Finalizada em: 16/03/2021

Capítulo Único

Há muito tempo atrás, uma pequena vila era assombrada por monstros terríveis. Predadores, melhor dizendo. Todos os homens daquela vila começaram a criar seus filhos para uma única coisa: caçar esses monstros. As mulheres cresciam para cuidar de seus lares e dos caçadores, mas não era isso que queria. Sendo filha única de um viúvo, deveria se casar antes que ele morresse, pois estava velho e cansado. Queria sair dali, ir para Paris, conhecer o mundo, ler seus livros, mas nada era como ela queria. Sua vontade se expandia a cada caçada na qual seu pai saía, pois os comentários eram de que ela deveria arrumar logo um marido.
Havia vários pretendentes, mas o mais empenhado e adequado segundo todos da pequena vila era o grande caçador Gaston. Ele era um homem forte, de boa aparência e que deixava todas as garotas interessadas, mas seu único interesse era na jovem , que não estava muito interessada nele. Na verdade, ela não se via interessada por nenhum homem ali e queria casar apenas por amor.
Naquela vila existia um toque de recolher por conta das atrocidades que costumavam acontecer de noite, mas era diferente de antes. Eles não ofereciam nada à Besta que rondava o lugar, apenas se preparavam para caçá-los. não ligava muito para isso, mas respeitava até que algo aconteceu: o cavalo de seu pai voltou da caçada sozinho. Sabia que ele estava velho e sempre dizia para se afastar dessas caçadas, mas ele não a escutava. Sem usar muito a cabeça, ela subiu no cavalo e pediu para que a levasse até o seu pai.
Cada vez que ia para mais longe da sua vila ela via a lua cheia subir enquanto o sol descia. Sabia que não deveria estar longe de casa naquele horário, mas não podia deixar seu pai morrer sozinho na floresta. Quando o cavalo parou desceu, olhou ao redor e viu algumas manchas de sangue no chão branco, o que era estranho, pois não deveria nevar naquela época do ano. Não estava nevando em qualquer outro lugar, apenas ali. O cavalo se assustou com algo, fazendo com que se assustasse também. Ela continuou a seguir os rastros de sangue quando percebeu algo se movendo atrás de si. Seu cavalo correu para que montasse novamente, mas ela estava cercada por uma matilha de lobos. Só fechou os olhos e esperou por sua morte quando um lobo maior que eles saltou em sua frente e, com um rugido, fez todos os outros se abaixarem e saírem correndo.
não entendia porque aquela Fera não a atacava como os outros. Ela tocou em seu pelo escuro com flocos de neve e virou de frente para ele, que a fitava com seus olhos vermelhos. Em um salto ele saiu dali e deu um gritinho, caindo ao chão, onde permaneceu por um tempo. Levantou-se quando o lobo voltou, arrastando algo pela boca que ela percebeu ser seu pai.
— Pai! — Ela se abaixou, abraçando seu pai desacordado. — Ah, Maurice. — Acariciou a barba de seu pai e o lobo bufou. — Obrigada! — disse, tocando a cabeça do lobo, que não parecia querer o carinho. — Não seja orgulhoso, você salvou a mim e ao meu pai.
— Eu não diria que salvei seu pai — disse o lobo. se assustou, puxando seu pai para longe da criatura.
— V-você fala?
— Se você está me ouvindo falar, talvez a resposta seja sim. — O lobo se sentou. — Não posso deixá-la levar seu pai.
— Por que ele vai ser a refeição como as pessoas da minha vila?
— As pessoas da sua vila destruíram nosso território, mataram meus irmãos, acabaram com o nosso alimento! Ninguém foi atacado na vila, foram atacados destruindo nosso lar!
