Capítulo 01
- Pára, Harry! – eu falei com dificuldade em meio aos risos.
- Só se você admitir, que eu sou o rei do videogame. – Harry respondeu ainda fazendo cócegas em mim.
- Ok! – eu disse e ele parou de fazer cócegas. – Mas, Harry, eu sou pura de coração, dizer tal mentira iria corromper minha alma.
Harry me olhou meio assustado, meio querendo rir e fez bico.
- Nossa, .
- Ah, Harry, you know i love you. – eu disse com voz de criança, eu sei que ele não resiste.
Harry era meu melhor amigo desde que tínhamos, sei lá, saído das fraldas. Como eu digo: o que está bom pode sempre ficar melhor. E é aí que entram , , e James, os melhores amigos do Harry.
- Vamos parar com as demonstrações físicas, aí? Sou apenas uma criança. – falou fazendo cara de anjo e levanto uma almofada na cara de minha autoria.
Fiz uma dancinha ridícula pra comemorar ter acertado a cara de e bati um hi-five com Harry.
- Nossa, , vai aleijar o mais do que ele já é. – James falou rindo. Então me desculpa aí, Bozo. James era o ‘engraçado’, em aspas porque ele era o único que achava isso.
soltou só um sorriso de lado e deu uma de suas risadas escandalosas (n/a: só dá certo com o Joones essa q). sempre foi o mais centrado, tudo pra ele era sério e ele parecia ser sempre profissional, procurava não se envolver com nada. Já ... Oh, ! Ele era o mais bonito deles, já me envolvi com ele há algum tempo, mas não deu. era o galinha do sexteto.
- , sabe? Eu tô com fome. – James declarou depois de terminar de rir da sua piada super engraçada.
- Ah, não! Sempre eu! Isso é algum tipo de machismo? Só porque eu sou menina tenho que fazer comida? Isso aqui não tá certo, não...
- Calma, ! – Bozo, ops, James me olhou atravessado. – Não é isso, é que a sua comida é melhor.
- Pede pizza, então, Bourne!
- Ê TPM... – reclamou.
Não respondi, não dirigia muito a minha palavra ao já que ele me ofendia onze em cada oito vezes que falava comigo. Nossos santos não são compatíveis.
- Eu quero de queijo! – Harry saiu correndo até o telefone e começou a discar o conhecido número.
Nós éramos um sexteto, não, melhor, nos éramos O sexteto. Eu não tinha amigas garotas na minha escola, já que os únicos cérebros femininos lá andavam com pompons e não falavam palavras que tinham sentido. Harry, , e tinham uma banda, sem nome até o presente momento, e entraram todos juntos no nosso grupo há uns quatro anos...

- Porra! – eu disse em alto e bom som quando fui atingida por uma palheta. O que posso dizer? Tenho um temperamento difícil.
- Ei - um garoto veio falando com cara de culpado seguido por outros dois que riam descontroladamente –, me desculpe, foi sem querer, o aqui jogou a minha palheta pra longe.
- Ah, tudo bem. Sou . E me diz, você toca? Meu amigo Harry é o maior baterista depois de Travis Barker!
- Sou , esses são e . Sério? Estamos procurando um baterista há tempos! Onde tá o seu amigo?
- Ei, Harry! – gritei e ele veio batucando com suas baquetas por onde passava.
- Ei, – ele sorriu de lado.
- Harry, sobre montar sua própria banda, eu acho que já resolvi o problema.

James foi o último a se juntar a nós, era um tipo de empresário dos meninos.
Todos tínhamos dezesseis anos, e o mesmo objetivo, que era, basicamente, não ter objetivos.


Capítulo 02
Segunda-feira. Odeio começo de semana, odeio aulas e, mais do que tudo, eu odeio aula de literatura. E é por isso que as minhas segundas-feiras são sempre lindas.
Toquei a campainha da casa do Harry e me sentei no meio-fio pra esperar. Harry sempre foi comigo na escola, agora ele dirigia e tal, mas mesmo antes, íamos a pé. É como uma combinação que temos: finais de semana na minha casa e dias de semana na casa do Harry. Meus pais nunca estão em casa mesmo, e é por isso que a família do Harry meio que me adotou.
- ! Entre, querida, Harry está no quarto.
Subi as escadas e dei de cara com um Harry saindo do banho.
- Típico Harry – eu resmunguei.
- Ah, , paciência que meu cabelo não estava como eu queria.
Resmunguei outra vez.
- É, , porque você nunca passou horas na frente de um espelho arrumando o cabelo ou deixou de ir a uma festa por causa de um corte ruim.
- Poxa, Harry, não usa esses momentos contra mim não. – Eu falei rindo.
Harry sorriu e começou a procurar uma roupa pra vestir.

Escola. Vamos voltar ao papo de odiar literatura? É. Eu não sei, mas eu acho, só acho, que os dinossauros estão extintos. Eu tinha certeza, até o dia que eu comecei a ter aula com essa criatura chamada Madeleine Flinch, Sra. Flinch para os alunos e ‘a-dinossaura-maldita’ para a época que eu recebo minhas notas.
- Quantas vezes eu já te disse, Srta. , que esse sotaque precisa ser corrigido?
Sotaque: fruto das minhas origens e parte das férias de verão no Brasil.
Eu me limito a olhar pra ela - o que é um esforço, acreditem.
Harry não estava no mesmo time que eu, ele tinha aquele sotaque inglês perfeito que eu invejava. Dinossauro-fêmea me mandou ter aulas para desaparecer com o meu sotaque. Vamos ver se você adivinha meu carma.
- Hey, .
- Brazilian girl! – ele disse puxando os r’s exatamente como eu faço.
Deus, por que o Senhor faz isso comigo? Eu não fui uma garota boa? Eu joguei pedra na cruz?
- Vamos logo com isso, , não tô a fim de estender muito, não.
Foram horas, eu achei.
- , presta atenção! Pronuncia esse Y mais aberto!
- Porra, , é difícil! Experimenta falar cabeleireiro.
- Cabe-WHAT? – admito, foi engraçado, mas o momento não me permitiu rir.
- Viu, ?!
- Não tenho culpa que você nasceu num país inútil com uma língua estranha. – Ok, não foi engraçado.
- O que você falou? – Fiquei muito irritada. Parabéns, .
- Não, , é que...
- Olha aqui, , você pode mexer com quem você quiser, mas não com o meu país! Eu acho que você é um menininho mimado que não tem chance no mundo de hoje e só consegue nota porque puxa o saco dos professores, mas eu não fico falando isso pra você, certo? – Me levantei irritada e saí batendo a porta da escola.
Pronto, , parabéns! Fala o que não deve e foge. Meu iPod tinha algum tipo de detector de culpa, porque quando eu coloquei no ouvido a voz do Mark Hoppus soou no meu ouvido.

Está tudo bem em me falar o que acha de mim
Eu não vou tentar discutir ou sustentar isso contra você
Eu sei que você está indo, você deve ter suas razões.


Capítulo 03
Fiquei pensando em todos os momentos que passei com , em como ele havia mudado. Do garoto feliz e saltitante para um inconsequente galinha. Lembrei-me novamente de quando nos conhecemos e quando a banda começou a ensaiar; da primeira vez que fomos todos juntos tomar sorvete; dos momentos.

havia mudado muito de dois anos pra cá, ao entrarmos no colegial ele mudara, ele costumava ser meu melhor amigo na época em que Harry namorava Crystal e me esquecia. passava dias na minha casa, meus pais o adoravam. Foi tudo antes.

Eu costumo classificar minha vida como antes dos meus pais viajarem muito e depois dos meus pais começarem a viajar muito. Parecia que havia mudado com eles. Quando meus pais começaram a viajar demais, e eu comecei a ter a casa só pra mim, virou um completo estranho.
Fazíamos tudo juntos, nós seis, mas começou a se distanciar e agora nos encontrávamos basicamente na escola e em alguns finais de semana pra assistir filmes.
Todos nós havíamos crescido, mas havia mudado. Mudado pra ruim, ele não nos contava mais as coisas, passou a ser fechado e pegar todas as menininhas que encontrava pra se distrair.

Eu parecia estar andando há horas; meus pensamentos não acabavam nunca mais e minha casa parecia não chegar nunca, ou talvez o quase campus da Middle High School fosse grande demais.


Capítulo 04
Às vezes, eu sinto como se eu tivesse sendo perseguida e às vezes esse sentimento é real. Olhei pro lado e lá estava no seu carro andando do meu lado.
- Entra. – Ele disse.
- Não mesmo. – Eu respondi.
Continuei andando e encarando meu all star amarelo.
- , agora.
Ui, a mona estava irritada comigo. Quem se importa? Ele acabou com o meu país! Tudo bem que o Brasil tem um governo de nada e é conhecido pela violência. Mas a gente ainda tem o carnaval, a felicidade, a música, bossa nova, samba e a mulherada! Morra de inveja.
- Eu disse não, .
Ele acelerou o carro. Ótimo, eu pensei, vai embora mesmo capeta. Dois minutos depois um arfando por correr estava do meu lado.
- Você pode entrar no carro por bem ou por mal, make your choice. – Ele falou como naqueles jogos macabros que eu costumo jogar com o Harry. Foi engraçado e eu ri. - Vitória! – Ele disse.
- Mas o que você... , me larga!
me carregava até o carro dele que estava, agora, a uns dois quarteirões atrás de nós. Pobre garoto, vai ter que enfaixar o braço quando chegar lá. Quê? Sou gorda, não posso fazer nada a respeito.
Entramos no carro que cheirava a, bem, . E o cheiro era bom. Sentei-me ainda meio emburrada por ele ter me carregado.
- Me desculpa, – ele disse dando a partida –, mas se é assim que você me vê, tá na hora de conhecer o real.
Dude, eu senti medo naquela hora. E se ele me levasse pra um bairro onde os manos dele me capassem? Em Londres existem manos? Não interessa. ia me levar pros traficantes e eles iam me obrigar a ser uma puta de luxo, eu sabia.
- Vai, , desce.
Mas que raio de bairro era aquele, senhor? Eu sabia, cara, ele vai me prostituir!
- Eu parei ali, mas o hospital é um pouco mais pra frente.
Não, diga não a prostituição. Ele vai vender meus orgãos!
- Ok – eu respondi.
Ele me olhou e riu. Riu. Como ele pode rir diante do meu desespero.
- , não vou te fazer nada de mal, você significa demais pra mim pra isso.
fofinho; apertei as bochechas dele e ele ficou razoavelmente sem graça.
- Entra aí, .
Entrei em algo que era pra ser um hospital, isso era claro por conta da quantidade de pessoas de avental branco e de alguns pacientes. andou até a cama improvisada no fundo do hospital.
- Olá, mamãe. – Ele resmungou fracamente.
Olhei pra mulher ligada a vários aparelhos com os olhos fechados e uma expressão de paz.
- , por que você nunca...?
- Vocês não precisavam ter dó de mim - ele respondeu cabisbaixo. – Ela é o motivo pelo meu mal humor repentino, ela é o motivo dos professores me olharem diferente. E, caso você queira saber, ela está assim há dois anos, coma induzido, é o que dizem.
Ele estava mal, eu podia ver.
- Ah, !
Esquivei-me um pouco e o abracei chorando baixinho. começou a mexer nos meus cabelos e beijou o topo da minha cabeça.
Uma enfermeira com um rosto bom, parecia simpática, veio até nós.
- , meu garoto, quem é essa? Achei que isso era um segredo.
- Não, Mary, continua sendo um segredo, a apenas exigiu explicações sobre o meu comportamento estranho.
Mary resmungou algo que eu não pude ouvir e acrescentou:
- Não tem havido melhoras, estamos nas mesmas.
se virou pra sair.
- Me ligue se algo acontecer.
Mary foi ficando pra trás juntamente com a mãe de . Eu ainda chorava baixo. Dois anos. Ffoi a época em que dizia estar conhecendo ‘um novo ’... Foi a época em que mudou.

[Flashback - On]
- Vou embora, galera, até amanhã na escola!
- Qual é, ? Ainda são duas da tarde...
- Eu tenho um compromisso – ele emendou saindo depressa.
- Eu acho que estou começando a conhecer um diferente, um responsável.
Todos olhamos pra de soslaio, ninguém entendia as explicações cheias de significados dele.
[Flashback - Off]


Capítulo 05
parou o carro em frente a minha casa.
- , isso é um segredo nosso, ok?
- Se é assim que você quer, , eu só acho que...
- Tchau, .
Ele me esperou sair do carro e acelerou; foi embora enquanto eu fiquei com uma cara de panaca olhando pra onde o carro tinha acabado de desaparecer.

’s POV – On
Me diz, por que porra ela chorou lá? Que saco, Mary vai achar que temos um caso ou coisa do tipo. Não que eu não gostaria; a é gostosa, pô! Mas, sabe? Eu tive tanto trabalho pra esconder isso. Que porra também eu queria levando ela lá? Ela vai contar pro Harry, tenho certeza.
Mas, poxa, ela era a . Minha melhor amiga, ou diria EX-melhor amiga? Porque, sabe, eu tinha meio que deixado todos de lado quando minha mãe ficou, erm, doente. estava sempre reclamando disso; nem via, não o culpo, eu não sou bom com sentimentos, e o Harry, bom... eu sempre achei que o Harry soubesse. Ele começou a me olhar estranho depois que eu em distanciei um pouco deles. James entrou como que no meu lugar, eu sei disso. O ponto alto é que não gosta dele. Peraí, o que eu tô falando? Nada de , eu estou com a... Como era o nome dela mesmo?
‘Hello there, the angel from my nightmare...’
Tive que parar o carro no acostamento quando meu celular começou a tocar. Olhei na bina: ‘Tina’. Tina? Quem é... Ah, ok, Tina. Atendi.
- Oi, meu amor! – ela guinchou no telefone.
- Ei, Tina – eu respondi um pouco irritado.
Mas que porra essa garota tinha que me ligar? PORRA!
- Tá tudo bem com você? – ela murchou.
- Tudo ok, é que eu estou dirigindo, preciso ir pra casa.
- É? Te encontro lá, !
Essa não era a idéia, mas ok, podia ser uma noite no mínimo interessante.
’s POV – Off


Capítulo 06
Fiquei pensando no a noite toda. Fiquei preocupada com ele, qual é? Isso não é o tipo de coisa que um garoto de dezesseis anos deva agüentar.
Andei até a casa do Harry e sentei no meio-fio para esperá-lo, como sempre. Harry saiu cinco minutos depois e veio até mim, levantei e ele me deu um beijo na bochecha.
- Ei, Harry – eu respondi fraca.
- Pequena, o que está acontecendo?
- Não é nada mesmo, Harry, só não dormi direito.
Não me olhem assim! É verdade. Eu disse pro que não ia dizer nada sobre a mãe dele. Entramos no carro, assim que eu em sentei, John Lennon começou a cantarolar alguma música que eu não identifiquei. Harry era obcecado por Beatles. Fomos até a escola ao som deles e de Harry contando algumas piadas.
Ao chegarmos à Middle High School meu humor tinha melhorado e muito. Saí do carro rindo com Harry.
- Como assim o pintinho explodiu? – eu ainda ria histericamente.
Ele olhou pra minha cara e riu também. Fomos andando pelo pátio até chegarmos à parte coberta onde , e James nos esperavam. Calma, eu disse James? Ele nunca chegava ali antes. Medo.
Enfim, tudo que é bom acaba, né?
- , pegador – disse seguindo a frase de um assobio.
Olhei pra trás e lá estava com a menina nova, a intercâmbista latina, e ela estava, se eu não em engano, vestindo uma camisa dele. e a garota se juntaram a nós enquanto eu dizia secamente que ia comprar alguma coisa pra comer. Pude ouvir James perguntando qual era o meu problema ao fundo e senti o olhar de Harry queimar minhas costas.
Droga de , não podia começar a gostar dele. Eu não ia e ponto. Agradeço aos meus pais por sempre me obrigarem a ir pro Brasil nas férias de verão. Apenas mais duas semanas.

’s POV – On
saiu. Sabia, ela não consegue me encarar porque contou pra Harry. Ele me olhou irritado. Por que o Judd me olhou assim? Oh, my gosh! Ele só olha assim pro James quando ele encara demais a . Eu já falei que o James gosta da ? É, por isso ele fica cheio das piadas idiotas quando tá perto dela.
Harry fez sinal pra que eu fosse falar com ele pra lá, enquanto eu dava um beijo na bochecha da tal Tina me despedindo.
- Fala, Harry.
- O que você fez com a , ? Eu juro, se você fizer um arranhão que seja nela, eu... eu... eu nem sei o que vou fazer com você! – agora ele me olhou meio triste e não mais furioso. – Você sabe que a é como minha irmã, você sabe que ela é tudo pra mim, não sabe, ?
É, eu sabia, as lembranças disso ainda estavam marcadas nas minhas costas do dia em que eu, sem querer, fiz a cair na piscina em pleno inverno londrino.
- Eu sei, Harry, fica tranqüilo.
Ela não tinha contado pra ele? Eu sempre soube que a era confiável. Ok, mentira, eu acabei de duvidar dela, só alguns segundos atrás, mas enfim.
Falando no capeta, olha ela lá voltando.
’s POV – Off

Comprei um saquinho de chips e voltei comendo elas e pensando na vida. e Harry estavam meio isolados conversando. e conversavam sobre algo que sinceramente não me interessava e James me olhava. Tô com medo do Bourne hoje, é sério.
- , posso falar com você? – era o Bourne. Medo.
- Claro que pode. – sorri e ele corou. Ah, não!
- É que... – sinal toca. – Ok, falo com você no intervalo, . – e ele saiu correndo.
Se o James fizer uma super declaração pra mim, eu posso até vomitar. Mentira! James era lindo, assim como os meninos da banda, e eu podia tranquilamente ter algo com ele. Por que não, afinal?
- Atrasada outra vez, Srta. ? – a dinossaura maldita rosnou pra mim quando entrei na aula de literatura.


Capítulo 07
Depois de duas aulas com a cria do demônio e uma com um professor substituto já que o Sr. Bohr, professor de ciências, tinha tido alguns probleminhas - que não fizeram questão de nos contar -, eu pude ouvir o meu amado sinal, vinte minutos de liberdade.
Como eu esperava, James estava do lado de fora da minha classe esperando por mim. Fomos andando até a cafeteria e conversando sobre coisas banais, até que eu tive que perguntar.
- Jimmy, o que você queria me falar?
Eu falei Jimmy? Gosh, realmente estou planejando pegar alguém.
- Ah, , é, então...
Pára! Ele gaguejou? Essa é a coisa mais fofa que eu já vi e, ele ficou vermelho. Jimmy é fofo. Como eu nunca tinha realmente reparado nele?
- Eurealmentegostodevocêficacomigo?
Ele quase cuspiu as palavras e eu, na verdade, entendi perfeitamente o que ele disse. Mas foi necessário.
- Quê? Desculpa, Jimmy, não entendi nada.
- Eu, é, , eu realmente gosto de você, sabe, fica comigo?
Ele fez cara de cachorro sem dono. Eu me aproximei e o beijei.
- Acho que isso foi um sim – ele falou fraco enquanto entrelaçava suas mãos na minha.

’s POV – On
Saí da aula de química em direção a cafeteria, vasculhando pelos meus companheiros e nossa mesa de sempre. Vi Harry, e na fila em busca de um café da manhã decente. Olhei pra nossa mesa e vi James e , ele tinha decidido se declarar pra ela, aquilo ia ser demais. Riso gratuito pela manhã.
James estava claramente gaguejando e corando várias vezes enquanto a olhava pra ele com uma expressão que eu não consegui identificar. Dó talvez? Aquele ia ser o maior fora da história!
James corou de novo e sorriu de lado enquanto se aproximava e o beijava. O quê? Beijava? Não! O que foi isso? Eles partiram o beijo e deram as mãos enquanto esperavam por mim e pelos garotos.
Eu me senti estranho. Vi sorrir em minha direção, mas não conseguia pensar, virei às costas e rumei pra fora da escola. Agradeço por ser um campus aberto; matar três aulas nunca fez mal a ninguém.
’s POV – Off

Vi ao longe enquanto ainda esperava pelos meninos e sorri pra ele. Por que diabos ele ainda estava lá parado? Ok, ele não estava mais parado. Ele simplesmente se virou e andou até onde estava a entrada e saída do campus. Com certeza ele ia matar aula com aquela namoradinha nova dela. Coma ela, , eu tenho o Jimmy agora.
Harry, e chegaram dois minutos depois, interrompendo meus pensamentos sobre . Eu sorri mais ainda, estava feliz por estar com James. Harry me lançou um olhar de ‘você-vai-me-contar-tudo-depois’, mas também sorria, assim como e .


Capítulo 08
Depois de mais três aulas sufocantes das quais eu tinha com o e ele não apareceu, entrei no carro com Harry rumando para a casa dele para uma tarde cheia de pipoca, chocolate, filmes e a história da minha vida detalhadamente.
Mal entrei no carro e Harry começou:
- Mas o que foi aquilo? Achei que não gostasse do James.
- Ah, Harry, eu não o amo, mas, sinceramente, eu começo a gostar dele.
- Que bom, . Ele também gosta de você, só quero que você seja feliz, pequena.
- Eu vou ser – respondi a Harry, confiante.
A minha tarde foi aproveitada com a trilogia de ‘De Volta Para o Futuro’ e muita pipoca. Voltei pra casa à noite, estava abrindo a porta quando o telefone começou a tocar.
- Já vou, já vou – resmunguei.
Atendi ao telefone e uma voz conhecida disse:
- Filha?
- Pai? – podia sentir meus olhos brilhando com as lágrimas.
- Olá, meu amor, quanto tempo!
- Onde vocês estão?
- No Peru, querida, vamos pro Rio para suas férias de verão, estaremos lá para ver você pousar. Você vai para o Brasil nessas férias, certo?
Ele disse quase como se eu tivesse escolha.
- Claro – eu respondi.
- Mamãe mandou um grande beijo, estaremos novamente sem contato essa semana, vamos acampar em Machu Pichu. Mande lembranças ao Harry, te vejo no Brasil!
Há quanto tempo eu não escutava a voz do meu pai? Quatro meses talvez. Viagens idiotas. É por isso que eu nunca vou ter filhos, para que eu não tenha que deixá-los pra trás para aproveitar a vida, assim como meus pais fizeram. Não que eles tivessem culpa, talvez a culpada fosse eu, mas, não sei, é a vida.
Subi as escadarias para tomar um banho. Londres estava começando a esquentar pra valer, a prova viva de que as tão esperadas férias estavam chegando.

A semana passou extremamente rápido. estava estranho comigo; talvez ele se arrependesse de ter me contado sobre a mãe dele, mas não deixava de lado a tal Tina, ela parecia o chaveiro dele, levava pra todo lado. James era carinhoso, o namorado que toda menina sempre sonhou. Harry estava feliz por me ver feliz e e , bem, eles continuavam sendo eles.
Já havia começado a contagem regressiva para minhas férias no Brasil. Eu gostava delas apesar de tudo, sentia falta da minha família e dos meus pais e aquela era uma oportunidade rara para vê-los.
A minha última semana em Londres foi também a semana que James me pediu em namoro e agora eu exibia uma grande aliança prateada na mão direita como sinal do compromisso. Eu amava o James.


Capítulo 09
No meu último dia em Londres, optei por passá-lo com os meninos em minha casa me ajudando a fazer as malas. não apareceu, desconfiava que ele estivesse com a Tina, mas não tive muito tempo para pensar nisso. Um mês no Brasil exigia muita roupa, precisei sair às pressas para comprar biquínis novos já que os meus eu não usava desde a última vez que estive lá.
Arrumar as malas com meninos te olhando era, no mínimo, divertido. experimentou meus biquínis velhos e ficou imitando gay um bom tempo enquanto eu chorava de tanto rir, até que Harry disse que duvidava da sexualidade dele. me deu um livro de presente, para o vôo e caso o tédio batesse na minha estadia no Brasil. Eu gostava de ler e fiquei feliz.

No outro dia, Harry e James foram se despedir de mim no aeroporto, alertei-os de que seria apenas um mês e que meu celular e o telefone que havia escrito na geladeira de Harry estariam ligados para quando precisassem de mim.
Uma voz de mulher anunciou que meu vôo ia partir e eu me dirigi ao portão de embarque.

Desci no Brasil algum tempo depois e me deparei com um tipo de coletiva me esperando. Quando foi que meus primos pirralhos ficaram tão, bem, grandes? Meus pais também estavam lá e não pude deixar de derramar algumas lágrimas.
Um mês de diversão num país diferente e extremamente quente, era difícil acreditar que fosse inverno, com as pessoas que eu mais sentia falta. Prometi a mim mesma ligar para Harry e James todos os dias.

Um mês passou rápido e, logo, lá estava eu, no aeroporto, de novo, mais bronzeada e com um sorriso aguado no rosto.
- A gente se vê ano que vem, inglesinha – meu tio disse enquanto me abraçava.
Meus pais só haviam ficado uma semana. Aprendi, depois de muito tempo, a realmente não me importar com a presença deles, eles nunca estavam lá mesmo.
Descobri que meus primos, de pirralhos, se tornaram garotos lindos, simpáticos e surfistas. Durante aquele mês recebi muitos olhares tortos de menininhas que andavam na praia e me viam abraçada a eles.
Com esse pensamento desembarquei em Londres novamente e peguei um táxi pra casa.


Capítulo 10
Procurei a chave dentro da minha bolsa e lá estava eu: lar doce lar. Ou não.
A minha casa, meu lar, meu bebê, havia virado uma completa zona. Latas de cerveja pra todo lado, várias caixas de pizza deixadas por aí, além de batatas chips e pipoca pelo chão. E Harry estava sentado no chão.
- Harold Mark Christopher Judd! – Eu ralhei.
Mas ele não era o único. , e também estavam sentados ao redor da mesinha de centro da sala, eu diria que um pouco bêbados.
- Bebê! – Harry veio até mim se apoiando no sofá. Eu disse um pouco bêbado?
- Harry! O que você fez com a minha casa? Eu deixo você com a chave e é isso que acontece?!
Eu sempre deixei uma chave com Harry e ele nunca tinha feito nada, fora levar uma garota lá pra casa, mas ela ficou um pouco desconfiada depois de ver um quarto, digamos, feminino demais que Harry insistiu em levá-la. Achei que aquele trauma tinha bastado.
- Relaxa, – ele disse com a voz pastosa. – Eu não fiz nada que meu amigo Jonnie Walker não tenha mandado.
Ouvi risinhos ao fundo, seguidos de uma risada escandalosa: .
Era por isso que eu gostava do Jimmy. Não que ele fosse santo nem nada, mas ele não estava sentado bebendo. Ele estava promovendo a banda dele! Sim, uma banda que já tinha nome! A falta de profissionalismo deles me deixava irritada. Deles, eu em refiro a Harry, , e .
- Você tá bronzeada, disse e e assoviaram.
Harry olhou mal-humorado para eles e me deu um beijo babado na bochecha.
- Senta aqui com a gente, baby.
Harry se apoiou em mim, me fazendo ir parar no colo dele, no círculo que eles estavam. sorriu pra mim e piscou. Não me contive e comecei a rir histericamente. Quer saber? Foda-se tudo. Estamos de férias mesmo.
- E aí, qual é a comemoração? – Falei pegando uma Heineken da mesa e bebendo.
- Nada especial. – Respondeu , pela primeira vez.
Já falei que Londres estava tremendamente quente? Eu ainda estava com um moletom por cima da minha camiseta com uma estampa enorme do Blink que, aliás, estava bem velha, desculpa pra ela estar tremendamente justa e descolorida.
Ajeitei-me melhor no colo de Harry e tirei meu moletom, ficando apenas com meus jeans e a tal camiseta do Blink.

