Escrita por Nathieli Cervo e Betada por Rafaela C.



Para acompanhar com a música: Memories - Backstret Boys


E aqui vou eu de novo. O vento batendo violentamente contra meu rosto, também iluminado pelo sol. Dirijo pelas ruas com apenas um destino, ela. Acabei de descobrir que estou apaixonado pela minha melhor amiga! A reencontrei ontem à tarde, depois de 2 anos afastados por motivos profissionais. O destino quer que fiquemos juntos.
Ligo o som e começo a cantar no ritmo da música:
“Should I? Could I? Have said the wrong things right a thousand times…”
Estou nervoso, e acho que por esse motivo sigo batucando no volante. E quando eu a ver, o que vou falar? Ela sempre diz: “Quão bom é o amanhã sem garantias!” Será que ela me deixará ser sua garantia?
Sinto meu coração bater no mesmo ritmo das rodas do carro. Estou suando frio, nunca havia feito tal coisa. Nunca havia feito uma declaração. Nunca quis viver um amor tão intensamente como quero agora. Desejo, sem limites, tê-la comigo, acordar com ela ao meu lado, pelo resto da eternidade.
Se estiver sendo precipitado, não importa, não tenho medo de tentar. Ela é encantadora, num piscar de olhos pode fazer você pirar. A pessoa mais incrível que por anos não enxerguei. Vi em seu olhar a felicidade quando nos encontramos, percebi pelo seu sorriso que ela quer o mesmo.
A pessoa que vos falo, chama-se e, eu sou . Jonas.
Virei à esquina na Rua Hewlett e avistei aquela antiga vizinhança, logo a antiga casa dela. Ela estava de passagem em Dallas, visitando os pais e familiares. Torço para que esteja sozinha em casa, será de muita ajuda.
“Damn! Misunderstood. Intentions good!”
A música acabou e eu estacionei no meio-fio em frente à casa dela - que era enorme, a pintura desgastada com o tempo, mas ainda podia-se contemplar o azul-bebê. As janelas brancas, com flores plantadas logo abaixo, dando um toque primaveril ao lar. Cercando a casa, um grande portão.

Liguei o alarme, dei a volta e toquei o interfone. Uma voz masculina, desconfiada, abriu o portão para mim, me permitindo entrar. Deve ser seu pai, pensei.
Na mesma hora, a porta abriu-se e ela estava ali, parada, sorrindo para mim.
- ! - disse surpresa.
- ! - respondi, abraçando-a.
Ficamos algum tempo abraçados, ela já tinha me entorpecido, nesse meio tempo. No momento em que senti o cheiro daquele doce perfume, fiquei tonto. Ela consegue me deixar mais apaixonado a cada movimento, a cada olhar, a cada sorriso!, pensei. Nos soltamos do abraço.
- Que bom que você veio!
- Quero conversar com você.
- Oh! Que falta de educação a minha, entre - ela me deu passagem.
Ela me encaminhou até a sala e lá nos sentamos.
Ouvimos seu pai avisar que iria sair e logo voltaria. A sorte está do meu lado, pensei.
Ficamos nos encarando por alguns segundo, o que já estava ficando constrangedor. Por fim, resolvi falar, era por isso que tinha chegado até ali.
- Então... o que está fazendo por aqui, em Dallas?
Espero que ela não tenha interpretado mal minha pergunta.
- Só de passagem e você?
- Trabalhando. Estamos hospedados em um hotel aqui perto.
- Muitos shows?
- Sim. Soube que você está trabalhando para a Rolling Stones, é sério?
- Estou amando fazer matérias para a revista.
- Legal.
- A quê devo a honra de sua visita?
- Nos encontramos ontem, você disse que estaria aqui se eu quisesse fazer uma visita.
- Ah, claro - ela gargalhou. - Tinha esquecido.
- Você não muda. Sempre tão...
- Linda?
- Eu ia dizer esquecida, mas linda também serve - a encarei seriamente.
- Você também continua o mesmo - ela provocou.
- Traduza.
- Continua...
- Mala? - quis entrar na sua brincadeira.
Ambos rimos, numa sintonia incrível.
- Eu ia dizer gostoso.
E o silêncio reinou.
- Quero dizer... ahn... amistoso.
Escondi meu rosto para ela não ver o sorriso que acabara de causar. Também tinha ficado corado.
- Bonita casa! - disse ainda com o rosto torcido.
Ela riu.
- Não precisa se esconder de mim, Jonas. O conheço o suficiente para saber que está completamente vermelho, sorrindo...
Eu tranquei a respiração.
- E nesse exato momento trancou a respiração porque se surpreendeu.
Tornei a olhá-la e ela estava perto demais de mim. Pude sentir sua respiração ofegante.
- Bu - ela falou, me deixando totalmente desconcertado.
Ela começou gargalhar exageradamente, se contorcendo no sofá.
- Nun...ca mais... faça isso... de novo! - eu pedi, tentando controlar meus batimentos. Eu estivera perto de seus lábios, pronto para beijá-la.
Fechei meus olhos, e escutei seus risos cessarem.
- Quero ver seus irmãos.
Agradeci mentalmente por ela ter mudado de assunto.
- Nesse caso, vamos?
Ela pegou a bolsa, trancou a porta de casa e fomos até meu carro.
Não conversamos muito no caminho.
- Tô com fome.
- Jura?
- Que tal um jantar? - ela sorriu, maliciosa.
Só se for agora, pensei. Virei à esquerda e encontrei um dos melhores restaurantes da cidade. Jantamos e ela ainda insistia em ver meus irmãos.

