Capítulo 1

Fama. Isso eu posso dizer que conheço muito bem, até porque não é qualquer mulher de 24 anos recém completos que pode dizer que é a top model, a modelo mais bem paga e requisitada da atualidade! Meu nome é . A menina que sem muitas explicações se tornou a estrela do mundo da moda em menos de um ano.
Ser modelo nunca fora a minha verdadeira ambição, começou quando eu estava na faculdade no Brasil há dois anos , uma amiga minha me convidou para fazer umas fotos para uma empresa de cosméticos que a agência de modelos do pai dela estava trabalhando. Eles gostaram de mim e foram me dando outros trabalhos pelo Brasil mesmo, até que um ano depois eu recebi uma proposta de fazer uma campanha pra Victoria’s Secrets nos Estados Unidos, deslanchando assim a minha carreira internacional. Agora que faz um ano e alguns meses que eu me transformei na top model — mais fotográfica do que de passarela — e depois de ter passado por várias cidades a trabalho parei na Inglaterra onde eu estou indo ao meu último trabalho antes da pausa pra terminar os seis meses restantes da minha faculdade. Pra mim vai ser o melhor trabalho da minha vida. É uma campanha de lingerie de uma loja famosa com nada mais nada menos do que , o meu sonho de consumo. E como foi difícil conseguir isso...

~*~*~* Flashback on ~*~*~*

, como você vai parar daqui a alguns meses, eu quero que seu último trabalho seja com a gente! — Jim, o dono da marca de lingerie, falou.
— Oh Jim, vai ser uma honra pra mim ter meu último trabalho antes do break com vocês — sorri.
— Então negócio fechado? — ele me perguntou.
— Negócio fechado — concordei.
Geralmente era a Jane, minha empresária, que fechava os contratos, mas o Jim se tornou meu grande amigo, era como meu pai, na verdade ele tinha idade pra ser meu pai e me tratava como se eu fosse a sua filha, então eu fiz questão de ir sozinha àquele contrato.
, a campanha vai precisar de um companheiro pra você, um homem, e como é a sua última campanha antes do break, eu vou deixar você escolher quem vai ser! E pode ser qualquer um! Até fora do ramo — Jim propôs.
— Qualquer cara? — perguntei já sabendo mais ou menos em quem pensar.
— Qualquer um — Jim confirmou.
— Então eu quero que seja o — falei com um grande sorriso aparecendo no rosto.
? O do McFly? — ele perguntou um pouco assustado e eu apenas confirmei com a cabeça sem tirar nem um centímetro do meu sorriso do rosto. — Olha , eu não sei se isso vai ser fácil, pelo que eu saiba ele não é do tipo que aceita esse tipo de proposta.
— Eu sei! — falei com o sorriso ainda intacto. — E é por isso que você vai fazer de tudo pra que ele aceite — pisquei — pode até descontar do meu cachê pra aumentar o dele, pode até dar todo o meu cachê pra ele se isso for necessário, não me importo com isso, mas eu quero ele! — falei cada vez mais convicta de que era isso que eu queria, ainda bem que Jane não estava. — Só não quero que ele saiba que eu faço tanta questão dele.
Jim ainda parecia assustado e depois de alguns poucos minutos pensando ele disse um “Você é quem sabe...” e me deu o contrato já contendo essa cláusula fazendo com que uma alegríssima saísse do seu escritório e que nem se importou com a bronca que a empresária deu quando leu aquele papel. Depois de alguns dias de apreensão, recebi o telefonema de Jim que parecia satisfeito, mas um pouco aborrecido.
— Foi um trabalho bem difícil convencer esse — ele falou irritado. — Ele só aceitou quando EU tive que tentar convencê-lo! Isso lhe custou algumas centenas de milhares do seu cachê — ele terminou um pouco mais bem-humorado.
— Não me importo! — e um imenso sorriso apareceu no meu rosto. — Muito obrigada Jim! Você é um amor! Imagino quão difícil deve ter sido pra você convencê-lo, obrigada mais uma vez!
— Que é isso ! Eu é que agradeço por você aceitar fazer essa campanha com a gente!
— É óbvio que eu não ia recusar a sua proposta! Agora eu tenho que desligar porque vou fazer umas fotos. Quando vai ser o ensaio?
— Daqui a duas semanas aqui em Londres mesmo — ele me respondeu.
— Ok, então daqui uns 10 ou 12 dias eu estou em Londres, ok? — Jim confirmou — Então 'tá, beijos Jim. Tchau — nos despedimos.

~*~*~* Flashback off ~*~*~*

Capítulo 2

Aqui estou eu no camarim do estúdio pateticamente nervosa, parece que é meu primeiro ensaio fotográfico ou até meu primeiro encontro, minhas mãos insistem em tremer e suar, além de eu ter uma crise de riso por qualquer coisinha que me falam, acho que todos pensam que eu estou bêbeda... Jane já me chamou a atenção três vezes, fora as duas do maquiador e a outra do cabeleireiro, mas eu tenho razão pra estar nervosa! Eu vou fazer umas fotos de lingerie com o ! O ! O da minha banda favorita! Eu sempre fui fã deles e o meu favorito sempre foi o . Eu sempre sonhei em casar com ele, mesmo quando eu estava namorando, e um dos motivos dos meus términos de namoros foi ele, então eu tenho de estar nervosa, já que eu vou encontrar o cara dos meus sonhos.
Desde que eu cheguei eu não vi , tive de ir direto ao camarim, e como eu estou sozinha, digo, sem ele aqui, suponho que ele também tenha o próprio camarim. Minha maquiagem tinha sido feita três vezes e meu cabelo duas, “Solto é melhor! Mais sexy!”, meu cabeleireiro falou e eu ri. Meu cabelo estava com leves ondas, bem simples, mas realmente muito sexy. Minha maquiagem ajudava muito, era bem carregada nos olhos, deixando-os sedutores e na boca um batom vermelho forte e por incrível que pareça não ficou pesado e nem pareceu que eu era uma atriz pornô.
— Vem ! Vem vestir a sua lingerie — Jane me chamou, pois eu ainda estava com a minha lingerie por baixo do roupão.
Acompanhei Jane até uma parte mais reservada, atrás de uma parede onde ela me passou as duas únicas peças de roupas que iam me cobrir. Vesti. Aquela era a lingerie mais sexy que eu havia vestido em toda a minha vida! Ela era branca e tinha babadinhos dourados na calcinha e no sutiã. A calcinha era minúscula. Eu estava me sentindo nua. Fato.
Cheguei no estúdio e ele era composto por uma tela verde nas três paredes existentes do cenário com um grande guardarroupa, um tapete de zebra no chão e uma mesa de cabeceira com um vaso em cima que estava ao lado de uma enorme cama de casal com lençóis e travesseiros brancos e macios. Cumprimentei todos no estúdio e fui me sentar na cama mais nervosa que nunca porque o não estava lá.
“Será que ele não vem?” pensei desesperada.
Perdi-me em meus pensamentos por mais ou menos dez minutos e nem percebi o momento em que um de cueca apertada preta e bastante sem jeito ficou parado na minha frente, olhando-me, quase me pedindo segurança pelo olhar, mal ele sabia que eu estava mais insegura que ele.
— Oi — ele me tirou do meu transe me fazendo levantar o olhar por todo o corpo dele, dos pés à cabeça.
— Oi — levantei-me pra dar dois beijinhos no rosto dele.
— Bom, já que vocês já se conhecem é melhor começar o ensaio — o fotógrafo falou e nós nos posicionamos na frente da cama. — Olha, essa é uma campanha de lingerie, então tem que ser sexy, provocante, erótico, em cima da linha do limite do pornográfico! — ele falou entusiasmado.
— O quê? — perguntou um pouco vermelho, mas nada comparado com a minha vermelhidão.
— É meu amigo! That’s showbiz! — o fotógrafo falou secamente e se dirigiu ao seu posto. — Agora , agarre-a.
— Hã? — ele ficou mais vermelho e eu também, sentia meu rosto queimar e parecia que a sala era um forno de tão envergonhada que eu estava.
— Qual é? Isso aqui é profissional! Admiro-me de ti, ! Pensei que você fosse profissional. — Ele falou abaixando a cabeça pra limpar a lente da máquina.
Agora ele tinha me provocado! Ninguém diz que eu não sou profissional! Eu levo meu trabalho muito a sério, e faço isso muito bem!
Olhei para o fotógrafo com um olhar mortal, meus olhos soltavam faíscas de raiva pra ele. Empurrei para cama e subi nele botando cada uma das minhas pernas em cada lado da cintura dele e comecei a beijar seu pescoço sensualmente enquanto ele passava as mãos por toda extensão do meu corpo, desde meu pescoço para a minha cintura, quadril até apertar a parte externa da minha coxa, ao fundo ouvia os muxoxos de aprovação do fotógrafo misturados com os flashes histéricos da câmera e os gemidos baixos de prazer de . Ele me levantou fazendo com que ficássemos de joelhos na cama e eu rocei meu nariz por toda extensão de uma orelha a outra parando um pouco mais na região do nariz e boca dele. Eu estava completamente entorpecida de prazer por aquela situação, eu nem lembrava mais que não estávamos a sós. Foi a minha vez de gemer quando ele começou a beijar meu pescoço e colo. Aos poucos fomos nos levantando da cama, acho que foi porque ouvimos algum comando do tipo, ficamos em pé ao lado da cama e ele colou o meu corpo no dele me puxando pelo quadril e finalmente me beijou como se fosse a única coisa que ele queria no mundo. Eu tinha chegado no limite dele.
— Parou! — o fotógrafo afetado gritou. — Vocês já estão íntimos demais! Dez minutos de intervalo! , meu querido, abaixa a arma, porque não fica bem na foto — ele falou e foi embora.
Dei uma olhada discreta e vi que a “arma” era a excitação de . Fiquei vermelha junto com ele, até porque a culpa era minha se ele estava dando sinais de vida, não digo o inteiro, e sim uma parte em especial que seria covardia e injustiça minha se eu botasse no diminutivo. Sussurrei um desculpa pra ele que deu os ombros pra dizer que não tinha problema e logo em seguida vieram os assistentes com nossos roupões e seguimos cada um para o seu camarim.
Assim que fechei a porta atrás de mim, um sorriso bobo se instalou em meu rosto e parecia se recusar a sair mesmo sendo puxada, maquiada, retocada, enfim, estavam fazendo tudo o que era necessário e eu não estava dando a mínima atenção pra tudo aquilo, pra mim só estava eu, meus pensamentos voltados pro acontecido a pouco e meu sorriso idiota. Quando dei por mim já estava no corredor a caminho do estúdio com ao meu lado.
Passamos por mais muitas horas fazendo as fotos do ensaio, só que com menos intensidade do que da primeira vez porque eu não queria que o ficasse mais constrangido, mas mesmo assim ainda foi preciso alguns intervalos pra acalmá-lo.
— Chega! Acho que já conseguimos o que eu queria! Apesar de achar que eu só vá utilizar as fotos do primeiro ensaio — o fotógrafo falou e logo foi embora deixando seus assistentes para arrumar suas coisas.
— Então porque fez a gente tirar tudo isso de foto, seu idiota? — resmunguei para mim mesma.
— Foi tão ruim assim? — quase ao pé do meu ouvido atrás de mim. Todos os meus pelos se arrepiaram.
— Com você não, mas com aquele cara... Terrível! — falei me virando pra ele me assustando um pouco com a falta de espaço entre nós.
— É verdade! — riu. — Seria terrível se você jantasse comigo hoje? — ele perguntou mordendo o lábio inferior nervoso.
Eu me derreti todinha. , o homem dos meus sonhos, estava me chamando pra sair com ele? Eu só podia estar sonhando.
— É claro que não seria terrível — sorrimos.
— Podemos sair daqui e ir direto ao restaurante, já são sete e meia mesmo e eu estou com fome — ele riu envergonhado me fazendo derreter mais ainda.
— Claro que podemos! Só temos que nos trocar primeiro — sorri.
— Ah sim, lógico! — ele ficou sem graça. — Então nos trocamos e saímos. Você está de carro?
— Estou com motorista — respondi. — Por quê?
— É que eu estava pensando de nós irmos, sei lá, nós dois no meu carro — ele falou olhando para o chão.
— Ok, eu peço pra Jane voltar só com o Peter — ele assentiu. — Juro que não demoro — ri.
— Não precisa se apressar, faça o que tiver de fazer. Vou falar com o Fletch no camarim e volto pra cá. Até logo!
Ele me deu um beijo no rosto — e não foi um beijo de bochecha com bochecha, foi boca com bochecha! E que boca macia que ele tem! — e foi para o camarim dele. Quase que automaticamente eu levei a minha mão à minha bochecha a fim de sentir melhor aquele beijo e não deixá-lo fugir.
Eu fiquei por mais alguns segundos parada com a mão na bochecha, olhando abobalhada para o corredor e com um sorriso bobo que resolveu aparecer em meu rosto de novo, logo percebi que tinha que correr pra não me atrasar. E foi isso que eu fiz. Literalmente.

Capítulo 3

Em quinze minutos eu estava pronta. Estava com o cabelo do ensaio e a maquiagem também, tirando que eu tinha tocado o batom vermelhão por um gloss incolor, usava um vestido azul escuro que prendia logo abaixo do decote em V e soltava até um tanto acima do meio da coxa, a cor da roupa realçava a cor dos meus olhos e cabelo. Usava também, uma sapatilha dourada que combinava bem com o vestido.
Fui esperar no estúdio — é por onde todos temos que passar pra sair — quando cheguei lá encontrei-o sentado na cama olhando para o teto vendo o tempo passar enquanto me esperava, assim que ele percebeu a minha presença se levantou e veio ao meu encontro me possibilitando de ver o que estava vestindo — era a primeira vez que eu o via tão vestido e tão de perto, não me entendam mal, mas eu só o vi pessoalmente pela primeira vez há algumas horas atrás e ele usava só uma cueca, — era uma blusa vinho que contrastava demais com a pele branquinha dele, a calça jeans era de uma cintura muito baixa que deixava a vista a sua boxer xadrez, nos pés ele calçava um tênis branquíssimo, mesmo com a pouca iluminação do estúdio, incomodava os olhos ficar olhando pra eles por muito tempo.
— Demorei muito? — perguntei enquanto lhe dava dois beijinhos.
— Não, não, acabei de chegar — informou — vamos?
— Aonde vamos? — perguntei já caminhando ao seu lado.
— Estava pensando em te levar em um restaurante bem informal ao qual eu costumo ir, bem do tipo que a gente podia ir antes de sermos famosos, pode ser? — ele propôs.
— Ótimo! Preciso de lugares como esse pra lembrar como era a minha vida antes de fotógrafos afetados com suas perfeições irritantes — rimos.
— Ali está meu carro — ele apontou para uma BMW prateada no estacionamento.
— Uau! Que linda! — não pude me conter.
— Também acho... — ele ficou admirando seu carro. — Sabe, ela se parece com você!
— Quem? — perguntei parando de olhar o carro.
— Meu carro, Linda, é o nome dela — ri da declaração. — Eu costumo dar nomes para as coisas que gosto.
— Mas por que a Linda se parece comigo? — perguntei realmente curiosa.
— Por favor, não me entenda mal, é que nós, homens, amamos carros assim como amamos mulheres, então encare a comparação como boa — ele me pediu abrindo a porta do carona para que eu pudesse entrar.
— É que vocês duas são lindas, radiantes, glamourosas, inteligentes mas ao mesmo tempo são simples — ele falou observando as próprias mãos no volante.
Eu ri, ainda estava achando meio inesperada e ímpar essa cantada. Juro que me controlei para não gargalhar.
— Nunca fizeram esse tipo de comparação pra mim — falei séria e ele virou o rosto pra mim com uma expressão de medo e apreensão. — Mas eu gostei — sorri e ele também, só que mais aliviado do que outra coisa. — Obrigada!
— De nada — ele falou assim que tirei meus lábios da bochecha dele.
Seguimos para o tal restaurante por mais ou menos 45 minutos conversando sobre tudo, principalmente sobre o ensaio. Apesar de não demonstrar, eu estava um pouco envergonhada, pois, por meu vestido ser solto e curto ele subia a qualquer movimento que eu fizesse ficando um palmo fechado de comprimento a partir do começo da minha coxa e , como era homem, um pouco discretamente, olhava para minhas pernas enquanto eu fingia não perceber.
— Então — tirei a atenção dele de minhas coxa pela centésima quarta vez — ainda está longe o restaurante? — brinquei.
— Não, está bem perto, daqui a poucas quadras nós estamos lá — ele me respondeu.
E ele estava certo, não demorou muito e estava estacionando o carro do outro lado do restaurante. Ele abriu a pronta para que eu saísse do carro e me conduziu até dentro do estabelecimento. Pelo jeito que ele cumprimentava todos, ele devia ser cliente assíduo de lá. O restaurante parecia mais uma lanchonete com sofás alcochoados vermelhos em forma de meia lua no lugar de cadeiras, as mesas eram redondas, as paredes eram amarelas e ao fundo tocava baixo alguma música agitada que não pude identificar. escolheu a mesa no meio e se sentou na minha frente e sem querer me senti um pouco decepcionada pela escolha dos lugares.
— Desculpa ter trazido uma top model aqui, sei que você deve estar acostumada a lugares chiques e rebuscados, mas é que eu achei que você podia gostar — ele se desculpou.
— Você tem muito que aprender sobre mim ! — brinquei.
— Ew, não me chama de — ele fez uma careta e eu ri. — Só minha mãe me chama assim! E só quando eu apronto de verdade! — rimos.
— Tudo bem, mas você ainda tem muito que aprender sobre mim — falei fazendo uma cara engraçada. — Primeiro: eu adorei esse lugar, aqui eu posso ser eu mesma, falar sobre o que eu quiser da forma que eu quiser, sinto-me em casa aqui. Segundo: quando estou no Brasil, na minha cidade, eu sempre vou à vendinha perto de casa pra comprar monteiro Lopes — ri, sozinha.
— Monteiro Lopes? — perguntou com um sotaque carregado coçando a cabeça.
— É um doce do Brasil que de um lado tem chocolate e do outro não, muito bom, só não tão bom quanto o brigadeiro e o casadinho, mas mesmo assim muito gostoso. Eu sei fazer! Minha amiga me ensinou — falei sorrindo orgulhosa de mim mesma.
— Então você vai fazer pra mim esse tal de monteiro Lopes, brigadeiro e casadinho, viu? Fiquei com vontade de saber se é tão gostoso como você fala — piscou.
— Ok — ri — mas vai ter que ser em um desses dois dias que eu ainda estou aqui porque senão vai ser só daqui a, pelo menos, três meses — falei puxando o cardápio para mim.
— Você só vai ficar mais dois dias? Por que só daqui a três meses? — perguntou erm... Triste? É isso?
— É porque daqui a cinco dias começam as aulas da faculdade e eu preciso terminar a minha.
— Faculdade? O que você faz? — ele pareceu intrigado.
— Medicina — respondi simplesmente e voltei a dar atenção ao cardápio. Na verdade, eu não queria ver a sua reação, eu já sabia como ia ser mesmo, todo mundo tinha a mesma reação.
— Medicina? Você vai ser médica? Não disse? Perplexidade, sempre.
— É, não dá pra ser modelo a vida inteira! Preciso de outra coisa que possa me sustentar — voltei a olhar o cardápio — A gente vai pedir alguma coisa antes do prato principal? — mudei completamente de assunto.
— Hã? É, pode ser... — ele ficou confuso com a minha mudança de assunto, mas voltou a perguntar ainda surpreso — Médica?
— É, eu gosto da profissão. É impressionante como todo mundo tem a mesma reação! — ri.
— Que reação? — finalmente ele tirou a surpresa de seu rosto.
— De espanto e surpresa quando eu falo que faço medicina — eu ri e ele continuou calado. — Eu sei que todo mundo pensa que as modelos são fúteis e vazias.
— Eu nunca pensei isso de você! — ele apressou-se em dizer.
— Não, tudo bem. A maioria das modelos são assim mesmo e isso eu posso dizer com certeza, mas ainda tem umas que se safam desse nobre título — ironizei e nós rimos.
— Mas eu sempre imaginei que você não era assim — ele falou olhando em meus olhos.
— Obrigada! — falei retribuindo o olhar.
— Greg! — ele chamou o garçom — Fala cara! E aí?
— Tudo em paz — Greg parecia ser uma mistura de hippie com skatista (estranho, eu sei) e sempre estar com sono por causa de seus olhos baixos, seus cabelos eram ondulados, cheios e até o meio do pescoço — O que vai ser hoje? O de sempre?
— Não, hoje não! Hoje é a moça aqui quem manda — ele apontou pra mim e eu sorri um pouco envergonhada.
— Cara, tu te destes bem hoje, brô! Ela é "mó" gata! Qual é o papo dela? — ele perguntou para como se eu nem estivesse lá, mas mesmo assim não pude deixar de rir.
— Hey dude! Essa é a , a top model! — falou como se fosse um crime não saber quem eu era.
— Ah sim! É verdade! Eu achei parecida, mas ela é mais gostosa ao vivo, sabe? Não é tão magra e seca como essas outras modelos aí! Aproveita — nós dois sorrimos sem-graças.
— Greg traz lá uma porção de batata frita — falou para mudar de assunto — pode ser batata frita né, ? — ele perguntou um pouco preocupado.
— Pode sim, estou com saudade de batata frita — falei sorrindo que nem uma criancinha.
— Ótimo, traz também uma cerveja pra mim — Greg anotava tudo. — E você ?
— Um suco de laranja — falei para Greg.
— Tudo anotado! Já, já eu volto com os pedidos — Greg saiu enquanto agradecíamos.
— Desculpa pelo Greg! Ele é meio sem-noção — se desculpou.
— Que é isso ! Eu gostei dele, ele é bem legal! A loucura dele me lembra as minhas amigas — rimos.
— Elas são loucas assim?
— Acho que até mais! — rimos. — Sério! Eu amo aquelas malucas! Saudade delas... — suspirei — mas sei que os seus amigos não são tão normais também — ele riu.
— É verdade! Eles são bem loucos mesmo! Também adoro eles! — ele riu, talvez lembrando de alguma coisa. — Mas você é nova, não é?
— É... pode se dizer que sim. Para a sociedade nova, para o mundo das modelos eu já estou ficando um pouco velha — ri sem humor.
— Desculpa eu perguntar, mas, quantos anos você tem?
— 24 aninhos — falei imitando uma criança de cinco fazendo-o rir.
— 24 anos? Não sabia que você tinha quase a mesma idade que eu — ele falou surpreso.
— Por quê? Eu pareço ter mais do que isso? — perguntei assustada.
— Não é isso, calma! É que eu tenho 25 e você que é um ano mais nova que eu e parece que é mais nova do que você é — ele falou um pouco amargurado.
— Own, não fica assim, é bom pra mim, pra minha carreira, mas às vezes é ruim nas boates — brinquei e ele riu.
Naquele momento chegaram as batatas e ficamos conversando, comendo e conversando, até que pedimos o prato principal, um cheeseburger pra ele e uma macarronada à bolonhesa pra mim. Que se dane a dieta, eu vou parar daqui a alguns dias mesmo. Continuamos falando sobre coisas banais do nosso dia-a-dia, eram quase os mesmo problemas: paparazzi, falta de privacidade, fãs fanáticas demais a ponto de querer que a gente mande a nossa orelha para ela (era o meu caso).
— Não acredito — tentava falar enquanto morria de rir. — Ela quis a tua orelha?
— Embrulhada em um papel celofane rosa, por cima um saco de bolinhas — bubble wrap — dentro de uma caixa branca com estampa de bolinhas coloridas pra não machucar a minha orelha. Ela me deu todas as instruções na carta — falei fingindo ser a coisa mais normal do mundo enquanto se acabava de rir.
— Ainda bem que nunca tivemos uma fã assim! Elas são maravilhosas — continuou rindo.
— Sorte a de vocês — falei rindo, mais dele do que de mim. — Eu quero sobremesa — fiz cara de criança fazendo-o rir mais ainda. — E de chocolate! — fiz um grande círculo no ar com meus braços fazendo ficar vermelho e sem ar de tanto rir.
— Não sabia que modelos comiam tanto! — ele finalmente conseguiu falar.
— E não comem! A Jane vai me matar! Mas eu vou dar um break mesmo... — dei os ombros.
— Não vai prejudicar a tua carreira de médica esses boatos sobre ti? Sei lá, tipo o que a imprensa fala sobre esses teus vestidos curtos?— perguntou me fazendo ficar vermelha.
— Quer dizer que o senhor fica lendo as fofocas é? E ainda mais sobre mim? — mudei o curso da conversa tentando deixá-lo vermelho. Consegui.
— Fofocas não, mas você sim! — ele revidou olhando em meus olhos me fazendo ficar mais vermelha. Idiota. — Você não vai me responder?
— Eu só pretendo ser médica quando ser modelo não der mais certo — respondi rápida e séria.
— Quer dizer que eu ainda vou poder ver você no “nosso” mundo? — quer dizer que já vale paquerar discaradamente? Então tá! Lá vou eu!
— E quem disse que é preciso eu estar no “nosso” mundo pra você me ver?
Ficamos em silêncio nos olhando com sorrisos nos rostos. chamou Greg para pedir a sobremesa.
— Bem, eu já não estou com tanta fome assim... — falei quando ele me perguntou o que eu iria querer.
— Podemos dividir uma torta de chocolate, então? — concordei com a cabeça. — Então Greg, uma torta de chocolate e dois garfos! — ele pediu.
— Pode deixar! Trago rapidinho! — ele saiu ainda andando devagar.
— Nessa velocidade ele só chega amanhã! — brincou e nós rimos.
— Coitado — lamentei ainda rindo.
Em três minutos Greg voltou com nossa torta tirando nossos sorrisos por rostos assustados.
— Eu falei, bro'! — ele deu dois tapinhas no rosto de . — Gata... — ele botou a torta na minha frente.
— Obrigada Greg — sorri e ele saiu todo abobalhado.
— Alguém gostou de você também... — falou e me assustou por estar bem ao meu lado.
— Também é? — ri mordendo meu lábio inferior.
— É, também! Eu conheço um cara que gostou bastante de você — ele tirou um pedaço da torta e comeu.
— É mesmo? Como ele é? — comi um pedaço da torta imitando .
— Ah, ele é bem legal, bonito, alto , sensual, de olhos hipnotizantes — ele falou me acompanhando no riso.
— Ui! Que sexy! — falei enquanto quase travávamos uma batalha pelos pedaços de torta — Quero conhecer esse cara maravilhoso! Será que ele demora? — estiquei meu pescoço fingindo procurar alguém e aproveitou pra comer o último pedaço.
— Acho que não...
Ele nem deu tempo para eu pensar em nada, em menos de um segundo depois de ter falado a boca dele estava grudada na minha e eu ainda estava de olhos abertos com o susto, mas logo mudei minha expressão aprofundando o beijo. Esse tinha sido o nosso primeiro beijo de verdade. Foi bom. Foi muito bom. Foi intenso. Foi hot. Foi sexy. Terminamos o beijo com vários selinhos e sorrindo um para o outro.
Meu celular começou a vibrar e vi pelo visor que era Jane. Atendi e ela pediu (lê-se: exigiu) que eu fosse para o hotel. Que merda! Ainda nem eram dez e meia! Eu não queria ir.
— Acho melhor a gente pedir a conta — pedi sem graça.
— Era sua empresária? — concordei com a cabeça. — Você já tem de ir? — concordei mais uma vez. — Greg, traz a conta por favor.
Continuamos nos olhando e trocando carícias. Eu fazia carinho em sua mão e ele em minha bochecha.
— Aqui está, — Greg botou a conta na mesa e pegou e se afastou de mim em um segundo.
! Deixe-me dividir contigo!
Arrastei-me para o lado dele tentando pegar a conta da mão dele mas ele ia se virando de costas pra mim. Eu estava praticamente montada em cima dele.
— Eu não vou te mostrar! Eu vou te fazer cócegas — ele ameaçou.
Sem nem ao menos deixar eu processar a ideia ele se virou e me jogou meio deitada no sofá e começou a fazer cosquinha em mim. Todos olhavam para nós enquanto eu tentava não gritar de tanto rir justamente pra não chamar atenção. não sabia se continuava a me fazer rir ou se ria de mim. Ainda bem que tinham poucas pessoas no restaurante.
— Para! eu vou morrer! — eu tentava falar por entre meus risos.
finalmente parou se jogando em cima de mim enquanto nós dois gargalhávamos. Todos que olhavam para nós pararam e voltaram a fazer o que estavam fazendo antes de serem interrompidos pelos dois malucos.
— Agora você vai ficar quietinha e me deixar pagar? — ele perguntou ainda em cima de mim.
— Eu juro!
Fiz um xis com meus dedos indicadores e beijei os dois, um de cada vez, riu de mim e sentou ao meu lado pegando a carteira para tirar a quantidade de libras pra pagar o jantar. Assim que terminou chamou Greg e depois nos despedimos dele. Fomos andando até o carro de mãos dadas.
No carro o clima foi bem agradável, a gente nem percebeu que o tempo passava junto com a distância. É, mas eles passaram.
— Obrigada , foi uma noite maravilhosa! — sorri.
— Foi sim — ele sorriu também. — Posso te ligar amanhã?
— Pode sim — meu sorriso aumentou com a possibilidade de ouvir a voz de de novo — Boa noite !
— Boa noite !
Ele foi se aproximando de mim até a distância de nossas bocas terminarem em um beijo bom de despedida.
— Boa noite! — repeti e fui saindo do carro mas ele me puxou de novo e eu continuei sentada no banco.
— Era só para agradecer a noite — ele falou após hesitar por alguns segundos. — Obrigado.
— De nada — sorri.
— Vou sonhar com você — sorri mais ainda e um último beijo foi dado antes que eu fosse para meu apartamento.
Subi para o meu loft no hotel com o sorriso mais bobo que eu tinha, cumprimentei todos no meu caminho provocando reações diversas, uns achavam ótimo, outros estranhavam ou ficavam surpresos ou ainda atônitos, mas a grande maioria me respondia. Cheguei ao loft e Jane já estava me esperando impaciente sentada na cama com uma cara de poucos amigos. Olhei pra ela um pouco assustada, mas as lembranças do dia fizeram que o sorriso voltasse ao meu rosto deixando Jane mais do que desconfiada.
— Fala logo o que aconteceu porque eu não estou afim de adivinhar! — Jane falou e eu ri mais ainda.
— Ok! — pisquei pra ela
Sentamos na cama e eu contei tudo pra ela. Desde a hora em que ela perdeu no ensaio, de quando ele me chamou pra sair, o jantar e a hora que ele me deixou na frente do hotel.
— Ai meu Deus! Não acredito que ele falou isso pra ti! — Jane falou espantada.
— É, eu sei! Eu não consigo pensar em outra coisa não ser isso! — falei mais do que entusiasmada.
— Que cantada mais da minha avó! — Jane me avacalhou e eu abaixei a cabeça envergonhada.
— Eu gostei do que ele me falou! — falei baixo.
— Claro! Você é apaixonada por ele! — Jane fez pouco caso.
— Não sou apaixonada! Eu só acho ele muito gato e gostei dos beijos dele e do que ele me falou, mas eu ficar nervosa e querer vê-lo de novo não quer dizer que eu esteja apaixonada por ele! — fiz uma cara inocente.
Jane apenas balançou a cabeça e me mandou dormir por causa do meu "sono de beleza". Rolei os olhos mas fiz o que ela me pediu, afinal só tinha mais dois dias como modelo mesmo...
Fiz minha limpeza de pele e tomei um banho rápido sem molhar o cabelo e fui para cama para dormir. Sonhar. Sonhar com .

Capítulo 4

Passei a noite perfeitamente bem, um sonho que, apesar de não lembrar o que sonhei, bom, sei disso porque acordei sorrindo. Nem tanto. Jane me acordou de um modo bem pelicular. Gritando e jogando um tablóide inglês.
— Olha isso! — foi a única coisa que Jane falou antes de se sentar na poltrona na frente da minha cama para me olhar lendo o jornal que estava aos meus pés com uma cara de poucos amigos.
Fui folheando o tablóide sem olhar a primeira capa. Ainda não conseguia entender a raiva de Jane, não até chegar na página sete.
Era uma foto minha e de saindo do restaurante do Greg de mãos dadas. Sorri automaticamente ao lembrar da noite anterior e olhei pra Jane que tirou meu sorriso com olhar. Continuei a olhar a página e logo entendi o que Jane sentia.

Romance no ar

Na última sexta-feira a modelo (24) e o da banda McFly (25) fizeram um ensaio fotográfico para a marca de lingerie Victoria's Secret para o catálogo da próxima campanha. Esse seria o último trabalho de antes do seu break para terminar a faculdade de medicina no Brasil. Segundo pessoas que participaram do ensaio, os dois tiveram momentos bem íntimos e se deram mais do que bem. Aparentemente isso é verdade, pois após a sessão o futuro novo casal saiu para jantar em um restaurante modesto no subúrbio de Londres. Durante esse tempo os dois foram vistos em momentos de carinhos e até troca de beijos. Na saída os dois saíram de mãos dadas. O do McFly deixou a modelo em seu hotel com um longo beijo de despedida. A assessoria de imprensa dos dois não confirmou tal romance, mas também não desmentiu, só nos resta esperar para saber se é um namoro ou só um romance passageiro.


