquilo e deixei bem claro. O jeito que eu encontrei de dizer que a amo foi rejeitado a pedido de um terceiro que não estava envolvido no nosso relacionamento. Não diretamente. Claro, choveu reclamações em relação à minha pessoa, eu tinha que entender que o moderador era o melhor amigo dela, que ela o admira e tudo o mais, mas ninguém parou pra pensar no meu lado. Eu realmente não gostei nem um pouco daquilo. Mas eu fiquei com pena. tentando se redimir é a coisa mais fofa do mundo. Eu não consigo ficar com raiva dela.
Eu mandei tudo pro escambal e fui tomar um banho. Quando eu voltei, pedi desculpas e nós terminamos bem. Ela é assim comigo também. Pra pedir desculpas, ela, primeiramente, tenta dizer o lado dela, diz que não deletou o meu “depoimento” porque quis, mas por que o amigo dela pediu. Logo depois, ela diz que se eu mandasse de novo, independente do amigo dela, ela aceitaria o “depoimento”. E por fim, ela pede pro moderador vir falar comigo. Essa última parte eu não gostei nem um pouco, fato. Eu nunca posso falar nada pra da nossa relação para ninguém, enquanto ela conta tudo para todo mundo. E nós também já brigamos por isso. Todo mundo, no caso, todos os amigos dela.
E eu mantenho a minha característica de ser simplista. Sempre que possível, peço para pararmos tudo e simplesmente digo que a amo. Acho que no dia em que eu conviver todos os dias com a minha namorada, nós nunca iremos ter uma briga séria. No meio de uma briga, nada melhor pra acalmar a pessoa do que um abraço apertado. Sempre acalma. Mas como irei dar um abraço pela Internet? Não dá. Pelo meu ponto de vista, esse é o motivo dos namoros pela Internet não durarem na maioria das vezes. Não há nada para reacender a relação. Se eu não encontrasse com todos os fins de semana, não creio que o que eu estou sentindo hoje seria tão forte. Se eu não tivesse encontrado com , não teria quebrado aquela barreira que tinha sido formada inconscientemente por mim.
Apesar do fato de que pela Internet você se apaixona primeiro pela pessoa pra depois cogitar sua aparência, não dá pra formar uma idéia de quem realmente ela é. Eu sempre tentei achar uma alma gêmea pela Internet, porque, pessoalmente, em , não conheço ninguém que se encaixe nos meus parâmetros. E eu achei. Mas não teria percebido sem tê-la encontrado.