’s POV – On
Eu juro, eu arfei. era, no mínimo, quente. Apesar da minha visão turva por causa da bebida eu conseguia ver as formas dela. E que formas! Ela se ajeitou melhor no colo de Harry que colocou as mãos na coxa e na cintura dela. Oh, God, por que ela não se sentava no meu colo? Hormônio em fúria, , se controle.
Algumas bebidas e várias piadas idiotas depois, estávamos todos dançando algo que soava como Pussycat Dolls, ou talvez fosse Spice Girls. Não sei, não sabia mais de nada. parou de dançar e começou a exigir que sentássemos em roda no chão.
- Vamos jogar verdade ou desafio – ela disse com os olhos brilhando.
- Ok – resmungamos.
se sentou e girou a garrafa.
- Vai, ! Você pergunta pra mim!
- Verdade ou desafio?
não agüentava nenhuma bebida em excesso. Ele estava alegrinho demais, e quando ficava alegrinho ele ficava, ahn... perceptivo. Não estou gostando nada, nada.
- Desafio! – Respondeu quase gritando.
- Ok, eu te desafio a sentar no colo do .
- Fácil. – se levantou do tapete e sentou no meu colo, se ajeitou e eu fiquei muito parado.
me olhou e piscou. Maldito.
Ficamos jogando mais um bom tempo, continuava no meu colo até que ela adormeceu. Sim, sério. Ajeitou-se na curva do meu pescoço e dormiu. Levantei-me com ela no colo no intuito de levá-la até o sofá onde podia ficar mais confortável. Quando fui largá-la, ela me segurou mais forte.
- Não, , por favor, não me solta. – Eu fiquei estático. – Dorme aqui comigo, ok?
- Ok, .
O que ela não me pedia rindo que eu não fazia chorando? Sentei-me no sofá ainda com ela no colo e adormecemos ali.
’s POV – Off


Capítulo 11
Ah, sol. Muita luz. Ressaca. Mexi-me pra fugir do sol e senti alguém embaixo de mim. Olhei esperando me deparar com Harry. Mas não era ele.
- ? – Ai, minha cabeça! Nunca tinha percebido como minha voz era aguda.
Ele continuou dormindo, sorrindo fracamente. Levantei-me devagar e subi pra tomar um banho. Deixei a água quente descer pela minha nuca e clarear meus pensamentos. O que diabos eu fazia dormindo em cima do ? Será que eu... Ah, não.

’s POV – On
Eu já estava acordado há muito tempo observando a no meu colo, quando ela se mexeu um pouco, parecendo que ia acordar, fechei os olhos e fingi estar dormindo. Ela resmungou o meu nome fracamente, esperou algum tempo e se levantou tentando não se mover muito. Sempre delicada, .
Esperei ouvir o barulho da escada para me levantar e ir até a cozinha. Busquei um sorvete que eu mesmo havia comprado na véspera para espantar a ressaca. Peguei uma colher e fiquei comendo sorvete, meditando sobre as coisas que eu podia ter feito com a ontem à noite, se James não existisse.
Ouvi passos na escada e logo apareceu na porta com os cabelos molhados e uma camisa enorme que devia ser do Harry. Roupa indecente aquela; ia ter quase uma ereção. Ela deu um sorriso constrangido pra mim e eu estendi uma colher pra ela também comer o sorvete.
- Ajuda na ressaca – eu falei enquanto estendia a colher.
Ela pegou um pouco de sorvete e colocou na boca, depois de engolir falou:
- Então, , sobre ontem à noite, eu bebi, e...
- Não aconteceu nada, .
Ela sorriu aliviada e eu me contive pra não fazer uma careta.
- James iria me matar – ela disse com a boca cheia de sorvete, meio rindo.
Eu sorri tentando parecer compreensivo. Morra, James, morra.
- Mas, e aí, , como anda a Tina?
- Não faço idéia – respondi sincero.
Não via a Tina há o quê? Duas semanas? Pelas minhas últimas notícias ela estava na casa de uma amiga no interior. sorriu, ela me compreendia.
- E o James? – eu perguntei esperando que ela falasse que tudo estava péssimo e se jogasse nos meus braços e chorasse para que eu pudesse consolá-la.
, o que está acontecendo com você? é paraíso proibido.
- Bem, ótimo, na verdade. Vou ligar pra ele, . Obrigada pelo sorvete.
Ela saiu e eu fiquei olhando pela porta, bobo.
’s POV – Off

Fiquei aliviada por eu não ter feito nada com o , afinal eu ainda amava James. Apesar do ser, ahn, bom.
Liguei pro James; ele me convidou pra algum tipo de baile de formandos que iria acontecer na escola no próximo final de semana. James estava no segundo ano, como nós, mas seus companheiros de banda, Matt e Charlie, estavam no último, de modo que ele poderia entrar no baile. Aceitei, claro. Disse também que aquela semana seria corrida, que o Busted (a banda do Jimmy) faria muitos shows. Disse que me amava muito e desligou.
O Busted estava sempre roubando meu tempo com o Jimmy, mas ele gosta tanto. Quem sou eu para privá-lo disso?
Voltei para a sala, e todos já estavam acordados jogando XBox, pulei por cima do Harry. Senti a camisa que eu usava subir um pouco revelando o minúsculo short que eu usava por baixo aparecer. fez uma cara de desapontado e uma de vitorioso. Cenas bizarras.


Capítulo 12
Semana do baile de formandos. Harry iria viajar para a casa da tia dele, ou algo do tipo, e estava super animado. Porém, quando eu disse sobre o baile ele resmungou algo sobre sempre estar por fora do que acontece. Ele iria à sexta (o baile seria no sábado) e voltaria uma semana depois.
Na quinta-feira, pedi ao Harry que fosse comigo escolher um vestido. Depois de milhões de lojas, optei por um preto tomara que caia simples e iria usar uma sandália que já tinha em casa. De acordo com Harry, eu iria ficar hot, e ninguém iria resistir. Eu ri.
Harry me deixou em casa, me disse que qualquer coisa eu ligasse pra ele que ele voltaria correndo.
Entrei em casa, subi até meu quarto e busquei minha mala, ainda feita, que eu havia levado ao Brasil. Procurei no fundo da bolsa os CD’s que eu tinha comprado lá: Fresno, Nx Zero, Fake Number. Resolvi-me por Nx, Di estava quase me implorando pra tocar ‘Agora’ (n/a: entenderam o trocadilho? –Q). ‘Cedo ou tarde’ era a primeira música e havia tocado tanto nas rádios do Brasil que eu já sabia de cor, pulei pra próxima.

Estou aqui pra dizer que eu jamais
Imaginei te ver sofrendo assim
Te ver chorar vai me fazer sofrer ainda mais
Estou aqui pra dizer que eu jamais
Quis te ver assim
E escrever aqui
Tudo o que senti


Desci pra fazer algo pra comer. Era estranho não ter os meninos em casa, quase gritei pro pegar algo na cozinha pra mim. Enfiei algum tipo de comida congelada no microondas e pensei sobre o que Jimmy estaria fazendo naquele momento, enquanto ainda escutava o Di cantando lá em cima.

’s POV – On
Descobri através do Harry que a ia no baile da escola no sábado com o James. Liguei pra Tina na hora e perguntei se ela gostaria de ir, ela disse que não ia dar, que ela continuava na casa da tal amiga. Tenho raiva da Tina às vezes. Decidi que iria sozinho, não podia deixar com James num campus daquele tamanho.
Eu disse sozinho? Quando havia acabado de tomar minha decisão meu celular tocou, era o .
- E aí, -boy, baile de formandos no sábado?
- Claro – respondi um pouco mais feliz por não precisar ficar sozinho.
- Eu e estaremos na sua casa às sete. Vê se não demora muito pra se trocar, noiva.
Mandei um xingamento bem feio pra ele e desliguei.
’s POV – Off


Capítulo 13
Sábado. Dia do baile. James havia avisado que passaria pra me pegar às sete. Queria estar perfeita, aquela seria uma noite para se lembrar, já havia planejado tudo e, bem, quem sabe... (n/a: Oi Blaaaair! USHASAUH –q). Passei o dia todo me ocupando com maquiagem e tratamentos loucos para desaparecer com olheiras. Às sete, James tocou a campainha. Ele estava lindo com uma calça jeans, all star preto, camisa também preta e um terno.
- Você está linda – ele disse me olhando de cima a baixo.
- Você é lindo – eu respondi lhe dando um selinho.

A escola estava toda em clima festivo. A quadra estava linda, toda em tons de vermelho e dourado. Matt e Charlie estavam na porta. Os cumprimentamos e entramos.
James me levou até o meio da pista e começamos a dançar alguma música do Jimmy Eat World.

’s POV – On
Eu entrei naquele pseudo salão de baile e me deparei com e James dançando animados no meio da pista. Meu estômago revirou. me olhou estranho e deu uma risadinha abafada, indo logo depois falar com Giovanna, uma tal que ele estava pegando. (n/a: se seu guy não for o Thommy, finge que não é a Gio –Q)
- Dude, - começou – luta pelo que você quer.
Pergunto-me como o consegue ser tão lerdo e tão sensitivo ao mesmo tempo.
- Naquele dia do verdade ou desafio – Filho da mãe! Ele se lembrava! E eu achando que fosse um bêbado qualquer. – Estava tão na cara que você desejava ela, a cara que você fez quando ela tirou aquele casaco. , qual é a sua? Por que não se declara pra logo?
Eu resmunguei alguma coisa sem nexo, pra disfarçar a vergonha que sentia. Estava tão na cara assim?
- Sim, está tão na cara assim – anos de convivência e o garoto lê minha mente. – Pára de frescura com essa tal de Tina e fala com a logo.
- Mas e o James?
- Foda-se o James. Se você a ama, lute por ela, ! Larga de se fazer de fortão e não encarar seus sentimentos! Aliás, pelo que andei ouvindo do Matt, o James não vai estar na jogada por tanto tempo.
- Mas do que você...
- Aguarde.
saiu me deixando com cara de taxo. Limitei-me a observar por um tempo, como ela era linda. Não dava, simplesmente não dava. Levantei-me, saí do salão e dirigi até o pub mais próximo.
’s POV – Off

Fiquei rindo e dançando com James até que as luzes começaram a ser apagadas no salão e o DJ declarou que aquela seria a última música. Ele segurou minha mão e fomos embora.
Jimmy parou o carro em frente a minha casa, desceu, abriu a porta pra mim e descemos os dois. Na varanda, ele me deu um beijo de despedida, aliás, um suposto beijo de despedida, já que, alguns minutos depois, eu estava abrindo a porta, enquanto James ainda me beijava. Subimos as escadas com ele me carregando.
Deitamos na cama e ele começou a me beijar com mais urgência, como se nunca mais fosse fazer aquilo outra vez. As coisas começaram a ficar mais quentes, quando eu estava apenas com as roupas de baixo, e Jimmy apenas de boxers, eu parei o beijo, ainda ofegante.
- James, eu... eu não estou pronta – falei insegura.
Ele sorriu pra mim como quem entendia o sentimento e se deitou, me fazendo deitar sobre seu peito.
Depois de um silêncio incômodo James se pronunciou:
- Eu te amo, – eu sorri e ele beijou minha testa.
Encostei a cabeça no peito de James e dormi. Nada tinha acontecido realmente, mas quem sabe outra vez. Ele não ia fugir, certo?


Capítulo 14
Acordei sozinha naquela cama enorme e imaginei que James estivesse saído para comprar algo pra comer ou quem sabe estivesse tomando banho. Eu o amava tanto.
Desci as escadas sorrindo radiante. Olhei para o telefone a secretária eletrônica acusava duas mensagens. A primeira era de David, meu primo mais chegado, dois anos mais velhos que eu, perguntando se poderia passar alguns dias comigo. Sorri mais, adorava David, seria ótimo.
A próxima começava com um silencio total. Achei que fosse trote e fui desligar quando ouvi James na linha.
- ? Eu, eu não sei como te falar isso, mas, bem, o Busted, sabe... Bom, agora estou me dirigindo pro aeroporto de Heathrow para que possamos realmente começar nossa carreira. Quer dizer, fomos contratados! Não é ótimo? Eu não podia te acordar, eu nunca conseguiria dizer isso olhando nos seus olhos, espero que você entenda. Desculpe-me por te deixar assim, só quero que saiba que eu te amo. Eu vou te amar pra sempre, . Sempre e sempre. Espero que um dia você me perdoe e, se for pra acontecer, nos encontremos outra vez.
Meu sorriso enorme ia se desmanchando enquanto ouvia aquela declaração. Eu sentia meus olhos queimarem com a mistura de raiva e mágoa que causava lágrimas. Por que eu tinha sido tão idiota de me apaixonar desse jeito? Eu sempre soube que ele teria que ir embora, meu subconsciente sabia, e eu me pergunto por quê? Não, eu não entendia. Por que raios todos que eu amo acabam se distanciando de mim? Por quê?
O que eu faria agora? Sem James? Não podia ficar sozinha, estava na metade da discagem do celular de Harry quando lembrei que ele havia viajado. Não contive um soluço. Pra quem eu ligaria agora? Eu não tinha ninguém. Talvez alguém, minha última opção. Disquei.
Estava quase desistindo da ligação, mas após vários toques alguém atendeu.
- ? – Minha voz saiu extremamente pastosa e chata.

’s POV – On
Xingava James mentalmente enquanto bebia uma cerveja em um pub qualquer que eu me encontrava desde a noite anterior. Por que porra aquele garoto tinha se metido na minha vida e agora tinha roubado a única coisa que fazia sentido pra mim? Ok, sou burro, só percebi depois que ele a roubou de mim. Mas eu realmente gostava de . Não a amava, isso era coisa de maricas. Ou será que amava? Gosh, sempre enevoando meus pensamentos.
Estava me concentrando no que havia falado quando escutei meu celular tocar uma música do Bass Hunter. Só podia ser a me ligando, a própria tinha colocado uma música especial pra quando ela ligasse. Pensei se deveria ou não atender e acabei optando por sim. A voz dela saiu abafada e chorosa do outro lado.
- ?
Ela parecia estar chorando há horas. Senti meu sangue gelar.
- ? Está tudo bem? Quem fez isso com você?
- , o Jimmy... ele... ele... – ela soltou um soluço alto e completou – foi embora.
- Pra onde? Eu vou matar esse garoto, mas afinal, por que eu?
- O Busted, eles... assinaram contrato ou.. eu realmente não sei... – ela continuava chorando. - Harry está viajando e... , eu preciso de você – ela começou a chorar mais alto.
Pedi pra ela que se acalmasse, paguei o barman e me dirigi a casa dela. Então era sobre isso que o falava.
’s POV – Off


Capítulo 15
Fiquei sentada no sofá olhando o vazio enquanto esperava por . Ouvi a campainha tocar uma, duas vezes. Nota mental: dar uma chave de casa ao . Levantei-me com esforço e abri a porta. me deu um sorriso cansado e me abraçou. As lágrimas voltaram com toda a força e quando vi estava soluçando no ombro de dele, falando coisas sem sentido até pra mim.

’s POV – On
Depois de passar por dois sinais fechados, ser xingado pelo motorista de uma BMW e quase atropelar uma senhora que passeava com seu cachorro, cheguei à casa da .
Estava quase arrombando a porta quando uma abatida, com os olhos vermelhos e expressão cansada abriu a porta. Meu coração doeu de vê-la assim, abri os braços convidando ela pra um abraço. me abraçou forte e eu retribuí. Sentia as lágrimas molharem minha camiseta, ela tremia a cada soluço e balbuciava alguma coisa sobre James, e estar grata por eu estar ali.
- Você comeu alguma coisa, ? – Eu perguntei preocupado.
Ela fez que não com a cabeça enquanto me olhava, e minha preocupação aumentou. Já eram praticamente duas da tarde e provavelmente não comia desde a noite anterior. Segurei-a pela cintura e a fiz sentar num banco na cozinha. Eu a tocava e sentia meu corpo arrepiar.
- Deve ter algum moletom do Harry lá em cima se você estiver com frio, . Está esfriando rápido – ela comentou fraca.
- Não, , tudo bem.
Virei-me para a pia e de vez em quando dava uma olhada rápida pra trás pra ver se ela não tinha se entregado as lágrimas outra vez. Fiz uma omelete e um suco de laranja, era a única coisa que eu sabia fazer e ela ainda não tinha tomado café da manhã. Prometi comprar um livro de receita quando estivesse voltando pra casa.
Coloquei o prato em frente a ela, que começou a comer devagar.
- Tá prendado, , já pode casar – ela sorriu tentando parecer forte.
Sorri envergonhado. Por que ela me deixava envergonhado? -pegador- não sentia vergonha de menina nenhuma. Repreendi-me mentalmente enquanto observava comer. Ela era a , era a minha menina, a menina dos meus sonhos, ela tinha esse direito. Era impressionante o quão bonita ela conseguia ficar. Até com os olhos vermelhos ela era bonita.
’s POV – Off

Senti-me tão segura passando o dia com . Assistimos alguns filmes à tarde; ele insistiu em De Volta Pro Futuro. Quando a noite começava a chegar, me senti obrigada a dizer algo pra ele.
- , você sabe que não precisa ficar, já está anoitecendo e seus pais vão ficar preocupados.
- Pára, . Vou passar a noite com você, você não tá em condições de escolher agora – ele sorriu se dirigindo ao telefone. – Vou pedir pizza.
Comemos enquanto assistia um jogo de futebol na tevê a cabo, xingando todos os jogadores que perdiam bolas, ou os que marcavam alguma falta.

’s POV – On
Beckham é um baita de um jogador, admito. Mas aquele era um dos piores jogos que eu já havia assistido. Quando o jogo terminou e olhei pra , ela estava encolhida na poltrona dormindo. Chorar cansa, digo por experiência própria. Se ela ficasse naquela poltrona, acordaria toda dolorida. Suspirei fundo, quando levantei e a peguei no colo. Subi as escadas e a coloquei na cama. Deitei-me do lado dela, virado pro lado oposto pra que minha testosterona não me traísse. , indefesa, dormindo na mesma cama que eu? Eu devia ter ido dormir na sala, talvez assim eu tivesse dormido. Acordei a cada mexida que dava, com medo de que ela se machucasse, caísse, começasse a chorar outra vez, ou sei lá.
Estava perdido nos meus pensamentos quando ouvi bocejar, enfiar a cara no travesseiro e, logo em seguida, soltar um soluço estrangulado. Virei-me e a abracei por trás com força, ela segurou minha mão e eu podia sentir sua barriga tremer com mais um ataque de soluços. Quando conseguiu respirar normalmente, me soltou dela (sim, tirou minha mão da sua cintura) e saiu em direção ao banheiro. Ouvi o barulho do chuveiro alguns minutos depois. Virei-me e fiquei encarando o teto.
’s POV – Off

Espreguicei-me e reconheci que não estava mais na poltrona e sim na minha cama macia e cheirosa, me virei para o travesseiro como fazia todas as manhãs e respirei fundo. Um perfume conhecido entrou pelo meu nariz e a dor no coração voltou. O perfume de James no meu travesseiro. Sem conseguir segurar comecei a chorar outra vez e soltei um soluço.
Senti alguém se virar na cama e me abraçar por trás, pelo cheiro soube que era . Segurei sua mão, a que estava sobre a minha barriga, com força tentando estabilizar meu choro. Quando consegui, me soltei de e fui ao banheiro. Quem sabe um banho não lavasse toda essa depressão pra fora de mim?


Capítulo 16
Tenho mania de escutar músicas enquanto tomo banho. Abri o rádio que eu deixava ali e vi a letra do meu primo em cima, provavelmente um CD que ele tinha feito pra mim. Apertei play e reconheci Scracho. Enquanto tomava meu banho escutava algumas partes da música.
- Mas a história da minha vida começa hoje com a ferida que você fez, você me deixou assim – cantarolei enquanto a água escorria pela minha nuca. – Só quero que você entenda como tudo terminou: lembranças sem valor – continuei.
Já estava no meio da terceira música, “História de Verão” do Forfun, quando parei pra pensar. Quem era James afinal pra eu sofrer por ele? Um idiota qualquer que tinha tido e partido meu coração? Ele merecia aquela noite mal dormida ou qualquer outra que viesse? I don’t think so.
- Já chorei e já sorri, a vida se renova e disso não dá pra fugir – cantarolei junto com o Danilinho (n/a: OOUN *esmaga*), enquanto decidia não sofrer mais por James.
Ele não existia mais pra mim, nada mais do que um ex-amigo meu, ponto final.
Sequei meu cabelo e saí pra minha nova vida.

’s POV – On
Enquanto fitava o teto, escutei cantar no banheiro algo indefinido. Quanto mais tempo ela ficaria assim por esse idiota?
Ouvi-a sair do banho: cabelo molhado, uma boxer desenhada e uma camiseta do Guns N’Roses. Linda, simplesmente linda. Fiquei a encarando por um tempo, ela simplesmente olhou pra mim e sorriu.
- Melhor, ?
- Aham. O Danilinho me deu um conselho ótimo – quem, porra, era Danilinho? E como ela falou com ele do banheiro dela? Calma, , calma.
- Danilinho? – Eu fiz cara de confuso registrando mentalmente que ia matar o filho da puta.
- Danilo Cutrim, vocalista do Forfun, uma banda lá do Brasil. Ele me disse que acaba sempre tudo igual, ninguém esquece no final, mas que foi só mais uma história de verão – ela riu de algum tipo de piada interna e eu sorri.
- Ótimo! – Eu respondi excitado. Não excitado com meu amiguinho up, mas, bem, feliz. – Vamos tomar sorvete?
- Ah, ... – ela fez birra. Ela fica tão linda fazendo birra e... quantas vezes eu já falei que ela fica linda hoje? Meu Deus, preciso parar com isso.
- C’mon, ! Troca de roupa e a gente vai – deitei de novo na cama enquanto ela abria o armário e tirava de lá uma calça jeans, um all star, uma blusinha branca e um moletom azul bebê da Atticus. (n/a: igual do Dógs *-*’)
Ela me olhou de lado e resmungou algo como ‘Somos quase como irmãos, foda-se’ e tirou a camiseta que vestia ficando só de sutiã. Tive que checar se eu não estava babando, ou realmente up dessa vez. se vestiu rapidamente, tirando também a boxer pra colocar o jeans enquanto eu olhava abobalhado pra onde ela se trocava.
- Tá muito ruim, ? – Ela disse interpretando a minha cara de tarado como uma cara de reprovação.
- Não, tá linda – eu dei meu melhor sorriso galã e dei o braço pra ela. – Vamos, madame?
riu e me deu o braço.
- Ahn, ?
- Sim?
- Você não acha que era bom colocar suas calças e passar um pente nesse cabelo? – ria histericamente e, ao me olhar no espelho, vi eu mesmo vestindo boxers e uma camisa amassada, com os cabelos bagunçados.
Procurei minha calça, enquanto procurava algo no armário. Ela me jogou uma camiseta que não era de Harry, não mesmo. Eu conhecia as camisas do Judd. Nossa, que gay.
- De quem é a camisa?
- David.
- Quem é David? – Eu perguntei possessivo.
- Meu primo – ela respondeu sorrindo.
É, o tipo de primo que ela brincava de médico quando os pais não estavam olhando. O tipo de primo que ela deu o primeiro beijo. O tipo de primo que eu gostaria de ter sido pra ela.
- David é como meu irmão, caso você pense que eu brincava de médico com ele – ela revirou os olhos.
Sorri quase aliviado, devo dizer. Man, qual é a minha? Eu estava apaixonado pela ou o quê? Se estar apaixonado significava que cada vez que ela sorria minha pressão sanguínea subia, que cada vez que ela ficava mal meu coração ardia... Sim, eu estava apaixonado. , apaixonado, essa é nova, devo dizer.
’s POV – Off


Capítulo 17
Tomei sorvete com o , ele me deixou em casa e a semana passou sem mais. Assisti milhões de DVDs e, pelas minhas contas, Harry chegaria à sexta. David havia ficado de me ligar pra dizer quando viria pra cá.
Ouvi o barulho irritante do telefone, e desci a escada pelo corrimão, consequentemente caindo de cara no carpete felpudo.
- Alô? – Eu atendi o telefone rindo do meu capote.
- Mas tá tudo tão bem assim mesmo? – Escutei David rir do outro lado.
- Sempre – fiz joinha com a mão, parando rapidamente quando me toquei que ele não podia ver e rindo de novo.
- , vou chegar em Londres no sábado, você ainda mora na mesma rua?
- Memory Lane, 502. Yep!
- O nome da sua rua é inspiradora, escreve uma música. – David riu.
É eu sempre havia gostado daquele nome. Na verdade, só morava naquela rua pelo nome.

[Flashback - On]
Uma de seis anos estava sentada na frente de uma casa levemente azul, enquanto as folhas de outono caiam.
- Mas, mãe, eu gosto daqui, meus amigos moram aqui – eu disse fazendo bico.
- Os Judd vão se mudar conosco, filhinha, eu sei que o Harry é seu melhor amigo. Agora vamos, foi você mesma quem escolheu o nome da rua...
- Memory Lane – eu me concedi um sorriso e minha mãe, aproveitando a deixa, me deu a mão e fomos até o carro.
[Flashback – Off]

- Mas então, que horas você vem? Quer que eu vá te esperar na estação?
- No way! Te encontro aí, chego no sábado, sem previsão de horas. Até lá, cousin.
David , meu primo mais próximo. Dono de grandes olhos verdes e cabelos loiros bagunçados. Fazia sucesso, mas sempre que saía comigo reclamava que eu não deixava as meninas ‘chegarem’. O que ele chamava de ‘meninas’ eu chamava de ‘vadias’. Assusto-me que ele nunca tenha pagado sua ex-namorada, Kelly, por hora.
Suspirei ao desligar o telefone e olhei no calendário digital: vinte e oito de novembro - sexta-feira. O quê?! Busquei as horas no mesmo calendário – 15h30m. Harry estaria na rodoviária em meia hora. Certo, tudo bem. Subi correndo as escadas e tirei do meu guarda roupa uma calça jeans, camiseta dos Beatles, all star branco e um casaco pesado preto. O tempo estava realmente começando a esfriar, provavelmente ia nevar no Natal.
Passei mentalmente minha vida na cabeça. Cinco dias para os meus dezessete anos, cinco dias para o começo das aulas, não mais James, David em casa até o Natal, provável zona em casa, sem meus pais outra vez. Suspirei. (n/a: eu sei que as aulas normalmente começam em Setembro por lá, mas faz de conta que começam em dezembro mesmo, -Q)
Desci as escadas, dessa vez normalmente para não correr riscos, peguei a chave do brilhante Volvo prateado, meu xodó, e atravessei o jardim em direção a garagem.

Dez minutos e eu já estava na frente da rodoviária. Peguei o celular de dentro da enorme bolsa que eu carregava por aí e disquei.
- Ei, quase-aniversariante!
- Ei, ! – sorri. – Os meninos estão por aí?
- Você achava que não? Bando de folgados, não tem casa... Outch! Enfia essa almofada no seu...
- Ok! – Eu quase gargalhava. – Estou pegando o Harry na rodoviária...
- Sempre soube disso, ! Sempre soube que você se pegava com o Harry e... Porra, ! Pára com essas almofadas!
Eu tinha os melhores amigos do mundo, fato.
- Continuando – eu revirei os olhos –, estou indo pra casa daqui meia hora e espero que vocês estejam lá. A chave está dentro do vaso de tulipas. Sejam felizes, não destruam nada enquanto eu não chegar lá.
- Sim, senhora – ouvi um barulho de tapa.
- Ela não pode ver você batendo continência, idiota! – Ouvi gritar.
- Fala pro que mesmo assim eu ouvi. Encontro vocês em meia hora, beijos.


Capítulo 18
Deixei meu volvo estacionado com uma dor no coração.
- Volto logo, fofinho – mandei um beijo pro carro.
Um senhor que passava me olhou estranho e eu sorri pra ele. Entrei na rodoviária rindo e acenei pra Harry, que estava num banco falando ao celular. Dei um beijo na bochecha dele.
- Sim, a ta aqui – ele disse pra quem quer que estivesse do outro lado. – Mas claro que vou falar! Sim, me preocupo. Tchau.
- Como foi sua viagem? – Falei pegando a mala de rodinhas de Harry de chão e começando a arrastá-la para que pudéssemos ir pra casa.
- Normal – ele respondeu indiferente. – Como foi o baile?
- Legal – sorri com custo me lembrando de James.
- Nada a mais pra me contar?
- Andou falando com o ? – Me surpreendi com a irritação na minha voz.
- Você devia ter me contado que o James foi embora, eu teria voltado pra ficar com você.
- E é exatamente por isso que eu não contei.
Por um momento pareceu que Harry ia começar a gritar comigo, mas ele apenas parou e me abraçou, com a força que eu vinha precisando há um tempo. Eu teria chorado, mas minhas lágrimas haviam se esgotado naquele primeiro dia. Na verdade, nunca tive muita paciência pra lágrimas.
Chegamos ao Volvo e Harry disse:
- O Volvo? Trouxe o Edward pra passear?
- Ele não saia há tanto tempo – respondi passando a mão pelo carro.
Harry entrou no carro rindo.
- Ponha o cinto, Bella – eu disse rindo antes de arrancar.