Ao terminar de ler uma raiva foi subindo pela minha garganta. Como assim? Um namoro ou um romance passageiro? Quem são eles pra ficarem nos vigiando? Ah, vão pra merda!
— Que merda é essa? — gritei para Jane.
— Nem vem descontar em mim! Foram vocês que ficaram se beijando! Agora olha só o que você me faz passar! Eu disse que não sabia responder — Jane falou menos revoltada.
— Será que o já sabe? — perguntei apreensiva.
! Você ta sendo difamada pelo tablóide mas você nem liga! Você quer saber se o já sabe? É claro que já! Você não leu que os dois assessores de imprensa não confirmaram ou negaram? — Jane falou impaciente.
— Então por que ele não me ligou? — perguntei cabisbaixa, mais para mim mesma do que para Jane.
Mal deu tempo pra pensar o porquê de tal atitude meu celular tocou do outro lado do quarto. Corri feito uma doida e quase cai duas vezes ao tentar chegar na mesa a qual o aparelho tocava insistentemente.
— Alô? — atendi sem nem ao menos ver quem era na bina.
? — a voz de ecoou no celular e sorri. — Você viu o que escreveram da gente? — fiz um som com a boca confirmando. — O Fletch ficou puto comigo.
— A Jane também, mas a raiva dela passou quando eu li e fiquei puta também — rimos — mas o que você acha?
— Não sei... Acho que eles não tem nada a ver com a nossa vida — ele falou indiferente.
Nossa? Meu Deus, eu ouvi direito? Ai-meu-deus-ai-meu-deus!
— É, eles não tem nada a ver com isso mesmo — concordei.
— Mas não foi por isso que eu liguei — ele me informou.
— Não? — perguntei surpresa — Então por quê?
— É que hoje eu tenho uma premiação da MTV pra ir e tenho direito a um acompanhante, mas eu não tenho nenhum. Eu ia até sem ninguém, mas aí eu lembrei de você. Eu queria saber se você queria ir comigo hoje à noite.
— Hoje à noite? — perguntei incerta
— É, hoje. Comigo. Você tem alguma coisa hoje? — ele perguntou meio decepcionado.
— Não, claro que não. Eu só me surpreendi... eu vou sim com você — falei entusiasmada.
— Ah, que ótimo! Eu te pego às nove, ok? — ele perguntou super feliz.
— Tudo bem, eu vejo você às nove — falei com um sorriso bobo no rosto. Eu já estava me acostumando com esse meu novo sorriso.
— É, mal posso esperar pra estarmos juntos de novo — ele falou com a voz rouca que me fez arrepiar até o último pelo do meu corpo. — Até mais tarde, beijo.
— Outro — desligamos o celular e eu continuei com na mesma posição e com o mesmo sorriso.
Eu ia me encontrar com o de novo! Eu estava nas nuvens.
? Ei, estás aí? — Jane me tirou do transe.
— Hã? O que foi? — perguntei aérea.
— O que o disse?
— Como você sabia que era ele?
— Por favor, ! — Jane me pediu com cara de descrença. — É só olhar pra tua cara de bestinha apaixonada pra saber — Jane riu de sua própria colocação.
— Oh Jane! Eu não sou adolescente apaixonada! — reclamei.
— Tudo bem, você pode não ser adolescente mas você é apaixonada — Jane sorriu vitoriosa.
Não desmenti. Jane iria me contradizer se eu negasse mais uma vez. E ela não estava errada. — Mas então, o que ele disse? — Jane repetiu a pergunta.
— Ah, sim! Ele me chamou pra ir com ele a uma premiação da MTV hoje à noite — falei com a mesma alegria de minutos antes.
— Como assim ? Você não viu o que escreveram sobre vocês? — Jane perguntou surpresa
— E?
— Eles vão falar mais ainda! — falou desesperada por eu não ter tido a mesma reação que ela.
— Eu sei, mas eles não têm nada com a nossa vida — repeti as palavras de .
— Agora “sua” e “dele” é “nossa” é? — Jane fez pouco caso da minha cara.
— Talvez... Depende só do resultado de hoje à noite! — brinquei com ela e recebi um travesseiro na cara em resposta. — Está bem, Jane! Agora eu preciso do mais lindo dos vestidos pra eu ir a essa festa! Eu preciso estar mais do que deslumbrante!
Jane ligou para todos seus contatos de lojas e estilistas renomados de Londres para arranjar o bendito vestido deslumbrante e lindo para a premiação da MTV, além do maquiador o qual era seu amigo, Pierre, um francês que já vivia em Londres há um bom tempo, altamente requisitado por todas as celebridades.
Passei a tarde inteira escolhendo vestidos que a toda hora chegavam em meu quarto do hotel. Acabei optando por um vestido qual não sabia de onde era, só sabia que ele era vermelho, colado no tronco, bastante solto nas pernas e batia no meio da minha coxa. Foi a Jane que escolheu, mas eu gostei, achei que pudesse gostar. A maquiagem foi Pierre, o cabelo também.
— "Parfait" — Pierre disse assim que acabou com a maquiagem e o cabelo.
Já eram quase nove e meia da noite e eu tinha marcado com mais ou menos esse horário. Olhei no espelho e gostei do resultado, dessa vez ele deixou a maquiagem clean, sem muitos exageros, já que o vestido já chamava atenção por si só, o cabelo estava preso no topo da cabeça atrás e vários cachos desciam até a altura do meu peito.
— Maravilhoso, Pierre! — exclamei sorrindo da possível reação de .
— Eu sei — Pierre se gabou e todos nós rimos.
Mal deu tempo de fazer qualquer coisa que o interfone tocou.
— É ele! — gritei.
— Viu, Pierre? Olha como ela fica quando ele está perto — Jane brincou indo atender o interfone e eu a olhei feio enquanto Pierre ria. — Seu amoreco está lá embaixo.
— Obrigada Jane, mas ele não é meu amoreco — sorri pra ela.
— Sei, assim como a Terra é quadrada.
— Ok, beijos para todos que ficam.
Não fiquei para ouvir a resposta, pois logo sai e aproveitei a "carona" do meu vizinho de andar no elevador.
— Obrigada, boa noite — cumprimentei meu vizinho, e que vizinho!
— Boa noite — ele me olhou dos pés a cabeça e me senti um pouco envergonhada mas um tanto convencida.
— Festa agora? — ele perguntou.
— É, premiação da Mtv — sorri.
— Meu nome é Brad — ele deu dois beijinhos no meu rosto me deixando sentir seu perfume.
Brad tinha os cabelos lisos e loiros com uma franja que caia suavemente sobre sua testa, o olhos eram de um verde muito vivos, nariz reto e a boca fina. Ele usava uma pólo branca, uma calça meio folgada preta e um tênis vermelho com o cadarço folgado sem amarrar.
.
— Eu sei, conheço você das revistas — Brad falou e eu sorri. — Acho que você trabalha muito bem.
— Obrigada — dei um meio sorriso.
— E muito mais bonita pessoalmente, se é que isso é possível. — O elevador chegou ao térreo e nós saímos — Vou ver muito você?
— Talvez só mais um dia — sorri e ele fez um quase bico.
— Só mais um dia? É tão pouco!
— E só até às três, porque meu voo sai às seis e você conhece o trânsito daqui.
— Então até amanhã a qualquer hora antes das três? — ele me perguntou.
— Até.
Brad me deu um beijo demorado no final da minha bochecha, um centímetro de distancia de minha boca, confesso que me assustei. Ao me virar em direção à saída do hotel vi com um rosto sério. Será que ele tinha visto? Mas não houve nada demais.
— Oi — sorri.
Mal cheguei perto de e ele me deu um beijo na boca um pouco exagerado, mas eu gostei, ele estava tão perfumado quanto Brad. Sem entender muito bem o que havia acontecido e porquê tinha acontecido, virei-me olhando em volta do hall do hotel e vi ao longe Brad olhando de rabo de olho, mas mal tive tempo de fazer qualquer coisa pois pegou minha mão e eu automaticamente virei em sua direção.
— Vamos? — perguntou.
— Claro que sim, vamos. pegou minha mão e me conduziu até a saída. Ao chegar na rua, ele fez sinal ao manobrista o qual saiu em direção ao carro de que devia estar estacionado em algum lugar.
— Você está tão linda, me beijou no rosto.
— Obrigada, você também está lindo — sorri.
Só naquele momento eu tinha percebido como estava vestido, uma blusa social roxa com os dois primeiros botões abertos deixando amostra o começo de seu peitoral definido que me deixava com a respiração falha, as mangas estavam dobradas até o meio do braço, sua calça jeans preta muito folgada de cintura muito baixa que aparecia a sua boxer listrada, nos pés calçava um all star branco. Lindo.
— Mr. , seu carro — o manobrista entregou a chave para .
— Muito obrigado — agradeceu. — Vamos? — ele abriu a porta do carona para mim.
Sorri enquanto eu entrava no carro e me correspondia, esperei ele dar a volta no carro e sentar no banco do motorista, percebi que um terno cinza estava pendurado no encosto do banco, ele ia ficar lindo e eu estaria do lado dele. Parecia um sonho.
— Afinal, vocês estão concorrendo a algum prêmio? — perguntei quase virando todo o meu tronco na direção dele.
— Por mim a gente concorria e ganhava como banda do ano lá no EMA, mas nós estamos concorrendo com Falling in Love como melhor música.
— Que ótimo! Eu amo essa música! Que legal, eu estou muito orgulhosa! Tenho certeza de que vocês vão ganhar! — falei com brilho no olhos.
— Obrigado, você reagiu igual ao ! — nós rimos. — Essa premiação vai ser muito melhor do que qualquer outra, independentemente se ganharmos ou não.
— Por quê?
— Porque você vai estar comigo — falou e me deu um selinho rápido para avançar o sinal que já estava verde.
Fiquei toda boba, sorrindo no meu banco. De vez em quando, segurava a minha mão, quando ele não tinha que ativar o câmbio automático da Linda.
— Quem era aquele seu amigo que desceu com você? — falou um pouco sério
— O Brad? — provoquei.
— É esse o nome dele? — ele perguntou ainda e eu concordei com a cabeça. — Nem sabia que ele tinha nome.
— Todo mundo tem um nome ! — ri.
— Ele é seu amigo? — ele repetiu a pergunta.
— Acho que sim, eu conheci ele hoje. Na verdade ele é meu vizinho no loft — falei inocentemente. — Por quê?
— Porque ele estava se insinuando muito pra cima de você — ele falou apertando o volante com um pouco mais de força.
— Own! Não precisa ficar com ciúme, — falei acariciando sua bochecha esquerda.
— Não estou com ciúme.
— Não é o que está parecendo, mas se você quer que eu acredite nisso...
— 'Tá bom, 'tá bom, eu fiquei com ciúme — ele fechou os olhos aproveitando o sinal vermelho.
— Não precisa ficar, até porque eu estou contigo e...
Fiquei calada, eu não sabia o que eu tinha com e nem dava para ter nada até porque eu iria embora amanhã às três e ele não me disse o que queria comigo.
O clima no carro ficou um pouco tenso, às vezes era escutado uma voz, ou minha ou dele, cantarolando uma das músicas que tocava na rádio.
— Chegamos, !— anunciou.
— Em breve vamos ver Falling in Love ser a vencedora — sorri para ele que retribuiu.
— Tomara! Espera que eu vou abrir a porta pra ti.
— Ok — esperei ele dar a volta e abrir a porta do carro pra mim e sussurrei um obrigada.
Na verdade eu falei normalmente mas alvoroço foi tão grande que pareceu um sussurro. Flashes e várias perguntas gritadas ao mesmo tempo estavam me deixando cega e surda, mas como eu havia aprendido "sempre sorria, não importa os flashes, sempre sorria para as câmeras" fiz o que aprendi, dei meu melhor sorriso e peguei a mão de , que começou a andar em direçao à entrada da premiação me levando junto.
— Vocês estão juntos?
— O boato da relação de vocês no ensaio da Femme é verdadeiro?
— Você está grávida, ?
, você vai abandonar a banda por causa da ?
Foram uma das perguntas que eu consegui distinguir, as últimas eu tive que rir, onde esses paparazzi tiram perguntas como aquelas?
Depois de conseguirmos sair do mar de perguntas e flashes do tape vermelho da Mtv e posarmos para as fotos na frente do hall de entrada do salão deu nossos nomes para a cerimonialista e finalmente passamos para dentro da cerimônia.
— Finalmente terminou esse tumulto — bufei.
— Achei que você estivesse acostumada — brincou.
— Estou tão acostumada quanto você — rebati.
— É, odeio essas "etapas" pra entrar nessas festas — falou procurando uma mesa ainda de mãos dadas comigo. — Achei a mesma dos guys, você quer se sentar com eles? — perguntou finalmente parando e olhando pro meu rosto.
— Claro que quero! Além do mais eles são teus amigos, seria muita falta de consideração minha te fazer sentar longe deles — respondi.
— Sabia que você ia responder isso — me deu um selinho.
— Então isso era um teste, Sr. ? — perguntei desgrudando nossas mãos e levando as minhas à cintura.
— Mais ou menos, — ele enfatizou meu sobrenome — mas sempre soube que você ia passar — ele riu e segurou minha mão e me encaminhou até a mesa a qual todos os olhos já estavam grudados em mim.
— Hey dudes — falou ao ficar bem perto da mesa — tem lugar pra mais dois aí?
— Claro que tem dude — se levantou e mostrou dois lugares vagos do lado dele. — Você não vai mesmo apresentar a sua amiga seu mal educado?
— Ah sim, claro! — bateu em sua testa. — Dudes, essa aqui é a . esses são , , e
Todos falaram oi e me deram beijos no rosto, retribui a todos. afastou a cadeira para eu sentar e sentou ao meu lado.
— Vocês estão juntos? — perguntou.
! A mal conhece a gente e você faz uma pergunta dessas? Posso te chamar de , né? — me perguntou.
— Pode sim — respondi rindo.
— Ah desculpa, mas agora eu já perguntei — deu os ombros.
— É , responde aí! Vocês estão juntos ou não? Quero saber agora — perguntou do outro lado da mesa enquanto eu tinha certeza de que meu rosto ficava cada vez mais vermelho.
— Dudes, assim vocês vão deixar a sem graça — tentou desviar do assunto.
— Tudo bem, é só você responder que a gente para de perguntar! — falou dando um sorriso vitorioso.
— Vocês não desistem fácil! — reclamou, virou-se para mim e olhou-me por alguns poucos segundos e voltou-se para responder. — Nós estamos juntos até quando a estiver aqui ou até quando ela quiser ou até quando der certo.
Todos ficaram olhando para um pouco assustados, seus amigos até conseguiram disfarçar começando a avacalhar com ou dizendo quão bonitinho tinha sido o que ele tinha dito. Eu continuei parada, estática olhando pra com surpresa e admiração. É claro que eu queria ficar com , mas ele nunca tinha me dito se ele queria ou não ficar comigo, namorar comigo. Pelo menos não com palavras. Eu queria muito dizer que eu queria ficar com ele, sempre quis, mas as palavras que era boas não vinham, simplesmente não saíam da minha boca. Todavia, não teria tempo mais de dizer qualquer coisa, pois naquele minuto a apresentação começou, mas isso não passaria de hoje, não podia esperar.

Capítulo 5

(Carregue essa música.)

A cerimônia de premiação da MTV já tinha acabado há quinze minutos, foi maravilhosa, engraçada e altamente dinâmica, não fiquei um segundo querendo sair de lá, pelo contrário. Pra ficar melhor, o McFly ganhou o prêmio de melhor música. Foi perfeito. Estávamos indo ao pós-premiação.

~*~*~* Flashback on ~*~*~*

Depois que os meninos desceram, sussurrou no meu ouvido palavras de agradecimento por eu estar lá com ele, quando eu fui me virar pra dizer que não tinha sido nada demais ele me beijou tão docemente que eu até tinha esquecido onde estávamos, um dos meninos teve de pigarrear para que nós nos separássemos, fora isso o clima foi de muita descontração.
, tem uma festa pós-premiação, queres ir comigo? — me perguntou quando estávamos na saída do salão.
— Claro que sim — sorri de orelha a orelha.
— Que bom, porque não ia ter a mesma graça sem você — ele me disse e logo após me deu um selinho.

~*~*~* Flashback off ~*~*~*

Fomos para o pós-mtv em dois carros, e a foram sozinhos no carro do porque eles tinham de passar na casa dela para ela trocar para um sapato mais confortável, então , , e eu fomos no carro de . No carro e viviam fingindo ser um casal no banco de trás, provocando risos em mim e resmungos baixos de , mas ainda sim ele ria das palhaçadas.
— Ei , é verdade que tu vais parar de ser modelo? — perguntou de supetão enquanto fingia pensar na proposta de casamento que lhe fizera.
— Vou sim, tenho que terminar a faculdade — falei.
— Quer dizer que a gente não vai te ver nas propagandas tão cedo? — fez bico e eu ri constrangida.
— Ei, respeito viu? — pediu do banco da frente.
— Está com ciúme, ? — perguntou e os dois atrás começaram a dar risinhos no banco de trás enquanto eu virava o rosto para a janela.
— Bora ! Responde! Está com ciúme? — provocou mais um pouco.
— Fala ! — gritava e ria no banco de trás.
— Estou com ciúme sim, satisfeitos? — confessou segurando o volante com um pouco mais de força além de se concentrar mais no trânsito eu apenas o olhei com um sorriso quase imperceptível.
— Aha! Sabia! — gritou.
está apaixonado! está apaixonado! — começou a cantar e o acompanhou.
— Vocês querem parar? — virou para eles aproveitando o sinal vermelho.
— Isso na tua bochecha é vergonha ou a te passou blush? — perguntou sério.
ficou olhando para os dois sem reação e suas bochechas ficaram um pouco mais vermelhas.
— Ele está com vergonha! — e começaram a rir de novo.
— Idiotas — resmungou baixinho e voltou a dirigir, eu dei um riso baixo mas ele ouviu. — Até você está rindo da minha cara?
Parei de rir na mesma hora e baixei a cabeça por um segundo pra controlar o riso que queria voltar.
— Não é exatamente de ti, é de vocês.
— Aham, sei — concordou ironicamente.
— É sério! É engraçado ver como vocês se tratam, sempre como meninos. Eu me sinto como se tivesse voltado nos meus tempos de escola com as minhas amigas.
— Quer dizer que você se sente a vontade com a gente? — ficou com o rosto bem perto do meu e os olhos brilhando enquanto ele se segurava no vão entre os bancos da frente.
— Sinto sim, sinto-me em casa — sorri e dei um beijo em sua bochecha.
— Está vendo, ? A gente aprova a , pode cair dentro! — bateu no ombro de que só balançou a cabeça rindo.
— A gente precisa conhecer suas amigas então, tenho certeza de que a gente vai se dar bem — falou fazendo uma cara de sedutor.
— Com essa cara aposto que elas vão sair correndo assim que te virem — falou vendo o rosto de pelo retrovisor.
Todos nós rimos e fez bico e fingiu chorar.
— Não fica assim meu baby, eu aceito casar contigo — abraçou e pousou a cabeça no ombro dele piscando que nem nos desenhos animados.
Até chegar ao local da festa e ficaram imitando um casal o tempo todo e eu já estava passando mal de tanto rir.
— Ae, chegamos! — fez uma dancinha estranha ainda sentado no carro.
— Para com isso , se você fizer essa dancinha de novo vou terminar tudo entre nós — fez uma voz mais aguda.
— Oh não, por favor não me abandone!
— Ok, vocês estão começando a me assustar — olhando para eles com os olhos arregalados.
— Não sinta inveja do nosso amor, ok? — falou com voz afetada.
— Eu acho melhor a gente descer — falou saindo do carro eu imitei seu gesto. — Poxa eu ia abrir pra você.
— Mas até ainda pouco você estava com vergonha de dizer que tem ciúmes de mim.
— Mas agora que todos já sabem e sei que você não se importa, qual é o problema de dizer o que eu sinto? — ele perguntou e me deu um selinho.
— Obrigada — sorri e dei outro selinho.
— Estou fazendo um favor pra nós dois.
— Ei casalzinho — gritou da beira da calçada — está na hora de aproveitar a festa, depois vocês arranjam um quarto e fazem o que vocês quiserem, mas agora deixem de ser melosos e vamos a essa festa!
— Agora me diz quem está com inveja! — deu um pedala em e me puxou pela mão para dentro da festa.
Era em um pequeno prédio marrom de três andares, um típico local que as pessoas compram pra fazer festas disfarçadas, a tinta das paredes estava desbotada e descascando, se não estivesse cheio de gente eu nunca pensaria que ali estaria tendo uma festa.
— De quem é a casa? — perguntei a .
— Eu não sei, mas estou curioso pra saber como é dentro.
Os seguranças da festa pediram nossos convites da premiação e tirou do bolso me tranquilizando, nem tinha percebido que ele tinha mostrado-os na cerimônia. Ao entrar na casa, tenho certeza de que meu queixo caiu, ela era linda. O primeiro andar era apenas uma grande sala com algumas portas, cada porta foi pintada para mostrar alguma tela de arte. A decoração era moderna e futurística, era predominante a cor prata e outras coisas eram de cores diferentes desta, o que fazia com que elas se destacassem. Tinham esculturas e quadros de arte moderna, que mesmo eu não sendo muito fã desse estilo me apaixonei pelas obras. Nesse andar tinham sofás e bar, era um ambiente para as pessoas conversarem, comerem e beberem mas era um pouco difícil pois o som era um pouco alto. Algumas pessoas entravam nos cômodos e as maçanetas mudavam de verde para vermelho.
— Uau! — foi o que nós quatro falamos quando entramos na casa.
— Quero a minha casa que nem essa — comentou admirando a casa.
— Você sempre diz isso cada vez que você vê uma casa — cortou ainda sem desgrudar os olhos dos detalhes da casa.
— É por isso que eu vou ter várias casas, pra poder decorar cada uma como eu vi.
— Ok , 'bora ver como é o bar pra você botar um igual na sua casa — puxou e os dois sumiram por entre as pessoas.
— Esses dois não mudam mesmo — balançou a cabeça rindo.
— Que bom! Eles parecem ser sempre felizes assim.
— Eles são na maioria das vezes, isso é bom, mas quando eles tão com raiva ou tristes é horrível — fez uma cara de medo que me fez rir.
— Hey — alguém chamou. — Hey — viramos e vimos e vindo em nossa direção.
— Que linda essa casa, né? — falou.
— Demais, e nós nem saímos do primeiro andar — comentei.
— Cadê o e o ? — perguntou.
— Estão lá no bar, onde você achava que eles estariam? — perguntou.
— Esses dois começam cedo — falou e todos rimos. — Vamos lá com eles e depois nós subimos.
Concordamos e fomos em direção do bar. foi levando a abraçando a sua cintura enquanto apenas segurava de longe a minha, mas de repente ele me abraçou e soltou o ar com força em minha nuca.
— O que foi? — perguntei a ele.
— Odeio quando esses caras ficam olhando assim pra você — ele bufou.
— Assim como? — perguntei fingindo que não entendi.
— Assim, como se pudessem tirar a tua roupa com os olhos — ele me abraçou um pouco mais apertado e eu sorri.
A poucos metros do bar já podíamos ver duas criaturas rindo e com copos na mão de alguma bebida que eu não consegui identificar de longe, mas quando já estávamos mais perto percebi que era caipirinha.
, , olha, caipirinha! — veio quase correndo deixando cair um pouco da bebida no chão. — A gente ia pedir uma outra mas aí o garçom disse que tinha caipirinha, então pedimos para homenagear a nossa amiga aqui do Brasil.
— Pra lembrar do Brasil também — completou.
— Obrigada — falei em português e eles começaram a sorrir ou falar 'own', só sei que fui esmagada por um abraço dos quatro.
— Mas vocês não vão exagerar na bebida,né? — falou para os meninos.
— Relaxa , a gente se garante — falou tropeçando nos pés quando ele ia virar para o bar.
— Aham, estou vendo — ela virou para mim e nós rimos.
Os meninos se instalaram no bar e esqueceram que iríamos ver os outros andares, e eu conversávamos sobre nossos trabalhos, os garotos, enfim, coisas banais, nós estávamos bebendo também mas não tanto quanto os meninos.
— Acho melhor eu dar um tempo, estou achando que eu já estou ficando um pouco bêbada — observou rindo.
— Acho que eu vou acompanhar você — falei deixando o meu copo vazio no balcão. — Queria ver os outros andares dessa casa, a gente já está aqui há uma hora e pouco.
— Vamos só nós duas então! Esses aí provavelmente não vão sair daqui tão cedo — propôs.
— Ok, só vou avisar o
— E eu o .
Levantamos dos nossos bancos e falamos com os nossos respectivos acompanhantes, mas eles provavelmente não ouviram, porque estavam tendo uma conversa animada e bêbada com e . me puxou pela mão para não nos separarmos, pois o salão estava apinhado de gente. A escada que dava para o segundo andar era branca e à medida que pisávamos nos degraus eles acendiam, senti-me no filme avatar e falei isso para que riu da minha cara, mas mesmo assim ficamos alguns minutos brincando na escada, nós estávamos meio bêbadas, fato.
O segundo andar era uma boate, as paredes eram escuras, acredito que seriam pretas, mas não consegui identificar, havia alguns sofás de dois lugares que à luz da boate pareciam prata e um outro bar, menor que o do primeiro andar; fora esses objetos era outro cômodo amplo para as pessoas dançarem, tinha um pequeno palco onde o DJ comandava a festa.
— Vamos ver o terceiro andar e depois a gente volta pra cá que eu estou doida pra dançar — gritou perto do meu ouvido mas eu ouvi normal por causa do volume da música e eu só concordei com a cabeça.
pegou e me levou outra vez mas dessa vez pelo braço, tivemos de contornar toda a pista de dança, lotada, para poder chegarmos até a escada para o outro andar, que por sinal era prata.
Subimos e chegamos em um terraço, na verdade era como uma praça, tinha calçadas, caminhos e várias árvores e arbustos, dessa vez me senti no jardim secreto. Metade do espaço era coberto por um teto de vidro e a outra metade não. Havia vários casais andando ou namorando e outras pessoas sem ser casais.
— Cada vez que eu conheço essa casa eu me apaixono por ela — falei.
— Eu também, mas agora eu estou agitada e isso aqui está muito parado, portanto vamos descer — ela mal me deixou pensar e me puxou pro andar de baixo.
Quando chegamos na festa propriamente dita segundo , começou a tocar In the Dark do DJ Tiesto. [n/a: põe pra tocar]
— Vem ! Vamos dançar! Eu amo essa música — puxei a menina tão forte que ela quase caiu.
Fomos para o meio da pista ao som da música, fechei meus olhos e comecei a dançar conforme a música, aquelas melodias que tanto me faziam esquecer do mundo e foi isso que eu fiz. Esqueci.

When it seems like the world around you's breaking
(Quando parece que o mundo ao seu redor esta quebrando)
And it feels like there's no one else around you
(E você sente que não tem ninguém ao seu redor)

Senti um par de braços me abraçando por trás me assustei com a ousadia da pessoa, quando virei reconheci aquele par de olhos encantadoramente olhando pra mim e sorri em resposta. me deu um selinho e abraçou a minha cintura, passei meus braços em volta do seu pescoço e aproveitando a proximidade encostei a minha bochecha na dele fazendo carinho com o meu nariz, começamos a dançar juntos esquecendo juntos todo o resto do mundo.
— Eu amo essa música — sussurrei no ouvido de .
— Ela é realmente bonita, acho que gosto dela também — ele sussurrou de volta.
— Eu gosto dela muito mais agora — falei e dei um beijo na bochecha dele.
— Se eu ficar ganhando beijos assim ela vai ser a minha música favorita — ele falou sorrindo.
— Se for só essa a condição ela com certeza vai virar — falei e fui beijando todo o lado da bochecha dele que estava em meu alcance enquanto ele deslizava as mãos pela minha cintura.

'Cuz I will be there
(Porque eu estarei lá)
And you will be there
(E você estará lá)
We'll find each other in the dark
(Vamos nos encontrar na escuridão)
And you will see
(E você verá)
And I'll see you too
(E eu verei você também)
'Cuz we'll be together in the dark
(Porque nós estaremos juntos na escuridão)

'Cuz if it's coming for you
(Porque se está vindo para você)
Then it's coming for me
(Então está vindo para mim)
'Cuz I will be there
(Porque eu estarei lá)
'cuz we need each other in the dark
(Porque nos precisamos um do outro na escuridão)
And if it terrifies you then it terrifies me
(E se espanta você então me espanta)
'Cuz I will be there so we've got each other in the dark
(Porque eu estarei lá então nos teremos um ao outro na escuridão)

— E agora? Essa música é a tua favorita? — perguntei abrindo um sorriso um pouco malicioso.
— Está no topo das músicas da minha playlist — eu ri.

Sky there's sparks bright as ice
(Há faíscas claras como o gelo)
You want me to take you over there
(Você quer que eu te leve lá)
I want you to stay with me
(Eu quero que você fique comigo)

— Não ri, é sério! Essa música significa muito pra mim agora — ele falou fazendo bico.
— Pra mim também.
Puxei um pouco para baixo a fim de dar um selinho nele, quando o fiz, ele não deixou nossas bocas separarem aprofundando o beijo. Ele apertou mais o abraço e sua língua pediu passagem facilmente concedida.

No, no don't worry
(Não, não, não se preocupe)
You're not the only one
(Você não é a única)

Nosso beijo se aprofundava conforme o ritmo da música aumentava, revezava em descer suas mãos ora por toda minha costa ora pela minha cintura, eu puxava seu cabelo levemente e arranhava a sua nuca. O mundo simplesmente não existia para nós nesse momento, o desejo e a luxúria de nosso beijo aumentavam cada vez mais, estávamos nos conhecendo e descobrindo os efeitos que cada um tinha no outro. Meu corpo se arrepiava a cada toque dele, meu coração estava a mil e o frio na barriga que eu estava sentindo se tornava maior com o tempo mas não queria deixar de tê-lo, parecia uma adolescente tendo essas reações que eu não conseguia evitar. O ambiente já começava a ficar quente demais pra mim e sentia que achava o mesmo.
— Acho melhor irmos com calma agora — interrompi o beijo um pouco ofegante.
— Tem razão — ele falou ofegante também encostando nossas testas.

'Cuz I will be there
(Porque eu estarei lá)
'cuz we need each other in the dark
(Porque nos precisamos um do outro na escuridão)
And if it's panicking you
(E se está te causando pânico)
Then it's panicking me
(Então está me causando pânico)
But I will be there
(Mas eu estarei lá)
So we've got each other in the dark
(Então nós teremos um ao outro na escuridão)

Ficamos apenas abraçados com as testas coladas ouvindo a música.

In the dark
(Na escuridão)
We'll need each other in the dark
(Nos seguramos na escuridão)

In the dark
(Na escuridão)
In the dark
(Na escuridão)
We'll hold each other in the dark
(Nos seguramos na escuridão)
Now we're saved together in the dark
(Agora nós estamos salvos na escuridão)
'Cuz we've got each other in the dark
(Porque nós temos um ao outro na escuridão)

— Acho melhor a gente sair daqui e ir para um lugar mais tranquilo — sussurrou em meu ouvido enquanto ainda estávamos abraçados.
— Ótima ideia — sorri maliciosa mesmo sabendo que ele não ia ver. — Só vamos nos despedir do pessoal.
— Tudo bem — ele falou pegando a minha mão.
Andamos por entre as pessoas dançantes até encontrar e um pouco mais a frente no mesmo andar. Chegamos mais próximos deles aproveitando que não iríamos interromper nada, se é que me entende. Nos despedimos e pedimos que caso não encontrássemos o resto dos garotos no caminho da saída — o que era bem provável — que era pra eles fazerem isso por nós.
Fomos nos esgueirando pelas pessoas até a outra escada que levava para o primeiro andar. Como previsto, não encontramos nem e nem o . Fomos quase correndo até a saída rindo não sei do quê. Na rua localizamos o carro de e continuamos correndo até chegarmos onde Linda estava, ele abriu a porta para mim e contornou o carro para o banco do motorista.
— Pra onde madam? — falou engrossando a voz para parecer um mordomo ou qualquer do gênero.
— O que você pretende fazer? — perguntei com um sorriso malicioso.
— Eu disse que eu queria um lugar mais calmo — ele riu mais malicioso ainda.
— Deixa-me em casa?— perguntei tentando ser o mais inexpressiva possível, pelo visto deu certo porque por um momento ficou com a expressão confusa mais depois entendeu e dirigiu sem falar nada me fazendo abrir um sorriso meio pervertido.
— Como era o nome daquela música que a gente dançou? — perguntou no segundo sinal desde que tínhamos saído da festa.
— Quer dizer que ela marcou mesmo? — perguntei rindo
— Claro que sim! Afinal não é todo dia que a gente dança agarradinho com uma super modelo — ele falou acelerando o carro.
— E nem é todo dia que se "dá uns pegas" na modelo — falei rindo e ele me acompanhou.
— Claro, a gente se sente até orgulhoso! — rimos mais um pouco. — Mas sim, qual é o nome?
— In the Dark, do DJ Tiesto.
— Agora é nossa — ele falou olhando pra mim e pegando a minha mão.
Nos aproximando para um rápido beijo porque logo ouvimos a buzina no fundo apressando para passar no sinal agora verde. O caminho até o hotel foi particularmente rápido, até porque era de madrugada, mesmo em Londres, não tinha muito trânsito.
parou na frente do hotel e eu fui tirando o cinto de segurança.
— Você não vem? — perguntei vendo que ele ainda estava com o cinto.
— Eu estava esperando você confirmar — ele riu marotamente e saiu do carro ao mesmo tempo que eu — a sua empresária não vai brigar?
— A Jane esta no quarto dela, além do mais essa é a minha última noite aqui, ela tem que me dar um crédito — sorri pra ele, não tanto quanto eu deveria, mas sorri.
— É ruim pensar que a gente teve tão pouco tempo juntos — ele falou.
deixou a chave com o manobrista e logo depois pegou a minha mão.
— É... mas vamos pensar em coisas boas e aproveitar o máximo essa noite.
— Pode deixar — ele sussurrou em meu ouvido depois de me abraçar por trás e entramos no hall do hotel.
Entramos no elevador e eu apertei no 14º botão, continuava a me abraçar por trás e começou a beijar minha nuca de um jeito provocante, minha respiração começava a ficar cada vez mais pesada e agradecia mentalmente por não ter ninguém no elevador.
— Você está gostando? — ele sussurrou no meu ouvido e logo em seguida mordeu o lóbulo da minha orelha.
— Muito — falei deixando escapar um suspiro pesado e ele soltou uma risada rouca que me arrepiou da cabeça aos pés.
Nessa hora a porta do elevador abriu e eu virei selando os meus lábios nos de e embrenhando uma mão nos cabelos dele e a outra tateando as paredes e arrastando-o junto. Ele desceu os beijos para meu pescoço de novo e eu o guiei até a porta do meu apartamento e ao mesmo tempo desabotoando sua blusa, no meio de suspiros e beijos consegui abrir a porta e voltei a beijá-lo; fomos aos tropeços e esbarros até o único quarto o qual me pertencia.
Às cegas me deitou na cama e se posicionou em cima de mim intercalando nossas pernas. Seu beijo se tornou cada vez mais urgente e suas mãos tateavam todo o meu corpo enquanto as minhas dirigiam-se à barra da camisa dele levantando-a quando eu arranhava seu abdômen definido. cortou o beijo para tirar a blusa e eu aproveitei para tocarmos de posição, agora minhas pernas estavam em cada lado dele e ele deu um gemido de aprovação, calei sua boca com um beijo profundo e sua língua rapidamente procurou a minha entrando em perfeita sintonia. Mais gemidos saíram de sua boca quando eu arranhava seus ombros e desci os beijos pelo pescoço os quais provavelmente deixariam suas marcas. Desci ainda mais os beijos e arranhava sensualmente seus braços os deixando arrepiados, beijei em linha reta do seu peitoral até o final da barriga fazendo com que ele segurasse meu cabelo com força. Fiquei de joelhos na cama, com ainda entre minhas pernas fui abrindo seu cinto bem devagar.
— Para de me torturar, — ele suplicou fazendo uma carinha de desesperado que me fez morder os lábios. É, o seu amiguinho já estava bem crescidinho perto da minha mão.
— Calma que logo, logo, você vai ter sua recompensa — falei dando um sorrisinho safada e ele riu de prazer com a ideia.
Na mesma velocidade que eu tirei o cinto, abri a calça e fui descendo pela perna distribuindo beijos alternados pelas coxas dele. Quando eu ia me posicionar pra realmente fazer algo a mais ele trocou de posição.
— Agora é a sua vez de ser torturada — ele deu um sorriso pervertido.
Ele me levantou e me fez sentar em seu colo, dobrei as pernas em volta de seu tronco sentindo sua excitação cada vez mais alta embaixo de mim. mais uma vez beijou meu pescoço, mas não se demorou lá pois logo desceu para meu colo e procurou o zíper do meu vestido, abrindo-o. Meu sangue já fervia e sentia que meu rosto já tinha cor assim como minha boca que estava latejando de prazer, não conseguia prender os gemidos que saíam da minha boca ainda mais quando chegou aos meus seios chupando-os.
Ele me deitou na cama e tirou meu vestido por baixo, já sentia todo meu corpo clamando por ele enquanto ele alisava cada pedaço dele e depositava um beijo em alguma parte, mas demorou dando beijos na parte interior da minha coxa me fazendo gemer mais alto. Seus dedos chegaram à barra da minha calcinha e lentamente abaixaram-na, os mesmos dedos brincaram de conhecer a área da minha intimidade me fazendo jogar a minha cabeça pra trás e gemer seu nome.
— Está gostando? — ele perguntou e eu só pude gemer em resposta.
Seu indicador agora brincava com meu clitóris com movimentos rápidos me fazendo arquear as costas de prazer, ele beijava a minha barriga e aumentava a velocidade de seu movimento e eu não podia mais conter o grito que saiu da minha garganta. Com um sorriso safado desceu o seu dedo me penetrou gemendo junto comigo. No começo era lento justamente pra provocar.
— Não brinca comigo, — pedi meio ofegante.
Ele enfiou mais um dedo e eu arqueei de novo as costas e logo em seguida ele beijou minha vulva. Aos poucos começou a lamber meu clitóris ao mesmo tempo em que continuava a me penetrar com os dedos. Eu não conseguia mais me controlar, arfava, gemia, gritava e aquele parecia cada vez mais satisfeito. Ele subiu de novo para me beijar, eu arranhei todas as suas costas e sorri quando ouvi um gemido sair por entre o beijo. Trocamos mais uma vez de posição e não demorei a me sentar de novo em suas pernas e arrancar a sua boxer que mal cabia a sua excitação, beijei a base de seu pênis e depois a glande e comecei a masturbá-lo aumentando cada vez mais a velocidade, sintonizado com o aumento dos seus gemidos e quando vi que ele já ia gemer muito alto troquei a mão pela boca e ele gemeu mais alto ainda. Enfiava quase tudo na boca e tirei quando vi que ele ia gozar. Olhei com luxúria pra ele.
— Pega a minha carteira — ele ofegou.
Obedeci e tirei de lá a camisinha, abri e botei devagar em seu membro, devidamente protegido, sentei em cima dele e enfiando apenas a cabeça de seu pênis dentro de mim, ele sentou e segurou em minha cintura para me ajudar, empurrava-me pra baixo cada vez mais rápido e forte. Nossos gemidos se misturaram e apoiamos nossas testas nos ombros do outro, outra vez ele me deitou e penetrou mais forte e rápido. Podia sentir que is chegar ao clímax a qualquer momento e ele também e não demorou muito para todo o meu corpo relaxar seguido segundos depois pelo dele que se deitou em mim com a cabeça apoiada em meus seios.
— Eu te adoro — ele falou.
— Eu também — respondi e fechei os olhos.


