Sleeping With The Light On
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Capítulo 1

Soquei o despertador quando ouvi aquela músiquinha irritante dele. Abri os olhos devagar e bocejei, resmunguei algo que nem eu mesma entendi. O despertador marcava 06h30min. Espera! Seis horas e trinta minutos? Eu coloquei essa merda pra despertar 07h30min, além de tudo, ainda desperta na hora errada. Ô vidinha.
Tentei dormir de volta, mas não consegui. Eu estava de férias e nada mais normal nas férias do que dormir o quanto você quiser e não ser interrompida por ninguém. Tudo bem, , já que você não consegue dormir, faça seus planos para o dia de hoje mentalmente.
1º - acordar. Ta, eu já fiz isso. Pulemos então para a etapa 2.
2º - ir ao banheiro, trocar de roupa, escovar os dentes. Higiene pessoal.
3º - tomar um mega café da manhã, to com uma puta fome.
4º - e exatamente as 07h31min sair de casa, sem acordar a mãe.
5º - ir até a padaria e comprar uns muffins...
- Querida? Você está acordada? – OMG! A mãe vai pedir alguma coisa. Vou fingir que to dormindo, quem sabe ela tenha pena de me acordar. Por que eu estou pensando nisso? Ela nunca tem piedade do meu precioso sono mesmo.
- To sim, mãe. O que foi? – falei com voz de sono. É, eu ainda estou com sono.
- Daqui a pouco o meu noivo vai chegar aqui. E você está dormindo aí, como um zumbi. – ela falou dando uns tapinhas na porta.
- Ta bom, mãe. Já to acordando. – falei bufando. QUE DROGAAAAAAAAA. Eu tinha me esquecido disso. Por isso que eu coloquei o despertador para despertar.
- Rápido! E coloca uma roupa decente! Não essas coisas que você tem aí. – pude ouvir os passos dela descendo a escada.
Droga, droga, droga, dorga, dagro, dgroa, e qualquer outra coisa que seja familiar. Por que a mãe foi inventar de ficar noiva bem nas minhas preciosas férias? E por que o noivo tem que inventar de vir aqui no dia de eu comprar meus muffins? Ô vida.
Levantei. Bocejando, abri meu closet. Separei minhas roupas, roupas que eu sempre uso. Não vou causar uma impressão errada de mim, quem sabe o noivo da mãe não desiste de casar com ela?
Tomei um banho frio pra acordar, isso sempre resolve. Coloquei minha roupa. Era completamente normal, só a minha mãe a Senhora--certinha-que-odeia-roupas-normais que odiava o meu estilo normal, com roupas normais de ser. Uma babylook amarela com o rosto de bob esponja estampado, uma calça jeans escura com um cinto vermelho, e meu all star vermelho. Ok, ele tava um pouco surrado sim, mas isso não vem ao caso agora, vem?
Saí do quarto e fui direto pra cozinha, é, eu já falei que estou com uma puta fome? Pois é, eu estou morta de fome.
- E ai mãe? O que tem pra comer? Eu to com fome, e a minha idade necessita de uma comidinha especial. – eu ri do comentário que falei. Comidinha especial? De onde eu tirei isso?
- Você não vai comer enquanto não colocar uma roupa decente. – ela cruzou os braços e me fuzilou com os olhos.
- Tudo bem, eu fico sem comer. – eu sei que ela não se agüenta, daqui a pouco eu pego a comida. – Como é o nome do seu noivo mesmo? – sentei na cadeira com uma cara sarcástica. Um ponto pra mim! Deixei ela sem palavras, ela não é acostumada a me ver rejeitando a comida.
- John. Vê se não erra o nome dele. E o nome do filho dele é ! Não esquece, abestada! John e ! – ela falou devagar. Qual é, mãe? Ta me chamando de burra? Não precisa repetir!
- Não vou me esquecer, senhorita! – falei rindo. Como a mãe é boba, dois nomes tão simples... – E ai mãe? Ele é gatinho? Como ele é? Quantos anos? Tu já viu ele? – ela vai ficar brava, e vai falar ‘Para com isso , ele vai ser seu irmão!’, quer apostar?
- Para com isso , ele vai ser seu irmão. E mesmo assim, eu nunca vi ele. Com o pai que ele tem, deve ser um garoto muito educado e simpático. – ela sorriu. Ahá, eu não disse? Eu conheço muito bem a mãe. Eu devia me disfarçar de vidente pra ganhar um dinheirinho dela.

O barulho da campainha fez os olhos da mãe brilhar, a mãe virou outra depois que começou a namorar esse cara. Eu fico feliz por ela. Mas pensa pelo meu lado. A minha mãe ta namorando, e eu não! Isso é totalmente constrangedor, eu sou chata? Sou feia? Sou burra? Alguma coisa tem de errado em mim... Ó que vida cruel. Ok, voltando aos olhos brilhantes da mãe.
- Mãe, a campainha ta tocando, não vai atender não? – eu falei dando um tchauzinho na frente do rosto dela. DEUSDOCÉU, a minha mãe vai ter um ataque bem na hora que o noivo chegou? E agora?
- Mãããe! Tem alguém aí? – eu dei umas batidinhas nas costas dela pra ela acordar.
- Pára com isso, ! Eu estou legal! – ela foi em direção à porta. Às vezes eu tenho medo da mãe, sei lá. Ela entra nesses transes quando está nervosa. Quando eu digo que ela é louca, ninguém acredita.
Ela foi totalmente normal até a porta, e a abriu. O Sr. John deu a ela um buquê de rosas vermelhas, L-I-N-D-O! Mas eu prefiro as rosas amarelas. Ele deu um beijão de cinema nela, sem querer ser chata, mas beijo de velhos não é uma coisa muito agradável de se ver, principalmente quando é de língua. Sei lá, devia existir uma regra, ‘pessoas com mais de 48 anos só devem dar selinhos ’.
A mãe foi super educada e pediu para eles entrarem, nossa, nunca vi a mãe tão animada. Ela sabe ser muito gentil quando quer.
- Bem, , esse é o John, Sr. John, se preferir. – ela falou sorrindo. Espera aí, se ele vai ser meu novo pai, por que vou chamar ele de Sr. John? Que coisa estranha. – Ele vai ser seu padrasto futuramente.
- Olá, Senhor. – dei uns beijinhos nele, nossa, como ele ta cheiroso, hmm. – Minha mãe tem falado muito de você, estava super ansiosa para encontrar o Sr. – é, eu também sei ser educada quando quero. OMG! O filho dele ta vindo pra cá, droga, como é o nome dele mesmo?! Mac? Mate? Marcos? O que? Socorro! Como é o nome deleeeee? Aaaah! Se mata, , me mataaaa! É isso, o nome dele é . Hehehe, eu sabia desde o principio, só estava testando a minha mente.
- É mesmo? – o Sr. John deu uma risadinha. – Eu também estava curioso pra conhecer a filha da minha futura esposa. E vejo que ela é igualzinha a sua mãe. – ele deu um sorrizão de galã. Iiixx. Não gostei muito dele não... Ta falando que eu sou igual à mãe? Xinga mas não ofende amor. Agora você acabou comigo. Dei um sorrisinho pra ele.
- E esse deve ser o , não é? – mãe deu uns beijinhos nele. Chega de beijar ele mãe! Você já esta comprometida pro pai dele, hellow!
- É. – o garoto disse timidamente. Não sei por que a mãe falou da minha roupa, a roupa dele ta pior do que a minha.
- Olha só, , essa vai ser a sua nova irmã. – a mãe apontou pra mim. Por que ela está falando com ele como se fosse uma criança? Ele deve ser mais velho do que eu! Quando eu digo que ela é louca ninguém acredita, eu já disse isso, não disse?
Ele veio em minha direção, e me deu uns beijinhos no meu rosto. Nossa, ele é mais cheiroso que o pai dele. Ta bom, gamei total, adoro cheiro de perfume masculino. Um ponto pra ele.
Depois de se apresentarem devidamente, o ‘papai’ e a mãe estavam conversando animadamente sobre alguma coisa que eu realmente não estava a fim de saber. estava sentado no sofá, vendo televisão. Pensei em ir conversar com ele. Me levantei da cadeira de onde estava sentada. Senti minhas pernas amolecerem, senti um aperto no coração, e senti minhas mãos suarem frio. Tudo se apagou.

- Filha! Filha! – Acordei deitada na cama. Com a mãe me cutucando. Que droga, odeio que me cutuquem.
- Para de me cutucar, mãe! – falei pra ela quando finalmente abri os olhos. – O que aconteceu?
- Você desmaiou... Você sabe que tem que comer quando acorda, você desmaia se não tomar um café da manhã. – a mãe falou tentando me dar uma bronca. – Mas por sorte o John passou na padaria e comprou uns muffins. Ele disse que vai te dar um. Só pra não desmaiar de novo.
- Ahá! Isso mesmo, Sr. John, tem que puxar saco da sua futura filha. – falei dando uma piscadinha pra ele. OPA! Ponto pro Seu John. Comprando muffins pra mim, que chique! To me sentindo importante.
Ele deu uma risadinha.
– Pode me chamar de John. Apenas John, nada de senhor, parece tão militar. E não tem só um muffin pra você não, têm muitos. Pode comer à vontade. – ele deu um sorrisão, me entregando um pacote pesadinho, devia ter uns 10 muffins ali dentro. *-*
- Obrigada, ‘John’. – dei meu melhor sorriso. Tenho que puxar saco também, não é? – Mãe. – chamei.
- Oi? – ela olhou pra mim.
- Por que eu to no teu quarto? – olhei em volta e percebi que estava no quarto dela. Ué, essa doidona ta aprontando alguma.
- Por que eu estava com medo de encontrar algum bicho selvagem naquele seu cafofo. – ela respondeu simplesmente. Pude ver o tal de dando um sorrisinho.
- Meu quarto não é desarrumado e não existe nenhum tipo de animal lá. – tenho que me defender, ora.
- Falando em quarto, que tal a gente ir mostrar a nossa nova casa pra eles, hein ? – John olhou para mamãe que deu um sorrisinho.
- Que história é essa de nova casa? – se levantou da cadeira de onde estava sentado.
- Bem, erm, vocês não sabem, mas nós vamos nos casar amanhã. – a mãe disse, e abraçou John.
- O QUÊ? – eu e o berramos juntos. Como assim vão se casar amanhã? E a festa? E os convidados? E tudo mais?
- É isso mesmo que vocês ouviram. Vamos nos casar amanhã, nós decidimos que não vamos querer festas e nem convidados. Vai ser apenas nós quatro. E duas alianças. – John falou e beijou a testa da mãe.
- Isso não está certo! Não vai ter nadica de nada? Nem pessoas, nem vestidos longos, nem gente chorando, nem padre, nem testemunhas, nem padrinhos, nem madrinhas? – que coisa boba. Não vai ter graça alguma se não tiver um casamento de verdade.
- Não. Não vai ter nada disso. Nós apenas vamos colocar as alianças no dedo. – John confirmou e saiu do quarto abraçado à mamãe. – , fica aí com a só pra garantir que ela não vai tentar se enforcar e nem cortar os pulsos. – a mãe falou rindo enquanto descia as escadas.
- HÁ-HÁ, estou rindo por dentro, Dona ! – falei (berrei) para ela ouvir. Senti que em minhas mãos ainda estava o pacote de muffins que o John me deu. – Oba. – exclamei ao abrir o pacote. Peguei um muffin de framboesa. – Quer um? – ofereci ao garoto que estava com uma cara emburrada sentado no sofá. Ele olhou pra mim, e depois o pacote, eu e o pacote, eu e o pacote, eu e o pacote.
- Tudo bem. – ele falou e pegou o pacote da minha mão. Escolheu um, acho que ele só aceitou porque sabia que foi o pai dele que comprou. Me devolveu o pacote.
– Eu amo muffin de framboesa. *-* - exclamei com a boca cheia, e ele nem olhou pra mim. Que garoto chato. Não fala nada, o gato comeu a língua dele ou o que?

