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Capítulo 1

Era mais uma noite fria e cinzenta que se desmanchava no horizonte da antiga Londres. Certamente, num inverno rigoroso como este que assolava a região, as ruas ficavam quase sempre vazias, solitárias. Ouviam-se periódicos sussurros dos ventos que passeavam pela cidade e distantes risadas que escapavam por entre as frestas das janelas e portas fechadas, de quem se tentava esconder do frio. Um contraste perfeito: do lado de fora, silêncio e calmaria; dentro das casas, refúgio em conversas paralelas e risadas exageradas. Talvez uma forma de diminuir o ranger de dentes.
Na república recentemente formada pelas jovens brasileiras , , e não era nada diferente. Estavam todas reunidas na sala da casa, cobertas por cachecóis, agasalhos e cobertores. Sempre que chegava o inverno, a coisa mais divertida e apropriada para se fazer era assistir a filmes. Essa época do ano, era a época em que elas menos gastavam dinheiro ao alugar DVD'S, afinal, como alugavam vários de uma única vez, sempre recebiam descontos na locadora.
Estavam decididas: iriam virar a noite daquela sexta-feira conversando, ouvindo música, vendo filmes e comendo pipoca com chocolate quente. Já eram quase onze horas da noite quando elas sentiram vontade de começar a maratona de filmes. O primeiro da lista tinha sido "Letra e Música". O mesmo já rodava há quase uma hora quando se levantou repentinamente do sofá, como se tivesse avistado um fantasma bem ali, em sua frente.
- Ai! O que foi, ?! - Perguntou levando a mão ao peito quando viu a ação estranha da amiga. - Que cara de defunta é essa?
- A gente esqueceu... – Respondeu ela pálida depois de uma breve pausa.
- Você está me deixando nervosa! O que foi dessa vez? - perguntou receosa, pausando o filme.
- Não ligamos para os garotos! - concluiu, olhando séria para as amigas. As quatro trocaram olhares preocupantes e um denso clima de tensão se espalhou pela sala.
- De quem era a vez hoje? – perguntou rapidamente com as sobrancelhas contraídas.
- Como assim de quem era a vez hoje, ? Era sua vez! - exclamou quase esfregando o dedo no rosto da menina. - Você não ligou?
- Hm... Não. – Ela respondeu tentando engolir o sentimento de culpa que sentia.
- Ai, meninas, e agora? Será que eles esqueceram?
- Não, . Acho que não. - Respondeu rapidamente. Ela sempre tentava acalmar as amigas em situações ruins. - Hoje eles têm ensaio, não é?
- É! - As outras três concordaram.
- Aliás, eles só fazem isso de uns dias pra cá. Duvido muito que estejam fazendo outra coisa agora... – completou pensativa.
- É mesmo! E vocês sabem que é nos dias de ensaio que eles mais se esquecem de tomar o remédio... – Continuou com cara de preocupação. - Mas como eles sempre viram a noite ensaiando, talvez ainda dê tempo de falarmos com os meninos! - Concluiu pegando o telefone que ficava ao lado do sofá.

- Cara, essa parte ficou demais! - Danny exclamou sorridente, fazendo um barulho estrondoso com sua guitarra.
- Ficaria melhor se o Dougie parasse de comer e se concentrasse mais no ensaio... – comentou Thomas dando uma bela tapa nas costas do garoto, que quase caía do sofá onde estava.
- Eu tô com fome, cara! - Douglas se defendeu falando de boca cheia.
- Novidade! - Tom, Danny e Harry comentaram, risonhos.
- Ei, e que tal se a gente desse uma pausa e pedíssemos hambúrgueres? - Harry opinou, batendo freneticamente em sua batera. - O Dougie não é o único que está com fome... - Ele completou ao escutar seu estômago roncar levemente.
- Eu topo! - O Poynter foi o primeiro a levantar a mão.
- Cara, se afasta de mim! – O Jones exclamou fingindo ter medo do baixista, e pulou um metro de distância para longe do garoto. - Daqui a pouco você vai virar canibal! - Concluiu arrancando risadas dos outros meninos, enquanto o Poynter tacava alguma coisa no amigo.
- Tá, vamos logo nessa. Minha mão já está dormente, nem falo na minha barriga... - Thomas disse por final, deixando sua guitarra de lado para seguir com os outros garotos.

Os quatro ainda estavam decidindo qual tipo de hambúrguer cada um ia pedir quando o telefone da sala tocou.

- Alô? - Alguém chamou do outro lado da linha - Thomas? Ai, amor! Graças a Deus!
- Oi, linda! - O Fletcher saudou-a sorrindo levemente ao reconhecer aquela voz. - Que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Quase! - suspirou aliviada. - Vocês tomaram o remédio?
- Puts! - Tom exclamou, dando um salto da cadeira onde sentara. - Cara, a gente esqueceu de novo! - Ele berrou em direção à cozinha, onde os outros estavam.
- Do quê? - Harold, Daniel e Dougie perguntaram em coro.
- É aniversário de alguma das meninas? - Harry perguntou receoso; esquecera o aniversário de no ano passado.
- Ah, cala a boca, Judd! – O Fletcher bufou rindo antes de voltar ao telefone. – Não tomamos ainda, amor. Nem sei o que faríamos se não fossem os telefonemas de vocês pra cá, sabia?
- Ah, Thomas, não precisa agradecer. – Começou a dizer uma sonhadora e abobalhada. – Eu e as meninas amamos vocês e sabemos que os quatro nasceram com... Erm, lapsos de memória, digamos assim... – Completou fazendo o namorado rir junto com ela. – O mínimo que podemos fazer é colocar juízo na cabecinha oca dos nossos namorados, não acha?
- Acho que te amo muito mais do que imaginava. Acho não, tenho certeza! – Respondeu uma voz carinhosa do outro lado do telefone, que fez sentir um aperto no coração. Ela sabia que se passassem mais alguns minutos no telefone ia começar a chorar; estava sentindo muito a falta do Tom.
- Eu amo você, muito. Mas agora tenho que desligar, guitarrista. – Falou ela segurando o choro - Não se esqueça do remédio, ouviu mocinho?
- Tá bom, mamãe! - Thomas fez voz de criança.
- Boa noite. – Mesmo contra sua vontade, a garota desligou o telefone.

- Meninas, eles ainda estavam lá! – adentrou a sala levantando as mãos para o alto, um pouco mais aliviada. - Consegui falar com o Fletcher antes dos quatro irem pro berço!
- Graças a Deus! – Exclamou , sentindo um grande peso sair de suas costas.
- Ainda bem, não é meninas? Não gosto nem de imaginar o que aconteceria se eles esquecessem de novo... – comentou, balançado a cabeça negativamente.
- Lembram daquela vez? – perguntou olhando fixamente para um ponto imaginário, como se estivesse revendo uma cena acontecer. - Quando o Judd deixou de tomar o remédio...
- É claro que eu lembro. - falou com uma expressão que oscilava entre tristeza e nervosismo. - Ele nem me reconheceu... Foi horrível, meninas!
- E o pior de tudo foi que sua família também estava lá pra presenciar aquilo. - Comentou desanimada - Seus pais ficaram furiosos por você ter escondido a situação pra eles... Quero dizer, a gente também nem falou nada a respeito para os nossos pais, não é?
- É lógico, imagina só se meus pais soubessem que o Danny é... Bem, erm... Um tanto diferente. - sentiu um pequeno arrepio subir pelas suas costas.
- Sabemos que nossos pais não iriam deixar que ficássemos com eles. Mas é uma questão de tempo, meninas. Uma hora vamos ter que ter uma conversa séria com eles, não podemos fugir da verdade por muito tempo. - Comentou como num aviso.
- É mesmo... - Concordou , nervosa, após uns segundos de silêncio. - Os pais de prometeram não contar nada pros nossos pais sobre os garotos, mas acho melhor contarmos logo, antes que eles descubram de outro jeito.
- Vamos mudar de assunto, por favor. - Pediu com lágrimas nos olhos. Sempre que se lembrava da confusão que ocorrera na casa de campo de sua família, ficava triste.


Capítulo 2

Naquela noite, depois do Harry quase atacar sua família, os pais de o mandaram embora e proibiram a garota de vê-lo por quase um mês. Demorou muito para que concordassem com o namoro novamente e nunca mais deixaram que o garoto dormisse em sua casa. A única coisa que consolara o coração de foi que, a par de uma noite tão perturbadora e sombria, se realizara a noite mais linda e inesquecível de sua vida.

Flashback

- Harry, Harry! - gritava entre soluços, abraçada aos seus pais, enquanto via seu namorado pulando o pequeno muro que rodeava a casa de campo. - Volte, Harry!
- O que é o Harold, ? - Denise perguntou pálida, quase sem movimentos. Tinha uma expressão horrenda no rosto e falava tão baixo que sua voz era quase imperceptível. - O que era aquilo?
- Responde sua mãe, filha! Anda, Responde! - Álvaro gritava com a menina que agora se encontrava sentada no chão. Ela apenas mantinha os olhos fixos na rua por onde o Judd desaparecera; o rosto molhado de tanto chorar.
- Filha... - Sua mãe chamou-a calmamente, se desfazendo do abraço do marido para pegar nas mãos da garota. - Você tem que nos explicar quem é o Harold, o que é o Harold. - Denise continuava ofegante.
- Mãe... Eu... - começou trêmula. - Eu devo explicações, eu sei. Mas, pelo amor de Deus, me deixem ir atrás do Harry antes! - Exclamou derramando mais lágrimas.
- Claro que não! Você está louca?! - Álvaro berrou quase sem acreditar no que sua filha estava dizendo. - Ele quase nos atacou, mordeu, ou sei lá o que ele pretendia fazer! Olha aqui : nem eu, nem sua mãe, estamos entendendo o que está acontecendo, mas a única coisa que eu percebi e que qualquer idiota perceberia, é que o seu namorado é um monstro! - Finalizou ele vermelho num misto de raiva, tristeza e medo.
- Um monstro?! - explodira; levantou do chão o mais rápido que pôde e em sua cabeça rodavam um milhão de palavras. Ela não podia admitir que seu pai falasse dessa maneira do garoto que mais a fazia feliz. - O Harry é diferente, isso não quer dizer nada!
- Não quer dizer nada? Você poderia estar morta agora! Nós poderíamos estar mortos! - Seu pai retrucou, enquanto Denise tentava o acalmar.
- Pois ele, do jeito que é, é muito mais humano que o senhor! - gritou antes que saísse em disparada pela mesma porta por onde o Judd passara. Estava decidida a achá-lo, de qualquer maneira.