Capítulo 6 – Amigos

Tudo isso relatado anteriormente, ocorreu junto a um ano escolar não lá dos mais sociáveis. Desde que eu me entendo por gente, tenho dificuldade de fazer amizades. Eu nunca encontro ninguém interessante e nunca tento me enturmar com ninguém. Meu maior problema, é ter a mentalidade de que eu nunca vou mudar para ninguém. Ou a pessoa gosta do que eu sou, com a música que eu escuto e o penteado que eu uso, ou vá pastar.
Como a cada dia eu me via mais necessitado de conversar com o grupo e com, principalmente, , eu me isolava do mundo que me cercava. Estava sempre no computador e não ligava muito para o que os outros pensavam disso. Eu me divertia com isso e esses eram meus únicos amigos.
No oitavo ano, – para os mais desinformados, sétima série – eu fiz dois grandes amigos. Um da minha turma, o outro não. Os dois, como foi a minha vida inteira, eram mais velhos. Sempre tive amigos mais velhos. Acho que é por isso que digo que minha idade mental é alguns anos mais velha do que minha idade corporal. Eu fiz esses dois amigos e eles eram repetentes. O tipo de gente que você não deve sentir muito orgulho de andar. Mas eu sentia. Os únicos roqueiros que eu consegui encontrar nesse fim de mundo chamado , com cabelos compridos, mochila com símbolos de bandas e barba por fazer. Não chegou nem perto de ser uma amizade como a que eu tinha com o grupo. e não são os caras mais sensíveis que você possa imaginar. era o estilo pegador. Entrou na escola na sexta série e já tinha vários amigos, pegava todas as meninas e se dizia esperto por isso. Eu sempre achei que os caras mais pegadores eram os mais retardados. Não conseguem se encontrar com alguém com que se identifiquem e descontam isso nas meninas mais novas que mal sabem o seu nome. , por outro lado, era o bobo alegre. Todos gostavam dele. Todos mesmo. Conversava com os nerds, com os retardados, com os populares, com as garotas esquecidas e as “líderes” da escola. emanava uma aura que juntava a turma. Nunca vi uma turma tão unida. Quando todos estavam com raiva, chegava com aquela cara de idiota clássica dele e fazia todos rirem.
, por outro lado, estava sempre quieto, alimentando seu ego. Eu admirava por ele ter personalidade. Ele conseguia fazer as pessoas o respeitarem simplesmente por ter uma personalidade. Tinha barba desde os doze anos, cabelo comprido desde os treze e conhecia todos os míseros detalhes da genitália feminina aos treze e dois meses. É o tipo de cara que você definitivamente não deve fazer amizade.
No final do ano, , honrando o título que o davam de ‘ignorante’, repetiu o ano. Para não ter que perder o ano por completo, saiu da escola e foi fazer uma prova para ver se estava classificado para o nono ano em outra escola. Passou. E lá se ia o elo entre a turma. E lá se ia um dos meus únicos amigos. Sobrou .
No início do nono ano, eu e conhecemos umas meninas roqueiras. Eu já participava do grupo, mas ainda não namorava a . Ainda estava naquela fase de rejeição. Eu e “chegamos” nas roqueiras e começamos a mandar o “papo ninja” que dizia ser infalível. De fato, conseguimos ficar com as que queríamos. acabou gostando de uma delas e eles começaram a namorar. Eu não senti nada pela minha. Ela não era o que você pode chamar de bonita. Foi muito bonita na sexta série, mas agora, na oitava, não era lá grande coisa. Espero que ela não leia isso. E eu não senti a menor atração por ela. Depois de um mês, terminei tudo que nunca tivemos e fui seguir minha vida. Comigo solteiro e namorando, lá se ia meu outro amigo. E num momento muito “emo”, eu me encontrava sozinho naquela cidade de pessoas que gostavam do ritmo mais moderninho. As manhãs naquela escola passavam sem acontecer nada. Eu dormia todos os primeiros tempos e odiava o sinal do intervalo. Passava o intervalo com o mp4 no ouvido lembrando do grupo, de , Jennifer e tudo o mais. Até que o mp4 quebrou no meio do ano. Me senti como se tivesse alguém fazendo aquilo de propósito. Como pode em um ano você odiar os fins de semana por não poder ir à escola, e no outro, você odiar a escola? Foi um ano definitivamente muito solitário.
Até que nas vésperas do show dos Beach Boys, – veja bem, o show aconteceu em outubro. 10 meses de pura exclusão social – eu conheci umas garotas, que também iam ao show e que eram da minha escola, pela Internet. Quando eu digo que só faço amizades pela Internet, vocês não acreditam. Comecei a conversar com elas, tanto na escola quanto na Internet. Mais na Internet, claro. Sou meio tímido, mas isso é um detalhe que pode ser ignorado. Passávamos os intervalos dividindo o fone do mp3 pra ouvir Beach Boys e relembrar os momentos do show. Eu fiquei no camarote e elas, na pista. Nunca vão admitir que o camarote é bem melhor...tsc. Pra puxar assunto, eu fazia piadas sobre elas; uma era baixinha, a outra bochechuda e por aí nós fomos nos aproximando.
Quando levava o violão pra escola, fazíamos covers, até que um playboy sem graça desafinou todas as cordas. Fiquei com um ódio dele que vocês não tem noção.