Minha casa cheirava bebida. Não sabia como , e haviam conseguido, mas nos dez minutos que eles haviam ficado lá dentro a casa já cheirava a cachaça. Suspirei e abri a porta carregando a mala de Harry.
- Olá, família! – Harry gritou entrando na casa e se jogou em cima dos meninos que dividiam o sofá.
- Porra, Harry, o que você anda comendo? Tá gordo – reclamou .
- Sua mãe, loser. – Harry mostrou o dedo.
- Calma, crianças, a mamãe chegou - falei rindo da situação.
Aproveitei o momento pra jogar um olhar maligno pra que dizia com todas as letras ‘idiota-nunca-mais-te-conto-nada’. Ele abaixou a cabeça, envergonhado.
- , o Harry te comeu? Primeiro, se pegam na rodoviária, agora ele diz que comeu minha mãe e você fala que é mamãe e...
- Cala a boca, – Harry deu um pedala nele, que reclamou.
- Atenção, bebês, me escutem – os quatro olharam pra mim. – Amanhã meu primo vai vir pra cá, então nada de bagunça demais, não quero bêbados babando no meu carpete quando o David chegar.
- Que chato – resmungou.
sempre foi o mais quietinho, mas estava se assumindo um festeiro de plantão ultimamente.
- Já que não vamos beber - Harry continuou –, acho que nossa banda precisa de um nome.
- E eu acho que nós precisamos de um filme pra assistir – falou e me apontou a estante de filmes pra que eu pegasse algo. Bufei e fui.
- Eu falo sério! Quem leva a sério uma banda sem nome?
- Sem nome, sem futuro – eu comentei.
- Yeah, vamos arranjar um nome – apoiou.
- Eu pensei durante a semana e, o que vocês acham ‘The Harry and the Crickets’?
Não conti uma risada, que logo disfarcei com uma tosse fingida.
- Tô com cara de dançarina de auditório? – perguntou. – Não vou ser crickets porra nenhuma. Eu voto por The Losers.
- Só se você for o loser – respondeu.
Continuei procurando filmes, de preferência um que nós não tivéssemos assistido muitas vezes. Silêncio, enquanto os meninos me observavam procurar o DVD e pensavam num nome pra banda.
- McFly! – gritou.
- Porra, , chega desse filme. Já sei até as falas do Marty – eu revirei os olhos.
- Não, , o nome pra banda!
- McFly! – Harry gritou.
- E aí vem o maior sucesso de todos os tempos, diretamente de Londres, Inglaterra: McFly. – falou com voz de locutor, enquanto imitava gritinhos histéricos.
- Perfeito! – Eles gritaram juntos e riram logo depois.
Sorri feliz. Aleluia, um nome pra essa banda.
- Vamos ensaiar? – fez bico.
- Só se você largar de ser tão gay, mate. – respondeu.
- Você sabe que eu não me controlo ao seu lado – respondeu com voz afeminada que me fez rir.
Os meninos olharam para mim, depois uns para os outros e para mim outra vez.
- Já! – Harry gritou e eu saí correndo e rindo.
Subi correndo as escadas para o quarto de hóspedes que os meninos usavam para ensaiar às vezes. Sentei na bateria de Harry e toquei qualquer coisa inventada, só pra deixar ele nervosinho porque eu estava mexendo na Betsy, a bateria.
- Não, a Betsy, não! A estraga toda a graça da brincadeira.
Sabia que ele ia fazer bico.

’s POV – On
Entrei no nosso pequeno estúdio que mantínhamos na casa da com um sorriso no rosto. Ensaiar. Quanto tempo que não fazíamos isso! Acho que colocar um nome na banda vai facilitar nosso crescimento. McFly.
Desmanchei o sorriso quando vi sentada no colo de Harry dando beijinhos no seu rosto enquanto ele fazia bico, se segurando pra não rir. Senti o olhar de me repreendendo e dar mais uma de suas risadinhas. Vou mandá-lo tomar no cú qualquer hora.
- Vamos parar com o puteiro, aí? – Minha voz soou mais irritada do que eu esperava.
- Ih, , isso se chama falta, sabia? – respondeu rolando os olhos, mas saiu de cima do Harry.
- A Tina não tá mais agüentando? Ah, é, ela não te liga faz mais de um mês, tá na casa de uma amiga. Você não cansa de ser corno manso, ?
Ok, Harry tirou com a favela agora. Avancei pra meter um soco no meio daquela cara pretensiosa que ele fazia, mas a entrou no meio e meu soco acabou atingindo a bochecha dela. A minha cara de ódio se transformou numa cara de profundo arrependimento. me olhou como se não acreditasse no que eu tinha feito.
- Sai da minha casa – ela fez uma pausa e respirou fundo. – Agora!
- Parabéns, Harold – fui saindo do quarto puto da vida.
Harry me seguiu.
- Parabéns o quê? Seu palhaço. Não pode ver a dando atenção pra ninguém que já perde a paciência. Você é idiota, ? Você acha que ela vai dar atenção pra você enquanto você pegar todas as menininhas? Por que você acha que ela gostava do James? Porque ele foi sério e sincero com ela. James pode tê-la deixado, mas não antes de fazê-la feliz. Você a deixou quando ela se entregou, idiota.
Bati a porta da casa ainda escutando Harry gritar comigo. Como eu pude ser tão burro? Devia ter aprendido com meu ídolo e agora inspirador do nome da minha banda que o passado influencia totalmente no futuro.

[Flashback – On]
Eu era um pateta de quatorze anos, me achava o bonzão. Minha mais nova aquisição era a minha até então melhor amiga, . E eu simplesmente a beijava pra ocupar minha boca e minhas mãos, já que não sentia absolutamente nada por ela.
- Oi, – ela sorriu e me deu um selinho.
Uma loira, simplesmente gostosa e uns dois anos mais velha passou atrás de e piscou pra mim. Sou homem. Quem você escolheria, meu amigo? Uma loira peituda mais velha ou a sua melhor amiga, uma menininha desajeitada que andava com tênis largos e se vestia como você? Loira!
- , chega, né? Essa nossa brincadeirinha de pegação já deu.
fez uma cara que eu não consegui identificar.
- Você tem razão, . Boa sorte com a Holly – ela falou simplesmente e saiu andando.
Então o nome da loira era Holly? Hm...
[Flashback – Off]

Hoje em dia eu posso classificar a feição de como quem tentava mascarar o sofrimento. Uma mistura de vontade de me estapear com mágoa. Vendo assim, acho que ela chegou a me amar naquela época. Como eu sou burro!
Bati a porta do meu Eco com força e comecei a bater a cabeça no volante. Eu ia ter uma hemorragia interna se não parasse. Quem se importa? Fuck, essa doeu muito! Desisti de bater a cabeça. Liguei o carro e Mark começou a cantar Dammit a plenos pulmões. Suspirei como uma bichinha desconsolada. Eu era quase isso. Eu era um garoto apaixonado. Quem pode me culpar pelos meus atos? Dirigi até o pub mais próximo.
’s POV – Off


Capítulo 19
Sinceramente, quero que o tropece, entre em coma e acorde só daqui trinta anos quando eu não precisar mais aturar ele. Idiota! Tudo bem que foi sem querer que ele socou a minha cara mas, poxa, ele ia bater no Harry! Meu Harry! Eu repito: idiota!
- Outch!
- Se eu não colocar o gelo, vai doer mais depois – respondeu enquanto encostava o gelo na minha bochecha.
Harry estava andando de um lado pelo no outro na cozinha, estava jogando Tetris sentado na bancada e eu estava sentada na pia enquanto passava gelo no meu ferimento de guerra. Não é exagero. Bom, talvez seja. Ah! Tá doendo!
- ... – eu gemi de dor.
- Ah, me dá essa porra aqui.
deu o gelo na mão de Harry e eu fiquei com medo. Ele estava, na falta de outra palavra, descontrolado com e ia acabar me machucando mais do que o estava. Mas para o meu espanto ele passou o gelo delicadamente e eu fiz uma cara de alívio.
Olhei no relógio do microondas e descobri que passava das seis da tarde. Me consolei pensando que no outro dia David estaria em casa.
- é um idiota mesmo – Harry disse irritado pressionando o gelo contra a minha bochecha fazendo com que eu gemesse outra vez. – Desculpa, .
olhou pra Harry com um olhar que dizia ‘você-sabe-o-porquê-disso’. riu. Aliás, ele tinha adquirido esse hábito de dar risadinhas gays, como se soubesse de algo que não queria nos contar. Vou espancar ele na próxima vez que ele fizer isso.
- Quero assistir filme – disse indo até a sala.
- Quero assistir Awake! – Eu gritei da cozinha.
- Que porra é essa? – Harry.
- É um filme legal, ok? Me dá esse gelo aqui, Harry, e vai indo pra sala.
Joguei o gelo na pia, coloquei pipoca no microondas e tirei suco e refrigerante da geladeira. Levei tudo pra sala enquanto os meninos colocavam o filme.

’s POV – On
- Oi, Bob – eu acenei pro segurança e entrei.
Eu estava praticamente sozinho no pub, já que pouco passava das seis e ele havia acabado de abrir. Sentei num banco no bar e pedi um whisky duplo. O cara do lado me olhou.
- Dia ruim?
Resmunguei como resposta. Odeio caras que falam comigo em bares. Meu negócio é mulher, amigo, e especificamente uma que eu acabei de bater. Graças a Deus, meu whisky. Tomei um gole que acabou com metade da bebida. O cara do meu lado assobiou em aprovação e continuou:
- Qual é o nome dela?
Eu disse que odiava esse tipo de cara, mas qual é o problema de eu me abrir pra ele? Nunca mais vou vê-lo mesmo e um sentimento muito grande pra eu guardar. Gosh, como eu estou ficando gayzinho ultimamente.
- – eu sorri só de pronunciar o nome.
- A propósito, eu sou Dave.
- Pode me chamar de – eu acenei com a cabeça.
- Mas então, o que a nossa amiguinha fez?
Eu contei tudo pro tal Dave. Desde quando eu tinha catorze anos e tinha dito não a , até o episódio de mais cedo, passando por James e tudo o mais. Ele resmungava em concordância algumas vezes e prestava atenção no que eu falava. Ele me impediu de beber até vomitar, isso é um fato. Era bom falar sobre aquilo, fazia eu me sentir leve.
Quando me dei por conta já eram três e meia da madrugada e o pub estava apinhado de gente. Pedi desculpas ao tal Dave por prendê-lo todo aquele tempo.
- Qual é, cara. Não foi nada, realmente.
- Mas, e você, o que te trás a Londres?
- Estou viajando por aí. Fiz dezoito anos e resolvi viajar, isso já faz quase um ano. Essa é minha última parada, depois vou pra casa, fazer faculdade antes que meus pais me matem. – ele riu.
O cara era tudo que eu queria ser. Exceto pela parte da banda. Claro que eu já havia contado a ele sobre o McFly. Disse que se ela continuasse a existir depois dos eventos recentes, ele poderia nos ver tocar, nos dar dicas ou sei lá. Ele aceitou, apertamos as mãos e fui pra casa dormir.


Capítulo 20
Aceitando um dos conselhos do Dave, eu acordei. Demorei uma eternidade pra escolher minha roupa e me dirigi à casa da , pra pedir desculpas. Ficava me olhando no retrovisor toda hora, passando a mão pelo cabelo, nervoso. , o que essa menina tá fazendo com você, garanhão?
Tranquei minha consciência e toquei a campainha.
- Dave?
’s POV – On

Eu me diverti no resto do dia. O lugar onde o havia me acertado não estava inchado, mas estava bem roxo, pelo que eu pude ver, e doía um pouco, pelo que eu podia sentir. Apesar de tudo, eu estava eufórica. O David chega hoje!
Acordei pateticamente cedo, e os meninos estavam jogados pela sala babando no meu carpete. Sorri e fui andando até a cozinha pra beber um suco. Certo, talvez não fosse tão cedo. Eram onze e meia da manhã e eu ainda estava de pijama, achando que estivesse adiantada. Antes que eu pudesse me desesperar a campainha tocou.
Saí correndo até a porta, abri e pulei em cima do David gritando e mordendo a bochecha dele. (n/a: sim, é possível UAHSAUH) Escutei Harry gritar da sala pra eu calar a boca, mandar Harry calar a boca e gritar ‘montinho’. Ri sozinha enquanto ainda abraçava David.
- Nanica! – Ele me abraçou mais forte.
- Seu sumido! Faz quase um ano que eu não te vejo. Onde estava dessa vez? Você sabe que a tia me liga quase toda a semana pra me perguntar se você vai fazer faculdade e mandou dizer que é pra você voltar.
Ele sorria. Estava mais bonito do que eu me lembrava. O cabelo loiro um pouco mais comprido e bagunçado, tinha um piercing no lábio e um alargador na orelha. Um bronzeado dourado, lembrança da recente visita a Grécia.
Entrei em casa arrastando David pra sala e o apresentei a e , já que Harry conhecia David da última vez em que ele havia estado em casa.
- Tá gato, hein, mona? – Harry assobiou.
- Só pra você, gato. – David piscou.
- Olha aqui, lindinho, eu sei que você chegou agora, mas essa bicha é minha. – se jogou em cima de Harry enquanto eu ria.
A campainha tocou outra vez, David se levantou pra atender porque eu não conseguia parar de rir das caras e bocas que estava fazendo.

’s POV – On
- ? Cara, o que você... A ? Mas... Nossa.
Dave, o cara do bar, era David, o primo da . Só comigo essas coisas acontecem! Porra, porra, porra.
- Bom, entra aí.
Não sei o que foi que me deu, mas a minha cara de desespero devia estar evidente já que deu mais uma das suas risadinhas. deu um tapa nele. Serviu pra descontrair, eu ri.
- E quem é esse, ? – David, Dave, ou sei lá o nome que ele usa, apontou pra mim.
fez uma cara estilo ‘morra’ e fez um gesto em direção a sua bochecha que estava bem roxa. Sou fortão, man! Nem eu conhecia minha força e...
- É o .
- – eu apertei a mão dele.
e Harry se encararam, mas não antes de Harry me olhar de cima a baixo. Me avaliando, talvez? Não sei, não sabia nem o que falar pra .
Resolvi passar pro plano B. Tirei uma caixinha prateada com um laço verde limão do bolso, me ajoelhei na frente dela e dei a caixinha. Ela me olhou com medo e abriu.
’s POV – Off

Senti meus olhos brilharem.
- Ah, meu Deus! É a coroa que eu queria!
Fiquei saltitando pela sala segurando o pingente prateado com um tipo de strass roxo. Parei na frente de Harry pra que ele pudesse prender o colar no meu pescoço. Parei na frente do espelho com o colar e fiz caras e bocas.
Ok, está perdoado, . Eu ri, feliz com o colar e abracei que a essa hora já tinha levantado e estava parado ao lado de David.
- Me desculpa, . Eu nunca conseguiria ficar brigado com você.
Ele sussurou enquanto brincava com meu cabelo. Nos soltamos. Pude ouvir soltar um suspiro e vi David sorrir.


Capítulo 21
tinha sido a coisa mais fofa de todas naquela sexta feira, e eu o perdoei, se é que tinha algo para ser perdoado. Apesar disso, a minha bochecha continuava roxa. Meus três dias com David serviram pra mostrar que ele não era mais o menininho inconseqüente de dezesseis anos, esses dois anos de viagem o mudaram, muito. Ele não era mais o meu David.
O final de semana passou sem mais. Só vendo filmes, comendo pipoca, fazendo guerras com almofada, jogando.
- Chega, , tá chato ganhar de você – eu ri.
- Você tá roubando, . É injusto – ele respondeu com um bico.
- Ah, claro – eu revirei os olhos. – Quem é o próximo a enfrentar a titia aqui?
David empurrou pra fora do sofá e se sentou do meu lado.
- Disputa em família! – gritou e logo , e Harry apareceram na sala.

’s POV – On
Toda vez que eu olhava pra e via aquela bochecha roxa e dolorida, eu tinha vontade de voltar a bater a minha cabeça no volante. Loser, eu sei.
Enquanto eu pensava nas burrices da minha vida, e meu pensamento pulava pra , mesmo eu tentando pensar em outra coisa, ouvi gritar algo da sala. Dei-me com e David rindo feito descontrolados jogando X-Box.
- Sim! Eu sou boa, nem você conseguiu me derrotar! – bateu um hi-five com , enquanto David olhava pra ela como se não a conhecesse.
- Você cresceu, nanica – ele comentou. – Me pergunto onde foi parar a minha – ele acrescentou mais baixo, mas eu pude ouvir perfeitamente e também, pelo visto.
Ela parou toda a sua comemoração de correr pela sala e olhou pra David, seus olhos marejaram. Eu vi!
- Agora quero ver se você me vence, . – Harry se apressou em empurrar David do sofá e dar uns tapinhas onde queria que sentasse.
Ela não fez isso. Ela pegou um casaco que estava jogado em uma das poltronas e saiu pela porta.
David fazia os mesmos comentários doloridos que eu. O cara era meu sósia, versão brasileira.
- Eu vou – levantei a mão e saí pela porta atrás de .
Antes de fechar a porta escutei Harry dizer algo como ‘Cara, essa foi tensa’.
’s POV – Off

Talvez eu estivesse de TPM, talvez o fato do meu aniversário ser amanhã esteja me afetando ou talvez, o que é mais provável, David me pegou de surpresa com aquela frase. Me pergunto onde foi parar a minha . Já que eu pensava a mesma coisa em relação a ele.
Estava frio, estava muito frio mesmo, e faltavam mais de vinte dias pro Natal. Vai nevar antes do que eu previ.
Sentei em um banco num parque, apertei o casaco contra o corpo e percebi que não era o meu, era o do . Eu sabia por que tinha o cheiro dele e, bem, não é um cheiro que eu iria esquecer tão facilmente. Eu já fui tão perdidamente apaixonada por ele, olhando pra trás parece que faz séculos desde quando eu decidi que não iria mais pensar nele.

[Flashback - On]
- Quero que a Holly morra, Harry! – eu chorava em seu ombro.
- é um idiota, . Deixa ele, um dia ele vai se arrepender.
- Eu o amo, Harry, amo!
Harry me abraçou com mais força, enquanto eu molhava sua camisa com as minhas lágrimas.
- Eu não vou mais pensar nele, não vou mais olhar pra ele, não vou mais considerar ele nada mais que um amigo. Ponto – engoli o choro com dificuldade e Harry sorriu pra mim.
[Flashback - Off]

Olhando pra trás, acho que essa época ‘ -loves-Holly’ foi na mesma que a mãe dele ficou doente.
Quando olhei pro lado e vi correndo até mim, achei que estivesse tendo alucinações. Pisquei os olhos com força e me encolhi com o vento frio, olhei pra frente a abracei as pernas.
- Quer conversar? – perguntou e eu fiz que sim com a cabeça.
- Me distraia – eu me senti meio Edward nesse momento.
- Certo... Bom, minha mãe continua no hospital, sabe? A enfermeira não quer me dar informações concretas, mas eu realmente acho que ela está morrendo. Quando eu cheguei a essa conclusão quase tive um AVC, mas pensei melhor e, bem, não é como se ela já estivesse morta? Quer dizer, ela não fala comigo e... bem, eu achei que assim fosse mais fácil pra lidar, mas não é.
Deixei de olhar pra uma casa particularmente estranha do outro lado da rua e olhei pra . Os olhos dele brilhavam, imagino que com o choro contido.
- É, ela realmente está viva – ele finalizou e me olhou.
- Eu estava pensando a mesma coisa que David me disse, sabe? Eu estava pensando naquele momento em como ele havia mudado, me perguntava onde foi parar o meu David. Suponho que as pessoas mudem. Acho que isso é crescer.

’s POV – On
- É, acho que sim – eu respondi sem nada pra comentar depois daquilo.
Eu tinha falado demais e, bem, tinha aberto o coraçãozinho dela pra mim. Eu falei coraçãozinho? Nossa, tô virando gay. Mentira, é só uma coisa que eu gosto de chamar de ‘efeito ’. Além das palavras no diminutivo esse efeito provoca sorrisos bobos e olhadinhas furtivas pra ela.
Depois de algum tempo de silêncio e eu ter fingido não ver algumas lágrimas que escorriam pelo rosto dela, me levantei e estiquei a mão.
- Vamos? Harry vai ter um infarto se você não voltar logo.
Ela sorriu e se levantou, ignorando a minha mão, mas me abraçou pela cintura pra voltarmos e eu, claro, fiz o mesmo.


Capítulo 22
Voltamos pra casa, e Dave e mal se olharam. Resolvemos dormir na sala, jogamos três colchões de casal lá e teríamos que dividir - com , Harry e David, eu e .
Depois da maior briga de travesseiros pra conseguir arrumar tudo, nos deitamos pra assistir um filme. Como eu havia previsto dormiu logo, encostada em . Coisa que eu não havia previsto e que me deixou mal humorado.
Amanhã era o aniversário dela. Dezessete anos, ela seria a última de nós a completar, já que havíamos feito aniversário nas férias ou mais pro começo do ano. Mal conseguia esperar para vê-la abrir o presente conjunto que nós quatro preparamos pra ela. Além desse, eu comprei mais uma coisinha pra ela, nada demais, assim como eu tenho certeza que Harry também fez.
Já estávamos no terceiro filme e os únicos que estavam acordados era eu e David.
- . – ele disse e eu resmunguei pra mostrar que eu estava ouvindo. – Eu vou embora, antes dela acordar, ela não merece passar o aniversário magoada.
- Ela iria querer que você ficasse, mas faz o que for melhor pra ti. – desviei o olhar da tevê pra um relógio de parede - quatro e meia da manhã.
Nesse mesmo momento um celular começou a tocar.
I don’t want this moment to ever end, but everything is nothing without you.
Só podia ser o da , nenhum de nós gostava de Sum 41. David se esticou até o sofá e pegou o celular roxo e verde, olhou a bina e virou em minha direção pra que eu visse também: James. Aquele filho da puta tem a cara de pau de ligar pra ela e... Peraí, como ela deixa aquela música pra ele?
- Alô? – David disse. Pulei pro sofá pra que eu pudesse ouvir o que aquele gambá falasse.
- Quem é?
- David.
- Posso falar com a ?
- Só pra te situar, colega, são quatro e meia da manhã e ela tá dormindo. E aliás, como você tem coragem de ligar pra ela depois de...?
James desligou. Veado.
Me lembrei que as aulas começam hoje. Mas nós não freqüentamos a escola em aniversários, o que significa que pra nós, só amanhã.
David se levantou com cuidado pra não fazer barulho, subiu a escada e voltou alguns minutos depois com uma mala.
- Cara, o que você quer que eu fale pra ela?
- Não fala nada – ele respondeu. – Ela vai saber, ela sempre sabe.
Fiquei olhando pra ele enquanto ele abria a porta.
- E, , – ele continuou – luta por ela.
Eu sorri e David fechou a porta.
Voltei pro colchão ao lado de que roncava alto e procurei dormir.
’s POV – Off

Eu acordei e me espreguicei, sorri. Era meu aniversário! Senti algo errado quando Harry me olhou, preocupado, do outro lado da sala. Não sei como, mas eu sabia.
- David... – eu disse e Harry fez que sim com a cabeça.
Senti minha garganta presa. Resolvi subir e tomar um banho. Ao chegar ao quarto, me deparei com uma caixa preta com um laço azul em cima.
‘Você conhece os motivos. Parabéns e eu te amo. Xx, David.’
Abri a caixa e me deparei com um macaco com uns quatro palmos de altura, preto, com um laço roxo preso no pescoço. Agarrei o macaco, deixei o banho pra lá e desci as escadas correndo.
- Meninos! Eu ganhei um macaco! – continuei correndo até a sala enquanto berrava.
Cheguei à sala. Harry segurava um embrulho, também, e seguravam a mesma caixa, que parecia ser do tamanho da do macaco que eu havia ganhado.
Harry foi o primeiro a se manifestar. Me abraçou e me entregou um embrulho que continha um All Star amarelo, que eu vinha tentando achar nas lojas há mil anos. Dei um gritinho e abracei Harry outra vez.
foi o próximo.
- Parabéns, .
Ele me deu um moleton azul claro da Atticus. (n/a: igual do nanico, sabem? *-*’)
- Agora não precisa mais roubar os meus. – Harry riu.
- E esse... – agora se pronunciou.
- É o nosso presente conjunto. – completou sorrindo e me entregou a caixa.
A caixa era feita de uma foto de nós cinco na London Eye. Eu estava rindo de cavalinho em Harry, fingia enforcar o , que fazia uma careta engraçada, e estava, aparentemente, tentando ajudar Harry a me sustentar; todos rindo.
A foto era a tampa e na lateral da caixa tinha uma frase destacada, no meio de tantas outras, que os meninos assinaram embaixo com letras cheia de voltinhas e histórias.
‘We sign our cards and letters, BFF. You've got a million ways to make me laugh! You're looking out for me, you've got my back, it's so good to have you around!’
Eu sorria conforme ia lendo cada coisinha babaca que os meninos haviam escrito pra mim. Na maioria, letras de música das minhas bandas preferidas, músicas que eu costumava cantar com eles.
‘Memory Lane, and I’ll remember you always.’
- Essa é do McFly – Harry esclareceu sorrindo. – Ainda está sendo escrita.
Senti que o sorriso não cabia mais no meu rosto e abracei mais uma vez os meninos. Abri a caixa e lá dentro havia milhares de coisinhas que me lembravam eles. Fotos, cartões e uma camiseta, escrito “McFly’s 1# Groupie”, o que nos rendeu longas risadas durante a tarde toda.
- Pra você se lembrar da gente sempre, pequena. – Harry disse.


Capítulo 23
Quarta-Feira. Primeiro dia de aula para nós, já que o resto do pessoal havia começado ontem. Os meninos ainda estavam dormindo e faltava uma hora pra entrarmos nas aulas. Subi as escadas, peguei uma guitarra e uma caixa, liguei. Comecei a tocar uma música qualquer.
- Pára, pára... – gemia e se enfiava em baixo das cobertas.
, e Harry se espreguiçavam pra levantar e eu continuava tocando.
- Acordar com Michael Jackson é uma honra. – , ele reconheceu que eu tocava Black or White.
- Ainda mais tocado por mim. – Fiz cara de boazuda. E subi de novo pra pegar os uniformes.
- É uma palhaçada estar no último ano e ter que usar uniforme. – leu meus pensamentos enquanto eu jogava um uniforme pra ele.
Meninos: calça social verde musgo, camisa bege com o logotipo da Middle High School, com uma gravatinha listrada em verde musgo e preto. Meninas: saia xadrez verde e preta, camisa igual a dos garotos, só que mais colada.
A maioria do pessoal que freqüentava a escola usava sapatos ou sapatilhas ou até saltos agulha pra ir pra escola toda a abençoada manhã. Eu me limitava a usar All Star ou, no caso de hoje, um adidas totalmente gasto verde musgo e preto. Usava também o colar com o pingente de coroa que havia me dado.
Me olhei no espelho que ficava no hall de entrada de casa e alisei a saia, tentando fazê-la não parecer tão curta como era.
Dividi a pia com os meninos, tentando escovar o dente, quando terminei peguei o secador e comecei a dar um jeito no meu cabelo. Não ia dar tempo de tomar banho, já que tínhamos apenas mais meia hora, então me contentei em secar minha franja que agora caía perfeitamente lisa em cima do meu olho. Passei um lápis pesado e quando me dei por contente, peguei minha mochila totalmente preta e comecei a gritar pros meninos se apressarem.
Saímos na rua alguns minutos depois e nos dividimos nos carros. Eu, e Harry com o meu Volvo. e na Eco de , que não ficou nada feliz em emprestar o carro.