- Harry? - A voz de ecoava pela rua vazia e mal iluminada. - Amor? Você está aí? - Ela perguntava sem parar, caminhando com vontade e receio de vê-lo. - Eu... Eu não quero te fazer mal!
O vento corria mais rápido do que o normal agora, e as folhas subiam alto do chão, parecendo baratas voadoras que cercavam a menina. A cada segundo que passava, o ar parecia mais frio e a lua mais distante. começara a desejar não ter saído de casa à procura do Harold. E se ele a estivesse observando? E se ele só estivesse esperando um momento para atacá-la de surpresa? A menina chorava baixinho, tentando esconder o medo.
- Não era pra nada disso ter acontecido... - Soluçava, se apoiando em uma das grandes árvores que dificultavam a vista para o escuro céu. - Eu quero ir pra casa... - disse para si mesma.
Antes que pudesse tomar coragem para começar a andar, escutou um barulho ao longe. Um frio percorreu seu estômago e correu os olhos por todo o local. Não via ninguém, mas sentia que seu namorado a observava silencioso. A única coisa que ela pensou naquele instante foi em correr. E foi o que fez.
Estava correndo há poucos segundos quando escutou passos logo atrás dela. Começou a chorar mais alto e agora reunia todas as forças para correr o mais rápido possível, mas, antes que pudesse tomar velocidade, alguém pulou em sua frente agarrando-a fortemente pela cintura.
- AAAAHHH! - gritou assustada. Mantinha os olhos fechados e respirava ofegante. - Ha... Harry? - Perguntou, ainda sem coragem de olhar para quem quer que fosse aquela pessoa. Quem a segurava apenas levantou o rosto da garota para que ela pudesse enxergar quem lhe surpreendera. não hesitou e abriu os olhos.
- Harry?! - Exclamou nervosa. Era ele, só que estava diferente. A menina nunca o tinha visto daquela maneira, pelo menos não tão de perto. Seus olhos estavam vermelhos cintilantes e seus dentes caninos maiores do que o normal. Respirava rápido e seus olhos não mudavam de foco nem por meio segundo. - Harry, amor... - Ela começou tocando-lhe o rosto. Harry aparentemente não se expressava, apenas a encarava bastante sério. - Sou eu, ! - continuou tentando fazê-lo lembrar-se dela.
- Fique calada. - Ele pediu com malícia no olhar. - Quietinha. - Riu-se antes de jogar a garota contra uma árvore e prendê-la com os braços.
- Harold, pára! Pára! - Ela gritava em vão, tentando afastar o garoto de si - HARRY!
O menino quase a mordia no pescoço quando desviou seu rosto e lhe deu um beijo. Não sabia por que fizera aquilo, mas sentiu uma vontade incontrolável de sentir os lábios do Judd pela última vez antes que virasse sua semelhante. Ele não se movia, apenas mantinha os olhos fechados enquanto segurava suas mãos e o beijava suavemente.
- Pronto, Harry. Pode me morder. - Ela disse quando afastou seus lábios dos dele, tirando os cabelos que cobriam seu pescoço e o deixando descoberto para que seu namorado pudesse fazer o que queria. Mas Harold não fez nada. Observava a menina com um ar confuso, levantando suas sobrancelhas expressivamente enquanto a fitava. Era como se ele conhecesse aquela garota de algum lugar, mas não conseguia se recordar exatamente de onde. Imagens surgiam e desapareciam em sua mente tentando lembrar-lhe que quem estava ali, tremendo em seus braços, era , sua garota. Por um segundo ele conseguiu ouvir uma voz doce ressoar em seus ouvidos, rindo altamente das piadas que ele mesmo havia contado no dia em que os dois se conheceram. E apesar de querer mordê-la, algo mais forte impediu que ele assim o fizesse; queria estar cada vez mais perto da garota.
- Não. - Ele disse baixinho, seus grandes dentes à mostra.
- Como é? - A menina perguntou estranhando a situação. Ela não se movia e o garoto ainda observava seu pescoço com olhos de desejo. Se ele não queria mordê-la, o que mais queria?
- Não. - Ele repetiu chegando mais perto de , lhe dando um doce beijo nos ombros que a fez arrepiar.
- Harry? - Perguntou sorrindo, mas ele não respondia, continuava a beijá-la sem pausas. - Vamos sair daqui. - Harold sussurrou no ouvido da garota, que agora já estava correspondendo aos beijos de seu namorado.
- Vamos. - concordou, deixando que o Judd a conduzisse em direção a uma casa grande e bem cuidada, mas que, para sorte deles, estava vazia.
- Mas como vamos entrar aqui? Está trancada. - Ela disse tentando abrir a porta.
- Dá licença? - Harry pediu passagem. - É só fazer isso. - Um chute, um estrondo, e uma porta escancarada. - Agora somos só nós dois. – falou por fim, puxando a garota para si; seus olhos brilhavam um forte vermelho fogo.

Fim do Flashback

- Já passou, . Não vai mais acontecer, ok? Fique calma. - Falou dando um beijinho na testa da amiga, que sorriu de leve.
- É, vamos deixar esse clima pesado de lado, amigas. Eu ainda quero ver o Hugh Grant requebrando aquele bumbum pra mim! - Comentou se sacudindo animadamente com os olhinhos brilhando de malícia. A ação da garota fez com que todas caíssem na gargalhada.
- Ai, ! Você é péssima! - Exclamou uma alegre num high five.
- Thanks! - Agradeceu sorridente. - Agora coloca esse filme pra rodar, !


Capítulo 3

- Acaba logo com isso, Jones! - Harry pediu ansioso para voltar a ensaiar. - Quero bater até quebrar tudo aqui dentro! - Ele exclamou, dando socos no ar.
- É, cara. Agora que já enchi isso daqui. - Dougie começou apontando para sua barriga. - Estou pronto para tocar até amanhecer. - Completou com um arroto.
- Já vai, já vai... - Danny falou com a boca cheia, apressado; parecia que não via comida há décadas.
- Cara, que nojento! Nem o Dougie come assim! - Thomas disse fazendo caretas e todos deram abertas gargalhadas, menos, logicamente, o Poynter.
- Pronto! – O Jones engoliu o último pedaço do sanduíche e, pegando sua guitarra, gritou animadamente: - Vamos nessa! One, Two! One, Two, Three, Four!
Os garotos estavam muito animados com as novas músicas que estavam compondo. Precisavam delas mais rápido do que o previsto, afinal, dali a algumas semanas, o primeiro show do Mcfly, apenas com músicas próprias, aconteceria.
Já eram duas e meia da manhã e os quatro continuavam no porão da casa do Harold ensaiando.

- Cara, - Dougie bocejou. - Minha cama está me chamando. - Disse, desligando o baixo.
- Dois votos! – Danny apoiou esfregando os olhos freneticamente. - Eu não agüento mais dar nenhum acorde. - Completou se jogando totalmente no sofá do porão.
- É, pelo menos não estamos que nem o Thomas ali. - Falou Harry rindo e apontando as baquetas para o garoto que cochilava praticamente em pé, apoiado na parede.
- Cara, ele tá babando! - O Jones exclamou, tendo crise de risos.
- Ah, eu não perco essa cena por nada! – Disse o Judd esfregando as mãos enquanto andava silenciosamente até onde o Fletcher estava.
O Judd tirou seu celular do bolso e, cuidando que o Tom não acordasse, tirou uma foto daquele belíssimo episódio. Dougie e Danny já estavam vermelhos de tanto rir e agora o Harry caíra no chão gargalhando.
- Hã? - Thomas acordou com cara de travesseiro - O quê está acontecendo? - Perguntou desnorteado, passando a mão sobre o rosto.
- Você... Babou... Dormiu... Foto... – O Poynter tentava explicar, entre pausas da crise de riso.
- Ah, cara! Só não mando vocês tomarem naquele canto, porque vocês gostam, seus gays! - O Fletcher exclamou rindo quando entendeu o quê se passara com ele.
- Eu vou postar essa foto no myspace do Mcfly, pode apostar! - O Judd berrou, se dirigindo até a escada do porão.
- Ah, não vai não! - Tom saltou do montinho que estava fazendo no Jones e no Poynter para ir atrás do batera.
- Vem me pegar então, amor. - O Judd falou imitando a voz da enquanto subia a escada rapidamente – Vem, meu doce!
- Ah, agora você vai ver, Haroldo Morto Judd!
Douglas e Danny, após recuperarem o fôlego, foram atrás dos outros dois meninos e não demorou muito para que os quatro dormissem sem se lembrar de um pequeno detalhe. Bem, nem tão pequeno assim.

Um por um, os quatro se levantaram quase que no mesmo instante. Fazia algum tempo que eles se mexiam agonizando na cama; as batidas cardíacas aumentavam progressivamente e a respiração ficava cada vez mais forte. Danny foi o primeiro a acordar, sentado na cama, como num susto. O rosto molhado de suor, ele olhou para os lados e viu que seus amigos também estavam acordando. Deu um sorriso deixando seus salientes dentes caninos à mostra e indo em direção a janela, afastou as cortinas. Um raio de luz bateu de encontro ao seu rosto e seus grandes olhos faiscaram um azul-piscina. Os outros três levantaram da cama rapidamente, com sede de algo que com certeza não era água. Tom puxou a maçaneta da porta do quarto e olhando para trás, fez um gesto para que Douglas, Daniel e o Harold o seguissem. O desejo por sangue fazia com que a respiração dos meninos pudesse ser ouvida do primeiro andar da casa, onde o silêncio a pouco reinava. Eram quase três horas da manhã quando Harry, passando pela cômoda da sala, pegou um retrato com as mãos e levantou para que os outros três pudessem vê-lo. Assim que entenderam o recado, os olhos do Dougie e do Thomas pegaram fogo em cores diferentes. Douglas tinha os olhos na cor roxa púrpura e o Thomas mostrava uma cinza cintilante que parecia iluminar tudo aquilo que fitava. Eles fixaram a foto de quatro meninas por alguns segundos e, logo em seguida, o retrato jazia no chão, pedaços de vidro espalhados por toda a sala de estar.

Na casa das meninas, a maratona de filmes seguia agitada. , , e estavam assistindo a um filme de comédia, todas esparramadas pelo chão, em meio a cobertores, ursinhos e pedaços de comida.
- Amigas, eu já tô ficando cansada, sabia? - Comentou , abrindo a boca num longo bocejo.
- Deixa de ser estraga prazer, amiga. Ainda tá na metade do filme e eu quero ver o que vai acontecer! - Disse , tacando uma das almofadas na cara da garota para ver se ela acordava de vez. fez cara de braba e já ia revidando em quando foi interrompida.
- Dá pra vocês ficarem quietas? - perguntou se virando para as meninas. - Eu e estamos tentando entender o filme faz meia hora, mas vocês não param de conversar!
- É que eu tô com fome. - Falou fazendo biquinho. Olhou diretamente para para ver se conseguia fazer a amiga ir à cozinha pegar algo e não deu em outra.
- Com fome? Mas você comeu quase toda a pizza e a pipoca sozinha e ainda está com fome?! - perguntou boquiaberta fazendo uma super cara de monstro.
- É! - Respondeu ela sorrindo enquanto balançava a cabeça positivamente.
- Meu Deus, o que é que você tem aí dentro, hein? Trigêmeos? - Exclamou fazendo todas as amigas rirem, inclusive , que logo em seguida acrescentou:
- Quem me dera! Do Dougie ainda por cima? Ai! – Seus olhos quase saltaram da órbita de tanta felicidade.
- Você definitivamente me assusta! - Exclamou rindo, enquanto resolvia ir buscar algo na cozinha. Mal sabia ela que o lanche ia ficar para mais tarde.


Capítulo 4

ainda nem havia voltado com a comida quando escutou um barulho estranho. Havia algo de diferente entrando junto com o ar gélido pela janela da cozinha. O farfalhar das folhas parecia mais agitado que o de costume e o vento sussurrava palavras imaginárias nos ouvidos de , que balançou a cabeça rapidamente como se quisesse que algo parasse de incomodar sua mente. Na sala, as outras três amigas conversavam animadamente, mas não demorou muito para que tivessem a mesma sensação que tivera há pouco. pediu que as meninas fizessem silêncio apenas com um gesto e e também conseguiram escutar. Passos, ruídos e uma respiração ofegante cada vez mais próximos.
- Que barulho é esse, meninas? - perguntou por fim, quase que sussurrando. Algo a estava deixando muito nervosa. e não responderam.
- Meninas? - apareceu na sala com uma expressão de puro medo no rosto, as sobrancelhas erguidas e contraídas.
As quatro trocaram olhares desejando que o que quer que fosse parasse com aqueles ruídos. E por um instante eles pararam. Ouviu-se uma expiração de que soou num tom de alívio. Mas estava tudo ficando calmo até demais... Antes a preocupação eram os esquisitos barulhos e agora, o silêncio inquietante.
Tudo ocorreu em fração de segundos.

já havia dado um passo para frente quando a porta escancarou de repente, fazendo com que o estrondo ecoasse por toda a sala. , e deram gritos estridentes por causa do susto, porém não conseguiu emitir nenhum som significante. Ela levou as duas mãos à boca abafando a voz, os olhos arregalados para porta, o coração a palpitar na maior velocidade possível.
O vento do frio inverno londrino entrou pela sala indo de encontro ao rosto das meninas, congelando suas feições. As garotas estavam à espera que ladrões ou estupradores adentrassem pela sala mandando-as ficarem deitadas e em silêncio. Mas, ao invés disso, apareceram na porta oito bolinhas brilhantes, flutuando na escuridão da noite. Duas cinzas cintilantes, mais atrás. Duas na cor roxa, brilhando de malícia. As duas primeiras brilhavam um vermelho em chamas, e ainda havia mais outras duas, num azul brilhante e chamativo. Segundos depois, essas bolinhas se encaixaram perfeitamente em quatro rostos, que só tomaram uma forma nítida após se aproximarem da luz da sala de estar. voltou à posição inicial, dando um passo para trás, tremendo dos pés a cabeça. Seus olhos se encheram de lágrimas quando ela reconheceu o namorado parado na entrada da república. Aliás, aquele não era mais seu namorado, não o Harry que ela conhecia. deu mais um passo para trás e agora já estava dentro da cozinha novamente. O Harold correu os olhos vermelhos por toda a sala e só os deteve quando avistou ali, parada a pouco menos de dez passos dele.
- Ha-Harry? - Falou tentando se acalmar, mas o tom de sua voz denunciava o medo que sentia. Ela não conseguia mais se mexer, ficou estática. "De novo não, por favor!", pensou e uma onda de tristeza invadiu sua cabeça.