Capítulo 6

Maravilhoso.
Essa era a única palavra que eu tinha na cabeça. Estava nas nuvens, depois da noite passada e acordar com deitado no meu colo dormindo como um anjo. Era um sonho de onde eu não queria acordar. A realidade às vezes é dura.
Fiquei pensando em como tudo tinha acontecido tão rápido. Um dia estávamos tirando as fotos, no outro estávamos indo ao meu quarto aos beijos. Sei que não me ama, pelo menos não ainda, não tem nem tempo pra isso. O tempo só foi suficiente pra que ele tivesse uma atração por mim e uma vontade de me levar pra cama, no máximo uma admiração e/ou uma leve confusão sobre os seus sentimentos, mas mal ele não me quer e nem me usar.
Pensar essas coisas foi bastante duro pra mim, mas sei que é a verdade, porque quem "conhecia" mais o outro era eu que desde muito tempo eu fui fã dele e sou até hoje e estou tão feliz de tê-lo ao meu lado que esses pensamentos ficavam longe, mas não podia me permitir sair tanto do chão e muito menos de aproveitar esse momento.
Limpei a lágrima que desceu dos meus olhos pela reflexão e sorri percebendo os primeiros sinais de que estava acordando.
— Bom dia — falei quando eu vi que ele realmente tinha acordado.
— Bom dia — ele se esticou e me deu um selinho rápido.
— Dormiu bem? — perguntei.
— Dormi cansado — ele riu e eu o acompanhei percebendo a brincadeira. — E você?
— Também — rimos mais uma vez.
Ficamos em silêncio por um tempo, apenas sentindo a respiração do outro em nossos corpos. Estava fazendo um cafuné em e ele acariciava meu braço, estava tudo tranquilo, até o celular dele tocar.
— Atende, eu vou tomar um banho rápido — ele concordou com a cabeça e levantou da cama, levantei-me em seguida pegando um muda de roupa no ármario e fui ao banheiro indo direto para o chuveiro. No box deixei aquela água morna cair em minha cabeça e aos poucos fui relaxando e vendo tudo o que tinha acontecido, decidi relaxar e aproveitar o máximo com o pois provavelmante ele iria embora hoje mesmo e eu teria que esperar até a hora de ir ao aeroporto. Lembrando de , lembrei que ele estava lá fora me esperando e sai logo do chuveiro.
Vesti o meu vestido solto leve, parecia mais uma grande blusa mas era bonito, era estilo folk, botei a minha bota e colete do mesmo estilo e sai do banheiro com a toalha enrolado no cabelo. Quando cheguei ao quarto estava vestido com sua blusa social, calça e sapato da noite anterior.
— Oi.
— Oi.
— Era o — ele falou.
— É mesmo? Não sabia que ele acordava cedo — ri.
— É meio dia, — ele riu da cara que eu fiz.
— Oh! — ri sem graça. — Não sabia.
— Mas enfim, ele me chamou pra almoçar na casa dele — ele me informou.
— Oh... — não consegui esconder meu desânimo mas tentei disfarçar — Você já tem que ir?
— Não exatamente — ele falou. — Você quer ir comigo?
Pisquei algumas vezes e pensei um pouco e falei:
— Você quer mesmo que eu vá ou está me convidando por educação?
— Eu quero que você vá, mas se você não quiser ir tudo bem, eu entendo — ele falou deixando o clima ainda mais tenso.
— Não é isso, é que eu pensei que você não quisesse mais ficar aqui e não sabia como ir e me convidou pra não ficar um clima chato.
— Não, claro que não, eu poderia ter ido enquanto você estava no banho, mas eu esperei você sair para convidá-la — sorri com isso. — E outra, ficou bem feliz em saber que eu ia te convidar e disse que não era pra eu aparecer lá sozinho — rimos.
— Sendo assim eu aceito.
— Que bom, mas temos que passar lá em casa pra eu tomar banho e trocar de roupa, ok?
— Tudo bem, só vou terminar de me arrumar, ok?
— Ok, eu espero.
Voltei ao banheiro, sequei meu cabelo, maquiei-me, enfim, fiz tudo o que tinha que fazer naquele local e sai um pouco mais de dez minutos depois que entrei.
— Voltei.
No mesmo momento a porta do apartamento abriu. Por um momento me assustei, mas lembrei que a única pessoa que também tinha a chave daqui. Só podia ser ela.
Pouco tempo depois a porta do quarto se abriu.
, a gen... Ah, oi .
— Oi, erm...
— Jane — ela falou percebendo que ele não sabia seu nome, ou pelo menos não lembrava. — Sou a empresária da .
— Ah, muito prazer — Jane apenas sorriu.
— Jane, eu posso ir com o pra casa do ? Diz que sim.
Falei assim sabendo que ela odiava quando eu fazia porque ela sentia como se fosse minha mãe. "Estou muito nova pra ter parido alguém desse tamanho" ela dizia depois de alguns copos de tequila. Na verdade ela era alguns poucos anos mais velha que eu.
— E o voo?
— Eu posso deixá-la no aeroporto se quiser — sugeriu.
— É, a gente se encontra lá — eu já estava rindo da cara de Jane.
— Ok, ok. Suas malas estão prontas? — Jane perguntou.
— Aham, estão ali na parede — apontei para as três malas encostadas no canto da parede.
— Ok, mas seu prazo pra chegar lá é às cinco e meia, Cinderela — ri.
— Obrigada minha fada madrinha — dei um beijo estalado na bochecha de Jane e virei pra — Estou pronta!
— Então vamos — ele pegou a minha mão — Tchau Jane.
— Tchau Jane — me despedi.
— Tchau, divertam-se.
— Pode deixar — falei.
Ficamos esperando o elevador chegar, assim que as portas se abriram ouvimos um grito para que segurássemos o elevador pra ele. Quando essa pessoa chegou fechou a cara, porque o dono da voz era Brad, meu vizinho.
— Oi — Brad me cumprimentou ignorando totalmente.
— Oi Brad — falei um pouco sem graça com a situação.
Está certo que o Brad é um pedaço de mal caminho, estilo aqueles caras populares do colégio que todas as garotas correm atrás, mas eu estou com , não namorando e nem um compromisso mais sério nem nada, mas acho que tenho que respeitá-lo. Pelo menos eu penso assim. Brad pelo jeito não.
— Você já está indo para o aeroporto? — Brad se surpreendeu.
— Não, não, eu...
— Ela está indo almoçar comigo agora — me interrompeu e eu abanei a cabeça concordando.
Não estava pensando muito bem, sentia-me sufocada com aquele clima e com a minha posição, de um lado estava , do outro Brad. Estava me sentindo em uma batalha de titãs com dois deuses gregos. Ok, parei com delírios.
— Você vai voltar para o hotel? — Brad ignorou mais uma vez que fechou as mãos com força.
— Não, porque ela vai passar o dia inteiro comigo e não vai mais voltar aqui — respondeu mais uma vez por mim.
— É verdade, ? — ele insistia em me chamar pelo apelido com sua feição calma.
Eu apenas concordei com a cabeça. Estava muito tensa e parecia que esse elevador nunca chegaria ao térreo. Estava me sentindo uma idiota por ficar assim parada.
— Então boa viagem — ele me desejou e me deu um abraço forte e apertado, de início eu não retribui mas achei melhor fazê-lo, porém leve e superficial.
Nesse momento as portas do elevador se abriram, para meu alívio, Brad me soltou e me deu um beijo bem perto da minha boca e por reflexo desviei um pouco meu rosto.
— Tchau — ele saiu com um sorriso malicioso me deixando numa situação difícil.
Idiota! Agora ele me deixaria em maus lençóis com e ainda ia espalhar pra todo mundo se não aumentasse a história dizendo que tinha me beijado na frente do meu namorado. Idiota!
Saímos do elevador em silêncio, o rosto de estava mais sereno, mas ainda estava sério, mesmo assim ele pegou a minha mão. Paramos na frente do hotel para esperar o manobrista trazer a Linda. Não consigo ficar séria quando lembro do nome do carro de e dei um sorriso sozinha. Assim que o carro parou o manobrista abriu a porta pra mim enquanto entrava no outro lado.
— Abusado esse seu amigo, não? — falou depois de um tempo dirigindo.
— É, até demais pro meu gosto — reclamei fazendo uma careta ao lembrar o que Brad tinha feito.
— Por que então você fez amizade com ele? — ele perguntou mais intrigado que com raiva.
— Eu não fiz, quer dizer, a gente se falou uma vez, aquela vez, mas só isso, nada mais do que um cornversa rápida e simples.
— Ele é realmente abusado — ele falou mais pra si que pra mim mas mesmo assim eu ri.
No carro fomos conversando, quem olhasse pensaria que nos conhecíamos há bastante tempo. De vez em quando tinha algumas piadinhas um pouco mais íntimas.
— Chegamos — anunciou ao parar na frente de uma casa linda e moderna.
— Uau! — exclamei saindo do carro.
— Você nem viu dentro — ele me deu um selinho e me puxou pela mão pelo caminho de pedras até a porta de entrada.
A sala era decorada com paredes brancas, móveis pretos ou bastante escuros e alguns objetivos vermelho. Era uma sala totalmente masculina pra mim, mas não deixava de ser linda.
— E então? — ele me perguntou.
— Uau! Impressionante.
— Eu vou subir para o quarto tomar banho, você quer vir junto? — ele perguntou malicioso.
— Claro — igualmente.
Subimos as escadas para o segundo andar pouco mobiliado, provavelmente próprio para festas, não sei. Na última e terceira à esquerda porta ele entrou e eu fui atrás. Era o quarto dele. A porta ficava no fim do quarto e na mesma direção tinha outra, provavelmente a do banheiro. No meio do quarto havia uma parede e na frente dela um móvel com uma TV led, uma porção de dvd's e cd's e fotos da vida dele. Tinham outars coisas é claro, mas não prestei atenção.
— Vou tomar um banho, ok? — ele perguntou retoricamente mas confirmei com a cabeça.
Fui direto ao móvel com dvd's, cd's e fotos, mais especificamente nas fotos. A maioria era com os amigos, tinham algumas dele criança que eram tão fofas que eu não pude deixar de soltar um "own!". Com os amigos eram as mais engraçadas, peguei-me rindo várias vezes, ou eram pelas caretas, ou pelas posições. Peguei um porta retrato com uma foto em que tinha mais ou menos 10 anos, e era particularmente simples e normal, mas eu achei tão fofa e linda, não sei. Enfim, peguei-o e levei comigo até a cama e sentei nela com as costas apoiadas na parede amaciado com o travesseiro.
Não sei por quanto fiquei olhando a foto com um sorriso que poderia até ser classificado como orgulhoso, só desviei quando me acordou do transe perguntando o que eu tanto olhava para aquela foto.
— Não sei exatamente, só sei que me apaixonei por essa foto — respondi com simplicidade.
— Você se apaixonou por essa foto mais do que por mim agora? — ele perguntou maliciosamente sentando perigosamente perto de mim.
— Ah, com certeza sim. Se eu visse esse menininho agora eu daria um abraço bem forte e um beijo bem estalado na bochecha dele — brinquei.
— Se você faria tudo isso com esse menininho, o que você faria com ele já crescido? — ele perguntou tão malicioso quanto antes, ou até mais, minha razão ficou temporariamente abalada com aquelas palavras sussurradas no meu ouvido.
— Não sei exatamente, talvez qualquer coisa que ele quisesse — sussurrei de olhos fechados e sorriso safado no rosto.
— Ah é? — ele perguntou me deitando aos poucos na cama.
— Aham — falei abraçando seu pescoço trazendo-o pra baixo junto comigo.
— Ah é? — ele repetiu beijando meu pescoço.
Balancei a cabeça sem ter a capacidade de fazer mais do que isso. Os beijos de subiram até minha boca apressadamente e logo a língua dele pediu passagem facilmente concedida. O beijo ficava quente e cheio de luxúria por ambos os lados, minhas mãos passeavam pelas costas de , arranhando-a por cima da blusa que já estava no meio da costa, em compensação as mãos de já havia passado pelo lado do meu corpo, pela cintura enfim elas pararam, uma em minha minha coxa, apertando-a sensualmente e me fazendo expirar fortemente, e outra em meus cabelos, às vezes os puxando também.
já estava em cima de mim, a mão dele que estava em minha coxa e levantava meu vestido, eu já tinha tirado a sua blusa e minhas unhas arranhavam lentamente seu peitoral musculoso e totalmente gostoso fazendo com que os pelos do corpo de se arrepiassem.
— O que é que esse menininho crescido quer que eu faça? — sussurrei com a minha voz já rouca sentando no colo dele.
— Tudo — foi o que ele disse antes de tirar meu vestido que já estava desabotoado o suficiente para passá-lo facilmente pela minha cabeça e me virando para ficar embaixo dele.
Menos de um segundo depois, seus lábios estavam em meu colo, beijando furiosamente enquanto suas mãos massageavam meus seios por cima do sutiã fazendo boa parte da minha sanidade evaporar como uma poça d'água em um dia de verão forte. Levei minhas mãos rapidamente para o cós da calça e ele gemeu de susto, o que me fez sorrir, no segundo depois abri o botão e abri o zíper sentindo sua ereção por baixo da boxer, voltei ao cós e brinquei, desci a calca lentamente aproveitando para sentir cada centímetro da sua pele, quando chegou o lugar onde minha mão não podia mais chegar ele empurrou a calça pra baixo com os pés chutando-a para longe. Ele voltou a beijar meu colo mas suas mãos tatearam minhas costas para achar o feixo do sutiã que logo foi fazer companhia com as outras roupas no chão. aproveitou a nudez de meus seios e começou a chupá-los prazerosamente tirando gemidos de minha boca, os beijos foram descendo por meu tronco passando direto para a parte interior de minha coxa me fazendo arquear a costa e gemer mais alto. Depois de um tempo naquele local, ele subiu para minha virilha e tocou minha intimidade ainda por cima da calcinha. Podia sentir as gotas de suor correndo em minha nuca. Podia sentir-me molhada. Sabia que todo o trabalho que eu tive com a maquiagem e o cabelo tinha sido em vão, provavelmente estavam um caos, mas isso era o que menis me preocupava naquele momento. As mãos de estavam na barra da minha calcinha, foi quando eu percebi que só eu estava tendo prazer absoluto. Com as minhas pernas em volta de seu tronco rodei na cama, trocando de posição com .
— Adoro essas ações repentinas — ele sorriu safado e eu retribui o sorriso do mesmo jeito.
Comecei a beijar o pescoço de agressivamente e ele respondia com sua respiração pesada. Passei algum tempo naquela região, tempo suficiente para marcá-la, desci para seu peitoral vermelho de meus arranhões e mordi levemente seu mamilo, olhei para que tinha os olhos fechados e a boca apertada de tanto prazer. Fui traçando uma trilha torta de beijos pela sua barriga até o começo de sua boxer, ele agarrou meus cabelos desesperadamente e eu o olhei com os olhos cheios de luxúria, sentei-me em suas pernas apoiando meu peso nas minhas canelas para não prender o sangue de , mas não significa dizer que suas pernas estavam soltas, pelo contrário. Fui baixando a cueca dos lados sem que descobrisse seu membro completamente ereto. Passei meu dedo desde seu peito até o seu pênis, tirando totalmente a boxer. Com uma mão fazia carinho em sua coxa e com a outra comecei a masturbá-lo lentamente fazendo com que ele reclamasse pedindo mais. Aos poucos fui acelerando os meus movimentos na proporção que os gemidos dele aumentavam, quando cheguei na velocidade máxima de minha mão e os gemidos quase sem intervalo beijei a glânde do membro de que quase gritou, continuei os movimentos de antes mas agora com a boca. não aguentou mais ficar sentado e se sentou entranhando seus dedos em meus cabelos, me ajudando a dar prazer a ele.
— Não vou aguentar, — ele falou ofegante.
Entendi seu recado e tirei minha boca de seu sexo. me puxou pela cintura e trocou de posição comigo e antes que que pudesse decifrar seus olhos brilhantes ele me penetrou com força suficiente para eu gritar, seus movimentos não reduziram em nada, eu não conseguia controlar meus sons. me puxou para que eu sentasse e me ajudou a fazer os movimentos de subir e descer, com meu corpo em cima do dele, segurando minha cintura. Estávamos em sintonia, nossas respirações pesadas, nossos gemidos estávam cada vez mais altos e nossos corpos estavam tensos, os movimentos de vai-e-vem rápido nos davam um prazer imenso, poucos segundos depois cheguei ao orgasmo mas me mantive rígida para que chegasse ao seu, mas não demorou muito para que seus músculos relaxassem e ele gozar dentro de mim. Ele se retirou de mim e me abraçou deitando-nos me botando por cima.
Ficamos deitados esperando nossas respiração voltarem ao normal. O porta—retrato tinha caído no chão com toda aquela agitação. Sorri sem saber exatamente porquê, nem precisava, estava mais feliz que nunca.
— E agora? Ainda preferes o menininho? — perguntou maroto.
Virei-me de frente para ele, ficando de bruços em cima dele, e fingi pensar sobre o assunto.
— Hm... O menininho é adorável, fofo e lindinho, exatamente como eu queria que meu filho fosse, mas só isso. — pareceu não entender o que eu falei, então completei — Eu prefiro esse meninão aqui — falei acariciando o colo de .
Ele apenas riu e me beijou, mas o beijo foi interrompido pelo celular de que tocou.
— Ah, eu não quero levantar — ele falou mole.
— Atende, pode ser importante — falei me levantando de cima dele.
Um pouco contrariado ele levantou e atendeu o telefone e depois botou no viva voz enquanto ele procurava suas roupas.
— DUDE, ONDE VOCÊ ESTÁ? — ouvi a voz de gritando no telefone.
Foi quando eu lembrei que tínhamos de ir à casa do , então me levantei também e comecei a vestir as minhas roupas.
— Estou aqui em casa — respondeu.
— Ainda?!? Dude já está todo mundo aqui! — reclamou. — Espero que você traga a junto, se não vais sofrer aqui.
— Ela está comigo aqui.
— Ah seu safadinho! Quer dizer que o senhor está dando uns pegas na modelo, hein? — ele perguntou rindo deixando e eu sem graças.
... — falou de olhos fechados. — Está no viva voz.
Por um momento ficou tudo em silêncio, pensei que tinha desligado o celular. Estava quase indo para o banheiro tentar ajeitar o estrago que estava o meu cabelo quando escutei de novo uma voz baixa no telefone.
— Foi mal. Oi !
— Oi , tudo bem? — perguntei tentando mudar aquele clima tenso.
— Tudo, eu devo estar totalmente vermelho mas está tudo bem — ele riu e nós também.
— Relaxa... — eu ia dizer que ele não era o único mas achei que isso não iria quebrar a tensão. — A gente já está indo, ok?
— Sem problema.
— Estou indo ao banheiro — sussurrei para que já estava pronto, ele balançou a cabeça afirmativamente e tirou o celular do viva voz.
— Ok , agora só eu te escuto — foi o que eu ouvi depois que eu fechei a porta do banheiro para dar mais privacidade a .
Tinha certeza de que ia reclamar com ele por me deixar ouvir o que ele disse, lembrando-me disso comecei a rir baixinho sozinha.
O banheiro era particularmente grande com tons azuis. Era bem bonito. Peguei uma escova que tinha em cima da bancada da pia e comecei a pentear meus cabelos, desfazendo os nós provocados com toda aquela agitação. Depois que o meu cabelo estava apresentável, lavei o rosto tirando toda a maquiagem, iria com o rosto limpo, minha pele estava mais bonita do que nunca. Reparei que em meu pescoço tinham algumas marcas vermelhas, mais para rosa que para o vermelho propriamente dito. Olhei pela última vez meu reflexo e me dirigi de volta ao quarto. Encontrei sentado na cama terminando de calçar o tênis.
— Pronta? — ele perguntou se levantando.
— Pronta!
— Então vamos — ele falou pegando a minha mão. — Antes que o ligue de novo.

Capítulo 7

— Finalmente meus caros! — nos recepcionou ao abrir a porta da sua casa.
— Antes tarde do que nunca! — falou e todos nós rimos concordando.
— Entrem! 'Tá todo mundo lá atrás.
afastou da porta deixando espaço para e eu passarmos de mãos dadas. A casa do era parecida com a de , com algumas diferenças é claro, a sala do por exemplo, tinha tons pastéis. Passamos pela cozinha branca e laranja até o quintal onde estava tendo o churrasco.
! — gritou e veio ao nosso encontro. — Fala dude! — bateu no ombro de .
— Oi ! Tudo bem? — falei rindo.
— Tudo e você? 'Tá com fome? Se você não quiser churrasco tem salada, sem problema — foi se apressando em dizer.
— Não , que isso? Vou comer churrasco sim! Não se preocupe, eu estou liberada pra comer hoje — informei.
— Ótimo! Então venha por aqui — me guiou pelo braço para o fim do jardim onde estavam as mesas, churrasco e o resto das pessoas, e a .
— Oi levantou e me deu um abraço.
— Oi .
— Senta aqui!
Sentei do lado da e na minha frente estava que também me cumprimentou e do lado dele .
— Isso, tudo bem! Não tem nenhum problema de me abandonarem — reclamou.
— Own! Senta aqui do meu lado — falei puxando para sentar na cadeira vazia do meu lado e abraçando-o. — Eu não te abandono mais — brinquei apertando as bochechas dele e ele me deu um selinho.
— Que fofinho vocês dois! — falou fazendo uma cara típica de quando as pessoas fazem quando um bebê faz alguma gracinha.
— Afinal de contas, vocês estão namorando ou só se pegando aí? — perguntou na hora que chegou com uma bandeja de carne crua.
— Não fala isso, seu idiota! — ele deu um tapa na nuca dele.
— O quê? Eu quero saber! — falou confuso.
— Relaxa ! Nós só estamos juntos enquanto eu estver aqui, ou seja, até hoje.
— Por quê? Vocês estão tão bonitinhos juntos — perguntou e apertou minha mão carinhosamente por baixo da mesa.
— Não dá pra ficarmos juntos, eu vou passar muito tempo no Brasil, então não adianta começar uma coisa e terminar dias depois! — falei tentando parecer racional e sem dor.
— A gente está bem assim — falou.
— Mas quem sabe um dia... — insistiu.
— É, quem sabe? — Concordei.
— Vocês querem picanha? — perguntou.
Todos concordaram.
O churrasco prosseguiu bem, preparando as carnes e o resto ficou sentado e esperando o prato chegar à mesa conversando, rindo e tirando uns com os outros. Até eu entrei na brincadeira! Avacalhei e fui avacalhada. Claro que não ficou só trabalhando, ele entrava na baderna lá da churrasqueira. Lá pelas três e meia todos estavam completamente satisfeitos e jogados na cadeira, além de alguns de nós estarmos bêbados, digo, os meninos, mas o nem tanto porque ele tinha que me deixar no aeroporto. Estávamos conversando quando derramou a cerveja que ele estava tomando no meu vestido, só que não caiu em todo porque eu me mexi rápido pra só molhar a barra esquerda dele.
— Desculpa , foi sem querer — falou se levantando junto comigo.
— Não tem problema, só tenho que ir ao banheiro antes que seque.
— Eu te levo lá — se ofereceu.
— Hm... Seu safadinho! Não demora! — falou muito bêbado.
— Você está tão bêbado que nem vai perceber se eu voltar ou não — tirou com a cara dele.
— É verdade! Aproveita então — todos riram.
— Vamos foi me guiando.
Entramos na casa fazendo o caminho inverso da entrada, na sala de estar subimos a escada para o segundo andar e andamos pelo corredor até a segunda porta à esquerda.
— Aqui — abriu a porta para eu passar e logo em seguida fechou-a — Privacidade pra você — justificou.
Concordei com a cabeça e levantei a barra do vestido até a altura da bancada da pia, fazendo-me ficar descoberta da cintura pra baixo. Olhei pra e ele me olhava com desejo.
— O que foi? — perguntei.
— Nada, só estou olhando — ele riu.
Continuei tentando tirar a mancha de bebida, não estava forte, mas o cheiro não saía. Passei litros de água no tecido para sair tudo, quando o cheiro era quase nulo achei que devia parar, não conseguiria coisa melhor do que eu tinha feito. Peguei uma toalha que estava exposta lá e pressionei contra a parte molhada do meu vestido para secá-lo.
— Ah, mas que droga! Seca! — falava com meu vestido.
— Não adianta falar — falou ao pé do meu ouvido me abraçando pela cintura.
— Eu sei que não — falei com um pouco de dificuldade, aquela proximidade não me deixava racional — mas eu tenho que tentar.
— Eu sei de outro modo de secá-lo — ele sussurrou em meu ouvido e aproximou mais nossos corpos deixando aquele perfume masculino ser percebido por meu olfato, entorpecendo-me.
— Como? — falei sem nem pensar.
Ele concordou com a cabeça atrás de mim, deixando-me perceber através do seu nariz roçando em meu pescoço. Fechei meus olhos e entrelacei nossas mãos e tirou meu cabelo do pescoço para continuar traçando caminhos por aquele local, ora com o nariz, ora com a boca provocando arrepios por todo o meu corpo. Levei minha mão aos cabelos dele e puxei-os, ele sabia que eu estava me entregando a ele mais uma vez no dia.
Ele me virou de frente pra ele, andou um pouco até a parede, imprensando-me, e iniciou um beijo urgente e selvagem. As mãos dele passeavam pelo meu quadril levantando mais uma vez o vestido, enquanto as minhas passeavam por um caminho já conhecido por mim: cabelo, nuca, costas e peito. Passava a unha sem nenhuma dó. Logo aquela blusa dele começou a me incomodar, tirei em um segundo agressivamente separando o beijo. Aproveitei a deixa e beijei aquele pescoço deliciosamente perfumado de um jeito que marcaria, queria que ele olhasse pro pescoço dele e ao ver as marcas, lembrasse de mim. Sentia meu vestido subir e tive que interromper o beijo para que passasse a roupa pela minha cabeça.
— Não faz nada, eu quero te dar a minha despedida — ele falou com os lábios vermelhos.
— Por quê? Eu também quero dar a minha despedida! — exigi entrelaçando meus braços no lindo pescoço dele e arranhando a sua nuca.
— Você já me deu. Lá em casa. Agora é minha vez.
Eu ia retrucar, mas achei que não era o momento, mas também a adrenalina de ser pega no banheiro do transando com me fez querer esquecer qualquer condição. O medo deu um toque a mais a, como posso dizer? Relação.
puxou minhas coxas pra cima e eu entrelacei minhas pernas na cintura dele. Foi a vez dele de beijar meu pescoço. Meu ponto fraco. Logo de começo já estava suspirando e tendo dificuldades de respirar corretamente, talvez os beijos tenham tido um efeito duas vezes melhor por causa do medo como eu já tinha percebido antes, eu estava excitada só com o medo de ser pega, imagina com o fazendo essas coisas.
Estava me sentindo uma adolescente na casa dos pais tentando transar com o namorado enquanto tem uma festa no andar de baixo. Não estava muito longe disso, mas também não estava perto.
empurrou os objetos da bancada para o lado sem derrubar um sequer no chão, no espaço livre ele me sentou e desceu os beijos para o colo, distribuindo beijos por toda aquela região, ele massageava meu seio com uma mão e com a outra abria o meu sutiã. Antes que minha lingerie caísse ao chão, os lábios de já estavam no local que acabara de ficar descoberto fazendo movimentos tão prazerosos com a língua que me fez arquear a cabeça para trás.
Eu sussurrava o nome dele e coisas para incentivá-lo, além de minhas mãos embrenhada nos cabelos de , ora puxando, ora fazendo cafuné. Os beijos nos seios não demoraram muito, pelo menos não pra mim, logo foram descendo por minha barriga. Eu sabia o que ia por vir e me arrepiei por causa disso. arranhava minha coxa com suas unhas pequenas, começando no joelho e indo cada vez mais longe até chegar à barra da minha calcinha. Um gemido de susto e prazer ao mesmo tempo.
— Se prepare pra minha despedida — falou com um sorriso safado.
— Ainda não tinha começado? — perguntei levantando a cabeça e abrindo os olhos pela primeira vez desde que ele começara a me torturar.
— Não!
Todos o movimentos de haviam sido lentos, de fato me torturando, e isso não mudou quando ele foi tirando minha roupa íntima. Leventei um pouco da bancada apoiada com as mãos pra que a minha calcinha passasse por minhas pernas.
olhou pra mim com luxúria, um olhar que me arrepiava toda, era um rosto sacana de quem tem algo pra aprontar. Ele me beijou enquanto suas mãos apertavam minhas coxas fortemente me arrancando suspiros, seus dedos ágeis acariciavam minha virilha.
, por favor... — pedi e ele sorriu.
Seus polegares passaram a acariciar os grandes lábios da minha intimidade levemente, ele me deu um selinho na boca e foi descendo pelo pescoço, colo, entre seios e numa linha reta pela barriga e depois um intervalo, quando o olhei para saber o que estava errado, deu o último selinho exatamente onde toda mulher sente prazer me fazendo jogar a cabeça pra trás de surpresa. Um sorriso satisfeito brotou nos lábios de e nos meus também. Os beijos continuaram naquela região e meus gemidos ficavam cada vez mais altos, até que a língua dele começou a explorar a minha intimidade, eu não consegui controlar meu grito mas tapei a boca a tempo de abafá-lo.
Os movimentos circulares que fazia em meu clitóris me tiravam a sanidade, não sentia mais nada além do prazer, eu só sabia que não podia gritar, mas não lembrava o por quê. parou de me beijar e voltou a me acariciar do começo ao fim do meu órgão e sem aviso prévio ele penetrou um dedo na minha vagina.
Eu já estava suando e meu corpo estava entorpecido, mesmo tentando controlar, meus gemidos estavam perfeitamente auditíveis. me penetrava cada vez mais forte e acrescentando mais um dedo, até estar com três dentro de mim. A velocidade dos dedos dele eram extremas, eu estava delirando na bancada e esquecendo do lugar onde estava, eu estava quase gritando. Meu corpo estava mais tenso do que nunca e sabia disso, eu não aguentava mais. Quando pensei que nunca ia chegar, meu corpo relaxou e subiu selando nossas bocas. O orgasmo finalmente tinha chegado, pela segunda vez.
Ficamos abraçados no banheiro esperando nossos batimentos ficarem normais, mais os meus do que os dele. Continuei sentada na pia desde que me botou lá e ele estava entre minhas pernas, agora fracas e trêmulas. Encaxei meu rosto na curva do pescoço dele e o dele no meu e de vez em quando distribuíamos beijos naquela região, meus braços estavam em volta do pescoço dele, me sustentando, e os dele em volta da minha cintura. Ficamos assim por muito tempo, tempo que eu não contei. Ficamos apenas nos sentindo, percebendo um ao outro. Apesar de não nos conhecermos muito, adquirimos uma afeição muito grande e inexplicável, acho que poderemos ser no mínimo grandes amigos. Eu ficava bem ao lado dele.
— Muito obrigada — falei beijando o rosto dele.
— De nada. Eu também gostei muito disso — ele sorriu safado. — Eu vi o meu poder! — rimos.
Ficamos mais um tempo calados. Eu acariciava a bochecha dele enquanto ele fazia carinho em minha cintura.
— Que horas são?
— Quatro e dez — me informou depois de olhar em seu relógio de pulso.
— A gente tem que estar no aeroporto cinco e meia e aqui é longe do aeroporto! — falei desesperada descendo da bancada e vestindo as minhas roupas íntimas.
— Calma ! 'Tá comigo 'tá com Deus — ele falou e eu ri ainda me vestindo.
— Tudo bem BFF do cara lá de cima, mas os carros não vão abrir caminho pra ti como no Todo Poderoso, ou seja, a gente vai se atrasar.
— Credo! Parece que você está doida pra ir embora! — fingiu estar ofendido e sentou no sanitário, claro que com a tampa abaixada.
— Own seu fofo — sentei no colo dele — É claro que não, mas é que eu tenho horário.
— Adia a tua ida — ele pediu.
— Não posso. Eu tenho que voltar pra faculdade.
— Tudo bem... — levantamos — vamos nos despedir do pessoal.
vestiu sua blusa enquanto eu dava um jeito no meu cabelo e rosto, terminando, entrelacei minhas mãos com as de e voltamos para o quintal.
— Que rapidinha mais demorada, hein? — nos recepcionou me deixando um pouco envergonhada.
— Vai procurar o que fazer, ! — defendeu.
— Eu vou mesmo! Logo que eu sair daqui — ele rebateu.
— Você está tão bêbado que você vai dormir antes de sair pela porta da frente — zoou e todo mundo riu da cara do , menos ele, claro.
— Dude, a gente só está passando aqui pra se despedir — anunciou.
— Vocês acabaram de dar uma rapidinha, dude! Que fogo, hein? — falou surpreso levando todos ao riso de novo.
— Não seu besta! A já vai voltar pro Brasil — deu um tapa na nuca do .
— Ah não ! A gente nem se conheceu direito — se levantou e me deu um abraço.
— Own ! A gente se fala pela internet — falei.
— Ok ! Então me dá o teu twitter e e-mail — me soltou e pegou um caderninho e uma caneta da bolsa e eu anotei meus dados. — Depois eu passo pro pessoal aqui, ok?
— Claro, claro. Assim facilita meu trabalho — sorri.
Mesmo dizendo que tinha que ir para o aeroporto, a gente só chegou no carro um pouco mais de quatro e meia. A despedida foi um pouco mais difícil do que eu imaginei. Eu os conheci em uma noite e uma tarde, mas eles são tão legais, é tão engraçado ficar com eles. Vou sentir saudade.
O caminho para o aeroporto estava um pouco engarrafado, mas, como não eram ainda cinco horas, a hora de maior fluxo, dava para chegar a tempo. Chegamos às cinco e quinze no tão esperado e repelido aeroporto, estacionou e me guiou até o hall do local.
— Onde será que a Jane está? — perguntei.
— Você já quer ir? — ele perguntou fazendo bico.
— Claro que não! Ela disse pra chegar aqui daqui a quinze minutos...
— Treze — ele interrompeu.
— Que seja, enquanto não chegar, a gente fica por aqui até dar o tempo, mas perto dela, se não eu perco o voo.
— Tudo bem, vamos — dei um selinho nele em agradecimento.
— Obrigada — sorri e ele apenas sorriu de volta.
— Acho que eles estão perto da área de embarque no segundo andar — falou quando estávamos chegando na escada rolante.
Depois de andar um pouco pelo imenso aeroporto, encontramos Jane sentada em uma cadeira com Peter, o motorista, ele ia ficar em Londres, então seria somente Jane e eu.
— Já? — Jane perguntou em relação a entrar logo na sala de espera ou não.
— Ainda não.
— Ok, mais quinze minutos e entramos, ok? — concordei com a cabeça.
Procuramos um lugar ali perto, o que era difícil, porque o aeroporto estava lotado, mas conseguimos achar um lugar perto onde estava Jane. Sentei no colo de por não ter opção.
— Obrigada por tudo, viu? Diverti-me muito com você — falei acariciando o rosto dele.
— Eu também, principalmente as partes em que não tinham ninguém — ele riu e eu dei um tapa no braço dele rindo também — mas falando sério, eu gostei muito mesmo. Espero não perder o contato viu dona ? — ele bateu com a ponta do dedo na ponta do meu nnariz.
— Nem vai. Você já tem meus contatos com a , então...
— Pode deixar.
Um silêncio um pouco constrangedor se instalou em nossa volta e ficamos só nos olhando e nos acariciando, não tínhamos o que falar, não sabíamos o que falar. Eu não queria realmente voltar, mas eu tinha, podia ver que a ideia de eu estar indo embora também não era uma das mais atraentes para , pode até ser que ele só fique com saudade das nossas "brincadeiras" se é que me entende, mas já era alguma coisa. Sem aguentar mais um segundo nesse silêncio, selei nossas bocas, dando o último beijo antes de viajar. Um beijo explorador, pra mim era um beijo para memorizar toda a região, para eu nunca mais esquecer e lembrar que isso foi real e não um sonho meu de quando eu era adolescente. Algum tempo depois nos separamos e eu sorri para ele um pouco forçado e me levantei sendo acompanhada por ele.
— Obrigada pela ficada — agradeci mais uma vez.
— De nada — ele me deu um abraço apertado e por fim o selinho.
Entrelaçamos nossas mãos e seguimos em direção a Jane.
A cada passo que eu dava sentia um aperto no coração, nunca fui boa em despedidas, ainda mais quando era alguém que eu gostava. Não podia dizer que e eu nos conhecíamos bem mas podia dizer que ele é o meu ídolo, o cara por quem eu sou fã e finalmente o conheci. Pensando assim me senti uma menina normal como qualquer outra, não a , a top model. Aquilo me fez um pouco melhor.
— É isso — falou.
— É, tenho que ir — falei olhando pro chão.
Por mais que meus olhos estivessem ardendo, nenhuma lágrima queria descer, meu rosto estava limpo e normal, tirando uma linha fina e com as pontas em direção ao chão, que antes ficava o meu sorriso alegre.
Demos um último selinho, ainda de mãos dadas e enfim nos separamos. Segui em direção à fila para o detector de metais, olhei mais uma vez para trás e o vi acenando para mim, retribuí e segui para dentro da sala de espera.
Enfim estava saindo de Londres.