Capítulo 7 – Timidez

Eu sou tímido. Essa é uma verdade incontestável. Você não precisa nem falar comigo pra perceber isso. Escrevendo esse “desabafo”, eu deixo isso bem claro. Afinal, se eu estou escrevendo, é porque eu não tenho coragem pra falar. E eu não tenho coragem pra falar por ser tímido. É uma bola de neve.
Eu tenho um trauma. Daqueles de infância que vai te perseguir o resto da vida. E lá, na hora em que você estiver prestes ao orgasmo com o seu par na lua de mel, você vai lembrar dele e broxar na hora. Quando eu era “pivetinho”, o meu pior medo era beijar alguém na frente dos meus pais. Eu tinha a psicologia “não vou me casar só pra meus pais não me verem beijando”. Juro! Eu pensava isso. Até comia a última batata frita acreditando que assim eu seria o último a me casar. Lendas urbanas... tsc.
Meus pais sabem sobre o namoro com . Eles descobriram quando foram me levar no show dos Beach Boys com ela. Minha mãe me pôs na parede e perguntou se eu tinha compromisso com ela. Completamente sem graça e imóvel, tentei mexer a cabeça pra frente, fazendo-a entender que aquilo era uma tentativa frustrada de dizer sim. Ela entendeu. Pelo menos eu espero, porque ela contou pra família inteira que o “ arrumou uma namoradinha”.
Pra vocês terem noção do meu trauma, vou ilustrar isso com uma historinha traumatizante. Sétima série. Início do ano. Eu tava “ficando” com uma menina da mesma série. Ela era baixinha. Bem baixinha. Tipo, eu sou baixinho e ela bate no meu ombro. E ela tem cabelo vermelho. Coisa bem discreta, veja você. Daqueles vermelhões, sabe? Mas ela é super gente boa. Mesmo depois de termos terminado, apesar daquele clima horrível, ainda somos amigos.
Eu tenho franja. Daquelas bem “emo”, caída na cara. Desde que me entendo por gente faço esse penteado, mas agora ta mais na “escrachado”, devido ao que eu expliquei no capítulo anterior. Imagine então, um “emo” e uma menina de cabelo vermelho “ficando” na escola. Na escola, tudo bem. Têm banheiros interditados para isso, oras! O problema era quando já tinha algum casal no banheiro e a gente tinha que ficar fora da escola. Eu moro exatamente em frente a escola. Se minha mãe olhasse pela janela, decidisse tomar um ar ou simplesmente fosse à escola com o único e principal intuito de fuxicar a minha vida, eu estava perdido. E o pior é que ela adora fazer isso. E pra piorar MAIS AINDA, tinha um casal que tava no início do namoro e todo dia ocupava o banheiro. Sério, eu imagino que tenha alguém lá em cima que fica me observando, só pra quando eu me dar bem em alguma coisa, ele me sacanear. Sempre que eu me dou bem uma vez, eu me ferro vinte! Meu Deus! Terei uma síncope um dia desses, espera só.
Eu não ficava mais com a menina. Eu mal ficava abraçado com ela. Arrumei uma posição que, caso minha mãe visse, seria um ato de três movimentos ininterruptos: levanta o braço, coça a cabeça, acena pra ela. Sou um gênio, pode falar. Uma vez eu fui levá-la até em casa. - Eu tenho outro trauma, mas esse a minha mãe impôs à força. Tem uma loja de violão aqui perto de casa, e eu adoro violão. Uma vez, depois da aula, eu e uns amigos decidimos ir lá. Passados vinte minutos...Estávamos lá, imóveis, fascinados com a beleza daquela Les Paul marrom madeira. Depois de um transe interminável, o gelo foi quebrado. Paramos de sonhar e fomos seguir o caminho da roça. No meio do caminho, começo a ouvir uma doida gritando. Achei que fosse só mais um mendigo que teve os miolos congelados depois de dormir com a cabeça no chão de 0ºC que é essa fedida. Ignorei. O som foi aumentando. Decidi olhar pra trás. O que eu vejo? Oras! Uma baixinha de 1,50cm – minha mãe -, chorando, berrando com toda a voz que lhe era possível, pronunciando meu nome inteiro, fazendo ameaças das mais cruéis possíveis e babando. Babando MUITO. Em mim. Só porque eu fui à loja do violão perto de casa. Meus amigos pegam ônibus e saem da cidade e ela dá esporro em mim por ter ido à loja do outro lado da rua! - Então, fui levá-la até em casa. Não até em casa, propriamente dito. Ia levá-la até um ponto específico – nomeado vulgarmente por “buraco”, já que é um espaço subterrâneo com cheiro muito forte de urina, fezes. Fezes molhada por urina e defunto, cheio de vendedores de DVD’s copiados e “plantas” – e de lá, ela ia seguir o caminho pra sua casinha feliz e alegre. Esse caminho era mais curto que o da loja do violão. Percorri o caminho de mãos dadas com a menina. É incrível que quando não é pra ninguém te ver, TODOS te vêem. QUATRO vizinhos meus me viram! E o pior, três eram mulheres fofoqueiras que ficam horas e horas conversando com minha mãe sobre a vida dos outros, veja você! Engoli saliva a seco, sério. No final de tudo, minha mãe nem descobriu. Eu nunca mais levei a menina no “buraco”.
Mas sabendo do meu “probleminha” com esse “alguém” lá de cima, decidi terminar com a menina. Terminar o que nunca tivemos porque eu sou tímido, mas abafa o caso. E, meu deus! A menina acabou de entrar no MSN. Ela fica me encarando, não a entendo. Quando a gente se cruza, ela pára e fica olhando pra mim com cara de “fala comigo, seu “emo”!”, então eu fico sem graça e finjo que não vi. Abafa, abafa.