Como se voasse, o Judd pulou em cima da garota, arrastando-a até que ela batesse com forca suas costas no balcão da cozinha. Nesse momento, soltou um grito agudo de dor e ao mesmo tempo de pânico. Ele respirava forte, seus dentes brilhantes para fora do lábio inferior. Em questão de segundos, prendeu a garota entre seus braços pressionando seu corpo contra o dela, para que não tivesse chance alguma de fugir. Todo o tempo a garota tentava se livrar dele, se mexendo e dado socos que quase nunca acertavam o namorado. Nada parecia funcionar, afinal, o Judd era logicamente muito mais forte que ela e quando se transformava sua força quase triplicava.
- Me chamou, bonitinha? - Perguntou Harold com uma voz esganiçada. Agora segurava o rosto da menina com força para cima. Os cabelos de estavam todos bagunçados e vários fios colaram em seu rosto molhado pelas lágrimas e pelo suor.
- Harry... Amor, por favor, me larga! - Pedia a garota chorando nervosa. Com uma das mãos ela segurava o braço dele e com a outra tentava impedi-lo de machucá-la. - Harry!
- Acho que já fiz isso antes com você... – Começou a dizer ele, fitando todo o rosto amedrontado da namorada, ao relembrar da cena na casa de campo dos pais de .
- É Harry, você está lembrando... – Falou com um pouco de esperança na voz; esperança essa que não demorou muito para a menina esquecer que tinha.
- Claro que me lembro, meu doce. – Ele afirmou no tom mais sádico possível, mordendo o lábio inferior. – Só não me recordo de ter terminado minha tarefa...
- Harry, você está me assustando! – A garota começou a chorar tentando afastá-lo de si. – Você não tem que terminar nada, ok?
- Eu não faço nada pela metade. – Disse um Judd malicioso. – Me desculpe.
- Harry! – gritou quando ele tentou mordê-la, sempre tentando fazer com que o garoto voltasse à sã consciência.
Mas ele não a ouvia. Apenas pressionou-a com mais força contra o balcão da cozinha e desceu a cabeça tentando morder o pescoço da namorada mais uma vez. não sabia o que fazer, então jogava os cabelos por sobre o ombro tentando esconder a parte do pescoço que estava nu. As mãos dele estavam ocupadas tentando segurar a vítima, por isso ele não conseguia achar um jeito certeiro de mordê-la. Enquanto isso, na sala, Danny e Dougie agiram quase que no mesmo instante.

já havia tentado fugir pela porta da sala, mas quando chegara a três passos da saída, o Jones se jogou no meio do caminho com os braços abertos para agarrar a garota de vez. Ela parou de correr soltando um gritinho longo e, dando meia volta, correu em direção à sala de jantar onde uma grande mesa ocupava o centro. suava de medo e não conseguia pensar em outra coisa a não ser em correr, correr e correr. Danny ficou parado por um segundo como se estivesse pensando em algo e logo em seguida virou a cabeça para a namorada, abrindo um longo sorrisinho malicioso. "Ele está pensando em fazer alguma coisa... E não deve ser nada de bom.", pensou engolindo um seco.
- Daniel... D-Danny... – Ela tentava dizer algo, mas sempre que abria a boca, as palavras viravam vento. O medo tomava conta dela e desse modo, nem o nome do namorado formava-se claramente em sua boca; simplesmente sussurrava torcendo que ele ainda assim a escutasse.
- Daqui eu não entendo o que você está dizendo... Er, , não é?
- É. – Ela confirmou com a cabeça, a voz falha; a garota mal acreditou que seu namorado não recordasse nem ao menos de seu nome.
- Então , me deixe chegar mais pertinho de você... – Começou a dizer o Danny andando arrastado em direção a sala de jantar. – Quero escutar você. – Completou risonho.
Os olhos do Jones já eram bastante penetrantes na cor natural, mas aquele azul cintilante fazia se perguntar se ele conseguia ver a parede através dela. Sempre que a fitava diretamente nos olhos, ela sentia uma forte vontade de chorar.
O Jones foi caminhando lentamente até uma ponta da mesa, ficando de frente com a garota. Ele correu para o lado esquerdo e ela foi, logicamente, para o lado contrário. Então ele fingiu que ia para o lado esquerdo de novo e voltou correndo para o lado direito, fazendo a garota tremer dos pés a cabeça por quase ter ido de encontro ao vampiro. Ele mantinha os olhos fixos em , com a intenção de deixá-la ainda mais nervosa. E com certeza estava conseguindo o que queria: com aquela brincadeira de pega-pega, estava morrendo de medo de errar o lado para onde estava indo e dar de frente com o Daniel. Por outro lado, o garoto estava achando aquilo muito divertido, até porque sabia que no final ainda conseguiria pegá-la. Ele abriu novamente um sorriso, porém um mais assustador. Os olhos da garota se encheram de lágrimas e ela começou a sentir que ia perder a força das pernas. começou a andar pra trás, encostando-se no vértice de encontro de duas paredes da sala.
- Cansei de brincar... – Falou o Jones com uma voz brincalhona e maliciosa, colocando as duas mãos por sobre a mesa. – Preciso repor minhas forças, não acha?
- Danny, sou eu, amor! ! – Exclamou a menina se encolhendo onde estava. Suas mãos se apertavam para tentar minimizar o pavor que estava sentindo só de imaginar o que seu namorado poderia fazer com ela.
Num piscar de olhos o Danny voou para cima da mesa, indo devagarzinho em direção a ponta da mesa em que se encontrava, chorando. O riso sumiu do rosto do garoto e ao invés de um olhar brincalhão, ele deixava a mostra seus olhos brilhando de desejo em direção ao pescoço da namorada. A garota reuniu as últimas forças que tinha e, se apoiando na parede, sem tirar os olhos do Jones, ficou de pé e tentou correr para o lado direito da sala, mas o Danny conseguiu ser mais rápido e antes que ela pudesse sair daquele cômodo, segurou-a pelos braços, fazendo barulhos estranhos com a voz. Segundos depois empurrou a garota até que ela batesse com as costas na parede.
- AAAAHHH, DANNY! – gritou o mais alto que pode, porém matinha os olhos bem fechados. Não queria ver o Jones daquele jeito – AAAAHH!
- Tem certeza de que não vai desistir? – Danny aumentou o tom de sua voz rouca, intimidando qualquer reação da menina. – É só você ficar quietinha que não vai doer nada. – Completou frisando a última palavra num tom de deboche.
olhava de lado para ele, chorando entre soluços. Dessa vez realmente havia perdido a força nos braços e nas pernas. Sentiu como se não adiantasse mais, apenas queria acabar logo com aquilo. Ele a segurava em pé, as duas mãos apertando os braços de contra a parede. Mas assim que começou a perceber que o corpo da menina tendia para o chão, segurou-a pela cintura até que conseguisse sentá-la. A cabeça de encontrou encosto em um dos ombros do Jones e seus braços seguraram fortemente no peitoral do garoto para que ela não perdesse o equilíbrio de vez. Um longo arrepio percorreu de leve as costas do Jones e por um segundo ele pareceu esquecer o que havia ido fazer na república.
- Prontinho – Danny sussurrou nos ouvidos de .
- Danny, por favor... – Pedia tentando se afastar dele. – Não faz isso!
- Não posso atender a esse seu pedido, gata. – Respondeu Danny perdendo a paciência. – Fica pra próxima.
Assim que completou a frase, ele puxou os cabelos de para baixo, fazendo-a gritar mais uma vez. O garoto afastava os cabelos da nuca da namorada, segurando com muita força um de seus braços. chorava baixinho; uma de suas mãos tentando fazer com que ele soltasse seu cabelo, mas era impossível. O Jones deixou o pescoço de à mostra para dar a tão esperada mordida. Olhando de lado, a garota viu quando ele abriu a boca lentamente, soltando, antes de mordê-la, um guinchado ensurdecedor. Como num reflexo, tentou tampar os ouvidos, porém na mesma hora em que colocou a mão por sobre a orelha, o garoto acertou os dentes em seu pulso.
- AAAAAHHHH, AI! AAAHH! DANIEL! - Agora todos os músculos da face de se contraíam bruscamente. A dor concentrada no braço parecia se alastrar rapidamente por todo o corpo da garota, que se contorcia a cada sugada que o Danny dava em sua mão. - Danny... Tá doendo muito, amor... Muito...
Pouco tempo depois não estava mais consciente. Seus olhos rolavam e sua cabeça pendia ligeiramente para os lados. A menina estava pálida e perdia muito sangue, mas o Jones parecia não se importar. Continuava a sugar seu sangue, agora, com mais veracidade.


Capítulo 5

Douglas corria seus olhos por todos os extremos da casa, afinal, sabia que tentaria se esconder no lugar mais distante, porém óbvio, possível. Riu baixinho quando avistou Daniel brincando de uma espécie de pega-pega mortal com uma assustada que, vez ou outra, parecia prestes a desabar no choro. Mas, sem demora, viu pés que subiam os últimos degraus da escada. Reconheceria aqueles pés em qualquer lugar do mundo. Sem dúvidas, eram os de .
Sedento de sangue, o Poynter demonstrava estar sem controle. Há quanto tempo ele e os meninos não davam uma mordida, uma mordidinha sequer? A vontade de sentir seus grandes caninos perfurarem um pescoço gélido lhe aumentava o instinto animal. Dougie balançava sua cabeça de um lado para o outro, como se estivesse se aquecendo, prestes a entrar numa luta livre. Não poderia esperar nem mais um minuto.
Sem hesitar e com a maior velocidade que seus pés pudessem lhe impulsionar, disparou em direção à escada, onde uma , ainda congelada, não tirava os olhos de cima do Fletcher, com medo que o garoto a avistasse. Dougie passou como um vulto ao lado de , empurrando-a de leve para o corrimão da escada, o que a fez desequilibrar e quase cair escada a baixo.

- Faz silêncio, . Faz silêncio. – pedia a si mesma sem parar.
A garota havia entrado na primeira porta que vira aberta no andar de cima da casa: estava no banheiro. Seus sentimentos se misturaram naquele momento, ela não sabia o que sentia ao certo. Sentia medo pelo fato de que o Douglas poderia encontrá-la num piscar de olhos. Sentia culpa por ter fugido da sala de estar e ter deixado suas amigas sem socorro. "Ai, meu Deus! Como , e estão?!", seu cérebro a importunava. Quem sabe se ela não tivesse corrido, poderia ter tentado ajudar de alguma forma?
- Meu celular tá lá no quarto, talvez eu pudesse correr e chamar a polícia. – Falava baixinho, suando como nunca. trancara a porta e as duas janelas do cômodo para lhe dar mais segurança, mas aquilo parecia assustá-la ainda mais. – Mas aí os garotos vão se dar mal. – Completou em negação. – Ai, o que vou fazer? – Perguntou para si mesma, agora já em desespero. Jatos de água rolavam por todo seu rosto.

Nesse momento, o Poynter aguçou seus ouvidos e pôde ouvir os sussurros chorosos da namorada. Sorriu de leve e, antes que pudesse pensar em algo, chutou a porta, fazendo-a entrouxar e pender para fora.
- AAAAHHHH! - Berrou num tom tão agudo que até o baixista protegera suas orelhas.
A menina não acreditava no que estava vendo. Douglas estava completamente fora de si, sua feição era um misto de raiva e dor. ficou de frente para ele, sem saber o que fazer ou dizer. Percebera que, mesmo que tentasse fazer com que o garoto se recordasse dela, seria tudo em vão. O quê quer que tenha tomado conta do corpo do Dougie, tomara conta também de sua mente.
- Dougie! – Exclamou a garota nervosa. Sua boca estava seca e seu peito doía pela velocidade com que seu coração batia.
- Eu mesmo. Em carne, osso, e finalmente, sangue. – Riu fazendo seus olhos faiscarem.
- Não, Dougie. Não diga isso. – Falou andando para trás até tocar no espelho que ficava abaixo de uma das janelas fechadas. – Escuta, eu... Eu te amo. – Falou enxugando as lágrimas.
- Cala essa boca. – O garoto disse levantando o queixo. – Eu gosto das minhas presas quietinhas. – Completou se aproximando lentamente de .
Rapidamente, ele pulou sobre a garota, empurrando-a contra o espelho que, com a pressão, se espatifou em mil pedaços.
- AI! – A garota berrou antes que muito sangue descesse de seu testa, molhando uma boa porção de seu rosto.
- Ah, me desculpe. – Ironizou Douglas vendo que sua vítima chorava por conta da intensa dor. – Deixa que eu te ajudo, gata.
- Não, me deixe em paz. – Choramingava entre pausas de seus soluços. – Me deixe em paz! – Exclamou quando seu namorado se aproximou dela e começou a lamber todo seu rosto, deliciando cada gota de sangue.
- Sangue de primeira qualidade! – Falou risonho; a malícia nunca deixava seus olhos.
O sol começava a surgir no horizonte; podia ver isso pelos raios de sol que invadiam as frestas das janelas trancadas. "A janela!" Sua mente lhe jogou a idéia.
- Vamos ver agora o que esse pescoçinho tem pra mim... – Disse o Poynter se apressando em dar a tão esperada mordida, sua boca já bastante melada de sangue.
- Eu não queria fazer isso. – falou, arrependida do que ainda iria fazer.
Dougie já colocava seus grandes dentes caninos à exposição e , em fração de segundos, abriu uma das janelas, deixando a luminosidade invadir aquele banheiro.
- AAAAHH! – Gritou Douglas em tom de desespero, seu rosto já mostrando as marcas de grandes queimaduras.
- DOUGIE! AMOR! – Chorou mais alto ainda. Ela realmente não queria ter feito aquilo; sabia que o menino poderia não resistir – DOUGIE!
Douglas se jogou no chão do banheiro com o intuito de se esconder o máximo possível do sol, suas mãos sobre o rosto. Ele se contorcia a até seus braços pareciam estar feridos. O banheiro ficava cada vez mais claro e, sem hesitar, o garoto fugiu dali o mais rápido que pôde, deixando para trás uma menina ferida por fora e, principalmente, por dentro.