Capítulo 2


Estávamos dentro do carro do John, indo para a tal nova casa. Pra falar a verdade, eu estava com medo, e se fosse uma casa velha e derrubada? Ou se fosse uma casa muito pequena? Tomara que o John tenha bom gosto, porque eu não confio muito na mãe para essas coisas não. Eram 15h35min, já tínhamos almoçado, e até agora, o tal de só falou ‘tudo bem’ pra mim. Que garotinho mais chato, não fala nada, não faz nada, não sorri, não chora, odeio gente que não fala nada. Está bem, eu não odeio, é só porque eu gosto de falar. Hehe.
Mamãe e o John conversavam sobre alguma coisa não-interessante. estava com a cabeça encostada no vidro, ouvindo seu Ipod, que estava estupidamente alto. Porque eu podia ouvir a música de onde eu estava. Tirei meu celular do bolso, coloquei o fone e liguei. É, eu tenho um celular mp3, não gosto muito dele não, mas não tenho outra opção. Eu estava ouvindo Fall Out Boy. Sabe, minha salvação, a única coisa que me faz feliz nessa vida, eu realmente amo as músicas deles, por mais que sejam estranhas e sem sentido. Não deu um minuto da música ‘Dance Dance’ e o celular tocou. Ok, era uma músiquinha escandalosa, e todos eles olharam pra mim. Até o olhou pra mim. Pensei que ele não escutasse nem se um avião caísse ali do nosso lado. Estranhei.
- Aloha. – atendi, de uns dias pra cá eu peguei a mania de falar isso. HSUIHSASHIUAH, é engraçado.
- Você me deu bolo, sua vadia! – minha melhor amiga. Acredite, é ela sim, ela adora me xingar, acho que é uma fonte de energia pra ela.
- O quê? Eu não! – falei, me defendendo, vadia é tu, sua macumbeira!
- A gente combinou de se encontrar na sua casa hoje! Eu te odeio!
- Me odeia nada. – falei rindo. – Putz, desculpa, me esqueci de te avisar, o noivo da mãe veio aqui em casa, agora a gente vai ver a nossa casa nova.
- Ah, tudo bem, a gente se vê outro dia então?
- Pode ser... Agora eu vou desligar. Porque a gente já está chegando. Beijinho, tchau. :*
- Tchauzinho, perua. Beijo.
Desliguei o celular rindo, e a música continuou.

- Venham, crianças, chegamos em casa. – ouvi a voz da mãe chamando a gente, já fora do carro. Eu estava de olhos fechados e nem percebi que a gente já tinha chegado. A casa era enorme! Enorme mesmo, tinha um jardim com uma árvore, devia ser uma macieira, ou coisa do tipo. A casa era vermelha, e branca. Linda.
- Entrem. A casa já está com a mobília, então, podemos nos mudar quando quiserem. – John falou enquanto abria a porta.
Mãe e John nos mostraram a casa toda. Exceto pelo meu quarto, e o do , deveria ser uma surpresa. *-*
A casa era realmente maravilhosa, tinha mais de cinco banheiros! Achei o máximo. O garoto não parecia estar muito interessado. Que seja! Eu quero só ver o meu quarto, a casa está perfeita, o meu quarto também deve estar.
- Vamos logo ver o meu quarto! Eu quero veeeeeeer. – falei, eu estou super, hiper, mega, ultra ansiosa. John e a mãe se olharam e deram um sorrisinho. Iiih, isso foi suspeito, será que não vou ter quarto? Vou dormir na sala?
- Tudo bem. – mãe falou e foi em direção a uma porta que deveria ser a do meu quarto. – Só tem uma coisinha. – ela abriu a porta. Não, não, não, não, não e não. Isto é um sonho, não ta acontecendo. – Você e o vão dormir no mesmo quarto! – John e a mãe falaram juntos sorrindo.
- Não! – eu falei e repetiu.
- Sim, vocês vão, é pro bem de vocês, é pra aprenderem a conviver um com o outro. Vai ser melhor pra vocês. – eu vou matar a mãe! Como assim melhor pra nós dois? Vai ser uma merda total! Não vai dar certo!
- Não vai ser o melhor para nenhum de nós dois. Pai, pensa bem, a gente não vai ter privacidade nenhuma, e o pior... E se ela roncar? – a primeira coisa que esse garoto fala é perguntar se eu ronco? Eu realmente mereço isso.
- Hey! Eu não ronco! – me defendi, ora vejam só.
- Viu? Problema resolvido, ela não ronca! – John falou rindo.
- Não tem graça, pai. Cadê o meu quarto? – falou quase chorando. Qual é mermão, ta me estranhando? Já está me ofendendo. Eu não sou tão ruim assim.
- Não é para ter graça, filho. Vocês vão dormir aqui. – John falou sério. Tudo bem, já me conformei. Mas a cor desse quarto é super estranha.
- Tudo bem, mas quem escolheu a cor desse quarto? É horrível! – falei analisando o quarto. – Verde com roxo? São cores totalmente contrárias. – John apontou para mãe. – Nossa mãe, você foi péssima agora. Verde e roxo?
- Você gosta de roxo, o gosta de verde. Achei a melhor maneira de agradar os dois gostos. – mamãe abaixou a cabeça. Coitada, fiquei com pena agora. – Tudo bem mãe, não ficou tão ruim assim. – abracei ela.
- Então, quando vamos vir pra cá? – falou entrando no quarto e dando uma olhada em volta.
- Amanhã. – John falou simplesmente. Como se fosse ‘vamos almoçar’.
- Amanhã? – eu e falamos juntos. Qual é a desse guri? Vai ficar falando a mesma coisa que eu por muito tempo?
- É, amanhã, já está tudo pronto mesmo. Só vamos nos ‘casar’ e já viemos pra cá. Não é fabuloso?
- É realmente fabuloso. – falei forçando um sorriso. – Mãe, vamos pra casa, estou com dor de cabeça. – a casa era perfeita, mas essa noticia de que eu iria viver no mesmo quarto que o me abalou, não pelo caso de eu não gostar dele, nada contra ele, mas parece que ele não gosta muito de mim. Eu não fiz nada pra ele.
- Tudo bem, filha... Vamos, John? – ela perguntou abraçando ele e saindo.
- Tem dois banheiros aqui. – apareceu na minha frente sorrindo. Era a primeira vez que eu o vi sorrindo, realmente, parecia até outra pessoa.
- Pelo menos isso. – falei indo em direção aos banheiros.
- , , VENHAM! – John berrou lá de baixo. Não deu tempo de ver os banheiros, mas deixa pra lá. Desci as escadas correndo e entrei no carro. Eu to com fome.
- Vamos para a casa da , assim vocês já fazem as malas. pode ajudar a arrumar as coisas dela, não é, ? – John entrou no carro, e olhou o garoto pelo retrovisor.
- Claro. – falou sem a mínima vontade. Que garoto sem graça. Ele não se anima pra nada. To me irritando.

Chegamos em casa, subi as escadas entrei no meu quarto animada. Por pior que fosse morar com um garoto que é praticamente mudo, eu estava animada, adoro mudanças e aquela casa é simplesmente perfeita. Será que em piscina nos fundos? A gente não viu os fundos da casa. Tirei meu tênis, abri meu closet e peguei as minhas malas que estavam vazias. Eram três e bem grandes, na minha opinião caberiam todas as roupas. Comecei a colocá-las na mala. Vi que o entrou no quarto.
- Olha, me desculpa, falou? – ele falou sentando na minha cama.
- O quê? – por que ele estaria pedindo desculpas? Mais um louco na minha família não, né?
- Eu to sendo um chato antipático, não é? É porque eu não queria me mudar, odeio mudança. E o pai fica enchendo o saco. Desculpa se fui desagradável, não é nada pessoal. – ele falou olhando para os pés. Ele tem medo de olhar pra mim?
- Tudo bem, é porque parecia bem pessoal, se não se importa. – falei sem olhar pra ele também.
- Mas não é. – ele levantou a cabeça. – Quer ajuda? – provavelmente ele viu que eu estava morrendo pra tirar uma caixa de madeira do fundo do closet.
- Quero. – falei, e nesse momento eu devia estar como um pimentão de tanto fazer força pra tira a caixa do chão.
Ele me ajudou a colocar a caixa em cima da cama. Enfim, ele estava se enturmando, agora sim, ele parece uma pessoa normal. Abri a caixa, comecei a rir. Era uma caixa de lembranças. Tinha milhões de fotos, cartas, objetos.
- O que é isso? – ele pegou uma carta e começou a ler. – “... eu te quero só pra mim, é por você que eu vivo...” – ele fez uma careta.
Dei uma gargalhada.
– É de quando eu era menor, eu tinha admiradores, ok? – dei uma piscadinha e ele riu. – Ta bom, vamos fechar isso antes que tu ache alguma coisa que me comprometa. – fechei a caixa rindo.
Comecei a abrir as gavetas jogando tudo que tinha dentro na mala. Depois de um tempo arrumando tudo, eu acabei. Ok, metade das coisas eu joguei fora, mas isso não vem ao caso, vem? Não.
Estava gostando do , ele perecia ser uma pessoa bem divertida. Metido, fuxiqueiro, risonho, MODESTO, e, como eu, idiota.
Desci as escadas e vi uma cena deprimente, mãe e o John, tipo assim, mó amasso, sério mesmo, deu uma reviravolta no meu estômago. Dei uma tossidinha alta pra eles perceberem que eu estava ali. Uns cinco minutos depois eles pararam. Eca.
- Eu to com fome. Tem comida aqui? – abri a geladeira, mas a única coisa que encontrei foi uma maçã que devia ter apodrecido faz alguns milênios. A mãe não viu ela ali?
- Não tem comida nenhuma, eu já esvaziei a cozinha toda. – ela exclamou sorrindo.
- Mas eu to com fome. Estou em fase de crescimento, tenho que me alimentar corretamente. Sabes o que acontece se eu ficar sem comer. – falei séria, mas no fundo eu queria rir, o John tava todo sujo de batom. HSUAISHAUISHAISU.
desceu as escadas e começou a rir. Provavelmente da mesma coisa que eu, ele foi até o ouvido do John e falou alguma coisa. Na mesma hora John se virou a começou a se limpar.
Concluindo: o John e o foram embora, eu fiquei com fome, a mãe foi dormir e não fez comida pra mim. E eu fui dormir com fome.