Passamos pela recepção do hotel e pegamos o elevador. Abri a porta do quarto e vi um bilhete em cima da estante.
“Saímos e não sabemos a que horas voltamos! Não nos espere acordado. e .”
- Eles não estão.
- Não me importo - ela deu de ombros. - Onde é o banheiro?
- Ali - apontei para a porta branca. Ela foi até lá, rebolando. Tudo para me provocar, típico de . Se é o que ela quer, está conseguindo. Sentei no sofá e liguei a TV.
Ouvi a batida da porta e ela cantando.
- Out of my bed but still in my head. I want you to know, I won’t let you go.
Pensamentos pervertidos me invadiram ao escutá-la cantando esta canção.
- Você ainda ouve isso?
- Qual é? Gil Ofarim não é tão ruim! - Ela riu, em sinal de ironia.
- Você e seus gostos inusitados.
- Vai dizer que não gosta? - Ela sentou ao meu lado com as pernas encolhidas e fez biquinho.
- Ahn... amo... digo... ah, você entendeu - desviei o olhar.
Ela suspirou. Estava na hora de falar tudo e abrir o jogo.
- , eu preciso confessar uma coisa.
- Eu também - ela respondeu, me fazendo estremecer. - Fale primeiro.
- Desde que você chegou, despertou em mim um sentimento. Não novo, mas velho. Ele estava adormecido e você o fez acordar. O que eu quero dizer é que sempre fui apaixonado por você e só agora percebi. Pode me chamar de idiota, estou pronto para levar o toco histó...
Fui surpreendido com seus lábios colados nos meus. Aquilo era um sinal para continuar? Continuei, mas em silêncio. Avancei para sua boca, a fim de recuperar todo o tempo perdido. O que era calmo ficou selvagem. Ela arranhava minha nuca, causando-me arrepios e eu já estava com a mão por baixo de sua blusa.
Foi uma noite inesquecível.

(...)

Acordei e passei a mão pelo colchão. Para meu desespero, ela não estava ali. Como fui parar em meu quarto, sem ? Subitamente, lembrei-me de tudo.
Deixei as lágrimas rolarem por meu rosto. Fora um sonho.
Eu só queria morrer, eu não a tinha comigo, eu não acordara com ela. Os soluços vinham compulsivamente e eu não conseguia os controlar.
Por que a vida é tão injusta? Há noites tenho o mesmo sonho, que um dia foi realidade. Sim, aquilo acontecera. E depois o destino novamente nos levou a caminhos distintos e desde então não a vi mais, a única notícia que tenho é que ela se casou e tem uma filha.
Com cuidado, me levantei da cama e abri a janela, deixando o vento gelado por causa da chuva, aliviar meu rosto inchado. O que sinto é inexplicável. Eu jamais a esqueci, nunca deixei de pensar nela. Sempre foi por ela que vivi, nem por um segundo desisti de reencontrá-la e ter o nosso final feliz.
Ouvi alguns passos rápidos se aproximando pelo corredor, a porta de meu quarto abrindo e logo uma mão em meu ombro. Eu já sabia quem era.
- Me deixa, .
- Tenho notícias da .
Na mesma hora, limpei as lágrimas e olhei para ele. Eu precisava saber o que tinha acontecido.
- Por favor, seja direto, sem torturas.
- Não consigo. É muito sério - seus olhos estavam vermelhos e eu concluí que ele havia chorado.
O desespero tomou conta de mim.
- Foi tudo muito rápido... ela não teve culpa...
- Ela... morreu? - Minha voz falhou na última palavra.
não respondeu, e o silêncio respondeu por si.
- NÃO! - Eu gritei, colocando as mãos na cabeça, quase arrancando meus próprios cabelos. - Diz que não é verdade, ?
Diz que eu ainda tenho chances de ser feliz com ela?
- Sinto muito - ele me abraçou forte e eu acabei por molhar toda sua camisa. - Tome um banho e nós vamos ao enterro.
Apenas concordei.
Podia prever meus dias sentenciados, podia me ver definhando a cada dia, podia me ver morrendo.