Na cozinha, se esforçava ao máximo para não facilitar o ataque do Judd. Ele já havia tentando mordê-la algumas vezes, mas todas sem sucesso.
- HARRY! – Ela berrou quando o menino, já tomado pela raiva por não conseguir mordê-la, soltou seus dormentes braços e puxou seu cabelo com força para baixo.
- Você fica muito sexy assim, sabia? – Perguntou cheirando os cabelos da menina.
- E você fica um nojo. – Retrucou rapidamente; agora parecia ter mais raiva do que medo dentro de si.
- Nojo? – Ele perguntou risonho. – Não foi bem isso que você me disse quando ficamos a sós naquele dia. – Completou puxando-a pela cintura, ainda sem soltar seus cabelos.
- Por que naquele dia, Harold, eu não estava com um monstro. – disse cuspindo em seu rosto; as lágrimas pareciam não ter pausa e corriam ligeiras, uma atrás da outra.
O silêncio tomou conta da cozinha por alguns segundos. O Judd fitou os olhos de com ardor. Sentiu um ódio que nunca havia sentido antes. A malícia fugiu de seus lábios, tirando-lhe o sorriso. Agora, Harry queria não só morder sua namorada, mas, quem sabe, tirar-lhe a vida.
- Vamos acabar logo com isso. – Falou num tom de voz decidido e arrastado. apenas chorava esperando o fim daquele pesadelo. "Não há mais o que fazer", pensou perdendo qualquer tipo de esperança.
A garota já inclinava sua cabeça para Harry esperando que ele fizesse o mais rápido e instantâneo possível o que fora fazer naquela casa, quando avistou, em uma das prateleiras da cozinha, dentes de alho que ela e as meninas usariam para preparar o almoço do dia seguinte. não estava tão próxima da prateleira quanto precisava, mas sabia que, com um pouco de esforço e astúcia, conseguiria alcançá-la. Só precisava chegar um pouco mais perto. - Bom ver que você está cooperando. – Disse Harold vendo deitar-se no balcão da cozinha, como se estivesse se preparando de boa e própria vontade para receber os grandes caninos do Harry. Bem, isso era o que ele pensava.
deitou-se e, ao mesmo tempo, inclinou seu corpo um pouco para trás. Agora sim, com um Harry entretido e a prateleira bem ao seu lado, sua mão alcançaria o alvo.
- Me desculpe, Judd. – Sussurrou trêmula, sentindo dois dentes bastante pontiagudos quase lhe perfurarem.
A menina apertou um dente de alho entre seus dedos e logo os acertou na altura do pescoço e boca do Harry. Um grito espaçado de dor ecoou por toda a cozinha, fazendo o vampiro dar alguns passos para trás. Ele não parecia estar ferido o suficiente para querer desistir; apenas leves queimaduras apareciam em seu rosto, mas, mesmo assim, decidiu não se arriscar ao ver a grande quantidade de alho que segurava agora. Aquilo poderia custar a sua vida.
- Vá embora! – Gritou mostrando-lhe que não hesitaria em tacar-lhe quantos dentes de alho fosse necessário para que o garoto não se aproximasse mais.
- Eu volto. – Falou num tom de voz baixo, lançando olhares profundos por sobre a garota antes de dar-lhe as costas.


Capítulo 6

havia corrido rapidamente em direção a escada assim que avistou os meninos na porta recém-arrombada da sala. Por ser a mais medrosa das quatro, ela era a típica pessoa “oito ou oitenta” em momentos de pânico: ou ficava estática onde estava ou corria freneticamente. Dessa vez ela optou pela segunda opção e sem pensar duas vezes correu para a escada que a levaria ao segundo andar.
O Harold já havia ido de encontro a e também não estava mais naquele cômodo; havia corrido poucos segundos antes que para o banheiro e logicamente, com o Dougie no seu pé. Ao lado da sala de estar, o Jones tentava pegar uma desesperada. Só faltava o Thomas agir, mas parecia que ele ainda não tinha avistado o alvo. , apesar de ter dado um salto da sala pra escada, subia esta com muita cautela, afinal, para o azar da garota, a escada era feita de madeira. estava com medo de pisar de mau jeito em um degrau e assim fazer com que o Fletcher a visse fugindo escada a cima. Mas, graças ao Douglas, a garota não precisou de um ranger para que fosse notada. Ela tropeçou quando já estava quase chegando ao penúltimo degrau por ter sido empurrada pelo Poynter, que corria em disparada atrás da namorada. Tom virou a cabeça e a avistou no mesmo instante em que escutou o barulho. Um sorriso maldoso surgiu apenas de um lado de sua boca, deixando a menina quase sem respirar na escada. saiu correndo e entrou em seu quarto tremendo dos pés a cabeça e, mesmo sem olhar para trás, não tinha dúvidas que o Fletcher iria buscá-la onde quer que ela estivesse.
Tom deixou uma risada escapar e logo depois uma língua brincalhona passeou pelos seus dentes. O garoto foi andando num passo arrastado e, quando chegou à escada, pulou diretamente do primeiro degrau ao último em apenas um impulso. Através de outro impulso, dessa vez usando o olfato, ele chegou à porta do quarto de .
Ela estava com os olhos arregalados para a porta, sem mexer sequer um dedo. Havia mantido distância da mesma depois de tê-la batido suavemente, desejando ter sido o mais discreta possível. Foi quando já estava longe que a menina percebeu que não havia rodado a chave. "Droga, droga! Ainda dá tempo, eu sei que dá!", pensou rapidamente e, respirando fundo, resolveu ir trancar a porta; talvez com a porta trancada, seu namorado desistisse daquele cômodo. Ela deu uns quatro passos ligeiros e assim que estendeu a mão em direção a maçaneta, esta começou a rodar sozinha. soltou um gritinho agudo e, com a mesma cara de pânico com a que tinha avistado o Fletcher na escada, foi andando para trás, e só parou quando uma cabeça surgiu na porta, acompanhada de dois belos dentes que brilhavam na escuridão do quarto.
Thomas cerrou os olhos cor cinza em direção à garota e lentamente retirou sua cabeça da entrada do quarto, deixando a porta semi-aberta. começou a chorar por que, agora, realmente sentia o medo tomar conta de seu corpo. E se o Thomas abrisse a porta de repente, num estrondo, e voasse para cima dela? E se ele demorasse em voltar, o que ela ia fazer? Sair do quarto? Nem pensar. As perguntas já estavam deixando a garota confusa, mas não demorou muito para que qualquer pensamento sumisse de sua cabeça. Ele tinha voltado, e dessa vez, mais lentamente ainda, Tom entrou no cômodo com um sorriso maldoso e trancou a porta. Ainda de costas ele soltou um risinho que fez estremecer e querer impedir que ele a atacasse.
- Enfim, sós. – Começou a dizer o Thomas, num tom de deboche, assim que fitou sua namorada trêmula no meio do quarto. Ele lançou-lhe um olhar dos pés a cabeça, como se admirasse a vítima.
- Thomas, amor. – deu um passo para trás quando o Fletcher ficou frente a frente com ela. A respiração do garoto era ofegante e ele parecia realmente decidido no que ia fazer. – Me escuta, Tom! Eu sei que você pode me escutar. Pára com isso!
- Mas eu nem fiz nada ainda. – Thomas riu-se, levantando os dois olhos, que agora pareciam duas bolas de golfe cintilantes, em direção à menina.
- A-Ainda? – Ela perguntou baixinho, engolindo um seco que com certeza passou arranhando pela sua garganta.
Thomas matinha os olhos fixos no pescoço de que, volta e meia, ficava nu. Seus cabelos pareciam brincar pelo seu rosto, seus ombros e seu pescoço. Uma janela do quarto se encontrava aberta e uma brisa gélida balançava as cortinas e ia de encontro à garota. A manhã já vinha chegando e o sol surgia deixando metade do cômodo iluminado e a outra metade numa leve escuridão.
- Tom... Tom? – chamou mais uma vez pelo nome do menino que parecia hipnotizado.
A expressão do Fletcher deixou-a triste. Ela sabia que ele jamais iria fazer qualquer coisa se estivesse em sã consciência; por isso, deixou escapar lágrimas não de medo, mas de perdão, só por imaginar o que ele podia fazer. Segundos depois, levantando a cabeça, ele voou para cima de , derrubando-a e caindo por cima dela no chão do quarto.
- AAAAHHH, THOMAS! – agora chorava alto e tentava bater no garoto com a força que lhe restava – TOM! SOCOOORRO, SOCORRO!
- FICA QUIETA, GAROTA! – Thomas gritou, deixando a namorada presa entre suas pernas, mas ela não parava de se mexer de jeito nenhum. Tentava afastá-lo acertando o pulso no rosto e no peito do garoto, que a cada batida que recebia, ficava mais irritado.
- AAAAHH! ME LARGA, TOM!
- EU JÁ DISSE PRA VOCÊ FICAR QUIETA! – Seus olhos brilharam como nunca haviam brilhado e soltou um grito de terror, que foi abafado instantaneamente por uma das mãos do Fletcher. – Escute... Só escute... – ele completou malicioso, falando baixinho no pé do ouvido dela. ainda lutou por algum tempo, tentando tirar a mão do garoto que pressionava sua boca, mas quando começou a ouvir o barulho que vinha do banheiro, sentiu que estava perdendo as forças.
- Não, me deixe em paz, me deixe em paz! – dava gritos desesperados do banheiro onde o Poynter tentava mordê-la. Entre pausas de seu forte choro era possível escutar os guinchados do Dougie e pedaços de vidro se espatifando no chão. escutou os gritos da amiga e sentiu um forte aperto no coração, mas o Thomas não deu muito tempo para que a garota ficasse preocupada com suas amigas.
- AI! – O eco da voz de tomou conta do quarto onde e Thomas se encontravam.
- Minha vez. – Disse um Tom astuto, com uma voz rouca; típica dos garotos quando estes se transformavam.
Assim que a garota entendeu o recado do namorado, o desespero tomou conta dela, que ao invés de ficar quieta, começou a se mexer bruscamente com o intuito de tentar tirá-lo de cima de si. Ela tentava esmurrá-lo, mas todo esse esforço parecia ser em vão. O garoto, sem paciência, segurou os braços da menina contra seus peitos para que ela não tivesse mais como batê-lo; as unhas do Fletcher apertaram o braço direito de , deixando a marca dos arranhões se esconderem por debaixo do sangue que subiu lentamente.
A menina quase não podia se mover agora: desde o começo, Tom a tinha prendido no meio de suas pernas, e agora, pressionava seus braços contra si própria. realmente achava que não tinha como ficar pior, mas, infelizmente, se enganou. Ela começou a achar muito esquisito o modo como o vampiro começou a fitá-la. Fazia alguns segundos que sua expressão havia mudado estranhamente. Na verdade, seus olhos é que não estavam mais direcionados apenas para o pescoço da menina. Agora, ele fixava, sem piscar, todo o busto de . A onda que os peitos apertados da namorada faziam, fizera com que o Fletcher apenas quisesse deixar o café da manhã para mais tarde. Thomas, logicamente, já estava fora de si, mas se perdeu duplamente quando fez o que fez com . Um instinto descontrolado impulsionou o garoto a querer fazer sexo com a namorada antes mesmo de mordê-la.
- Nada mais apropriado para se fazer em posições como esta, não acha? – Ele perguntou alto, para si mesmo, sem ligar a mínima para qualquer tipo de resposta.
- Me solta, Thomas! Do que é que você está falando? – perguntou com dificuldade; o rosto tomado por pânico e lágrimas.
- Disso. – Respondeu o garoto que, sem hesitar em nenhum instante, pegou os braços de e colocando-os para cima de sua cabeça, começou a beijar ferozmente seu pescoço, busto e peitos. chorava alto, porque agora entendera a ironia nas palavras do namorado.
- Thomas, não! Por favor, pára! Por favor! – Ela pedia entre os soluços.
- Ah, mas agora que começou a ficar bom! – Ele comentou e seus grandes olhos faiscaram. - Se você se comportar, garota, tudo vai ser bem mais simples...
- Sai de cima de mim! SAI! – Seus olhos arregalados não a deixavam esconder o medo que sentia por estar ali com o Tom, mas, ainda assim, tentava se livrar dele, se mexendo de um lado para o outro.
- Você não quer mesmo cooperar, não é? – Uma raiva invadiu o Thomas e ele apertou o rosto da menina com toda a força que seus cinco dedos puderam reunir. – Então vai ser do meu jeito.
Assim que disse essas palavras, o garoto começou a puxar a blusa de , tentando rasgá-la fora e uma de suas alças torou, deixando à mostra um lindo sutiã vermelho. O Fletcher passeava sua outra mão pelo corpo da menina, apertando suas coxas e barriga que, a cada toque que recebia, lançava uma lágrima no chão do cômodo. Ela ainda lutava contra o namorado, mas começou a realizar que reprimi-lo só estava fazendo com que sua raiva aumentasse. Ainda por cima, ela sabia que só estava adiando um pesadelo: mais cedo ou mais tarde, o Thomas ia conseguir o que queria. Pensando dessa forma e tendo uma brilhante idéia, começou a aceitar a situação.
A manhã já havia chegado e agora o sol já caminhava em direção ao casal deitado no quarto. De vez em quando, ainda o afastava, mas deixou por algum tempo que ele a beijasse, mordesse e bagunçasse seus cabelos. Isso tudo fazia parte de um plano que ela tinha em mente: esperar que o sol chegasse e atingisse o Thomas.
estava bastante assustada. A sensação de ter dois grandes dentes brincando e arranhando seu pescoço não seria tão ruim se o Thomas não estivesse daquele jeito. Por isso ela preferiu não olhar para o garoto: sua cabeça estava virada para a janela e por alguns instantes ela se perdeu no azul do céu. Pouco tempo depois, o sol atingia seus braços, seu rosto molhado e finalmente, o Fletcher. Ele levantou a cabeça soltando altos e fortes gemidos de dor, tampando os dois olhos instantaneamente.
- ME DESCULPE, ME DESCULPE! – Os soluços de tomavam conta do quarto. Parecia que tudo havia sumido ao redor da garota que, apesar de tudo, ainda tentou pegar no rosto de um Tom descontrolado.
- AAAAHHHH! – A única coisa que ele fazia era gritar. Não podia suportar aquela luminosidade o atingindo diretamente; se jogou para trás, guinchando alto.
chorava e gritava o nome dele, mas sabia que não podia ajudá-lo. Assim que o namorado saiu de cima de si, ela se arrastou para bem junto da janela, porque ali sabia que estaria segura; jamais o garoto voltaria a tocá-la. Ele agonizava com as mãos no rosto, chorando de dor. Segundos depois, retirou-se do quarto em disparada, deixando uma traumatizada no chão e um recado no ar:
- Isso não terminou aqui! Não terminou!