Capítulo 3

- Larga o meu pé, mãe! – acordei com a mãe puxando meu pé. – Eu quero dormir...
- Acorda agora! Eu vou me casar daqui a pouco, e você aí dormindo. – putz, é mesmo, já tinha me esquecido do ‘casamento’. Levantei num pulo, tomei um banho morno. E coloquei o vestido que a mãe achou apropriado pra mim, pelo menos no casamento dela eu vou fazer o que ela pede, não é? Mesmo assim, o vestido era lindo era um tomara-que-(não)-caia preto com laranja, eu não sei vocês, mas preto com laranja na minha opinião é uma combinação perfeita.
Já estávamos dentro do carro, pude ver como a mãe estava nervosa. Ela ia dirigindo devagar, e na maioria das vezes ela ia como um foguete. Estacionou o carro que foi uma beleza, e ela sempre deixa o carro torto. Que não conhece ela como eu, diz que ela está em perfeita ordem, mas não está. Entramos no restaurante, e eu vou confessar, ok? Eu não estava muito interessada no John, nem no , nem no casamento, eu estava interessada era na comida. Pode dizer que eu sou uma pessoa sem coração, sei lá, mas eu estou desde ontem à noite sem comer, dá um desconto.
Lá estavam eles. Sentados na mesa, John também estava visivelmente nervoso. John deu um beijo desentupidor de pia na mãe, mas dessa vez eu fechei os olhos, cansei de ver, ok? Três vezes é demais pra mim, é muita tortura.
Sentei ao lado do pra deixar os dois pombinhos juntos. Não queria admitir, mas o estava com uma roupa linda! Tipo, uma camisa social preta, com uma calça também preta, e a gravata vermelha.
Oba, olha lá, o garçom ta vindo na minha direção com um cardápio na mão. To sentindo o meu estômago revirar de fome. Mal peguei o cardápio na mão já pedi o meu prato. Eu nem sabia o que realmente era, mas pela foto devia ser maravilhoso. *-*
To começando a ficar deprimida, nenhum deles puxam assunto comigo, eu preciso falar com alguém. Sei lá, os ‘meus pais’ já trocaram de aliança e nem falaram comigo, cada dia que passa eu fico mais excluída dessa família, será que a mãe gostou mais do do que de mim? Que idiota, ! Eu to falando igual a uma criança disputando a atenção da própria mãe. Fica na sua , alguma hora eles vão sentir a sua presença.
- , , nós temos que perguntar uma coisinha. – John falou sorrindo, passando a mão sobre a mão da mãe. Nossa! Alguém finalmente notou que eu pertenço a essa família!
- Manda. – falei sorrindo da mesma forma.
- Eu e a estávamos pensando em fazer uma pequena lua-de-mel, uma semaninha, por aí. E queríamos saber se vocês aceitam ficar uma semana sozinhos em casa, aceitam? – John fez um tipo de cara de cachorrinho abandonado.
- CLARO! – eu e falamos juntos sorrindo. DEUSDOCÉU, eu to sonhando? Que maravilha! *-*
- Tem certeza? Eu posso contratar uma babá... – tinha que ser a mãe pra fazer um comentário desses.
- Não precisa, mãe, afinal eu já estou quase fazendo maioridade...
- É, e eu sou maior de idade, não precisa, Dona . – sorriu olhando pra mim.
- Tudo bem... Vocês já estão bem grandinhos pra saber o que fazer... – a mãe continuou. Que chataaaaa, mãe, a gente vai ficar bem, será que dá? Às vezes dá vontade de chacoalhar ela pra saber se tem alguma coisa dentro da caixola dela.
- Nós vamos viajar para Amsterdã, amanhã, afinal, nos casamos hoje. – John falou devagar. – Vamos voltar em 10 dias, quando voltarmos, se a casa estiver de pé. Já vai ser bom.
- Nós damos a nossa palavra de que a casa vai estar em ordem. – sorriu mais ainda, com ar de superior. – Não é, ?
- O que? Cof, cof... – merda, ele colocou o meu nome nessa, foge , sai dessa. – Claro. – sorri.

Já deu pra imaginar o que aconteceu depois disso, não? Papai (como é estranho falar assim) e a mamãe aceitaram, ficaram ali enrolando por um tempo e resolveram ir pra casa. É! A nova casa, eu to louca pra ver se tem piscina, ou alguma coisa interessante lá atrás... Tomara que tenha, porque daí eu vou fazer umas festinhas lá, hehe.
Chegamos lá, peguei minhas pequenas malas e levei até meu quarto, puf, cansei, essa escada é bem maior do que eu imaginei (?). Comecei a colocar as roupas no closet.
- Eles vão viajar amanhã, vai querer trazer alguém pra cá? – perguntou colocando a mala encima a cama e começando à esvaziá-la.
- Claro. A ta querendo falar vir pra cá faz décadas. – dei um sorrisinho. Pra que ele quer saber? Já quer dar uma olhada na é, seu taradinho? Nem vem com ela não porque ela não vai querer nada contigo.
- Hmm. E você já viu a piscina que tem lá atrás? – ele sorriu. – Dá pra fazer altas festas..
- Sério? – me emocionei agora. Corri pra janela pra tentar ver alguma coisa, por sorte dava pra ver o jardim inteiro da janela. – Noooooooossa, é enorme! – corri pra minha mala procurando o meu biquíni.
- O que você ta fazendo? – ele olhou pra mim com uma cara estranha e levantando uma sobrancelha
- Vou pra piscina, ora. To louca pra ir numa piscina, faz tempo já. – sorri, entrando no banheiro com o biquíni na mão.
- Hey, esse banheiro é meu. – ouvi ele falando enquanto fechava a porta.
- Por que é seu? – abri de volta.
- Porque ele é verde. O seu é roxo. – ele apontou pro outro banheiro que era realmente roxo. Ops, entrei no MEU banheiro e coloquei o biquíni. Era um biquíni xadrez, vermelho e verde. Eu amo ele. Sai do banheiro e corri até o jardim. Não pensei duas vezes em pular, caraca, aquela piscina tinha sido feita especialmente pra mim, não acham? Comecei a nadar, boiar, mergulhar, ou qualquer outra coisa. Quando meus dedos começaram a ficar enrugados, eu saí. Eu sempre fico com sono quando saio da piscina. Tomei um banho morno. Coloquei uma roupa mais confortável. E continuei a guardar as minhas roupas e tralhas. Nunca achei que tinha tanta besteira. Mas como eu já tinha jogado bastante coisa fora, resolvi guardar. To com fome, tomara que tenha uma coisa decente pra comer. Desci as escadas e fui pra cozinha, véy, essa casa é muito grande, eu me perco aqui. Fui caçando coisas na cozinha, encontrei doce, bolo, pipoca... Só besteiras, eu não quero isso. Peguei um pedaço de pão com pasta de amendoim. Sentei no sofá ao lado do . Ele tava vendo um programa que eu não tenho a mínima idéia do que era, e acho que ele também não.
- Cadê a mãe e o John? – perguntei dando uma mordida no pão. Ele tava com uma cara de tédio, achei melhor puxar assunto.
- Foram ver o negócio da viagem, não sei aonde. Por quê? – ele me olhou com uma cara de sono. Acho que ele também ta com sono. Hmm.
- Nada. – eu falei, e ele voltou à atenção para a televisão de novo. Terminei de comer o pão, e bocejei. – Que sono. – exclamei.
Será que ele deixa eu encostar no ombro dele? HSAUHSAIUS, eu to com sono, acho que ele deixa, vou arriscar... Encostei minha cabeça no ombro dele, ele olhou pra mim com uma cara estranha, mas depois sorriu. OPA! Ele deixou, relaxei total, e fechei os olhos.

- , ! – senti alguém me cutucar. Abri os olhos e vi que estava no meu quarto. Olhei em volta e vi que quem me cutucava era o .
- Oi? – falei com a voz mais sonolenta do universo.
- Quer trocar de travesseiro? O meu é muito baixo, eu to ficando com dor nas costas. – ele falou me entregando, o travesseiro dele.
- Pode pegar o meu, é muito alto pra mim. – falei sem nem entender direito, e peguei o travesseiro dele. Me virei pra dormir de novo.

Acordei me espreguiçando. Nossa, é estranho eu acordar sem sono, acho que dormi muito tarde noite passada. Vi que ainda dormia ao meu lado. Levantei e fui pra cozinha, vi que lá tinha um bilhete encima da mesa.

“Queridos.
Resolvemos ir sem acordar vocês. Quando acordarem e lerem esse bilhete quer dizer que nós já estamos no avião. Só quero avisar que se precisarem liguem para nós.

Mamãe e papai.”

- Isso é coisa da mãe. – pensei alto rindo. Abri a geladeira, pegando uma garrafa de suco de caju (ok, amo). Sentei na pia esperando meu misto-quente esquentar. entrou só de boxers na cozinha, coçando a cabeça um pouco confuso, acho que estava com sono. (?)
- Buenos dias. – falei sorrindo. Ele olhou pra mim uma cara estranha.
- O quê? – perguntou rindo e sentando numa cadeira.
- ‘Bom dia’ em espanhol. – respondi pegando meu misto-quente, sentando ao lado dele.
- Você fala espanhol? – ele olhou pra mim pegando um jornal que estava encima da mesa.
- Não, só sei algumas coisas, lá no Brasil eu tinha aula de espanhol. – respondi, olhando ele. Sei lá, eu não queria olhar, entende? Foi o impulso, está bem, eu admito, ele é super sexy. Sequei ele por um tempo, mas acho que ele nem notou porque estava dando uma olhada no jornal.
- Legal. – ele simplesmente falou e continuou lendo o jornal.

‘One way, or another, I'm gonna find ya
I'm gonna get ya get ya get ya get ya
One way or another, I'm gonna win ya
I'm gonna get ya get ya get ya get ya
One way, or another, I'm gonna see ya
I'm gonna meet ya meet ya meet ya meet ya
One day, maybe next week
I'm gonna meet ya, I'm gonna meet ya, I'll meet ya’

