Blackout 2
Por Day Ismério

- Meu pescoço... Droga! – resmungou quando levantou do sofá.
Do jeito que chegou em casa, a menina dormiu. Estava fazendo uma campanha para a marca ‘Colcci’ e, por mais que já esteja acostumada com o trabalho de modelo, nunca se vira tão cansada como agora. Olhou para a TV que lhe tomou a atenção por alguns minutos.
Estava passando um vídeo da McFly, uma ‘bandinha’ inglesa, segundo ela. Olhou para cada um dos integrantes e reparou o quanto eram ‘fofos’ e talentosos. Apesar de ter cruzado com eles uma vez ou outra, nunca havia reparado nos meninos, ou melhor, até tinha, mas não em todos.
Seus olhos ficaram presos a um dos integrantes e com o mesmo já havia tido a oportunidade de conversar e pensou no quão ridículo ele tinha sido; foi inevitável não se lembrar do dia em que ficara presa no elevador com , o carinha que olhava na TV. Ela bufou e desligou o aparelho. Só de olhar para aquele ‘moleque’ já perdia a fome, e ficar sem comer era o que ela menos precisava, pois ficaria o dia todo fora.

XX

Eram onze da manhã e ainda dormia. Escutou o telefone tocando longe, mas não moveu um músculo sequer para atender. O toque do aparelho começou a irritá-lo, então cutucou a pessoa que estava ao seu lado e sussurrou para que a mesma atendesse.
- Sim... – se contorceu ao escutar a voz estridente da menina com que ele dormira na noite passada. Por um momento esqueceu o ‘porquê’ de tê-la levado à sua casa. Abriu um só olho e visou a menina que ainda falava ao telefone de cima a baixo. Deu um sorriso safado. –Já sei por que... – ele disse para si mesmo e virou para o outro lado para voltar a dormir; quando estava quase conseguindo sentiu alguém lhe beijar os ombros.
- Era um dos seus companheiros de banda... alguma coisa. Ele mandou te dizer que vocês têm uma sessão de fotos ao meio dia...
- Hum... E ele disse onde?
- No estúdio ‘Sachs’, sala... Er... – a fulana pareceu esquecer.
- Sala...?
- Sala duzentos e um... Segundo andar. – A guria sorriu nervosa. Mas estava com sono demais para perceber. Eles trocaram carinhos e logo ele a mandou ir embora, alegando que ainda tinha que se arrumar. Na verdade, já não a agüentava mais escutar a voz daquela garota, como era irritante!
Foi para o banho rapidamente, pois, com essa demora toda, tinha só trinta minutos para chegar à sessão de fotos.

[Narração por ]