Capítulo 7

A casa parecia um tanto silenciosa depois que Tom saiu correndo pela porta do quarto de . Não se ouviam gritos como antes; estava tudo estranhamente normal. É como se a casa estivesse descansando de um terrível acontecimento, estivesse finalmente respirando.
Minutos perdidos no silêncio e a casa chorava um choro distante e sofrido. poderia reconhecê-lo em qualquer lugar do mundo.
- ! - Exclamou , se levantando trêmula. A menina não parecia estar em pleno controle de seu próprio corpo. Estava gélida e sem forças para andar, mas sua mente a mandava encontrar suas amigas e ela apenas obedecia às ordens.
foi andando lentamente, lágrimas ainda manchavam seu rosto e deixavam a impressão que seus olhos estavam ainda mais fora de órbita.
- ... ! - Chamou-a duas vezes quando chegou ao corredor. Olhava para todos os lados à procura da menina, mas o medo que sentia a fazia perder os sentidos.
- Ah, ! Ah! - Soluçou quando avistou a amiga ao longe - Aqui! - Chamou-a tentando se levantar.
- Meu Deus, ! O quê aconteceu? - Perguntou se apressando em ir ajudar a amiga quando observou a porta quebrada e uma garota que sangrava sem parar se misturando aos cacos de vidro espalhados por todo o chão do banheiro. - Você está machucada! - Disse tocando de leve o ferimento da amiga.
- ! - Exclamou . Não conseguia falar nada de muito complexo; as palavras se desmanchavam em sua boca e pareciam não fazer sentido nenhum dentro de sua cabeça - Ai, amiga! - abraçou-a fortemente.
- Cadê o Poynter? - perguntou espiando a porta do banheiro discretamente. Seu maior medo era que eles voltassem.
- Foi embora... Acho que desceu. - Respondeu com um tom incerto na voz. - Mas e você... O que o Tom fez? - Perguntou vendo que as roupas da garota estavam levemente rasgadas e seus braços estavam muito vermelhos.
- A gente conversa depois. - Falou a menina enxugando algumas lágrimas que haviam acabado de rolar de seus olhos. - Temos que achar as meninas! - Disse quando as duas se levantaram e se apressaram em chegar até a escada.
se apoiara em para poder se equilibrar enquanto desciam degrau por degrau. Não foi preciso andar muito para que elas reconhecessem quem eram as duas garotas que se encontravam próximo à mesa da sala de jantar.
- ! ! - gritaram chorosas. Um alívio percorreu o estômago das duas naquele instante. Estava tudo bem com e . Bem, era o que elas pensavam.
- Meninas! - só respondera. Estava segurando pelos braços e chorava descontroladamente. - Vocês estão bem! - exclamou satisfeita em vê-las inteiras quando as amigas adentraram no cômodo.
- Sim! - falou apesar da forte dor de cabeça que sentia. Sentia como se estivessem dando marteladas em sua cabeça. Pelo menos agora o sangue já não descia com grande fluxo - Oh, meu Deus! ! - Gritou quando viu a menina desacordada. tinha uma feição congelada e suas veias pareciam mais pulsantes. Sua mão deixava à mostra dois furos profundos que não escondiam a realidade do que tinha acontecido ali.
- Ela foi mordida?! Ela foi mordida?! - Perguntava uma incrédula. Ela, e rodeavam .
- O Jones a mordeu. - explicou nervosa. - O Harry fugiu e quando eu saí pra procurar vocês... - Desabafou chorando. abraçava tentando lhe dar forças que nem mesmo ela tinha. - Eu dei o remédio pra ela assim que a encontrei desmaiada. - Continuou quando retomou o fôlego. - Será que vai adiantar?
- Vai adiantar. Vai ter que adiantar. - disse dando um leve beijinho na testa da . - Nós só temos que sair daqui. Temos que fazer um curativo na mão dela. - Continuou antes que caísse no choro novamente.
- E um na sua cabeça. - Completou apontando para o ferimento da amiga. Estava curiosa e preocupada em saber o que tinha acontecido com suas amigas, mas era melhor que conversassem lá em cima, em um dos quartos.
, e tiveram certa dificuldade em carregar até o andar de cima, mas elas precisavam cuidar da garota e se esconder dos quatro vampiros. Nenhuma delas sabia para onde eles tinham fugido. E se eles ainda estivessem dentro da casa? Não. Com certeza era melhor dificultar que eles as encontrassem novamente.
- Ela está tremendo muito, meninas. - Avisou-as uma angustiada quando deitaram na cama do quarto de . Decidiram ficar nele por que era o menor e mais discreto quarto da casa.
- Deve ser por causa do antídoto. - Sugeriu , que estava sentada ao lado da amiga.
- Pelo menos a gente tem a certeza de que ela está tendo alguma reação, não é? - Falou , que procurava, dentro de um de seus armários, a caixa de remédios. - Mas temos que proteger sua mão. - Disse quando achou o kit de primeiros socorros.
- , fica quieta aí. - Falou limpando o ferimento da amiga, enquanto fazia o mesmo com . Pequenos pedaços de vidro ainda estavam incrustados na testa de , fazendo sua pele arder e sangrar.
- Ai. - Ela bufou fechando os olhos quando retirou o último estilhaço de sua cabeça.
- Amigas, o que aconteceu? - Perguntou calmamente, logo depois que terminou de enfaixar a mão de . Agora poderiam conversar sossegadas.
- Foi horrível! - Suspirou , sua voz falha. Sua garganta ressecara e ela tentava segurar as lágrimas. - O Dougie parecia que havia sido possuído. Estava completamente fora de si! - Continuou balançando a cabeça.
- Os quatro estavam! - completou irritada. Sentia a raiva tomar conta de seu corpo agora. As meninas sempre os lembravam de tomar o remédio e eles sabiam o que poderia acontecer se não o fizessem. "Como puderam ter sido tão irresponsáveis?", pensou desejando dar uma bela tapa em cada um dos mcguys.
- Nunca o vi daquele jeito, meninas. - disse triste quando começou a chorar silenciosamente.
- Oh, - bufou enxugando, com uma de suas mãos, todo o rosto molhado da garota. - Imagino o quê você deve ter passado. - Falou olhando os braços e pescoço marcados de . - Como ele pôde?
- Não sei! - Respondeu rapidamente. - Mas senti nojo dele! - completou levantando a blusa rasgada que caía por sobre um de seus ombros.
- Meu Deus! Eu vou matar o Fletcher! - Exclamou no momento em que entendeu sobre o quê as duas conversavam.
- Pode deixar que... - falava quando foi interrompida pela fraca voz de .
- Da... Danny... Dan... - Suspirava com dificuldade.
- ! - Exclamaram , e em uníssono.
- , fala com a gente... - pediu uma aliviada.
- Danny...
- , somos nós... - falou passando as mãos pelos longos cabelos da amiga. - , e eu, . - Disse sorrindo. Tinha muita esperança que a menina as estivesse escutando.
- Pára, Danny! - gritou de repente. Ela estava revivendo o pesadelo.
- Não, ! Não é o Jones! - Falou com força. - Somos nós, acorda! - Exclamou antes que a garota abrisse os olhos lentamente.
- Amigas... - Resmungou ainda revirando os olhos. estava muito frágil e sua embaçada visão dificultava a compreensão de onde ela se encontrava.
- Oi, ... - saudaram-na chorando de felicidade.
- Não se preocupe, amiga. A gente tá aqui do seu lado! - Falou uma carinhosa. - Já cuidamos do seu braço e a porta está trancada. - Completou quando a menina fez menção de abrir a boca para falar qualquer coisa.
- Onde será que estão os garotos? - perguntou quebrando o silêncio que já morava no quarto há alguns minutos.
- Não estou nem um pouco a fim de saber! - respondeu enquanto observava nervosa a porta trancada.