Comecei a rir sozinha ouvindo a música do meu celular. Corri pra pegá-lo, li no visor o nome . Atendi.
- Rua 250, Número 745. - falei rapidamente antes que ela falasse alguma coisa.
- Hoje? – ela riu.
- Não, ano que vem. Dã. – falei rindo. – Vem, tem piscina e tudo!
- Sério? Ai, ai, já to indo! – ela falou desligando o telefona na minha cara. Odeio quando ela faz isso.
Olhei pro e ele me encarava.
- Sua amiga vai vir? – ele riu.
- Claro, ela não perde uma piscina por nada. E os seus amigos? – perguntei vendo ele se levantar.
- Vão sim, mas só vai vir um hoje, acho que o ta viajando.
- Então sobe e coloca uma roupa decente, não quero a secando o meu irmão mais velho. – (oi?).
Ele gargalhou, e subiu as escadas até o nosso quarto. Comecei a arrumar a cozinha, tenho que começar a deixar as coisas em ordem, porque não duvido nada que a derrube a casa.
Uns cinco minutos depois desceu as escadas. (UAL) Eu podia desmaiar ali mesmo. Ok, estou exagerando mas ele ta gatão, hehe. Ouvi a campainha tocando. Aaaah, deve ser a . Corri pra abrir a porta.
- Ahn, oi. – meu sorriso se desmanchou ao ver que não era a e sim um garoto alto, e um sorrisão no rosto.
- É aqui a casa do ? – ele perguntou sorrindo mais ainda.
- Não, aqui é a casa dos pais dele. Hehe. – fiz uma cara de idiota. – Entra, ele deve estar por aí.
- Ah, eu sou o . – ele estendeu a mão em minha direção.
- . – apertei a mão dele. AAAAI, porra! Não é pra quebrar a minha mão, eu vou precisar dela depois. Que fortinho ele, não? – ! – chamei ele. Qual é? Vou ficar aqui com o amiguinho fortinho dele enquanto ele ta por aí?
- Eu? – ele levantou a mão, estava na sala vendo televisão lá na maior moral, enquanto o amiguinho dele quebrava meu braço inteiro.
- O chegou. Dã. – falei fechando a porta, e pedindo pro pequenino entrar. HSUAIHSAI, pequenino, que tosco.
- Ah. – pulou do sofá e correu pulando no pescoço de . Tipo assim, me assustei agora, eles são gays? Nada contra, mas é mó estranho. Fui pro ‘quarto da bagunça’, sabe, aquele quarto que você coloca tudo. Tipo, bicicletas, patinetes, roupas velhas, caminhas de cachorro abandonadas (oi?), bambolês (?), brinquedos de quando você era uma criançinha feliz, entre outros... Então, esse é o nosso quarto da bagunça, só que lá tinha uma esteira, é sabe aquelas de caminhar e tal. Eu estava tão disposta que comecei a caminhar. Mas, antes de caminhar eu coloquei o meu CD perfeito do FOB, meu perfeito, meu amor, meu tudo. Comecei a cantar com toda força (?) caminhando na esteira, já estava na hora de caminhar, eu só me alimento, e não faço exercícios, então vou caminhar todos os dias (cofcof).
- Tchutchucona! – ouvi, ou pensei que ouvi uma voz familiar. Olhei pra trás com certa dificuldade, é difícil olhar pra trás andando em uma esteira, ok? Quando vi a perua com as mãos na cintura, soltei um gritinho agudo, e pulei da esteira. Abracei a pôia. É, faz tempo que a gente não se vê. Quanto tempo? Hãm, uma semana? Duas eu acho.
- Nossa, pôia, como você cresceu. – eu dei uma risadinha quando a gente se separou do abraço.
- Cala a boca, eu sempre fui maior do que você. Anta. – ela me deu um pedala. Ai, doeu pô. – Então, quem é aquele garoto que ta lá na sala? Hein? É um stripper que você contratou para a sua melhor amiga se divertir um pouco, é? – ela fez uma cara de safada, que até eu fiquei com medo. Essa menina me assusta.
- Não sei, depende do garoto, tem dois lá. – falei rindo dela, como ela é boba.
- É alto, e tem um sorriso de Reinaldo Gianecchini. – ela falou rindo, indo até a esteira e desligando-a.
- É o amigo do , não sei muito sobre ele não, correção, não sei NADA sobre ele. – falei. Safadinha já ta de olho no amigo do , é? Hehe, essa é a minha garota (?).
- Vamos logo na piscina, eu vim aqui pra isso. – ela falou puxando a minha mão. Por que ela ta puxando a minha mão se sou eu que sei o caminho pra piscina?

Depois de mergulharmos na piscina, e matar a vontade da Sra. Folgadona, nós sentamos na beira da piscina, com as pernas dentro d’água.
- E aí, alguma novidade que eu deva saber? – Ela deu uma piscadinha pra mim, rindo.
- Não que eu me lembre. – falei rindo, o que ela ta tentando tirar de mim? Não existe nada pra eu contar pra ela. – E você?
- Ah, eu fiquei com um carinha lá na praia, mas namoro de verão nunca dá certo. – ela fez careta. Isso é verdade.
- To com fome. – exclamei me levantando. – Vamos lá na cozinha, comer alguma coisa. – ela se levantou e veio atrás de mim.
Chegamos na cozinha e vimos uma cena, digamos deprimente. e o tal de tentando fazer alguma gororoba pra comer. Sério, fiquei com medo.
- O que vocês estão fazendo? – eles olharam pra mim com uma cara de ‘não me bate’. – Eu não vou espancar ninguém, só perguntei o que vocês estavam fazendo... – expliquei devagar. São lerdinhos, coitados.
- Estamos tentando fazer alguma coisa pra comer, só que o é um burro na cozinha. – explicou rápido. Rindo em seguida.
- A culpa não é minha! É você que não passa a receita certa! – se defendeu. Eu queria rir ali, mas resolvi me segurar. Como eles são bobos na cozinha, e olha que eu não sou um gênio não.
- Primeiro. Já é meio dia! Quero dizer, temos que fazer alguma coisa salgada pra almoçar. – falei, tentando controlar as coisas. Ou eles explodem a casa no primeiro dia, e eu jurando que ia ser a .
- Nós pedimos uma pizza. – falou rápido. Fala devagar criatura! Ta achando que eu tenho uma super audição?
- Uma? Tem quatro pessoas aqui, praticamente adultas. E vocês pedem uma pizza? – Foi a vez da . Nossa, falou bonito hein, colega? Um ponto pra , eles abaixaram as cabeças. MUAHSIUASHUIASA.
- Tudo bem, nós pedimos outra. E vocês cuidam da ‘sobremesa’, que tal? – fez jóinha com a mão. E saiu da cozinha seguido de .
- Ok. – eu falei indo pra perto do fogão e jogando a panela (que tinha alguma coisa não identificada dentro) dentro da pia.
- Vamos fazer um brigadeiro? – falou sorrindo.
- Brigadeiro não. Que tal aquele que é branco? É igual brigadeiro, só que não coloca achocolatado, e sim leite em pó. – falei com um sorrisão de orelha a orelha.
- Sim, sim! – falou pegando uma panela.

Já deu pra saber o que aconteceu né? Não? Ok, eu conto (?). Nós fizemos o doce, e ficou uma MELÍCIA como diz a . Os meninos ficaram com medo de comer, então eu e a pôia comemos quase tudo sozinhas, ok?
- Ae, quando vocês vão se cansar de jogar esse jogo estúpido? Eu quero ver televisão. – falei impaciente. Pô, eles tão jogando videogame desde que o chegou aqui em casa.
- Nós chegamos na televisão primeiro. Vão lá no quarto fazer alguma coisa. Não tirem a minha concentração. – falou sem tirar o olho da televisão.
- Vamos lá , deixa esses dois trapos aí. – falei dando um pedala no . E subindo as escadas com a .
- Você viu só? Eles são uns estrupícios! Só ficam jogando, e comendo. – bufei sentando na cama. Que saco, eu quero ver televisão. Aqueles gays.
- Ah qual é , aquele é uma gracinha. – ela se jogou na cama.
- Tola, ele é tolo igual o , pensei que ele fosse mais legalzinho. – falei dando um tapa nas nádegas dela. HSUASHAUISA.
- , o que é aquilo? – apontou para um pontinho preto no canto do quarto.
- Não sei, deve ser coisa do . – ignorei. Hehe.
- Então. – ela fez cara de safada. – Você e o dormem juntos é?
- Para com isso, sua pervertida! – taquei uma almofada nela. TARADAAAAA! Ninguém merece uma amiga tarada assim.
- Mas é a verdade, oras. Você pode fingir que está dormindo e passar a mão na perna dele. – ela deu uma gargalhada.
- Você é louca, garota. – DEUSDOCÉU, eu to com medo dela. – Você tem que entrar no grupo das TOC’s!
- TOC’s? – ela não entendeu a piada, dãããããããããããã, é um pôia mesmo.
- Taradas Obsessivas Compulsivas! – o tico e o teco não funcionam sob pressão.
- Aaaah! Entendi. – ela deu uma risadinha sem graça. – Sabe, o tico e o teço não funcionam muito bem sob pressão. - Eu já falei que adivinho o pensamento da minha mãe não é? Acho que vou tentar ganhar um dinheirinho da agora, hihi. – , aquilo não é do , aquilo é uma barata! – começou a pular em cima da cama. – AIMEUDEUS! Mata, mata, , PELAMORDEDEUSMATAESSACOISAHORRÍVEL!
Não sou muito fã de baratas, são seres estranhos, e voadores. Eu até mato baratas, mas quando elas já estão zonzas do inseticida. E aquela que se encontrava ali, não era uma barata comum. Eu acho que ela era espiã, ou coisa do tipo, quem sabe uma do MIB - Homens de Preto, ou quem sabe ela era do X-MEN porque ela parecia uma mutante de tão grande que era.
Saí do quarto e deixei a medrosa da berrando feito uma condenada lá sozinha. Desci as escadas correndo e fui a procura dos meus salvadores.
- ! ! TEMUMACOISAANORMALÁETUTEMQUEMEAJUDARDEUSDOCÉUAJUDA!
- O quê? Fala devagar, . – ô lerdeza!
- Tem uma barata... - respirei fundo. 1 2 3 4. 1 2 3 4. 1 2 3 4. Contar ajuda sempre. – No meu quarto. DÁ PRA IR AJUDAR LOGO, PORRA? – berrei. Esse garoto é muito calmo, até o dia que eu der uns tapas na cara dele pra ele acordar, daí ele vai ver o que é bom pra tosse.
- Uma barata? – riu.
- Não ri. A é meio traumatizada com essas coisas. Vocês vão ajudar ou não? – falei subindo as escadas depressa. Entrei no quarto. estava sentada na beira da cama. Olhando fixa pro chão.
- O que foi, more? O que aconteceu? Cadê a barata? – me agachei na frente dela, olhando o rosto dela.
- Eu matei. – ela falou. CARACA! A matou uma barata! Essa vai pro Guiness Book!
- Como? – eu ria por dentro.
- Ela veio voando pra mim, eu dei um chute nela e ela bateu na parede, ela caiu no chão e deu uma tossidinhas, morreu. – haha, desde quando baratas tossem?
- Desde quando baratas tossem? – falou encostado na porta ao lado de que ria. Qual é? Outro pra falar a mesma coisa que eu penso. Definitivamente, vou virar vidente.
- Desde que você se meteu na minha conversa e da ! – falou (berrou) pra ele com raiva. PUTZ, podia ter ficado sem essa hein, ? Dois pontos pra , menina, sou sua fã numero 1.
Dei uma risada alta, me virei pra trás, fiz jóinha e pisquei pro . Ele se virou e saiu, provavelmente voltou a jogar videogame.

Eram 23:00, acreditem se quiser, mas o e o só desgrudaram do videogame pra ir ao banheiro. Eu estava deitada no sofá, com sono se você quer saber.
- Onde nós vamos dormir? – perguntou sem tirar os olhos do videogame, pra variar. – Quero dizer, só tem um quarto.
- Tem o quarto da mãe e do John. – falei de olhos fechados. Mais cinco minutos e eu durmo.
- É, só que eu acho melhor nós não usarmos ele, entende? – ele virou pra mim. – O pai não gosta muito disso não, e sei lá, não vai ser legal pra eles nós ficarmos dormindo na cama deles.
- Podíamos dormir aqui na sala. – falei, abrindo os olhos e dando de cara com o rosto dele. – É só trazer o colchão do nosso quarto e abrir esse sofá. É sofá-cama.
Não deu cinco minutos e eles já tinham trazido o colchão. estava deitada (provavelmente dormindo) no braço do sofá, e eu encostada no outro. Dei uns cutucões nela pra ela se levantar e abri o sofá, ainda tinha cheiro de novo, afinal, ele era novo.
E ficou decidido assim. numa ponta, eu ao lado dela, ao meu lado e na ponta ao lado de . não foi muito com a cara da não.