À medida que nos aproximávamos do caixão, eu podia ver uma garotinha no colo de um homem. O pai dela e a filha. Ambos abalados, mas ninguém mais transtornado do que eu. Onde está o marido dela?, eu me perguntava constantemente, sem coragem de falar com alguém a respeito.
Cumprimentei silenciosamente os pais dela.
- , ela pediu para entregar isso a você - o pai de me entregou uma carta, e a curiosidade escapou por minha fala.
- E o marido dela?
- A abandonou ano passado.
- Por quê?
- Leia a carta, meu rapaz, você entenderá tudo.
Me aproximei do caixão e ali vi, literalmente, minha vida indo embora, estava tão fraco, que fui de joelhos ao chão.
- Eu te amo tanto... - eu falava baixinho. - Por que você me deixou? Poderia ter sido diferente...
Comecei a chorar em silêncio, meus sentimentos não poderiam ser expressos em palavras.

, se você está lendo esta carta é por algum motivo. No fundo, desejaria que você nunca a lesse, ao contrário, que eu pudesse proferir palavra por palavra a você. É tarde para dizer, mas sempre amei você, não fique remoendo o passado, apenas entenda. Fiz tudo por você, para não atrapalhar sua vida, muito menos seus planos. Sempre pensei a todo tempo no amor que deixei para trás. A culpa é minha, mas eu faria tudo de novo, se fosse preciso. Eu cometeria todas as ações, não importando se eu errei ou acertei. Tinha meus sonhos, abri mão deles. Não tenha receio de ser feliz, tente. Deixe seus medos para trás e aproveite o que a vida lhe der de melhor. Passei intermináveis dias com uma pessoa que não era você. Não eram seus beijos, não eram seus abraços, não era seu cheiro. Te amei intensamente, e continuarei amando, até a eternidade. Deixo para você um presente: nossa filha. . Cuide dela, por favor. A faça suprir minha falta. Não quero que esqueçam de mim, apenas vivam cada segundo como se fosse o último. Espero também que me perdoe por não ter contado antes, como disse, não queria estragar seus planos, muito menos ser um empecilho.
Com muito amor, eternamente sua, .”

Suas palavras me chocaram e ao mesmo tempo me deixaram entusiasmado. Eu sou pai! Tenho uma filha, aquela menina linda. Vou fazer de tudo para tê-la comigo, e recuperar o tempo que perdi.

10 anos depois...

- Papai, vou sair com as... - entrou em meu quarto e deparou-se comigo parado na janela, olhando para o nada. - Você tá chorando?
- Não - minha voz mentiu.
Eu segurava nas mãos a única lembrança concreta dela, a carta. Todos os dias eu a lia, e relia. Precisava me sentir conectado a de alguma forma.
- Você leu a carta de novo? - Ela já estava ao meu lado.
Respirei profundamente e fechei os olhos.
- Dê-me isto - ela tomou a carta e a rasgou.
- Ei, o que pensa que está fazendo?
- O que mamãe teria feito! Você não entendeu que ela não quer que seja assim, você precisa reagir e seguir em frente.
- Você acabou de destruir a única coisa que a mantinha comigo. Você destruiu as minhas memórias.
- Pai, é apenas um papel. Quem se importa?
Ela jogou o papel rasgado no lixo.
- Quem se importa? - repeti suas palavras e deixei a última lágrima escorrer em minha bochecha. - São apenas memórias.

Fim.

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n/a (17/01/09): Hello estrelinhas, a terra diz olá *-* qqq Espero que tenham gostado dessa shortfic, porque dei o máximo de mim por esse drama. Mas, como sou uma pessoa feliz, tinha que ter um pouco de comédia, né? Obrigada por continuarem aqui *-* e obrigada a beta, mais uma vez, por sua paciência :P Enfim, leiam e comentem bastante, até a próxima! xoxo.

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