Capítulo 8

O porão da casa de , , e era um dos maiores e melhores cômodos da casa, por incrível que pareça. Mas não fora por nenhum desses motivos que o Dougie, Danny, Tom e o Harry correram para lá quando fugiram de suas frustradas tentativas de ataque. Além de espaçoso e confortável, o porão era o local menos iluminado que poderiam encontrar. O sol já clareava o céu quando os quatro decidiram ir embora à procura de vítimas mais azarentas do que as meninas e, por esse motivo, não conseguiram sair daquela casa. Mas ainda precisavam se esconder da luz; sem dúvidas, o porão era a melhor opção.
Daniel foi o primeiro a despertar. Seus olhos azuis abriram-se aos poucos e seu cérebro ainda se esforçava para entender por que ele não sabia onde estava. Sentiu um forte gosto férrico em sua boca e ficou ainda mais desorientado. Bem, não é nada normal acordar com grandes manchas de sangue em seu rosto e roupas, não é?
- O que... O que é isso? - Pensou alto se analisando dos pés a cabeça. Não só o rosto, mas até mesmo o cabelo do guitarrista estava ressecado com sangue. Não ousou perguntar novamente a si mesmo o que significava todo aquele sangue. Ele já sabia a resposta.
O garoto olhou ao redor e avistou Harold, Dougie e Thomas esparramados pelo chão do porão. Levantou-se do chão como num salto e correu até o amigo mais próximo.
- Harry! Harry, cara! - Gritou sentindo um aperto em seu estômago enquanto balançava o Judd de forma desesperada. - Acorda! - berrou mais alto.
- Hum... - Harry resmungou desnorteado. Também não sabia onde estava e sentia uma forte dor de cabeça.
- Aconteceu o pior! - O Jones disse choroso, ajudando o amigo a se levantar.
- Como assim? - Perguntou ainda tonto.
- Acho que atacamos as meninas! - Respondeu temendo suas próprias palavras.
- O quê?! - O baterista parecia ter acabado de despertar. Olhou para todos os lados, viu o sangue que pintava o Danny e onde estavam. Aquele, com certeza, era o porão da casa de suas namoradas. - Como... Como? - Perguntou para si mesmo quando se olhou no espelho que ficava em cima de um dos móveis que decorava o cômodo e avistou algumas queimaduras em seu rosto.
- Não sei... Não sei de nada. - Danny falou dando leves tapas e empurrões em Dougie e Thomas. - Na verdade acho que nenhum de nós vai se lembrar... - Completou quando o Harold deu um forte murro na parede.
- Isso não pode ter acontecido, cara! - Harry disse sentindo um pacote de remorso descer-lhe a garganta. - Não de novo! - Completou desejando cair morto naquele momento. Ele já havia atacado tempos atrás, mas ela não acordara no dia seguinte com marcas de mordidas no pescoço. Quero dizer, as marcas não eram aquelas que vampiros costumam deixar em suas vítimas. Harold já não podia ter a certeza de que estava tudo bem agora.
- Onde... Onde a gente tá? - Douglas e Thomas perguntaram em uníssono ao acordarem, mas não obtiveram nenhuma resposta audível dos outros dois garotos.
- Droga! - Exclamou o Fletcher analisando a situação depois de alguns minutos de silêncio. Ele e os meninos pareciam não ter nenhuma reação aparente. Dougie mantinha sua expressão calada e surpresa, Danny chorava baixinho, Harry parecia não conseguir conter sua raiva e a cabeça do Tom se enchia cada vez mais com imagens e pensamentos. Dos quatro, ele era o único que conseguia se recordar de alguma coisa. - A ... - Bufou colocando as mãos sobre a cabeça quando reviveu a cena de uma assustada: mandando-o parar de beijá-la a força. Sem dúvidas o guitarrista sabia o quê aquilo significava.
- Não pode ter sido... - Bufou um Poynter trêmulo. Não estava sentindo suas pernas. - Nós... Nós somos uns monstros filhos da mãe! - Berrou de repente, caindo num choro descontrolado. Os outros três apenas o observavam, silenciosos. Estavam confusos e amedrontados. Não sabiam o que tinha acontecido ao certo; se , , e ainda estavam em casa, se haviam sido realmente atacadas e se transformado em vampiros ou qualquer coisa do tipo.
- Temos que encontrá-las! - Douglas falou depois que o baterista chutou o sofá repetidas vezes.
- Mas... Como? O quê vamos fazer, cara?
- Não sei, Danny... Mas temos que ir! - O menino respondeu apreensivo, se adiantando em correr até a saída do porão.
A sala de estar não estava com a aparência de ter sido invadida por quatro raivosos e famintos vampiros, mas definitivamente não estava no seu modo mais típico. Agasalhos e cobertores deixados para trás se misturavam com pedaços de vidros que anteriormente formavam grandes copos de chocolate quente. O que mais chamava atenção naquele cômodo era os pingos de sangue que agora enfeitavam sombriamente o chão marfim. A cozinha, particularmente, estava de pernas para o ar. As panelas e talheres faziam um tipo de campo minado por todo seu piso e deixaram-na com um longínquo aspecto guerrilheiro.
- Isso não é nada bom! - Comentou Thomas olhando ao redor logo quando os quatro saíram do subsolo. Passou seus olhos novamente pela casa e continuou: - Sem dúvidas aconteceu, cara. Aconteceu. - Bufou sem querer acreditar no que dizia. Sentia suas bochechas molhadas de suor. Danny, Douglas e Harold apenas observavam guardados no silêncio a bagunça que denunciava o ataque.
- Cara! - Harry exclamou de repente ao avistar sangue perto da mesa - olha isso! - Falou se adiantando em dar um forte e rápido salto para mais perto das manchas.
- Puts! - O Fletcher exclamou involuntariamente. Parecia que o medo fazia o garoto perder o domínio sobre as palavras. Ele, Dougie e Harry se entreolharam fazendo inúmeras caretas. Caretas que surgiam do péssimo significado daquele sangue espalhado pela sala e da pergunta que ficara no ar. De onde viera aquele sangue? De quem viera?
- Fui eu. - Falou Danny rapidamente. - Eu... Mordi a . - Seus olhos se encheram novamente de lágrimas. - Eu a mordi. - Repetiu para si mesmo. Sua consciência nunca o perturbara tanto.
- Tem certeza? - Perguntou Poynter se aproximando do amigo, dando-lhe um ombro de apoio. Danny com certeza estava precisando de um apoio naquele momento. Claro que o baixista tinha a plena certeza de que o Jones havia mordido a , mas não podia deixar isso tão claro. Tinha que passar algum tipo de esperança para o amigo, mesmo que ela fosse mínima ou fantasiosa.
- Por isso que você tá... Bem... Assim. - Harold falou apontando para o rosto quase completamente sujo de sangue do guitarrista.
- Isso poderia ter acontecido com qualquer um de nós, Jones. - Tom falou ao perceber que o comentário do Judd não tinha ajudado a melhorar em nada a situação.
- Ou aconteceu... - Dougie se apressou em pensar no pior. - Não quer dizer que só porque o Danny tá sujo e nós não, que nossas garotas... Ah, vocês sabem... - Continuou olhando para os pés e bufando baixinho.
- Ah, calem a boca. - Resmungou um Fletcher nervoso. - A gente tem que parar de chutar evidências e encontrar as meninas. Não vai adiantar de nada ficar aqui, cara. Fizemos a merda e agora precisamos concertar o passado. - Continuou ofegante.
- Vamos nessa! - Disseram os outros três no mesmo instante em que Tom se calou. Os quatro se dividiram para procurar - ou caçar, como Dougie mesmo dissera - , , e . Não demorou muito tempo e se reencontraram na sala de estar.
- Elas não saíram. - O Judd avisou à Dougie, Thomas e Danny. - O carro está lá fora. - Completou quando seus amigos fizeram menção de perguntá-lo como ele tinha tanta certeza daquilo. - Tenho certeza que não sairiam a pé. - Completou rapidamente.
- Nem estão por aqui por baixo. - Falou o Jones esmurrando o ar. - Droga! - Exclamou ansioso em encontrar sua namorada e as outras meninas. Tudo poderia estar perdido e ele não sabia ao mínimo onde encontrá-las.
- Calma... - Começou um misterioso Douglas. - Posso sentir o cheiro que vem lá de cima. - Disse fungando o ar.
- Então eu não sou o único. - Tom comentou quando aguçou seus sentidos.

- Então ele me jogou em cima do balcão... - contava todo episódio de terror que vivera com o Harry há pouco para as meninas. Cada uma desabafava um pouco, menos , é claro. Ainda não estava completamente consciente. - Quase me mordia, mas eu consegui jogar alho no rosto dele. - concluiu com remorso. sabia que o baterista deveria estar bastante machucado agora.
- Isso não é bom, quero dizer... Eles são vampiros. Poderia ter sido fatal. - Comentou uma balançando a cabeça negativamente. - Será que eles estão vivos? - Perguntou de repente, o coração apertado. Não queria nem imaginar aquilo.
- Ai, Deus me livre, amiga! - exclamou colocando uma de suas mãos sobre o peito. - Tudo bem que eu nunca mais quero olhar pra cara do Fletcher, mas eu ainda o quero vivo. Obrigada. - Falou fazendo as garotas rirem um pouco.

Já conversavam há algum tempo e o clima pesado parecia estar se retirando dali. Sentiam-se seguras perto uma das outras e só em saber que nada de pior acontecera, puderam relaxar e soltar uns risinhos. Mesmo que amarelos.
- Eu... Tô com frio, . - disse uma ofegante.
- Ai, amiga... - bufou sorridente. - Que bom ver que você está melhor! - Continuou fazendo um high five com .
- Vou pegar um cobertor. - Adiantou-se , abrindo o guarda-roupa e trazendo o melhor cobertor que elas tinham. Todo ano na época do inverno era uma briga para decidir quem dormiria com o tal do cobertor.
- Obrigada. - agradeceu rapidamente.
- Tá, amiga. De nada. Mas agora fica quietinha e descansa. - Falou uma com ar de mamãe. - A gente quer te ver novinha em folha em poucos dias! - Completou deitando-se na cama. Estava cansada e seus braços ainda doíam muito. Só agora marcas de unha e manchas esverdeadas apareciam por sobre sua fina pele.

As quatro descansavam em silêncio há alguns minutos. quase pegara no sono ao lado de e e continuavam sentadas na cama, pensativas. As duas apenas sentiam o vento que vinha da única janela aberta do quarto. Ele parecia querer congelar seus pensamentos e lembranças; e talvez fosse disso que as meninas estivessem precisando, mas nenhum tipo de vento poderia dissipar os altos ruídos que começaram a assustá-las novamente.
- São eles! - exclamou boquiaberta. Um arrepio percorreu todo seu corpo e a deixou sem forças. - E agora?! - Perguntou num tom de voz mais baixo.
- Meu Deus! - levantou-se num salto ao ouvir passos e parecia não ter a resposta que tanto desejava naquele momento.
- Danny, não...
- Calma, ! - tentou controlar a situação, mas ela mesma tremia dos pés a cabeça. - Vamos manter a calma!
- Manter a calma? - repetiu em um tom irônico e apavorado.
- Eles... Eles estão subindo. - sussurrou, assustada. Algumas lágrimas desciam de seu rosto, mas a garota não tinha forças para se mover.
- A gente precisa pensar em alguma coisa, gente... Qualquer coisa, sei lá! - disse caindo em desespero.
- Vamos nos trancar no banhe... - mal começara a dar uma idéia quando foi interrompida por uma forte voz que falava por detrás da porta.
- Aqui! - O Jones exclamou, sua respiração tão alta que ele parecia já estar dentro do quarto.
- Não! - As quatro gritaram em uníssono, se aproximando o máximo possível uma das outras pouco tempo antes da porta ser bruscamente escancarada. - AAAAHH! - Gritos finos e fracos ecoaram por toda a casa.

Foi tudo muito rápido. A chave que há pouco estivera perfeitamente encaixada na fechadura, voou longe por conta do impacto com que os vampiros arrombaram a porta. só precisou piscar para que, num instante, Thomas, Douglas, Harry e Danny estivessem de um lado da porta e, noutro instante, estivessem de frente para ela e suas amigas.
- SAIAM DAQUI! SAIAM! - Gritava sem parar. Ela, , e ainda não haviam aberto os olhos e encarado os meninos. Sentiam muito medo do que poderiam ver e apenas choravam baixinho esperando que eles continuassem o interrompido ataque.
- Calma, garotas! Calma! - O Harold dizia choroso. Pelo estado em que as quatro estavam, haviam vivido um verdadeiro pesadelo, uma cena de terror. E quem era para ser o herói do filme, virara o pior dos vilões.
- Somos nós! - Exclamou um Fletcher descontrolado. Como ele queria se aproximar de e lhe dar um forte abraço!
- SAI! - se unira aos berros da amiga quando levantou seu rosto e olhou diretamente para o Dougie.
O baixista dera um passo à frente, mas nenhuma das meninas parecia ter gostado daquela aproximação.
- Dougie, vai embora! - exclamou ofegante. A força que ela fazia para tentar expulsar todo o medo de si, deixara seu rosto pintado de vermelho. - VÃO EMBORA! - Desabara num choro que fez o Judd querer cair morto ali mesmo.
- Vocês precisam nos escutar... Por favor... - Pediu Danny entre soluços.
- Ninguém aqui precisa escutar nada, Jones! - Retrucou irritada. - Já escutamos coisas demais se você quer saber! - Completou lançando um olhar temeroso em direção ao Thomas, que na mesma hora correu as duas mãos pelos cabelos.
- Olha, meninas, - O Poynter começou a dizer. - Não façam isso conosco... Eu... Eu e os meninos...
- São uns idiotas! - exclamou interrompendo o garoto. - E você, Judd... - Ela continuou falha, sentindo um forte aperto no coração. - Nunca mais chegue perto de mim... Nunca mais!
- , não repita isso, por favor! - Ele desabou num choro de dar dó. - Eu quero muito falar com você, eu tenho que cuidar de você! - Completou sentindo um enorme desejo de tocá-la.
- Cuidar? - Ela perguntou num tom baixo, de negação. - Acho que não, Judd...
Os meninos ainda não haviam se atrevido a aproximar-se das garotas e elas não conseguiam nem ao menos olhar no rosto de cada um. Diante da cena, um misto clima de pena, dor e remorso invadiu o quarto e por uns instantes a única coisa que demonstrou sinal de vida naquele local, fora o barulho da cidade acordando do lado de fora da casa.


