Finalizada em: 04/12/2020

Capítulo Único

"Sua fanfic foi encaminhada para a scripter e ela entrará em contato em, no máximo, uma semana. Depois de liberada por ela, sua fanfic tem um prazo de quatorze dias para entrar no site."
Alguns (muitos) dias depois...
Estava entrando no campus quando percebi todos os alunos em um burburinho insuportável. Tentei ignorar o barulho e todos os olhares, e caminhei direto para a minha melhor amiga, que estava sentada em um dos bancos do bosque.
— O que tá rolando aqui, ? — perguntei sentando ao lado dela.
— A sua fanfic tá rolando aqui. — ela sussurrou em resposta.
— O quê? — perguntei sem realmente entender.
, eles descobriram que você é a Garota do campus. — ela sorriu.
Não, não, não. Isso não podia estar acontecendo. Isso deveria ser algo como Gossip Girl, onde eu escrevo e as pessoas não sabem quem sou eu.
... — chamei em um sussurro, o pavor me dominando. Se eles sabiam que eu era a Garota do campus, certamente sabiam que meu personagem era ele.
— Sim, , eles sabem que o cara da história é ele. — ela confirmou minhas suspeitas.
Ele é simplesmente o cara mais popular do campus. E o mais bonito também, daqueles que realmente parecem um personagem de série norte-americana. Transferido, capitão do time de futebol, incrivelmente inteligente, cursava engenharia civil e era dono de um sorriso que podia iluminar toda a área em volta dele. Esse era , o arrasador de corações.
— Ele sabe? — perguntei, mas não queria de fato saber a resposta.
— Pelo sorriso que ele está ostentando enquanto olha para cá, eu acho que sim. — respondeu e acenou para alguém atrás de mim.
Eu nem precisava virar para saber como ele estava. Um ombro escorado em uma árvore, a bolsa pendendo no outro, uma mão no bolso da calça, já que hoje estava quente demais para usar o moletom do time, e seu característico sorriso de lado.
, e quanto à personagem, eles sabem quem é? — prendi a respiração para esperar a resposta.
— Não, . E é isso que está frustrando todos eles. Você foi misteriosa demais ao falar de si mesma. — ela cruzou os braços sobre o peito e ergueu as sobrancelhas, me desafiando a negar que realmente era eu na história. Não negaria, era a verdade afinal. — Eu sabia! Você não negou. , por que não me falou?
— O quê? Que eu escrevo fanfics? Você já sabia disso. — e era a verdade. era a única que sabia sobre meu hobby de escrever. — Ou você se refere ao fato de que eu, a nerd da turma de literatura inglesa, tenho uma terrível queda pelo cara mais popular do campus? — sussurrei a última parte.
— Falo da última parte. — ela respondeu igualmente sussurrando. — Vamos conversar direito sobre isso depois. Agora preciso ir. O seu cara quer falar com você. — ela se levantou e saiu, sem ao menos me deixar protestar.
Fechei os olhos por um breve segundo e senti o perfume dele invadir minhas narinas e bagunçar minha cabeça. Abri os olhos devagar, dando de cara com o olhar penetrante dele me encarando.
— O que você quer? — perguntei ríspida, como se não estivesse totalmente abalada pela presença dele.
— Nossa, . Sua personagem é mais simpática que você. — ele sorriu.
— Não sei do que você está falando. — levantei de repente, disposta a sair dali inteira. , porém, me segurou pelo pulso e me fez sentar novamente.
— Sabe sim. Não tente negar, Garota do campus. — ele me lançou uma expressão séria, como se me desafiasse a negar, assim como tinha feito. Apenas fiquei em silêncio, incapaz de fugir ou reagir. — Ótimo, você não negou. Agora a minha pergunta é: por que eu?
— Não é você na história, . Por favor, tenha senso. — menti.
— Pare de mentir, . Eu li, é claro que sou eu ali. Tudo bate, desde a cor dos olhos à forma como eu me apoio na árvore. — ele riu.
— Não me chame de . Você nem me conhece. — ralhei.
— Já você me conhece muito bem, não é, ? — ele sorriu de lado e demandou tudo de mim para não desmanchar aquele sorriso com um beijo. Controle-se, .
— Eu já falei que não é você. — levantei de novo, disposta a realmente fugir. se levantou comigo.
, eu preciso saber quem é garota. — ele pediu de repente. Olhei espantada para ele e pisquei os olhos devagar.
— O quê? — perguntei confusa.
— A garota que serviu de inspiração para a sua história, ou seja lá como se chama. Eu preciso saber quem é. Por favor. — ele segurou meu braço com delicadeza, como se implorasse por aquilo.
— Não posso dizer quem é. Ela pediu segredo. — menti de novo. — E não é a . — adiantei. — Preste mais atenção nas meninas daqui e não brinque com elas como você vem fazendo no último ano e talvez, só talvez, você descubra quem é. Agora se me der licença, eu tenho uma aula para ir. — soltei sua mão de meu braço. Estava pronta para sair, quando a dúvida caiu sobre mim. — Por que quer saber, ?
, ela é incrível. É inteligente e misteriosa na medida certa. Ajuda as pessoas e parece uma ótima companhia para um filme. — ele sorriu. — Quero ter a sorte de conhecê-la.
— Então você realmente leu. — comentei baixinho, não controlando o sorriso que surgiu em meu rosto.
— Eu falei que tinha lido. Sua personagem acredita mais em mim, . — ele alfinetou.
— Ela não deveria, . Seu histórico não é dos melhores. — rebati.