’s POV – On
Por um milagre, chegamos na escola dez minutos antes do sinal. Olhei pro pátio e não encontrei a Tina. Antes que você pense que eu sou um puto e vou pegar a Tina enquanto amo a , está enganado. Se bem que não seria má idéia e... , se controla. Vou encontrar a Tina e terminar com ela.
- Quem te deu esse olho roxo, ? Vou mandar flores. – Josh, um dos populares falou fazendo a manada rir.
Achei estranho: Chelsea, a fêmea dominante, não estar ao lado de Josh naquela hora. Eles faziam o tipo ‘casal-feliz-inseparável’. Dois escrotos, se mereciam.
sorriu pra ele, que pareceu meio perdido por um momento. Essa menina não sabe o poder que ela tem, fato.
Avisei que ia dar uma volta na mesma hora que três loiras chegaram e começaram a se dar pra , e Harry. Vi revirar os olhos, sorri e fui andando até a parte de trás da escola.
Já havia decidido que a abordagem seria rápida. Um oi, uma desculpa e um tchau.
Fui andando e observando tudo. A Middle era bem bonita, até, era cheia de árvores, onde você podia se encostar pra dar uns amassos. Os nerds usavam como lugar tranqüilo pra ler.
Olhei pras árvores me lembrando de todas as histórias que aquele lugar me lembrava e reconheci uma juba de cabelos castanhos atrás de uma das árvores. Tina. Biscate, lazarenta. Casa da amiga? Ah, claro. Harry tinha razão.
Fui me aproximando devagar. O lugar me ajudava; as árvores ali eram mais juntas, fazendo um ambiente meio escuro. Ideal pra fazer coisas escondido, se é que você me entende. Tina agarrava um cara de cabelo meio comprido, tão loiro que até brilhava naquela escuridão. Tenho que dizer, a coisa tava quente. Ouvi um galho quebrar atrás de mim e lá estava . Sorriu, ficando um pouco vermelha. Mas logo olhou pra onde Tina e o loiro estavam com uma expressão de espanto.
- Aquela não é...
- A Tina. – eu respondi sussurando, como ela.
- Não... – nesse momento eles pararam de se beijar e eu pude ver o que deixou espantada. – A Chelsea.
Um mundo parou. Tina e Chelsea? Eu estava beijando uma menina que beija outras meninas? Nada contra, mas... Ok, algo contra. Elas podiam ter feito um a três comigo e... , onde você vai parar? , , foco.
Finalmente o casal feliz percebeu a minha presença e de ali. Tina me olhou assustada e Chelsea saiu correndo, diria que chorando.
Mãe, eu sou corno de outra mulher! Deus, grudei chiclete na cruz? Qual é? Tina ia abrir a boca, mas eu fui mais rápido.
- E eu acho que isso foi um fim. Caso você esteja pensando que eu vou espalhar isso pra todo mundo, não, não vou. – Porque pegaria muito mal pra mim. – Vai acalmar a Chelsea. E tchau.
Virei às costas e fui puxando pela mão pra aula, já que o sinal havia acabado de bater. Ela ainda estava com uma cara de quem não acreditava no que tinha visto.


Capítulo 24
Continuei andando e puxando a pela mão, enquanto procurava os outros, e consequentemente a minha mochila. Na boa, eu não acredito que isso aconteceu.
Não conseguia encontrar os três idiotas, mas vi minha mochila e a dela num banco perto da entrada. Apressei o passo. Se alguém nos encontrasse ali fora, depois de o sinal bater, era suspensão na certa.
Chegando ao banco, soltei minha mão da e me senti estranhamente vazio, como se a mão dela na minha fosse tudo que eu precisasse. Quem eu tô enganando? É tudo que eu preciso.
Joguei a mochila nas costas enquanto ela fazia o mesmo. Como se já não estivesse ruim, a primeira aula era do outro lado do campus.
- Vamos chegar atrasados – eu avisei. – Na aula de... – procurei um papel no meu bolso – Física.
ainda parecia meio tonta com tudo aquilo. Não mais do que eu, acredite. Fiz uma cara de otário tão grande que ela me olhou e começou a rir. Muito.
- Você – mais risos. – Eu não... – ela mal conseguia respirar.
Se fosse outra pessoa, eu já teria me irritado e começado a gritar que a vida era minha e, não sei, algo do tipo. Mas era ela. Esperei pacientemente até ela parar de rir.
- Parou? Ótimo! – Dei um sorriso de lado. – Agora vamos pra aula antes que alguém dê pela nossa falta.
Depois de alguns minutos andando em silêncio, começou.
- Quer falar sobre isso?
- Não – eu resmunguei de volta.
Afinal, o que tinha pra falar? Eu era corno. E, ainda por cima, de outra menina. Dois a zero pra mim. Obrigado, obrigado.
- Vai contar pros meninos? Não por nada, mas eles são seus amigos e acho que seria legal contar pra eles. – Ela olhou pra mim enquanto andávamos, mas eu continuei olhando pra frente.
Eu tinha mesmo que contar? Porque, é, não é uma coisa que eu exigiria que eles me falassem. Sem contar que eles vão fazer piadas com a minha cara pra sempre. Mas talvez a tivesse razão.
- Vou contar depois da escola.
Ela pareceu mais relaxada e quando começamos a procurar as salas ela me perguntou qual seria a aula. Eu já tinha falado, mas tudo bem.
- Física, . Eu falei agorinha mesmo – eu respondi. – O bom desse ano é que, pelo menos, vamos ter todas as aulas juntos.
- Amém! – riu. – Ah, física, você disse? É com o Professor Gray?
Segurei-me pra não revirar os olhos. O homem queria comer ela e ela ficava toda derretida nas aulas dele. Adorável, simplesmente adorável. Ganhar uma suspensão parecia melhor, naquele momento.
’s POV – Off

Eu não ia explicar pro que eu tinha rido dele, porque era estatisticamente impossível que um pegador, como ele, fosse corno e, ainda por cima, de outra menina. Parecia simplesmente hilário pra mim, mas enfim.
Eu ia começar o último ano com uma aula do Professor Gray. Isso tinha que ser um tipo de aviso de que aquele ano ia ser perfeito, igualzinho ao professor.
Alex Gray era nosso professor de Física desde o primeiro ano. Eu amava física, mas com ele como professor a aula era mais, erm, interessante. Moreno, olhos azuis escuro, vinte e poucos anos, sorriso perfeito. Precisa de mais? Ah, certo, esqueci de dizer que ele era a simpatia em pessoa. Em uma palavra? Perfeito. , Harry, e o odiavam. Principalmente e Harry. O resto do pessoal o idolatrava, praticamente. E eu fazia parte do ‘pessoal’.
Entrei no corredor do laboratório sorrindo de orelha a orelha, procurando pela nossa linda e maravilhosa classe com do meu lado. Quando encontrei a porta certa, bati.
- Entrem – ouvi a voz do professor. – Poderia me dizer a razão do atraso, Sr. ? – Ele se virou pra nós. – E ?
Ele nos olhou desconfiado e eu corei imediatamente. Ah, aqueles olhos azuis.
- A quis beber uma água. Quando o sinal bateu fomos procurar os três patetas, não achamos e tivemos que adivinhar a próxima aula. Enfim, aqui estamos nós. – se arrastou mal-humorado pra uma bancada onde já estavam sentados os outros três.
Droga, Professor Gray sempre faz grupos de quatro. Olhei pela sala pra sentar em outra mesa. Com os nerds. Suspirei e segui até a mesa. Quando fui me sentar, o professor colocou a mão no meu ombro, e eu pude sentir o cheiro de perfume. Quase desmaiei, fatos da vida.
- Você pode sentar com seus amigos se quiser. – ele sorriu.
- Ah, ok... É... Obrigada. – devolve o sorriso, provavelmente corada.
Ele continuou a aula enquanto eu voltava pra mesa nos fundos da classe. Sentei-me à mesa com um provável sorriso babaca nos lábios. Um dos meninos bufou.
- O homem quer te comer, . – Harry falou.
Revirei os olhos e abri meu caderno pra poder rabiscar qualquer coisa, enquanto Alex ‘eu-sou-lindo’ Gray dizia qualquer coisa sobre a matéria.

’s POV – On
Decidi que ia contar pra geral sobre a Tina na hora do nosso almoço, assim eles estariam ocupados demais comendo pra ter tempo de me zoar.
- Eu falei pra vocês que terminei com a Tina hoje? – comentei relaxadamente enquanto dividia uma porção de batatas fritas com . – Fui traído, por uma garota. – continuei no mesmo tom e agora Harry já me encarava.
- Traído pela Tina? Com quem? – Harry.
Acho que nenhum dos outros dois panacas tinha percebido o poder da informação. continuava comendo as batatas e brincava de adivinhar músicas com a .
- Com a Chelsea. – eu enfiei na minha boca o maior número de comida possível.
- Quem?! – Harry gritou atraindo atenção pra nossa mesa.
engasgou com a batata e parou de batucar a mesa pra me olhar. me olhou e deu um sorriso de lado, me encorajando.
- Chelsea. – eu repeti engolindo.
- -eu-pego-todas-, corno e ainda por cima de mulher? – começou a rir descontroladamente.
- Ela é bem mais gostosa que você mesmo. – disse também rindo.
Harry deu um tapinha nas minhas costas, mas logo depois começou a rir também. tinha lágrimas nos olhos e mal conseguia respirar. olhou pra ele e riu também. Nem eu agüentei e comecei a rir.
Cinco idiotas rindo muito, muito alto no meio de uma cantina cheia de alunos com nenhum motivo aparente.
- Malucos. – Josh disse nos olhando e ao olhar pra ele e ver Chelsea do seu lado, nós começamos a rir ainda mais alto.
’s POV – Off


Capítulo 25
Aulas, aulas, aulas e mais aulas. Terceiro ano é punk! Pela primeira vez na minha vida eu estava vendo os meninos estudarem. Pela primeira vez na minha vida, eu estava me vendo estudar. Não por nada, mas eu sempre entendi a matéria e tudo e tal. Mas agora, cada cinco palavras que os professores falavam, eu não entendia seis.
A minha classe toda estava tendo probleminhas. A nossa primeira prova que o diga.
- Quatro e meio? Quatro e meio?! – Harry gritava pra gente enquanto andávamos até o estacionamento. – Eu estudei pra caralho e tiro um mísero quatro e meio?!
- Ah, Harry, cala a boca que pelo menos tem algum número na sua prova. – reclamou.
olhava descrente pra prova em suas mãos e xingava baixinho.
- Foda-se – eu resmunguei guardando a prova na bolsa. – Apenas uma semana para o Natal – emendei feliz.
- Natal... – Harry bufou, ele não era um grande fã.
Faltava uma semana pro Natal, o que significava algum tempo sem aulas. Teríamos folga durante a semana de Natal e Ano Novo. Só mais dois dias na escola, dias de prova, e nós teríamos duas semanas de liberdade.
- A gente podia ir viajar. – disse amassando a prova e mirando numa lixeira.
- Boa! – respondeu.
continuava xingando a prova.
- Não vai ajudar, cara. – disse tirando a prova dele e arremessando em uma lixeira. – Mas então, voltando à viagem...
- Meu padrinho tem um chalé em Val D'isere.
- E isso seria aonde, ? – Harry disse levantando as sombrancelhas.
- É na França, Harold – dei um pedala nele. – É um lugar lindo, eu acho que lá seria perfeito. Eu podia até aprender a esquiar e, sem esquecer, França!
Os meninos me olharam um pouco estranho pelo meu gritinho histérico, mas eu dei de ombros e continuei andando.
- Ela é obcecada pela França. E por New York, só pra saberem. – Harry comentou.
- Concordo com a . Val D'isere então? – disse.
- Fechado. – os três responderam em coro e entramos no Jeep Wrangler de Harry.

Três dias depois estávamos todos no hall da casa do Harry nos preparando para a viagem.
- Luvas? – Harry ticava o que já tínhamos pegado em uma lista.
- Ok.
- Cachecóis?
- Ok.
- Pranchas?
- Acho que isso a gente pode alugar lá. – respondeu dessa vez.
Começamos a arrastar todas as malas pro jardim e consequentemente para o Honda CR-V da Tia Emma, mãe do Harry, já que só o usaríamos para chegar até o aeroporto.
- Ah, meu Deus! Eu esqueci o Macarena! – gritei voltando até a casa correndo.
Macarena era o nome que eu havia dado ao macaco que ganhei de David de aniversário e eu não vivia mais sem ele. começou a gritar me apressando, enquanto eu atravessava o jardim de volta.
O frio em Londres era congelante e eu suspeitava que ficasse muito pior nos Alpes Franceses. Entrei no carro e me abracei tentando esquentar.
- Prontos? Nada pra trás? – tia Emma perguntou.
Fizemos que não com a cabeça e ela deu a partida. Fomos ouvindo Queen até o aeroporto, comigo cantando animadamente junto com o Freddy.
Eu sabia que a mãe de Harry não estava exatamente feliz de nós estarmos indo pra longe de casa no Natal, ela sempre gostou daquela coisa de Natal em família, mas acabou concordando e diria que estava até feliz por nós.
- Boa viagem, meninos! Cuida deles, ! – Tia Emma, minha segunda mãe, gritou enquanto entrávamos no avião.

’s POV – On
estava quase explodindo de felicidade quando entramos no avião. Ela cantarolava alguma música, toda sorridente. Harry estava feliz também, mas mais contidamente que a .
sorriu pra uma garota, quando entramos no avião e eu logo pensei que ele iria fazer uma longa visita ao banheiro no meio da viagem. E olhava amedrontado pra todo o lado e pisava com cuidado. Medo de avião, tenho certeza.
Para a sorte do garanhão, o assento de era na frente da sua nova paquera e nós quatro sentamos na frente dele. Harry, , eu e . Com estando logo atrás de mim. Agradeci mentamente a British Airlines pelo meu assento ser logo ao lado de , apesar da linha aérea provavelmente não ter nada com isso.
Uma voz masculina, do piloto provavelmente, soou nos autofalantes avisando pra nos sentarmos que a decolagem aconteceria em poucos minutos. se sentou, prendeu o cinto e bateu palminhas, como costumava fazer quando estava empolgada. Ela sorria tanto que eu tive que sorrir também. Linda.
Assim que decolamos, ela colocou os fones do iPod.
- Quer ouvir também, ? – ela continuava a sorrir e eu fiz que sim com a cabeça pegando um fone dela.
Gerard cantava Mama, enquanto batucava o ritmo no apoio de braço que dividia comigo. Harry nos olhou de soslaio, enquanto eu praticamente babava ao sentir o perfume dela tão perto.
Ouvia conversar animadamente com a menina atrás de nós e bater o pé no chão nervoso.
Uma aeromoça veio nos oferecer pra assistir um filme, A Múmia. Nós não queríamos, a viagem era muito curta pra isso.
Algumas horas depois, descemos no aeroporto. gritou um ‘Aleluia’ assim que pisamos no chão, o que nos rendeu muitas risadas. , por outro lado, saiu correndo feito uma louca e abraçou um senhor de meia idade que resmungou algo em francês.
- Ah, a França. – ela respirou fundo e sorriu mais.
- É, é, a França. – deu de ombros. – Vamos encontrar um táxi e ir pro chalé antes que meu tio me ligue de novo.
Acho que não tinha dado nada com a garota do avião, julgando o mau humor de .
Saímos do aeroporto e entrou no primeiro táxi que viu. O senhor que o dirigia não ficou muito satisfeito com a zona que nossas malas fizeram, mas enfim, a vida continua. falou o endereço em francês pro taxista e o pagou adiantado. Depois de um bom tempo dentro daquele táxi, chegamos.
- Uau! – e Harry falaram juntos, enquanto eu e apenas olhávamos bobamente pra casa.
Ela era enorme, pra dizer o mínimo. Com a fachada em branco e as portas e janelas de uma madeira escura. Da janela podia ver a sala, num tom avermelhado, aconchegante. Provavelmente a lareira estava acesa. As outras janelas estavam tapadas por cortinas vermelho vinho que contrastavam perfeitamente com a cor da madeira.
Um homem saiu da casa e atravessou o jardim, abraçando . Eles eram bem parecidos pra dizer a verdade. O cabelo do tio era apenas um pouco mais escuro e curto.
- Vocês devem ser Harry, , e . – ele sorriu amigável. – Meu nome é Andrew, mas podem em chamar de Andy. Espero que me desculpem, mas eu vou passar o feriado fora. – ele dizia com um sotaque francês carregado.
O taxista tirava nossas malas e o tio Andy olhou pra ele por um momento e disse algo em francês. O taxista simplesmente deu um sorriso e continuou tirando o mundo de malas.
- Nessas duas semanas a casa é de vocês. – ele continuou. – Espero que se divirtam. Meu cozinheiro deixou a geladeira e as dispensas cheias. As pistas de esqui são pra lá – ele apontou um lado – e a cidade fica pra lá, – apontou o outro – caso queiram comprar algo. Acho que é isso. Prazer em conhecer vocês, meninos.
Ele se enfiou no mesmo táxi que viemos e ficamos ali na frente da casa, até se manifestar e pegar sua mala no chão pra entrar.
’s POV – Off


Capítulo 26
O que era aquela casa? Meu sonho de consumo, fato. Toda branca, com os móveis escuros, piso de madeira, dois andares. Quando entramos, a casa estava levemente alaranjada pelo brilho da lareira.
- Caraca, e você chama isso aqui de chalé, ? – olhava da porta.
deu de ombros pela milésima vez no dia e começou a subir a escada com suas malas. Subi logo atrás e pelo barulho, os meninos também.
- Ah, guys - virou pra trás um pouco preocupado –, nós temos um pequeno problema. Só tem dois quartos aqui.
Então por que será que eu via, tipo assim, cinco portas?
- Ali é o banheiro, mezzannino, os dois quartos e um closet. – Ele foi apontando as portas. – Somos cinco, então no quarto do Tio Andy dormem três e no de hóspedes os outros dois. Fechado?
- Fechado.
- Pode ser.
- Por mim...
- Tá.
abriu a porta dos dois quartos, que ficavam de frente um pro outro e entrou com as suas malas no quarto maior, provavelmente do Tio Andy. foi atrás dele, e eu, e Harry ficamos parados no corredor provavelmente pensando a mesma coisa.
- E eu vou dormir com quem? – Dei voz aos meus pensamentos.
deu um sorriso de lado e eu dei um tapa no braço dele.
- Panaca, você entendeu.
Ele deu uma risada de leve e Harry o olhou estranho.
- Acho que é melhor você dormir comigo, . – Harry respondeu e continuou olhando estranho pro .
- Você sabe que eu não resisto a você, fofinho. Nossa noite vai ser quente. – Joguei um beijo no ar pra ele e comecei a carregar minha mala pro quarto.
Joguei a mala no chão e coloquei só a cabeça pra fora.
- Qual é? Foi só uma brincadeira. – Harry sorriu amarelo. – E, Judd, se for entrar, seja rápido, porque eu preciso vestir algo mais quente.
Voltei pro quarto, abri minha mala e tirei um casaco verde musgo quentinho. Tirei também uma calça preta, já que o meu jeans já estava molhado pela neve e eu começava a tremer. Nada muito quente - já que a calefação interna seria encarregada de me esquentar -, bonito, sexy e, sei lá, para seduzir os franceses gatinhos na pista, já que começava a escurecer e só sairíamos no dia seguinte.
Encostei a porta e me troquei.

’s POV – On
Soquei minha mala no quarto e desci até a cozinha. Viagens de avião me dão fome. estava tentando alcançar a última prateleira pra pegar um pote de cookies, provavelmente. A blusa dela subia deixando aparecer uma parte das costas e a barriga. Arrepios, que não tinham nada a ver com o frio, me despertaram.
- Deixa que eu pego pra você.
Falei quase no ouvido dela, que me olhou de lado sorrindo. Antes que ela pudesse me dar espaço, fiquei atrás dela pra pegar o pote. Meu coração batia descompassado, quando ela se virou pra mim e quase tocamos nossos narizes. Fechei os olhos devagar, sentindo minha respiração acelerar e a dela que calmamente batia no meu rosto. Sorri inconscientemente.
- Er, obrigada, . – Ela pegou o pote da minha mão e foi pra sala, me deixando feito um idiota apoiado na bancada.
’s POV – Off

Certo, o que foi aquilo? Não posso voltar e me envolver com . Afinal, qual é o meu problema? Eu gosto de sofrer, só pode. Meu lado masoquista está aflorando. Que droga, , por que tinha que ser tão bonito? Bufei.
Abri um pouco a cortina pra tentar acalmar meus pensamentos. A neve caía com força e já devia ter uns quatro palmos do chão. Sorri, me acalmando. Adorava neve.
Me sentei no sofá, liguei a tv e comecei a comer meus cookies.


Capítulo 27
Continuei zapeando os canais procurando algo interessante para assistir. Parei, comemorando mentalmente, em um canal que passava Top Of The Pops. Eu gostava das novas boybands que o TOTP mostrava, mas naquele momento eu me senti um pouco desconfortável. Estranhamente, eu parecia conhecer aquele pseudo-topete loiro.
- Lançando mais um single então? – O apresentador dizia.
- A gente faz o possível, né? – Charlie respondeu com um sorrisinho.
- “Who’s David”, certo? Algum motivo especial? A letra parece bastante sugestiva...
- Nosso Jimmy-Boy escreveu pra uma garota. – Matt deu um pedala em James, enquanto eu olhava boquiaberta a TV.
Os meus quatro homens estavam, naquela hora, já dispersos pela sala com a mesma expressão que eu.
- Bom, vamos tocar então? Lembrando que nossa linha está aberta para você aí poder conversar com a nossa mais nova promessa. – o apresentador sorriu e a câmera passou a focar Charlie.

You've always been this way since high school
(Você sempre tem sido desse jeito desde o colégio)
Flirtatious and quite loud
(Paqueradora e um pouco chamativa)
I find your sense of humour spitefull
(Eu achei seu senso de humor maldoso)
It shouldn't make you proud
(Isso não deveria te orgulhar)
And I know your pretty face gets far with guys
(E eu seu que seu rostinho bonito consegue caras mais velhos)
But your make-up ain't enough to hide the lies
(Mas a sua maquiagem não é o suficiente pra esconder as mentiras)

Senti meus olhos inundarem. Então era assim que ele me via?

Are you sure that you're mine
(Você tem certeza que é minha?)
Aren't you dating other guys
(Você não está namorando outros garotos?)
You're so cheap
(Você é tão baixa)
And I'm not blind
(E eu não sou cego)
You're not worthy of my time
(Você não vale o meu tempo)
Somebody saw, you sleep around the town
(Alguém viu você dormindo pela cidade)
And I've got proof because the word's going around
(E eu tenho ficado chateado por que o boato está espalhando)
Don't know you
(Não conheço você)

You left your phone so I invaded
(Você deixou seu telefone e eu fui a sua casa)
I hated what I saw
(Eu odiei o que vi)
You stupid lying bitch, who's David?
(Mentira estupida, quem é David?)
Some guy who lives next door?
(Algum vizinho?)
So go live in the house of David if you like
(Então vá viver na casa do David se você quiser)
But be sure he don't know Peter, John or Mike
(Mas tenha certeza que ele não conhece Peter, John ou Mike)

Um dos meninos me puxou, mas eu não me mexi. O sentimento ia se transformando em raiva e o número de contato brilhava na tela.

And I know that you try to break me into pieces
(E eu sei que você tenta me quebrar em pedaços)
And I know that you lie but you can't hurt me now
(E eu sei que você mente, mas você não pode me machucar agora)
I'm over you
(Eu superei você)
Don't like you
(não gosto de você)

Esperei na linha, enquanto o atendimento automático me direcionava para falar com o famoso Busted.
falava comigo, preocupado, algo que eu não ouvia, enquanto Harry pontuava seu discurso com algum comentário. estava mais branco que o normal fitando a TV e me encarava com aqueles olhos expressivos, perfeitos, quase entendendo minha reação.
- Oh, temos uma ligação francesa. – O apresentador disse, malicioso, e os três sorriram. – Quem nos dá a honra dessa ligação?

’s POV – On
- , . – Ela respondeu e eu fiquei assombrado o quanto sua voz estava firme, considerando que ela chorava. – Lembra de mim, Jimmy? - O desprezo borbulhava na voz dela.
A cara de James era impagável. Ele olhava desesperado para Charlie e Matt que, após um minuto de surpresa, começaram a rir histericamente.
- O-oi, . Eu...
- Não preciso de desculpas, Bourne. Eu não sei como você falou com o Dave, mas só pra você saber, ele é meu primo. E eu não sou sua.
bateu o telefone com força e se jogou nos braços de Harry soluçando.
- Eu só amo idiotas, Haz. Eu acho que eu sou masoquista. – Ela dizia com a voz abafada.
Harry me olhou, diria que um pouco chateado, me lembrando daquela conversa que tivemos um tempo atrás, quando eu tentei bater nele e acertei .
- Faz sua parte, garanhão. – , surgindo não sei de onde, me deu um tapa nas costas.
Atravessei a sala e passei a mão pelos cabelos dela. Harry a soltou e, por um momento, só existía eu e ela. Por mais gay que pareça, eu me senti completo.
me abraçou com força, enquanto eu enrolava uma mecha do seu cabelo. Respirei fundo tentando acalmar meus batimentos.
Ela separou o abraço, mas eu continuei a segurá-la pela cintura.
- Vamos sair, deve existir algum pub por aqui. – Eu disse enquanto ponderava se devia ou não carregar a minha pequena até o segundo andar.
Optei por sim e, numa manobra quase ninja, peguei uma chorosa no colo e comecei a subir a escada.
- Eu ainda sei andar, . – O bafo quente dela bateu no meu pescoço, me arrepiando, e ela riu levemente.
Ela estava mal, cansada, dava pra ver. Em circunstâncias normais eu já teria apanhado.
- Posso escolher uma roupa pra você? – Maldito bafo quente.
- Claro que pode, pequena.
’s POV – Off


Capítulo 28
Entrei no quarto do Tio Andy e fui direto até a mala azul marinho do , enquanto ele se sentava na cama para esperar. Comecei a revirar a mala em busca da minha roupa favorita dele: calça jeans escura, Vans preto e uma camisa rosa bebê.
- Que gay, . – Ele resmungou.
- Você me deixou escolher, . - Eu sorri, apesar de tudo, e entreguei a roupa dele. – Agora vai tomar banho e se troca, pra eu poder arrumar seu cabelo.
- Tá bom, mãe. – ele sorriu entrando no banheiro.
Assim que ouvi a tranca, me dirigi para o quarto que dividia com Harry. Ele estava parado na frente do espelho, apenas com as boxers, experimentando blusas.
- Vou ter que escolher roupa pra você também? – Eu ri um pouco.
- Acho que vai, hein... – Harry me apontou a mala e olhou preocupado. – Você tá bem?
- Beleza. – Eu respondi sem muita certeza. – Vou ficar bem. – Acrescentei a realidade.
Comecei a procurar algo legal pra Harry vestir. Escolhi um tipo de camisa vermelho queimado, jeans acinzentados e All Star preto.
- Seduzindo, como sempre. – Eu comentei enquanto ele fazia pose, já vestido. – Agora a minha roupa.
Tirei o scarpin vermelho da mala, juntamente com meu jeans acinzentado e uma blusinha preta. No fim, eu estava estranhamente combinando com Harry. Deixei meu cabelo solto e reforcei o lápis no olho, passei também uma sombra cinza.
entrou no quarto, pra eu poder arrumar seu cabelo, segurando a camisa na mão. Sexy, sexy, sexy.
- Senta aí na cama pra eu poder te arrumar, . Assim que eu terminar essa sombra... E... Pronto! Agora seu cabelo, Sr. .

e nos esperavam sentados na sala.
- Tá gato, mon cherie. – Harry disse se jogando em .
- Assim eu fico com ciúmes. – fez biquinho enquanto eu ria.
- Perdeu, playboy. – deu a mão pra Harry e saíram saltitantes.
Saí ainda rindo da casa, seguindo e com logo atrás de mim. apertou o controle que levava na mão e a garagem se abriu revelando uma Ranger cabine dupla com corrente nas rodas, preta. Era quase um caminhão monstro.
Andei até a caminhonete, abri a porta de trás e me sentei. Acabei ficando no meio, rodeada por e , que me segurava pelos ombros.
Me debrucei um pouco sobre para poder ver melhor a França. passou a me segurar pela cintura.
batucava no volante o ritmo de Hero/Heroine que tocava no rádio.
- I won't try to philosophize, I'll just take a deep breath and I'll look in your eyes: this is how I feel... – escutei cantar com a voz perfeita, enquanto Harry, no banco da frente, olhava um folheto de viagem onde se lia “Diversão na Noite Francesa” na capa, em letras berrantes.
- É ali! – Harry apontou para uma casa onde luzes coloridas piscavam, além de uma fila que seguia até o fim do quarteirão. Bufei.
deixou o Monster Truck no estacionamento e fomos andando até a entrada. reclamou que nunca iríamos conseguir entrar, mas eu sorria.
- Olhe a aprenda. – comecei a andar em direção ao segurança, ouvindo Harry rir. – Oi. – eu disse no bom e velho português, mas ao continuar voltei ao inglês. – Essa é a minha última noite aqui, você acha que poderia me deixar entrar?
Sorri enquanto brincava com uma mecha do meu cabelo, olhando fixamente o segurança. Estendi a mão livre até seu crachá, senti ele se arrepiar e agradeci mentalmente o poder que um pouco de lycra podia exercer.
- Por favor, Bob?
Ele piscou, atordoado, e fez que sim com a cabeça, enquanto abria a fita pra eu passar.
Virei-me e sorri para os meninos.