Capítulo 8 (ponham essa música pra carregar e só soltem ao meu sinal)

Londres, Londres.
Dois anos se passaram desde a última vez que eu falei com e desde então o contato se restringiu em apenas em alguns poucos e raros tweets, mais por minha falta de tempo que outra coisa. Acabei terminando a minha faculdade completamente satisfeita por fazer o que eu queria, agora sou formada em medicina! Mas não deu tempo de fazer nada além de concluir o curso, porque depois voltei ao trabalho e me entreguei a ele, sem nem ter tempo suficiente pra mim, tinha que cumprir todos os meus compromissos que deixei pra depois por conta do break, rodei o mundo inteiro em oito meses trabalhando direto e sem parar, foi aí que a idéia de arranjar um emprego que me deixasse em um lugar só por mais de uma semana, por exemplo, entrou na minha cabeça, que fez com que a proposta da MTV caísse como uma luva na minha situação. Fui chamada pra trabalhar como apresentadora do programa Shout out Loud, um programa que fala das atualidades do mundo artístico com algumas entrevistas e shows. E assim acabei em Londres, onde aceitei trabalhar na MTV, vivendo direto em um mesmo lugar há três meses.
A recepção, tanto do pessoal do estúdio quanto dos londrinos, foi muito boa, pensei que por ser estrangeira eles pudessem ser mais receosos comigo, mas não, até agora não tive problemas.
No entanto, na última semana fiquei doente, com enjoos e dores de cabeça por causa de uma infecção alimentar, por isso tive que me afastar por quatro dias. Jane, a exagerada, me mandou direto pro médico, mas ele me mandou de volta pra casa e ela não me deixou voltar a trabalhar.
- Sua saúde primeiro – ela me disse.
Parecia mais minha mãe. Por falar nela, recebi uma bronca por não me alimentar direito. Eu mereço. Tava lutando contra meu estômago e ela briga comigo! Quando eu disse que eu fazia de tudo pra não vomitar porque a sensação que isso dá é terrível pra mim e quando o meu estômago rejeita o que ta lá dentro, eu rejeito botar pra fora, mais outra reclamação. Fazer o que, é mãe, né?
No dia em que eu voltei pro estúdio estava feliz da vida, não agüentava mais ficar só em casa. Cumprimentei todos que passavam na minha frente, até quem eu nunca havia visto antes. Aquele lugar tinha virado minha segunda casa, mas era patético como eu tava sentindo tanta saudade de lá e finalmente cheguei ao camarim e me senti mais em casa ainda.
- Oi, Kate – cumprimentei a maquiadora do programa.
- Oi, , o que vai ter hoje no programa?
- Hm... Sabe que eu não sei? – ri – Daqui a pouco eu pego o roteiro. Essa infecção me afastou completamente daqui, não sei nem o que passa por aqui! – ri.
- Seus fãs mandaram um monte de flores e bichos de pelúcia pela sua melhora. – Kate apontou com a cabeça para um canto da sala.
- Own, que lindos. – olhei meus presentes – Quando acabar o programa vou precisar de ajuda.
- Pode deixar. – ela riu.
- . – Jane entrou no camarim – Aqui está o roteiro de hoje, se quiser podes dizer que estás mal ainda.
- Dizer o quê? Não, claro que não. Por que diria isso? – perguntei confusa.
- Vê o script do programa. – foi só o que ela disse antes de ir para um canto da sala e me olhar estranho.
Comecei a ficar desconfiada, a Jane me mandando faltar trabalho, justo a Jane! Comecei a folhear o roteiro sem nem entender essa reação da minha agente. Tava tudo normal! Clipes, músicas novas, lançamentos de cd’s, tudo normal, até que eu finalmente vi a entrevista. Olhei pra Jane com um olhar tipo “tem certeza de que é isso mesmo?" e ela só fez dar os ombros.

~*~*~* Flashback on – Um ano antes ~*~*~*

Mais um dia estressante de faculdade com milhares de coisa pra fazer que me fazem chegar exausta em casa. Tirei as chaves do apartamento de dentro da minha lotada bolsa depois de bons minutos desesperadores em frente à porta.
- Lar, doce lar! – me joguei no sofá da sala e fechei os olhos por alguns minutos.
Mesmo querendo ficar no sofá por tempo indeterminado, meu estômago roncador me obrigou a levantar e procurar algo para satisfazê-lo, mas minha preguiça não me possibilitou fazer nada além de ligar pra comida chinesa e até esperar ela chegar fui para o laptop checar meus e-mails. O primeiro era da Jane e dizia ser importante.

É melhor você ver isso logo

Era só o que dizia além do anexo o qual abri rapidamente e se tratava de um artigo em uma revista de fofoca de Londres. Meu coração começou a acelerar, mas continuei a ler o que Jane havia me mandado.

A new crush on

Recentemente o baterista da banda McFly teve um pequeno e passageiro romance com a top model , que deu uma parada em seus trabalhos para concluir a faculdade, mas esse envolvimento pelo visto não deu nem um pouco certo! Nessa semana, nosso galã foi visto trocando, entre outras coisas, muitas carícias com uma nova companhia. Não sabemos ainda o nome da felizarda, muito menos se sabe disso, mas em breve teremos as respostas.

(n/a: podem botar)

Uma irritação misturada com tristeza subiu pela minha garganta. Vi meu sonho adolescente se despedaçar a cada palavra que eu lia. Não sei por que, mas eu havia alimentado uma esperança de que depois que eu acabasse tudo aqui no Brasil, eu voltaria para Londres e nós ficaríamos juntos. Tola. Isso que eu sou, no mínimo. Desliguei o notebook sem cuidado algum, com as memórias daquela semana remoendo em minha cabeça, me torturando como se eu estivesse implorando por elas.
Era óbvio que ele não ia esperar por tanto tempo, mas eu não estava preparada para aquela verdade. Meu estômago continuava se manifestando, só que não era mais por fome. No momento que eu percebi isso, o interfone tocou.
Era a comida da qual eu não precisava mais, mesmo assim atendi o motoboy e a entrega que ele me deu foi direto pra geladeira. Eu só precisava de um banho seguido por horas de sono e no outro dia negar pra Jane que fiquei abalada com isso porque eu realmente não podia ficar. E eu segui meu plano.

~*~*~ Flashback off ~*~*~*

Engoli em seco e disfarçadamente e respondi à Jane:
- Pode mandar preparar a minha roupa, vou falar com Emily.

You fall away from your past
(Você desapareceu do seu passado)
But it's following you now
(Mas isto está te seguindo agora)
You fall away from your past
(Você desapareceu do seu passado)
But it's following you
(Mas isto está te seguindo agora)

You left something undone, it's now your rerun
(Você deixou algo não terminado, agora é sua reprise)
It's the one you can't erase
(É aquela que você não consegue apagar)
You should have made it right, so you wouldn't have to fight
(Você devia ter feito do jeito certo, então você não teria que lutar)

Levantei-me e sai do camarim sem me importar realmente se Kate ainda estava me arrumando ou não, as lembranças simplesmente me cegaram. Passei tanto tempo ignorando-as sem nem ao menos tentar superá-las que agora, tendo de reviver e ver novamente, elas vieram à tona e numa intensidade muito superior a que eu conseguia suportar. Entrei no primeiro banheiro que vi, as pessoas não podiam me ver assim. Assim que a porta estava devidamente trancada sentei-me no balcão a fim de encontrar mais apoio, fechei meus olhos e procurei na memória todas as técnicas de relaxamento que eu conhecia, a que mais dava certo era a de respirar fundo, a que eu fiz.
Não sabia como encarar aquilo. Sei que isso é uma tempestade em copo d’água, mas era bem maior que eu e não conseguia controlar.
Assim que consegui relaxar, saí do banheiro pra falar com Emily, eu teria que passar lá antes do programa mesmo, que fosse agora então. Emily era quem apresentava Shout out Loud comigo. Ela era totalmente descontraída e desencanada e qualquer pessoa que se aproximasse dela ficaria totalmente viciada nela, pelo menos comigo foi assim e nós somos grandes amigas agora. Bati duas vezes no camarim até ela dizer que podia entrar.
- Não estás escondendo nenhum homem aqui, né? – brinquei com apenas o rosto dentro do camarim dela.
- Shiiu, ele ta no armário! – ela riu.
Entrei e fui direto ao armário referido ver se era verdade ou não. Vendo o que eu já sabia.
- Queria ver se tivesse um de verdade aí! – ela me repreendeu.
- Eu entraria no armário e ficaria com ele lá dentro. – recebi uma almofada na cara como resposta, mas eu nem liguei porque estava rindo muito da situação.
- Por que estás aqui? – Em me cortou.
- Credo, eu estava doente, morrendo, botando tudo pra fora e quando eu me recupero, eu venho aqui, visitar a minha amiga ingrata e ela nem pergunta como eu estou. – fiz uma encenação mais do que dramática.
- Tudo bem, tudo bem, chega de drama, mas qual o motivo da sua ilustre presença no meu humilde camarim?- ela fez uma reverência extremamente exagerada.
- Agora sim ta me tratando direito. – nós rimos – To aqui só pra falar com você sobre o programa de hoje.
- Ah sim, eu vi o script de hoje, você quer mudar alguma coisa?
- Não, ta tudo bem, é que... Nada.
Claro que hesitei, não podia simplesmente ficar contando pras pessoas que o ainda me afetava desse jeito!
- Começou, agora termina! Odeio ficar curiosa! – Emily exigiu e jogou mais uma almofada em mim.
- Nada, esquece, na verdade isso que eu tenho que fazer: esquecer! – falei já sentindo aquela sensação de mais cedo voltar.
- Ok, não fica assim! Ei, não precisa me dizer não. – Em me falou muito preocupada. É, eu deveria estar um lixo!
- Tudo bem! – tentei um sorriso – Quando eu estiver mais calma eu te explico.
- É o , né? – Em me perguntou séria demais pro que ela costuma ser.
- Não, cla-claro que não, – gaguejei – Por que teria o no meio?
- Já me respondeu, agora vai.
Sabia que não tinha o que discutir, sai do camarim dela em direção ao meu, afinal, entraríamos no ar em poucos minutos e eu realmente precisava me preparar pra encontrar o .

Capítulo 9

- Tá na hora, – vieram me chamar pra apresentar o programa.
Acenei com a cabeça e respirei fundo. Faltaria só mais uma hora pra ver o McFly. Mais uma hora pra sentar em um banco na minha frente. Se eu entrasse, teria que enfrentar tudo isso. Mas já havia tomado a minha decisão! Não deixaria me vencer tão rápido, eu tinha que ser mais forte do que toda aquela situação. Sei que podia ser.
- Relaxa, . – falei baixinho pra mim mesma – Você é mais forte do que pensa.
Essa frase virou o meu mantra e fiquei repetindo isso todo o caminho por entre os camarins até o estúdio. Por falar em camarins, meu corpo ficou totalmente tenso só de cogitar a ideia de esbarrar com eles antes do combinado. Pro meu alívio, nada disso aconteceu.
O programa aconteceu conforme o planejado e, à medida que eu ia percebendo que tudo estava bem, fui me acalmando. Quase esqueci da entrevista. Quase. Até que chegou ao último comercial, o último antes da entrevista.

“O próximo bloco é a entrevista com o McFly. Vocês têm três minutos pra se prepararem e lerem as perguntas”

O diretor do programa falou no ponto. Eu sabia que já era agora, não precisava me lembrar, querido diretor. Pensei. Uma menina que trabalhava lá que eu nunca lembrava o nome nos entregou as perguntas e eu agradeci. As primeiras perguntas eram normais do tipo “Como vocês se sentem com o sucesso do novo single?” “Qual foi a inspiração pras músicas?” e coisas relacionadas à música, mas quando eu vi as últimas perguntas eu me perguntei por que diabos eu tinha aceitado aquele emprego.

Qual foi a pior experiência amorosa de vocês?

Qual foi a maior loucura que vocês fizeram por amor?

Vocês estão comprometidos?

Vocês já transaram na casa do amigo de vocês?


E as duas últimas estavam marcadas pra eu falar! Que tipo de perguntas são essas? Tudo bem que o programa passa às nove da noite, mas isso não é desculpa! Crianças veem isso! Esse diretor só pode me odiar!
Respirei fundo, afinal, precisava me acalmar porque agora não tinha jeito, nada que eu fizesse apagaria aquelas duas perguntas do papel e nem da cabeça daquele diretor filho da puta!
- Trinta segundos. – gritaram pra nós.
- , por favor, relaxa! Você está pálida e com cara de assustada. – Em observou.
- Tudo bem, to melhor. – sorri pra ela.
- É o que vamos ver.
Ajeitamo-nos enquanto a vinheta tocava.
- Estamos de volta no nosso último bloco de hoje! – Em falou, fazendo uma cara triste – Mas não significa seja o pior, porque temos uma entrevista espetacular!
- Ponha espetacular nisso, Em. – dessa vez eu falei, tirando coragem de algum lugar que eu não sabia que tinha.
- Então, que entrem os meninos do McFly! – Em gritou e a platéia foi à loucura.
Fiquei tensa. Era agora. Era agora. Era agora. Consegui disfarçar e sorrir, mas senti meu estômago despencar quando eu vi aquele corpo maravilhoso entrando. Ele só podia estar fazendo de propósito! Ele estava com uma regata, mostrando aqueles músculos de fazer perder os sentidos e o cabelo estava arrumado de um jeito que o deixava mais sexy do que nunca, além daquele sorriso. Tentava encontrar o ar que parecia ter fugido com tamanha beleza e piorou quando aqueles tão conhecidos olhos encontraram os meus. Me esforcei mais ainda pra fingir que estava tudo bem e sorri. Eu podia desmaiar a qualquer momento.
Eles se ajeitaram e sentou quase à minha frente. O universo todo tá conspirando contra mim ou é impressão minha?
- Sejam bem-vindos, rapazes. – desejei.
- Muito obrigado, . – falou me olhando com aqueles olhos penetrantes.
Isso é deboche?
A entrevista foi seguindo o seu rumo e cada vez mais eu me controlava pra parecer normal, pois não olhava pra outra coisa que não fosse eu, só quando Emily perguntava ele prestava atenção nela, mas logo voltava seus olhos pra mim. Mais rápido do que eu gostaria, chegou a vez das perguntas indiscretas aparecerem.
- Vamos para um campo mais perigoso. – Em sorriu sacana.
- Ui, adoramos perigo. – falou, fazendo uma voz fina, e todos rimos.
- É bom que gostem mesmo, porque é relacionada à vida amorosa de vocês. – eles começaram a se mexer desconfortáveis no sofá - Qual foi a pior experiência amorosa de vocês? – Emmy perguntou, sem rodeios.
- Quando eu era adolescente e fui pedir uma menina pra sair e ela me dispensou na frente de todo o colégio. – falou.
- Nossa, foi cruel! – dessa vez eu falei.
- Foi mesmo, fiquei sendo o assunto do colégio por um bom tempo! – fez uma cara tristonha que foi bastante engraçada.
- Hoje ela deve estar se remoendo por ter dito não. – falei e mais risos entraram em cena.
- Só isso? – Em instigou.
- Eu não lembro... – respondeu pensativo.
- Eu vivia levando foras quando era adolescente, eu era um loser na escola. – deu os ombros.
- Nós estamos muito boazinhas, Emmy. – falei, porque o diretor estava me mandando participar pelo ponto.
- Sei que você não é tão boazinha assim, falou com um sorriso safado que me fez virar indignada.
- Olha quem fala! é o maior heartbreaker de Londres! – ri pra amenizar o clima e fingir que aquilo tinha sido uma piada.
- Shiu, , não espalha! – ele olhou no fundo dos meus olhos.
- Tudo bem, vamos acalmar os ânimos e ser mais pessoais: Qual foi a maior loucura que vocês fizeram por amor? – Em continuou.
- Eu fiz uma música pra minha namorada. – ficou vermelho e toda a platéia fez “own” pois todo mundo sabia que música era aquela.
- A gente tinha brigado e ela foi pra casa dos pais, aí algumas horas depois de muito rodar por Londres eu dirigi pra cidade onde ela estava e fiquei gritando na porta dela que eu estava arrependido e que eu queria ter ela pra mim de novo. – riu com a lembrança.
- Meu Deus, como ele é romântico. – Em suspirou.
- Eu ia dizer o que eu fiz, mas, ouvindo, o que fiz é tão sem graça. – se lamentou.
- O que foi, ? Pode dizer, nós queremos ouvir. – sorri docemente pra ele.
- Eu só enchi de flores e balões a sala e fiz um jantar pra nós dois.
- Mas isso é lindo, ! – falei e ele sorriu tímido.
- Eu nunca fiz coisas desse tipo, nem acho que faria. – falou como se dissesse que adorava dias ensolarados.
Aquilo fez toda a minha tensão virar raiva, controlada, é claro, afinal, eu ainda estava no meu programa.
- Enfim... – respirei – Vamos à pergunta que todas as fãs querem saber: Vocês estão comprometidos?
A platéia se manifestou mais uma vez.
- Bem, o está realmente solteiro, é o único que a gente tem certeza. – falou.
- Como assim? E o resto de vocês? – Emily perguntou.
- Eu e o estamos namorando firme e forte, o é que é uma incógnita. – deu os ombros.
- Como assim, ? Explique-nos isso – foi a minha vez de sorrir sacana e me inclinar na direção dele.
Isso não pareceu afetar , pelo contrário. Ele se inclinou na minha direção e abriu um de seus sorrisos mais safados que me arrepiou só de olhar.
- Eu estou saindo com alguém, mas ainda não é sério. – ele falou calmamente olhando no fundo dos meus olhos e completou – Pode até ser que fique sério, depende de algumas circunstâncias.
Sabia que tinha um significado atrás daquelas palavras. Algo que estava subtendido e que era só pra mim. E eu entendi.
- Então é provável que isso se torne um namoro de verdade. – respondi, tentando controlar todo o asco que sentia naquele momento.
- É o que vamos ver. – ele deu um meio sorriso e voltou a se encostar no sofá.
- Vamos à pergunta mais pessoal e polêmica da noite! – Emily chamou a atenção pra si, mas meus olhos não faziam questão de desviar do rosto cínico de , nem os dele do meu – Vamos encerrar com chave de ouro, preparados?
- Sempre, – falou ainda sem tirar seu olhar de mim.
- Ui, isso é o que vamos ver! – Emmy riu – Então lá vai: Vocês já transaram na casa do amigo de vocês? – Emily fez o favor de perguntar isso por mim. Te devo uma, Emmy!
- Claro. – respondeu rapidamente – A última vez foi na casa do .
- Ew, onde foi, ? – perguntou enojado.
Agora sim todo o ar foi sugado e eu me sentia numa máquina de vácuo. O que esse idiota ia fazer? Tinha uma leve impressão de que essa vez tinha sido a nossa vez, espero que ele fale sem fazer gracinha.
- No banheiro do segundo andar. – ele sorriu sem mostrar os dentes. Se eu não estivesse com tanta raiva, teria me encantado com aquele sorriso pervertido – Com certeza aquele momento ainda está marcado na memória dela.
Me arrepiei com a lembrança e com o olhar de , que me fez sentir vulnerável e nua. Disfarcei perguntando pros outros se já tinham feito o mesmo e todos concordaram.
- Adorei esse momento com vocês rapazes – A voz de Emily chegou aos meus ouvidos, graças a Deus aquilo havia terminado –, mas o programa chegou ao fim.
- Ah, a gente tava se divertindo tanto! – falou – A gente quer voltar!
- Claro que vocês vão voltar!
Em sorriu realmente feliz com a ideia e depois se voltou para a câmera pra se despedir do público e eu fiz o mesmo. Assim que as luzes se apagaram e eu vi que não estava mais no ar disse um tchau e saí o mais rápido que pude, sem correr. Mas nada é perfeito. Quando eu estava entrando no meu camarim pra respirar aliviada, alguém entrou junto a mim, me fazendo entrar mais rápido do que eu pretendia.
- Com sorte, o público não percebeu sua insatisfação. – aquela voz invadiu meus ouvidos, aumentando minha raiva.
- Torça pra eles não terem percebido a sua cara de pau, seu cretino! – cuspi as palavras, já não conseguindo controlar minhas emoções.
- Não fala assim, eu vou ficar convencido! – ele debochou.
- Quando você se tornou tão canalha assim? – perguntei, tentando ficar o mais longe dele, aquele cômodo nunca me pareceu tão pequeno quanto naquela hora.
- Logo depois que você foi embora e levou meu coração junto. – ele falou, se aproximando de mim.
Ok, essa eu não esperava! Fiquei totalmente desconcertada e continuei a andar pra trás até ficar colada na parede.
- O que você quer?
- Terminar o que a gente começou um ano atrás. – ele respondeu se aproximando de mim.
- E quem disse que eu quero continuar? – minha voz falhou um pouco e eu me odiei por isso, mas não deixei transparecer.
- Todo o seu corpo e sua mente estão suplicando por mim. – ele sorriu presunçoso, mais perto ainda.
- Você agora lê mentes... – ri sem humor e ele apenas balançou a cabeça - Como se eu não visse que seu amiguinho aí ta morrendo de saudade de mim. – apontei com a cabeça os “países baixos” de .
- Eu nunca disse que não estava. E você ainda tem um pedaço de mim com você. – ele estava a centímetros de mim.
- Você sabia que eu ia embora, você que foi burro de deixar ele comigo. – quase sussurrei de tão baixa que minha voz ficou.
- Eu nunca tive essa intenção. – colou seu corpo no meu e entrelaçou nossas mãos, suspendendo-as acima da minha cabeça – Você levou sem eu perceber... – ele apertou mais seu quadril junto ao meu e foi impossível não gemer.
Meus olhos já estavam fechados e minha respiração mais que falha. Ele estava me entorpecendo, quase me fazendo delirar.
- Você está com o meu há mais tempo do que eu gostaria de admitir. – dessa vez eu sussurrei de verdade enquanto ele percorria todo meu rosto com o nariz.
- Então, o que a gente ta fazendo separados? – ele falou bem baixinho no meu ouvido, me arrepiando pela milésima vez na noite.
- Não é certo, a gente... – mas não fui capaz de terminar a frase, pediu silêncio apenas negando com a cabeça.
Ele soltou minhas mãos e rapidamente me abraçou apertado pela cintura. Nós dois gememos quando ele mordeu o lóbulo da minha orelha. Minhas mãos já arranhavam incessantemente as costas dele e, não lembro como, mas minhas pernas já estavam contornando a cintura dele. Era incrível o poder que ele tinha sobre mim. Ele não fez quase nada e eu já estava desesperada por ele.
- Me beija logo, – supliquei.
Com um sorriso satisfeito, ele atendeu ao meu pedido. Era um beijo voraz e completamente vulgar pra me lembrar daquela semana. Um beijo sedento. As mãos? Nem precisa dizer que elas exploravam os corpos sem um pingo de pudor.
- Seu sem-vergonha! – falei quando nosso beijo se rompeu.
- Mas você sentiu saudade. – ele começou a chupar meu pescoço.
- , já ta...
Ouvi a voz e que me despertou do transe que havia me posto num segundo.
- Jane? Erm... Sim, pode falar. – já tinha descido do colo do e tentava me ajeitar, porque ele tinha me deixado em um estado deplorável.
- Hm... Nada. – ela falou, sem graça – Eu volto outra hora.
- Não precisa! O já estava indo embora. – falei, apontando pra ele.
- Eu ia? – ele ainda estava desorientado.
- Ia sim, os outros estão te esperando.
- Tudo bem. – ele foi se aproximando de mim – Tchau.
Quando ele foi me dar um selinho eu virei o rosto pra que ele me desse apenas um beijo na bochecha.
- Tchau.
Ele fechou a porta meio chateado, eu acho, e eu comecei a me abanar, aquele camarim estava realmente quente pra mim.
- To vendo que alguém aqui não perde tempo! – Jane começou a gargalhar.
- Cala a boca! Ele que veio atrás de mim e provocou isso. – tentei me justificar.
- Eu vi mesmo como você tava tentando resistir a ele. – ela voltou a gargalhar e eu joguei qualquer coisa que estava ao meu alcance, mas não pegou nela.
Não podia acreditar que tinha sido tão fraca e vulnerável a ele, estava me odiando eternamente. Ele veio e conseguiu fazer o que ele queria comigo e eu nem ao menos demonstrei tanta resistência assim. Ele havia brincado com meus sentimentos, mesmo que não fosse intencionalmente.
Nessa hora uma batida na porta fez meu coração parar. Era ele de novo?
- Posso entrar?
Era Jared, outro apresentador da emissora que desde o começo me recebeu bem. Na verdade, ele tinha uma paixonite aguda por mim, todo mundo sabia, mas eu não sentia o mesmo por ele, então era um amor platônico dele por mim. Eu gostava dele como um amigo, só isso.
- Claro, Jared! – sorri e ele entrou com um bouquet de tulipas na mão.
- Pra você! – ele sorriu e me entregou o pequeno presente.
- Own, elas são lindas! Não vou nem dizer que não precisava trazê-las. – ri.
- É pela sua recuperação e pela sua volta ao estúdio. – ele sentou ao meu lado – Elas nem se comparam a você.
- Oh, obrigada. – eu realmente fiquei tímida naquele momento.
- Eu passei aqui também pra te chamar pra jantar comigo hoje... – ele pegou a minha mão ao dizer isso.
Não sei por que, mas me senti prensada contra a parede.
- Hoje? Eu to tão cansada... – deixei cair meus ombros pra mostrar que eu realmente estava cansada – O dia foi tão exaustivo pra mim.
- Tudo bem, você é quem sabe. – ele fez uma cara de cão sem dono que tocou meu coração.
- Mas quem sabe outro dia? – tentei animá-lo – Que tal amanhã?
Mais uma vez falei sem pensar e me arrependi um pouquinho.
- Amanhã? – seus olhos brilharam – Ótimo, amanhã é perfeito. – me limitei a sorrir um pouco forçado – Vou deixar você em paz, já vi que estás cansada e não vou mais atrapalhar. Até amanhã, .
- Até. – mandei um tchauzinho.
- Ok, o que foi isso? – Jane me perguntou assim que Jared saiu.
- O que? Só aceitei o convite!
- Você sabe que ele gosta de você e há poucos minutos você estava se atracando com o . – Já disse que Jane pode ser bastante estraga-prazer às vezes?
- Dá pra parar de me lembrar disso? O não significa nada! – retruquei.
-Aham, sei. – ela respondeu com descrença.
- É sim! Até onde eu sei, também está saindo com alguém.
- É, com Molie Hudson – Jane completou com uma voz entediada.
- Com a Molie Hudson? Aquela imbecil de segundo lugar? – nessa hora eu já estava gritando.
Molie Hudson e eu nunca nos demos bem. Ela sempre me odiou por estar mais nos holofotes que ela. A culpa não é minha se as pessoas preferiam a mim, não a ela! Ela vive tentando me sabotar. Sempre atrás do que eu tenho e dessa vez ela pegou pesado.
- Aquele cretino ta saindo com aquela vagabunda de quinta?
Não conseguia controlar a minha raiva e Jane não fazia nada pra me acalmar, só concordou com a cabeça. Respirei fundo e percebi que eu já tinha uma saída à altura.
- Acho que finalmente chegou a chance de eu dar uma oportunidade ao Jared de me conhecer melhor. – sorri satisfeita.
- Olha lá o que você vai fazer, . - Jane se levantou da cadeira – Jared gosta de verdade de você, não vá magoar os sentimentos dele.
- E você é o que agora? Minha mãe? Eu só vou dar a ele o que ele quer. Quem sabe eu não me interessou por ele também. – Jane balançou a cabeça – Vamos, já vi que nós duas estamos cansadas.
Dei a última olhada no camarim, relembrando dos últimos acontecimentos da noite.
- Isso não vai ficar assim. – jurei a mim mesma.