Capítulo 4


Acordei, e vi que minha cabeça estava encostada no peito de , e o braço dele abraçava o meu ombro. Ele dormia.
- Se você acordasse e não visse essa cena eu iria tirar uma foto. – riu deitada ao meu lado.
- Tola. – admito, é bem mais confortável do que o travesseiro. Pára com isso, ! Ele é seu irmão, se levanta antes que ele acorde e pense que você está se aproveitando dele. E pára de falar na terceira pessoa, por favor.
Levantei e fui pra cozinha.
– Vai querer café, ? – perguntei olhando pra trás. Ela fez jóinha com a mão e se virou pro lado, provavelmente voltando a dormir. Fiz café na cafeteira (?), e todos acordaram. Isso não é justo, eu faço café e eles acordam, mas pra ajudar que é bom nada.
- Hmm, o café ta super cheiroso. – disse sentando-se à mesa.
- Haha, pra fazer ninguém se levanta, mas pra comer... – falei servindo café para todos.
- Eu preciso comer, pra ter forças. Se não eu teria vindo pra te ajudar. – falou rindo. Sarcástico e preguiçoso. Ninguém merece uma pessoa dessas.
- Aham, claro. – falei me sentando também. – Temos que fazer compras. – falei tomando um gole do meu suco.
- Eu vou contigo. – falou rapidamente. Ela ta com medo de ficar aqui por acaso? A Sra. Safadeza ta com medo, é?
- Não são ‘compras’, são ‘compras’. – falei, mas ninguém entendeu, e nem eu. – Não são comprinhas de shopping. São compras de supermercado.
- Ah. Então eu não vou. – ela falou. MUY AMIGA, HEIN? Te odeio, !
- Alguém tem que ir comigo, eu vou surtar num mercado sozinha. – falei desesperada. ODEIO fazer compras em supermercados, são grandes e eu sempre me perco. Eu necessito de um ajudante pra me guiar.
- Eu vou contigo. – falou. Acho que ele viu meu desespero.
- Ta, e nós? – falou apontando para ele e .
- Vocês são bem grandinhos pra ficarem em uma casa sozinhos. Podem muito bem ficar aqui, desde que não usem a cama do pai e nem as minhas coisas. – falou tranquilamente. Já disse como esse garoto é lerdo? Isso me irrita.
- É, e nem as minhas. Vocês deviam aproveitar. – falei rindo. Ai como eu sou má (?).
Pude ver um sorrisinho no rosto de , aaaah, fala sério, ele ta gamadão na . O que eu e o estamos fazendo é um bem pra humanidade.

Eu e estávamos no carro. É! Por incrível que pareça, ele sabe dirigir. Ele andava devagar, igual a quando ele pensa.
- Será que foi uma boa idéia deixar eles sozinhos em casa? – falei depois de um tempo em silêncio.
- Claro. Eles estão se olhando faz tempo. E o não é tão apressado a ponto de usar uma cama pra alguma coisa. – ele falou dando uma risadinha.
- É, mas a é meio tarada. – putz, falei merda. Agora ele vai pensar que a é uma safada taradona. Ele deu uma risadinha.
Chegamos no mercado, ele estacionou e entramos. Era pequeno, mas eu conseguiria me perder ali numa boa.
- Vamos na sessão de doces, eu quero comprar pasta de amendoim e chocolate. – ele falou me puxando pela mão. Olha só, ele também gosta de pasta de amendoim.
Chegamos à sessão de doces. Nossa, dá vontade de agarrar tudo e sair correndo. HSUAIHSIAHSA, é sério pô.
- Aiaiaaai. – me abaixei. FDP! Pisou no meu pé. Ai, ta doendo. Droga, ta saindo sangue da minha unha. Só faltava arrebentar a minha sandália agora. ¬¬ - Você pisou no meu pé.
- Desculpa, desculpa, desculpa. – ele falou se abaixando também. – Putz, desculpa mesmo. – ele mordeu o lábio inferior. – Ta doendo?
- Claro que ‘ta doendo! Quase arrancasse a minha unha. – falei tentando me acalmar.
- Vamos pra sessão de medicamentos. Pra pegar alguma coisa pra colocar aí, nem que seja um band-aid. – ele falou me levantando. Colocou o meu braço em volta do seu ombro. Nossa meu. Acho que nunca mais vou conseguir andar, ta doendo muito, véy. - Bem, erm, o que a gente leva? – ele procurava umas coisas na prateleira, nervoso.
- Fica tranqüilo , eu não vou morrer. – falei, ele ta tremendo todo. Capaz de ter um treco. E a culpa vai ser minha.
- Eu to com medo, e se infeccionar e tiverem que amputar o seu dedo? O pai me mata depois. – ele ficou pensando em coisas absurdas. Nossa quanta imaginação.
- ! Olha pra mim. – eu tenho que acalmar esse garoto. – Eu por acaso to com cara de quem vai morrer? Eu to bem, só pega um band-aid pra mim. E deu. – falei. Opa, acho que ele se acalmou. Está respirando um pouco.
- Tudo bem. – ele pegou o pacote de band-aid e abriu. Se abaixou e colocou no meu dedo. – Ta melhor?
- Ta sim. – falei rindo. HUIAHSAUI. Gente, esse menino é uma figura, ele ficou preocupado comigo. Tipo assim, foi a unha do pé! Eu nunca me importo com a minha unha do pé. Não que ela seja comprida e toda feiosa. Não, mas é só uma unha que fica sempre tampada pelo tênis.
- Você ta rindo? Eu aqui tendo uma preocupação de irmão, e você rindo. Não te ajudo mais. – ele saiu andando. Fala sééério. Isso é atitude de uma criança de quantos anos? Cinco?
- Para com isso, ! – corri (tentei) até ele. Encaixei meu braço no dele. – Hey, eu disse pára. Não me ignora, odeio quando sou ignorada. – é sério. Se ele continuar me ignorando, eu vou ignorar ele. Ele virou mais o rosto e não respondeu.
- Tudo bem. – soltei o braço dele, me virei e comecei a andar na direção contrária da dele.
- ! Tudo bem, , desculpa! Hey, vem aqui! – não olhei pra ele. Ouvi os passos dele vindo em minha direção. – ! – ele puxou meu braço. – Eu falei contigo!
- Foi só pra você ver que não é legal ser ignorada. – falei, ele deu um sorrisinho idiota. A única coisa que pude sentir depois desse sorrisinho idiota foi os lábios dele encostando-se aos meus. Claro que eu não iria resistir, ele é super sexy e ta me beijando. Fechei os olhos, pude sentir a língua quente dele procurando pela minha. Não esperei nem mais um segundo pra abrir um pouco mais a boca. Nossas línguas estavam em sincronia, o senti colocar (jogar) o pacote de band-aid no chão e colocar uma mão na minha nuca e outra no meu rosto, puxando meus cabelos devagar ele foi descendo a mão que estava no meu rosto, e deslizou ela até meu ombro. Não posso deixar de dizer que a boca dele está com gosto de bala de hortelã que ele chupou enquanto estávamos no carro. Ele empurrava um pouco a minha cabeça contra a dele, fazendo com que o beijo ficasse mais intenso. Minhas mãos estavam enlaçadas à cintura dele, e ali continuaram. Ele partiu o beijo. Tipo assim, sem mais nem menos. Não posso dizer que não estava gostando. Porque eu estava.
- Desculpa. – ele falou passando a mão sobre seus cabelos. Ele não me encarou de novo. Juntou o pacote de band-aid do chão.
- Não, tudo bem. Erm. – falei meio sem graça também. Acho que ele não fez exatamente de propósito. Foi mais um tipo de ação, sem querer. – Bem, hãm. – eu não sei o que falar. O que eu falo? – Temos que comprar pasta de amendoim, que você queria, não queria?
- É. – ele falou sem graça. Durante todo o trajeto das compras pelo mercado ele ficou calado. Talvez pelo fato de ter beijado a própria ‘irmã’. Compramos tudo que achamos útil. Desde comida, à assessórios pro banheiro a palavra assessório aqui significa ‘sabonetes, creme dental, papel higiênico...’.

Voltamos pra casa. Ah, você deve estar se perguntando do dinheiro, é óbvio que a mãe e o John deixaram dinheiro pra nós. Muito, se você quer saber, e é claro que nós não vamos gastar com besteiras, não queremos estragar a lua-de-mel deles pedindo mais dinheiro.
Abrimos a porta e encontramos o quê? sentada no sofá e sentado no colchão (que ‘tava no chão). Tipo assim, ou eles se separaram quando nós chegamos ou não rolou nada. Que gentinha bem lerda, não? Eu e o que não podíamos ter ficado, ficamos. Mas eles não?
- Ajudem a gente aqui com essas compras. – falou colocando as compras na porta, assim como eu.
Depois de guardar tudo no seu devido lugar, eu resolvi tomar um banho. Sabe, não é todo dia que uma pessoa pisa no seu pé e a sua unha sangra.
- Vou tomar um banho. – falei subindo a escada.
- Tudo bem, eu vou fazer umas panquecas para nós almoçar. – falou num tom mais alto para eu ouvir.

Entrei no quarto. Joguei minha bolsa encima da cadeira do computador e entrei no banheiro. Eu necessito de um banho morno. Sempre me acalma. Não que eu esteja nervosa, mas achei estranha a atitude do . Me enfiei embaixo do chuveiro. Não deu dois minutos e alguém bateu na porta. Fechei o chuveiro, me enrolei na toalha e abri a porta.
- O que... – tentei falar, mas as palavras não saiam. O estava só de toalha na frente da minha porta. Ok, não posso dizer que dei uma secada nele.
- Me empresta um sabonete? – ele falou sorrindo um pouco, provavelmente da situação.
- Sabonete? Nós acabamos de fazer compras... – Qual é? Enfiou os sabonetes aonde? Ui, nem quero saber.
- Eu sei, só que não coloquei nenhum sabonete no meu quarto. Vai, , quero tomar banho. – ele falou de um jeito tão convincente, quem vai saber se ele só falou isso pra me ver só de toalha. Meu Deus, que pensamento idiota, ! Ninguém merece. Abri a gaveta perto da pia, e peguei um sabonete de rosas.
- Ó. E não me enche mais quando eu estiver tomando banho, ok? Banho pra mim é uma coisa sagrada. – falei entregando o sabonete pra ele.
- De rosas? Não tem outra coisa não? – ele falou sério? Que folgado. Abri a gaveta com raiva, peguei o primeiro sabonete que vi na frente.
- Não enche, ok? – entreguei outro sabonete na mão dele, devia ser de maça verde, ou coisa do tipo.
- Valeu, Magentinha linda. – ele falou me entregando o sabonete de rosas e voltando pro banheiro dele. Magentinha linda? Puf.
Voltei ao meu precioso banho. Quando saí, senti um cheiro forte de panquecas, vou te contar, as panquecas da são a minha paixão. Desci a escada correndo. Eles já estavam almoçando.
- Obrigada por esperar. – me sentei à mesa.
- Eu pedi pra eles esperar, mas eles atacaram as panquecas. – falou colocando uma panqueca no meu prato. Hmm, o cheirinho ta maravilhoso, ok?
Almoçamos, estava combinado: hoje, eu e a arrumamos a cozinha, amanhã eles. HAHA, quero só ver a arrumação deles, a casa vai ficar um horror.
Eu estava lavando a louça e a secando.
- E aí , o que aconteceu? – perguntei pra ela, tinha que perguntar.
- Não aconteceu nada. – ela falou. Ué, que estranho.
- Não vai me dizer que vocês ficaram ali boiando no sofá o dia todo. – falei, fala sério, se ela disser sim eu me enforco.
- Não. – ufa, salvei meu pescoço.
- Então, o que vocês fizeram? – falei terminando de lavar a louça, e pegando a vassoura pra varrer a cozinha. Por que a mãe não contratou uma faxineira?
- Nós ficamos conversando. É sério, , acho que ele não gostou muito de mim não. – ela deu uma risadinha.
- Para com isso menina, ele ta afimzão de ti. Só espera um pouco, acho que ele não quer fazer tudo muito rápido e se arrepender de alguma coisa depois. – nossa, falei bonito hein? Me achei.
- É, tem razão. E você e o ? – ela falou voltando com aquela cara de safadona dela. Já disse que tenho medo dela? Pois é. Eu tenho medo dessa cara dela. Resolvi não contar nada pra ela, sei lá, acho que não vai acontecer de novo, então não quero dar falsas esperanças a ela.
- o que tem nós? – fingi não saber de nada. Quem sabe ela não desiste? Hehe.
- Não, nada, pensei que tinha rolado alguma coisa. – ela falou terminando de guardar o ultimo prato.
Fomos pra sala, e lá estavam eles de novo. Mas dessa vez não estavam jogando videogame, só estavam vendo algum canal na TV.
- Vamos alugar uns filmes? – falou depois de uns minutos vendo o canal inútil da TV.
- Qual? – perguntei vendo que eles não estavam com disposição pra responder.
- Sei lá, alguns. – ela deu de ombros.
- Aluga um monte, daí nós ficamos vendo a noite toda. – propôs, aceitamos mesmo sabendo que eu dormiria no primeiro filme.