’s POV – On
Minha professora de sexta série dizia que alguns de nós descobrimos a sexualidade precocemente, enquanto outros se atrasavam. descobriu seu poder naquele momento.
Entramos na boate lotada (pubs só existiam na terra da rainha) e seguimos direto para uma das mesas perto do bar. Harry e foram até o balcão fazer nossos pedidos enquanto , e eu nos sentávamos.
Sorri observando a minha pequena se alegrar gradativamente após o TOTP daquela tarde.
Após algumas rodadas de bebida, Harry beijava uma garota ruiva, tinha desaparecido com uma francesa, e dançavam na pista e eu observava o movimento.
voltou suado e rindo da pista. Bêbado.
- Você perdeu toda a diversão! – ele gritou, um pouco alterado. – A conseguiu virar oito copos e... Uh-la-lá. – ele saiu atrás de uma morena seminua.
Revirei os olhos pra ele, pouco me importava que... Calma, oito copos? , minha , sozinha e bêbada nessa zona? Sai atrás de e o puxei pelo braço.
- Você é demente? Retardado? Caiu de cabeça quando era criança? Deixar a menina bêbada lá no meio. – eu berrava apontando a pista. Talvez não fosse o único alterado. – Porra! – berrei mais alto e saí para procurá-la.
Avistei rindo de alguma coisa que um garoto loiro dizia. Ele estava apoiado na parede apertando fortemente a cintura dela, que estava entre suas pernas. O garoto sorriu e deu um beijo na bochecha dela, passando rapidamente para a boca, enquanto apertava sua cintura ainda mais, descendo perigosa e rapidamente.
E em um momento eu não estava mais bêbado. Atravessei a pista, puto da vida, e parei atrás do casal. Pigarreei. me olhou um pouco assustada e eu sorri para tranqüilizá-la.
- Posso ajudar? – o loiro perguntou.
- Na verdade, pode. – eu dei meu melhor sorriso falso. – Essa que você está segurando é a minha ir... namorada, que tal soltá-la? – Se eu falasse irmã, eu nunca me perdoaria, isso seria tipo pecado capital.
Minha voz estava ácida de raiva e me olhou confusa. O medo passou pelos olhos do garoto e ele sorriu nervoso pra mim.
- Claro. – ele respondeu com uma tentativa de voz monótona. – Tchau, .
Olhei, ainda irritado, ele se afastar atrás de uma ruiva, que eu tinha impressão de já ter visto. Aproveitei o disfarce para segurá-la pela cintura. Claro, como se eu já não fizesse isso toda hora.
- Achei que você tinha me trocado pela Holly. Sabe, eu realmente gostava de você. – Foi só um sussuro.
Eu a fitei por um momento, mas ela continuava olhando pra frente. Pensando alto.
E o prêmio de frase mais dolorida que eu já ouvi na vida vai para . Palmas para mim, por ter criado essa frase.
- , - olhei pra ela – onde estão os meninos?
- Não sei. - Me vi respondendo. – Vamos esperá-los à mesa.
Mas não havia mais mesa. A única coisa que restava era uma cadeira, já que estava quase comendo uma garota no banco.
Sentei-me na cadeira, me assustando um pouco, quando se ajeitou no meu colo.
Encostei a cabeça nas costas dela e abracei sua cintura tentando me acalmar. Eu tinha que começar a controlar meu lado justiceiro.
Ouvia o coração dela batendo ritmadamente e sorri, mas aquilo não era o suficiente, não mais. Dei um beijo de leve no ombro dela e fui subindo para o pescoço, sentindo arrepiar. Aquele era o ponto fraco dela.
- ...
- Não, , por favor... - Eu disse rouco contra a orelha dela. - Eu te amo.
Ela se virou pra mim, enquanto eu ficava entre suas pernas. Segurei sua cintura com mais força e ela riu levemente no meu ouvido.
- Bom, vamos aproveitar enquanto você não muda de idéia outra vez. - E ela me beijou antes que eu pudesse dizer que, dessa vez era pra sempre.
Quando apertei com mais força do que deveria na coxa, ela soltou um pequeno gemido no meu ouvido e eu sorri no beijo.
Senti meu celular vibrar. Dei um selinho nela e peguei do bolso. se sentou virada pra frente novamente.
'Olha só o que você faz com ela, e olha só o que o Harry faz com você. Vou pra casa da loira, ciao. .'
Olhei pro sofá, onde há pouco tempo ele se agarrava com a garota, e não tinha mais ninguém lá. Ele tinha razão.
O celular vibrou de novo.
'Eu e vamos pra casa depois de táxi. Harry.'
E que o Santo das Boas Intenções me ajudasse naquela noite.
- Vamos pra casa, pequena?
’s POV – Off


Capítulo 29
Acordei numa cama bem mais espaçosa, do que a que eu dormia no momento, e sorri. Estranhamente, mesmo após toda aquela bebida eu não estava de ressaca. Sou de lua. Abri os olhos e vi sentado no pé da cama, me observando.
- Cadê os meninos?
- Ainda não voltaram. estava com alguma garota e os outros dois disseram que iam voltar de táxi, nada até agora.
Os acontecimentos da noite anterior voltaram como uma avalanche. O garoto da boate, , e ao pensar nisso eu me senti quente por dentro. Eu havia prometido a mim mesma que não ia amá-lo outra vez, mas era possível? Cada coisa nele era feita pra me agradar. Lembrei das suas palavras. 'Eu te amo'. Como ele conseguia me enganar tão bem?
- , - ele resmungou pra mostrar que ouvia - me diga, como você consegue?
Ele fez cara de quem não entendia nada.
- Vou desacelerar pra você. - eu respondi, me sentindo mal de repente. - Você vive com outras garotas, mas fica brincando comigo. Como você consegue dormir, como você consegue respirar mentindo assim pra mim?
- Eu não... - A compreensão passou pelos olhos dele, e ficou sério. - Mas eu realmente te amo, . Eu tinha esperança que você não se lembrasse de ontem. - Ele pareceu quase deprimido e me olhou com aqueles olhos praticamente transparentes. - É estranho... - ele continuou, passando a observar a parede - ter que admitir o quanto doeu pra mim te ver com aquele cara no pub ontem. É estranho que você seja essencial pra mim agora. - Ele voltou a olhar, dentro dos meus olhos. - É estranho, é quase doentio, o quanto eu te amo.
- Oh, agora você se importa? Já passou pela sua cabeça que eu já te amei assim? - Senti meus olhos arderem, mas segurei firme. - Já passou pela sua cabeça que essa brincadeira de mau gosto dói em mim? Você já chegou a pensar que talvez eu te ame de verdade, agora?
me olhou assustado por um momento e seus olhos brilharam, depois ele abriu um sorriso imenso.
Encostei-me à cabeceira da cama, abraçando as pernas e lutando pra não chorar. Eu não podia amar , eu não queria amá-lo, mas eu amava.
A cama pessou do meu lado. .
- ...
- Agora não, .
O peso não mais existia do lado da cama e eu ouvi a porta se fechar. As lágrimas vieram, e eu não acreditava que elas ainda existissem depois de tudo.

’s POV – On
Fechei a porta do quarto e me senti feliz. Saltei os cinco últimos degraus da escada enquanto cantarolava. Ela me amava! Ela me amava e isso era tudo que importava. Harry, James, , ... Ninguém mais importava pra mim fora ela.
Escutei o som praticamente explodir no andar de cima. Hey Monday. Uma das bandas favoritas dela.

You were talking to her
(Você estava falando com ela)
But messing with me
(Mas brincando comigo)
It’s finally clear
(Finalmente está claro)
You’re blurring the lines
(Você está confundindo os limites)
Are you disturbed?
(Você está perturbado?)
Oh, now you care
(Oh, agora você se importa)
Why do you race through my red lights?
(Por que você ultrapassa meu sinal vermelho?)
Can’t understand? I’ll slow it down for you
(Não consegue entender? Vou desacelerar pra você)

E aquela letra pareceu estranhamente conhecida. Parecida com a conversa há alguns minutos atrás, na verdade. Ela achava que eu estava mentindo pra ela? Como ela podia? Aliás, como eu podia? Como eu era burro. Eu já fiz isso uma vez com ela há algum tempo atrás, não fiz? Burro, burro, burro.
Eu já havia usado essas palavras, na época da Holly. Senti-me sujo, nauseado. Ela achava que eu não a amava.
Subi as escadas correndo, de dois em dois degraus e bati na porta.
- ! - Eu gritei.

We never were right
(Nós nunca demos certo)
Don’t waste your breath
(Não gaste seu fôlego)
You crashed and you’re on your own tonight
(Você caiu e está sozinho essa noite)
Can’t understand? I’ll slow it down for you
(Não consegue entender? Vou desacelerar pra você)

Eu queria que aquela música parasse, ela só fazia eu me sentir pior.
- É tudo verdade. - Senti minha garganta embolar. - Eu realmente te amo! ? - Não podia chorar, não iria chorar.
Desisti de esmurrar a porta e me encostei, caindo no chão logo em seguida.
A música mudou. O ritmo era mais lento e eu pude ouvir um soluço lá dentro. Droga, droga! Enxuguei uma lágrima estúpida que insitia em cair no meu rosto.

And it's like I can't feel a thing
(E é como se eu não pudesse sentir nada)
Without you around
(Sem você por perto)
And don't mind me if I get weak in the knees
(E não me estranhasse se eu ficar enfraquecida nos joelhos)
Cause you have that effect on me
(Porque você causa esse efeito em mim)

E mais uma vez eu desejei que o rádio, iPod, celular ou o que quer que seja que ela estivesse usando, parasse.
Eu podia viver sem ela, certo? Quer dizer, eu vivi sem ela por tanto tempo, era só questão de se acostumar. Mas eu já tinha me acostumado com ela, conseguiria me acostumar sem agora? Batia minha cabeça contra a porta, como quem tenta fazer a cabeça funcionar.
Escutei passos até a porta, mas ela não se abriu. Um soluço fraco veio de trás da porta.
- ? - Era ela, eu sabia. - Pequena, por favor, acredita em mim. Eu te amo. Mais que tudo. Por que você acha que eu terminei com a Tina? Por que você acha que o Harry tem brigado tanto comigo? ?
E, de repente, eu soube que a porta não estava mais trancada. Me levantei, enxuguei as lágrimas com as costas da mão, respirei fundo e entrei.
Ela estava sentada no pé da cama, observando os pés, algumas lágrimas pingando.
- ? - doía demais.
- Estamos na casa, família! - Harry gritou do andar de baixo e eu me apressei em trancar a porta.
- É tudo verdade, pequena... Eu não saberia como viver sem você, eu não sei como viver sem você. Então, por favor, me dê uma lição de como roubar seu coração tão rápido quanto você roubou o meu. - acompanhei a música.
- Família? - Ouvi perguntar dessa vez. - ? ?
Ela me olhou com os olhos vermelhos e deu um sorriso fraco.
- Lá em cima. - Ouvi Harry outra vez.
- Não, vamos comer algo antes. - .
- Eu não posso te amar, . Eu simplesmente não posso me machucar outra vez, não com você de novo. Eu não posso me deixar iludir de novo.
Olhei pra ela sem saber exatamente o que falar. Escutei passos na escada.
- Eu nunca vou te machucar, .
- Pena que você já disse isso antes, não é, ? Pena que você já tenha feito isso. - Ela sorriu triste e outra lágrima escorreu no meu rosto, antes que eu pudesse conter. - Vamos dar tempo ao tempo, o que tiver que ser será.
Escutei alguém bater na porta e abracei fortemente.
- Eu vou estar aqui, quando você precisar.
Bateram na porta mais forte e tentaram abri-la.
- Puta que pariu, ! O que você tá fazendo com ela aí dentro?! - Harry deu um chute na porta. - Abre essa porra logo, e você não se mete, !
Ela se soltou de mim, enquanto eu me ocupava em esconder as lágrimas e abriu a porta.
- Calma, Harry! - Ela sorriu, mas seu rosto entregava tudo.
- O que aconteceu, ? - Ela se jogou nos braços de Harry e chorou tudo aquilo que tinha estado segurando comigo. - Vai ficar tudo bem, pequena. - Ele passava a mão nas costas dela, e ao mesmo tempo me encarava irritado com um olhar que dizia: “a gente se acerta depois”.
- Vamos beber uma água, comer alguma coisa... - segurou pelos ombros e saiu com ela do quarto.
me olhou com uma interrogação enorme na cara.
- Você esteve chorando? - Ele perguntou.
- Talvez. - Respondi e funguei.
Mais uma vez eu parecia uma criancinha, uma bichinha por causa dela.
- , o que tá acontecendo com você? Aliás, o que aconteceu com vocês? - Ele fez um gesto pra baixo, pra ela.
Harry apenas olhava a nossa conversa, extremamente irritado, apoiado no batente da porta.
- Eu contei pra ela. - Olhei pros dois. - Eu contei pra ela que eu preciso dela, que eu a amo.
Harry suavizou a expressão e me olhou com pena. Odeio que me olhem assim. suspirou.
- E ela? – Harry perguntou.
- Disse que eu já disse tudo isso antes e que mesmo que seja verdade, eu vou machucá-la. - Desviei o olhar deles e fitei a neve caindo lá fora.
- Bom, isso explica tudo. - comentou.
- Me desculpa, cara. - Harry disse, agora do meu lado. - Talvez você deva tentar com mais afinco, ela vai ceder. Ela te ama mais do que você possa imaginar.
- Como se eu tivesse pensado em fazer outra coisa... - Sorri tristemente pra Harry que sorria pra mim.
- Muito bom, cara.
’s POV – Off

- Porque eu amo ele, mas ele vai me machucar de novo e eu não posso aguentar outra decepção. - Consegui dizer contendo as lágrimas.
- , você sabia que ele gostava de você antes de você começar a namorar o James?
- Eu...
- E você sabia que ele planejava falar com você no baile, mas ele desistiu porque você estava feliz?
- ...
- , por favor, dê uma chance pro seu coração.
- Talvez eu dê. - Bebi um gole do meu chocolate quente. - Só preciso de um tempo pra me acostumar com a idéia.


Capítulo 30
Eram, aproximadamente, quatro da tarde quando desceu as escadas e nem se deu ao trabalho de olhar pra mim. Continuei encarando a TV, evitando o momento que os meninos, aparentemente, vinham calculando pra acontecer.
- Tô com fome. – reclamou.
- Concordo.
- Vamos comprar, então! – emendou e saíram os três da casa.
Armação? Total. Tio Andy tinha deixado a dispensa cheia e tínhamos chegado no dia anterior.
Observei com o canto do olho se sentar na poltrona ao lado do sofá que eu estava. Me encolhi, me sentindo muito Bella, tentando juntar os pedaços.
- ... – ouvi dizer e fiz questão de me levantar do sofá.
A mão dele me agarrou pelo cotovelo, me forçando a voltar a sentar.
- Você não precisa olhar pra mim, você não precisa concordar comigo, você não precisa responder. Só quero que você ouça.
Fiz que sim com a cabeça e encarei o vazio na parede atrás da TV. Eu ia chorar, com certeza.
- Pequena, eu te amo. Na verdade, eu acho que eu te amo desde sempre, eu só fui burro demais pra ver isso apenas agora. Você é a razão.
A razão. Lembrei-me de quando ouvíamos essa música do Hoobastank e ficávamos dizendo qual era nossa ‘razão’.
Quando me dei conta, eu chorava no ombro de , que dizia algo baixinho no meu ouvido. Pensei no que havia me dito mais cedo na cozinha.

’s POV – On
- I've found a reason for me, to change who I used to be, a reason to start over new. And the reason is you. (Eu encontrei uma razão para mim, para mudar quem eu costumava ser, uma razão para começar de novo. E a razão é você.) – Eu cantarolei pra ela. - I'm sorry that I hurt you, it's something I must live with everyday. And all the pain I put you through, I wish that I could take it all away. (Eu sinto muito ter te magoado, é algo que eu devo conviver todos os dias. E toda a dor que eu te fiz passar, eu gostaria de poder retirá-la completamente.)
soluçou no meu ombro e eu a apertei com mais força.
- ...
- Hm? – eu resmunguei, sem querer acabar com o momento.
Ela se soltou e, pela primeira vez, olhou diretamente em meus olhos. O olhar castanho escuro, quente e convidativo que ela possuía. Me perdi lá dentro por um momento e acordei quando ela continuou a falar.
- Você é a minha razão. – Ela sorriu, chorosa, e eu abri o maior sorriso de todos. Me senti quente por dentro, me senti feliz, completo. Se o mundo acabasse naquele momento, eu continuaria bem, desde que ela continuasse ali.
- Posso? – sussurrei no ouvido dela.
assentiu e eu a beijei de verdade, como há muito eu vinha querendo. Nada de álcool no sangue pra atrapalhar, nada de outros no meio. Eu e a minha garota.
- , - deixei de beijá-la e ajoelhei no chão – você aceita namorar comigo?
abriu a boca, surpresa.
- Sim, sim! – ela riu. – Você realmente mudou, .
- I've found a reason to show a side of me you didn't know. A reason for all that I do. And the reason is you. (Eu encontrei uma razão para mostrar um lado meu que você não conhecia. Uma razão para tudo que eu faço. E a razão é você.) – terminei a música, ainda ajoelhado, sorrindo pra ela.
- Eu nem acredito, mas eu te amo, .
- Você me ama. E eu te amo mais.
Por que eu tinha enrolado tanto pra isso acontecer mesmo? Hm, ouço um coro de ‘frango’?
’s POV – Off


Capítulo 31
Fiquei olhando o teto todo desenhado do quarto de hóspedes enquanto pensava nos acontecimentos recentes. Eu namorava . Sorri sozinha.
Levantei tentando fazer o menor barulho possível para não acordar Harry, que devia estar dormindo profundamente na cama ao lado. Mas ele não estava lá. Que horas eram, afinal?
Desci as escadas bocejando até a cozinha. Abri a geladeira procurando algo para forrar o estômago. Passei os olhos pelo relógio preto e branco na parede; eram onze horas. Peguei uma garrafa de suco na geladeira e, dando de ombros, bebi do gargalo mesmo.
- Bonito, muito bonito... – Harry falou de porta.
Dei risada e fui dar um beijo na bochecha dele.
- Bom dia, Haz. – Ele sorriu. – Cadê o povão?
- Foram pra pista esquiar e eu fiquei por aqui pra acordar você e a Bela Adormecida lá em cima.
Fomos andando até a sala e ele se jogou no sofá, ligando a tevê. Um episódio antigo de Friends estava passando – Phoebe começou a cantar algo no Central Perk que me fez rir.
- Vou acordar o último moicano. – Levantei-me do sofá.
Harry gritou algo que eu não entendi, continuei subindo a escada até o quarto do tio Andy.
Entrei e encostei a porta pra luz não bater no rosto dele. Sentei-me na beirada da cama de casal e passei a mão pelo braço de .
- ... – esfreguei o braço dele carinhosamente. Ele resmungou e trocou de lado. – ! – Tentei de novo, passando a mão por suas costas e vendo-o arrepiar.
- ?! – Ele me olhou confuso e, logo depois, sorriu. – Senta aqui. – Bateu na cama ao seu lado e eu engatinhei até lá.
pegou minha mão e começou a brincar distraidamente com meus dedos.
- Qual o motivo da visita, linda? – Ele me olhou nos olhos e eu esquentei por dentro.
- Te acordar. e já estão na pista de esqui e Harry está nos esperando lá embaixo.
Um silêncio se instalou entre nós por algum tempo até que ele o quebrou.
- Hoje é o nosso primeiro dia como namorados. – É claro que eu sabia, mas me limitei a resmungar. – E eu não ganho nem um beijo de bom dia? – ele fez bico.
Dei uma risada e me abaixei para beijá-lo. me puxou e eu acabei deitada no peito dele. Dei um beijo no seu pescoço, vendo-o se encolher um pouco.
- Não provoca... – Ele falou rouco e eu ri contra sua orelha.
Ele voltou a apoiar o queixo no meu cabelo.
- Tá cheirosa. – ele respirou fundo; minha vez de arrepiar.
A porta foi escancarada e, alguns segundos depois, a cortina também, inundando o quarto com a claridade branca. Gemi afundando a cabeça no pescoço do .
- Vamos lá, casal. – Harry puxou a coberta.

Vinte minutos depois, eu e saímos de mãos dadas, subindo a rua em direção a pista. Harry havia saído alguns minutos antes alegando que éramos duas lesmas mongas paralíticas. Sim, juro.
- Então que vão todos pra puta que pariu! – quase gritava. – Muita neve? Muita neve?! E o que precisa pra se esquiar afinal? Camundongos?
- O que aconteceu? – perguntei levantando uma sobrancelha e me segurando pra não rir.
- A pista tá fechada. Tem muita neve e grande probabilidade de acidentes. – deu de ombros e bufou.
Se eu não tivesse com tanto sono, teria, provavelmente, chutado o portão de ferro até que alguém me deixasse entrar. Mas eu me limitei a dizer:
- Tô com fome.
- Eu também. – falou e concordou.
- Vamos comer na cidade? – Harry perguntou enquanto ainda gritava inutilmente com a estação vazia.
Meus olhos brilharam; uma cidade francesa, com lojinhas francesas, pessoas francesas...
- Vamos pegar o carro e ir, ainda preciso comprar algo pra vocês mesmo.
- Presentes? Pra... – E aí eu me lembrei. – Hoje é véspera da véspera!
Harry resmungou e revirou os olhos. Ele odiava Natal e achava minha empolgação patética.
Voltamos até a casa, subimos na enorme Mitsubishi preta e, alguns minutos depois, entramos em uma lanchonete com tema havaiano.

’s POV – On
Entramos na lanchonete de decoração bizarra e nos sentamos à mesa com vista pra rua.
Um garoto com mais espinhas do que rosto veio nos atender, tentando, inutilmente, eu diria, combinar com a decoração. Sério, esse cara conseguia ser pior que o meu...
- ! – Harry gritou e eu olhei assustado. – Seu pedido, mula.
- Ah, número 4, com fritas e coca-cola grande.
Aparentemente, os atendentes dominavam bem o inglês, já que não abriu a boca pra traduções uma única vez.
- Ok, um pontinho verde indo em direção a um ponto amarelo em cima de uma geladeira. O que é? – perguntou e já gargalhava do meu lado.
- Não sei, , o que é? – Harry tentava não rir, sem sucesso.
- Uma superervilha indo salvar um fandangos suicida! – gritou e todos nós gargalhamos.
enxugava as lágrimas de riso quando disse:
- Eu quero algo doce, vou buscar um milk shake.
Fiquei observando se levantar e andar até o balcão, onde um cara, que parecia ser um pouco mais velho que a gente, a atendeu no balcão. Ele falou algo e ela riu.
- Calma, . Dá uma relaxada aí, é só um idiota. – Harry.
Percebi que eu apertava o meu copo de papel com tanta força que escorria Coca pela minha mão.
- Um idiota dando em cima da minha menina.
Andei pisando forte até o balcão e abracei-a pela cintura.
- Oi, linda, por que demorou?
- To escolhendo um sabor – ela sorriu. – O Mark tava me falando que aqui tem vários exclusivos.
- Mas vocês sempre pedem de Ferrero Rocher com Laka.
- Ah, mudar é sempre bom.
- É, mudar é ótimo – o tal Mark me encarou e eu me segurei pra não meter um soco na cara dele.
- Eu vou querer de Magia Encantada, então. Você pode levar lá na mesa pra mim? – ela sorriu e saiu andando.

- , calma. Você apertou a minha cintura com tanta força que eu achei que fosse quebrar! – ela reclamou.
Chegamos à mesa e eu senti o olhar de Harry em mim. Ignorei.
- É que aquele protótipo mal feito de Hoppus estava dando em cima de você, pequena, e...
- Você confia em mim?
- Claro.
- Então é o que basta, . Sem confiança não dá.
- Desculpa, . – eu abaixei a cabeça, envergonhado, e mais uma vez senti o olhar de Harry queimar em mim.
- Tá tudo bem, faz parte – ela sorriu pra mim.


Capítulo 32
Entrelacei meus dedos nos de , quando saímos para a rua fria e movimentada.
- Eu vou pra lá. – Harry apontou para a rua atrás de mim.
- Tô com o Harry. – e falaram juntos e bateram um hi-five pela coincidência.
- Juízo! – Harry deu um beijo na testa dela e saiu, com os outros dois ao seu lado.
- Estamos sozinhos? – perguntou vendo os meninos se distanciarem.
- Em partes – respondi reparando no número de pessoas nas calçadas.
- Ótimo! – Ela passou os braços pelo meu pescoço dando um beijo no meu maxilar, queixo e, finalmente, na boca. Um beijo calmo, diferente dos que eu costumava dar. terminou com vários selinhos. Continuei de olhos fechados, sorrindo.
Quando os abri, ela me encarava.
- Já disse que você é linda?
Ela deu uma risadinha e me puxou pela mão até uma loja com roupas de surfista na vitrine.

Fiquei olhando ela comprar um moletom com dinossauros pro , um com milhões de estrelas coloridas e a frase ‘Follow your star’ pro e um com uma bateria nas costas pro Harry.
- Obrigada. – Ela sorriu pra moça no caixa e pegou na minha mão outra vez. – Agora você, , o que você quer de Natal?
’s POV – Off

- Eu já disse que não preciso de nada, eu tenho você. – ele deu aquele sorriso lindo que era um dos dez motivos para eu achá-lo perfeito.
- Ah, não, ! – Eu fiz bico. – Eu já tenho algo pro McFly, mas...
- Pronto, já é um presente pra mim.
- ...eu queria te dar algo exclusivo.
deu um sorriso tarado que eu procurei ignorar. Parei para olhar uma vitrine de brinquedos que tinha um Darth Vader em tamanho natural.
- Ok... – ele suspirou. – Você compra pra mim algo que lembre você, certo? – Fiz que sim. – E o que você quer de Natal, pequena?
Revirei os olhos.
- A gente se encontra aqui daqui uma hora. – Dei um selinho em e entrei na loja de brinquedos.

Ao entrar na loja fui direto para a prateleira de pelúcia. Algo que lembre eu mesma... Comecei a revirar a prateleira procurando algo com a minha cara.
- Ah, já sei! – dei um tapinha na minha própria testa e segui até o quiosque no meio da loja.
- Como você vai querer personalizar sua pelúcia? – uma garota sorria pra mim.

’s POV – On
A questão era: o que eu iria comprar? Observei uma vitrine de roupas, outra de livros, outra de sapatos... Aquilo eram coisas comuns. Eu queria algo especial.
Na terceira livraria do quarteirão, o livro em destaque era um que, apesar de recentemente lançado, eu tinha certeza que já havia lido pelo menos três vezes: Lua Nova.
Não tinha certeza se era desse livro ou do primeiro da saga, que agora não me vinha o nome, uma frase sobre meteóros, ou seriam estrelas cadentes? Tirei o iTouch do bolso para procurar a frase na internet. Achei, fácil. Salvei e comecei a procurar uma joalheria.
Uma vitrine dourada me chamou a atenção. Entrei na loja de jóias e comecei a procurar.
- Pois não? – Um senhor me perguntou.
Estranho como todo mundo aqui fala inglês. Tenho tanta cara de estrangeiro assim? A língua oficial não é o francês? Ah, enfim.
- Eu gostaria de um pingente, algo com meteóros ou estrelas...
Fui interrompido pelo sininho da porta. Uma garotinha, que devia ter no máximo nove anos, entrou segurando um copo enorme da Starbucks.
- Oi, vovô. – O homem sorriu pra ela.
Fiquei olhando hipnotizado. Era parecida demais. Ela se sentou em uma poltrona ao lado da vitrine.
- Ah, certo... Não sei se o senhor conhece “Crepúsculo” – lembrei o nome –, eu queria algo relacionado.
A garotinha me olhou interessada.
- Sinto muito, mas não. – A menininha se levantou e ficou ao lado do avô, me encarando.
- Vovô – o senhor a olhou –, posso? – Ele fez que sim. - O senhor deve estar falando da pulseira da Bella.
Santa garotinha clonada.
- . – Eu sorri. – Só tenho dezessete anos, não sou senhor – fiz careta.
- , mas pode me chamar de . – Ela sorriu e começou a procurar algo no balcão.
Olhei abobado para a garota que era praticamente a miniatura da minha namorada. Dude, até o nome era igual. Destino?
- Nome incomum pra uma garotinha francesa...
- A mãe que escolheu, é estrangeiro. – O senhor falou do balcão.
- É o nome da minha namorada. – A mini- me encarou. – Na verdade, vocês são muito parecidas.
Ela encarou o avô e depois me encarou, com uma caixinha na mão.
- Eu... Eu posso conhecê-la? – ela me olhou com os olhos brilhando.
- Claro que pode, ela vai adorar! Eu tenho que encontrá-la daqui – olhei o relógio – vinte minutos.
- Vamos ver a pulseira, então, pra dar tempo. – Ela abriu a caixinha que segurava revelando uma pulseira prata com dois pingentes: um coração brilhante e uma estrela cadente.
- Perfeito!