— E em compensação vocês os matam por terem destruído seu lar?
— Não estamos matando ninguém! — O lobo se levantou. — Vocês, humanos, estão vindo até nós para nos caçar! Assim como seu pai, que não pode ir porque feriu um dos nossos, uma mãe! — Os olhos de estavam tomados de pena. — Ela perdeu um filho e está ferida!
— Deixe que meu pai vá, eu fico no lugar dele e ajudo a cuidar dela. — O lobo virou a cabeça.
— Para que ele volte com outros caçadores?
— Ele está doente, com febre. Por favor! Não posso deixar que morra, ele é meu pai. — Ela se levantou.
— Se os caçadores vierem, a deixaremos para morrer — disse o lobo, concordando com a proposta feita pela garota, que colocou o pai no cavalo.
— Leve-o para casa. — Ela amarrou o pai para que não caísse e o cavalo partiu.
— Venha — disse o lobo.
seguiu o lobo até uma caverna, onde estavam os outros lobos. Deitada no canto, ela pode ver a mãe que estava ferida e correu até o canto. Os outros lobos rosnaram para ela, que tentava acariciá-la, mas pararam assim que o lobo maior veio atrás da garota.
— O que pretende fazer? — perguntou. rasgou um pedaço do vestido.
— Parar o sangramento. — Ela enfaixou o lugar da ferida com o pedaço de pano que rasgou de sua roupa.
— E isso vai ajudar?
— Espero que sim — respondeu, suspirando.
— Tem madeira ali. Faça uma fogueira para dormir ou não vai aguentar o frio — disse o lobo antes de subir em uma pedra e se deitar. fez o que ele havia ordenado.
Estava um pouco tensa e com frio, por isso demorou a dormir. A fogueira se apagou, mas estava muito cansada para acendê-la novamente e certamente morreria congelada. Já estava conformada com o frio enquanto tremia, sentiu pelos encostando-se a seu corpo e abriu os olhos. O lobo que falava estava deitado com ela.
Quando acordou, ele já não estava mais lá. Ela trocou o curativo improvisado da ferida e saiu procurando comida seguida por um lobo, para sua segurança. Colheu algumas frutas e levou até a caverna, mas ainda faltava água. Ela foi procurar algum lugar que tivesse água, ainda seguida pelo lobo, quando escorregou e caiu de um barranco em um lago. Ela não estava tendo muita sorte nas aventuras pela floresta. Sentiu alguém a puxando para fora da água, que não parecia um animal.
— Você pode parar de se meter em problemas? — Era um homem que ela não conhecia.
— Quem é você? O que está fazendo aqui? — Ela se levantou e correu para longe dele, que a segurou pelo braço.
— Dorme comigo e não se lembra de quem sou? — Ela olhou nos olhos dele. Era impossível, mas ele era uma pessoa normal. — Me chamo .
— E você quer me convencer de que era o lobo de ontem?
— Eu não era ele, eu sou ele. — Ele se sentou em uma pedra. — Condenado a viver como um lobo todas as noites, mas apenas nas noites de lua cheia eu consigo me transformar em humano durante o dia.
— E como isso aconteceu? — Ela arrumou seu cabelo e limpou o vestido.
— Um feitiço. Desde então eu sou responsável pela segurança desses lobos. — Ele abaixou a cabeça. — Assim como seu pai eu cacei uma mãe, mas ela morreu. Então uma feiticeira apareceu e me condenou a viver com os lobos. — Ele olhou para os animais, que se aproximavam. — E assim eu entendi o que seres humanos fazem com eles. Não somos os vilões aqui. — Se levantou e encheu algumas garrafas com água.
— Água?
— Sim. Estava levando água e comida para você, não vou deixá-la morrer de fome. — sorriu com a atitude do rapaz e o seguiu no caminho de volta.