Resolvido, dessa vez e foram, eu e ficamos. Por que foi resolvido assim? Só porque eu e a não confiamos no gosto dos meninos e vice e versa. Já que eu e o que tínhamos saído da ultima vez, eu e ele ficamos dessa vez. Justo, não? Sim.
- Você acha que eles vão ficar? – perguntou olhando o chão.
- Não sei. A gostou dele, sei lá, acho que rola. – falei.
- Desculpa, ok? – ele falou sem mais nem menos, segunda vez que ele pede desculpas sem eu saber por quê.
- Por quê? – perguntei, ta ficando louco.
- Por... Por ter te beijado. Você deve estar querendo uma explicação. Mas pra falar a verdade, nem eu sei por que fiz aquilo, afinal, nós somos praticamente irmãos. – ta bom gente, ele corou. Que fofo, ta todo vermelho.
- Tudo bem. – não vou ficar falando. Ele vai pensar que eu gostei. Ta! Eu gostei sim, mas ele não precisa saber disso, precisa? Não. Ele deu um sorrisinho, como se eu não fosse perdoar ele.
- Vamos fazer pipoca? – ele falou se levantando. – Daí quando eles chegarem já está tudo pronto. – nossa, até que enfim uma boa idéia!
- Claro. – falei me levantando e indo até a cozinha, assim como ele.
Ele foi até a dispensa e pegou uns sete pacotes de pipoca de microondas. Pra que isso tudo? Parece que vai alimentar uma manada.
- Isso tudo? – falei vendo ele colocar o primeiro pacote no micro.
- Claro. Lembra das pizzas? Foi tudo rapidinho, e aqui nós vamos ficar a noite toda. – ele tem razão.
- Poxa, e a minha dieta? – falei rindo por dentro, hehe, como sou sarcástica (?). Ele gargalhou.
- Que dieta? Aquela de três pães com pasta de amendoim como lanche da tarde? – ah pô. Eu tava com fome.
- Ok. Não falo mais nada também. – falei fingindo estar brava. Cruzei os braços.
- Ah, coitadinha. – ele falou rindo. O micro apitou e ele tirou o primeiro pacote. Tirou uma bacia de dentro do armário que parecia uma banheira. Despejou o primeiro pacote ali. Me ofereceu. Oba, peguei um pouco, e comecei a comer. Ficamos ali em silêncio esperando as pipocas.

Capítulo 5

- Você veio do Brasil, não é? – ele provavelmente não queria ficar naquele silêncio mortal em que nós estávamos.
- É, até minha mãe brigar o com o pai, e ela vir pra cá. Milhões de quilômetros longe dele. – nunca gostei dessa história. Sempre adorei o meu pai, mas também não vou ficar brava pela minha mãe ter encontrado outro, pelo menos ela está feliz, não é?
- E como é lá? – ele ficou interessado? Nossa.
- Normal. É bonito, e tals. – falei rindo. – Por que quer saber? Vai viajar pra lá?
- É. Quando a minha banda fizer sucesso, nós vamos pro Brasil. – ele falou rindo. Posso falar que ele fica lindo quando sorri? Não.
- Você tem uma banda? – eu jurava que tinha visto uns instrumentos lá no quarto da bagunça mesmo.
- Tenho. – e tirou mais um pacote de pipoca do microondas.
- Você canta? – nossa. Já vou pedir um show particular.
- Canto. Assim como o e o . – ele falou colocando mais um pacote de pipoca no micro.
- Canta pra eu ver? Ouvir, sei lá. – falei rindo. Que idiota canta pra eu ver. ¬¬
- Pne day when I came home at lunchtime, I heard a funny noise went out to the back yard to find out if it was, one of those rowdy boys. – ele cantou um pouco envergonhado, rindo. Que fofo, a voz dele é tudo. Vou começar a pedir pra ele cantar pra mim de vez em quando.
- A sua voz é muito boa. – falei, não posso falar muito se não ele vai se achar.
- Obrigado. – ele falou rindo. – Que filme você acha que eles vão trazer?
- Hã, o Jogos Mortais, eu tenho certeza que a vai trazer. – falei. Ela ama. – E alguns do Bruce Willis também.
- Não tenho certeza do que o vai trazer. – ele fez uma cara suspeita. Será que ele vai trazer aqueles filmes que são proibidos pra menores? HUISHIAS.

Depois de fazer todos os pacotes de pipocas, fomos pra sala esperar os bonitões voltar (oi?). Chegaram com exatamente OITO filmes! Eu quero só ver quem que pagou isso tudo.
1º - Jogos mortais.
2º - Jogos mortais 2
3º - Jogos mortais 3
4º - Jogos mortais 4 ¬¬¬¬¬
5º - O quinto elemento
6º - De volta para o futuro – parte I
7º - De volta para o futuro – parte II
8º - De volta para o futuro – parte III

Ta bom, eu mereço não é? Não que os filmes sejam chatos. Porque eles não são. Mas são filmes praticamente iguais, não vai ter graça ver, mesmo porque eu vou dormir no primeiro.
Colocaram o quinto elemento primeiro já que sabiam que era o meu preferido e eu seria a primeira a dormir. Poxa, minha fama ta pegando. O telefone tocou.
- Alô? – atendi.
- Filha? Ta tudo bem aí? Desculpa não ter ligado ontem. Não tive muito tempo. Como vão as coisas? – ela falou rápido. Nossa que aflição.
- Ta tudo ótimo mãe, não se preocupa. As coisas estão ótimas, eu e o estamos nos dando bem, e eu trouxe a pra cá. – falei devagar pra ela não perguntar ‘tem certeza?’
- Estão cuidando da casa? – ela perguntou.
- Não, está um xiqueirão, mãe, tem merda pra tudo quanto é lado. E já quebramos a cama. – UHSUAISA, ela vai ter um ataque.
- Não me fale uma coisa dessas , você sabe o quanto eu e John gastamos pra fazer essa casa... – ela vai começar com o discurso. Tirei o telefone da orelha. E cochichei. – , vai querer falar com o John?
- Não, não, pode deixar ele em paz. – ele respondeu baixinho também. Voltei minha atenção ao telefone.
- Ta, mãe, ta! Tchauzinho. – desliguei, sabia que ela ia ficar falando a noite toda.
Sentei no sofá ao lado de , e estavam no colchão, deitados.

Acordei deitada no sofá, não estava ali, e e dormiam praticamente abraçados, que fofo. Na televisão passava um dos ‘De volta para o futuro’, devia ser a parte II afinal, Marty McFly e o Doutor estavam no futuro. Fui até o meu quarto pegar um edredom, é, eu estou com frio. Desci enrolada nele e fui até a cozinha.
- Insônia? – ouvi alguém falar. Claro que era o .
- Talvez. – abri a geladeira pegando a garrafa de água. Ele estava encostado no balcão comendo uma maçã. – E você?
- Acordei porque tava com fome, e vim aqui comer. – ele riu. – Você nem terminou de ver o primeiro filme sabia? Tu dorme muito!
- Estou em fase de crescimento, preciso dormir. – falei rindo colocando a água no copo. – Quer?
- Não. – ele falou rindo mais da minha resposta. – Obrigado.
- Você viu como a e o estavam? – perguntei guardando a garrafa na geladeira.
- Vi. E eles não assumem, nós já fizemos de tudo pra deixar eles sozinhos e eles não fazem nada. Vamos ter que tomar uma atitude drástica. – ele falou fazendo uma cara malvada, do tipo ‘Hannibal Lecter’, me deu medo.
- O que você quer fazer criatura? – perguntei tentando fazer com que ele não continuasse com aquela cara por muito tempo.
- Não sei ainda. Mas temos que dar um jeito neles, estão se fazendo de santinhos. – ele falou rindo.
- A gente podia fazer alguma coisa pra ‘empurrar’ entende? Tipo a brincadeira do ‘7 minutos no paraíso’. – falei. Pô, eles são lerdos mesmo, tem que dar um jeito da ajudar eles.
- Sei. Temos que dar um jeito de deixar eles sozinhos amanhã de novo. – ele falou colocando o dedo no queixo, como se estivesse pensando. – Podíamos ir devolver os filmes e deixar eles aqui sozinhos.
- Não, tem que ser alguma coisa que demore mais. Devolver filmes é muito rápido, eles desconfiariam da nossa demora. – falei. Fazer compras? Não, já fizemos isso. Já sei! Podíamos dizer que a mãe mandou nós fazermos alguma coisa. Assim eles não perguntariam nada. – Podíamos dizer que a mãe e o John pediram para nós fazermos alguma coisa. Assim nós sairíamos sem eles saberem por quê. – falei estralando os dedos.
- Isso. – ele sorriu. – É, agora eu vou deitar, to ficando com sono. Amanhã a gente vê o que a gente faz. – ele falou quando terminou a maçã. Voltou pra sala e sentou no sofá, enquanto eu tomava meu copo de água.
Voltei pro sofá com o meu edredom, sentei ao lado de . Olhei o relógio na parede e ele marcava mais ou menos 03h36min. Por incrível que pareça, eu não estava nem um pouco com sono. Estava vendo o Marty lá no filme, tentando ajudar o seu filho Jr. HEHE, esse filme é engraçado. Vi que estava quase dormindo sentado. Chamei a atenção dele com uma tossidinha e dei uns tapinhas na minha perna indicando que ele podia deitar ali. Tenho certeza que ele nem pensou, deitou direto.
- Valeu. – ele falou com uma voz de sono. Eu apenas sorri, ele ficou lindo com aquela cara de sono, Vou admitir logo... Ele é totalmente lindo. O sorriso principalmente, eu fico um pouco melhor quando ele sorri. Ele poderia sorrir agora não é?
NÃO! Eu não posso pensar isso. Como assim, o sorriso dele é bonito? Pode até ser, mas ele é meu irmão! Irmãs não gostam de irmãos, tudo bem, até gostam, afinal eles são irmãos, mas não podem se apaixonar! Isso ta errado. Eu não posso estar apaixonada por ele, eu conheço ele não faz nem uma semana. Sei lá, isso não é possível. Fechei as minhas pálpebras (HUSIHAUISHAIUS.) só para respirar um pouco. 1234. 1234. 1234. 1234. Contar sempre ajuda.
- Você ta bem? – ele olhou pra mim com uma cara assustada, talvez pelo fato de eu praticamente estar roubando o ar que ele precisa para respirar. Eu jurava que ele tava dormindo. Ponto pro ! Você vai ser um ótimo ator, menino! :D
- To ótima, só estava pensando.. – falei sorrindo um pouco, que gracinha, ficou preocupado comigo. Eu já disse pra parar, !
- Pensando em quê? – putz, o que eu falo? “Tava pensando em você, porque você é um gato!” ¬¬
- Em coisas... – er, essa foi péssima.
- Que coisas? – que persistente.
- Ah, sei lá, de tudo um pouco... – improviso total HUIHSAUI.
- Tudo o quê? – ele falou dando uma risadinha. Eu vou dar um soco na cara dele, assim ele desmaia e para de me fazer perguntas.
- Ah, tudo, o fato de eu ser a irmã mais nova agora, sendo que eu era filha única. – boa! – E o fato da minha melhor amiga estar gostando de um cara que ela mal conhece... – e eu também.
- Ah, entendo... – ele fez uma cara pensativa. – Se não se importa eu vou dormir. – ele se virou.
- Ta, e eu? Como vou dormir? Sentada? – haha, espertinho quer dormir no meu colo e eu ficar aqui com um bico de papagaio (oi?).
- Você deita, eu deito, todos saem felizes... – ele fez cara de dãã. Deitei ao lado dele, não foi muito confortável nós dois deitarmos no sofá, mas também não dava para abrí-lo por que e estavam deitados no chão (colchão).