Capítulo 8 – Confidências

é o confidente de . Ele tem aquele jeito abobado de fazer as pessoas se sentirem à vontade pra falar sobre tudo com ele. Ele começa deixando as pessoas mais desconfortáveis do que nunca, fazendo perguntas completamente nojentas e pessoais, mas quando você se acostuma com aquele jeito seboso dele, você o vê como um grande confidente. E pra , não foi diferente, claro. O chato é que ele é péssimo pra guardar segredos. Quando só você e ele estão conversando, em algum lugar isolado, ou até mesmo no MSN, ele solta todos os segredos alheios. Pelo menos, a maioria. É só forçar um pouquinho que ele conta. E, às vezes, nem precisa forçar, sai por livre e espontânea vontade. conta tudo pra ele, mesmo sabendo desse “probleminha” de lealdade. Se bobear, ele sabe até o ciclo menstrual dela. Duvida? Esse é o tipo de coisa que ele pergunta no primeiro encontro. Eu disse, ele sabe como deixar você desconfortável no início.
O problema é que todos têm segredos que não querem que o mundo fique sabendo. Sabe, por isso é um “segredo”. obriga você a contá-lo e o espalha. “Espalhar” é uma palavra muito forte pra esse contexto, digamos que ele “torna público para as pessoas que mantém relação com o assunto”. Acho que o meu namoro com deve-se, em grande parte, ao . Graças a ele, tive condições de me encontrar com ela pela primeira vez, soube de algumas coisas que ela contava propositalmente para ele, pra que ele me contasse mais tarde e serviu como apaziguador nas piores brigas. Foi de fato de exímia importância. Mas ele é intrometido. Demais. Pra , tudo tem a ver com sexo. As coisas mais fofas do mundo, têm que ter alguma ligação com sexo. Ele só pensa nisso.
fez coisas, que eu só tive liberdade de fazer com depois de dois meses, em dois dias com sua namorada. Ele, definitivamente, não respeita ninguém, muito menos as mulheres. E ele sempre quis me forçar a isso. Queria que eu fizesse coisas com que eu não queria. Eu tenho noção de respeito, poxa! também queria que eu fosse um pouco mais “solto” em relação a isso, o que dava margem pra ficar o dia inteiro tentando me “ensinar” a “pegada”. Eram horas deprimentes, fato.
Sabe, essas coisas tem que acontecer por espontaneidade. Você não pode sair com uma menina tendo a mentalidade de que vai fazer essas coisas com ela. Se você gosta dela, espere acontecer naturalmente, né? E assim foi.
Com um mês eu já estava mais solto, com dois meses nós passamos para um novo “nível”. Não vou descrevê-lo porque crianças estão lendo isto. Mas o bom é que não aconteceu forçado. Ela olhou pra mim com aqueles lindos olhos verdes, eu olhei pra ela, a beijei e tudo aconteceu por que tinha que acontecer. Nós tínhamos o nosso próprio tempo. Eu sou muito fechado em relação a isso. Se pede para perder a virgindade comigo, infelizmente, vai receber um não. Eu a amo, preciso dela e a quero para o resto de minha vida, mas se vamos ter o resto de nossas vidas, pra quê apressar, certo? E se não vamos ter os restos das nossas vidas, é melhor eu esperar pela pessoa certa. Talvez seja tudo culpa da minha timidez, ou por causa das últimas batatas fritas no prato, só sei que eu sou bem lento e não tem como , um ignorante daqueles, me mudar.
Apesar de tudo, eu vou sentir saudades dele. Ele teve que se mudar. Não entendi muito bem o porquê, mas a mãe dele teve uns problemas e ele teve que ir morar com a tia na Itália. Bom para ele, adora história e será muito feliz na Europa.