Avistei a minha com as bochechas rosadas de frio e segurando duas sacolas na frente da loja de brinquedos.
Acenei com uma mão só, já que, com a outra, a miniatura dela segurava. Eu me sentia entranho de mãos dadas com aquela criança. Meio protetor, meio pai. O que me lembrou minha mãe. Concentrei-me na visão da minha namorada.
Ela me olhou com cara de interrogação enquanto a mini- a olhava mal conseguindo conter a empolgação.
- Oi, linda – dei um selinho nela. – Eu fui comprar seu presente e achei seu clone. – Eu me abaixei pra ficar na altura da garotinha. – , essa é a minha namorada, .
A garotinha deu um sorriso que parecia refletir o de . Elas ficaram conversando e rindo um bom tempo, enquanto bebiam chocolate quente em uma lojinha de frente para a joalheria. A claridade começou a desaparecer pouco a pouco e a mini- fez cara feia.
- Eu preciso ir – a garotinha disse.
Deu um abraço apertado em e outro em mim.
- Tchau, – ela acenou. – Obrigada, . Ela disse com o sotaque carregado e atravessou a rua, entrando na joalheria.
Dei a mão pra e começamos a andar até onde havíamos deixado o carro.
- Nossa filha vai ser igual a ela! – Falei orgulhoso, sem pensar.
- Isso quer dizer que vamos ter filho? – riu.
- Claro! Ter filhos, casar, e tudo que envolve ficar juntos pra sempre. - Mela mais, .
- Mas eu quero um menino também, só pra poder colocar o nome de Landon em homenagem ao Travis.
- Nós vamos ter um casal, e eles vão ser gêmeos! – gargalhou. – Landon e Rebecca.
- Rebecca?
- É, Romeo e Rebecca, você sabe. – apertou minhas bochechas me deixando sem graça.
- Eu gosto de Mas também, pra menino – ela disse e Harry que estava do lado do carro, nos ouviu e olhou desconfiado.
- Relaxa, Judd, não engravidei ninguém.
- Acho bom... – ele ameaçou e entramos no carro pra voltar pra casa.


Capítulo 33
- Vamos passar o Natal em casa mesmo? – perguntou.
Eu não estava a fim de passar o Natal naquela casa. Ninguém ali sabia cozinhar, ninguém ali tinha paciência pra ficar muito tempo parado e ninguém ali tinha disposição pra conseguir ficar acordado até a meia noite sem ajuda de bebida. Resumo: não, sem casa.
- Não queria. – resmungou.
Já falei que ela é a mulher da minha vida? Lê até meus pensamentos. Ok, parei de ser gay.
- Vamos sair, então. – Harry disse. Ele era o defensor da e o que ela falava era lei pra ele.
- O problema é aonde. – falou.
Passamos na frente de um pub (sei, sei, só na Inglaterra, blá!) onde uma placa brilhava algo em francês com desenhinhos natalinos.
- Ah, ali! – mesmo se respondeu, sorrindo.
- Nem todos aqui são nerds que sabem falar francês, sabe? – Harry comentou e fez cara feia pra ele.
- Tá dizendo que vai ter muita música, bebida, curtição na noite de Natal. – abriu a boca pra reclamar, mas completou. – Sim, tem peru, .
’s POV – Off

Desci a escada com o cabelo todo molhado e de toalha.
- Harry! Droga, Harold, onde você colocou a malinha azul?
- Você poderia, por favor, não andar seminua numa casa cheia de homens? – abri a boca pra protestar. – Obrigado.
Andei batendo o pé atrás dele, que ia subindo as escadas até entrar no quarto que dividíamos. Apontou pro armário e lá estava a mala que eu procurava, com maquiagem e tralhas do gênero. Bufei, me tranquei no banheiro e saí trocada.
Calça jeans clara, blusa preta que em algum lugar parecia algo de couro, sandálias de salto, também pretas, e um casacão branco. Sinceramente, eu não dava a mínima pro frio.
Passei nos olhos meus amigos fiéis: lápis preto e rímel. E desci até a sala onde os meninos já me esperavam. segurou a minha mão assim que ficou ao seu alcance. Saímos da casa rindo de algo idiota que tinha dito, entramos no carro preto para percorrer os seis blocos até o pseudorrestaurante.

O lugar não era muito grande e estava totalmente cheio. falou algo ao garçom que nos levou pra uma mesa perto do bar, como sempre. Algum remix do Bass Hunter tocava alto.
O relógio em cima da pista de dança marcava 10h15 da noite. Ainda teríamos muito tempo até a virada, até voltarmos pra casa e abrir os presentes, afinal ainda era véspera de Natal.
Harry observava tudo, assim como e , e eu sabia que eles começavam a procurar a vítima ou a sortuda da noite. Me senti estranhamente corada ao ver que só olhava pra mim.
- O que você vai querer, ?
- Hm, Hi Five. – eu sorri pra , que havia me perguntado.
Outra música, dessa vez da Lady Gaga começou a tocar, e eu fiquei com uma super vontade de ir dançar.
- Meninos – os quatro olharam pra mim –, alguém quer ir dançar? – Fiz a cara mais dócil possível. Eles fingiram olhar pro outro lado, até pareceu me ignorar por um momento.
- Eu vou, vai... – Harry se deu por vencido e nos levantamos juntos seguindo pra pista.
Arrastei Harry até o meio da coisa toda e quando chegamos lá, a próxima música começou a tocar. Lady Gaga cantava a pouco apelativa LoveGame. Isso não me impedia de saber cantar e meus dezessete anos de convivência com Harry, me permitiam saber que eu teria que guiar aquela música.
Coloquei as mãos dele na minha cintura e comecei a dançar, logo Harry me seguia.
- I can see you staring there from across the block with a smile on your mouth and your hand on your (huh!)... (Eu posso te ver olhando lá do outro lado do bloco com um sorriso na sua boca e a sua mão em seu p(huh!)) – dei uma gargalhada, quando ele me olhou um pouco assustado com a letra.

’s POV – On
Olhei e Harry dançando com um pouco de inveja. Ela parecia tão feliz e livre assim comigo? Fiquei um pouco emburrado quando um garoto, que não devia ser mais velho que eu, sentou-se à minha frente, ocupando o lugar que e deixaram vago.
Ele olhou pra mesma direção que eu e tentou assobiar, fracassando.
- A garota é realmente gostosa. – ele observava . Resmunguei em concordância. Não ia discutir com um cara bêbado que falava a verdade. - Que cara sortudo.
- O cara é melhor amigo dela. – respondi seco, como que justificando.
- Amigo com bônus? – ele fez uma cara maliciosa.
- Isso seria difícil, já que ela tem um namorado – o cara me olhou –, que sou eu.
- Ah, certo – o bêbado deu um tapinha desajeitado no meu ombro. – Boa sorte com sua namorada e o melhor amigo dela.
Ele saiu e eu olhei novamente, enquanto Harry a fazia girar e rir.
É o melhor amigo dela,, eu disse pra mim. Com vantagens?, me perguntei em dúvida.
apareceu, surgindo do chão, com marca de batom ou algo mais no pescoço. Olhou pro mesmo lado que eu e bufou.
- Você não tá com ciúmes do Harry, né, ? Ah, por favor, eles se conhecem há dezessete anos, é óbvio que tenham uma ligação que nenhum de nós, meros mortais, vá entender. O que não quer dizer absolutamente nada, ela já deixou claro que está com você. – Ele disse e saiu um pouco irritado me deixando ali sozinho, me sentindo idiota por duvidar da minha namorada, outra vez.
’s POV – Off


Capítulo 34
Meia noite veio e foi. Nos abraçamos, gargalhamos com um um pouco bêbado, bebemos champagne e entramos no carro pra voltar pra casa e abrir os presentes.

- Ei! – Eu gritei da frente da árvore e os quatro me olharam do sofá. – Eu queria dar algo pra vocês em conjunto...
- Suruba! – gritou e deu um tapa na cabeça dele. – Outch, parei.
- Continuando... Algo que vocês pudesem usar como McFLY.
Peguei uma caixinha e joguei pra eles. pegou no ar e a abriu; os outros garotos olharam curiosos. A caixinha continha cinco passagens de trem com destino a uma cidade próxima de Londres, com nome complicado.
- Uma é minha. – Eu ri. – Eu sei que está marcado um nome aí que eu não sei pronunciar, mas devia estar escrito “Primeiro festival do McFLY”. – Sorri.
Achei que ia ter uma síncope e desmaiar ali mesmo; Harry parecia que ia chorar; e olhavam de olhos arregalados pra caixinha.
- É no fim de Janeiro e vão ter várias outras bandas, alguns olheiros de grandes gravadoras, coisa e tal. - Você... Nós... – balbuciava.
Contra tudo que eu podia esperar, ele se levantou e me abraçou com força. Aquela era a primeira vez que demonstrava algum sentimento real por mim. Devolvi o abraço e logo os outros três vieram também me abraçar.
- Obrigada, pequena. – ouvi Harry murmurar.
- Legal, legal... – me separei antes que eu começasse a chorar com o clima. – Tenho individuais também! – levantei os pacotinhas e os garotos riram.
Ganhei um all star em tons de azul de , uma blusa com a inscrição ‘There’s a brain behind this beuty’ de (o que nos rendeu risadas) e um jeans de Harry. ficou saltitante com seu moleton estrelado.
Os meninos continuaram a trocar presentes, enquanto eu me dirigia a com o meu pacote. Ele abriu com um rasgo, revelando o alce com uma camisetinha roxa e uma plaquinha onde estava escrito ‘I’m yours’.
- É perfeito, . – os olhos dele brilharam. – Vou batizar de Landon – eu gargalhei, me lembrando da conversa sobre nomes de crianças. – Agora o seu.
Ele me entregou uma caixa fina que não deivia medir mais que um palmo de largura. Abri com curiosidade. Era a pulseira mais linda que eu já tinha visto. Me lembrava algo...
- Agora lê o cartão. – me olhava com os olhos brilhando.

‘Antes de você, , minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas havia estrelas - pontos de luz e razão... E aí você apareceu no meu céu como um meteoro. De repente, tudo estava pegando fogo; havia brilho, havia beleza. Quando você não estava lá, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro. Nada havia mudado, mas os meus olhos haviam ficado cegos com a luz. Eu não conseguia mais ver as estrelas. E não havia mais razão pra nada.
Eu tentei encontrar um meteoro em pingente, mas aparentemente não existe. Optei pela estrela cadente que, de certa forma, se parece com um meteoro. Foi a mini- que me ajudou a escolher, gostou?
De qualquer jeito, eu gostaria de dizer que agora minha vida está iluminada, porque você está comigo e, de um jeito ou de outro, você é o meu meteoro.
E o coração, bem, é o meu coração, e ele é seu.
Feliz Natal, eu te amo.
.’


Eu realmente não queria chorar, mas aquilo foi a coisa mais linda que fizeram por mim. Não chorei, mas com certeza meus olhos brilhavam demais quando eu abracei com força.
- Obrigada. – eu disse com a voz um pouco pastosa.
- Sou eu que tenho que te agradecer... Por tudo. – Ele respondeu e eu me derreti por completo.

Depois da nossa festinha particular, ligamos a tevê - onde os especiais de Natal dominavam os canais -, contamos piadas, rimos, conversamos, até que o sono veio.
Acordei com a voz do DeLonge tocando. Espreguicei-me no sofá e bocejei; a música continuava tocando e os meninos nem tinham se mexido no tapete.
Comecei a procurar a origem do som. Um celular preto vibrava e continuava tocando ‘Violence’ - era do . Quando peguei na mão, ele parou de tocar; suspirei fundo. Quando ameacei devolver na mesinha, ele começou a vibrar e tocar outra vez.
- – esfreguei o braço dele.
- Não, tá frio... – ele resmungou.
- , o celular tá tocando.
Ele pegou da minha mão, sonolento, leu o visor e pareceu um pouco assustado.
- Alô?
- , ela... Ela acordou. – uma voz feminina disse.

’s POV – On
Eu continuei olhando de boca aberta pro celular por um bom tempo. Não, não era possível. Isso não podia acontecer assim, de uma hora pra outra. Se bem que dois anos não é lá pouco tempo, mas mesmo assim!
- Eu estou na França, mas vou chegar aí o mais rápido possível – respondi quase que mecanicamente. Desliguei o celular e coloquei de volta na mesinha. Eu tentava não pensar nisso, mas e se ela não se lembrar de mim? Uma segunda voz falou mansa: “ela é sua mãe”. Suspirei fundo.
- Tá tudo bem? – perguntou, cautelosa.
- Eu preciso primeiro contar uma história pra vocês – suspirei de novo –, que a já sabe.
- Sobre a sua mãe?
- Por favor, , ninguém aqui é estúpido não. – Harry disse.
- Só o . – deu uma risadinha. – Mas até ele sacou.
- Então, qual a situação atual? – Harry perguntou interessado.
- Hm, ela acordou. É só o que eu sei, mas eu queria estar lá pra ela.
discou algo no celular, jogou pra que falou algo em francês, agradeceu, fechou e jogou de volta pra ela.
- Nosso vôo sai em duas horas.
Fiquei olhando de boca aberta. Meus amigos são os melhores do mundo, sempre me surpreendem e... Cara, tô virando gay.
- Vai ficar olhando igual um idiota ou vai arrumar a mala? – Harry falou já no meio da escada.

Duas horas depois eu estava sentado na poltrona do avião, tentando achar uma posição melhor.
- Calma, vai dar tudo certo. – segurou minha mão e apertou carinhosamente.
Sorri agradecido pra ela, mas eu não queria falar nada no momento, era demais pra eu pensar.
Respirei fundo e tentei esvaziar minha cabeça de pensamentos, mas o máximo que consegui foi pensar mais. Ela tinha acordado. Ela se lembrava de mim? Ela queria me ver? Qual seria a reação dela? Qual seria a minha reação? Eu, claramente, não estava pronto pra encarar uma mãe que tinha, de um jeito ou de outro, ficado ausente por dois anos. Eu não era mais o garotinho de 14 anos que ela se lembrava. Não seria fácil colocá-la de novo na minha vida, a par dos acontecimentos. Eu conseguiria?
Fiquei observando dormir; ela usava os fones de ouvido e ainda segurava a minha mão. Sorri um pouco, mas parei no mesmo instante.
Eu tinha estragado a viagem deles. Eu tinha estragado a viagem de todos eles e hoje era Natal. Suspirei fundo novamente.
Foi no meio da minha crise que uma aeromoça anunciou que estávamos aterrissando em Londres.
’s POV – Off


Capítulo 35
Desci no aeroporto um pouco sonolenta, carregando a minha bolsa, a mochila de Harry e a minha própria mala. parecia totalmente desligado de tudo e todos.
Pegamos um táxi até a minha casa, onde deixamos todas as malas, sacolas e afins na sala. Entramos no mesmo táxi e demos o endereço do hospital onde a mãe de estava.
Não era o mesmo da outra vez. Esse parecia mais limpo e organizado, localizado num bairro de classe alta, mas a enfermeira era a mesma.
- Oi, Mary. – sorriu, cansado.
- Olá, – Ela deu um sorriso maternal que dizia claramente: “tenho dó da sua situação e gosto de você”. – Ela está ali. – Ela apontou pra última porta do corredor.
Eu, , e Harry nos sentamos no chão do corredor; Mary olhou, nos repreendendo.
- Por que vocês estão aí? – perguntou.
- Você vai entrar e a gente vai esperar aqui. – falou o óbvio.
- Claro que não, vocês vão comigo. – me puxou pela mão e ficou segurando. – Eu não sei se consigo sozinho. – Ele falou um pouco mais baixo.
foi o primeiro a entrar, me puxando pela mão, seguido dos outros três.
O quarto era branco que até doía. Uma única cama estava no quarto, uma tevê enorme estava na parede com um sistema delicado de som – que era melhor que o meu provavelmente. De uma porta aberta do outro lado do quarto, se via o banheiro, nem tão espaçoso quanto o quarto.
Eu não me lembrava certamente da aparência da mãe de , mas eu certamente não esperava aquilo. Ela era linda.
Ela devia ter, no máximo, quarenta anos, mas tinha cara de vinte. Os cabelos eram compridos e bem pretos. Ela nos sondou com os olhos azuis enormes, que se encheram de lágrimas quando viu .
- ?
Eu me sentia uma estranha no ninho. Dei um passo vacilante pra trás e Harry me segurou pelo braço.
soltou a minha mão e foi abraçar a mãe. Olhei pra Harry, que me devolvia o olhar da mesma maneira.
Eles ficaram um bom tempo abraçados, até que fomos convidados a entrar na conversa.

’s POV – On
Ela se lembrava de mim. Ela se lembrava de mim e estava emocionada ao me ver. Soltei a mãe da e me dirigi até ela, abraçando-a com força.
- Me desculpa, filho. Me perdoa, por favor. – ela sussurou.
- Mãe, a culpa não é sua. É bom saber que você está de volta. – eu a soltei e sorri de verdade.
Olhei pro pessoal, fiz um gesto com a cabeça pra eles se aproximarem.
- Mãe, esse é o Harry, o e o . Nós temos uma banda, o McFLY, e graças a , minha namorada, nós vamos fazer nossa primeira grande apresentação no fim de janeiro.
A mãe dele sorriu pra nós.
- Tá cuidando bem do meu filhote? – ela disse pra que deu uma risadinha.
- É mais o cuidando dela. – Harry disse e ela fez bico.
Mamãe deu uma risada e se sentou na cama pra que pudéssemos sentar ali também. Ficamos conversando pelas próximas horas, colocando aqueles dois anos em palavras.

Eram sete da noite quando pediu licença e saiu do quarto, voltou alguns minutos depois com sete caffe latte, vários muffins e um gorro de Papai Noel.
- Nossa ceia de natal. – Ela disse, sorridente. – Eu procurei algo mais natalino, mas é a única coisa que tinha na cantina. – Ela disse, como quem se desculpa.
- , muito obrigada. Mesmo. – minha mãe disse um pouco emocionada com o café na mão.
Sorri feliz. As mulheres da minha vida.
’s POV – Off


Capítulo 36
( N/A: se quiserem, coloca pra carregar Kings of Leon – Cold Desert.)
A semana correu sem mais. passava a maior parte do tempo no hospital, já que a mãe não podia sair de lá. E quanto ao resto de nós, fazíamos turnos com , ou jogávamos Wii na minha casa.
- Meu braço tá doendo de jogar tênis aqui. – se jogou no sofá com o controle.
estava no hospital com e eu iria substituí-lo em uma hora.
Harry gritou algo incompreensível da cozinha e eu precisei ir até lá.
- O quê, Haz?
- Quero aquele seu doce. – Ele fez bico.
- Tipo, brigadeiro? – eu tinha certeza que era, mas eu queria que ele falasse. Era demais ver qualquer inglês falando brigadeiro com aquele sotaque.
- É, esse aí mesmo. Não vou repetir. – Harry fez cara de emburrado.
- , vem ajudar! – eu gritei.
- Doce, doce, doce! – veio gritando da sala de tropeçou na porta da cozinha, caindo embaixo da bancada.
Eu e Harry começamos a gargalhar enquanto ele lutava pra se levantar.
- Eu vou querer doce a mais. – fez bico.

Meia hora depois, deixei Harry e com uma vasilha enorme de brigadeiro, lambuzados feito duas crianças. Entrei no meu volvo e dirigi em direção ao hospital.
O locutor da rádio dava as notícias. Aparentemente essa noite ia ser mais fria ainda, o Hyde Park estaria fechado para as comemorações de ano novo e algumas vias seriam bloqueadas. Olhei o painel do carro: 31/12. O tempo tava realmente passando rápido, me senti um pouco sufocada com aquilo.
Coloquei o carro no estacionamento do hospital e passei pelas portas automáticas. Entrei no quarto. e a mãe conversavam, estava cochilando no sofá.
- ... – cutuquei.
- Eu tô acordado. – ele disse se sobressaltando.
- Tá tudo bem, pode ir pra minha casa. Harry e estão lá – ele me olhou com preguiça – e eles têm brigadeiro.
foi embora praticamente correndo e eu me sentei onde ele estava antes.
Os dois conversavam na cama como se não houvesse mais ninguém. Sorrindo e lembrando-se de histórias. Eu queria que minha mãe fosse assim comigo.
O cabelo da mãe de estava solto e caía sobre os ombros. Passei a mão nos meus cabelos que mal chegavam ao ombro e decidi que os deixaria crescer. Fiquei brincando com a única mexa roxa que eu ainda tinha, perto da franja, lembrança de um cabelo inteiramente colorido.

Já era noite. Eu vi a luz ir embora pela janela, enquanto continuava observando e a mãe. Parecia uma coisa certa, que eles estivessem juntos. Tinha tanto amor e adoração no ar que eu me sentia cortando o momento dos dois estando ali.
E então tudo aconteceu muito rápido. A mãe de colocou a mão sobre o coração e começou a fazer uns barulhos estranhos pra respirar. Eu me levantei e corri até a cama.

I'm on the corner
(Eu estou na esquina)
Waiting for a light to come on
(Esperando uma luz chegar)
That's when I know that you're alone
(É quando eu sei que você está sozinha)

- Mãe? – olhava desesperado. – Mãe, por favor!
Os lábios dela começavam a ficar roxos e ela se debatia na cama, tentando em vão respirar. Foi quando os médicos entraram. segurava a mão dela com força e tudo que eu fazia era assistir.

’s POV – On
- Eu sei... – eu dei risada. Minha mãe deu risada, mas depois fez uma careta.
- Tá doendo. – ela falou com dificuldade segurando o peito.

It's cold in the desert
(É frio no deserto)
Water never sees the ground
(A água nunca está fácil por perto)
Special spoken without a sound
(Especialmente faladas sem um som)

Ela tentava respirar pela boca, mas não conseguia. O barulho da respiração dela falhando era o pior som que eu já tinha ouvido.
- Mãe? – eu olhei totalmente desesperado pra ela. – Mãe, por favor!
Segurei a mão dela com força. Seus lábios estavam azuis pela falta de ar e eu me sentia mais desesperado a cada momento. Ela apertava minha mão de volta com força enquanto uma enfermeira colocava algo no soro dela.

You told me you loved me
(Você disse que me amava)
That I'd never die alone
(Que eu nunca morreria sozinho)
Hand over you heart, let's go home
(Mão sob o seu coração, vamos para casa)

Aos poucos a pressão da mão dela na minha foi diminuindo até ser inexistente.
Foi como se o mundo parasse. falava algo, com os olhos um pouco vermelhos. Não saberia dizer se por causa do choro ou do tempo sem dormir. De repente tudo acontecia em câmera lenta e sem som. Olhei pro aparelho que costumava marcar os batimentos cardíacos da minha mãe, quando existiam.
Olhei pro médico ao lado da cama dela que tentava, sem sucesso, reanimá-la. Eu sabia que tinha acabado. Costumam dizer que depois de um trauma o primeiro estágio era negação, mas eu sabia que tinha acontecido, eu tinha certeza, eu vira.

Everyone noticed
(Todos notaram)
Everyone has seen the signs
(Todos viram os sinais)
I've always been know to cross lines
(Eu sempre fui conhecido por ultrapassar os limites)

O médico anunciou a hora da morte e a única coisa que eu fui capaz de fazer foi continuar segurando a mão dela, que eu sentia esfriar comparada a minha mão quente, viva.
Eu vi ao celular e só aí me toquei que eu chorava, e não era pouco. Meus sentidos voltaram como uma avalanche quando eu tremi com um soluço. O medidor de batimentos fazia aquele barulho horrível, mas quando a enfermeira o desligou eu senti que o preferia ligado. Aquilo me ligava a ela de alguma forma.

I never ever cried when I was feeling down
(Eu nunca chorei quando estava pra baixo)
I've always been scared of the sound
(Eu sempre tive medo do som)
Jesus don't love me
(Jesus não me ama)
No one ever carries my load
(Ninguém jamais carregou meu fardo)
I'm too young to feel this old
(Eu sou muito jovem para me sentir tão velho assim)

- Eles estão vindo. – disse num sussurro.
Ela me olhou com expressão torturada e me abraçou. Ela estava quente, mas eu continuava segurando aquela mão fria nas minhas. Eu não queria soltá-la, eu não queria que ela fosse. Não agora que eu a tinha de volta.
ficou sentada ao meu lado por mais um bom tempo. Eu sentia a gola da minha camisa encharcada com o choro e eu queria parar. Não tinha sentido ficar ali chorando, tinha acabado.
Harry, e se sentaram no sofá assim que chegaram. Nenhum deles falou comigo e eu agradeci mentalmente. Eu não queria falar com ninguém, eu não queria que falassem comigo, eu queria não ter que sair dali, não ter que levantar. Eu me sentia horrível, como não me sentia há tempos.

Here's to you, here's to me
(É você? Sou eu?)
On to us nobody knows, nobody sees
(Ninguém sabe, ninguém viu)
Nobody but me
(Niguém além de mim)

Mas aquilo tinha que acabar uma hora. Não tinha sentido estender o sofrimento até o outro dia. Soltei a mão dela com custo e fui falar com a enfermeira sobre o que tinha que ser feito.
Os sinos badalaram e fogos de artifício coloridos clarearam o quarto o resto da noite.


Capítulo 37
Os meus olhos deveriam estar inchados e eu não dava a mínima pra isso. Não tinha conseguido dormir um segundo. Suspirei fundo fitando a parede do meu próprio quarto. Devia fazer meses que eu não dormia ali. Eu não gostava daquele lugar, eu me sentia sozinho. Não pude evitar o vazio de se expandir quando pensei que eu dividia aquelas paredes com a minha mãe.
Desviei meu olhar da parede pra , que dormia tranquilamente ao lado de Harry. Eu queria tanto ficar sozinho e ainda sim queria que ela estivesse ali, segurando minha mão.
Olhei pros quatro ternos que usaríamos no enterro pendurados na porta. Senti minha garganta apertar e mais uma lágrima escorrer.
Tirei o celular do bolso. Passava das nove e era o primeiro dia do ano. Peguei meu terno e sai silenciosamente do quarto, entrando no banheiro para um banho quente. Coloquei a roupa e, enquanto escovava os dentes, vi minha imagem no espelho. Extremamente branco, olhos vermelhos com uma olheira arroxeada e o cabelo pingando água.
Desci as escadas até a cozinha e fiz café pra mim.
Você é muito novo pra café, isso vicia!
Eu pude ouvir a voz dela seguida de um riso curto e segurei a caneca com força, tentando, em vão, esquentar as mãos.
O tempo parecia estar comigo nessa – grossas nuvens cor de chumbo estavam no céu e as árvores balançavam com o vento frio.
Escutei o barulho da escada e, logo depois, estava na porta da cozinha. Ela me olhou em dúvida e eu tentei dar um sorriso animador, que provavelmente saiu como uma careta. Atravessou a cozinha e me abraçou forte. Respirei com força, buscando a respiração que eu nem sabia que tinha prendido.
- Já estamos todos prontos – ela sussurrou no meu ouvido. – Podemos ir quando você quiser.
Segurei a mão dela e entrei na sala. Meus três melhores amigos estavam sentados em silêncio e me olharam com um sorriso cansado.
- Vamos? – perguntei com a voz rouca.
Eu devia tanta coisa pra eles, assim como eu devia pra ela, minha mãe. Sentei no banco do motorista do Eco e arranquei.

O cemitério era lindo e o túmulo dela ficaria embaixo de uma árvore. Observei o cenário cinza e frio segurando a mão quente de .
Eu não suportaria vê-la descer naquele caixão, então cheguei propositalmente mais tarde.
Se tudo anda pra frente, até o presente pra trás ficou – Kristen
Olhei pra lápide e senti meu coração mais leve: ela sabia como eu ia me sentir. Aquela frase era pra mim; ela queria que eu seguisse em frente. Enxuguei uma lágrima teimosa que insistia em cair repetindo mentalmente: ela queria que eu seguisse em frente.
’s POV – Off

Olhei observando a lápide. Um sorriso discreto surgiu em seu rosto, antes da cor voltar as suas bochechas.
Aquilo não era algo pra superar, era pra aprender a conviver. Quando ele se virou pra nós, deixando a lápide pra trás, já exibia um sorriso aberto, os olhos ainda um pouco molhados.
- A gente vai comer aonde? – perguntou, voltando a segurar na minha mão.
Começamos a andar de volta pro carro. , e Harry lançavam olhares pra , que parecia mais feliz do que eu já havia visto em muito tempo. Era aquilo, ele tinha aprendido a viver.
Entramos no carro. Liguei o rádio e ‘I want to break free’ começou a tocar. batucava animadamente o volante. Nem parecia o mesmo garoto de algumas horas atrás. Os outros três cantavam também.
- Amanhã a gente tem aula – comentei quando a música acabou.
- Nem lembra – fez careta olhando pra fachada branca através do vidro do carro.