Capítulo 10

Mas que diabos eu tava fazendo? Aceitar o convite do Jared? Era tudo culpa do ! Ele me tira do sério! Claro que sair com Jared não era nenhum sacrifício, mas eu poderia dar esperanças pra ele, coisa que eu menos queria no mundo. Eu não sabia o porquê, mas eu não conseguia sentir o mesmo, nem nada parecido com o que ele sentia por mim. A vida é uma vadia mesmo! Ok, , nada de McFly agora.
Já estava tudo pronto. Estava com o meu vestido e tiara e meus sapatos. Tudo escolhido por Jane. Só faltava Jared chegar. Claro que ele não estava atrasado, mas eu estava muito ansiosa pra que tudo isso começasse logo. Talvez pra que acabasse mais rápido.
- Quer fazer uma cara mais feliz, por favor? – Jane falou como se lesse meus pensamentos. Eu ainda acho que ela faz isso!
- Vou tentar. – forcei um sorriso e ela apenas balançou a cabeça negativamente – Ei, eu estou tentando, ok? E também tentando me lembrar por que eu aceitei isso. – a última parte eu falei mais baixo.
- Eu também, , eu também. – Jane respondeu. É, ela tinha ouvido a última parte.
Me levantei pra beber água. Pensei em champagne, mas não era hora pra ficar bêbada, pelo menos não agora...
Chega de drama, , por favor, não é um bicho de sete cabeças sair com o Jared.
Ok, sete não, mas talvez seja de quatro cabeças.
Ri sozinha com o meu impasse pessoal.
Finalmente o interfone tocou e o porteiro informou que Jared estava lá embaixo.
- Ok, Jane, já estou descendo! – antes que ela me jogasse do apartamento pela janela – Me deseje sorte, pelo amor de Deus. – fiz a cara de desesperada que eu tanto tentava esconder.
- Toda a sorte do mundo pro Jared! – eu arregalei os olhos – Talvez ele precise muito mais do que você.
- Também amo você e muito obrigada pelo apoio. – falei com uma voz entediada.
- Chega de drama, , e faz o favor de descer logo! – Jane pediu abrindo a porta.
- Se eu não soubesse, diria que você me odeia!
- Tchau, . – ela fechou a porta na minha cara – Você sabe que isso é só no horário comercial. – ela falou do outro lado da porta.
- Engraçadinha.
Já no elevador, me olhei no espelho. Ei, eu tava bem bonita. Ri com a minha cantada pra mim mesma. Ri mais ainda pensando nisso. Já no átrio, vi Jared parado de costas pro elevador. Cara, ele tava bem charmoso. Ele estava de calça jeans, casaco de couro preto e tênis. Nunca havia visto Jared tão informal. Na verdade, nunca tinha visto Jared fora dos estúdios, e lá ele sempre estava de terno e sapato social. Apesar de estar totalmente informal, Jared não deixa um segundo de ser elegante.
- Pronto? – falei quase no ouvido dele, já que ele ainda estava de costas. Mesmo meio curvado e eu com meus saltos, Jared era bem mais alto que eu, acho que um pouquinho mais alto que .
Por favor, , esqueça esse cara!
- Há muito tempo! – Jared sorriu e eu precisei de um pouco de ar por dois motivos. Um: eu havia entendido muito bem o que ele tinha dito. Dois: que sorriso! Como nunca havia percebido que Jared tinha um sorriso tão lindo?
- Então vamos! – sorri e entrelacei meu braço no dele, que estava estendido pra mim.
Ele abriu a porta do carro pra que eu entrasse e depois entrou do outro lado.
- Vamos àquele restaurante italiano que acabou de inaugurar, sabe? – Jared me informou alguns minutos após termos saído do meu prédio.
- Aham, ouvi dizer que é muito bom. Eu amo comida italiana! – Jared deu uma risada tão gostosa quando eu disse isso que eu ri também. Deus, ele era encantador.
- Que bom que eu acertei na escolha. – ele olhou pra mim, rápido, por estar dirigindo.
- Em cheio!
- Obrigado por estar aqui comigo, . – ele agradeceu tão sinceramente que eu me senti completamente envergonhada por ter pensado tudo aquilo antes e automaticamente corei.
- Eu é que devo agradecer, Jared, afinal, eu te fiz esperar tanto tempo. – falei sem olhá-lo.
- Tenho certeza que hoje vai valer a pena cada segundo de espera.
Espero também, pensei.
O resto do caminho foi menos constrangedor e foi o suficiente pra eu perceber que eu deveria fazer com que valesse a pena. Eu realmente iria fazer valer a pena, sim senhor! Jared não seria o único a fazer de tudo pra que essa noite desse certo. Eu só não contava com uma coisa.
Assim que sentamos à mesa que Jared tinha reservado pra nós, tive uma péssima visão. Mas que merda estava acontecendo com o mundo! Eu só posso ter jogado pedra na cruz! estava sentado poucas mesas atrás de Jared e virado na minha direção. Aparentemente, ele estava sozinho, o que eu duvido, ele tinha me visto antes que eu o visse, supus, pois quando o vi ele já estava me olhando e quando percebeu que tinha notado sua presença, acenou com a cabeça pra mim, virei o rosto em resposta.
Panaca, idiota, imbecil. Que diabos ele tava fazendo aqui? Eu só queria ter uma noite em paz com Jared, isso é pedir demais? Relaxa, , é só fingir que esse babaca não ta aqui. Acho que é uma boa ficar bêbada agora!
- Tudo bem? – Jared me perguntou. Merda!
- Tudo, claro, só tava apreciando o restaurante. – sorri, tentando olhar só para os olhos dele e não pra figura que tava poucos centímetros de distância de sua cabeça.
Essa noite prometia mais do que eu imaginava.
- O que você vai querer de entrada?
Só nesse instante que eu percebi que o garçom estava me oferecendo o menu.
- Pensei em carpaccio. – Jared sugeriu.
- Eu amo carpaccio! Com quem você andou falando, hein? – ele riu.
- Um carpaccio de carne, por favor. – ele falou ao garçom – Digamos que nós gostamos das mesmas coisas. – ele sorriu daquele jeito e foi impossível não sorrir junto.
Era tão fácil conviver com Jared.
- Olha só a coincidência! – ouvi essa voz e meus olhos fecharam pra não rolarem de raiva.
- Boa noite, . – Jared se levantou e cumprimentou com um aperto de mão -
Boa noite, Mollie – deu um beijo na bochecha dela.
Me levantei e cumprimentei os dois apenas com a cabeça. Minha paciência e humor diminuíam a cada segundo que aqueles dois ficavam parados do lado da nossa mesa.
- Você está bem bonita, . – instigou.
O que ele queria? Só podia ser um tapa no meio do rosto dele.
- Obrigada. Sua acompanhante também. – ainda não estava olhando pra ele – Como vai, Mollie?
- Melhor que nunca, depois que você parou de desfilar, choveram milhares de convite. – ela falou presunçosa.
Parabéns, eles finalmente lembraram de você, pensei em dizer, mas ao invés disso falei:
- Boa sorte! – e o mais falso de todos os sorrisos.
- Muito obrigada, mas eu dispenso, não preciso! – ela sorriu.
Que mulherzinha irritante. A vontade de dar um tapa num deles dois aumentou pra um soco e estava cada vez mais difícil me controlar.
- Foi o que a Naomi Campbell falou. – falei baixinho e Jared deu um sorrisinho.
- Ora, Mollie, queira ser mais gentil com a . – falou, sorrindo pra mim – Vocês estão saindo juntos agora?
- É a nossa primeira vez. – Jared começou e eu o interrompi.
- Mas é claro que vão ter muitas outras.
Droga, não deveria ter dito isso, mas me deixa louca. Jared olhou pra mim e deu um sorriso tão satisfeito que quase me fez arrepender de ter me arrependido de ter dito aquilo. Pois é, eu to confusa.
- Bom, então nos vemos em uma outra ocasião. – Bingo! Ele ficou confuso.
- É, pode ser. – Jared respondeu.
Nem esperei eles saírem e já me sentei.
- Você não se dá bem com essa Mollie, certo? – Jared perguntou quando o “casalzinho maravilha” estava longe.
- Não, ela sempre estava atrás do que eu tinha. – respondi.
- Até dos caras que vocês já teve um caso? – levantei o rosto assustada, não queria ir pra esse lado – Ok, , eu sei da história com o , mas isso foi há muito tempo, certo?
Fiquei alguns segundos paralisada antes de responder, afinal, a resposta honesta nem eu sabia, então respondi a que eu queria acreditar.
- Claro, não tem importância agora.
Jared sorriu e pegou a minha mão que estava estendida na mesa. Me assustei um pouco mas sorri de volta pra ele. Nessa hora vi olhar pra nossa mesa com cara de poucos amigos. Pro inferno com que ele pensa!
- Nosso prato! – Jared anunciou.
O jantar com o Jared estava maravilhoso. Pedi spaghetti ao pesto como prato principal e Jared um calzone margherita, mas enquanto nossos pedidos não chegavam, eu conversava com Jared, tentando fingir que não estava vendo o olhar meio raivoso de . Olha só! Que direito ele acha que tem pra me olhar daquele jeito? Ele estava com a acompanhante dele! nem fazia mais questão de esconder de Mollie que estava bem mais interessado em olhar a minha mesa do que prestar atenção nela. Não que eu não dê razão a ele, qualquer assunto com ela era tedioso e maçante, mas tinha um pouquinho de pena dela, quem é que gostaria de ser ignorada no seu encontro? Mas, como eu disse, um pouquinho. Não sou nenhuma bruxa, mas Mollie não é digna de nenhuma pena!
Aquilo não tinha hora pra parar. Ele me observava intensamente, tive que comer sentindo o peso do olhar dele sobre mim. Estava me sentindo uma criminosa ou coisa do tipo. Estava ficando sufocada. Mal termine meu prato principal e me levantei, dizendo a Jared, que estava sendo muito atencioso comigo, que iria ao toilettes. Não sei como, mas naquela situação ainda lembrei da etiqueta.
Entrei no banheiro feminino e, graças a Deus, estava vazio. Pena que segundos depois não iria achar mais isso.
- Mas que merda é aquela lá fora? – ele foi logo exigindo.
- Não sei do que você esta falando, mas acho que essa frase é minha! – rebati na mesma intensidade.
- Você quer me fazer ciúme jantando com aquele cara? – o tom dele estava aumentando.
- Pra começar: abaixe seu tom de voz comigo! – me aproximei dele. Eu estava ficando com raiva – Deixa eu te dizer uma coisa, ... – à medida em que eu falava eu me aproximava dele, aquilo poderia ser um erro, mas eu não estava mais em mim – O mundo não gira por causa de !
- Então você quer dizer que não ta com ele por minha causa? – ele me abraçou pela cintura. Sabia que aquela aproximação não era boa.
Aquele gesto me deixou surpresa e minha respiração falhou por um instante, tinha que me recuperar.
- Não que isso seja da tua conta, mas eu to com o Jared porque, ao contrário de você, ele gosta de mim!
Parece que isso havia mexido com ele, pois eu consegui me soltar facilmente.
- Quem disse que eu não gosto de ti?
Por um momento eu havia acreditado naquele tom de voz melancólico. Por um momento.
- Você mesmo! – ele pareceu confuso com a resposta – Você, quando começou a agir desse jeito. Quando começou a sair com todas as mulheres de Londres. Quando nunca mais tentou falar comigo!
Merda! Eu tava com muita vontade de chorar naquela hora. Ele bateu onde estava ferido. Ele não tinha o direito de fazer aquilo comigo! Ele me abandonou, de certa forma, e agora queria explicações? Eu era muito idiota por estar querendo chorar.
- Isso não é verdade! – ele se aproximou de mim.
- Para de mentir! – gritei – Para de me machucar! Eu gostei muito de ti um dia, acho que quase te amei... – minha voz ia perdendo as forças e as lágrimas ganhando - E infelizmente esse sentimento ainda não passou. – vi abrir um sorriso com aquilo - Mas vai passar! O que a gente teve naquela época foi incrível, só que não vai se repetir!
Ele ia dizer alguma coisa, só que a porta sendo bruscamente aberta o interrompeu.
- Sabia que estaria aqui! – Mollie falou pra , mas logo se dirigiu a mim – Você não se contenta só com um, não? Você tem que arrastar pra você? Quer me mostrar que pode ter o que eu tenho, é?
- Não vou responder essas idiotices! – enxuguei as lágrimas - Só digo pra você cuidar melhor do que é seu. – me dirigi à porta da saída, mas voltei pra completar - Se bem que o que você tem não merece nenhum cuidado. Nem o seu!
Isso provavelmente faria ela me odiar mais ainda, mas eu não estava ligando. No caminho do banheiro à mesa, decidi que daria uma chance de ser feliz e esquecer aqueles dois idiotas. Tinha que dar uma chance a mim mesma. E essa chance estava bem ali na minha frente. Eu tinha que dar uma chance ao Jared.

Mal prestei atenção às costas de Jared, mas sei que os dois não demoraram nem mais 5 minutos no restaurante, o que foi um alívio pra mim. Sei que Jared percebeu que tinha alguma coisa errada, mas mesmo assim não perguntou. Aquele fim de jantar foi melhor do que todo o resto, comemos Tiramissú e Jared foi muito mais doce, gentil e encantador, se é que isso é possível. Quase me fez esquecer o que havia acontecido no banheiro. Já no carro, a conversa agradável e ininterrupta continuou, era muito fácil conviver com Jared. Estava quase me convencendo de que ele não havia defeitos e já estava convencida de que eu tinha muito sorte de ter ele comigo e mais sorte de ter um homem que gostava de mim como ele gostava. Será que eu era merecedora de tanta sorte?
- A noite foi maravilhosa, Jared. – Falei quando ele estacionou na frente do meu prédio e logo tirei o cinto.
- Foi melhor do que eu pensei que seria. – ele olhou bem no fundo dos meus olhos - Porque dessa vez ela realmente aconteceu e não era só mais uma coisa que eu imaginei. – ri, como ele podia ser tão fofo?
- Muito obrigada.
E nesse clima de romance, Jared se aproximou e me deu um beijo. Na verdade, um selinho prolongado.
- Desculpa, . – ele se separou.
- Cala a boca, Jared!
O que aconteceu de verdade fui eu calando a boca dele, se é que me entendem.
Ele beijava muito bem. Foi um beijo calmo e gentil, afinal, era o nosso primeiro beijo. Estar com Jared era sentir coisas novas. Acho que nunca me senti tão amada quanto naquele momento. Era isso que Jared sentia por mim e aquele beijo serviu pra eu sentir aquilo. Provar um pouco do que ele poderia me dar. Ele era cavalheiro e educado comigo, me tratava muito melhor do que eu realmente merecia.
Acabamos de nos beijar e ficou aquele clima tenso, mas sorri pra ele relaxar um pouco e foi o que aconteceu.
- Boa noite, Jared.
- Boa noite, .

Aquela noite eu dormi pensando o quanto eu me sentia bem do lado do Jared, o quanto eu começava a gostar dele. É, isso. Eu gostava dele. Ele me ensinou isso naquele jantar. Eu precisava estar com ele. Precisava dele, por mais egoísta que isso possa parecer.

Uma semana se passou e eu saí todos os dias dela com Jared, a maioria das vezes pra um café perto do estúdio. Jane estava cada vez mais empolgada com esse meu relacionamento com Jared. Sim, a gente estava meio que ficando. No último encontro da semana eu sem querer disse que gostava dele mais que um amigo. Nem preciso dizer que ele ficou todo bobo, preciso? E foi nesse encontro que eu comecei a namorar Jared. Ele era o cara que toda mãe pediu a Deus pra que sua filha encontrasse. Ele disse que se eu sentia algo por ele, então era hora pra começar um namoro. “Eu quero te fazer me amar”, foi o que ele disse. Eu não estava acostumada com isso, achei um pouco exagerado e precipitado, mas extremamente fofo e irrecusável, por isso aceitei. Não tinha nada a perder, pelo contrário.
É claro que isso foi parar nas revistas de fofoca, mas não me interessei a ler. Esse tipo de coisa já tinha me atrapalhado bastante.
No primeiro dia de trabalho da primeira semana oficial de namoro de Jar e eu no trabalho, sim eu o chamo de Jar às vezes, soube que teria que ir a uma ópera duas semanas depois. Não me animei muito porque isso não é bem a minha praia, mas soube que além de termos direito a dois convites, Jared também teria que ir, então não me preocupei.
- Você vai usar os dois convites? – Emily me perguntou depois que todo mundo já tinha saído do camarim.
- Acho que só vou usar um, por quê? Você quer o outro?
- É, sabe, um vai pro Ethan – Ethan era o namorado de Em – e eu precisava de mais um convite.
- Por quê? Quantas pessoas que você conhece gostam de ópera? – insisti.
- Você talvez não vá gostar... – ela me respondeu sem me olhar.
Aquela frase fez meu estômago congelar. Ela não podia querer que eu desse meu convite pro , queria?
- Pra quem você quer o meu ingresso? – perguntei pausadamente.
- É pro Tom e pra Giovanna. – ela continuava a não me encarar.
Ouvir aqueles nomes ao invés do que eu estava esperando foi um alívio tão grande, acho que nunca senti um alívio tão grande quanto senti naquela hora.
- Ah, é pra ele que queres dar meu ingresso? Ufa, pensei que fosse outra pessoa.
- Eu sei quem você pensou que fosse, mas eu não faria isso com você, né? – Em falou, meio ofendida.
- Muito obrigada! – sorri – Mas é claro que eu dou! Eu amo aquele casal! Só não sabia que vocês se conheciam a esse ponto.
- Na verdade, eu sou mais amiga da Giovanna, ela disse que gostava dessa ópera, então quando a gente recebeu os ingressos pensei em convidá-los.
- Claro, claro, ótima ideia! Liga logo pra ela e conta a novidade. – incentivei e ela concordou com a cabeça – Vou lá com o Jared saber se ele já sabe da novidade.
- Uhum, vai lá namorar logo, vai!
Apenas ri e sai da sala em direção à do Jared.
- Olá! – falei botando apenas a cabeça no camarim dele.
- Vem cá, meu amor! – ele me chamou.
Ainda bem que ele estava só, mais privacidade! Sentei no colo dele e ele me abraçou pela cintura enquanto eu pelo pescoço.
- Como vai o meu namorado? – perguntei dando um selinho rápido.
- Bem melhor agora!
- Mentiroso. – ri só um pouco, já que ele me puxou pra um beijo muito mais profundo.
- Ao que devo sua maravilhosa presença? – ele me perguntou depois de finalizar o beijo.
- Vim saber se você vai pra ópera.
- Claro que eu vou, vamos juntos! – sorri e dei um beijo nele – Mas tem um probleminha.
- Como assim? Que probleminha? Odeio problemas!
- Calma, ! Todo mundo odeia problemas, sabe? – ele riu – Eu vou ter que ficar no camarote do meu programa e você no seu.
- Como assim? – levantei do seu colo – Ah, não, eu nem queria ir e agora a gente vai ficar separado!
- É o jeito, meu amor, mas nós vamos juntos e não se esqueça do intervalo! – ele fez uma cara safada.
- Ui! Jared, eu não conhecia esse seu lado, viu? – ri com vontade.
- E a gente só ta começando!
Ele me agarrou e nós dois caímos abraçados no sofá, eu, claro, embaixo dele. Eu ria surpresa, mas adorando a situação. Jared começou a beijar eu pescoço sensualmente. Eu estava realmente surpresa, sempre achei que ele fosse do tipo de namorado que vai por partes, sabe? Quietinho e respeitoso até demais. Bem, estava vendo que ele não era exatamente assim. Não que eu seja uma safada ou que goste que me batam (porque eu não sou assim) e muito menos que Jared fosse ninfomaníaco, mas ele era bom na medida certa.
Alguns poucos minutos (devo acrescentar) se passaram e nós dois continuávamos naquele fogo. Sim, porque eu já estava começando a suar e Jared a ficar mais animado. Só que fomos interrompidos por meu celular tocando. Emily estava no outro lado. Nem esperei que meu namorado deixasse me arrumar e atendi.
- Só liguei pra avisar que tens que ser maquiada agora! – ela falou rápido.
- Você poderia ter vindo aqui me avisar! – ri.
- E pegar vocês em situações de afeto mais explícitos? Não, muito obrigada. – ela riu.
- Ok, to indo. Beijos. – e desliguei – Tenho que ir – falei a Jared.
- Percebi... – ele fez uma carinha triste. Own! Já disse que ele é lindo?
- Não fica assim! – segurei o rosto dele com as duas mãos – A gente se vê mais tarde?
- Claro!
- Ok, até mais tarde.
Nos beijamos mais uma vez e depois voltei ao meu camarim. O programa foi normal, nada de diferente. Na saída avisei Jane sobre a ópera e que iria sair com o Jared. Às vezes penso que nunca saí do lado da minha mãe, pois era quase isso que Jane era pra mim, apesar de ser apenas alguns anos mais velha que eu.
Na verdade, eu não saí pra nenhum canto com Jared. A gente foi pra casa dele. Calma, não rolou nada demais lá. Tudo bem que algumas peças saíram de nossos corpos e acabamos na cama, mas foi pra dormir. Eu sei, meio broxante, mas na hora eu nem percebi muito isso. Jared sempre dava um jeito de me satisfazer sem precisarmos fazer sexo, até porque isso não é a única coisa que dá prazer no mundo. Eu também pensei besteira!
E isso foi a última coisa que eu pensei antes de dormir.


Capítulo 11 [n/a: ponham essa música pra carregar.]

Três semanas de namoro com Jared e continuávamos na mesma. O engraçado é que eu não sentia tanta falta daquilo, não vou mentir que às vezes toda essa falta de contato me deixava um pouco frustrada, mas só pensava nisso quando eu estava sozinha. Já havíamos chegado às preliminares muitas vezes, mas sempre acontecia algo que nos atrapalhava. Telefones, risos e sustos. Seria até engraçado se não fosse tão desesperador.
Mas já era sexta, na outra noite seria a ópera. Sábado à noite... Ópera... Ninguém merece! Sinceramente, eu prefiro museus à ópera. Sério, eu realmente gosto de museus. Então Emily, o namorado dela, Ethan, Jared e eu resolvemos ir a uma boate pra desforrar todo o tempo que a gente ficaria no teatro e não fazendo qualquer coisa melhor.
Nós não fomos juntos, cada casal foi em um carro separado de suas respectivas casas (no meu caso, Jared me pegou em casa e do meu prédio fomos ao clube) e nos encontramos lá.
- Hey! - Emm gritou assim que nos viu perto da pista - Pensei que vocês não iam chegar nunca!
- Mas chegamos! - cumprimentei os dois
- Amei seu vestido! – Emm comentou.
- Não vou nem dizer do seu, porque você sabe que eu amei. – rimos - Vocês pegaram mesa?
- Pra quê? Bora dançar!
Emily me puxou pro meio da pista e eu peguei a mão de Jared pra ele vir comigo. Dançamos por um bom tempo. Músicas rápidas, lentas, qualquer uma que viesse. Às vezes dançávamos de jeitos esquisitos ou coreografias que Emily e eu inventávamos no camarim e os meninos riam da gente e às vezes fingiam que não nos conheciam, mas depois voltavam e nos enchiam de beijos. Tenho que concordar com o que Jared havia me dito uma vez: minha amiga despertava o lado inconsequente em mim.

- Chega pra mim! - anunciei depois de quase duas horas diretas dançando - Meus pés estão acabados.
- Vamos arranjar uma mesa ou dois lugares no bar. - Emily sugeriu.
- Só dois? - Jared perguntou.
- Claro, pra mim e pra , se tiver mais lugares vocês sentam, se não vocês ficam em pé nos guardando como perfeitos cavalheiros que vocês são! - ela respondeu rindo e novamente me puxou pro bar.
Procuramos de longe alguma mesa, mas nenhuma estava vaga e só tinha duas cadeiras vagas no bar, Emm riu e quase correu pros lugares, tive de andar um pouco mais rápido pra acompanhá-la.
- É, Jared, vamos virar seguranças. - Ethan brincou com Jar quando já estávamos acomodados no balcão.
- É. - ele riu - Mas eu faço isso com muito prazer.
Eu ri e ele me abraçou, como eu já estava sentada, ele ficou entre minhas pernas. Jar me beijou de um jeito que me deixou meio envergonhada, porque foi bastante profundo e intenso, sem contar que Em e o Ethan ainda estavam do nosso lado e gritavam:
- Vão pra um quarto!
Não aguentei e comecei a rir, fazendo com que o beijo fosse interrompido. Jared continuou com os braços em volta da minha cintura e Emm pediu drinks pra todo mundo. Nem sei o que eu bebi, só sei que era bom. Quando acabou o primeiro, tomei mais duas doses daquele drink azul. Já estava me sentindo meio alegre, então conclui que aquilo era quase álcool puro, se tivesse no meu juízo perfeito, teria brigado com Emily por não me avisar, como não estava, comecei a dançar loucamente na pista.
De novo.
Jared ria de mim, mas me acompanhava na loucura. Suspeitava que ele também não estivesse tão equilibrado assim. Ri quando pensei nisso.
- Ei, vagou uma mesa ali. - Ethan anunciou.
- Vão lá pegar e depois a gente vai - Emily ordenou.
- Tudo bem, essa música do Mika é muito gay pra mim mesmo. - Ethan riu do que disse e Jared foi com ele.
A gente não foi depois. Passou a música do Mika, veio Usher, Lady Gaga, aí sim nos aproximamos da mesa. Não muito, porém. Ficamos em um lugar que podíamos ver os meninos, mas onde duvidava que eles conseguissem nos ver. [n/a: ponham pra tocar]
Pra minha surpresa, a música mudou pra uma melodia conhecida por mim. Uma melodia que eu esperava nunca mais ouvir na minha vida. Parei de dançar automaticamente. Acho que a maior parte do álcool em meu sangue evaporou, dissolveu, absorveu ou qualquer coisa do tipo, não sei, o choque de adrenalina me deixou sã em um segundo, mas fiquei meio atordoada com tudo aquilo.
Minha situação piorou quando aquilo chegou aos meus olhos. Senti a raiva correr por todo meu corpo. Só podia ser uma piada.
- Preciso ir ao banheiro. - falei pra Emm, mas não dei tempo de resposta.
Quase corri na direção do bar. Aquele sorriso canalha me dava mais vontade de socá-lo.
- Gostou da surpresa? - ele terminou a distância entre nós.

You wanna go to the city and the bright lights
(Você quer ir para a cidade e para as luzes)
Get away from the sinners that surround yuo
(Fuja dos aproveitadores que estão ao seu redor)

- O que você quer, ? Para de me perseguir! - gritei, mas aquilo não teve o efeito que eu queria, pelo contrário, ele começou a rir.
- Você acha que eu to te perseguindo? - ele se aproximou mais e eu não arredei - Acha que eu faria isso mesmo ou isso é só o que você sonha que eu faça?
Canalha! Idiota! Quem ele pensa que é pra achar que eu posso ter essas reações por ele? Queria matar ele!
- Você sempre está em todos os lugares que eu estou, todo lado que eu olho lá está ! Pra mim isso não é coincidência!
- Acho que você anda muito apaixonada por mim, viu? Anda me vendo por todos os lados? Isso é psicose! – ele riu.
- Cala essa boca. – falei entre dentes.
- Mesmo você não merecendo, vou te ensinar uma coisa: você não é a única que sai por aí, viu? Não tenho culpa da gente se esbarrar por aí. Não tenho culpa de gostarmos das mesmas coisas, dos mesmos lugares... Não tenho culpa de sermos parecidos.
- Nós não somos parecidos! - com certeza eu já estava vermelha de raiva.
- Se você se sente feliz em acreditar nisso... - ele deu os ombros - Você não me respondeu, gostou?
- Claro que não! Detesto essa música!
Aquilo não era de todo errado. Eu costumava amar aquela música, só que depois de tudo o que aconteceu, eu não me sentia bem ao ouvir de novo. Memórias daqueles dias voltavam à minha mente como um filme, como uma música chiclete que não sai da cabeça e que às vezes duram dias se repetindo. Na verdade, nada que me lembrasse daquela semana me fazia bem, me deixava sentimental e aborrecida por acreditar que um dia eu acreditei nele.
- Não era assim, algum tempo atrás.
- Muita coisa mudou desde aquele tempo!
- Será? - ele tentou me abraçar, mas consegui escapar de seus braços - Se mudou, acho que consegues ficar sozinha comigo.
- Quanta prepotência...
Dei as costas, mas não fui longe porque ele me "abraçou" por trás e deu um beijo no meu pescoço. Poderia ter reagido, mas eu fiquei tão assustada e, admito, aquele beijo no meu ponto fraco, pescoço, me deixou perturbada e me fez ceder um pouco a minha defesa contra ele.
Nota mental: Nunca virar as costas para .
- Vem comigo. - ele segurou meu braço, pelos bíceps.
Ele me arrastou pra um lugar que eu nem tinha ideia, quando percebi que era um canto meio vazio eu me alertei.
- Eu não vou pra lá! - tentei parar, mas foi inútil.
- Você disse que mudou, então não tem o que temer. - dessa vez ele parou, me olhando com aquela cara cínica que só ele tem.
- Sim, mas você pode me forçar a fazer alguma coisa. - justifiquei.
- Não vou fazer nada que você não queira. - deu aquele típico sorriso dele que forçaria qualquer uma a fazer o que ele queria.
Eu poderia não ter ido com ele, mas meu orgulho foi maior que o medo.
- Cala a boca.
Ele riu e continuou a me puxar, agora sem muita resistência da minha parte, pro canto mais vazio.
- Não. - pedi quando ele ameaçou me prensar contra a parede - Se você não vai me forçar a nada, não tem por que me prender.
- Tudo bem. - ele acabou escorando na parede à minha frente e eu o imitei.
- O que você tem a me dizer? - fui direta.
- Você ainda tá com aquele apresentadorzinho de quinta? - ele perguntou, olhando além de mim.
Virei e vi Jared na pista com Emily e Ethan.
- Estamos namorando. - suspirei, cansada - Dá pra você falar logo o que você quer? Não vou ficar aqui a noite inteira!
- Aposto que ele não sabe te deixar nas nuvens como eu deixava. - ele provocou.
- Se ele me satisfaz ou deixa de satisfazer, não é da sua conta, ! - ele estava me irritando de novo.
- Ele não sabe como deixar as tuas pernas bambas. - ele alisou a parte nua da minha coxa, me causando arrepios.
Dei um tapa na mão dele, um pouco atrasado devido à sensação que tive, mas dei. Ele riu e se aproximou mais de mim.
- Aposto que ele nunca te fez arrepiar assim. - ele passou as curtas unhas por meu braço e, instantaneamente, fechei os olhos - Ou te fazer imaginar loucuras como agora. - ele sussurrou em meu ouvido.
Aquilo estava me enlouquecendo. Sei que parece clichê, mas eu já tinha perdido a noção de lugar. Meus olhos não abriam mais e eu realmente estava pensando loucuras. Me senti a mulher mais fraca do mundo por ainda ter esse tipo de poder em mim. Eu juro que não queria sentir tudo aquilo, mas foi inevitável, não conseguia controlar.
- Ele não sabe seus pontos fracos. - ele começou a beijar meu pescoço de um jeito que só ele sabia e que me fazia suspirar.
- É só dizer que eu continuo. - ele parou e eu abri os olhos.
Parece que ao abrir os olhos a lucidez voltou a mim e ao ver a luxúria em seus olhos eu vi o que iria fazer.
- Não. - falei fraco.
- Tem certeza? - ele passou o nariz do final da minha orelha até meu queixo.
Olhos fechando outra vez.
- Não. - tentei empurrá-lo mas foi mais uma mão em seu ombro completamente sem força.
- Não é isso que parece. - ele apertou mais o abraço.
- Sério, me deixa sair. - e a mão sem força insistia em tentar empurrá-lo.
- Solta ela! - ouvi um grito e logo em seguida estava sendo jogada no chão.
Sem levantar, olhei horrorizada àquela cena. Jared e estavam brigando e era minha culpa. Lágrimas escorreram por meus olhos pela situação. Eles já estavam rolando pelo chão dando socos e chutes. Finalmente separaram os dois, fiquei de pé e corri em direção a eles. Ethan já estava segurando Jared enquanto outro cara segurava .
- Jared, vamos embora, por favor! - segurei seu rosto para que ele me olhasse, pois a atenção dele estava totalmente dirigida a .
Nunca havia visto tanta fúria em seus olhos.
- Vamos, Jared, por favor! - supliquei.
Ele me olhou ainda com aquele ódio no olhar e saiu bufando. Peguei minha bolsa com Emily e corri atrás dele sem ao menos olhar para . Na verdade, eu nem me lembrei dele.
- Jared, espera! - gritei quando já estava na rua.
Um flash me deixou cega por alguns segundos. Quando a minha visão voltou, me vi rodeada de paparazzi, depois senti a mão de Jared segurando o meu antebraço e então já estava sentada no banco do carona do carro dele.
Meu namorado arrancou dali. Sabia que estava errada e não conseguia me justificar.
Queria estar com Jared.
Tinha que cuidar dele.
A culpa era toda minha por ele estar machucado.
- Quero ficar na sua casa. - finalmente me pronunciei.
- Não acho que seja uma boa ideia. - ele respondeu ríspido.
- Não vou ficar em paz sem saber se você está bem.
- Eu estou bem! - ele quase gritou comigo.
Fiquei assustada, mas não me calei.
- Se eu não for com você, vou com o Peter, só sei que vou pra sua casa de qualquer jeito.
- E se eu não deixar você entrar?
- Vou ficar gritando lá na frente até você me deixar entrar - ele riu - Você sabe que eu faço isso.
- Você é impossível. - ele balançou a cabeça.
- E você gosta.
De novo o silêncio se impôs no carro, mas diferentemente do primeiro, dessa vez foi por não querer falar nada mesmo. Estávamos bem de novo.
Ao chegar a casa de Jared, fui direto à cozinha pegar gelo e panos pra desfazer o roxo do olho e estancar o sangue do supercílio. Ele estava bem inchado, mas não tão machucado assim, se não fosse a sobrancelha aberta e o olho mais escuro, ninguém diria que ele havia brigado. Chegando à sala, comecei a cuidar dele.
- Desculpa por isso. - falei baixo quando estava quase terminando os curativos.
- Eu nem deveria te desculpar. - ele falou meio sério.
- Eu sei. - abaixei a cabeça.
- Mas nunca deixaria aquele babaca se aproveitar de você. - ele sorriu e minha expressão de culpa amenizou um pouco.
- Obrigada.
Ele olhou no fundo dos meus olhos, me analisando profundamente.
- Eu sempre vou te defender.
Mal tive tempo de assimilar suas palavras e meu namorado obrigou minha mente a se focar naquele beijo ardente e sedento, cheio de segundas intenções e mãos bobas. Quando dei por mim, já estava sentada no colo de Jared, minhas unhas arranhavam a base de suas costas e logo em seguida puxei a camisa pra cima. As mãos de Jared levantavam meu vestido em direção aos quadris. Já sentia a ereção se salientar abaixo de mim e aquilo me excitou mais ainda. Ele se levantou e eu prendi minhas pernas em volta de sua cintura. Não o poupei de beijos, então fomos batendo em tudo até chegarmos ao quarto, assim chegando, fui jogada na cama de maneira voraz. Mal tive tempo de respirar e Jar estava sobre mim.
Meu vestido já estava em minha cintura, percebendo isso, troquei de lugar com Jared, descendo sensualmente o zíper lateral, vendo essa cena, Jared suspirou excitado e eu ri me sentindo a mulher mais sexy do mundo, mas não passei muito tempo nesse joguinho, sem mais agüentar, ele mesmo jogou a peça longe.
Comecei a beijar sensualmente seu pescoço e me arrepiei ao ouvir seus gemidos. Os beijos foram descendo até chegar em seu abdome definido e tirei a calça dele. Mais uma vez as posições foram trocadas com mais carícias. Meu sutiã já estava no chão e minha calcinha estava prestes a acompanhá-la. Isso feito, segundos depois senti Jar penetrando minha intimidade sem nenhum cuidado, proposital. Gritei. Meus músculos estavam tensos e a velocidade das investidas aumentava gradativamente. Nunca pensei que Jared pudesse ser tão surpreendente assim, mesmo não tendo muito tempo de preliminares, aquilo estava tão bom! Alguns minutos depois, Jared estava deitado ao meu lado.
Nossos corpos e respirações tentavam se acalmar. Ele me puxou para ficar mais perto dele.
Nossa primeira vez.
- Boa noite, meu amor. - Jared sussurrou em meu ouvido.
- Boa noite.