Capítulo 9

- Mande ele ir embora... - A voz de surgiu no meio do silêncio. viu que ela balbuciava algo e se aproximou para tentar entender o que a garota queria. - Mande ele ir embora...
- ... - O Jones deixou escapar quando ouviu a voz rala da namorada. - ! - Ele correu até ela já soluçando e, pegando em uma de suas mãos, passou todo o rosto molhado pelos dedos da menina enquanto chorava baixinho.
- Você não escutou, Danny? Ela quer que você vá embora!
- Não, ela não quer isso, . Nenhuma de vocês quer isso! - o Fletcher retrucou alto e grosseiramente, calando a menina.
- Como você tem a coragem de entrar no nosso quarto e dizer que queremos que você e sua turminha de morcegos fiquem aqui depois de tudo o que aconteceu? – perguntou num tom irritado, porém arrastado. Não demorou muito para que a menina estourasse de vez. - COMO?! ME RESPONDE, THOMAS! - levantou e foi até o menino, que não mexeu um músculo sequer desde que ela começou a falar. - ME RESPONDE, SEU...
Bastou um segundo para que voasse em cima do garoto, batendo em seus braços, seus ombros, enfim, tudo o que suas cerradas mãos puderam alcançar naquele momento. Thomas se defendeu segurando os dois braços da menina e os puxando para mais perto de si, fazendo com que ela, apesar de relutar bastante, acabasse desistindo de tentar golpeá-lo.
- Olhe pra mim! – Exclamou quebrando o barulho que sua respiração alta fazia. Tom ainda não havia pronunciado uma única palavra e não a fitava por muito tempo. Aquilo estava deixando a menina ainda mais irritada. – Olhe pra mim, Thomas! – Berrou tentando mover seus braços. Sem dúvidas, se ele não estivesse com domínio sobre suas mãos, levaria uma bela e inesquecível tapa no rosto.
Apesar de todos os gritos e berros da namorada, Tom, que já não tinha coragem de olhá-la diretamente nos olhos, agora tinha outro motivo para se distrair.
Logo quando levantou-se da cama e fora em sua direção, o garoto teve a leve impressão que alguém, escondido na pouca luminosidade da manhã que chegava, os observava de longe. Cerrou os olhos e lançou sua vista até o prédio vizinho. Um prédio discreto, pequeno e nada colorido.
Por um momento, o Fletcher achou que estivesse imaginando coisas, mas, sem intenção, viu uma janela estranhamente entreaberta que ficava em um dos primeiros andares. Um curioso binóculo brincava pela fresta da janela, mas logo se retirou quando percebeu que alguém também o espionava. O menino não poderia dizer com certeza quem era aquela pessoa se a visse andando pelas ruas de Londres, mas usava um grande chapéu de cowboy que lhe escondia o rosto, talvez para dificultar seu reconhecimento.
- Por quê? Porque vocês esqueceram...? - começou a chorar pausadamente ao perceber que o menino não demonstrava nenhum tipo de reação aos seus gritos. O Fletcher despertara e simplesmente a observava agora; observava todos os novos arranhões e machucados que com certeza faziam parte de sua grande obra.
- O quê foi isso? - Ele perguntou levantando um dos braços da garota, deixando a mostra um corte profundo. Ela não respondeu. Levantou o nariz e apenas em um puxão, retirou o braço das mãos do Thomas.
- Eu perguntei o que foi isso. - Repetiu enquanto segurava novamente o mesmo braço da namorada, dessa vez com mais força. Seus olhos cintilaram.
- Vai passar. - Ela respondeu secamente, olhando de lado. O guitarrista foi soltando lentamente o braço da menina, que apareceu com novas marquinhas vermelhas que tinham o formato dos dedos do Tom. Depois, segurando docemente na altura das orelhas de , puxou-a para um longo e lento abraço.
- Seu irresponsável. - Ela ia dizendo entre os soluços. - Seu imbecil, eu te odeio... Eu te odeio...
- Eu te amo. - Thomas disse por fim dando um beijinho na cabeça da menina.

- Dougie... - A única coisa que conseguiu proferir analisando o rosto e as mãos do menino foi seu nome.
Ela estava encostada na parede da cama e não ainda não tinha juntado suficiente coragem para olhar diretamente para o garoto. Harry estava de costas com as duas mãos na parede e parecia ter dificuldade até para existir. Chorava um choro amargo enquanto o observava de longe, segurando uma fora da consciência. O Jones passava as mãos pelos cabelos da garota, que suava sem parar. Jamais iria se perdoar por ter feito aquilo com a . Jamais.
- Você... Está tão ferido. - Ela continuou fraca, deixando sua calça jeans molhada pelas lágrimas que correram seu rosto a baixo.
- ... - O Poynter se aproximou e sentou ao seu lado, sem ter coragem para tocá-la. Apesar do ferimento da garota ter sido tratado e ter uma gaze por cima, era possível notar ao redor dele as machas vermelhas e outros pequenos cortes causados pela batida contra o vidro. Douglas não podia suportar aquilo. O que ele tinha feito com sua garota, afinal? Não conseguia se lembrar...
- Me desculpe. - Ela pediu caindo no choro. - Temos que achar algum remédio, rápido... - Ela completou passando levemente seus dedos sobre as queimaduras no rosto do rapaz.
- Se eu não tivesse feito o que fiz, eu não estaria assim. Você não estaria assim! - Ele disse abaixando a cabeça. Não ia conseguir fitar a garota naquele estado por muito tempo.
- Talvez se eu tivesse arrumado outra maneira... - Ela falou sem dar importância para o sentimento de culpa do menino. - Eu estava tão apavorada...
- Pare com isso, . Esqueça que estou assim, nem sinto nada. - Ele começou a dizer num tom de voz forte. - Em comparação ao que estou sentindo aqui, meu amor, eu não sinto dor nenhuma. - Completou pegando a mão esquerda da garota e deitando-a em seu peito.
- Ahhh, Dougie! - Ela chorou indo de encontro ao menino que deixou que suas lágrimas se confundissem com as dela nas bochechas de .

A mão de tocou de leve um dos ombros do Judd, que virou o rosto instantaneamente para o outro lado quando sentiu o toque da namorada. Sem dúvidas, aqueles eram os dedinhos de . Ele chorava contraindo o cenho e entrouxando a boca como se sentisse algo queimar em sua pele.
- Ainda quer conversar? - Ela perguntou tentando obter êxito em não chorar.
- Eu preciso... - Harold respondeu enfim olhando a menina - Me desculpe, . Eu não mereço seu perdão. Sei que não mereço porque caí no mesmo erro duas vezes. E nas duas não sei como você não se machucou de verdade. - Ele agora ficou de frente a frente com a namorada, passando a mão em seu rosto. - E se algo tivesse acontecido a você , eu juro que preferia morrer. Eu preferia morrer a ver você mal por minha culpa!
- E se você morresse, Harry, eu preferia ir junto - ela disse dando um selinho no namorado que durou no mínimo três segundos e foi quebrado pela voz grossa do baterista.
- Eu prometo pra você que nunca mais você vai me ver daquele jeito. Não fora de mim - ele falou com tanta certeza que sentiu uma grande parte do medo deixar seu coração. Ela consentiu com cabeça.
- Me desculpe. - Ele pediu uma última vez engolindo um seco.
- Tudo bem Harry, passou. - havia o perdoado de verdade; o amava tanto que nada nesse mundo faria com que ela desistisse do namorado. - Vamos tentar arrumar uma pomada pra essas queimaduras. - Completou dando as mãos ao menino, o guiando em direção à porta.

- ... ... - Danny tentava acordar a menina. Queria ter a certeza de que ela iria ficar bem, custe o que custar.
Estava quase sozinho com a namorada no quarto agora. Fazia tempo que ele não prestava atenção em nada a não ser na respiração da menina, que voltou ao normal com o efeito do remédio. Levantou a cabeça para procurar os outros casais, mas apenas Douglas e continuavam quase que no mesmo cômodo. Os dois estavam no banheiro, com uma das caixas de remédio em cima da bacia e cuidada dos ferimentos do Poynter. e Harry haviam saído do quarto a pouco e ele não ouvia a voz do Fletcher e da fazia mais de quinze minutos.
Jones havia sentando na cama e colocado deitada em seu colo, com a cabeça encostada em seu peito. Perdeu a conta de quantas vezes já tinha beijado-a na testa.
- Sou eu, o Jones... - Ele falava para ninguém. O rosto da garota era lívido, não demonstrava estar sentindo nenhum tipo de dor, e isso, por menor que fosse um detalhe, estava conseguindo consolar um pouco o Danny. - Eu quero ouvir sua voz, mesmo que seja para escutar você dizer que não me quer mais... - Ele completou temeroso, deixando duas lágrimas baterem na testa da namorada, que a franziu ligeiramente. - ?
- Danny. - foi abrindo os olhos lentamente, sentindo a cabeça ainda pesar um pouco.
- Que bom que você acordou. – O guitarrista falou deixando um sorrisinho escapar. - Está se sentindo bem?
- Pensei que você já tinha ido embora... - Ela disse piscando os olhos devagar.
- Você... Não quer que eu fique? - Danny perguntou por fim. Se sua garota dissesse que sim, ia embora naquele momento. Só não sabia ao certo para onde.
- Não. - ela respondeu apertando sua cabeça contra o peito do garoto. - Estava com medo de que você não estivesse mais aqui, ao meu lado...
- Vou estar sempre ao seu lado, . Pra sempre. - Ele deu um leve selinho na namorada, que sentiu como se uma parte das suas forças tivesse sido renovada.
- Eu te perdôo. - Ela disse finalmente com uma voz ligeiramente mais forte.
- Mas eu não me perdôo. - O rapaz retrucou tristemente.

- ? - acabara de sair do banheiro junto a Douglas, os olhos ainda inchados pelo choro. - ! - Ela correu para abraçar a amiga.
- Sua cabeça... - disse podendo imaginar o tamanho da ferida no rosto da amiga quando avistou-a. - Como você está?
- Como eu estou? - pode até soltar um risinho. - Quero saber como você está! Todos nós estávamos muito preocupados com você...
- Não precisa gente, é sério, já estou me sentindo bem. - Ela disse olhando para o Jones, que não conseguiu esconder a dor que ainda incomodava seu peito.
- E você tá se sentindo diferente? - Dougie se aproximou da menina, ajoelhando-se ao seu lado.
- Não, acho que não virei uma vampira. - Ela foi direta. Não estava sentindo nada de estranho, era a mesma antes e depois do ataque. O Poynter assentiu com a cabeça.
- Melhor descermos. - Ele disse por fim. - Vamos ver como os outros estão...
- Aposto cinqüenta libras que a ainda não se resolveu com o Thomas. - brincou e fez com que um riso escapasse da boca dos três amigos.
- Eu aposto cem. - finalizou risonha e os quatro se levantaram.


Capítulo 10

- Harry, dá pra você ficar quieto? Desse jeito não vou conseguir terminar seu curativo... - Sua namorada bufou preocupada.
- Pra quê tanta frescura? - Ele indagou levantando as sobrancelhas. - Não quero isso na minha cara. - Completou apontando para a pomada que segurava.
- Não é questão de querer. - Ela respondeu firme. - Agora, deix... !
- Amiga! - saudou-a ainda descendo as escadas, logo atrás.
- Meu Deus, como me preocupei com vocês - disse sorrindo levemente enquanto dava um abraço apertado nas duas. As três se afastaram um pouco da sala, onde o Dougie e o Jones haviam se juntado ao Harry. - Como vocês estão?
- Bem melhor. - respondeu entrouxando a boca. Ainda tinha um pouco de febre.
- Eu estou bem, conversei com o Poynter... Ele não se lembra do que fez. Nem quando olhou meu ferimento se recordou de algo. - comentou um pouco triste. - Contei à ele.
- O que ele disse? - perguntou passando as mãos no cabelo da amiga.
- Ele disse que não importava o que eu dissesse, ia levar a culpa disso para sempre.
- Não fica assim, , você sabe que com o tempo ele vai ver que já foi perdoado de verdade. - deu um sorriso pelo canto da boca.
- E o Harry?
- Conversei com ele também, . - respondeu. - Ele me disse coisas lindas...
- Oh, amiga... - deu um abraço de lado na menina. - Acho que todos eles disseram, não é? - perguntou se recordando das coisas fofas que o namorado tinha lhe dito e sorriu observando os garotos conversarem.
- Acho que só a não deve ter deixado o Tom se aproximar demais. - comentou risonha. - Onde é que esses dois estão mesmo?
- Ali, estão dormindo no sofá. - apontou quando avistou os dois cochilando em um dos sofás da sala. Harry, Dougie e Danny ainda não estavam totalmente bem e se torturavam contando o que tinham feito às garotas. Nem tinham reparado no casal deitado no outro sofá.
- É melhor esperarmos os dois acordarem. - disse. - Vai que eu vou lá e a acorda de mau humor?
- Você é igualzinha ao Judd, amiga. - riu depois do comentário da menina. - Até numa hora dessas você abre a boca pra falar besteiras!
- Desculpa. - Ela pediu levantando os ombros. - Agora vem, , vou pegar um remédio pra você e depois trate de descançar, ok, mocinha? - Completou carregando a amiga para a cozinha enquanto caminhava em direção à sala.