- Tô chegando – resmunguei atendendo o celular alguns minutos antes de me jogar no banco de carona do carro.
- Aleluia! – Harry ergueu as mãos pro céu e deu risada.
Revirei os olhos enquanto ele dirigia em direção ao colégio.
- Turn the light off, carry me home – cantarolei, entrando na escola com Harry ao meu lado.
, e tinham mobilizado as carteiras no fundo da sala pra nós. O sinal bateu e me cumprimentou com um selinho.
Tina nos olhou assustada, mas voltou sua atenção à frente da sala quando o professor entrou.
- Alguém tem bala? – perguntei baixo.
- Tenho um pirulito – riu antes de receber um tapa. – Outch! Mas eu tenho mesmo – ele tirou o pirulito do bolso e me entregou.
- Bom dia, bom dia, bom dia, galera! Meu nome é Frederico, mas podem em chamar de Fred. Vou ensinar os princípios básicos de política pra vocês. – o professor, com seus olhos verdes imensos e maravilhosos, falou enquanto eu abria o pirulito e enfiava na boa – Vocês vão ter duas aulas comigo por semana e... – ele continuou falando, enquanto eu desenhava na margem da apostila.
Dados, olhos, pessoinhas, letras de música. Me distrai tentando me lembrar de todas as palavras de The Party Song, do Blink. Voltei pros desenhos. Corações, caveirinhas, estrelas...
- Você! – olhei sobressaltada pro professor bizarro parado na frente da lousa. – Você sabe o que eu penso quando te vejo chupando esse pirulito assim? – tirei o pirulito da boca e olhei pra ele desesperada.
Não pensei um minuto antes de levantar pra jogar o doce fora. O professor me barrou no meio do corredor. e Harry olhavam com a cara fechada, enquanto e rolavam de rir, junto com o resto da classe.
- Fred – ele estendeu a mão.
- – apertei a mão dele.
- Cada nome que me aparece na vida... Mas belo nome. – ele deu um sorriso de lado e eu sorri de volta.
Continuou segurando minha mão direita e a puxou pra ele. Me segurei na carteira pra não cair de cara no chão.
- Hm, comprometida. – ele tirou a aliança prata do meu dedo, olhei pra ele irritada e divertida.
Conseguia ouvir bufar dali.
- ... – ele leu. – Quem é ?
se levantou da carteira e veio ficar do meu lado.
- Oi, garotão, boa escolha. – ele bateu no braço de e eu aproveitei pra arremessar meu pirulito no lixo.
- Posso? – perguntei, apontando pra minha carteira.
- Claro, minha aula, sua aula. – o professor piscou. – E você, cuida. – Ele bateu outra vez nas costas de .
Pude ver algumas meninas tirando pirulitos da bolsa e comecei a gargalhar sozinha.

- Adorei esse professor! – ainda gargalhava quando saímos da classe.
olhou feio pra ele e até Harry começou a rir.
Mais um ano na Middle.


Capítulo 38
No dia seguinte, cheguei à escola com , que segurava fortemente minha mão. Estranhei que ninguém nos olhasse atravessado, mas os formandos estavam concentrados no quarto de avisos.
- Mas que p... – começou, mas foi cortado por , que chegou correndo e esbarrou nele.
- Ela está aqui! A mulher com as inscrições pra faculdade! – ele estava histérico. – Increvi a gente no mesmo horário.
Harry e chegaram correndo logo depois. Só consegui entender algumas palavras: McFLY, futuro, faculdade.
O reconhecimento frio escorreu pelo meu corpo. Eles não iam cursar nada. Eles iriam ficar, se dedicar a banda, buscar o sucesso.
- Claro que vai! A é nossa primeira fã. – bagunçou meu cabelo.
Olhei sem entender e devolveu um olhar preocupado.
- Nós vamos nos apresentar sexta no Madame Madalena! – Harry respondeu quase saltitando e eu sorri.
O sinal bateu e começamos a ir pra classe. O clima era tenso. Aquela reunião poderia fazer seu futuro, ou deixá-lo sem nenhum.
- Ei, tá tudo bem? – cutucou minha cintura.
- Só tô com medo. – ele me abraçou de lado.
- Não precisa ter medo, . Eu tô bem aqui quando você se sentir sozinha.
É. Por que eu estava me desesperando mesmo?

mexia a perna ritmadamente, Harry andava de um lado pro outro, não se decidia em ficar sentado ou seguir o exemplo de Harry, e eu batia minha mão na perna de , que parecia completamente tranqüilo.
Uma garota saiu com uns 20 folhetos da sala, a olhou assustado.
Uma senhora com pouco mais de 50 anos saiu na porta. Magra, o cabelo grisalho preso num coque alto. Os olhos claros e gentis combinavam com o terno azul bebê.
- Qual de vocês é o Harry? – Ele se levantou e entrou na sala.
Nos encaramos quando a porta foi fechada; era muito nervosismo.
Intermináveis minutos depois, Harry saiu carregando um único folheto. Fez um gesto apontando pros jardins e foi se sentar na nossa mesa.

- Você deve ser a . – A senhora sorriu pra mim e eu entrei na sala iluminada. – Certo, me fale sobre você.
Fiz um barulho estranho com a boca antes de começar.
- Meu nome é , tenho 17 anos, moro em Londres desde os dois. Meus melhores amigos são aqueles garotos sentados ali fora e...
- Harry é seu irmão? – a senhora me interrompeu, olhando por cima da ficha.
- É como se fosse. – sorri de lado.
- Ele se preocupa muito com você. Me contou que quer ser músico, mas e você?
- Cinema ou fotografia. – falei enquanto ela continuava folheando a ficha.
- Você pode escolher a faculdade que quiser – ela elogiou. – Tem alguma coisa aqui por perto, mas eu aconselho NYU.
New York Univesity. A mais conceituada, a mais disputada. Milhas e milhas distante de tudo isso. Não era como se eu fosse ser aceita nem nada. Concordei em silêncio enquanto ela preenchia algumas fichas.
- Queria me inscrever em outras, mais perto também. – Ela fez um gesto de reconhecimento e preencheu mais algumas fichas.
- O próximo é . O que a senhorita pode me dizer sobre ele?
Ela devia ter perguntado de mim pro Harry também, pensei.
- Em três palavras. – ela disse quando eu hesitei.
Mulher louca.
- Bonito, talentoso... – procurei a última palavra – Meu.
A senhora soltou um risinho e disse que eu já podia sair. Sorri pros garotos no corredor e fui me sentar com Harry.

’s POV – On
Eu não tinha o menor medo de entrar ali. Meu futuro era claro: McFLY, sucesso, .
Sorri pra ela quando passou para ir se sentar com Harry.
- ? – a senhora me chamou na porta e eu entrei. – Quais são seus planos para o futuro? – ela falou já sentada na minha frente.
- Me dedicar a minha banda, nada de faculdade. – dei voz ao que eu havia pensado apenas alguns minutos antes.
- McFLY – eu a olhei em interrogação. – O Sr. Judd me disse... – ela olhava minha ficha. – A Srta. se inscreveu em faculdades próximas pra poder ficar com vocês.
Me perdi em pensamentos por alguns segundos. Minha, meu futuro.
- Acho que é só isso – a senhora sorriu e apertou minha mão.
Me sentei no refeitório com Harry e que riam de algo. Segurei a mão dela, que sorriu. Eu não sabia mais andar sozinho.
A apresentação do final de semana no Madame Madalena, e as que vieram a seguir, nos trouxe reconhecimento. Não éramos mais tão losers. As pessoas sabiam nossos nomes e eu podia jurar que uma garota do primeiro ano corou quando eu passei meu olhar por ela.
Assim foi passando aquele janeiro cinza, que traria com seu fim nosso primeiro festival.

- Five Colours, Help, Down by the Lake, You’ve Got a Friend.
Estávamos jogados no sofá da garagem de Harry depois de um ensaio particularmente longo. Sentia minha camiseta colar nas costas de suor, apesar do vento gelado que entrava pelo portão aberto.
- Fechado.
entrou pelo portão escancarado carregando uma sacola e uma bandejinha de café. fez careta. Aquele café não ia nem enganar o estômago.
- Já pedi pizza. É pra abrir o apetite. – ela apontou o café.
- Ah, , te amo! – puxou pela mão e ela caiu em cima dele, gargalhando.
Levantei uma sobrancelha, coisa que eu conseguia fazer depois de muito tempo com Harry, e veio se sentar do meu lado. Fiz bico e ela me abraçou com força.
- Eu amo você. – ela sussurrou, grifando a última palavra.
A campainha da casa tocou e saiu correndo pra pegar a pizza. Enrolamos mais um tempo na garagem, fazendo os últimos ajustes nas músicas e entramos.
Um som estranho explodia na cozinha. dançava e cantava enquanto arrumava os pratos. Nós quatro paramos boquiabertos na porta quando ela rebolou até o chão.
Abaixei o volume do rádio e ela finalmente reparou que estávamos ali. As bochechas instantaneamente vermelhas.
- Ah, vamos pra sala? – ela falou sem graça.
- Chega, . – Dei um tapa na nuca dele e carregamos tudo pra sala.
Algumas horas depois, estávamos jogados pela sala, como sempre. estava encaixada entre as minhas pernas, enquanto assistíamos MIB. Era uma sexta-feira à noite e, depois de um mês de espera, tocaríamos no festival no domingo. As malas no hall de entrada esperavam o dia amanhecer para irem para o carro e, consequentemente, para nossa grande primeira apresentação.


Capítulo 39
(n/a: ponha antes para carreguar: Yellowcard - Everywhere)
- Entra na merda do carro logo, ! – Harry meteu a mão na buzina pela vigésima vez.
se jogou no banco do carona e Harry deu um tapa na cabeça dele, irritado.
- Quanto tempo até lá? – eu resmunguei do banco de trás.
- Eu sei lá, . Meu trabalho é dirigir.
Harry e seu humor maravilhoso pela manhã. Ironia.
- Umas duas horas no máximo. – falou.
- E onde nós vamos ficar? Vocês só vão tocar amanhã. – disse.

O fluxo intenso de carros nos atrasou um pouco. Parecia que aquele festival ia ser mesmo bom. Ah é, eu ia tocar. Parei.
Harry finalmente parou o carro na frente de um suposto hotel. O lugar merecia uma reforma urgente.
As paredes antes brancas estavam amareladas, sujas. A posta de entrada com a pintura descascada por completo. Os seis andarem apoiados precariamente numa calçada quebrada.
- Mas que porra é essa? – disse.
Harry olhava o papel com o endereço na mão dele, sem acreditar.
- Eu... Mas...
- Relaxa, vamos entrar, não pode ser tão ruim. – deu de ombros saindo do carro.
Mas era. Dentro conseguia ser pior, muito pior. A senhora na recepção parecia ter saído direto de um filme de terror.
- Hm, com licença? Eu sou...
- Harry Judd. – a senhora disse e ele arregalou os olhos. – Terceiro andar. – ela jogou a chave.
- Mas nós precisamos de dois quartos e...
- Só temos um.
- Tá, então. – Harry levantou a sobrancelha e começou a subir as escadas.
- Puta merda. – soltou quando entramos no quarto.
- Pára, ! – falou perdendo a paciência. – Vai piorar tudo.
- Não pode ficar muito pior. – comentou olhando com nojo pras três beliches. – Cara, onde você arranjou isso?
Harry permaneceu de boca fechada. Mal humor saindo em ondas do seu corpo.
- Tem ar condicionado, olha só. – falou numa tentativa de ser otimista depois do esporro que recebera de .
Assim que ele o ligou a máquina pareceu tossir. Fumaça preta enfeitou toda a roupa dele e intensificou a cara de nojo. Comecei a gargalhar ao mesmo tempo que uma TV no andar de baixo era ligada no último volume.
- Ótimo. – Harry finalmente disse.
- Você poderia baixar o volume? – ouvimos no outro andar. – Por favor? – mais um minuto de silêncio. – Ah, não? Eu vou desligar por você.
me olhou prendendo o riso, e eu, gargalhava mais ainda.
- Bom, ainda temos cortinas. – comentou mexendo nelas.
Um baque surdo no chão indicou que talvez não tivéssemos mais. Minha barriga doía de tanto rir. e logo me acompanharam ao ver a cara de .

Resolvemos sair do quarto antes que quebrasse mais alguma coisa e Harry matasse alguém.
Apenas dois quarteirões do Hotel Demoníaco, ficava um campo aberto. Me senti em Woodstock. Olhei maravilhado pras pessoas de mil jeitos diferentes que passavam por nós. Eu nem acreditava que eu estava ali. Eu ia tocar ali! Me segurei pra não saltitar.
, que andava mais à frente, parou num cartaz com as bandas do dia.
’s POV – Off

Meus olhos brilharam quando eu li Yellowcard. Não era por acaso que eu tinha colocado os meninos nesse festival. Uma das minhas bandas favoritas, tão perto. Dei um sorriso feliz e me voltei pros meninos que encaravam o cartaz sem tanto interesse.
Um DJ tocava no intervalo entre as bandas e Yellowcard seria a próxima.
- Preciso ver o próximo show! – minha voz saiu como um gritinho, empolgado.
Começamos a cortar pela multidão de pessoas extremamente diferentes. Punks, metaleiros, com cabelo colorido, cabeça raspada, sorrindo, gritando, bêbados, sóbrios demais.
Parei e olhei o palco onde os roadies arrumavam os instrumentos. A noite estava chegando, dando ao palco uma luz nada natural.
Me distraí meros cinco minutos, só para ouvir a multidão gritando.
- E aí, Inglaterra? – Ryan gritou. – Essas são somente para vocês.
Sorriu e tocaram os primeiros acordes de Ocean Avenue. Rezei em silêncio pra tocarem o cover que eu queria enquanto cantava animadamente.
A bateria diminuiu e a música começou.

Turn it inside out so I can see
(Vire-se para que eu possa ver)
The part of you that's drifting over me
(A parte de você que está tomando conta de mim)
And when I wake you're, you're never there
(E quando eu acordo você nunca está lá)
But when I sleep you're, you're everywhere
(Mas quando eu durmo, você está em todos os lugares)
You're everywhere
(Você está em todos lugares)

Senti a mão de na minha cintura e a segurei. Suspirei fundo enquanto a música continuava.

Just tell me how I got this far
(Só me diga como eu cheguei tão longe)
Just tell me why you're here and who you are
(Me diga por que você está aqui e quem é você)
'Cause every time I look
(Porque sempre que eu olho)
You're never there
(Você nunca está )
And every time I sleep
(Mas quando eu vou dormir)
You're always there
(Você sempre está lá)

Me sentia muito eu mesma com essa música. Me lembrava daquele passado com ele.

'Cause you're everywhere to me
(Porque você está em todos os lugares pra mim)
And when I close my eyes it's you I see
(E quando eu fecho meus olhos, é você quem eu vejo)
You're everything I know
(Você é tudo que eu conheço)
That makes me believe
(Que me faz acreditar)
I'm not alone
(Eu não estou sozinho)

Me perdi numa avalanche de memórias. Eu e mais novos numa festa, a primeira vez que eu o beijei, o incidente com Holly, a casa na França.

I recognize the way you make me feel
(Eu reconheço o jeito que você me faz sentir)
It's hard to think that
(É difícil acreditar que)
You might not be real
(Você pode não ser real)
I sense it now, the water's getting deep
(Eu sinto que a água está ficando funda)
I try to wash the pain away from me
(Eu tento levar a dor pra longe de mim)

- Agora eu vejo. – escutei , quase que resmungar.
Ele devia estar revivendo as mesmas lembranças que eu.

And when I touch your hand
(E quando eu toco sua mão)
It's then I understand
(É aí que eu entendo)
The beauty that's within
(A beleza de tudo isso)
It's now that we begin
(É agora que a gente começa)
You always light my way
(Você sempre ilumina meu caminho)
I hope there never comes a day
(Eu espero que nunca chegue um dia)
No matter where I go
(Não importa onde eu vá)
I always feel you so
(Eu sempre sinto você)

O refrão foi cantado mais uma vez. Agora eu olhava nos olhos dele. Limpos, leves e sempre com aquele fundo de riso que eu amava.
Ele me beijou com sentimento. Nossas línguas numa dança calma, enquanto eu segurava sua nuca e ele minha cintura. Me abraçou forte.

You're in everyone I see
(Você está em todo mundo que eu vejo)
So tell me
(Então me diga)

- Can you see me? (Você pode me ver?) - falou rouco contra o meu ouvido.


Capítulo 40
Passamos boa parte da noite assistindo as bandas e reconhecendo o lugar. O show do Yellowcard tinha melhorado o humor de Harry, que agora exibia um sorriso de lado.
Eram cinco da manhã quando eu finalmente lembrei que eles tinham que descansar.
- Vamos voltar? – gritei pra sobrepor o som do DJ.
Os meninos fizeram sinais positivos. me abraçou pelos ombros e voltamos andando para o hotel.
A senhora não estava ali. Levantei a sobrancelha pra recepção escura.
O quarto continuava o mesmo, exceto pelo cheiro forte de cigarro que impregnava o quarto.
- Droga, Harold, você fumou? Eu falo pra parar, isso te faz mal, vai acabar te matando e...
- Relaxa, nanica. Não encostei um cigarro na boca hoje. Deve ser o quarto do lado. – ele se apossou de um beliche de baixo.
- Hoje. – resmunguei contrariada e comecei a arrumar o beliche do lado.
Depois de uma pequena discussão de vinte minutos, foi dormir na parte de cima do meu beliche. Enquanto eu penteava meu cabelo molhado, do recente banho, e observava o sol quase nascendo pela janela, ele subiu.
Escutei ele se ajeitar e suspirar fundo antes do baque surdo. Encarei a cama com os olhos arregalados. A beliche se resumia agora só a cama dele. permanecia estático, colado no colchão. saiu correndo do banheiro, enquanto e Harry já riam alto em suas próprias camas.
começou a rir da própria idiotice, ao mesmo tempo em que se jogava na cama por não conseguir respirar em meio aos risos.
Depois do incidente, ninguém queria dormir no beliche de cima. Eu comecei a juntar as três camas intactas e tentar arranjar cinco lugares pra nós.
- Ah, não, olha a putaria. – Harry finalmente percebeu o que eu tentava fazer.
- A não ser que alguém queira dormir no chão. – eu resmunguei de volta.
E em alguns minutos depois estávamos deitados. , eu, Harry, e . Os dois últimos tendo apagado assim que deitaram. Harry batucava na própria barriga um ritmo que lembrava I Wanna Be Sedated.
Criei coragem e me apoiei no peito de , que soltou um risinho. Harry soltou um suspiro pesado e virou pro outro lado, como se quisesse evitar aquilo.

Acordei com a luz cegante do céu praticamente branco entrando no quarto. Maldito que tinha quebrado também a cortina. Suspirei fundo. me abraçava com força pela cintura, de modo que eu estava quase em cima dele e não conseguia me mexer.
Meu rosto estava a centímetros do dele, que dormia calmamente. O bafo quente de menta batendo na minha boca. Cortei o espaço e dei um selinho carinhoso, sentindo sorrir.
- Bom dia. – ele falou contra a minha boca antes de aprofundar o beijo.
Ouvi Harry pigarrear e me separei de revirando os olhos. Levantei e comecei a procurar uma roupa na mala. Levantei-me com tudo na mão e fui até a porta do banheiro. Olhei pros quatro semi-acordados.
- Se vocês quiserem tomar café ainda, temos que sair agora.

- Meu estômago dói – disse enquanto descíamos a rua procurando um café, uma padaria ou qualquer coisa do gênero. – Eu não vou conseguir comer.
Ele torcia as mãos nervosamente. tentava esconder o fato de estar quase passando mal ali mesmo. Harry estava mais do que hiperativo com as baquetas, quase acertando em uma velhinha quando ela passou.
- Desculpe, senhora. – ele disse enquanto a velhinha sai xingando e nós dávamos risada. – Oh, cara, acho que vou vomitar se eu comer algo...
Observamos a vitrine abrrotada de doces da padaria. Eu queria um muffin e um café preto e forte.
- Mas você vai comer, vai todo mundo comer. Não quero ninguém desmaiando no palco. E outra: tia Emma não vai mais me deixar cuidar de vocês. – dei um sorriso de lado.
- Ta bom, mãe. – resmungou.
Depois de belos vinte minutos sentados na cafeteria sem nenhum deles tocar em algo pra comer, eu desisti. Saímos andando pela rua embaixo do céu cinza em direção ao festival.


Capítulo 41
’s POV – On
Olhei alguns caras de terno, com cara de importante, em mesinhas viradas pro palco. Deviam ser os menagers. Senti o estômago revirar. Subimos uma escada lateral ao palco, ia à frente falando com um homem careca tatuado que não devia ser mais velho que nós.
- Certo, vocês são a terceira banda – o careca se dirigiu a nós e apontou o palco. – Eles, outra banda e depois vocês.
Escutei gemer antes de se jogar no sofá que ficava atrás do palco. Podíamos ouvir a bateria distinta de um cover de AC/DC, que particularmente, me deixava mais nervoso.
Harry continuava batucando todas as coisas no caminho.
- Pára, caralho! – gritou pro Harry, ele parecia quase verde. – Meu Deus, que coisa irritante.
- Eu acho que eu esqueci os acordes – fiz cara de desespero ao mesmo tempo em que a próxima banda era anunciada.
gemeu outra vez e enfiou o rosto no sofá. Não sei como ele conseguia respirar.
A banda que tocava parecia boa. Mas ela podia ser uma droga que eu não ia perceber. Meu estômago dava sinais nada legais pro resto do meu corpo, minha cabeça parecia que ia explodir e...
- Direto da capital: McFLY!
Harry entrou primeiro e se sentou na bateria começando um pequeno solo enquanto nós entrávamos.
- Ahn... – dei uma batidinha no microfone. – Eu sou , nossa primeira música é um cover pra vocês se lembrarem daqueles amigos.
Comecei os acordes de You’ve Got a Friend e alguns cantaram com a gente. Sorri e vi cantando do backstage.
- Winter, Spring, Summer or Fall... – assumiu a parte dele.
Todo aquele sentimento de mal-estar passou assim que eu comecei a cantar. Senti aquela paz estranha me invadir, vendo meus amigos se divertirem tanto quanto eu. Fazia um tempo que eu não me sentia tão livre...
- Essa é uma que nós escrevemos. Fala de uma garota maluca que nós conhecemos – vi dar uma risadinha enquanto falava – que pintou o cabelo com cinco cores diferentes e que não liga pra nada. Prontos? 1, 2, 1, 2, 3, 4.
- She’s got a lip ring and five colours in her hair! – Gritei no microfone.

Desci as escadas, suado e rindo de tudo. Com certeza hoje ninguém iria reclamar do carro, de ter que dirigir três horas pra casa.
- Sou foda! – Gritou Harry. – Eu nunca fiz um solo igual aquele. Cara, sou foda demais.
- E modesto – disse rindo.
Ela estava indo na frente e parou de repente. Um senhor (ok, não era um senhor, o cara tinha uns trinta anos) estava parado na frente dela, sorrindo. Ele usava terno: era um dos que estavam olhando as bandas.
- Olá, eu sou Fletch, vocês devem ser o McFLY.
Ficamos em choque olhando pra ele e acabou assumindo a conversa.
- Sou . Esse é Harry, , e .
- A menina das cinco cores no cabelo – ele sorriu.
- Agora só duas – ela deu um sorriso sem graça mostrando a mecha roxa.
- Certo. Eu procuro por novos talentos e gostaria de saber se eu poderia levar vocês pra tocarem em um local menor, um bar, em Londres pra ver como vocês se saem. Dependendo do resultado, quem sabe uma gravadora...
Continuamos olhando em choque e dessa vez nem se atreveu a falar. Ah, meu Deus.
- Ah, meu Deus – disse. – Ah, meu Deus! , obrigada.
Ele se jogou nela, logo e Harry fizeram o mesmo, carregando a garota nos ombros enquanto Fletch ria um pouco.
- Gente, calma! – ela gritava rindo e eles colocaram-na no chão. – Isso foi o talento de vocês quem conseguiu...
- Ah, cala a boca, . – eu a abracei com força.
- É claro que a gente aceita. – Harry falava com Fletch. – Vamos voltar pra Londres hoje mesmo. Nosso número aqui e aqui – ele mostrava uma folha.
Parecia que finalmente teríamos nossa chance. Voltamos rindo e brincando no carro. Cantando algumas de nossas músicas a plenos pulmões enquanto tentava dedilhar o violão no banco de trás.
- Mãe! – Harry gritou entrando na casa depois de duas horas na estrada. – Nós conseguimos! Quer dizer, quase, mas mesmo assim!
Ele continuou gritando enquanto tia Emma aparecia com um avental na porta da cozinha. Contamos pra ela que com lágrimas nos olhos abraçou todos nós com força, particularmente . Qual é o problema das pessoas com a minha namorada? Credo.
Fletch nos ligou dois dias depois dizendo que nos apresentaríamos num bar no centro na próxima sexta-feira.
- Vendam alguns ingressos, se possível – ele comentou antes de desligar o telefone.

Cada um de nós carregava quinze ingressos no bolso quando entramos na escola no dia seguinte.
- A estratégia é nos separarmos e vender o máximo possível. Lembrando que depois da banda vai ter um DJ e...
- Tá bom, Harry – resmungou e eu não o culpava. Harry tinha repetido aquilo umas trinta vezes.
Fiquei na entrada principal com ; e Harry foram colar cartazes pela escola e estava na cafeteria.
- Na Central nessa sexta! – gritou e alguns meio nerds fizeram fila pra comprar ingressos dele.
Comecei a andar pelo pátio e vi a mesa dos populares. Se eu conseguisse vender pra eles, toda a escola ia comprar... Analisei a mesa toda pra ver se me vinha uma idéia brilhante. Vi Chelsea sentada no colo de John e Tina no banco do lado com uma cara não muito feliz. Era isso!
Ela me encarou da mesa e eu sorri fazendo sinal pra que ela viesse até mim. Um sorriso tarado brotou dos lábios dela e eu senti vontade de rir. Se eu pudesse ler seus pensamentos, com certeza seria “Finalmente vou fazer ciúmes na Chelsea”. E estava funcionando, Chelsea nos acompanhou com os olhos.
- Tenho um favor pra pedir – eu dei um sorriso de lado.
O sorriso dela ameaçou desmanchar, mas continuou no lugar.
- Eu te devo algo... – ela falou parecendo... embaraçada? – Obrigada por... Você sabe... Não espalhar – ela deu uma olhava furtiva pra mesa dos populares.
Eu devia gravar aquilo e fazer um blog só pra acabar com a vida dela. Quer dizer, ela me humilhou! Mas enfim.
Tirei os ingressos do bolso e mostrei pra ela.
- Preciso que todos seus amiguinhos fúteis comprem e apareçam por lá.
Ela segurou um e fez cara de nojo.
- Por favor, no Central? Você acha que... – levantei a sombrancelha e ela respirou fundo. – Certo, considere feito.
Ela bufou e saiu sorrindo. Meia hora depois todos nossos ingressos estavam vendidos.
- Brotou gente do chão pra comprar, não sabia que eu era tão foda – comentou jogando o cabelo pra trás.
Eu dei uma gargalhada da imitação gay dele. O dia passou sem mais. Acompanhei até o carro de Harry, enquanto os meninos iam atrás falando de Fletch e como tudo tinha que dar certo.
- Eu vi. Foi muito esperto da sua parte – ela deu uma risadinha e entramos no carro.
’s POV – Off


Capítulo 42
- Larga de ser gay! – Harry berrou com .
Eu queria começar a gargalhar, mas do jeito que a tensão estava se arrastando pela garagem eu ia apanhar. Era quinta-feira e os garotos estavam totalmente dando crises. já tinha errado metade dos acordes. O que isso tinha a ver com a opção sexual dele eu não fazia idéia. Abafei o riso outra vez recebendo um olhar maligno de Harry.
Sério, eles eram muito bons. Não sei por que se submetiam a ensaios de dez horas. Dormir virou segunda prioridade nessa vida.
parecia à beira das lágrimas. Resolvi sair da garagem antes que me espancassem. Caminhei até a aconchegante nova cafeteria a três blocos de casa. Era estranho pra mim as pessoas considerarem o clima de hoje como ‘abafado’. Os 17°C berravam para os meus sentidos ‘você vai congelar, você vai congelar!’.
Entrei no café e pedi um capuccino gigante e quente, me sentei à mesa e observei o movimento. Eu sempre amei essa cidade. Todas as cidades grandes, na verdade. Quase pirava quando tinha que visitar meus avós numa cidadezinha do interior, onde todos me conheciam e não tinha absolutamente nada pra fazer.
Respirei fundo o cheiro do café pensando, futilmente, em que roupa poderia usar no sábado quando a introdução de Anthem Pt. 2 começou a tocar.
Claro e óbvio que era um dos quatro patetas me ligando.
- Pois não, Lord. – atendi.
- , volte pra porra da casa agora antes que eu vá te buscar, aonde quer que você esteja. – Harry gritou.
Paguei a atendente e saí rindo.