Minha cabeça estava latejando. Flashes da noite passada passavam por minha mente. Dança, , canto, briga, discussão, sexo.
Não conseguia abrir os olhos, mas sabia que aqueles lençóis não eram meus. Aos poucos fui acordando. Na beira da cama tinha uma muda de roupa masculina. Roupas de Jared.
Peguei minha lingerie e as roupas destinadas a mim e fui ao banheiro vesti-las. Voltando ao quarto, arrumei mais ou menos a bagunça e desci pra procurar meu namorado.
- Bom dia, meu amor. - ele me cumprimentou quando entrei na cozinha - Sei que está quase na hora do almoço, mas preferi fazer café para nós.
Sorri, ou pelo menos tentei.
- Dor de cabeça? - ele perguntou e eu concordei, balançando a cabeça o mínimo possível - O remédio está ali perto da pia.
Levantei da cadeira e me arrastei até o local indicado. Peguei o copo e liguei a torneira. Tomei a água e o remédio e voltei arrastada pro lugar onde estava anteriormente. Deus, por que a gente tem que ter ressaca?
Deitei a cabeça na mesa, esperando a comida ficar pronta. Talvez um pouco de glicose me ajudasse...
- Panquecas para a senhorita. - Jared botou prato na minha frente.
- Parece deliciosa. - sorri.
Ele botou seu prato ao meu lado.
- Tem suco? - sorri, fazendo a minha melhor cara do gato de botas do Shrek.
- Claro que tem. Tudo pra minha menina. - fiz um "awn" e ele me deu um selinho.
Quer parar de ser fofo, Jared?
Ele fez tudo que eu pedi e sentou ao meu lado. Ficamos um tempo comendo em silêncio até que Jared se pronunciou:
- Eu to muito feliz, viu? - ele sorriu pra mim.
Ontem à noite... Eu não conseguia me decidir se eu tinha realmente gostado ou não, quer dizer, sabia que eu não tinha odiado, tinha sido bom, mas não estava tão feliz quanto ele, disso eu tinha certeza!
Mas eu queria tanto...
- Eu também. - sorri, mas não me convenci disso.
- Hoje a noite é a ópera. - ele lembrou.
- É... - suspirei - Queria tanto não ter que ir...
- Você poderia voltar pra cá depois do teatro. - ele sugeriu, tentando fingir indiferença e rodando o garfo.
- Eu vou adorar dormir aqui de novo. - ri.
- Ótimo!
Mais um beijo antes de terminarmos o café. Jared ficou na cozinha arrumando o café e eu fui tomar banho.
No banho fiquei pensando na noite anterior, foi um grande passo na nossa relação, talvez por isso que demorou tanto para que isso acontecesse. Eu tinha acabado de me ligar mais profundamente a Jared. Bom, pelo menos isso afastaria mais o . Pelo menos eu queria isso.
Já vestida com a roupa do dia anterior e Jar tomado banho e arrumado, ele foi me deixar no meu apartamento. Jane estava ligando feito louca porque ela tinha marcado com os estilistas,maquiadores e hair-stylists.
Teria um dia cheio com escolha de roupa, cabelo e maquiagem pra noite. Só de lembrar já ficava cansada.
- Tem certeza de você não pode me sequestrar e só me devolver amanhã? - fiz beicinho.
- Eu bem que queria. Adoraria te ter só pra mim, mas a Jane iria me matar. - fingi que iria chorar - Own, não faz assim, meu amor. - ele me deu um selinho - Não faz assim! Tá sendo muito difícil te deixar aqui depois da nossa noite.
- Então não deveria me deixar ir. - insisti.
- Você deveria querer ir pra ficar mais bonita pra mim! Não se esqueça que nós vamos ter... Hm... Uma after party, depois, lá em casa. - ele fez uma cara safada.
É... Sexo muda as pessoas...
- Hm... Agora me deu vontade de subir. - ri - Vamos ter que chegar separados, então.
- Por quê? - ele perguntou intrigado.
- Como a Jane vai voltar? - perguntei.
- A gente deixa ela aqui, sei lá, só não me faz ter que chegar lá sem você. - vez de Jared fazer bico.
- Own, meu baby. - nos beijamos.
- Até mais tarde. – me despedi dele.
- Até mais tarde, meu amor.
E assim saí do carro. Quando cheguei ao meu apartamento, Jane estava à beira de uma crise de nervos. Ela foi me puxando e empurrando até meu quarto, onde as dezenas de roupas estavam lá esperando para serem escolhidas.
Passamos quase duas horas vendo vestidos e sapatos pra eu vestir poucas horas depois. Aproveitei e pedi que Jane escolhesse um look pra ela também, afinal de contas, ela sempre fez tudo por mim, por que não fazer algo tão pequeno pra ela?
Com roupas e sapatos escolhidos, era hora de fazer o teste de penteado. E ainda eram três e meia.
- Mas isso demora, né, ? - Jane me repreendeu quando observei.
Eu devia estar acostumada com todas essas trocas de roupas e das pessoas me fazerem de bonecas nessas horas, mas eu nunca gostei dessa parte, apenas suportava.

Sete horas, com o cabelo, make e vestido já pronto, Jane e eu estávamos no carro de Jared, rumo ao teatro.
- Você está linda! - Jared sussurrou pra mim quando sentei ao seu lado.
Sorri e beijei-o.
- Ai, meu Deus, quanto mel! - Jane brincou.
Seguimos até o Royal Opera House, o teatro da apresentação, com brincadeiras e provocações, fazendo Jane reclamar. Chegando lá, minha empresária quase correu do carro e eu ri do seu "desespero". Saí de mãos dadas com Jared e mal via dez centímetros a minha frente por causa dos flashes que me cegavam, Jared percebeu e me guiou, eu só sorria. Finalmente estávamos dentro do recinto.
- Ufa, me dê um minuto pra minha visão voltar. - Jar riu de mim.
- Todo tempo que você quiser. - ele beijou o topo da minha cabeça.
- To melhor agora. - endireitei-me e peguei a mão de meu namorado, entrelaçando-a - Fica no meu camarote até o espetáculo começar? - fiz bico.
- Tava só esperando você me pedir. - ele sorriu e iniciou um beijo calmo - Me sinto tão sortudo em ter você!
- É exatamente o que eu penso de você. - sorri e dessa vez eu comecei um beijo apaixonado.
- Olá, casalzinho feliz! - ouvi uma voz e me separei de Jared - Vamos subir? - Emily convidou.
Ela estava deslumbrante com seu vestido que realçava sua pele azeitonada e Ethan estava de todo de preto.
- Estávamos esperando vocês. - ri.
- Sei... - ela me revidou.
Subimos os quatro juntos até nosso camarote. Sentei na última fileira e na parede atrás de Emily e Ethan, sobrou apenas uma cadeira ao meu lado que foi preenchida por meu namorado, pelo menos por enquanto.
- Emm, você entregou meu convite pro ? - perguntei.
Emily não chegou a me responder, pois Jared a interrompeu:
- ? Amigo daquele babaca? - ele ainda lembrava da noite de ontem.
- Não se preocupe, ele é ótimo e nada parecido com o amigo dele. Além do mais, ele vem com a namorada dele, não é, Emm? - tranquilizei-o.
- Hm... É claro, foi pra isso que eu dei o seu ingresso. – Emily respondeu.
Ficamos lá conversando até a apresentação começar. Jared foi para seu camarote e o lugar ao meu lado voltou a ser vazio. e ainda não haviam chegado.
Quer dizer, não tinha chegado.

Capítulo 12
[n/a: ponham essa música pra carregar.]

Eu devo ser uma péssima pessoa, ou se existe reencarnação, na minha vida passada eu devo ter acabado com a felicidade do mundo que estava ao meu redor, porque quando tudo está bem aparece o na minha vida! Ele só pode ser meu carma.
Lá estava ele, ao lado de , onde deveria estar a . Virei para Emily e ela estava tão surpresa quanto eu, olhei pro , que me encarava com uma expressão culpada, não olhei diretamente para o , mas pude ver que o mesmo sorriso cínico de sempre estampava seu rosto. O pior: ele ficava muito sexy assim.
- Oi, gente. - falou, envergonhado.
- Oi, , tudo bem? - tentei não parecer chateada.
- Bem, mas a pediu pra eu pedir desculpas por ela, porque ela adoeceu e não pode vir, tentei chamar outra pessoa pra me acompanhar, só que apenas o tava sem nada pra fazer. - ele deu um sorriso sem graça.
- Não se preocupe, , vem, senta, o espetáculo já começou. - Emm falou por mim e se virou para assistir à ópera.
Eu a imitei, mas não consegui prestar atenção no palco. A raiva estava me consumindo e eu não podia demonstrar isso, porque era isso que ele queria: me tirar do sério.
Eu estava sob controle até que sentou no lugar vago ao meu lado, bufei e cruzei os braços em uma ação infantil automática. Ouvi seu riso bem próximo de meu ouvido, fazendo os pelos da minha nuca se arrepiarem. Ódio, ódio, ódio.
Já tinham se passado dez minutos desde que tinha sentado ao meu lado e eu não tinha falado uma palavra, nem ele. Estava disposta a ignorá-lo até ir embora e estava fácil fazer isso. Fácil até demais.
- Você está linda, . - ele sussurrou em meu ouvido.
Fingi que não ouvi e ele riu de novo.
- Você sabe que não pode me ignorar por muito tempo, não sabe? - ele continuou falando sozinho - Eu odeio ficar sem resposta.
"Não vou responder, não vou responder, não vou responder", fiquei repetindo em minha cabeça. Continuei olhando séria e firme para frente, mas sabia que ele me olhava e isso começava a me incomodar.
- Por que você torna tudo tão difícil? - ele voltou a falar - Seria tão melhor se você colaborasse comigo. - senti sua mão descansar no final da minha coxa, não liguei - Você sabe que eu te deixaria feliz. - ele começou a acariciar aquela parte - Você já viveu isso. - sua mão começou a subir, continuei a ignorá-lo - É só lembrar.
Quando sua mão ficou bem perto de minha intimidade, afastei-a com um tapa que foi um pouco barulhento, as pessoas viraram em nossa direção e eu fingi que nada estava acontecendo. Assim que todos voltaram a prestar atenção à ópera, começou a rir baixinho e me deu vontade de acompanhá-lo, mas me contive.
- Você é danada, . - ele voltou a sussurrar em meu ouvido - Difícil, mas só faz aumentar o que eu sinto por você.
Tive que buscar forças em meu interior pra continuar firme. Aquele babaca ficava dizendo coisas como aquela só pra tentar ir pra cama comigo. É claro que ele não sente isso, se não, não estaria com a Molie idiota. Ele é um galinha, canalha e idiota, que nem a Molie, é por isso que eles estavam juntos. Eles se mereciam. Enquanto ele está aqui dando em cima de mim, ela deve estar em algum lugar beijando outro. São dois cornos que eu não me importaria nem um pouco se ele não viesse me perturbar.
- Para com isso, zinha. - ele beijou meu pescoço e eu me encolhi um pouco com aquilo - Para de se impedir de ser feliz. - ele voltou a acariciar minha coxa e ainda beijava meu pescoço e braço.
SERÁ QUE NINGUÉM TAVA PERCEBENDO NADA?!?
Tentei me esquivar, mas eu já estava colada na parede e sem lugar pra fugir. Ele sabia disso.
- Você não vai me dizer nada? - ele perguntou, beijando meu ombro.
- Para com isso! - tive que quebrar minha promessa de não dirigir a palavra a ele.
- Olha, ela falou mesmo. - ele me olhou, fingindo estar surpreso.
Rolei os olhos no momento em que ele quis me beijar, só que eu virei o rosto, assustada. suspirou e começou a mordiscar minha orelha. Céus, como aquilo era bom! Eu estava toda arrepiada e aos poucos amolecia. Eu estava perdendo pra ele e o xingava mentalmente. Não estava conseguindo resistir àquele idiota, percebendo isso, me levantei da cadeira sem nem me importar se estava fazendo barulho e saí do camarote, respirando pesado e andando sem rumo pelos corredores silenciosos do teatro.
Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Era isso que eu era, uma completa idiota, não ele. Pelo contrário, ele era bem esperto. Ele sabia que não podia gritar dentro daquele recinto e por isso se aproveitou de mim. Ele sabe que se eu fico muito nervosa, fico travada e não faço as coisas mais inteligentes do mundo. Estava já no fim da escada à procura de um toilette quando senti aquela mão segurado meu braço e me puxando pra perto dele, quase fazendo com que eu caísse da escada e quebrasse o salto do sapato. me segurava pela cintura na parte do vestido que a deixava nua e, ainda de supetão, ele me beijou. Eu tentei me desvencilhar, bati, soquei e ele só apertava mais o abraço e sua boca contra minha.
- Me solta. - consegui afastar um pouco nossos lábios.
Não sei como ele me obedeceu. Fiquei alguns segundos olhando nos olhos dele, tentando entender o que ele queria fazendo aquilo. Desci o último degrau sem perder o contato visual com , estando fora da escada, virei-me e caminhei até perto da próxima coluna antes de ser parada de novo.
- Você acha mesmo que eu ia te deixar sair tão fácil assim? - ele me prensou contra a coluna - Só te deixei pra que nós não caíssemos daquela escada. - ele deu aquele sorriso malandro, eu já estava ofegante - Eu sei que você quer isso, pude ver em seus olhos isso pouco tempo atrás. - ele voltou às carícias - Para de fugir, !
Olhei em seus olhos de luxúria, não consegui encontrar mentira alguma nele. Fiquei em conflito dentro de mim, não sabia o que fazer, queria me entregar a ele, mas ao mesmo tempo lembrava que ele estava com Molie e eu com Jared. Estava à beira de um colapso, quando dei por mim estava abraçada a , dando-lhe um beijo quente e saudoso.
Sua língua brincava com a minha, como duas crianças que não se viam há algum tempo e agora estavam juntas de novo. Suas mãos exploravam meu corpo e eu alternava em puxar um pouco seus cabelos e arranhar a sua nuca e ombros.
Como eu sentia falta daquilo, daquele fogo e sincronia, parecia um espetáculo ensaiado. Meu corpo tremia com tanta adrenalina e prazer, meu coração batia forte e sentia o coração de martelar contra nossas peles, sem perceber, uma lágrima intromedida resolveu aparecer em cena, mas nada que atrapalhasse nosso beijo, que se partiu por estarmos totalmente sem fôlego.
- , não sabes quanto senti falta disso.
Pensei em perguntar se ele não achou isso em todas as mulheres que já estiveram com ele, mas não queria acabar com aquele clima que raramente me deixava desfrutar, então apenas sorri e sussurrei na esperança de que ele não me ouvisse:
- Eu também.
Ele sorriu e acariciou meu rosto tão docemente que tive que fechar os olhos a fim de sentir mais aquele toque tão bom.
[n/a: ponham pra tocar]
- , desiste desse Jared e fica comigo... - ele pediu, ainda segurando meu rosto.
Abri os olhos um pouco rápido demais.
- , por favor, não me peça isso! - pedi, com lágrimas nos olhos.
- Por quê? - ele pareceu surpreso.
- Jared me ama, não posso fazer isso assim. - abaixei o olhar.
- E eu, ? Você não sente pena de mim? - ele tentou levantar meu rosto, mas não deixei - Você o ama, ?
Não respondi, agora já estava chorando.
- Me responda, , você o ama? - ele levantou meu rosto - Olha nos meus olhos e diz o que você sente por ele.
O desgosto era claro em seu rosto, eu ainda amava , mas não tinha coragem de voltar pra ele. Toda vez que nós estávamos juntos, eu sempre lembrava de como ele esqueceu de se comunicar comigo tão rápido, de como ele me esqueceu com tantas mulheres, aquilo ainda me magoava muito e eu não conseguia ignorar isso pra ficar com .

I just can't escape this feeling
(Eu simplesmente não posso fugir desse sentimento)
But it's taking over me
(Mas está tomando conta de mim)
All over me
(Tomando conta de mim)
I know now
(Agora eu sei)
I can't try to hide it
(Que não posso esconder)
It's clear to me that I can't fight it
(Está claro para mim que eu não posso combatê-lo)

- Eu não o amo, . - quando disse isso, surgiu um brilho no olhar dele - Mas gosto dele. - continuei e, instantaneamente, o brilho se esvaiu.
Ele soltou meu queixo e abaixou a cabeça por um segundo, respirando fundo. Lágrimas caíam sem ao menos eu precisar piscar, aquilo estava me matando aos poucos e eu não conseguia me lembrar de momento pior do que aquele. voltou a olhar pra mim coçando os cabelos em sinal de confusão e respirou fundo mais uma vez.
- Então é isso? A gente nunca vai ficar junto? - ele me perguntou, machucado.
Aquilo me deu dó e quase me fez esquecer de todas as minhas crenças sobre nosso relacionamento. Ele não pode ficar brincando assim comigo!

Don't say I don't miss the way we were
(Não diga que eu não sinto falta do que éramos)
I thought nothing could tear us apart
(Eu pensava que nada poderia nos separar)
Why do you have to sabotage our love
(Por que você teve que sabotar o nosso amor)
And leave me with a broken heart?
(E me deixar com o coração partido?)

Não sabia o que responder pro , na verdade, eu nem sabia o que responder pra mim! Por que eu tinha que amar logo ele? As malditas lágrimas me faziam soluçar, me acalmei um pouco pra poder dizer a resposta daquela pergunta.
- Eu não posso entrar nisso agora. Eu sei que não posso viver sem você, , mas não consigo ficar com você agora.
Nesse momento, o sino que avisava o começo do intervalo entre os atos tocou, me assustando e quebrando todo e qualquer clima que houvesse entre e eu. Olhei para ele, me desculpando sem falar e corri em direção ao toilette, chegando lá, entrei em um dos boxes do banheiro e sentei na tampa do vaso sanitário pra me acalmar.
Não podia chorar mais, se não ficaria com rosto inchado, o que provocaria muitas perguntas incômodas às quais não queria responder, mas era quase impossível.
Tudo que aconteceu passava em minha mente, me torturando. O que será que eu fiz de tão errado pra ter esse dilema? Por que eu não podia me apaixonar por Jared, que me amava e não tinha nenhum impecilho entre nós? A não ser os que eu empunha. Merda, merda, merda.
Passei mais uns cinco minutos sentada, quando acreditei que não choraria mais, saí de lá, dando uma checada no espelho para ajeitar os borrões da maquiagem antes.
Ao chegar no salão central, avistei Jared com Emm e Ethan, andei mais rápido sem olhar para os lados. Não queria encontrar com , não podia mais chorar.
- , onde você estava? Procuramos você por toda parte! - Jar falou quando estava bem próximo a eles.
- Estava no toilette. - respondi, simples.
- Emm me disse que você saiu antes do intervalo. - ele falou preocupado e desconfiado.
- Nós ficamos realmente preocupados com você! Primeiro você sai que nem louca do camarote e o sai um pouco depois. - arregalei os olhos e Jared me olhou - Quando eu chego aqui, encontro um abatido sentado na escada e você não está em lugar nenhum! Achei que você tinha dado um soco nele e corrido fugida!
- Como você é exagerada, Emily! - tentei disfarçar meu nervosismo rindo.
Merda, Emily! Você tinha que dar com a língua nos dentes?
- Você não estava com ele, ? - Jared me perguntou mais desconfiado ainda.
Olhei pra ele nervosa.
- O que você quer dizer com isso? - perguntei, sem coragem de negar.
- Não quero dizer nada, só quero saber se você estava ou não com ele.
- Ih, DR! Vamos, Ethan. - Emm saiu puxando seu namorado.
Filha da puta! Eu tava nessa por causa dela!
- Olha o que você fez, Jared, isso é desnecessário. - tentei reverter a situação.
- Desnecessário é você querendo fugir dessa conversa.
- Você quer saber? Eu tava com dor de cabeça e aquela mulher gritando tava começando a me sufocar, então saí e fui ao banheiro pra ver se passava, mas não passou e você só está piorando tudo! - falei, controlando a minha voz, dizendo meia verdade.
Eu realmente estava com dor de cabeça agora, depois de tanto chorar.
- Ah, , desculpa, eu não sabia. - ele me abraçou e eu não consegui mais me segurar, comecei a chorar - O que foi, ? - Jared me olhou com preocupação.
Por que ele não pode simplesmente me jogar na sarjeta?
- Nada, é que ainda ta doendo. - tentei limpar minhas lágrimas.
- Você já quer ir embora? - ele perguntou, fazendo carinho em meus ombros, apenas concordei com a cabeça - Vamos pegar suas coisas no camarote.
Ele entrelaçou nossas mãos e subimos pela escada. Antes chegar ao segundo andar, vi nos olhar desapontado, o que me deu mais vontade de chorar.
Pegamos todos os nossos pertences, avisei Jane que estava me sentindo mal e que iria pra casa de Jared dormir lá, ela concordou e disse pra não me preocupar que ela voltaria com o Peter. Saímos quando o sinal do término do intervalo tocou. Dei uma última olhada para trás e encontrei o olhar de , estava tão triste que me fez deixar uma lágrima cair, quando dei por mim já estava dentro do carro.
Céus, por que eu estou tão sentimental assim?
No carro, Jared me olhava preocupado, mas não disse uma única palavra em todo caminho. Eu queria que ele conversasse comigo para que as lembranças não viessem à tona, mas não tinha como olhar pra Jared. Já na garagem do prédio, desci, ainda sem ânimo, parecia que toda a minha energia tinha sido roubada e eu me arrastava até o elevador. Jared estava com a mochila que eu tinha posto antes de sair de casa com as roupas pra dormir na casa dele.
- Ainda está doendo muito? - Jared beijou o topo da minha cabeça.
Sorri pra ele docemente, eu só queria que ele fizesse meus problemas desaparecerem.
- Mais ou menos, mas vai passar.
Ele me abraçou tão apertado, como se quisesse que a dor saísse de mim e fosse pra ele. O mundo pareceu certo ali nos braços dele, então fechei os olhos e aproveitei aquele momento. Infelizmente o elevador chegou ao andar de Jared e ele me soltou, pegando-me pela mão até dentro de seu apartamento, na sala, mais especificamente. Sentei no sofá e comecei massagear minhas têmporas de olhos fechados, sendo obrigada a lembrar de tudo.
- , bebe aqui esse chá. - Jar me chamou - É de limão.
Abri os olhos e peguei a xícara com chá, bebendo tudo.
- Obrigada. - sorri.
- Você está com fome? - ele me olhou preocupado.
- Um pouco.
- Quer jantar o quê?
- Nada, um sanduíche está bom.
Ele acariciou meu rosto e me deu um beijo rápido.
- Eu vou fazer então, fique aqui descansando, ok? - concordei - Quer de atum?
Sorri e concordei mais uma vez. Jared me deixou na sala sozinha mais uma vez. Tentei não lembrar de mais nada, tirei os sapatos e a meia calça, deitei no sofá e liguei a televisão no canal de noticiários pra não correr risco de nada que venha me lembrar sobre ele.
Alguns minutos depois, meu namorado veio com uma bandeja de sanduíches de pão de forma e dois copos de suco de uva.
- Seu banquete, minha querida. - ele anunciou e eu quase consegui rir de verdade e não apenas sorrir.
- Mas quanta honra, meu senhor. - retribui no mesmo tom.
E nesse clima mais ameno comemos o nosso "banquete". Minha dor de cabeça até tinha passado e eu já estava gargalhando. Era tão fácil viver com Jared.
- Vamos deixar isso na lavadora. - levantei.
Jared levantou com a bandeja, me seguindo até a cozinha, onde botei os talheres e pratos na máquina.
- Ainda não tá cheia, então ainda não põe pra funcionar, ok? - Jared me avisou.
- Tudo bem, eu não ia fazer isso mesmo. - respondi sapeca e sai praticamente pulando da cozinha. Voltei ao sofá e sentei com uma almofada entre as pernas.
- Vejo que já está melhor, hein? - Jar sentou ao meu lado.
- Você me curou. - sorri.
- Nossa, estou me sentindo lisonjeado! - ri - Então vem mais pra perto de mim pra eu curar todos os teus problemas. - suspirei e desejei com todas as forças que ele conseguisse isso.
Agora eu é que estava no meio das pernas de Jared. Não demorou muito para que ele estivesse beijando meu ombro sensualmente.
- Jar... - falei baixinho.
- Shiu, não fale nada. - agora ele beijava meu pescoço e abaixava a alça do vestido do ombro que ele beijava anteriormente.
Virei para sentar de frente a ele, ainda em seu colo, e beijei Jared desesperadamente. Ele riu. Suas mãos invadiam meu vestido e apertavam minhas coxas, me fazendo respirar mais pesado, minhas unhas arranhavam sua nuca. A sala começava a esquentar e aquela blusa social dele estava me incomodando, então deixei sua nuca em paz pra tirar os botões de suas casas, meus dedos se atrapalhavam algumas vezes, mas um minuto depois aquela blusa já havia sido jogada em algum canto da sala.
Fiz com que Jared deitasse no sofá e sentei em sua cintura, com uma mão espalmada em seu peito e a outra indo de seu queixo até o fecho de sua calça.
- , olha o que você vai fazer. - ele falou um pouco fraco.
- Relaxa, não vou fazer nada que você não vá gostar. - ri.
Comecei com o cinto, logo depois a calça estava desabotoada e em seguida no chão. Jar levantou de novo e tirou meu vestido, voltando a beijar meu pescoço enquanto massageava minha cintura. Aquela carícia estava me deixando doida e eu descontava tudo puxando (não tão forte) seu cabelo e arranhando as costas dele. Procurei a boca dele e nos beijamos ardentemente. Estava tão compenetrada no beijo que nem percebi meu sutiã ser desabotoado. Abracei Jared mais forte, não deixando nenhum espaço entre nossos troncos.
- Precisamos ir para o quarto. - Jared interrompeu nosso beijo - A camisinha está lá.
Concordei com a cabeça e ele levantou, me levando no colo para o quarto. Antes de chegar na cama, desci sua boxer até no meio da coxa e ele mesmo fez o favor de tirar de suas pernas. Já solta dele, peguei o preservativo e eu mesma coloquei no membro do meu namorado, que já estava deitado na cama, mas não deixei livre e comecei a masturbá-lo rápido. Jared soltou um som de surpresa e logo depois fechou os olhos, aproveitando o que eu estava fazendo por ele. Quando ele estava chegando em seu ápice, fui jogada para o outro lado da cama, a única peça que faltava foi jogada longe e mais rápido ainda Jar me penetrou de uma vez só, me fazendo gemer alto demais. Alternando entre rápido e lento, Jared se movimentava por cima de mim, seu rosto estava bem próximo ao meu, seu corpo inteiro estava tenso, fazendo seus músculos todos ficarem muito mais visíveis e mais excitantes. Ele gozou primeiro que eu, mas não parou até que chegasse a minha hora.
Com o corpo entorpecido, dormimos abraçados em conchinha. Pelo menos não pensaria no que aconteceu entre e eu tão cedo. Eu espero.


Capítulo 13

Já estava virando rotina eu dormir na casa de Jared e no outro dia ir para o set. Já havia passado uma semana do incidente da ópera e só tinha dormido em casa duas vezes. Isso porque eu havia insistido muito.
Fizemos um mês no final de semana e foi uma senhora comemoração, se é que me entende... Nós tínhamos demorado pra ter uma relação mais íntima, mas agora que já havia se concretizado, parecia que Jared queria tirar o "tempo perdido".
Nosso namoro estava ficando mais sério e aquilo me assustava, porque eu não estava no mesmo ritmo. A última conversa com martelava em minha cabeça todos os dias, como se estivesse me torturando por tudo o que eu tava fazendo, por eu estar empatando duas pessoas, e desde esse dia eu não conseguia mergulhar de cabeça na minha relação.
Não conseguia dizer adeus a Jared, mas não queria que fosse embora. O meu maior medo era que aquela noite tivesse sido a última vez que eu falaria com o .
Eu me ocupava de todos os modos pra não ter nenhum tempo ocioso, justamente para que essa lembrança não tomasse conta de meus pensamentos. Não adiantava. Eu estava fadada a ter esse sentimento de culpa. Todos os detalhes daquela discussão vinham nítidos em forma de sonho. Pesadelo. Cansei de acordar chorando à noite, inclusive nas que dormi na casa de Jared. A minha sorte é que ele só percebeu em uma delas.
Eu também não tinha encontrado em nenhum lugar em toda essa semana. E eu procurei por ele. No dia seguinte ao espetáculo, passei o dia por lugares que achava que o iria, fui até no restaurante do nosso primeiro encontro.

Entrei naquele lugarzinho e logo fui apanhada por lembranças, tudo voltou à mente, eu sabia que isso iria acontecer, talvez eu estivesse ansiando por isso. Vi-me entrar com , estava usando o mesmo vestido azul marinho. Aquela era tão despreocupada e estava tão feliz, ela estava com seu ídolo e agora, eu estava só. Segui minha lembrança e sentei perto da mesa ao lado da que sentei da última vez. Queria ver nós dois de novo. Queria ver como era antes mais uma vez.
Greg estava lá no balcão conversando com o pessoal da cozinha. Ele continuava com o mesmo estilo de antes, seus olhos ainda pareciam sonolentos, apesar de estar a mil. Ao me ver, ele veio quase correndo e me deu um abraço. Não esperava por aquilo, fechei os olhos e retribui aquele gesto. Nos cumprimentamos e pedi o mesmo prato daquele dia. Greg sorriu, talvez pensando o mesmo que eu.
Enquanto esperava o meu jantar, virei para a outra mesa. A mesa onde estava com comendo a nossa entrada, conseguia ouvir nossas risadas expandindo por todo salão, sentia nossas peles se encostando e ficava arrepiada com o flerte de . Aquele flerte de quando se é novo e ainda tem receio de tentar de levar um fora. O que aconteceu? Tudo parecia fazer tanto sentido... Não havia amanhã! Onde nos perdemos?
Me perdi no tempo observando a mim e a do passado.
- Aqui está – Greg me tirou do transe.
- Obrigada – sorri.
- Sabe, o nunca mais veio aqui como vinha antes - ele falou quando estava indo embora.
- Como assim?
- Depois daquele dia que ele veio aqui com você, ele passou a vir menos vezes e a maioria delas ele estava mal - senti que ele estava meio triste.
Aquilo tinha me pegado sem defesas.
- E... - não sabia como perguntar aquilo - ele não veio com os amigos?
- Ele não veio com nenhuma mulher, não, - ele deu um riso cansado - Eu sei que era isso que você queria saber - corei - Eu sei que ele fez muita besteira, a pior foi ter saído com várias mulheres nesse tempo, eu falei isso pra ele - meus olhos já estavam enchendo de lágrimas pelas lembranças e pelo que Greg estava falando - Mas ele gosta de você, , só de você! Ele tava tentando te esquecer, , mas não conseguiu.
A essa altura eu já estava chorando e Greg sentou ao meu lado, fazendo carinho em minhas costas a fim de ajudar parar os soluços.
- Eu nunca o esqueci - solucei - Sei de tudo isso, mas eu ainda to magoada.
- Os dois estão, mas por favor, não deixe isso afastar vocês. Não percebes que vocês só vão ser felizes juntos?
- Eu tenho namorado, Greg! - apelei.
- E aposto que você não o ama - não respondi - Pensa nisso, .
Fiquei lá na mesa redonda sozinha com meus soluços. Não tinha mais fome nenhuma. Mais uma vez virei para olhar a e o mais novos, eles estavam de mãos dadas e me encarando.
- Não precisam me julgar - sussurrei pra eles.
Deixei uma nota de cinquenta libras (o que era muito mais do que eu devia) e saí.
Aquilo tinha me deixado muito mal, até minhas lembranças estavam contra mim, tomando conta da minha vida e me criticando. Esse foi um dos dois dias que eu não dormi na casa de Jared. Foi um dia que eu me acabei em comer sorvete.

- Ei, ! - Emm me tirou de meus devaneios - O que você estava pensando? To aqui há quase cinco minutos falando com você!
Já era segunda-feira e eu nem conseguia me lembrar de ter chegado ao sofá do meu camarim. Estava no automático.
- Hm, nada. Problemas - dei os ombros.
- Algo grave? - ela me olhou preocupada.
- Espero que não - suspirei.
- É o , né? - ela balançou a cabeça - Nem tente negar! - ela me cortou quando eu ia fazer exatamente o que ela não queria que eu fizesse.
Suspirei.
- É, você me pegou - admiti.
- Eu percebi. Aconteceu algo no teatro, não é? - concordei com a cabeça - Não quero que você me conte porque, pelo visto, você não vai conseguir me dizer sem chorar, mas me responda uma coisa.
Balancei a cabeça afirmativamente.
- Você gosta do Jared? - confirmei com a cabeça - Você gosta do ? - confirmei de novo - Você ama o ? - mas uma vez balancei afirmativamente a cabeça - E o Jared?
Não respondi.
- Imaginei que essa seria a resposta. O brilho quando você está com o é infinitamente maior do que quando você está com Jared, mesmo que quando vocês brigam - ela sorriu docemente para amenizar a situação - Mas você é que sabe o melhor pra você, vou sempre estar do seu lado, viu?
Sorri chorosa e a abracei tão apertado que pensei estar machucando-a, mas ela retribui com a mesma intensidade.
- Só não fica sofrendo assim, , por favor! Todo mundo percebe! ¬– Ela complementou.
- Tudo bem – sorri.
- Vamos? - ela me perguntou.
- Vamos.
Mais um programa seria gravado.

Depois da gravação passei em meu camarim, só queria pegar minhas coisas e ir pra casa organizar minhas ideias.
- ? - Jared entrou no camarim - Você vai pra casa?
- Hoje não Jar, preciso ir pra minha.
- Por quê?
- Preciso ver como está tudo lá, não fico em casa desde quinta!
- Então vou com você, ainda não dormi na sua casa.
- Hoje não, Jar. Preciso ficar só - pedi.
- Está tudo bem? - ele acariciou meu rosto.
Céus, eu estava enrolando esse homem há um mês! Eu vou pro inferno.
- Vai ficar, só preciso de um tempo pra mim - tentei sorrir.
- Eu fiz alguma coisa que te magoou? - ele estava realmente preocupado.
- Não, claro que não! - foi minha vez de acariciar seu rosto - Você é ótimo, melhor do que eu mereço, mas agora eu preciso me organizar. Estou confusa.
Ele me beijou calmamente e tão apaixonado que me controlei pra não chorar. Saco de emoções!
- Tudo bem…
- Eu sei.
Peguei minhas coisas e me despedi dele com outro beijo.
Fechei a porta com o coração apertado. Talvez eu já soubesse o que ia fazer. Só não sabia como fazer. Ou não queria por puro egoísmo. For my ego...
Na saída Peter, meu motorista estava me esperando. Jane estava doente. Alguma virose, então a dispensei até que melhorasse. Queria passar na casa dela pra ver como ela estava e pra me sentir um pouquinho melhor, mas com o meu humor era bem provável que eu a fizesse adoecer mais. Mandei uma mensagem pra saber se ela estava melhor, tinha medo de fazê-la piorar só com a minha voz. Eu estava um lixo e tudo por causa do medo de que tudo tenha sido um adeus.
Chegando em casa fui direto ao banheiro tomar um banho quente de uma hora na banheira com direito a sais, espuma e tudo mais. Minha cabeça estava um turbilhão, mas não queria pensar em nada. Precisava relaxar e não me preocupar com isso por algum tempo. Depois de sair da água e limpar a espuma de meu corpo, vesti o roupão e fui comer. Preparei um chá de camomila e um sanduíche de qualquer coisa que tinha na geladeira. O cansaço estava começando a pesar meus olhos e meus ombros. Me preparei e fui dormir.