Capítulo 9 – Abandono

Não sei se vocês perceberam, mas esse “desabafo” é cheio de altos e baixos. No início, eu tinha amigos, amigos de verdade. Os perdi. Depois eu consegui uma namorada. A perdi. Sim, eu perdi .
Era sexta feira. Sabe, não entendo porquê estou falando no passado. Tudo ocorreu hoje! Acordei triste. Eu nunca acordo triste. De mau-humor sim, mas nunca triste. Pensar em fazia meu coração bater mais rápido, o mundo girava e tudo ficava mais colorido. Mas naquele dia, tudo estava preto e branco. Tudo. Nenhum tom de cinza clareava a silhueta do meu quarto.
Na escola, talvez, não sei por que, tivessem adivinhado. Ninguém falou comigo. Senti como se tivesse uma doença contagiosa, tipo lepra. Preferi passar o intervalo na biblioteca, onde, devido ao silêncio, poderia ficar sozinho comigo mesmo e, talvez, entender o porquê do meu coração estar tão apertado. E no meio do silêncio infinito, um som alto, uma música, talvez um... um toque! Meu celular estava tocando. Os olhares saltavam para cima de mim das faces raivosas dos assíduos leitores ali presentes. A música ressoou nos corredores daquela imensidão de livros, mas algo me impediu de atender. Talvez pressentisse o que se passaria ou não sei o quê. Atendi.
Tudo que, já estava preto e branco, ficou escuro. Meu coração parou, suei frio, parei de respirar. Só me lembro de ter acordado em casa sob os olhares assustados dos meus pais, que talvez já estivessem cientes de tudo e esperavam para saber minha reação.
estava morta.
Aquela menina, de cabelo castanho encaracolado, pele caucasiana. Aquela menina da comunidade do Drake Bell, aquela menina que foi a única que me deu atenção. Aquela menina, cujo brilho não pertencia mais aos lindos olhos verdes. estava morta.
Eu não sabia o que fazer. Por momentos, senti não ter mais um sentido da vida. Precisava de ajuda. Ajuda esta que meus pais não saberiam dar. Ajuda esta, que eu costumava pedir para . Mas quem? Quem iria me ajudar? Oras, !
Mas onde... onde estava ?
Ah! Ele também não estava mais aqui pra mim. Eu teria mais alguém que se importasse comigo? ? Não, melhor não, não era mais o mesmo amigo. Eu definitivamente estava sozinho, naquela cidade. Naquela friorenta , onde há semanas eu era tão feliz.
O enterro, no dia seguinte, não foi muito esclarecedor. A opinião dos sabidos de psicologia era unânime: tinha tendências ao suicídio. Problemas familiares, como morte, rejeição e afins assombravam seu passado e todas as lembranças que tinha na presença de seus parentes. Sua mãe, depois de 10 anos desaparecida, voltou a pouco para tentar reconquistar o coração de . Ou talvez para pedir ajuda financeira à tia que cuidava dela. A questão é que não agüentou. Pegou a arma, aquela cujo avô usara para me amedrontar e terminou seus dias com um tiro na boca. Apenas deixara uma carta, banhada de tristeza, amor e lágrimas:

“Não, a culpa não foi de vocês. Tia, a culpa não é sua. , muito menos sua. Vocês dois fizeram meus dias serem cada vez melhores, fizeram meus dias serem coloridos, me deram forças para respirar, para amar e para sobreviver a cada dia nessa vida. Mas eu não estou mais agüentando. A pressão que minha mãe exerce está passando dos limites, eu não sei mais como agüentar a isso e terei de pôr um ponto final. Toda minha vida tentei ser a melhor, para deixar você, Tia, orgulhosa. Os dias que eu passei com você, , foram os melhores da minha vida. Eu te amo. Espero que você sinta o mesmo por mim. Desculpe por ser fraca e não agüentar passar o resto da minha vida com você. Na verdade, eu até passei. Os últimos dias de minha vida, passei ao seu lado. Queria que tivesse sido mais comprido esse tempo, mas não deu. Queria MESMO que durasse pra sempre. Mas algum dia, nos encontraremos em algum lugar pós-vida e ficaremos juntos para sempre. Por favor, não se esqueça de mim.


.”


Capítulo 10 – Resposta

E esse foi o desabafo. De quem? Oras, meu! . O que eu pretendo fazer agora? Bem, uma mão no teclado vos escreve, e com a outra mão, salvo o restante desse texto e hoje, nessa sexta feira, coincidentemente, noite da minha formatura. - Formatura esta, que contaria com a presença honrosa de - sem mais esperanças de ter uma vida, não pertenço mais esse mundo.
Em alguns minutos estarei novamente ao lado de . E este desabafo será lido, talvez por milhares, talvez por apenas meia dúzia de pessoas, mas independente de quantas leiam, espero que apenas uma entenda o que se passa na minha cabeça ao saber que, o escritor não se encontra mais presente para responder às criticas. Espero que essa uma pessoa, entenda que meu amor por foi grande o bastante para dar minha vida em troca de sua presença. Espero que entenda que o amor não é apenas trocas de carícias, e sim, um sentimento que te engole de dentro pra fora e chega a um ponto de você não ter mais controle sobre o que faz. Deve ser por isso que as pessoas costumam encontrar sua alma gêmea quando estão mais maduros. Me enganei novamente. Não sou maduro. Sou uma criança, criança esta que é completamente controlada por seus sentimentos e faz de tudo para satisfazê-los. Criança esta que agora deixa esse mundo de ilusões para viver o seu “felizes para sempre” com sua recém-achada alma gêmea.
Fim




Nota do autor:
Esse texto era pra ser uma carta pra minha namorada, Nathie, mas acabei me empolgando. Espero que vocês gostem e sintam o mesmo que eu senti ao escrevê-lo :)

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