Cheguei na hora exata em que os meninos haviam marcado. Esse edifício me traz boas lembranças... Suspirei. Modelos e atrizes lindas circulam por aqui para fazer capas de revistas e essas coisas; lembro-me da última garota que conheci aqui, e QUE garota. Mas isso não vem ao caso.
Tomei o elevador e logo estava na sala combinada. Ignoremos o fato que a burra da garota que estava lá em casa hoje mais cedo tenha me dito o número da sala errado. Mas tudo bem, dá para entender... Poxa, ela estava comigo, e quando as mulheres ficam perto de mim, perdem sempre os sentidos.
Cheguei à sala e não acreditei no que eu vi.
Forcei minha vista, piscando algumas vezes em seguida. Ela estava simplesmente linda. Era merecido o fato de ser uma das ‘Angels’ da Victoria’s Secret. Olhei-a de cima a baixo: estava com um sobretudo preto, com as mãos no bolso, conversando simpaticamente com os outros meninos da minha banda. Pude notar seu sorriso, que era inocente e ao mesmo tempo sexy. Um dos guys me viu parado na sala e logo gritou meu nome. Eu dei o meu melhor sorriso e fui até eles.
Enquanto me aproximava, ouvi-a dar uma desculpa para , alegando que tinha que guardar suas coisas e se vestir para iniciar a sessão de fotos.
se meteu na conversa, dizendo que só iria nos apresentar e que isso não lhe tomaria tempo.
- Dudes! – Cumprimentei-os. Eles fizeram o mesmo. Olhei para ela, que de perto parecia estar ainda mais linda e cheirosa. – ! – eu disse empolgado.
me olhou de cima a baixo e fez um som incompreensível com a boca. Em seguida deu-me um sorriso falso, MUITO falso.
- Vocês se conhecem? Não sabia dessa – disse , parecendo surpreso.
- Para a minha infelicidade, já tivemos a oportunidade de conversar – ela disse com um olhar de desprezo para mim, mas ao mesmo tempo sendo simpática com os outros meninos. – Bem, vou guardar minhas coisas e vou me trocar para a primeira sessão de fotos, então até mais – disse e em seguida deu um beijo no rosto de cada um dos rapazes. Ao chegar minha vez, ela me olhou de cima a baixo novamente e murmurou outra coisa... Que eu entendi muito bem, ela me chamou de esquisito!
- Afff, – disse entre os dentes. Observei-a andar até a frente de uma sala e em seguida entrar na mesma, que parecia ser um camarim ou coisa do tipo. É importante frisar que, enquanto ia até a sala, percebi que ela não andava simplesmente, como todos nós fazemos, e sim flutuava. Parecia estar numa passarela vinte e quatro horas por dia.
Como não sou bobo nem nada, antes que os meninos começassem a me zoar pelo o que havia dito, pedi que eles esperassem, pois iria tomar uma água e voltava já. Passei em frente à sala em que havia entrado e notei que a porta estava entre aberta, e, como sou muito curioso, foi inevitável não dar uma parada por ali. Deus, obrigado por me dar esse defeito!
estava terminando de se vestir: havia colocado uma lingerie e por cima um pequeno roupão. Ela apoiou-se na penteadeira, de frente para o espelho, e começou a escovar seus cabelos. Passei a língua pelos lábios e estremeci ao vê-la tão linda diante de mim. Entrei na sala fazendo o mínimo de barulho possível, mas ao fechar a porta e voltar meu olhar para , percebi que ela havia me visto, pois agora estava de frente para mim.
- O que você quer? – perguntou ela mal humorada.
- Você – disse o mais simpático possível, aproximando-me aos poucos dela.
- Idiota – ela disse e bufou em seguida. Virou-se de frente para o espelho novamente.
- Sabe, , não paro de pensar em você desde o dia do elevador – eu disse abraçando-a por trás e beijando o seu pescoço em seguida e... Eu estremeci de novo! Era para eu causar essa sensação nela e não em mim mesmo, poxa.
- Pára com isso, ... Não estou com saco para te aturar hoje – ela disse me empurrando levemente e indo até a porta, abrindo-a. Melhor, tentando abrir.
- Parar? Mas você ainda não viu nada, . Na verdade, eu só estou começando – respondi e, assim que acabei de falar, houve uma queda de luz na sala em que estávamos. Ótimo.
- Ah não... – ela sussurrou. – , cadê a chave? Abre essa porta – ela disse. Percebi um certo nervosismo em sua voz.
- Mas eu não estou com a chave, . Bebeu foi?
- Você foi o último a entrar aqui, . Se a porta não quer abrir, é porque alguma coisa você fez e agora essa droga de luz acaba também – ela disse com a voz tremida.
- Que foi? Medo de ficar trancada aqui comigo? – perguntei, me aproximando. A sala em que estávamos estava um pouco iluminada. Parecia uma luz de emergência ou algo do tipo.
- Com medo? Eu? E ainda mais de você? Nunca, pequeno – ela disse com desdém. Espera aí. Pequeno ? Essa garota ‘tá me tirando do sério. Fui andando até ela vagarosamente. ainda tentava abrir a porta. Pousei minhas mãos em sua cintura e comecei a massageá-la. Ela foi parando aos poucos de mexer na porta e virou-se para mim vagarosamente.
- Então, você não tem medo de mim e nem de estar trancada aqui comigo...? - perguntei e a beijei no rosto.
- Não, não tenho. Por quê? Eu deveria? – perguntou desafiadora.
- Creio que sim – respondi num sussurro, beijando-a no canto da boca. Vagarosamente ela moveu os nossos corpos. Fazendo com que eu ficasse entre a porta e ela.
- Você não desiste, né? – ela perguntou pousando as mãos em meus ombros.
- Nunca. Não vou sossegar até ter você – disse com os olhos fechados, inalando o perfume dela que pairava no ar.
- Pois é uma pena, porque você deveria... - ela começou falando devagar e se inclinando sobre mim. - , já te disse uma, duas vezes. Nós nunca vamos sair e nem ter nada... - ela disse em um tom tão baixo que saia quase num gemido. - Você não tem a mínima chance comigo, e sabe por quê? – ela perguntou olhando diretamente nos meus olhos. O que me fez sentir um enorme calor por dentro.
- Porque...? – eu sussurrei me aproximando e depositando um selinho amoroso, eu diria, em seus lábios. Ela me afastou vagarosamente.
- Porque você não é homem o suficiente para mim – respondeu insinuante, lambendo a minha boca e fazendo meu corpo todo pulsar, seguido de um pequeno gemido saído de meus lábios, que se inclinavam para ter algum tipo de contato com os lábios dela. Não sei como ela fez isso, mas estou viciado no seu cheiro, no seu corpo, nas palavras que muitas vezes ela nem diz. Por que ela se eu posso ter a mulher que eu quiser? Eu me faço essa pergunta desde o dia em que a conheci e recebi um ‘não’.
Ela se afastou devagar, sorrindo triunfante e novamente insinuante.
Não tinha o que dizer; mais uma vez ela havia me deixado sem palavras.
Em um passe de mágica, a luz na pequena sala voltou e, em menos de dois minutos, ouvimos batidas nervosas na porta, perguntando se estava tudo bem. respondeu que estávamos trancados, e, em seguida, conseguiram abrir a porta do camarim, ou da sala. Como queira.
Antes de deixarmos a sala, eu a vi me olhar detalhadamente. Com um pequeno, porém notável, sorriso.
Acordei do meu transe quando a vi se distanciar, mais sexy impossível e flutuado como sempre.

Fim.

Ah! Sobre eu não ser homem o suficiente para ela... Deixemos isso com o tempo e com a minha vontade de tê-la, que aumenta a cada encontro, tornando-se assim, ou pelo menos parecendo ser, uma sede insaciável. Aliás, nem tão insaciável assim, mas a única que terá o poder de cessar isso é ela.

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Obrigada a todos que passaram por aqui. Desculpem desde já se a fic não atingiu as expectativas, eu tentei, okay?!
Sem caixinha de comentários aqui... Então qualquer crítica, elogio ou qualquer coisa, aqui: dayismerio@dannyjones.com.br
IPC: Deh, obrigada por betar, desculpa o trabalho, amor!
IPC 2: Mana, eu te amo! D.D (ll... D.A

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