Estava no camarim me terminando a minha maquiagem. Estava com um vestido longo vermelho, mas qual era a celebração? Estava terminando de delinear meu olho esquerdo quando alguém entrou e fechou a porta. Nem me dei o trabalho de ver quem era.
- Espera só um minuto, já vou lhe dar atenção - falei pro desconhecido.
Deixei o delineador na mesinha, dei a última checada no meu make. Perfeita, pensei. Só depois virei pra quem estava comigo.
- Olá!
estava sentado no sofá. Sexy como sempre. Ele estava com uma blusa social preta com os três botões superiores abertos e a calça jeans preta também, sentado relaxadamente no sofá.
- ? O que você está fazendo aqui? - perguntei assustada.
Imagina se Jared aparecesse!
- Vim te ver - ele respondeu sedutor.
- Não dá pra ser aqui! Alguém pode entrar! - levantei do banquinho.
- Ninguém vai entrar, estamos sozinhos aqui.
- Eu sei que só está nós dois aqui no camarim, to falando de fora daqui.
- Eu sei, mas não tem ninguém em todo prédio
- Como assim? - me deu um frio na barriga, mas uma sensação gostosa de sentir.
- Todo mundo foi embora, só resta nós dois - ele se levantou, andou até a parede e se encostando com o pé nela.
- Por quê? Eu tenho que ir pra onde eu vou usar esse vestido - estava começando a ficar muito confusa.
- Você só está com esse vestido por que eu quis - caminhei até ficar frente a frente com ele.
- Por quê? - olhei em seus olhos.
- Porque você fica muito sexy de vermelho - ele me puxou pra mais perto pra sussurrar em meu ouvido - e me excita.
Sorri.
Ai, como eu estava sentindo saudade disso.
Abracei seu pescoço e beijei seus lábios. Estávamos a sós, que mal tinha eu fazer o que eu precisava?
O beijo foi aprofundado e a posição foi trocada. me pressionava contra a parede enquanto massageava minha cintura. Como ele sabia das coisas que em êxtase?
Ele parou o beijo, tentei continuar, mas ele riu e se afastou mais um pouco.
- Vem comigo - ele me puxou pela mão.
Segurei a mão de e uma emoção tomou conta de mim. Parecia uma adolescente. O contato das nossas peles era inexplicável. A mão dele, grande e meio áspera, meio macia, indefinível, fazia carinho com o polegar na costa da minha. me conduziu até a escada de emergência e nós começamos a subir até o terraço. Nem lembrava que havia esse caminho.
O lugar estava lindo. A noite de Londres estava limpa, sem nenhuma nuvem, a lua estava quase cheia e algumas, poucas, estrelas mostravam-se visíveis, as poucas plantas presente lá estavam se fechando. Havia várias luzinhas de natal iluminando o local deixando tudo em uma penumbra fraca, no meio do pátio tinha uma cocha branca estendida segurada por quarto pedras nas pontas pra não voar.
- Nossa! - falei quando absorvi tudo em volta.
- Pois é - me puxou pra mais perto do pano e lá sentei.
- Você não vem? - perguntei quando ele demorou pra se aproximar.
Ele sorriu, assentiu e sentou a minha frente.
- Por que tudo isso? - perguntei.
Ele não me respondeu e começou a me beijar intensamente. Óbvio que eu retribui, depois eu perguntaria o porquê daquele lugar.
Ficamos nos beijamos por muitos minutos. Beijos calientes. Beijo que só o poderia dar. As mãos já não tinham limites, exploravam cada centímetro de pele coberta ou não um do outro. Eu já estava até deitada com ele por cima de mim, mas, não sei por que, ele se levantou e sentou sério. Fiquei muito confusa. Será que eu fiz alguma coisa errada? Será que eu machuquei ele? Sentei também e olhei em seus olhos tentando entender tudo.
Passamos mais alguns segundos nesse clima tenso até que ele falou:
- Agora eu posso falar o que eu realmente vim buscar!
Fiquei mais confusa ainda. Buscar? O quê? Minha alma? Que merda era aquela? Volta e me beija que é!
- Ah, , esquece isso, vai? Tava tudo tão bom! Vamos voltar pra onde estávamos!
- Não…
- Ah, qual é? – tava começando a me irritar.
- , eu vim aqui pra saber sua resposta - ele falou meio rápido.
- Resposta? - perguntei mais confusa que nunca.
- Quem você vai escolher? Eu ou o Jared? - ele me olhou tão sério que me fez tremer de medo.
- , pra que isso? - senti meus olhos molharem.
- Pra quê, ? Pra quê? Que tipo de pergunta é essa? Você tem que se decidir! Não pode ter nós dois ao mesmo tempo! - explodiu - Se fosse você no nosso lugar, você faria uma catástrofe.
Abaixei a minha cabeça e escondi as lágrimas que caiam com as mãos.
- Olha pra mim! – ouvi a voz de ressoar como um trovão.
Balancei a cabeça negativamente e me encolhi mais.
- Quando é que você vai tomar essa decisão, hein? – continuava bravo – Vocês só pode ter um de nós, senão, não vai ter nenhum!
Solucei mais alto.
- Ele tem razão, - ouvi uma segunda voz concordar.
Pensei que estava delirando e que aquela voz fosse coisa da minha cabeça, mas quando suspendi o olhar, vi Jared em pé ao lado de .
- Você tem que escolher, não pode ter os dois - Jared falou sombriamente.
Aquela visão era macabra. e Jared contra mim. E o pior é que eles estavam certos.
Não aguentei aquilo, me levantei e saí correndo para a escada, quando abri a porta a escada tinha sumido! Só restava um grande vácuo escuro. Virei para o terraço e e Jar estavam colados em mim.
- A escolha é sua, - falou.
- Estamos esperando - Jar riu.
- Mas não por muito tempo - concluiu.
Em seguida os dois me empurraram para o buraco.
- Aaaah! - gritei.
Abri os olhos.
Estava sentada na minha cama.
Tudo não passou de um sonho.
- Um sonho muito real - falei pra mim mesma.
Meu coração estava a mil, meus cabelos estavam grudando em meu rosto de suor e minha respiração estava ofegante. Eu estava chorando enquanto estava presa no sonho, e continuei a chorar mais forte agora que estava acordada. O sonho se repetia em minha cabeça.
- Eu preciso de mais um tempo – falava sozinha entre os soluços.
Depois de chorar tudo que eu ainda tinha pra chorar (o que demorou uma hora), levantei igual a um zumbi e fui ao banheiro. No espelho, vi uma triste, pálida e com olheiras profundas, totalmente diferente do que eu costumava ser. Um grunhido saiu da minha garganta em reprovação. Despi-me e tomei um banho demorado em água morna querendo que a água levasse pelo ralo todos os sentimentos ruins de mim. Tentava pensar em nada. No vazio. Branco. Qualquer coisa que me deixasse em paz. Já quase enrugada saí do chuveiro, me sequei e vesti um vestidinho leve qualquer. Tentei esconder as olheiras e fazer uma mais saudável com a maquiagem. Não teve um resultado de 100%, até porque a maquiagem não esconde o nosso interior, e o meu estava com a aparência de quem havia sido espancado até a morte.
Me arrastei até o restaurante do meu prédio, era como se fosse um hotel com os apartamentos todos estilo loft e embaixo tinha um restaurante que funcionava para o café, almoço e jantar.
Já no salão, me servi de tudo um pouco do buffet e escolhi a mesa mais afastada. Comi lentamente, olhando para o salão, avaliando as pessoas ao redor, as que comiam, as que se serviam e as que entravam, e um casal que entrou me chamou muito atenção. Que me deixou perplexa…

Capítulo 14

Será que não podia simplesmente cair uma tonelada de aço na minha cabeça? Doeria menos!
e Molie entraram no salão, supervisionados por meu olhar. Que canalha! Ele fez de propósito! Com certeza ele sabia que eu moro aqui! E ele vem com aquela modelozinha de quinta no lugar onde eu moro? Acompanhei-os com o olhar até eles sentarem em uma mesa mais próxima ao buffet, quando se levantou, ele olhou ao redor e me viu sentada e escondida no meu lugar. Primeiro ele pareceu assustado, mas logo em seguida ele sorriu maldoso pra mim. Fiquei sem reação àquela atitude e continuei a observar sem expressão.
pegou um prato, abraçou Molie por trás e beijou seu ombro coberto por uma fina alça da blusa dela. Idiota. Tentei me concentrar na minha comida, mesmo perdendo totalmente a fome.
Só que eu não conseguia. De minuto em minuto eu levantava o olhar em direção a , que sempre estava me olhando, nem que fosse pelo canto dos olhos. Assim que meu prato estava vazio, levantei para sair do restaurante, sendo acompanhada pelo olhar de , que sorriu cinicamente, o que me indignou. Virei o rosto e saí pisando firme até o elevador.
Que ridículo! Parecíamos duas crianças. Mas era inevitável nos tratarmos assim, ele provocava em mim uma ira que eu nunca senti antes. Babaca!
Entrei em meu apartamento, hiperativa, andava de um lado pra outro sem acreditar que, lá embaixo, tomava café com Molie. Eu queria sair de lá e ir pra qualquer lugar, mas não queria ter que encontrar os dois de novo. Continuei a rodar pelo apartamento até quando pensei que eles já teriam saído de lá e desci pra sair com Peter. No hall de entrada, meu motorista ainda não estava lá. Esforcei-me para não olhar para o restaurante.
- Vai ficar me evitando? - sussurrou no meu ouvido, o que me fez pular de susto.
Ele riu.
- Eu não tenho por que te evitar, tenho? – perguntei, indiferente.
- Claro que tem, você odeia me ver com a Molie. - ele debochou.
- Por falar nela, você não deveria estar com ela? - perguntei.
- Não, ela ta vendo um apartamento aqui. - ele deu os ombros.
- O quê? - quase gritei.
- É, ela ta vendo um apartamento pra comprar aqui. Lá no décimo andar.
O QUÊ? Só posso estar tendo um pesadelo! Por favor, me belisquem! Eu preciso acordar. No meu andar? Por que eu tenho que ter um chama pra marés de problemas? E o é sempre o meu maior problema!
- Por que tanto susto? Você mora aqui? - ele riu.
Nessa hora Peter chegou. Olhei com desprezo, botei os óculos escuros e saí.
- Tchau, ! - ouvi gritar.
Palhaço.
Entrei no carro e pedi pro Peter me deixar no Hyde Park. Precisava de paz, tranquilidade. Precisava até do grito das crianças.
Pedi a Peter que saísse que eu ligaria quando eu quisesse ir. Desci do carro, observando tudo ao redor. Sentei-me em um banco do parque. As borboletas voando e os patos nadando no lago, todo mundo tão em paz, tão sem problemas, que me fez sentir tão impura e deslocada. Decidi relaxar e tentar absorver aquela calmaria. Fechei os olhos e apurei todos os outros sentidos.
O toque do vento em minha pele, a textura da areia e liberdade da água.
O cheiro da terra misturada com a essência das flores e das folhas.
O som das crianças brincando, da água sendo batida pelo pato e a areia sendo arrastada por pés.
Quando alcancei a minha calmaria, abri os olhos, sorrindo. Levantei e resolvi caminhar um pouco pelo parque, já que vê-lo totalmente é quase impossível em um dia só. Andei por muito tempo, até meu estômago roncar. O relógio marcava quase três da tarde. Liguei para Peter e informei a saída em que me encontrava, pedindo que viesse logo.
Uma meia hora até Peter chegar para me pegar. Pedi para ele ir a um fast food mais perto, pois meu estômago estava quase saindo pela minha boca pra comer. Graças a Deus o McDonald que meu motorista parou não estava lotado. Em cinco minutos pedi meu big mac com a batata média e refrigerante médio. Acabei tudo rapidamente e me assustei com a quantidade de comida que estava no meu estômago, o qual estava feliz por isso.
Cheguei em casa mais de cinco da tarde e me sentia melhor do que já tinha sentido há muito tempo. Joguei-me no sofá e liguei a tv só por querer ouvir barulho pra não me sentir sozinha. Estava tão leve, mesmo tendo comido tanto. Ia me trocar quando a campainha tocou.
Mas quem seria? Não ouvi nenhum interfone tocar.
Fui à porta e quase fechei de novo.
- Molie? - perguntei meio raivosa.
- Ah, então é você a minha vizinha? - ela perguntou, com desprezo.
- Provavelmente sou, a não ser que você ache que eu invadi esse apartamento – falei, sem paciência.
- Não me surpreenderia. - ela debochou.
- Molie, Molie... Você é sempre tão espirituosa! - falei sarcástica - Mas pelo que eu me lembre, não sou eu quem se apropria das coisas dos outros aqui! - ela abriu a boca, indignada - Se não se importa, eu tenho coisas mais importantes pra fazer do que conversar com você!
Dito isso, fechei a porta sem nem me preocupar se a machuquei ou não.
Urrei de raiva.
Aquela vadiazinha seria a minha vizinha agora??
Idiota!
Troquei de roupa rudemente e quase rasguei o meu vestido.
Agora seria mais fácil encontrar aquela idiota! Os dois idiotas! Já que ainda saía com ela.
Argh! Nojo, nojo. NOJO!
Não aguentava mais um dia assim. Fui à cozinha, tomei um remédio que me fazia dormir com suco de maracujá e fui para o quarto esperar minha overdose de sonífero fazer efeito. E não demorou.
No outro dia, acordei meio pesada e com o som do celular tocando no meu lado.
- Alô? - falei com a voz grogue de sono.
- ? - ouvi Jared perguntar, confuso.
- Oi, Jar, tudo bem? - respondi.
- Você estava dormindo até essa hora? - ele me perguntou.
- Tava, por quê? - foi a minha vez de ficar confusa.
- Já são mais de onze da manhã. - ele riu.
- Já? – ouvi-o concordar do outro lado da linha.
- ? - a voz dele soou apreensiva.
- Oi. - respondi.
- Você já está... Hm... Menos confusa?
Droga, era isso que ele queria!
Pra falar a verdade, eu já tinha tomado a minha decisão, mas estava adiando ao máximo para dizer a sentença. Só que agora era a hora.
- Já. - sussurrei.
- Você quer conversar?
- A gente pode se encontrar?
- Claro que pode! - Jared exclamou.
- Posso passar aí em alguns minutos?
- Claro, pode sim. - senti que ele sorria - Vamos almoçar juntos?
- Provavelmente não. - fechei os olhos - Até mais.
E desliguei o celular.
Tomei um banho rápido, escolhi uma roupa rápida de se vestir e uma maquiagem rápida de se fazer. Ao descer, pedi para o manobrista pedir um táxi, já que hoje era o dia de folga de Peter. Não demorou muito e eu já estava tocando a campainha do apartamento de Jared.
- Oi, meu amor. - ele me deu um beijo rápido.
Entrei e sentei no sofá.
- O que você quer me dizer? - ele perguntou, acariciando o meu braço.
- Só escuta essa música primeiro.
[n/a: ponham a música pra tocar]
Não tive coragem de falar, era demais pra mim, então escolhi a música que falava tudo por mim.
- Por favor. - pedi - Escuta essa música com cuidado.

What do you do when you're stuck
(O que fazer quando se está preso)
Coz the one that you love
(Pois aquele que você ama)
Has pushed you away
(Te afastou)
And you can't deal with the pain?
(E você não consegue lidar com a dor?)

And now you're tryin' to fix me
(E agora você está tentando me consertar)
Mend what he did
(Remendar o que ele fez)
And find the piece that I'm missing
(E encontrar o pedaço que me falta)
But I still miss him
(Mas eu ainda sinto falta dele)
I miss him
(Eu sinto falta dele)
I'm missing him
(Estou sentindo falta dele)
Oh, I miss him
(Oh, como sinto falta dele)
I miss him
(Eu sinto falta dele)
I'm missing him
(Estou sentindo a falta dele)

And you' re
(E você)
Sitting in the front row
(Está sentado na primeira fileira)
Wanna be first in line
(Quer ser o primeiro da fila)
Waiting by my window
(Esperando na minha janela)
Give me all your time
(Dedicando o seu tempo a mim)
You could be my hero
(Você poderia ser meu herói)
If only I could let go
(Se eu pudesse esquecer)
But his love is still in me
(Mas o amor dele ainda está em mim)
Like a broken arrow
(Como uma flecha partida)

Meus olhos se encheram de lágrimas. Fazer tudo isso com Jared foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz, mas eu precisava, por ele. Por nós dois. Principalmente por nós dois.

He's the thorn in my flesh
(Ele é o espinho da minha carne)
That I can't take out
(Que eu não consigo remover)
He's stealing my breath
(Ele está roubando o meu fôlego)
When you're around
(Quando você está por perto)

And now you're tryin' to convince me
(E agora você está tentando me convencer)
He wasn't worth it
(Que ele não valia a pena)
But you can't complete me
(Mas você não pode me completar)
He's the part that is missing
(Ele é a parte que me falta)
I miss him
(Eu sinto falta dele)
I'm missing him
(Estou sentindo falta dele)
Oh, I miss him
(Oh, como sinto falta dele)

Jared estava entendendo o que eu queria dizer e estava se controlando pra não deixar as lágrimas dele caírem, enquanto eu estava chorando horrores. Ao mesmo tempo em que eu estava feliz de fazer a coisa certa, estava quebrando aos poucos. Mas nunca fazer a coisa certa doeu tanto! Era uma parte de mim estava indo com ele.

Give me all your time
(Dedicando o seu tempo a mim)
You could be my hero
(Você poderia ser meu herói)
If only I could let go
(Se eu pudesse esquecer)
But his love is still in me
(Mas o amor dele ainda está em mim)
Like a broken arrow
(Como uma flecha partida)
Like a broken arrow
(Como uma flecha partida)

What do you do
(O que fazer)
When your heart's is in two places?
(Quando o seu coração está em dois?)
You feel burned
(Você sente arder)
But you're torn inside
(Mas você está destruído por dentro)
You feel love
(Você sente o amor)
But you just can't embrace it
(Mas não consegue se envolver com ele)
When you've found the right one
(E você encontrou a pessoa certa)
At the wrong time
(Na hora errada)

Cantei as duas últimas frases olhando nos olhos de Jared.

And you' re
(E você)
Sitting in the front row
(Está sentado na primeira fileira)
Wanna be first in line
(Quer ser o primeiro da fila)
Waiting by my window
(Esperando na minha janela)
Give me all your time
(Dedicando o seu tempo a mim)
You could be my hero
(Você poderia ser meu herói)
If only I could let go
(Se eu pudesse esquecer)
But his love is still in me
(Mas o amor dele ainda está em mim)
Like a broken arrow
(Como uma flecha partida)
Like a broken arrow
(Como uma flexa partida)

- Me desculpa, Jared, mas eu não consigo te enganar desse jeito. - comecei a chorar forte.
Jared me abraçou e senti que ele também estava chorando.
- Eu te amo. - ele sussurrou no meu ouvido.
- Eu também, - retribui - mas não do jeito que você quer.
Meu choro ficou mais forte e eu apertei mais o abraço. Ficamos assim por mais alguns minutos sem dizer nada até que ele separou o abraço. Os olhos de Jared estavam vermelhos, mas não úmidos.
- Você nunca o esqueceu, não é? - ele limpou as lágrimas dos meus olhos.
- Não. - segurei a mão dele em meu rosto e fechei os olhos - Eu tentei me apaixonar por você... - ele concordou com a cabeça - E eu amo você, mas é como um amigo. Meu melhor amigo.
Ele sorriu tristemente e levantou do sofá, enquanto eu o acompanhei com o olhar.
- Não pense que eu estou feliz com isso! Não vou reagir mal por sua causa! Eu odeio esse ! Eu o odeio por nunca ter me deixado entrar na sua vida da forma que eu quis. - ele bagunçou os cabelos - Eu sou capaz de socar ele quando o vir.
- Você não vai fazer nenhuma besteira, não é? - fiquei apreensiva.
- Por você eu não vou. - sorri.
- Obrigada.
- Ele não é bom pra você. - ele falou.
- Você é muito pra mim. - falei.
- Não acho isso.
Suspirei e olhei pro chão. Detesto esses momento que não se sabe o que dizer.
- Acho que vou pedir umas férias o mais rápido possível. – falei, pra quebrar o clima.
- Por quê? - Jared me perguntou.
- Preciso me afastar um pouco daqui. - falei - É o melhor pra todo mundo. - ressaltei.
- Entendi. - ele balançou a cabeça - Pra onde você vai?
- Pro Brasil. Preciso da minha família. - ele concordou e mudou de assunto.
Fiquei mais um tempo conversando com Jared, uma conversa ainda muito tímida e constrangida, depois fui almoçar sozinha. Ele se ofereceu pra almoçar comigo, mas eu neguei. Achei que ele precisava ficar só.
Terminar com Jared e ele não reagir tão mal me deixou mais leve. Óbvio que eu não estava contente, ainda doía, mas estava fazendo uma coisa boa. Jared é um cara perfeito e merece encontrar uma mulher que possa fazer ele tão feliz quanto ele vai fazê-la. Coisa que eu não consegui fazer.
Almocei em um restaurante árabe. Estava com vontade de comer isso há muito tempo, então resolvi atender meu desejo. Tabule, kibe cru, humus, grão de bico, de tudo um pouco. Comi tanto que cheguei em casa rolando. Claro que não no sentido literal da palavra!
Quando cheguei no corredor do meu andar, percebi que a porta do apartamento da Molie estava um pouco aberta. Um palmo e meio, mais ou menos. Eu não queria, mas quanto mais eu me aproximava pra entrar no meu apartamento, mais eu conseguia ver o interior do dela. Tinha pouca coisa ainda, um sofá branco, um quadro na parede e uma mesinha com flores. Não sabia que ela podia ser tão delicada!
- Molie, vou ver tv. - ouvi a voz de anunciar e, sem querer, paralisei.
Já estava na frente da porta do meu apartamento, mas não conseguia tirar meus olhos da sala da outra. sentou no sofá, ele estava sem camisa.
Nossa, ele estava tão lindo!
As curvas dos músculos dele, tanto da barriga quanto dos braços, estavam mais definidas do que eu lembrava. Eu já estava virando na direção do apartamento quando ele me viu. Deixei a chave cair no chão e me amaldiçoei por causa disso.
- Merda. - sussurrei baixinho.
- Algum problema aí? - vi os pés de do meu lado.
Merda, duas vezes!
- Nenhum. - respondi seca.
Não estava conseguindo encontrar a chave da porta no molho. Estava ficando nervosa e irritada.
- Não é o que parece... - ele riu.
- Por que você não volta pra casa da sua namoradinha pra ver sua televisãozinha e me deixa em paz?
- Ah, você estava me espionando? - ele pôs as mãos na cintura.
Fiquei mais nervosa e senti todo o meu sangue correr pro meu rosto, apressando-me pra achar a maldita chave.
- Claro que não! - consegui enfiar a chave na fechadura - É que você fala tão alto que eu escutei.
Abri a porta.
- Sei... - ele cruzou os braços na frente do peito, salientando mais ainda suas qualidades peitorais.
- Eu... Eu não quero saber se você acredita ou não em mim. - gaguejei – Tchau, .
Fechei a porta e respirei fundo, encostada contra ela.
- Merda. - repeti.
Joguei minha bolsa no sofá e corri pra tomar um banho bem gelado.
Por que aquele idiota tinha que estar com pouquíssima roupa? Eu ainda estava me recuperando do término com Jared e ele me vinha sem blusa! Quanta provação! Quanta provocação!
O que eu vou fazer da minha vida?

Capítulo 15 [n/a: ponham essa música pra carregar]

Uma semana já havia se passado desde o término com Jared. Tudo estava se encaminhando. Jared já estava livre pra encontrar alguém que realmente o ame, mas eu que ainda me sentia vazia... Nesse meio tempo, mal falei com Jared, a gente se via no corredor e eu tratava de ser o mais breve possível. Acho que quanto menos nós nos falarmos mais rápido ele vai desencanar de mim. Não que eu não o queira mais, pelo contrário! Mas é que é melhor pra ele me esquecer. Claro que ele já me parou pra perguntar o porquê de tanto distanciamento... E o que eu disse? A desculpa milenar que toda mulher usa:
- Claro que não, Jar! Claro que eu não me distanciei. É coisa da sua cabeça.
Disse isso e depois me despedi com a desculpa que tava atarefada com as coisas da minha viagem. Doía fazer aquilo, mas era pro bem dele, não?
Ir pra casa também era outra tortura! Mollie tinha a péssima mania de deixar a porta entreaberta, atiçando sempre a minha curiosidade e quando eu estava segura na minha casa queria me bater por procurar naquela fresta. Nessas duas semanas, tinha esbarrado com ele e Molie quatro vezes, sendo que uma delas nós três ficamos esperando o elevador. Não é preciso dizer que ninguém falou com ninguém naquele cubículo de mais ou menos 10 metros quadrados, precisa? Eu realmente preciso entrar em rehab! virou meu vício. Ou melhor, ele SEMPRE fora meu vício. E como todo viciado, a vontade de parar era minúscula comparada à vontade de cometer o vício.
Desde aquele dia da fresta da porta, inconscientemente, comecei a desejar cada vez mais que aquilo acontecesse de novo, confesso! Mas friso a palavra: INCONSCIENTEMENTE!
Pelo menos era nisso que eu queria acreditar.
Pensando nisso, entrei em meu apartamento, esfregando com força meus dedos contra minha têmpora. Como aquilo me cansava! Eu só queria que essa semana passasse logo. A passagem já estava até comprada, só falta o tempo ajudar, mas esse nunca ajuda!
Desde que eu terminei com Jared, lembranças do tempo do voltaram a me atormentar mais uma vez, talvez pela maior proximidade, já que ele não saia da casa da Molie.

O que me confortava é que em uma semana eu voltaria para o Brasil. Poderia ter sido mais cedo, mas ainda tinha que ver quem iria me substituir. Só de pensar me dava um frio na barriga de ansiedade. Eu já estava às vésperas de voltar para o Brasil. Contava os segundos pra voltar. Eu só queria passar 15 dias deitada no colo da minha mãe pra ela me dizer que tudo ia passar, que tudo ia ficar bem.

A semana passou zombando com a minha cara de tão lenta que foi, estava começando a ter alergia de tempo lento. Quando chegou a véspera da viagem, saí pra jantar com Emily, Ethan, Jane e até o Jared foi com a gente. Era um jantar de "despedida". Claro que eu ia voltar para Londres! Afinal, eu tenho meu programa com Emm. Mas aqueles quatro eram exagerados, às vezes mais do que eu!
O jantar foi muito descontraído e cheio de palhaçadas e encarnações, Jared tentou algo a mais comigo depois de algumas doses de vodka, mas eu estava ainda muito sóbria pra recaídas. Cheguei em casa quase meia-noite e eu nem tinha arrumado a minha mala direito! Minha sorte é que o voo saía mais ou menos sete da noite, então dava tempo de arrumar tudo antes de ir para o aeroporto. Naquele momento eu só queria ficar sozinha e dormir.
Mas, como pra mim nada são flores, quando eu estava entrando no elevador, uma voz feminina pediu para eu esperar e eu segurei a porta, aí eu vi que era Molie e que iriam entrar. Só eu sei o quanto eu desejei que aquela porta fechasse rapidamente e me salvasse dos dois.
- Boa noite, . - ele me cumprimentou, usando o apelido e despertando um olhar furioso de Molie.
- Noite. - balancei a cabeça.
Ele me olhou dos pés à cabeça com um olhar que não se dá a uma freira, se é que me entendem. Senti um arrepio por saber que ele ainda me desejava. Tive que reprimir um sorriso bobo que queria aparecer. Molie me fuzilou com os olhos, mas logo em seguida ela se agarrou no pescoço de .
- Não é lindo? - ela me perguntou, mostrando um anel com uma única pedra que eu apostava ser de diamante - Foi o que me deu.
Meus olhos se arregalaram. Então era mesmo sério? Eles realmente estavam juntos pra valer? Eu pensava que era só curtição, mas parecia que as coisas tinham se tornado sérias demais pro meu gosto. Anel? Só podia ser de compromisso. Reprimi as lágrimas e limpei a garganta antes de falar:
- É muito bonito mesmo.
Tentei prender minha atenção nos botões do elevador, mas Molie estava disposta a me torturar.
- Ouvi dizer que você está voltando pro Brasil.
olhou pra mim, parecendo assustado.
- É, vou amanhã.
- Ah, então não vou mais ter que ver você? - ela sorriu.
Dessa vez eu rolei os olhos com vontade e a olhei com nojo.
- Sim, em breve eu não vou ter que ver você pra agredir meus olhos. – falei, na hora que a porta do elevador abriu .
Saí pisando fundo até meu apartamento.
Babaca.
Babaca.
Babaca.
Chegar em casa xingando e Molie já estava se tornando rotina, mas algo veio me surpreender. Uma lágrima caiu em meus pés. Estava encostada na parede oposta à porta, sentada no chão e abraçando meus joelhos. Não lembrava de parar naquela posição, nem quando as lágrimas intrometidas chegaram. Deixei cair mais lágrimas ao perceber que ainda era vulnerável àquele babaca.
Passei mais alguns poucos minutos naquele estado. Enxuguei as lágrimas brutamente e liguei o rádio, procurando a música que estava martelando na minha cabeça. Sabia que eu tinha posto naquele pen drive. [n/a: ponham pra tocar]
Procurei desesperadamente até encontrar. Sorri diabolicamente e aumentei o volume. Caminhei até a porta para abrí-la, meu sorriso se alargou quando vi que ele também estava na porta e cantei:

I hope the ring you gave to her
(Eu espero que o anel que você deu a ela)
Turn her finger green
(Deixe o dedo dela verde)
I hope when you're in bed with her
(Eu espero que quando você estiver na cama com ela)
You think of me
(Você pense em mim)
I would never wish bad things,
(Eu jamais desejaria coisas ruins)
But I don't wish you well
(Mas eu não te desejo o bem)
Could you tell 'bout the flames that burned your words?
(Você conseguiria falar sobre as chamas que queimaram suas palavras?)

I never read your letter
(Eu nunca li sua carta)
'Cause I knew what you'd say
(Porque eu sabia o que iria dizer)

Dançava sensualmente, mas meus olhos me contradiziam quando deixavam as lágrimas caírem. Mantia contato visual com , porque queria que ele soubesse que aquela música era pra ele, que todas as palavras daquela letra batiam direitinho com o que eu sentia e aqueles sentimentos eram pra ele. Ele me parecia surpreso e podia até dizer machucado, mas com certeza não tão machucado quanto eu estava. Com uma mão ele apertava fortemente a porta, como se quisesse descontar a frustração ali e na outra um copo com uísque que ele esvaziou em um gole. Sem tirar os olhos de mim, ele pegou a garrafa de uísque quase cheia e bebeu direto da boca.

She may believe you
(Ela pode acreditar em você)
But I never will
(Mas eu nunca acreditarei)
Never again
(Nunca mais)

If she really knows the truth
(Se ela realmente sabe a verdade)
She deserves you
(Ela te merece)
A trophy wife, oh how cute!
(Uma esposa como troféu, oh que fofo!)
Ignorance is bless
(A ignorância é uma benção)
But when your day comes
(Mas quando seu dia chegar)
And he's through with you
(E ele terminar com você)
And he'll be through with you
(E ele vai terminar com você)
You'll die together but alone
(Vocês vão morrer juntos, mas sozinhos)

You wrote me in a letter
(Você me escreveu em uma carta)
What you couldn't say right through my face
(O que não teve coragem de dizer na minha cara)
Give me that Sunday school answer
(Me deu aquela resposta de Escola Dominical)
Repent yourself away
(Sinta remorso à vontade)

Does it hurt to know I'll never be there?
(Dói saber que eu nunca estarei lá?)
Bet it sucks see my face everywhere
(Aposto que é uma droga ver meu rosto em todo lugar)
It was you who chose to end it like you did
(Foi você que quis terminar do jeito que você fez)
I was the last to know
(Eu fui a última a saber)
You knew exactly what would you do
(Você sabia exatamente o que iria fazer)
Don't say you simply lost your way
(Não diga apenas que você perdeu o rumo)

Eu já estava ofegante e furioso, ele estava quase pra entrar no meu apartamento, mas estava chegando a parte que eu mais queria que ele ouvisse e eu tinha que arriscar qualquer coisa pra que ele me visse cantando.

Never again will I hear you
(Nunca mais vou te ouvir)
Never again will I miss you
(Nunca mais vou sentir sua falta)
Never again will I fall to you
(Nunca mais vou cair na sua)
Never
(Nunca)
Never again will I kiss you
(Nunca mais vou te beijar)
Never again will I want you
(Nunca mais vou te querer)
Never again will I love you
(Nunca mais vou te amar)
Never
(Nunca!)

estava no fim da garrafa e seus olhos estavam menos agressivos, ao contrário dos meus.

Bet it sucks see my face everywhere
(Aposto que é uma droga ver meu rosto em todo lugar)
It was you who chose to end it like you did
(Foi você que quis terminar da maneira que que fez)
I was the last to know
(Eu fui a última a saber)
You knew exactly what would you do
(Você sabia exatamente o que iria fazer)
Don't say you simply lost your way
(Não diga que você simplesmente perdeu o rumo)
They may believe you
(Eles pode acreditar em você)
But I never will
(Mas eu nunca acreditarei)
I never will
(Eu nunca acreditarei)
I never will
(Eu nunca acreditarei)
Never again
(Nunca mais)

Joguei-me no sofá com o coração partido por me identificar tanto com aquela música. As lágrimas rolavam soltas e apressadas por meu rosto. Olhei para o apartamento vizinho e já havia terminado a garrafa de uísque, ele parecia desolado e com muita raiva. Vê-lo daquele jeito me arrepiou, mas de medo. Enxuguei as lágrimas que embaçavam minha visão e fui fechar a porta. Chega de show por hoje.
Já na porta, nossos olhares se cruzaram: Um raivoso e outro machucado. Escondi-me atrás da porta para que não me visse chorar mais um pouco e lentamente fui fechando a porta, mas ela nunca se fechou, pelo contrário, ela voltou com uma força estupenda, batendo em meu ombro e me jogando no chão.
- Mas que mer... - tentei falar, só que ao ver bufando, parado no vão da minha porta, as palavras fugiram.
Fui me arrastando para trás, sentindo meu coração bater errado, minha respiração falhar, meus membros tremerem e meu ombro arder de uma forma que eu nunca havia sentido antes. bateu a porta e se aproximou.
- Você não tem razão de cantar isso pra mim! - ele falou, controlando-se pra não explodir.
Tremi com aquilo.
- Claro que eu tenho! – falei, com a voz falha - Você não vê o que está fazendo comigo? - bati as costas na parede e me levantei, encostada nela.
- Você não entende! - ele pôs os dois braços na parede, impedindo-me de me mover.
Senti o cheiro de álcool exalando do corpo dele.
- Você não faz questão de me explicar. - chorei.
- Isso não é verdade. - ele segurou meu rosto - Eu amo você.
As lágrimas vieram com mais força. Eu queria acreditar nisso. Eu queria. Juntei todas minhas forças, mas eu não conseguia de jeito nenhum crer naquelas palavras.
- Eu não acredito. - abaixei o rosto.
- É verdade! - ele apertou mais a mão em meu rosto.
- Você está machucando!
- Também estou ferido por sua culpa.
- Não venha se fazer de vítima! - tirei sua mão de mim - Não sou eu que fico esfregando a Molie na sua cara.
- Não venha falar disso agora, você tinha aquele trouxa também. - ele gritou.
- Mas eu nunca fiz com ele o que você faz com a Molie. Eu tentei gostar do Jared, ele me fazia bem. Foi você que me empurrou pra ele! Eu nunca sentei a Molie no seu colo!
- Mas é você que eu amo, porra! - ele falou, descontrolado, puxando-me pelos braços.
- Pára! Você tá me machucando!
Ele chocou seus lábios contra os meus, forçando um beijo que eu não queria. Tentava me desvencilhar e pedir que ele parasse, mas parecia inútil.
- Eu te amo, eu te amo. – ele falava contra meus lábios.
- Me solta! – era o que eu respondia.
Aquilo pareceu irritá-lo mais ainda e ele forçou mais um beijo agressivo enquanto me empurrava contra parede. Eu tentava empurrá-lo, mas era o mesmo que nada. Logo ele trocou de posição e me obrigou a andar. Senti o sofá atrás dos meus joelhos e logo seguida estava jogada nele. passava a mão por todo meu corpo grosseiramente e rasgou um pedaço do meu vestido. Voltei a chorar forte. Nunca imaginei que estaria passando por uma situação dessas. Ele mordeu meu pescoço e eu gritei de dor. Ele segurava forte meus braços, onde com certeza ficaria roxo. Eu olhava pra todo canto da sala, eu estava desesperada, não queria guardar aquela cena na cabeça, não queria ter aquela lembrança de e, sem perceber, já tinha feito aquilo.
Arfei quando deixou todo seu peso cair sobre mim. Tinha quebrado um vaso na cabeça dele e ele desmaiou em mim. Empurrei ele para o lado e ele caiu no chão. Fiquei um tempo deitada no sofá, chorando copiosamente e ainda estava assim quando me ajoelhei perto dele.
- Eu te amo, , mas você está fazendo tudo errado! Esse não é o por quem eu me apaixonei.
Beijei seus lábios deixando algumas lágrimas caírem nele. Tentei me levantar, mas meu corpo tremeu mais forte e eu caí.
Com a vista embaçada, engatinhei até meu quarto, tentando ignorar as dores que havia deixado em mim. Sei que ele não fez por mal, ele estava bêbado, mas ele havia me machucado mais ainda, não só fisicamente.
Parei um pouco pra tentar me acalmar, pra meu corpo parar de tremer o suficiente pra eu ficar de pé, assim feito fui ao closet vestir um outro vestido qualquer. Joguei a peça rasgada de qualquer jeito e peguei a bolsa que estava antes. Não conseguia parar de chorar.
Saí do apartamento correndo, peguei a chave e bati a porta. Fui cambaleando no corredor. Estava tudo confuso, me sentia em um pesadelo. Rezava para isso tudo ter sido um pesadelo.
Não sabia o que fazer, não sabia pra onde ia, só sabia que tinha que sair daquele lugar. Não queria estar lá quando acordasse.
- Alô? - a pessoa respondeu do outro lado da linha.
- Vem me buscar? - foi a única coisa que consegui dizer antes da crise de choro vir mais uma vez.