Ela aproveitou o dia para ficar mais à vontade. Era estranho estar em um lugar cheio de lobos sendo a única humana. contou um pouco mais sobre sua vida antes do feitiço, omitindo algumas coisas. Enquanto contava empolgada sobre os poucos livros que já havia lido, ele ria, contando sobre os tantos que ele também já havia lido. Ainda assim, gostava de ver como ela se mantinha empolgada contando sobre as coisas que gostava e como seus olhos brilhavam.

Alguns dias foram o suficiente para que ficasse mais à vontade. O ferimento da loba havia sarado e ela havia criado certo carinho por . sorria, observando cercada pelos filhotes e também por outros lobos. No começo, as conversas eram mais fáceis durante o dia, mas depois desse tempo fluíam normalmente em qualquer horário. Ele a levou para ver o nascer do sol em um lugar lindo e presenciar sua transformação em humano.
Era o penúltimo dia de lua cheia e levaria um tempo para que o visse naquela forma novamente.
— Bom, já temos que nos preparar para dizer adeus à forma humana por um tempo. Agora que tudo está bem, você deve voltar para casa depois que a lua cheia passar — disse .
— Casa... — ela sussurrou. — Sim, tenho que voltar para o meu pai.
— E se casar com Gaston. — Zombou ele.
— Eu jamais me casaria com um grosso, ignorante e arrogante como Gaston. — gargalhou após a afirmação da garota.
— Vejo que você tem muitos adjetivos para ele. — Riram juntos.
— Tenho adjetivos para tudo e todos.
— Sim, posso ver isso. — Eles sorriram. — Como, em muito tempo, eu não via outra humana, queria fazer algo. — Ele a puxou de leve pela mão.
— O quê?
— Quero ver se ainda sei. — Ela corou e colocou a mão em sua cintura, começando a conduzi-la em uma dança ali mesmo, sem música. Ao pôr do sol, ele soltou sua mão e ela viu novamente a transformação acontecendo. Abaixou-se e o abraçou, movendo a parte de cima do corpo para os lados, continuando a dança.

Era o último dia de lua cheia e não havia visto durante o dia. Talvez ele não quisesse dizer adeus. O sol estava se pondo no horizonte e a loba e os filhotes estavam ao seu redor para a despedida, quando ela seria acompanhada pelos lobos até metade do caminho. Estava enfeitando todos com flores. Eram surpreendentes as coisas que haviam acontecido ali.
? — Ela reconheceu a voz que vinha dos matos.
— Gaston? — A loba mãe começou a rosnar, junto com os outros.
— Se afaste dessas bestas, — disse ele.
— Não, eles não são... — Ela escutou um barulho de tiro e gritou. , como lobo, pulou em cima de Gaston e o tiro não atingiu ninguém. — Parem, por favor! — olhou para , que estava protegendo os filhotes lobos. Gaston engatilhou a arma e apontou para ele, que só escutou o barulho do tiro e esperou que o atingisse. Já estava escuro, aquela seria sua última lua cheia e teria valido a pena, mas o tiro não o acertou.
! — Gritou Maurice, que vinha atrás de Gaston.
? — Gaston olhou para a menina sangrando no chão. se deitou com a cabeça sobre a barriga dela e ficou ali, parado.
— Por que me salvou?
— Porque você não é um monstro. — Ela colocou a mão sobre seu rosto e fitou seu olho vermelho. — Nenhum de vocês é. — Sorriu enquanto uma lágrima escorria de seu rosto. O olho dele, que antes era vermelho, havia se tornado verde e ele se transformou em humano. arregalou os olhos.
— Um ato de amor era o que quebraria o feitiço. — Ele justificou, segurando a mão da garota e a beijando. — Desculpe, . — Ele se deitou sobre ela, chorando. De repente, luzes e folhas douradas fizeram um círculo entre eles. A marca do feitiço que ele carregava no peito sumiu e o ferimento de se curou. Ele a abraçou forte. Gaston engatilhou a arma para acertar os outros lobos.
— Não! — disse .
— Como príncipe desse reino, eu ordeno que abaixe a arma ou mandarei prendê-lo! — disse .
— P-príncipe ? — perguntou um dos homens que estava atrás de Gaston e Maurice. — O Senhor está vivo. Agora eu me lembro!
— A caça nessa região será estritamente proibida. Qualquer um que for encontrado caçando nas terras do reino estará sujeito à pena de morte! — Ele ordenou. Maurice correu para abraçar a filha.
— Eu achei que estivesse morta com aquela Fera horrenda e gigante. — riu.
— Eles não queriam ferir ninguém, estavam apenas protegendo as famílias. — Justificou. Maurice assentiu e abraçou a filha.
— Ainda assim, precisa voltar comigo. A condição de resgatá-la era o casamento! — disse Gaston.
— Como você a feriu e não havia necessidade de resgate, essa condição está anulada. Até porque eu vou me casar com a ! — Afirmou . — Se você quiser, claro! — Ela pulou nos braços dele.
— Claro que sim!

E então houve o casamento e a história da garota que ficou em uma caverna com lobos durante oito dias se tornou famosa. Uma história para ser passada de geração em geração, a história da e a Fera.


FIM!



Nota da autora: Oiii gente, essa fic foi um plot que tive do nada vendo fotos no pinterest hahahaha espero que vocês gostem, de verdade!





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Loyalty
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Trovão de Konoha

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