A hora do almoço tinha chegado e com ela a fome. E que fome! As meninas não haviam comido nada desde a madrugada e dos meninos, apenas o Jones não sentia um aperto na barriga.
- Já pedi comida chinesa. - avisou indo se sentar ao lado do Harold no sofá da sala. Todos estavam ali e passaram muito tempo sem ter o que dizer. Depois de uma situação daquelas, não existiam palavras de amor e muito menos de desculpa que desfizessem o recente passado.
- Se passar de meia hora, estou morta. - reclamou, deitando a cabeça no ombro do Poynter.
- Nem brinque com isso. - Ele falou sério no mesmo instante que a garota terminou de falar.
- Peraí, vocês vão ficar nessa fossa até quando? - perguntou cruzando os braços. - Tudo bem que não estamos num mar de rosas, mas também não estamos no mar morto, tá legal?
- Porque vocês têm que colocar a palavra “morte” em todas as frases que vocês dizem? - O Jones perguntou indignado.
- Quer dizer então que agora estamos proibidas de nos referirmos à retirada da vida? - retrucou num tom baixinho. Estava deitada no colo do Danny e começava a ficar com muito sono.
- Só não precisam ficar falando disso o tempo todo. - O Jones retrucou bufando.
começava a se mexer, talvez pela conversa entre os amigos. Também estava meio deitada no namorado, que cochilava no décimo sono com a boca aberta; os dentinhos do Thomas ainda estavam para fora do lábio inferior, porém nenhum sinal de raiva estava estampado em seu rosto.
- Hm... - bufou antes de abrir os olhos. - Onde eu tô?
- Na terra. – Douglas disse abrindo um sorriso. esfregou os olhos e assim que avistou que estava em cima do Fletcher, levantou num pulo só.
- Seu... - Ela começou a dizer cerrando os olhos. - Acorda, Thomas! ACORDA! - Gritou dando um susto no namorado.
- Ai, o que foi?
- Como assim "o que foi", seu inútil? - deu um grito no ouvido do garoto, que com a careta que fez, poderia se candidatar a próxima aberração do circo. - Você... Você me fez dormir aqui com você?
- Ei, peraí, , - Tom falou tentando acalmar a inacalmável . - Você dormiu aqui porque quis, nem vem me...
- Culpar você? - Ela o interrompeu cinicamente. - Não, claro que não... Eu vou te MATAR mesmo! - Ela disse dando umas tapinhas no ombro dele que a puxou totalmente de surpresa, jogando-a no sofá.
- Eu não falei? - O Danny perguntou com ar de vitória quando ouviu a quase soletrar a palavra “matar”.
- Me largue! – A menina exclamou fazendo cara de afetada. - E eu já disse pra você esconder esses dentes, Fletcher!
- Deixa dessa sua raiva, ! - Tom começou a dizer em cima dela. - Já conversamos, não foi? - A garota fez menção de ar uns belos berros, mas o garoto simplesmente calou-a com um forte beijo.
- Seu... Seu grosso! - Ela finalizou estirando a língua quando Thomas deu um sorrisinho. - E não pense que é só você me dar uns beijinhos pra eu esquecer o tamanho da sua irresponsabilidade, querido. - Completou cruzando os braços.
Aquela cena deu férias ao ar denso que flutuava sobre a sala. Não estava tudo andando a mil maravilhas, mas com a ajuda de um bom almoço chinês, os oito puderam esquecer por um instante o pesadelo que viveram.


Capítulo 11

Aquele dia chegou ao fim num piscar de olhos. As garotas colocaram as coisas nos seus devidos lugares e pela merda que fizeram os mcvampiros resolveram ir passar a noite com suas namoradas.
Eles assistiram a um filme e depois de rirem bastante, decidiram ir dormir. As meninas para um lado, os meninos para outro. , , e combinaram de dormirem no mesmo quarto aquele dia, como faziam antigamente; afinal, sem dúvidas, tinham muito o que conversar. Não podiam ficar comentando por aí os detalhes da triste confusão que viveram, pois não seria nada agradável fazê-lo com os atentos ouvidos dos meninos por perto.
- Gente, agora podemos conversar, não é? - começou o assunto, fazendo parar de contar suas piadas.
- É mesmo! - apoiou curiosa, sentada na cama assim como as outras amigas estavam. - Agora vamos falar baixo, porque pelo que eu conheço do Jones, ele vai aparecer mais cedo ou mais tarde na porta para tentar escutar nossa conversa. - Completou risonha.
- Ok, . Você está nos devendo sua história, darling. - disse.
- Ainda não ouvi você contar a sua parte do terror. - falou engraçadamente enquanto cobria quase todo o rosto com seu travesseiro. rolou os olhos e riu abertamente.
- É amiga, diz alguma coisa! - pediu ansiosa.
- Tá, calma, calma... Que coisa! – começou a dizer misteriosa. - Hrm, Hrm... Num castelo mal assombraaaaaaado...
- ! - , e gritaram na mesma hora, rindo segundos depois da donzelice da menina.
- Tava só de brinks. - Ela disse com um sorriso de orelha a orelha. - Sério, agora... Vocês sabem que ele, bem... Tentou, erm, vocês sabem... - Falou desejando que as amigas já tivessem entendido o recado.
- Eu reparei com certeza. - comentou, relembrando do momento em que avistou a blusa da amiga rasgada.
- Ele não conseguiu porque eu tive a mesma idéia que a , do sol. - Ela disse engolindo um seco e fitou os pés. - Depois que os meninos invadiram o quarto que a gente estava, eu tentei fugir de perto do Thomas depois de discutir com ele, mas é claro, ele me seguiu...

Flashback

- , me escuta! - O Fletcher tentava conversar, mas a garota não queria papo. Queria que ele fosse embora, que a deixasse em paz. O rapaz a segurou pelo braço quando ela fez menção de se direcionar para a saída, para a porta.
- Me solta! – A menina disse baixinho, ainda chorando. - Você acha que seu "Eu te amo" vai me amolecer, Thomas?
- Eu não falei aquilo com o intuito de te amolecer. - Retrucou rapidamente. - Eu falei aquilo porque é o que eu sinto.
- Se sentisse de verdade, você prestaria mais atenção nas coisas que eu digo.
- O que eu fiz foi um erro e eu não nego isso, eu disse a você na escada! Que a culpa era minha e que eu não vou me perdoar! - Ele exclamou tristemente. Sabia que tinha uma grande parcela de culpa na história. - Me desculpe por quase ter feito a maior burrada da minha vida... - O garoto completou fechando os olhos; preferiu não olhar diretamente para .
- Fletcher... - não encontrou forças para dizer outra coisa. Sabia que Tom estava se referindo ao motivo de sua blusa e seu coração estarem rasgados.
- Eu não era eu, . - Thomas se defendeu segurando os dois braços da menina, que soltou algumas lágrimas no chão da sala.
- Presta atenção, Tom. - ela voltou a chorar calmamente. - Eu amo você, muito. Se não o amasse, não estaria com você hoje. Mas o que você e os meninos fizeram... Fletcher, você sabe a historinha do diamante, né?
- Diamante?
- É... O diamante simboliza a confiança. Me responde, Tom. Quando um diamante se quebra em milhões de pedaços, é possível juntar todos eles de novo pra que ele fique idêntico ao original?
- Igual, igual não. - Ele respondeu colocando uma mão no bolso.
- A confiança é assim. É difícil pra mim, Thomas - finalizou chegando mais perto do namorado. Ela o abraçou e segundos depois pode sentir a barriga dele soluçar. Estava chorando. - Tom?
- M-mila... Me des-c-culpe-e... - Ele pediu sem ao menos respirar.
- Eu te perdôo, amor. Te perdôo sim. - disse enxugando as lágrimas do rapaz. - Se você me prometer que nunca mais isso vai acontecer. - Completou quando lhe deu um selinho.
- Prometo. Nunca, nunca, nunquinha! Eu te amo. - Completou ainda soluçando. Depois de enxugar as últimas lágrimas do rosto, ele pegou a menina no colo e colocou-a deitada no sofá. Quando o Thomas foi beijá-la, ela o negou.
- Nãnãninanão, querido. – Ela disse empurrando o garoto com uma das mãos. - Você acha que vai sair ileso da sua irresponsabilidade?
- Acho, você já me perdoou. – O guitarrista deu de ombros.
- Por isso você é assim hoje, Fletcher. Seus pais não te botaram de castigo quando você era pequeno! - Ela riu olhando pra ele. - Agora preste atenção: estou em greve. Não olhe pra mim, não fale comigo e principalmente, não me beije. - Completou vitoriosa.
- COMO É?! - O menino quase teve um surto. - , peraí, você está sendo muito má, não acha não? - Ele falou choroso.
- Pode começar a chorar. - Ela fingiu olhar as unhas.
- Ah, é? – Tom perguntou sorrindo. - Mas você não disse nada com relação a eu poder te segurar e não te soltar nunca mais.
- É claro que não, porque, obviamente, você não vai... AAAAHHH! - deu um berro quando o garoto a levantou e colocou-a em seu colo, praticamente deitada no sofá da sala. - Você não pode fazer isso!
- Já fiz!
Thomas não soltava de jeito nenhum. Depois de muito lutar para se soltar, a garota acabou caindo no sono, nos braços do namorado. Ele, assim que viu cair no sono, encostou a cabeça na almofada do sofá e seguiu o exemplo da menina.

Fim do Flashback

- Ahh, agora tá explicado o mau humor da senhorita quando você acordou. - disse dando uma tapinha na própria cabeça.
- É claro, quem ele pensa que é? - perguntou com ar de superior empinando o nariz.
- Você e o Thomas se merecem, sabia? - disse risonha enquanto apertava fortemente as bochechas da menina, que depois movimentou todo o rosto para poder senti-lo novamente.
- E o Jones, hein, amiga? - perguntou à .
- Ah, meninas, ele é coisa mais linda desse mundo! - Ela exclamou com lágrimas nos olhos. – É sério... Se ele não estivesse comigo ali, não sei se ia agüentar, sabe? Por que...
- EEECA!
- AAAAHH!
- EEECA, MEUS PÉS!
- AIIII!
- MEU DEUS! - levou uma mão à boca e a outra ao coração olhando fixamente para a porta do quarto; os gritos estavam muito próximos dali.
- O que foi isso?! - perguntou logo depois fazendo cara de pânico.
- Calma aí, meninas. - segurou pela mão de e quando elas fizeram menção de caminhar até a entrada do quarto. - São eles! - ela completou maliciosa.
- , aconteceu alguma coisa que a gente ainda não saiba? - perguntou com as sobrancelhas contraídas.
- Uhum. - A garota confirmou com a cabeça, pegando ao lado da cama um pote de gel vazio.
- Você não colocou esse gel na entrada do nosso quarto pra que os meninos tomassem uma lição caso tentassem escutar nossa conversa, não é?
- Bingo, ! - exclamou e as outras três caíram na gargalhada.
- E a porta, você...
- Tarde demais, . - Um Thomas engraçado apareceu na porta ao lado dos três amigos, que sorriam maliciosos.
- Não entrem aqui, os pés de vocês estão todos melados! - exclamou fazendo cara de nojo enquanto fitava a nova cor dos pés do namorado e dos amigos: azul, por causa do gel. O Harold, olhando para , levantou as duas mãos totalmente meladas, abrindo os dedos e fazendo cara de monstro. Isso, que nem no clipe dos Backstreet Boys.
- Nem vem Judd! – exclamou segundos antes do garoto melar suas bochechas de um azul piscina, assim como o Douglas fazia com sua namorada.
- SE PREPAREM! - O Jones berrou, voando em cima da , quase a matando de tanta cócegas. - E ainda consegui ouvir você dizer que sou "a coisa mais linda desse mundo"! - Ele comentou com cara de super-herói, roubando um beijo da namorada.
- Ainda bem, achei que ia ter que repetir! - Ela disse após quebrar o beijo.
- E você, espertinha, acha que vai sair ilesa dessa? - Tom perguntou prendendo a menina em seus braços.
- Tô de castigo? - perguntou fazendo biquinho.
- Sim e o castigo é: me beijar a noite toda! - Ele mal terminou a frase, a garota já tinha pulado em seus braços, fazendo e Harry rirem da idiota cena. e começaram uma guerra de travesseiros com os namorados, que logo se alastrou, trazendo Thomas, , e o Danny para brincarem também.

Foi daí que surgiu uma brilhante idéia: a república das meninas era grande, até quartos vazios possuía. Porque não chamar Danny, Harry, Thomas e Dougie para morarem por lá? Com certeza ia ser uma aventura e tanto.

(Continua...)

Agradecimentos: Agradecemos ao McFly, a quem nos ajudou a postar essa fiction e as pessoas que a leram. Obrigada a todos :)



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