Capítulo 16

's P.O.V

Minha cabeça doía muito e eu estava deitado em algo que pinicava meu rosto. Aos poucos fui abrindo os olhos e a pouca luz que entrava os agredia, fazendo-me demorar um pouco pra enxergar.
Espera, essa não é minha casa.
Nem da Molie.
Nem dos guys.
Levantei devagar por causa dor de cabeça e reconheci como sendo a casa da . Ao lembrar desse nome, a noite passada veio como um raio nas minhas lembranças.
Elevador.
Música.
Porta.
Sofá.
Barulho de vidro quebrando.
Desmaio.
Merda!
Olhei pro chão e vi um pó de vidro. O que eu tinha feito? Droga, o que eu tinha feito?! Eu forcei a a fazer o que ela não queria. Eu quase violei a . Eu quase estu... Não, não quero nem lembrar ou pensar no que eu quase fiz. Eu merecia mais cem vasos quebrados na minha cabeça.
Burro. Sou muito burro mesmo!
Agora eu tinha acabado com qualquer chance que eu podia ter com ela e quando ela me visse aqui, ela me botaria pra fora da casa dela aos pontapés. Foi então que eu ouvi a chave sendo introduzida na porta. Fiquei em posição de alerta. Só podia ser ela, tinha que ser ela. Já estava sorrindo quando Jane entrou no apartamento. Ela pareceu não gostar de me ver ali, porque ela fechou a cara e me olhou com desprezo.
- Oi, Jane - tentei um contato com ela.
- Não fala comigo, eu sei o que você fez. - ela falou, ríspida.
Senti um frio na barriga quando ela me olhou parecendo que, se ela pudesse, me partiria em dois em meio segundo.
- Eu não queria fazer aquilo, estou muito arrependido. - abaixei a cabeça.
- É o mínimo que você pode fazer agora. - ela foi em direção ao quarto.
Percebi que aquilo seria pior que eu imaginava. Fui atrás dela, precisava de notícias. Chegando lá, Jane estava com duas malas na cama aberta com algumas coisas dentro. Só então eu me lembrei que a ia pro Brasil hoje.
- Como ela tá? - perguntei.
- Como você acha que ela tá? - ela parou de dobrar uma roupa e me olhou com desdém.
Abaixei mais uma vez a cabeça. Era minha culpa. Eu sou um merda. Eu precisava saber que ela não estava tão mal assim, que ela tinha me desculpado pra eu me sentir melhor. Claro que ela não se sentia assim! Eu a machuquei demais! Eu realmente sou um merda!
- Onde ela tá? Eu preciso falar com ela. - tentei mais uma vez.
- Você não vai chegar perto dela! - ela jogou o que tinha na mão - Você já machucou muito a e eu não vou deixar você machucar ela de novo. Então faz o favor de sair daqui e nunca mais aparecer na vida dela! - ela explodiu.
- Mas, Jane...
- Agora. - ela gritou.
Pensei em insistir, mas achei que não era uma boa idéia. Eu já estava muito errado pra irritá-la mais. Concordei com a cabeça e saí do apartamento. Estava meio perdido. Tinha um nó na garganta, sabia que queria chorar, mas eu simplesmente não conseguia deixar nenhuma lágrima cair. Foi então que eu lembrei da Molie e me veio uma raiva imensa subindo pela minha garganta.
Maldita hora que eu botei Molie na minha vida!
Nem precisei tocar a campainha. Ela abriu a porta antes mesmo de eu chegar na soleira.
- Onde você estava? Não precisa responder, eu sei onde você passou a noite. - ela gritava.
- Cala a boca, porra! - gritei e a empurrei um pouco pra entrar.
- Não fala assim comigo! O que você pensa que tá fazendo? Saia da minha casa! - ela gritava, aturdida, atrás de mim.
- Não se preocupe! – gritei, virando para olhá-la pela primeira vez - Eu já estou indo. Pra sempre!
Ela me olhou meio chocada, cansei de olhar pra aquele rosto congelado e fui pro quarto dela pra pegar as poucas coisas minhas que estavam lá. Enquanto arrumava tudo, lembrava que um dia eu achei que ficando com uma pessoa que odiasse ela viria atrás de mim me pedir explicação e no final nós ficaríamos juntos. Doce ilusão. Joguei tudo numa mochila e já estava saindo do quarto quando Molie me interrompeu:
- Você não pode me deixar! - ela começava a chorar.
- Eu já estou deixando.
- Não, por favor, não vá! - ela me segurava pelo braço, impedindo-me de sair – Não me deixe!
- Pára com isso! Tá me enjoando! Me deixa sair, eu quero ir embora. – falei, virando o rosto.
- Não, eu gosto de você. - continuei sem olhá-la - Eu te amo, eu te amo. - ela se ajoelhou e agarrou meu joelho, repetindo isso.
Aquela cena era patética, não me senti nem um pouco lisonjeado vendo Molie se arrastando pelo chão por mim. Eu já estava irado comigo mesmo por deixar ir. Por tê-la feito passar por tudo o que passou. Aquilo estava me dando nojo. Eu estava com nojo de mim mesmo e ver Molie naquela situação não estava ajudando em nada meu enjoo.
- Deixa de ser mentirosa! Você só está comigo por causa da ! - ela chorava, dizendo que não - Você sempre quis ter tudo o que ela teve! Você ficou comigo pra mostrar pra ela que tinha me tirado dela!
- Não, não, não. - ela choramingava.
- Claro que sim! E você é tão incompetente que nunca conseguiu isso! Eu amo a ! Eu sempre amei e eu fui um burro em perder tempo com você. Vai viver a tua vida sem invejar a dela, porque você nunca vai chegar nem na sombra dela!
Ela me olhou totalmente chocada, com as lágrimas saindo sem nenhum esforço, soltou meus pés e eu saí.
Confesso que senti pena dela e que eu fui um estúpido demais, mas eu não tava ligando, tava dando tudo errado pra mim mesmo, pra que ligar? Além do mais, ela merecia isso também. Na verdade, eu merecia que alguém fizesse isso comigo.
Saí do apartamento dela e só então o desespero veio de verdade. A vontade de chorar ficou embolada na garganta, quase me impedindo de respirar. Concentrei-me em fazer aquele incômodo descer, mas sem muito sucesso. No elevador, fiquei pensando aonde eu iria. Pra casa não dava, se eu fosse e ficasse sozinho eu poderia fazer alguma besteira.
Um dos guys.
Isso, eu vou ligar pra um dos guys.
Mas qual?
- Alô? - ouvi no outro lado da linha.
- ? Eu preciso conversar! Acho que fiz uma merda muito grande. – falei, desesperado.
- Como assim? Quem você matou, ? Você limpou as digitais? Ai, , por que você me ligou? Vou ser intimado agora! - ele falou rápido.
- Cala a boca! - falei - Claro que não fiz nada disso, seu trouxa! É a . Acho... Acho que acabou de vez.
- O que foi que você fez? - ele perguntou sério.
sempre foi o mais próximo da por causa da . Ele falava com ela mais que eu.
- A gente pode marcar um lugar pra eu te encontrar? Não quero falar pelo celular. - pedi.
- Tudo bem, vem aqui pra casa. Aproveita que a não tá aqui. Vem rápido. - ele falou, meio cansado.
- Tá, to indo. Tchau - desliguei o celular, já dentro do meu carro.
O caminho foi tenso pra mim. Segurava o volante fortemente e tentava encurtar o percurso. Eu estava muito nervoso. A vontade de chorar continuava entalada em minha garganta. Eu estava desesperado e podia sentir o suor brotar em minha testa. Eu precisava fazer alguma coisa pra tê-la de volta pra mim, eu precisava pensar em algo bom o suficiente pra fazê-la entender que eu nunca quis machucá-la. Eu gosto dela de uma forma que eu nunca gostei de ninguém e doía saber que eu talvez nunca mais pudesse tê-la comigo outra vez. Só de pensar que ela poderia nunca mais voltar pra mim quebrou a minha resistência e uma lágrima saiu de meus olhos. Chegar a casa de pareceu uma eternidade, mas só durou meia hora. Bati na porta umas dez vezes até abrir a porta, não porque ele demorou a abrir e sim porque eu estava apressado.
- Não precisa quebrar a porta. - meu amigo falou quando me viu.
- Desculpa. Eu preciso muito de você agora. - falei rápido.
- Entra, entra. - andei até a sala e me joguei no sofá.
Eu bagunçava meus cabelos e passava as mãos pelo rosto freneticamente. apenas me observava, ele esperou um pouco até eu me acalmar. Como isso demorou um pouco, me perguntou, calmo:
- Você pode me dizer o que você fez?
- Cara, eu fiz a maior merda da minha vida! , eu quase... - parei de falar, não conseguia falar a palavra. Eu estava muito envergonhado. Eu não queria acreditar que eu pudesse ter feito uma coisa daquelas com ela.
- Você ... – insistiu.
- Ah, eu não consigo dizer! - gritei.
- Mas se você não me disser eu não vou poder te ajudar! - ele se sentou do meu lado.
- Vou te contar o que aconteceu. - ele concordou com a cabeça - A Molie provocou a no elevador.
- Sempre aquela doida! - bufou.
Meus amigos nunca gostaram desse meu relacionamento com a Molie, eu nunca saia com ela e eles ao mesmo tempo. Eles não se suportavam. Eles nunca entenderam porque eu não tentei namorar a quando ela chegou em Londres. Na verdade, nem eu entendia.
- Pois é, a gente entrou no elevador junto com a . Eu senti que ela estava incomodada com isso. , ela estava linda! Eu não conseguia parar de olhar pra ela, mas eu lembrei que ela não estava comigo e nem fazia questão de estar. Aquilo me deu raiva e eu abracei um pouco a Molie.
- Você também... – balançou a cabeça negativamente.
- Eu sei, ok? Mas não foi algo que eu fiz racionalmente. Por mim, eu já teria agarrado a naquele instante que eu entrei no elevador, só que eu não podia. Ela não queria. Por mais gay que isso possa parecer, esse desprezo machuca.
Abaixei minha cabeça, tentando esconder algumas lágrimas que queriam sair. deu alguns tapinhas nas minhas costas pra me mostrar que ele compreendia. Não aceitava, mas compreendia.
- Calma, .
- Aí a Molie percebeu meus olhares para e ficou com raiva. Aquela filha da mãe mostrou aquele maldito anel pra ! Ela mostrou o anel que ela me infernizou pra comprar pra ela. Acho que a pensou que nós estávamos firmes, sabe?
- E por que você deu aquele raio de anel? - ele se estressou comigo.
- Pra ela calar a boca! Ela tava enchendo a porra do saco! - balançou a cabeça, repreendendo-me, mas fez sinal pra eu continuar a história - Depois do elevador ela abriu a porta do apartamento dela e começou a cantar uma música e era pra mim.
- Qual era a música?
- Não sei bem, era da Kelly Clarckson.
- Ih, ela tem umas músicas bem revoltadas ou tristes. - falou.
- Acho que era Never Again. - cocei a cabeça.
- Cara, ela tá muito magoada com você, viu?
- Eu sei. - abaixei a cabeça - E eu piorei a situação. , eu fiquei muito nervoso com aquilo e acabei com uma garrafa de uísque, tomei até a última gota. , eu fiz a maior burrada que eu podia fazer em toda minha vida!
- , pelo amor de Deus, me diz o que você fez! Você está começando a me assustar. - parecia realmente preocupado.
- Eu... Eu tentei... - procurava as palavras desesperadamente - Eu a forcei a...
- Forçou a que, ? Fala! - já gritava.
- A TRANSAR COMIGO! - gritei - A transar comigo, merda!
Não consegui segurar mais o choro. Abaixei a minha cabeça e cobri os olhos com as mãos a fim de ter mais privacidade. Nunca havia chorado por uma mulher. Nunca. Mas a era diferente. A é diferente. Eu sinto por ela uma coisa que eu nunca senti por ninguém e eu não sei lidar com isso. E eu acabo fazendo merda. É, eu amo a .
- Isso é muito grave! Você pode ter traumatizado a menina.
- Eu sei, mas antes... Antes de fazer aquilo, ela quebrou um vaso na minha cabeça e eu desmaiei.
parou uns segundos me observando e depois começou a rir! É, rir! E riu descontroladamente.
- Para! Isso não tem graça! - reclamei.
- Tem sim! A é demais...
- Palhaço! Eu venho aqui pra você me ajudar e você ri da minha cara!
- Desculpa, cara. - tentava parar de rir - Desculpa, tem mais alguma coisa que eu deva saber?
- A Jane, a empresária e melhor amiga dela, me odeia agora. - suspirei.
- Você está realmente ferrado!
- Muito obrigado por me dizer o que eu já sabia. - respondi com ironia.
- De nada - ele sorriu. Idiota! - Enfim, você gosta dela?
- Claro que eu gosto! Eu a amo. - minha voz foi sumindo.
- E o que você tá fazendo parado aqui! Corre atrás dela e diga isso a ela! - ele levantou do sofá.
- Não dá. - baguncei meus cabelos.
- Por que? Quer parar de ser covarde e ir atrás dela? - me empurrou.
- Não dá! Ela foi pro Brasil. - sentou de novo pensativo - Eu perdi a pra sempre! - lamentei.
Ficamos em silêncio por um tempo. Em minha cabeça, repassavam-se todos os momentos que eu havia tido com ela. A sensação quando eu a vi de perto pela primeira vez. Quando ela entrou no estúdio eu senti uma coisa estranha, algo no meu estômago, e me senti incapaz de fazer qualquer coisa, só conseguia olhar pra ela. Lembrei de sua voz doce sussurrando em meu ouvido. Lembrei-me de nós dois no restaurante tendo uma boa noite, uma noite divertida. Lembro quando ela foi embora, assim que ela passou por aquele portão, senti-me vazio e confuso porque eu não conseguia entender o motivo daquele buraco dentro de mim. Lembrei das brigas, das reconciliações, de tudo. Eu sentia falta dela, eu queria tê-la em meus braços agora, eu lhe diria que eu nunca mais iria machucá-la, eu nunca mais a abandonaria e eu a faria a mulher mais feliz do mundo, tudo isso porque... Tudo isso porque eu a amava.
- Tem um jeito! - levantou mais uma vez me assustando.
- Tem? - falei confuso.
- Faz o seguinte: Vai pra casa e arruma sua mala. Você vai pro Brasil!
- Como assim? Eu nem sei se ela tá em um hotel ou se tá na casa da mãe dela. A Jane me odeia!
- Relaxa! Eu vou falar a e depois eu te ligo. Agora vai fazer o que eu te mandei!
Levantei aturdido e fui saindo.
- Valeu, ! – abracei-o - Obrigado mesmo!
- Tá, tá, vai logo! - ele me expulsou da casa dele.
Sai da casa do correndo e fui pra minha. Joguei tudo que achava necessário numa mochila e já estava ficando desesperado porque meu passaporte resolveu sumir. Eu iria para o Brasil, a vida estava me dando mais uma chance de ajeitar tudo e dessa vez eu não ia desperdiçar. Eu não podia desperdiçar. Eu não podia ficar sem a mais uma vez.
Eu estava tão ansioso e confiante que tudo ia dar certo... Eu estava tão concentrado pensando nos meus planos para o Brasil que tomei um susto quando meu celular tocou.
- ? – falou do outro lado da linha.
- Oi, . - falei rápido.
- Pedi pra ligar pra pra descobrir onde ela estava e a agenda. - me avisou.
- E ela conseguiu? – perguntei, ansioso.
- Aham! Anota aí! - pediu.
Anotei tudo direitinho e guardei na carteira como se aquilo fosse a minha vida. De certa forma, era a minha vida.
- No dia que você chegar no Brasil, você vai ter cinco horas antes dela ir para a MTV. – me pôs a par.
- , você quer fazer outro favor pra mim?
Peguei minha mochila e corri para o carro ainda com no celular. Eu teria a pra mim de novo, nem que isso fosse a última coisa que eu faça. Ela tem que me perdoar.
- Pode falar.

Capítulo 17 [n/a: deixe carregar essa música e ao meu sinal ponham para tocar]

Sol. Céu limpo. Pouco cabelo punk. É, senti falta do Brasil.
Mas nem com toda saudade eu conseguia sorrir.
Depois de ter quebrado vaso na cabeça do , fui direto pra casa da Jane. Tive que engolir meu choro durante o caminho da porta do meu apartamento até o dela, não podia dar motivo pra ser capa de qualquer tablóide, ainda mais com um assunto desses.
Eu estava machucada por causa daquilo, mas não tinha raiva do , quer dizer, não muita. Eu sabia que uma parte do que aconteceu tinha um pouco de culpa minha. Afinal, eu havia provocado muito o , e no final das contas nada aconteceu de verdade. Mas não pude deixar de chorar a noite inteira e o voo também.
Por que diabos o sempre tem que fazer a coisa errada?
No aeroporto tinha alguns fãs, não sei como, porque eu não falei que vinha pro Brasil, mas tinha. Fiquei pouco tempo com eles porque não queria que percebessem meus olhos inchados, apesar de estarem encobertos pelos enormes óculos de sol, mesmo sendo cinco horas de manhã. Depois de alguns autógrafos e fotos, Jane, minha mãe e eu fomos pro hotel onde eu ia ficar. No carro, fiquei deitada no colo da minha mãe. Sentia tanta falta dela. Com certeza minha mãe percebeu que algo estava errado, mas não me perguntou nada. Eu realmente agradeci muito a ela, em pensamento, é claro. Tudo o que eu queria era tomar um banho e dormir até o sol estar realmente no céu.
Depois de dormir o resto da noite que eu tinha, fui acordada “cedo” por Jane, pois ainda tinha uma entrevista na MTV Brasil. No café da manha, falei o que estava acontecendo pra minha mãe, apesar de não ter falado tudo – não queria que ela odiasse -, eu sabia que ela estava preocupada comigo e com todo direito. Omiti algumas partes como o incidente do vaso. Tinha medo de contar isso pra qualquer pessoa – com exceção de Jane, eu tive que contar – não sei, acho que no fundo eu ainda tinha esperança de que um dia tudo pudesse se resolver.
- , tá na hora de ir pra MTV – Jane falou, quando eu tinha voltado pro colo da minha mãe, pra ela amparar minhas lágrimas.
- Tudo bem, Jane, estou indo – enxuguei as lágrimas.
- Tenho que ir agora, mãe.
- Tudo bem, filha, acho que vou dar uma volta na cidade e espero você voltar pra gente almoçar juntas, apesar de ser quase na hora do almoço – minha mãe riu.
- A senhora não quer vir comigo? Aí a gente aproveita e saí de lá direto para um restaurante.
- Eu posso ir? – minha mãe me perguntou surpresa e eu ri dessa reação.
- Claro que pode! Que pergunta, mãe!
Descemos todas para o hall do hotel, Peter ia nos pegar pra levar pro estúdio. Ficamos esperando no hall central do hotel.
- ?
Ouvir aquela voz me fez congelar na hora.
O QUE O ESTAVA FAZENDO AQUI?
Virei e lá estava ele parado no balcão de entrada do hotel.
- ! – ele me chamou enquanto corria em minha direção.
Eu estava em choque. Como ele sabia que hotel eu estava? Mas a pergunta mais importante: O que ele estava fazendo aqui?
- – ele falou de novo – – ele olhava no fundo dos meus olhos, quase me hipnotizando de tão profundo que era o seu olhar
- O que você está fazendo aqui? – falei ríspida.
- Eu vim falar com você – ele sorriu.
Cínico! Tudo bem que eu estava sentindo a falta dele, mas eu não consigo esquecer as coisas fácil assim. Vê-lo depois de tão pouco tempo do incidente ainda doía.
- Mas eu não quero falar com você! – falei, juntando todas as forças que eu tinha.
- , espera! – ele me segurou pelo antebraço.
Seu rosto mostrava um desespero e uma ansiedade que eu nunca havia visto antes. Seu toque, por mais simples e um pouco bruto que possa ter sido, fez com que eu me arrepiasse dos pés à cabeça.
- Por favor... – ele pediu, quase sussurrando.
Me perdi nos seus olhos e por uns instantes me deixei ser guiada pra que ele quase colasse nossos corpos.
- Eu... Eu não quero ouvir! – odiei-me um pouco, mas disse.
Estava cada vez mais difícil dizer não a ele.
- Mas...
- Você não ouviu o que ela disse? – Jane perguntou agressiva e me puxou pra entrar no carro.
Fui levada, mas não consegui desviar o olhar de , no entanto, agradeci à Jane por me tirar dali. Já com o carro em movimento, pude ver parado na calçada olhando, parecendo desamparado, enquanto algumas fãs corriam para chamar sua atenção.
Abaixei a cabeça para esconder algumas lágrimas que queriam aparecer. Respirei fundo e as engoli.
- , - minha mãe segurou meu rosto – você ainda gosta desse ?
Demorei a responder. Um filme de tudo passou em minha mente. Boas coisas e outras nem tão boas assim. Botei tudo na balança. Tudo aquilo valia a pena?
- Gosto – respondi baixo pra minha mãe.
- E o que te impede de ser feliz? Eu me lembro de você falando dele o tempo todo! – minha mãe riu.
- Eu sei - continuei falando baixo, sem olhar pra minha mãe.
- Pois então, , não deixe essa sua birra atrapalhar sua felicidade. A gente só tem uma vida, viva essa bem. Se você gosta dele, não o deixe mais longe de você.
Sorri em agradecimento à minha mãe, mesmo no meio de tantas lágrimas. Sim, eu estava chorando. Aquelas palavras mexeram de verdade comigo. Ela estava certa, mas eu ainda não estava preparada pra fazer o que ela me mandou. Precisava daquele tempo no Brasil só pra mim, sem pensar em agora.
O caminho passou a ser bem silencioso. Com aquela presença inesperada, o clima ficou pesado. Tenso. Minha mãe havia dito tudo e ela estava certa. Em partes. Ela não sabia que ele havia tentado me forçar a algo que eu não queria fazer. Se ela soubesse disso, provavelmente teria matado o no momento que ele falou meu nome pela primeira vez. Jane, por sua vez, está odiando . Ela não me contou exatamente o que aconteceu no meu apartamento quando ela foi pegar minhas coisas para viagem, mas com certeza eles brigaram. Ou ela deu sermão nele e nem o deixou falar. Isso seria bem a cara dela. Eu só sei que ela estava irritadíssima naquele dia. Eu tenho muito medo da Jane quando ela se irrita daquele jeito.
Todos tinham uma opinião sobre ou o que eu deveria fazer em relação a ele, mas e quanto a mim? O que eu pensava de tudo aquilo?
Eu estava tão confusa. Eu não tinha dúvidas de que eu gostava muito do . Mais do que eu queria, numa situação daquelas. Ele disse que gosta de mim, mas ele fez tanta besteira:
Falta de contato
Molie
Arrogância
Covardia
Impaciência
E o último incidente.
Eu não sabia o que fazer. Eu queria do meu lado. Eu queria que a gente se resolvesse. Eu queria que aquela palhaçada acabasse de uma vez pra podermos andar de mãos dadas em qualquer lugar. Eu realmente queria tudo isso e muito mais, mas eu não podia simplesmente fingir que nada daquilo aconteceu. Passar por cima de tudo como se tivesse sido uma brincadeira de criança. Não podia passar por cima do pouco orgulho que me restava. Precisava mais do que uma viagem pro Brasil pra perdoá-lo. Muito mais que isso.

- , sente aqui e relaxe!
Foi o que eu ouvi da maquiadora do programa. Ela era bem simpática, mas esqueci de perguntar seu nome, pra variar... Sou distraída, só que hoje eu estava mais do que nunca. Quer dizer, eu estava pensativa e isso me deixa alheia de tudo que estava acontecendo a minha volta.
- Está na hora, !
Ouvi me chamarem quando me pareceu que estava sentada por apenas alguns segundos. Andei mecanicamente para o estúdio.
- Tudo bem – falei sem muita emoção.
Olhei-me no espelho e vi pela primeira vez a maquiagem que me fizeram. Gostei. Estava tão fora desse mundo que nem sabia quem ia me entrevistar. Bateu um desespero quando notei isso.
- Jane! – sussurrei.
- O que foi? – ela falou, com a voz no tom normal.
- Quem são os apresentadores? – sussurrei de novo.
Ela riu um pouco.
- Léo Bandeira e Millie.
- Ah, sim...
"Eu não conheço", quis completar.
A gente passa um tempo fora e tudo muda!
Ainda estava no comercial quando entrei no espaço do programa. Cumprimentei os apresentadores e sentei onde foi indicado.
- Estamos de volta, mas agora com uma companhia muito especial! – Millie falou.
- Com certeza! – Léo concordou – Seja bem-vinda, !
E a câmera vira pra mim...
- Obrigada – sorri – É muito bom estar de volta ao Brasil e ainda ser recebida desse jeito.
- É mesmo! – Millie concordou – Até porque tem um monte de gente lá fora.
E em uma tela foi mostrado os fãs gritando meu nome. Aquilo me deixou mais feliz e me fez sorrir de verdade.
- E aí? Deu frio na barriga? – Léo me perguntou.
- Dá, dá sim – respondi rindo – Sinto uma responsabilidade enorme vendo esse tanto de gente gritando o meu nome. É muito bom saber que tem gente que gosta de você e te apóia que nem os fãs fazem.
A entrevista continuou com as perguntas dos fãs e acabou mais um bloco.
- Muito obrigada pela entrevista, - agradeci aos dois – tchau!
- Ei, calma aí, ! – Léo falou, impedindo-me de sair – Você pode ficar mais um bloco? – ele sorriu meio amarelo.
- É! – Millie concordou – Fica mais um bloco, o diretor falou que ainda tem mais algumas perguntas dos fãs e tem uma banda nova que vai tocar agora que gostaria que você os visse. Quer dizer, se você puder ficar.
Olhei para a banda que estava arrumando os instrumentos e um dos integrantes viu e me deu um tchauzinho. Olhei pra Jane e ela estava com uma cara de que não estava entendendo nada também. Não era apenas um bloco?
A banda tinha terminado de se arrumar e agora todos estavam olhando pra mim. Já disse que odeio ser pressionada desse jeito?
- Ok, eu fico mais um bloco – sorri
- Eba! – Millie sorriu, até demais pro meu gosto.
Léo suspirou aliviado.
Mas o que tá havendo com o mundo? Não sabia que minha presença é assim tão importante. Ri baixo com esse pensamento e balancei a cabeça, tentando espantá-lo.
Voltei para onde estava antes do comercial.
- Nas suas posições! – ouvi a voz do diretor – 3, 2...
- E aqui estamos de novo – Léo falou – e a continua conosco!
Sorri pra câmera que estava me filmando.
- Então, , você ainda não nos disse por que está aqui. – Millie falou.
- To aqui só matando a saudade. Umas férias – ri.
- Você ta antenada nas novas bandas daqui?- Léo perguntou.
- Pra dizer a verdade, não muito. Mas eu vou aproveitar esse tempo aqui pra descobrir.
- Então vamos ajudar você, porque estamos aqui com os meninos do Bitch Slap!
Eles aplaudiram a si mesmos e também deram tchau para câmera.
- Então, garotos, como estão vocês? – Millie perguntou
- Estamos ótimos! Na verdade estamos bem ansiosos, nosso primeiro clipe estreará em alguns dias! – o que me pareceu o vocalista falou.
- Vamos então parar de conversar e mostrem pra gente a música do clipe! – Léo pediu.
E assim foi feito, eles tocaram uma música bem legal por sinal, com uma batida empolgante. Os meninos estavam empolgados e um pouquinho nervosos, pulavam e cantavam sem olhar muito pra câmera, só quando isto era inevitável. Bem dava pra notar que estavam no comecinho da carreira. Assim que a música acabou, os dois apresentadores foram conversar com eles e os apresentaram para mim: Matt, o vocalista e guitarrista; Pedro, o baixista; Marcos, o baterista. Todos nós sentamos numa escadinha e falamos sobre carreiras, por um momento havia esquecido que estavam nos filmando.
- Ainda dá tempo de tocar mais uma música? – Léo perguntou aos meninos.
- Claro, dá sim – Matt respondeu.
- Mas agora nós não vamos tocar uma música nossa, vamos cantar uma música pra – Marcos sorriu pra mim.
Hã? Como assim?
- Nossa! Quanto prestígio! – pisquei os olhos rapidamente e ri.
- Então vão lá, meninos! – Millie gritou.
Eles se prepararam e eu os observei
[n/a: já pode tocar!]

I asked her to stay
(Eu pediria para ela ficar,)
But she wouldn't listen
(Mas ela não me ouviria)


Mas aquela voz não era nem de Matt, ele nem cantava.

She left before I had the chance to say, oh
(Ela partiu antes que eu tivesse chance de dizer, oh)
The words that were mend
(As palavras que dissemos)
The things that were broken
( As coisas que estavam quebradas)
But now its far too late she's gone away
(Mas agora é tarde demais, ela foi embora)


apareceu no estúdio, deixando-me completamente aturdida. Ele estava ali, na MTV, cantando Maroon 5 pra mim. Maroon 5. Estava estática e sentia meus olhos umedecerem. Olhava para os lados, mas todos me olhavam sorrindo, inclusive .

Hard to believe that
(Difícil acreditar nisso)

It's not over tonight
(Não está acabado hoje à noite)
Just give me one more chance to make it right
(Apenas me dê mais uma chance pra fazer isso certo)
I may not make it through the night
(Eu não posso sobreviver durante essa noite)
I won't go home without you
(Eu não irei para casa sem você)


Ele estava ali cantando pra mim, só pra mim. Era quase um sonho. Já chorava discretamente.

And the noises is that she make keep me awake, oh
(E os barulhos que ela fazia me deixavam acordado)
The weight of things that remain unspoken
(O peso das coisas que continuam não ditas)
Built up so much it crushed us everyday
(Aumentou tanto que nos esmagavam todos os dias)



Aquela música se encaixava perfeitamente com a nossa situação. A situação que nós nos impomos.
se aproximou de mim ficando poucos centímetros de distância, cantando e olhando no fundo dos meus olhos. A conexão entre nós estava tão intensa que eu só conseguia ver e ouvi-lo. Ele me pegou pelas mãos e, delicadamente, me fez levantar. A respiração dele batia em meu rosto, estávamos a um microfone de distância e meu choro não estava mais tão elegante como antes.
Eu queria tanto abraçá-lo, mas eu tinha medo de tocá-lo e perceber que aquilo não passou de um sonho, então me contentei em apenas observá-lo. Olhar para aqueles olhos, olhos tão profundos que eu já nem sabia quantas vezes tinha me perdido neles. Olhar aquela pele tão macia que tantas vezes tinha sido campo para eu explorar com minhas mãos e meus lábios. Olhar para o que tanto me fazia falta.
Quando ele tocou em meu rosto fechei os olhos e suspirei. Tentei ao máximo gravar aquela sensação que um simples toque dele fazia em mim.

I won't go home without you
(Eu não irei para casa sem você)

Of all the things I felt I've never really showed
(De todas as coisas que eu senti, mas nunca realmente demonstrei)
Perhaps the worst is that I ever let you go
(Talvez a pior seja eu ter te deixado partir)
Should not ever let you go oh oh oh
(Eu nunca deveria ter te deixado partir, oh oh oh)

It's not over tonight
(Não está acabado hoje à noite)
Just give me one more chance to make it right
(Apenas me dê mais uma chance pra fazer isso certo)
I may not make it through the night
(Eu não posso sobreviver durante essa noite)
I won't go home without you
(Eu não irei para casa sem você)

It's not over tonight
(Não está acabado hoje à noite)
Just give me one more chance to make it right
(Apenas me dê mais uma chance pra fazer isso certo)
I may not make it through the night
(Eu não posso sobreviver durante essa noite)
I won't go home without you
(Eu não irei para casa sem você)
I won't go home without you
(Eu não irei para casa sem você)
I won't go home without you ..
(Eu não irei para casa sem você...)


Assim que ele terminou de cantar eu o beijei, beijei de uma forma que nunca tinha beijado antes.
Eu era loucamente apaixonada por ele, estava mais do que claro isso. E eu o queria por perto para sempre.
- , - ele falou quando paramos de nos beijar, ambos com lágrimas nos olhos – você quer casar comigo?

FIM


EPÍLOGO


- ? Meu amor?
- Estou no quarto! – gritei de volta.
- Estás de novo nessa história? – ele me perguntou antes de me dar um beijo.
- Essa história não! A NOSSA história, ! Mas acho que já acabei. Acho que nossos segredos de casado interessam só a nós. – falei, abraçada a ele.
- E você vai publicar a nossa história? – perguntou, distribuindo beijos por meu rosto.
- Não sei ainda, escrevi mais pra não perder nem um detalhe do nosso conflituoso e torto começo de vida juntos.
- Foi uma boa idéia. Quem sabe depois não vendemos para Hollywood? Seria um ótimo filme!
Rimos.
- Seria sim! – concordei – Mas não acho que estaria preparada pra uma rotina de viagem pra divulgar o livro ou o filme. Na condição que nós vamos ter, é melhor ficarmos por aqui.
- Condição? Que condição? – ele arqueou a sobrancelha daquele jeito que eu amava.
Sorri mais uma vez e dei um selinho demorado. Continuei de olhos fechados e com nossos rostos juntos.
- De futuros pais.

n/a: AH MEU DEUS! ACABOU :CCC Juro pra vocês que eu não tinha percebido que estava no fim. To muito triste de acabar Lingerie, to chorando, mas feliz de saber que agradei algumas pessoas e consegui cativá-las com esse humilde fruto da minha imaginação tosca. Queria muito agradecer a cada uma que está lendo essa att e que não desistiu dela, apesar de ter todos os motivos pra fazer isso. Eu sei que demorei muito pra mandar os capítulos, mas é que eu prestei vestibular esse ano (mais uma vez) pra medicina. Queria muito que vocês torcessem pra eu passar esse ano, aí eu posso fazer atualizações mais constantes da minha outra fic (I saw you and I want you). Quero agradecer a minha amiga Anne por me ajudar no nome da banda aí em cima e também a Mayoí e a Mayara que não me deixaram parar, além de todas vocês que me fizeram o mesmo pelo twitter, como a @WeEatAllTheTime. Desculpa se eu não falei o twitter de todas que me pediram por atts, já é de madrugada e minha mãe ta exigindo que eu durma. Então, se quiser me xingar por algo faz lá pelo meu Twitter ou pelo do McFlyzordBrazil. Tenho que terminar por aqui. Mais uma vez obrigada a todas vocês e a gente se vê pelas redes sociais ou na próxima atualização da minha nova fic. Mariana xx




Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu, portanto, mandem um email ou mesmo um tweet. Xx.


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