Encarei-me no espelho. Dei aquela ajeitada no vestido preto simples que era quase minha marca registrada. Esse era balonê. Optei pelo peep toe vermelho e uma maquiagem forte.
Suspirei fundo, minhas mãos soavam. Eu estava mais nervosa que os quatro juntos, provavelmente. A campainha tocou. Peguei a bolsa de mão também vermelha, apaguei as luzes e desci. estava na porta.
- Esse vestido não tá meio curto, não? – resmungou depois de me dizer um oi.
Revirei os olhos e segurei a mão dele até o carro.
- Cadê os três?
- Indo no carro do Harry. Acho que o passou mal...
Talvez eu não fosse a mais nervosa afinal. Paramos na frente do pub e entregamos nossas entradas VIP na porta.
Harry, e já andavam de um lado pra outro atrás do palco. Fletch entrou pouco depois, desejando boa sorte e tudo o mais que eu não ouvi. Apertava com força uma mão na outra, desejando que tudo desse certo. Como eu precisava que aquilo desse certo, como eu queria aquilo.
A casa estava cheia. Tina tinha feito um ótimo trabalho e, claro, isso deixava os garotos mais nervosos. É claro que eles iriam se sair bem. Combinaram músicas diferentes do festival, mas no mesmo esquema: dois covers e duas próprias. tinha sido convencido a tocar All About You, música que ele fez pra uma garota que nós fingíamos não saber quem é. Mas é claro que era pra garota meio loira que se encontrava sentada na frente do palco bem agora.
Os garotos foram anunciados pelo menager no palco e entraram tremendo, dava pra ver. Mas assim que se pusaram no palco e a luz branca foi focada neles, os quatro soltaram suspiros fundos e sorriram.

’s POV – On
Todo o nervosismo sumiu assim que eu segurei o microfone com uma mão. Era como uma droga pra nós ter aquela luz nos focando, nossos instrumentos na mão. Era um dos poucos lugares que eu me sentia livre e completo. Deixei o ar me deixar tonto e falei no microfone.
- Somos o McFLY e essa é All About You.
Segurei o violão e dedilhei os acordes. As pessoas cantaram os dois covers conosco e até dançaram as nossas duas músicas, alguns se atrevendo a cantar os refrões repetidos.
- Obrigada, Londres! – gritou no microfone dando uma gargalhada em seguida.
Descemos do palco suados e felizes, como de costume. veio saltitante até nós.
- Ew, molhado. – ela resmungou quando eu a abracei.
Deu risada e passei meu nariz por sua bochecha, fazendo-a soltar outra exclamação de nojo. Fletch entrou alguns segundos depois, com um sorriso na sua cara importante, falando ao celular.
- Fechado. – ele disse no aparelho e o desligou. – Olá, gafanhotos!
Ele exclamou nos olhando com o que parecia orgulho. Mas afinal, gafanhotos? Tenso.
- Vocês foram maravilhosamente bem, as pessoas acreditaram nas suas músicas, cantaram com vocês e sua presença é incrível! O que me dizem de gravarmos uma demo e jogarmos nas rádios?
Esse cara tinha o dom de quase nos fazer desmaiar, por mais gay que pareça. Nossa música ia tocar nas rádios?
Nos abraçamos com força. Lágrimas de felicidade e orgulho, eu posso dizer, escorriam pelo rosto de . Nós quatro estávamos praticamente explodindo de emoção.
- Mas, qual música? – finalmente cortou nossa algazarra.
- Eu, particularmente, gosto daquela sobre a garota com cinco cores no cabelo. – ele piscou pra que parecia tonta.
- Vocês não precisam fazer...
- Nossa melhor música! – Harry ainda gritava. – Fechado, fechado.
Nós três concordamos e parecia cada vez mais propensa a ter uma crise de choro.
- A gente só tá aqui por sua causa, amor. – passei os dedos, secando as lágrimas dela. – Nenhum de nós existiria sem você.
Ela deu um sorriso lacrimoso. Fletch nos parabenizou outra vez, marcou a gravação pra semana seguinte e saiu, falando no celular.
’s POV – Off


Capítulo 43
Os meses passaram. Fevereiro se tornou junho. A música dos garotos tocava sempre na rádio, Fletch achava que eles iam gravar o CD logo e eu só observava calada. Claro, era totalmente perfeito. Mas eu tinha medo deles terem que ir pra longe de mim. A maior parte das tardes agora eram ocupadas pelos ensaios, que eu aparecia uma vez ou outra. Mas na maioria das vezes dirigia até em casa no Volvo e estudava, ou escutava músicas, ou chorava com filmes melosos. Digamos que minha sensibilidade estava em alta.
Foi numa dessas tardes inúteis, voltando pra casa de aulas também inúteis, pensando que eu precisava comprar algo pra usar no baile no final da semana, que eu reparei que minha caixa de correio estava cheia. Quero dizer, alô, as pessoas já inventaram emails sabia? Achava cartas bizarras, não vivo mais em 1920 afinal.
Carreguei os envelopes pra dentro de casa com a mochila nas costas. Joguei-a pelo caminho e depois me joguei no sofá. Uma carta com parte das minhas notas, uma carta pra pagar luz, uma pra pagar água e um envelope maior que me chamou atenção. Li meu endereço e nome de um lado, virei e vi o remetente. Meu coração quase parou. O emblema da Universidade de Nova York estava estampado ali.
Minha mão tremia e eu queria começar a chorar. Meu futuro estava inteiramente ali dentro. Eu queria ter sido aceita! Queria ir pra Nova York, queria conhecer pessoas novas, queria estudar na faculdade dos meus sonhos. Mas eu também queria não ser aceita. Eu não queria deixar Harry, , e aqui. Oh, cara, o que eu tinha pensado quando eu me inscrevi nisso? De certo eu não tinha passado, não tão rápido. Essa droga não devia chegar ao fim do ano? Ah, cara... Pensar que durante os últimos meses minhas preocupações tinham sido eles irem pra longe de mim.
Disquei inconscientemente o número do meu melhor amigo.
- Alô? – a voz sonolenta de Harry atendeu.
- Haz, vocês estão ensaiando? – minha voz saiu fraca e quebrada.
- Não, não, eu vim dormir. Tô quebrado. – ele pareceu pensar um minuto. – O que tá acontecendo?
A voz preocupada cortou meus ouvidos, e minha mão tremeu mais ainda com o envelope na mão.
- Harry, vem pra cá? – falei chorosa.
Nem dois minutos depois a campainha tocava e um Judd desesperado entrava na minha sala.
- O que foi, pequena? – ele encarou o envelope no sofá.
O entreguei a ele. Eu não ia conseguir abrir aquilo sozinha.
Ele tentou parecer despreocupado ao olhar o envelope, mas a máscara escorreu quando viu o emblema roxo da universidade.
- É uma coisa boa, certo? – ele não parecia certo. Nem eu estava.
- Eu vou abrir. – falei tensa sem responder a pergunta.
Nos sentamos lado a lado no sofá confortável.
Suspirei e abri o envelope rápido. Eu acreditava na teoria do band-aid: quanto mais rápido, menos dor. Tirei a folha na mesma velocidade e li em voz alta com os olhos cheios de lágrimas:
- ’Nós, da Universidade de Nova York informamos que está aceita e inscrita no curso de Fotografia (Artes Visuais) aqui residente. A celebração de boas vindas ocorrerá no dia vinte e nova de Junho, domingo. A senhorita tem direito, por conta do histórico, a um padrinho e aulas extras durante o período que aqui irá residir.’
A nostalgia intensa me invadiu. Eu tinha uma semana. Não existia a possibilidade de dizer não. Eu não podia correr e me esconder disso. Era o meu destino, ou qualquer outra coisa que eu acreditasse. Harry sabia disso. Eu podia sentir as ondas emanando dele. O abraço que ele me deu traduzia tudo. Chorei no ombro dele não sei por quanto tempo. O telefone tocou umas duas vezes, mas nenhum de nós se mexeu.
Tive a noção fraca de que aquilo não afetaria só a mim. Harry, os garotos, . Oh, meu Deus, . Como eu iria contar pra ele? Eu era tão fraca, eu...
- Harry, - ele me olhou com os olhos vermelhos – eu não vou contar pra eles.
Pra variar ele me entendeu. Fez que sim com a cabeça, apesar de eu saber que ele não concordava.
- Vamos arranjar isso então. – ele deu um sorriso de lado e pegou o telefone.
Agendou minha passagem de avião e me fez ligar pros meus pais pra decidir o que fazer com a casa. Enquanto aguardava no telefone, fui passando a mão delicadamente pelas paredes. Tantas histórias, momentos, que eu passei aqui. Se eu fechasse os olhos, podia ouvir a voz fininha de duas crianças contando, brincando de esconde-esconde. Podia ouvir a risada dos garotos ecoando pelas paredes. Era estranho saber que eu ia deixar isso pra trás.
Meus pais me mandaram fechar a casa. Alguém iria limpá-la uma vez por mês, só para ficar apresentável. E quando um dos três passasse por ali poderia utilizar a casa. Por mim, tudo certo. Aquele era o melhor lugar do mundo pra mim.
Sentei-me de novo ao lado de Harry no sofá.
- Vamos fazer roteiro turístico essa semana? London Eye e todo o resto, já que você pretende deixar isso pra trás?
Na verdade, meus planos eram chorar trancada na casa enquanto fazia malas. Mas parecia bom...
- E ir ao baile no sábado – eu forcei um sorriso.


Capítulo 44
Os dias pareciam correr. Já tínhamos ido em todos os lugares legais que conhecíamos em Londres. Eu estava cansada, morta, mas não queria parar. Era como se eu fosse morrer no domingo, e não me mudar.
estava deitado no meu colo enquanto eu tentava fazer trancinhas no cabelo curto. Harry me dava olhadas furtivas que eu tentava ignorar. Ele achava errado eu esconder dos garotos. e olhavam estranhamente de Harry pra mim. O babaca com as baquetas nunca mesmo contestava nada que eu falasse, nunca me olhava torto e sempre fazia o que eu pedia. E essa coisa todo de olhadelas do nada, os deixava nervosos.
era o único que parecia não sentir a linha fina de tensão que se espalhava pela sala.
Era um sábado quente de julho e eu começava a me sentir desesperada pelo dia de amanhã. Como eu iria fazer aquilo? ‘Ok, eu não comentei, mas eu vou pra NY. Falou, até’? Suspirei e olhei o relógio. O baile começaria às nove. Como estávamos no último ano, qualquer coisa era motivo de comemoração. Arrecadamos fundos? Festa. Alguém foi aceito? Festa. Início do verão? Festa.
Ninguém parecia saber que eu fui aceita, apesar de achar que o professor de Artes me deu um sorriso caloroso demais nessa semana. Eu tinha gasto uma tarde sozinha escolhendo o vestido perfeito pra usar. Eu queria que a noite fosse memorável.
Comecei a me arrumar uma hora depois quando os garotos foram embora, com a mesma desculpa. Fiz a maquiagem num tom escuro, como sempre, mas dessa vez puxado pro vermelho. Deixei meus cabelos soltos, em cachos desarrumados. Olhei pro cabelo que pouco passava dos ombros, desgostosa. Queria o cabelo comprido, demorava demais pra crescer! Mas tudo bem, dava pro gasto.
Vesti a peça vermelho escuro que caiu perfeitamente. Curto, com um decote razoável e um tipo de renda que cobria a metade de baixo da coxa. Sorri de lado enquanto calçava a sandália preta. logo passaria por aqui e iríamos pra quadra da escola.
Pouco tempo depois eu entrava no carro de um garoto vestindo terno e All Star branco. O cabelo mais arrumado que o normal. Perfeito. E eu estava aflita. Era meu último dia aqui e eu não conseguia parar de pensar que ninguém sabia. Eu estava fazendo a coisa certa escondendo isso deles? Eu estava fazendo a coisa certo indo embora?
- Não precisa ficar nervosa. – colocou a mão na minha perna e apertou, carinhosamente.
- Não estou. – menti.
revirou os olhos. Eu não tinha soado convincente. Contentou-se em segurar minha mão todo o trajeto até a escola. Entramos na quadra irreconhecível. As paredes decoradas em tons de azul e prateado. Era estranho pensar que era a última vez que eu estava entrando ali. Estive aqui cinco anos praticamente todos os dias. Procurei gravar os detalhes. Estava mais bonito do que um ano atrás, quando eu tinha entrado de mãos dadas com James.
Um pensamento horrível me assaltou. Eu estava fazendo a mesma coisa que ele fez comigo...
Engoli o choro quando avistei três garotos conhecidos numa mesa na beira da pista de dança.

’s POV – On
Eu meio que me perdi observando as paredes, as pessoas, as músicas, dançando com Harry, ou sei lá e não prestei atenção no que ela bebia. Quando prestei atenção nela sentada, seus olhos estavam vermelhos e ela segurava um copo com uma bebida vermelha. Harry dava olhadinhas furtivas pra ela e, o que me chamou mais atenção, e a encaravam com... apreensão?
Mas que porra tava acontecendo ali?
- , você ta bêbada? – eu queria parecer bravo, mas acho que só me saí preocupado.
Ela deu de ombros e me puxou pro meio da pista. A música eletrônica alta tentava se infiltrar no meu cérebro. Ffoi assim que eu decidi que nós dois íamos lá pra fora. Puxei a garota pela mão, que andava no ritmo da música.
- Daqui não dá pra ouvir a música. – ela fez bico quando saímos.
- , o que acontece?
- Nada, eu só... – ela fez uma micro expressão de desespero e se virou de costas pra mim, vomitando no gramado.
Segurei seus cabelos pra trás e coloquei a mão na sua testa. Ela soava frio e tremia um pouco com o esforço.
- Chega, nós vamos pra casa.

Entrei segurando com força pelos ombros, através dos protestos que ela estava bem. Pessoas que estavam bem não vomitavam no jardim da escola.
Segurei-a no colo pra poder subir as escadas. Eu ia apelar pro meu lado gay essa noite, porque eu tinha que jogar essa garota embaixo de um chuveiro frio antes que ela ficasse realmente mal. Abri o chuveiro enquanto ela se sentava no vaso sanitário.
- , eu não estou bêbada. Eu só estava... nervosa. – ela encarou a parede do banheiro e eu quase acreditei nela.
- Tira os sapatos ou você vai entrar com eles. – falei enquanto mexia nos registros esfriando a água.
Pude ouvi-la suspirar, logo antes dos saltos baterem no chão.
- Não era assim que eu queria que fosse. – ela comentou enquanto eu a colocava com roupa e tudo embaixo da água fria.
Cheguei mais perto para poder segurá-la com mais força. Sentia a respiração calma dela bater no meu pescoço. Lado gay, lado gay...
- Era assim. – ela grudou nossas bocas com força e eu não neguei passagem.
Voltei com a mesma força. Ela parecia desesperada, passando as unhas com força desnecessária pelas minhas costas e peito, onde eu tinha certeza que ficaria uma bela marca. Não consegui segurar um gemido quando ela puxou os cabelos da minha nuca e a encostei na parede, diminuindo a distância dos corpos.
Eu nem sentia a água fria caindo nas minhas costas.
cruzou as pernas na minha cintura. Desgrudei nossas bocas com esforço. Ela passou a beijar meu pescoço.
- , você...?
- Estou sóbria e quero isso. – ela me olhou nos olhos.
Encostei nossas testas e respirei fundo. aproveitou o espaço entre nós para me ajudar a tirar a camisa, arranhando de leve minha barriga. Senti meus pêlos se arrepiarem e contraí. Ela deu uma risadinha fraca juntando nossas bocas outra vez.
Carreguei-a até a cama e me deitei por cima a beijando vorazmente. Ela inverteu as posições, passou os dedos levemente pelo meu rosto me fazendo fechar os olhos.
- O que você tá fazendo, ? – falei rouco.
- Memorizando você. – ela respondeu antes de voltar a me beijar.
’s POV – On


Capítulo 45
Acordei sem a ajuda do despertador. Senti algo pesar na minha cintura – a mão dele – e me permiti um sorriso triste
Olhei o relógio e soltei um suspiro pesado. Faltavam algumas horas pro meu avião decolar e eu ainda não estava pronta. Eu acho que nunca estaria.
Levantei-me com cuidado para não acordar e entrei no banheiro. O chuveiro ligado fazia um barulho gostoso de água caindo e, em poucos minutos, o banheiro estava cheio de vapor.
Apesar do calor, tanto no banheiro quando em Londres, eu continuei me sentindo fria quando abri a porta e me sentei no fim da cama, abraçando as pernas. continuava dormindo profundamente enquanto eu pensava em como falar que eu estava indo embora.

’s POV – On
Espreguicei-me com um sorriso no rosto e tateei a cama pra puxar mais pra perto. Depois de alguns minutos sem sucesso, abri os olhos e vi a sombra dela no fim da cama.
- Bom dia. – eu falei com a voz rouca me arrastando até ela.
Passei o braço por sua cintura pra puxá-la pra mim, mas ela estremeceu. Soltei a mão e me sentei rapidamente na cama para poder encará-la.
- – eu olhei nos olhos dela e quando ela me encarou de volta uma lágrima escorria por sua bochecha. Entrei em pânico. – Ah, meu Deus, eu te machuquei? Ah, droga... , fala comigo.
Ela me deu um daqueles sorrisos de lado, tentando me tranqüilizar. Suspirei aliviado e puxei pro meu colo.
Ela respirava contra meu pescoço, me causando arrepios. Abraçou-me com força e eu senti um frio incômodo no estômago.
- Eu preciso ir embora. – a voz dela estava rouca e eu podia jurar que ela continuava chorando.
- Vamos descer tomar café e eu te levo. – sorri tentando parecer confiante, apesar de ela não poder ver.
- Eu já estou atrasada – a voz dela quebrou no fim da frase.
Foi só naquela hora que eu percebi que ela estava trocada. O all star colorido roçava na minha perna.
- Atrasada pra quê? – eu tinha medo da resposta.
- Eu... Ah, . – ela me abraçou com força e eu não conseguia me mexer, não conseguia falar, não conseguia penar. – Você lembra? NYU... – A frase era interrompida por soluços.
Ela me abraçou mais forte por um momento, engoliu um soluço e respirou fundo.
- Preciso ser forte. – ela falou mais pra ela mesma do que pra mim. – Eu... Me desculpe... Realmente... Eu te amo.
Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e saiu. Ouvi a porta da casa bater logo depois e eu só conseguia encarar a porta do quarto pela qual ela havia acabado de sair.
Eu devo ter ficado lá uns vinte minutos até meu cérebro associar que eu tinha que fazer alguma coisa. Ela estava indo embora. Eu associei lentamente.
Levantei da cama num pulo, desci as escadas correndo e entrei no carro.
’s POV – Off

Entrei no táxi que me esperava lá fora. Desliguei o celular e deixei o iPod em um lugar que eu pudesse encontrar facilmente. As lágrimas continuavam escorrendo e eu me perguntava por quê. Eu tinha escolhido aquilo pra mim, eu tinha escolhido me mudar de cidade, de estado, de país, pra seguir meu sonho.
Valia à pena? Eu me perguntei. Valia à pena deixar tudo que eu tinha conquistado pra trás? Minha vida?
Era um risco que eu sabia que existiria. Eu pensei outra vez.
Olhei minha Londres pela janela. O sol brilhava no céu e algumas crianças brincavam com água em seus gramados. Queria que fosse fácil assim de novo. Queria voltar a ser criança, voltar a brincar com Harry na casa da árvore sem me preocupar. Logo o cenário foi ficando mais cinza e em alguns minutos eu estava no aeroporto. Passei pelas portas automáticas, me certifiquei de que a bagagem que eu enviara alguns dias antes tinha chegado e peguei minha passagem. Observei o painel – meu avião sairia em quinze minutos.
Ajeitei a mochila nas costas e me dirigi ao portão de embarque.
- Você achou mesmo que eu não viria? – ouvi a voz de Harry e me virei.
Ele não estava sozinho. e estavam do seu lado me olhando tristemente. Obriguei-me a encarar Harry nos olhos e mais uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Ele cortou o espaço entre nós me abraçando com força.
- Você é a minha menina – ela sussurrou no meu ouvido. – E não é uma pequena distância que vai mudar isso, me entendeu?
O abracei com mais força e soltei um soluço.
Quando o soltei, os olhos dele estavam avermelhados, ele exibia um sorriso triste e uma lágrima escorria por sua bochecha.
foi o próximo a me abraçar. Ela só sussurrou um ‘nós vamos sentir sua falta’ e me soltou pra dar espaço a . Esse não disse nada, mas eu podia jurar ter o visto enxugar uma lágrima.
- Vai lá – Harry sorriu me encorajando quando o alto-falante falou que meu vôo já ia sair.
Atravessei sem olhar pra trás os vários metros que me separavam do portão de embarque. Entreguei minha passagem e olhei pra trás, avistando Harry olhando tristemente pro avião que eu iria embarcar. Podia jurar ter visto , correndo em minha direção, mas não iria acontecer. Tinha acabado e a culpa era só minha. Passei a mão pelo rosto tentando limpar o sal do choro e deixei Londres pra trás.

’s POV – On
Dirigi feito um louco cortando o trânsito intenso daquela manhã de sábado. Peguei-me desejando uma tempestade de raios para parar aquele avião. Ela não podia estar indo embora, não ela.
Parei o carro na área proibida. Um garoto que não devia ser mais velho que eu começou a gritar que o carro ia ser guinchado quando eu passei correndo pelas portas de vidro.
Corri desembestado até o painel procurando o vôo dela. Eu precisava que ela ficasse, eu precisava dela. Continuei correndo desembestado até o portão de embarque com o único vôo para Nova York naquele dia. Pude reconhecer Harry. e parados de costa olhando o avião através do vidro.
Harry nem se deu ao trabalho de me olhar quando disse:
- Você chegou tarde.
Demorei um segundo no rosto abatido dele e olhei pelo vidro. O avião correu na pista e ganhou o ar. Ela tinha ido embora.
’s POV – Off


Epílogo

3 meses depois...

- Te vejo lá. – acenei pras duas garotas e atravessei o gramado do campus.
Eu precisava da droga de um café. Ajeitei a bolsa no meu ombro e abri a porta. O cheiro maravilhoso entrou em mim e eu sorri. Entrei na fila e fiquei esperando pra pedir meu amado capuccino e um muffin. Bati o pé insistentemente no chão enquanto esperava, uma musiquinha dançante invadiu meus ouvidos e eu olhei pra TV de tela gigantesca atrás do balcão.
Mostrava a pré-estréia de algum filme onde só os famosos e engomadinhos podiam ir. Comecei a assistir ao programa que a músiquinha legal continuava tocando e me peguei cantarolando um refrão conhecido.
- Ah, meu Deus. – falei pausadamente quando meu melhor amigo, Harry Judd, apareceu sorrindo.
- Esses caras do McFly são muito lindos, né? – uma garota na outra mesa disse e eu continuei olhando estupefata pra tela.
Saí correndo da cafeteria. Subi as escadas pro meu quarto ainda correndo e me tranquei lá dentro. Abri meu notebook de qualquer jeito em cima da mesa e procurei algum deles online.
- Tá famosão, hein, ?! – eu não me sentia tão feliz daquele jeito há algum tempo.
- Nossa, você vive? – ele falou fazendo uma cara assustada e depois rindo. – Claro, cara! Só porque eu sou lindo – ele fez pose e eu ri.
- Falando sozinho? – ouvi a voz de , distante.
- Não, idiota. Vem aqui ver. – gritou olhando pra trás.
- ! – eu gritei quando ele apareceu na tela.
- ! – ele devolveu sorrindo abertamente. – Como vão as coisas aí?
- Ah, aqui é perfeito. – eu falei sonhadora. – Minhas colegas de quarto adoram uma banda que elas descobriram na internet, o McFly.
olhou assustado e o sorriso de parecia que ia rasgar o rosto dele.
- Mas agora que vocês já vão a pré-estréias de filmes, rola um pôster pra elas colocarem aqui? – eu falei sorrindo.
Um barulho de porta batendo soou ao fundo.
- Claro, vou colocar minha sedução em foto! – falou gargalhando. – , vem aqui ver quem eu achei!
Senti meu coração apertar.

’s POV – On
Eu tinha bebido tanto que eu tinha perdido as contas, mas eu não estava bêbado. Estava totalmente consciente que uma garota desconhecida falava comigo, que Harry tinha saído com a amiga dela e, o pior, eu sabia exatamente porque estava ali e eu não ia conseguir fazer isso.
Eu não sabia que horas eram, mas já fazia horas que eu estava sentado no balcão olhando pro meu décimo copo de vodka. Mexi o copo e tomei tudo num gole só. Levantei-me e comecei a andar em direção a meu apartamento recém comprado.
O vento estava fresco e bagunçava meus cabelos. Passei a mão com intenção de arrumá-los, mas provavelmente ficou pior. Observei as pessoas na rua. Estava amanhecendo, mas era terça-feira. Um monte de senhores com ternos estavam saindo de suas casas enormes e maravilhosas, dando um beijo em suas esposas e entrando nos seus carros de luxo para irem trabalhar.
Eu podia ter feito isso. Pensei olhando toda aquela cena e lembrando de . Sorri de lado entrando no elevador. Apertei o número 12 no painel e continuei divagando. Eu precisava seguir em frente.
Umas 30 cartas estavam no tapete de entrada. Fãs. McFly estava crescendo. Nosso produtor dizia que em pouco tempo seríamos grandes.
Ouvi gargalhadas no apartamento e me amaldiçoei por dar a chave para aqueles dois patetas.
Bati a porta e nem assim as risadas cessaram. Eles estavam na frente do notebook aberto na mesa da sala.
- Claro, vou colocar minha sedução em foto! – falou gargalhando. – , vem aqui ver quem eu achei!
E ela estava lá. As bochechas vermelhas, um sorriso enorme no rosto e os cabelos presos num rabo de cavalo.
Eu apenas acenei e fui até o meu quarto.
- É foda... – ouvi dizer antes de bater a porta e me jogar na cama.
Ela já não estava aqui há um tempo, eu tinha que crescer. Bati a mão no rádio e a voz de Mark soou alta e clara.

And I'll smile and you'll wave
E eu vou sorrir e você vai acenar,

we'll pretend it's okay

nós vamos fingir, que está tudo bem

The charade it won't last

A charada não vai durar,

when he's gone I won't come back

quando ele for embora, e eu não voltar


Eu precisava esquecer aquilo, eu precisava seguir em frente. Ia doer, mas era necessário.

Well I guess this is growing up
Eu acho que isso é crescer


Fim.

N/A: E finalmente(?) chegamos ao fim de Dammit. Eu sei que vocês querem comprar uma arma, ou arrancar minhas tripas com uma faca de cozinha, mas fiquem tranquilinhas (ou não) que essa autora que aqui vos fala está escrevendo uma continuação para esse fim sem fim. Fiquem ligadinhas na tela dos seus computadores para uma fic chamada Violence. Ela vai ser a continuação de Dammit.
Agora vamos as nostalgias que eu sempre faço no fim: MUITO OBRIGADA! Vocês não fazem idéia o quanto eu amo vocês e sou grata a lerem isso aqui. Obrigada por cada comentário legal, pelas lindas que me adicionaram e conversaram comigo, apenas pelo fato de você ler... Já são anos que eu falo com vocês por aqui e vocÊs me fazem tão bem (hearts). Sério, quando eu preciso de algo que me faça feliz eu venho aqui ler comentários.
Muito boa sorte pra vocês nessa vidinha pacata, que vocês consigam conhecer ou ao menos ver o cara que estrelou sua fic. Que cada sonho maluco da sua mente se torne realidade um dia, e que vocês sejam felizes, porque por mais idiota que pareça, isso é sim o suficiente.
E claro, um obrigada gigantesco pra Bia, que me aguentou esse tempo todo reclaamando e atrasando a att HAHA. Vocês são lindas (L)
Enfim, vejo vocês em algum tempo lá na n/a de Violence? De qualquer jeito até lá e obrigada outra vez. xx
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