Acordei um pouco cansada, meu pescoço doía um pouco. Todos estavam acordados, fui até a cozinha, bebi um pouco de café.
- E aí , vamos lá comprar aquelas cortinas que a sua mãe pediu? – ahn? Cortinas? AAAH ele está despistando eles, para nós deixarmos eles sozinhos, cortinas, até que foi uma boa idéia.
- Sim, claro, eu só tenho que trocar de roupa, e dar uma arrumada no meu cabelo. – falei tomando o meu café rapidamente.
- É, eu já estou pronto. – falou passando as mãos na blusa laranja de gola dele, como se tirasse alguma sujeira dela.
A roupa dele era extremamente estranha, e ao mesmo tempo tão bonita. Ele usava a blusa de gola laranjada, com uma gravata cinza, nada formal, um short camuflado que devia ser um numero maior do que ele, e um tênis verde com detalhes amarelos.
Subi as escadas correndo, tomei um banho mega frio e hiper rápido, coloquei a roupa mais normal possível, a minha blusa do Brasil, verde, com a bandeira encima do coração, simples, e a minha calça jeans e o meu all star surrado vermelho.
Desci as escadas e vi e sentados no sofá rindo. Lindos, nem quis incomodar eles, estranhei o fato da não ter falado nada... Ignorei e fui direto na direção de .
- Vamos logo que eles nem estão sentindo a nossa presença aqui. – falou baixo. – Crianças, nós já vamos, não derrubem a casa. Já sabem as regras. – ele berrou enquanto abria a porta.
Eles murmuraram alguma coisa que eu não entendi.
- Por que a gente não vai de pé? – falou rindo um pouco.
- Sei lá. – falei dando de ombros.
- É bom andar às vezes... – ele falou sarcástico. Como se eu não andasse.
- Tudo bem, vamos aonde? – fui andando ao lado dele, andando um pouco mais rápido porque o passo dele dava dois do meu.
- Não sei, podemos ir na sorveteria. – ele falou sorrindo.
- Pode ser... – falei, mas eu não estou afim de sorvete. Vou pedir um chá, será que servem chás em sorveterias? – Servem chás em sorveterias?
- Não sei. – ele deu uma risadinha. – Por que? Não quer sorvete? A gente pode ir em-em o-outro lugar...
- Está tudo bem , vamos pra sorveteria. – falei rindo dele, ele tava gaguejando?

Capítulo 6

Estávamos na sorveteria. Ele já tinha feito seu pedido, por incrível que pareça ele não queria um sorvete e sim um milk-shake, de chocolate. E eu o meu chá, não sei por que, mas estava com desejo de tomar chá.
Ele já tomava seu milk-shake e eu o meu chá.
- Você acha que dessa vez eles ficam? – ele puxou assunto.
- Por que você sempre pergunta deles pra mim? E quando nós estamos em um silêncio tão agradável? - falei, HSAUISHAI, eu falei brincando, quase rindo.
- Ahn? – acho que ele não entendeu. LEEERDO.
- Nada, sei lá, acho que dessa vez eles ficam. – falei tomando um gole do meu chá, tava maravilhoso.
- É, eu também acho. – ele sorriu. – Ta bom o chá?
- Ta ótimo, quer experimentar? – ofereci, sou uma pessoa educação 100%.
- Quero. – ele falou rindo e pegando a caneca que eu lhe oferecia. – Obrigado. – ele falou antes de tomar um gole.
- E aí, gostou? – eu falei rindo.
- É bom, mas não é coisa pra mim, prefiro o meu milk-shake. – ele falou me devolvendo a caneca rindo. – Quer? – ele ofereceu o seu milk-shake.
- Não, não, obrigada. – falei rindo. Estou satisfeita com o meu chazinho.
- Vaaai, só um golinho... – ele insistiu. Fez uma carinha irresistível. Ta bom, eu não resisti.
- Tudo bem... – peguei a taça que ele me oferecia. Tomei um gole. Hmm, é bom, mas ainda prefiro o meu chá. É muito doce, é enjoativo. Não conseguiria tomar nem dois goles. – É bom, mas prefiro o meu chá. – falei rindo. Ele olhou pra mim rindo. Se aproximou um pouco de mim. E começou a olhar a minha boca. Meus olhos, e minha boca. Eu já sabia o que ia acontecer. Ele colocou uma mão na minha nuca.
- , não... – falei me afastando. Não sei nem de onde eu tirei forças pra fazer isso. Mas foi o melhor que eu consegui fazer, escapar de um beijo de um garoto assim não é fácil, ok?
- Desculpe, eu não consigo evitar... – ele falou baixando a cabeça. Aaah, não fica assim, amor... Levantei a cabeça dele. Ele deu um sorrisinho fraco. Não pude deixar de olhar a boca dele, parecia tão vermelha e me chamou a atenção, não consegui parar de olhar, não me controlei, encostei meus lábios nos dele. Estavam frios, talvez pelo fato dele estar tomando um milk-shake. Ele não perdeu tempo, colocou a mão dele na minha cintura e me puxou mais pra perto, coloquei a minha mão no rosto dele. A língua dele percorria toda a minha boca, ele queria aquilo tanto quanto eu. Podia sentir a respiração forte dele, fui deslizando a minha mão do rosto dele até o seu peito, fui subindo a minha perna e colocando elas encima das dele. Nesse momento, ele já puxava um pouco os meus cabelos. Me lembrei que estávamos em uma sorveteria da cidade, resolvi parar com o beijo, dei uns selinhos nele antes de parar, e ele entendeu que eu queria parar. Ele continuava de olhos fechados enquanto eu tirava a perna de cima da dele. Ele sorriu (muito, por sinal) e finalmente abriu os olhos.
- Desculpa. - foi a minha vez de pedir.
- Não, não, tudo bem. – ele continuou tomando o seu milk-shake.
Fiquei sem graça, como pude beijar ele? Burra, burra, burra! Fiquei sem vontade de terminar o meu chá.
- Vamos embora? – perguntei me levantando do banco.
- Ok. – ele se levantou também e deixou o dinheiro encima da mesa. Saímos dali, estava frio, e eu tinha certeza de que iria chover, droga, odeio pegar chuva.
- Parece que vai chover. – ele falou andando ao meu lado, olhando pro céu. Uau, como você descobriu isso, menino? (ironia. Q)
- É, - respondi rindo sozinha, esse garoto é tão songo. – será que já voltamos pra casa?
- Não sei, será que já deu tempo pra eles ficarem? – ele fitava o chão, como se tivesse medo de me encarar, assim como eu.
- Talvez. – falei e continuei em silêncio, de repente uma coisa não muito agradável aconteceu. CHUVA! Droga droga, e agora?
- Merda! E agora? – ele ta lendo os meus pensamentos? ¬¬
- Vamos pra casa na chuva, ou tem alguma super idéia gênio? – ironizei. e suas ironias idiotas.
- Podemos parar e esperar a chuva passar. – ele falou como se fosse óbvio.
- E o nosso almoço? Temos que fazer o nosso almoço! – falei andando ao lado dele, e ele dava passos lentos agora.
- Vamos chegar lá molhados! – ele falou rindo um pouco da situação.
- Como se uma chuvinha matasse alguém. – mentira! Eu estava morrendo, odeio chuva!
- Tudo bem, então vamos andando. – ele falou voltando a andar rápido.
- Hey, não precisa correr tanto, eu não consigo te acompanhar! – que garoto chato!
- Desculpa, é porque eu to com frio e quero chegar em casa logo! – ele falou bravo.
- Não briga comigo! Quem teve a idéia de vir a pé? Foi eu por acaso? – fiquei brava, puxei ele pelo braço para que ele olhasse pra mim, odeio quando as pessoas não me olham quando estou falando.
- Fui eu, mas eu não quero pegar chuva, então porque nós não esperamos? – ele berrou no meio da rua.
- Fica aí esperando, porque eu tenho que fazer um almoço, se não se importa. Tchau. – saí andando, que saco, eu sei que está chovendo, mas eu não quero deixar a casa da minha mãe nas mãos de dois descontrolados, eu preciso fazer comida, ou ele acha que nós vamos ficar pedindo pizza todos os dias?
- Qual é, ? Para com essa idiotice! Vamos esperar a chuva passar... – ele deve ter se arrependido e agora ta falando como uma pessoa civilizada. Resolvi falar como uma pessoa civilizada também.
- Tudo bem, , se você vai derreter, pode ficar aí... É sério, eu tenho que ir pra casa. – falei e continuei andando. Pode me chamar de teimosa, mas agora que a briga ta feita, eu não vou esperar nem aqui e nem na China! Continuei andando, nem olhei pra trás pra ver se ele riu, chorou, esperou, ou sei lá.
- . – um, ou dois minutos depois ele veio atrás de mim. – , espera, tudo bem, desculpa, vamos logo pra casa.
- É o que eu estou fazendo. – falei séria, sem olhar pra ele.
- Olha pra mim, , eu também não gosto que me ignorem. – ele cutucou o meu ombro. – ! – eu parei de andar e olhei pra ele. Lá vem ele de novo com aquela cara sarcástica, e aquele sorrisinho sacana. Droga! Ele vai me beijar de novo... Vai , crie forças e saia de perto dele, vai , você consegue. Ele colocou as mãos na minha nuca e me puxou para um beijo. Eu juro, não deu tempo de pensar! Ele me segurava forte, como se eu fosse fugir. Estávamos molhados da chuva, e eu vou confessar, eu sempre quis beijar alguém assim na chuva, do tipo Peter Parker e Mary-Jane. Uau! Ele beija super bem e sabe exatamente o que faz. Agora as mãos dele estavam nas minhas costas. E os meus braços enlaçados ao pescoço dele. Ele simplesmente parou de me beijar.
- Ta com frio? – perguntou ele sorrindo, ainda abraçado a mim.
- É, um pouco.. – respondi sorrindo também. Por que ele é tão estranho? Sei lá, ele me confunde, e me beija sempre nas horas mais estranhas. Eu realmente não o compreendo.
- Vamos. – ele falou abraçando o meu ombro e andando.
Fomos andando em silêncio, nenhum de nós dois tinha coragem de comentar sobre o acontecido. Porra! Por que ele me beijou de novo? Que confusão! Eu não entendo mais nada, a vida é uma merda quando não sabemos das coisas.
Chegamos em casa, e a chuva caía fraca. Entramos em casa em silêncio, sei lá o que os outros dois estariam fazendo né.
Olhamos na sala, e eles não estavam, ai meu Deus, eles que não tenham ido pro quarto da mãe e do seu John! Muito menos no nosso! Fomos até a cozinha, e lá estavam eles, DEUSDOCÉU, só faltavam se engolir, ou sei lá. estava sentada na pia e o de pé, estavam abraçados e as pernas de ‘enroladas’ na cintura dele. Wow! Que fogo! HDSUIADHUIAHSDI.
- Cof cof. – foi irônico, ele nem fingiu uma tossida, ele literalmente falou cof cof.
Os dois pararam de se beijar, a boca de ambos estava vermelha. Não segurei o riso, não consegui. ficou assustada, e corou. apenas deu aquele sorrisão de Reinaldo Gianecchini.
- Dá pra sair de cima da pia, tarada? – falei naturalmente e rindo um pouco enquanto subia as escadas.
- Cala a boca! – ouvi ela berrando lá de baixo. Entrei no meu quarto e abri o closet, preciso de uma roupa seca, certo? Certo!
Coloquei meu short laranja do Garfield, e uma camisa de pijama, são mais confortáveis, não? Tirei o meu all star e as meias (molhados) e coloquei uma meia seca.
Desci as escadas, e lá estavam, com uma panela no fogão e abraçando ela por trás (uiê), melhor deixar eles sozinhos. Fui para a sala. estava lá, sentado no sofá, aéreo como sempre.
- Tudo bem? – perguntei dando um tchauzinho na frente do rosto dele.
- Ahn? Sim. – ele voltou. – Er, ..
- Eu? – sentei ao lado dele.
- Acho que precisamos conversar.. – ele olhou para mim, aparentava estar preocupado, tenso, ele esfregava as mãos.
- Erm, tudo bem.. – fui interrompida pelo telefone que tocava. – Espera um pouquinho. – levantei e fui atender o telefone.
- Alô. – atendi sem vontade. O que o queria conversar comigo?
- Como vão as coisas querida? – adivinha? É ela mesma...
- Estão ótimas, mãe, e ai? – falei andando pela casa, eu ouvia o que a mãe falava, mas só queria saber o que o quer comigo! Droga, porque a mãe tinha que ligar bem agora?
Ela ficou enchendo o saco por no mínimo uma meia hora! Que saco, eu já disse que todos estão bem e ela insiste em perguntar de volta. Quando ela finalmente desligou, vi que não estava mais no sofá.
Fui pra cozinha.
- Hey, por que vocês não vão se agarrar na sala? Eu faço a comida. – falei um pouco grossa, sei lá, quero saber o que o quer me falar. Eles foram sem nem reclamar. Olhei para a panela que estava no fogão, e tinha macarrão, pensei em continuar e fazer uma macarronada, macarrão com salsichas, ou com carne moída, ok, amo.
Fui até a geladeira, peguei alguns tomates, cebola, pimentão, alho, essas coisas de fazer tempero. Eu cantarolava alguma coisa quando entrou na cozinha.
- Então, - eu parei na frente dele. – o que você queria conversar?
- Não, nada, deixa pra lá. – ele mexia nos seus cabelos molhados freneticamente, estavam cheirosos, eu podia sentir de longe, tinha acabado de tomar banho, provavelmente.
- Ah, agora fala! – falei, rindo um pouco.
- Deixa pra lá, não era tão importante. – tentou disfarçar. Tudo bem, se não quer falar não fala.
- Tudo bem. – falei voltando aos meus afazeres, HAUSIDS.
- Quer ajuda? – ele perguntou. Ahá! Tentando mudar de assunto.
- Não precisa, obrigada. – falei rindo, e continuando a ‘cozinhar’.
Comecei a cantarolar umas músicas, ele ria das minhas coreografias, idiota, danço bem melhor do que ele.
“Looking for your hot stuff
Baby, I need it
Looking for your hot stuff
Baby, tonight
I want your hot stuff
I got to feel it
Got to have your hot stuff
Got to have your love tonight”
- Essa música é um pouco provocante, não? – ele me olhava dançar e cozinhar.
- Er, é mesmo... nem tinha notado. – parei de cantar na hora que ele falou isso. ‘Procurando seu homem excitante?’ Putz , essa foi fora.
Ele riu.
– Hm, o cheiro está ótimo. - ele falou, se levantando da cadeira depois de um tempo, e indo olhar dentro da panela.
- É só macarrão. – falei rindo e abrindo a panela para que ele pudesse ver.
- Macarrão e molho. – ele corrigiu. NOOOOOOOOOSSA, não me diga!

