Vento no Litoral



Ainda faltava um pouco para o pôr do sol; o dia estava lindo, o céu azul, limpo, sem rastro de nuvem.
Ela caminhava tranqüilamente, alheia até mesmo à beleza do dia, porém era impossível não perceber a areia que afundava sob seus pés. gostava dessa sensação, era gostoso caminhar descalça pela praia em um fim de tarde. Era bom sentir o cheiro de mar, o vento com maresia tocando sua pele e brincando com seus cabelos.
se lembrava dele. De como era bom sentir seu cheiro, sentir seu toque, seu beijo... Lembrava de quando percebeu que isso seria como combustível para sua alma.

estava distraída nos corredores da gravadora. Ela pensava sobre a besteira que estava fazendo, arriscando tudo por uma diversão. Não podia confiar em , o relacionamento deles jamais sairia daquilo, um se divertia com o outro. Não era sempre que se viam, nem se quer se olhavam direito quando não estavam sozinhos. Ele não gostava dela, já ela... Ela queria tanto poder vê-lo a toda hora. Ela queria ele ali agora. Era nisso que pensava enquanto andava.
De repente ela sentiu duas mãos a puxando para uma sala, quando olhou para cima, percebeu aqueles olhos azuis e se sentiu menos apavorada. Não segura, apenas menos apavorada.
- O que foi ?
Ele a segurou pela cintura, a trouxe mais para perto de si e colou seus lábios nos dela. Ele a beijava como se não a visse a séculos, como se sua vida dependesse disso.
- O que foi isso ? - disse assim que conseguiu um pouco de fôlego. Já o rapaz sorriu ao escutá-la chamar pelo apelido.
- Bom, na minha terra chamam isso de beijo. -sorriu. Mais encantador impossível.
- Mas precisa ser assim? Por que você não me mandou uma mensagem, ou me telefonou para marcar um encontro, não sei.
- Não daria tempo. - ele disse se reaproximando dela. - Eu precisava te ver agora.
- Não faz isso comigo . Não me oferece o que não quer dar.
- Como assim?
- Não me faz entender que você me quer tanto quanto te quero, se no final das contas você vai me deixar sozinha.
- Ei, vem cá. - ele a puxou pela cintura e colou seus corpos. - Você está sozinha agora? - ela balançou negativamente a cabeça. - Eu não te faria triste. Jamais.



De tarde eu quero descansar, chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso para esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora


As ondas do mar batiam forte na água. As gaivotas levantavam vôo mais adiante, nas pedras. Era possível sentir a vida ali naquele lugar. Ela fechou lentamente os olhos e abriu os braços, deixando que o vento a abraçasse.
Um abraço. Agora era disso que ela precisava. queria senti-lo ali, pois ele prometeu estar sempre com ela. Mas onde ele estava? Não estava ali. Uma lágrima teimava em rolar naqueles olhos , ainda fechados. Uma lágrima, entre tantas que ela já havia derramado. Mais uma lágrima.

estava deitada no jardim de sua casa. O luar era a única fonte de luz do local. estava deitado ao seu lado com as mãos cruzadas sobre a barriga e de olhos fechados. Ela podia ouvir a respiração calma e lenta dele enquanto observava a lua.
- , o que faremos amanhã a noite? - perguntou ela quebrando o silêncio.
- O que fazemos todas as noites. - ele respondeu ainda na mesma posição.
Ele abriu lentamente os olhos e se virou de modo que pudesse ver o rosto de que ainda observava a lua. Ela mexeu a face e olhou nos olhos do namorado, enquanto tocava gentilmente os rubros cabelos de , e continuava a falar.
- Vamos voltar aqui e nos amarmos.
- Por quanto tempo? - ela parecia um pouco triste.
- Como assim?
- Por quanto tempo ficaremos juntos?
- Para sempre . Vou ficar com você até que eu morra. - no rosto dela apareceu um sorriso.
- Então ainda vamos ficar juntos por muito tempo.
- Se eu pudesse ficar assim, - ele a abraçou, e ela aconchegou a cabeça no peito dele. - com você ao meu lado, eu poderia morrer amanhã, que morreria feliz.
- Não, ! - ela se mexeu e olhou de novo nos olhos do namorado. - Eu ficaria sozinha. Se você morresse, me deixaria sozinha.
- me escute. Eu nunca vou te deixar sozinha. Isso é uma promessa. Eu te amo.


Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?


Ao abrir os olhos, se deparou com o azul do mar. O que ela havia feito de errado para que a vida lhe tirasse seu grande amor?
Todos os anos ela ia naquela praia. Eles tinham combinado de conhecê-la juntos. Mas o destino não os permitiu. Mesmo assim ela visitava aquele litoral. Ano após ano.

entrou na sala, estava sentada em uma poltrona que ela mesma conjurara perto da janela. Ela estava absorta em seus pensamentos e reparou em como ela ficava linda quando estava distraída. nem percebeu quando o rapaz sentou-se no braço da poltrona, só quando ele colocou a mão levemente sobre o seu ombro que ela reparou sua presença e lhe abriu um bonito sorriso.
- O que você acha da França, especificamente o
Sul da França?
- Não sei. Nunca estive lá. - Eu acho que você vai adorar. Tem um litoral muito bonito. É lá que eu quero que a gente vá morar depois do casamento.
- Casamento!?! Quem vai casar? - perguntou ela, fazendo cara de desentendida.
- Nós. - ele pegou uma pequena caixa de veludo preto e abriu, mostrando para ela um anel de noivado em prata e ouro branco. Ao redor do círculo interior do anel estava escrito: "estarei sempre contigo".


Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo


Planos. Tantos planos fizeram juntos. E ali estava , caminhando pela areia fofa, sentindo o sol banhar sua pele. Ela levantou a mão direita e olhou, lá estava ele, o anel, o anel que nunca havia saído daquele dedo.
Eles iam morar ali. Naquela cidade. Juntos. Porque esse era o plano. Mas a vida mudou de idéia. Lá estava ela, naquele momento, o vento ficou frio. E ela se sentiu sozinha, do jeito que ele prometeu que jamais a deixaria.

- As vezes eu acho que a gente parece dois ratinhos, - olhou para ela e fez uma cara de quem não estava entendendo. - dois pequenos ratinhos presos em uma gaiola, e com nossas minúsculas patas queremos abraçar o mundo.
- Se eu fosse um ratinho não me importaria em passar a vida inteira em uma gaiola, desde que você estivesse comigo. - com isso, ele fez com que ela risse.
- Não é nossa natureza ficarmos presos. Nascemos para sermos livres! Mas com você, qualquer lugar é bom para mim. Se estivermos juntos...
- Estaremos sempre juntos.


Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem


se sentou na beira do mar, sem se importar com as ondas que vinham e molhavam sua roupa. Ela apenas observava o horizonte, como se quisesse descobrir onde seria o infinito. Talvez lá, no infinito, ela pudesse encontrar de novo o seu grande amor. Talvez, se fechasse os olhos e se concentrasse, o mar poderia trazer de volta aquele sorriso que ela tanto ansiava rever. Mas infelizmente, existem coisas que não voltam jamais...

Era o baile de formatura de na faculdade de letras. Ela estava linda com um vestido branco longo de tecido fino, e na cabeça usava uma tiara dourada. a esperava na entrada do Salão Principal, ele havia voltado a Oxford para acompanhar a noiva na formatura. Quando ele a viu vindo em sua direção a comparou a um anjo. Um lindo anjo.
Ela passou a noite toda sorrindo, aquele era até então o dia mais importante de sua vida. Lembrava-se da última vez que tinha visto , fazia tempo, cerca de dois meses, estava com saudade. Mas era só olhar nos olhos dele que tudo se esvaia, sabia que o que ela precisava na vida era ver aqueles olhos que ficavam puramente azuis apenas quando olhavam para ela.
Depois da entrega dos certificados, chegara a hora da valsa dos formandos e seus acompanhantes. e se aproximaram da pista de dança.
- Uma vez você me disse era um péssimo dançarino. -disse a menina sorrindo.
- E sou, isso é para você ver o que sou capaz de fazer para te ver feliz!

Alguns meses depois...

- Por favor . Não me deixe sozinha.
- Eu nunca deixarei meu amor. Nós estaremos sempre juntos.
- Fica.
- Eu vou voltar. -disse ele antes de selar seus lábios com o da garota. iria fazer uma viajem, uma turnê que duraria longos três meses.


Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?


Ele não voltou.

levantou da beira do mar, e foi andando em direção a areia seca. Lentamente caminhou até chegar a um rochedo, onde um menino de uns seis anos veio correndo em sua direção.

- Mãe! Vamos ver os peixinhos!
- Você ainda não os viu meu amor?
- Vi. Mas vamos ver nós dois juntos.
- Tudo bem querido, vamos ver os peixinhos.

não voltou, mas todos os dias ela podia ver os olhos de seu amor. Ele deixou um presente para ela. não podia se sentir sozinha pois havia dado um pedaço de sua vida para ela. viu seu amor renascer quando deu a luz ao seu filho. O amor que ela sentia por se transformou e solidificou no amor que ela dava ao seu filho. Essa seria a última vez que visitaria aquela praia no Sul da França. Agora ela ia cuidar dela, e tentar ser feliz.

Sei que faço isso para esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora.


FIM

N/A: Er nem tenho muito o que comentar (sei...), passeando pela net vi essa fic da Tataya e me apaixonei, modifiquei algumas coisas, a adaptei e com sua permissão publiquei *-* IPC 1: Obrigadão para todos que passaram por aqui, que leram e gostaram e os que não, também. Só o fato de dividir essa história com vocês já vale a pena.

IPC 2: Isa, obrigada por betar, mesmo amor, você ajudou e muito. Deu tanta moral, que eu vou abusar de você. (6)
IPC 3: Jess e Nah *-* Não preciso comentar. Duas pessoas especiais, que eu quero ter na minha vida.

IPC 4: Mana, eu te amo! D.D (ll D.A

IPC 5: Rafa, obrigada por me fazer feliz betado a fic*-*

IPC 6: Beijos e comentem! (Valeuuu Isaaa)


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