Almoçamos, e o dia estava realmente tedioso. Não tinha nada pra fazer, até a dar uma idéia boa.
- Hey! Que tal um showzinho particular? – ela falou com os olhos brilhando e num pulo.

Capitulo 7

- Hm, não é má idéia. – falei olhando de canto de olho pro .
- Não! – reclamou, tinha que ser ele ¬¬
- Por que não? – perguntou rindo e se levantando.
- Porque... Porque não! – ele respondeu. TEIMOSO!
- Ah , por favor... – fiz a minha carinha de gato de botas do Shrek, será que ele resiste?
- NÃO! NÃO FAZ ESSA CARINHA PRA MIM! – ele tampava o rosto com uma almofada.
- Então canta! – respondi cruzando os braços.
- Então promete que você não vai mais fazer essa carinha pra mim! – ele falou abaixando a almofada devagar.
- Aaah, claro, claro, claro, zinho! – falei pulando em cima dele no sofá.
- Eu preciso dos meus braços para poder tocar se você não se importa. - ele falou dando risos abafados. Saí de cima dele. foi buscar os violões. Nossa, que legal, nós vamos ter um show particular! *-*

Eles se ajeitaram, eu e a no sofá, e eles sentados na nossa frente.
começou cantando...

‘Along she came
With her picture
Put it in a frame
So I won't miss her
Got on a plane
From London Heathrow
It seems such a shame, Yeah’

Ele cantava em sincronia, eles são realmente bons. Hehehe. Dessa vez eles cantaram juntos.

‘I feel her slipping through my fingers
Now she's gone
I'm sleeping with the light on
And shocks went through my veins now
That she's gone
I'm sleeping with the light on
Heard she's engaged
But to her best friend
No one's to blame
Here's where it all ends
And I feel the pain
Cos I'm without her
And I feel the pain’

Estava realmente lindo, e a música é ótima, e dessa vez foi a vez do cantar sozinho.

‘I see the sight, with a different light,
Words cannot describe the way I'm feeling,
'Cause I've been searching in my head,
For the words I thought she'd said,
For too long.’

Talvez a música tivesse sido escrita para alguém... Muito especial de preferência, ou alguém que não se toca. Sei lá, são muitas opções. Aí eles cantaram juntos de novo.


‘I feel her slipping through my fingers
Now she's gone
I'm sleeping with the light on
And shocks went through my veins now
That she's gone
I'm sleeping with the light on’

Quando eles pararam, eu e batemos palmas. A música é linda, e a voz do é excitante. MEU DEUS! Eu pensei isso?! Pelo menos eu pensei e não falei. Comecei a tremer, pra falar a verdade nem sei por que, talvez por ter pensado besteira. Me levantei um pouco tensa. Por que eu fico pensando essas coisas sempre? Por que essa música não sai da minha cabeça? Estou confusa, preciso de água! Fui pra cozinha, abri a geladeira, quando fechei, lá estava ele. Dei um gritinho agudo (sou boa nisso), que susto, porra!
- Assustei? – ele riu. HAHAHA, quanta graça...
- Imagina... – ironizei. Idiota, não teve a mínima graça. Fica por aí andando feito zumbi, é isso que a minha mãe falaria.
- Agora é sério, , acho que nós precisamos conversar... – ele falou sério colocando o violão encima da mesa.
- Tudo bem. – falei, enchendo um copo com água.
- , podemos conversar? – ! Isso não é hora! Pô é a segunda vez que ele tenta falar comigo, e não consegue!
- , nós estamos conversando. – falei brava tentando ser doce.
- Tudo bem, , vai lá. – falou um pouco desapontado, mesmo assim eu fui.

Estávamos entrando no meu quarto.
- O que o tava falando? – perguntou me puxando pela mão e fechando a porta.
- Esse é o problema! Ele nem conseguiu falar, e você cortou ele! Pô, é a segunda vez que ele tenta falar comigo e não consegue.
- Ta, desculpa, eu não sabia. – ela levantou as mãos, sentando na cama.
- Ta, ta, o que você quer comigo criatura? – perguntei.
- Nada, nada, só falar que o beija beeeeeeeeeem! Nossa, ele sabe o que faz. O beijo dele é tudo! – Ela falou toda emocionada.
- Ah, aposto que o do é melhor... – falei, e tampei a boca. MERDA! BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA! Vou torcer, quem sabe ela não ouviu?
- O que?! ! Você ficou com o ? – droga, ela ouviu.
- F-foi s-sem querer. – Eu to gaguejando! Merda.
- Pode contar tudinho, querida! Quantas vezes vocês ficaram? Foi hoje? – calma meu amor! Eu sou só uma!
Comecei a contar com os dedos. Uma no supermercado, outra na sorveteria, e outra na chuva.
- Três vezes. – falei rindo um pouco.
- O quê? Meu Deus! – riu.
- Ah, , esquece, eu não vou te contar, não era pra você saber de nada, ok? – falei rindo com ela.
- Por que você não ia me contar? Até parece que o não contou pro ! – ela falou tentando ser brava, para com isso , você não consegue.
- Acho que não. – falei um pouco na dúvida, será que ele contou pro ? – , vou descer, vou ver o que o quer comigo, depois eu te conto. – falei me levantando e descendo as escadas rápido.
Lá estavam eles conversando.
- , podemos conversar? – perguntei baixinho colocando a cabeça pra dentro da sala.
- Eu to conversando com o , . – ele falou grosso.
- Para com isso, dude, vai lá! – falou. O que ele tem? Sr. Grosseria.
- Não, agora nós estamos conversando. – foi grosso de novo.
- Tudo bem, querido, não precisa tacar pedras. – falei, e saí. Sabe de uma coisa? Que se foda! Cadê o meu teclado? Eu preciso descontar as minhas emoções em alguma coisa. Subi até o meu quarto abri meu/nosso closet. Comecei a fuçar as minhas coisas, eu vi ele no dia da mudança. AHÁ, achei. Aprendi a tocar teclado com o meu pai. Adoro! É uma fonte de energia. Só que a minha voz não é das melhores. Pena...

XX


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