— Ei! — ele soou ofendido. — Eu só sei aproveitar a vida, OK?
— Até demais. Agora eu realmente preciso ir. E não volte a me importunar para saber quem é. Não vou te dizer, . — alertei e comecei a me afastar. — E não pergunte a , ela não vai te dizer. — falei mais alto por conta da distância.
— Eu vou fazer você confessar, . — ele gritou de volta e alguns alunos me olharam alarmados.
— Você não vai conseguir, . — gritei e quase corri para não ser abordada novamente.
Passei toda a aula recebendo os olhares atravessados das pessoas da minha turma e, ao final da aula, a professora me chamou para falar do projeto que ela estava desenvolvendo. Algo sobre contos e autoras independentes. Mas eu não prestei muita atenção. Meu celular vibrava a cada minuto no bolso da minha calça e eu julgava ser , me intimando para comer alguma coisa. Assim que saí da sala, tratei de olhar o aparelho e me deparei com uma pequena thread no Twitter sobre quem poderia ser a minha personagem. Lógico que foi quem me marcou. E algumas hipóteses eram tão absurdas que eu só podia rir. Entrei no refeitório rindo e, de repente, percebi muita gente olhando para mim. Praticamente corri e me sentei com .
— Estão todos olhando para você. — ela comentou.
— Eu sei. Não precisava dizer. — rebati irritada. Não gostava de receber tanta atenção.
— O que queria? — ela perguntou empolgada.
— Arrancar informações sobre quem é a garota. Ele disse que queria ter a honra de conhecê-la. — repeti as palavras dele.
, é a sua chance! — quase gritou e eu tratei de tapar sua boca com a mão.
— Fique quieta, garota. Eu não quero chance. — sussurrei. Olhei ao redor para ver se alguém nos observava e encontrei os olhos de nos encarando. Ele pareceu sair de um transe e acenou para nós.
, pelo amor de Batman. Você é caída por ele. Diga que é você. — ela sussurrou.
— Fala sério, , você acha que eu tenho alguma chance? — mantive a voz baixa.
— Ele quer conhecer você. Ele gostou de você. — ela rebateu.
— Não, . Ele gostou da imagem que eu criei de mim. Daquela personagem gostosona e incrível. — suspirei cansada e, de cabeça baixa, comecei a comer o lanche que tinha pego para mim. A verdade é que eu fugia totalmente dos padrões. Meus quadris eram largos, minhas coxas também, eu até tinha um pouco de cintura, mas era, para ser menos rude, fofinha. Sim, eu era uma garota plus de ascendência latina, metida num campus onde todo mundo tinha o mesmo padrão. Dá para entender o quão deslocada eu me sentia?
, você é gostosona e incrível. Tenho certeza de que se você se livrar dessas blusas largas, todos vão dizer o mesmo. — ela tentou me alegrar.
— Ah, eu concordo. — a voz de entrou na conversa e eu quase cuspi meu sanduíche fora.
— Concorda com o que, ? — perguntei ríspida.
— Que você é incrível. Sua história é ótima. — ele sentou ao meu lado. Tentei escorregar no banco, mas não tinha mais para onde ir, então me limitei a lhe olhar.
— Já acabou? Pode sair. — respondi de mau humor.
— Na verdade, não. , um dos meus caras pediu para te dar isso. — ele estendeu um papel à minha amiga, que olhou e encarou o grupo de rapazes na mesa atrás dela. — O de boné. — apontou. guardou o papel na bolsa e eu apenas revirei os olhos. então se virou para mim. — Poderíamos ir tomar um café depois da aula. O que acha?
Ergui as sobrancelhas e soltei um riso debochado.
— Qual é, ? Por que esse interesse repentino? Eu já disse que não vou te dizer quem é a garota. — respondi sem pensar e pisou no meu pé por baixo da mesa, me fazendo morder o lábio para segurar um palavrão.
— Eu apenas quero conhecer a garota que sabe tanto sobre mim. — ele respondeu como se fosse óbvio. E talvez fosse.
— Eu já te disse mais de uma vez que não é você na história, me poupe. — levantei, disposta a sair daquela conversa sem cabimento, mas , mais uma vez, me segurou pelo pulso e me fez sentar no banco novamente. — Essa sua mania é bem irritante, .
, é só um café. Mesmo que não seja eu, eu quero conversar sobre isso. Porque, cara, você escreve bem. — ele elogiou. Não segurei o sorriso que surgiu. Mas o desfiz logo em seguida.
— A resposta ainda é não, . — levantei e dei um passo para o lado, antes que ele me segurasse de novo.
— Nos encontre no café na esquina da rua quando a aula acabar. Eu vou garantir que ela vá. E leve seu amigo. — sorriu e levantou, dando a volta na mesa e parando ao meu lado.
, eu não vou... — tentei protestar, mas ganhei um beliscão no braço.
— Vai sim. Até mais, . — sorriu para ele e me arrastou dali.
, o que deu em você? — perguntei enquanto era arrastada para fora do refeitório.
— Eu estou apenas tentando mudar sua vida. — ela me jogou dentro da sala. — Se você sair correndo no final, eu juro que nunca mais falo com você. — ela ameaçou.
Não prestei atenção em nada do que foi passado. Apenas refleti sobre as palavras de e o interesse de . Ao final, nem me deixou fugir e já estava na porta me esperando.
— Acho que estou passando mal. — menti. Eu precisava sair dali.
— Mentira. Cale a boca e vamos. — ela me arrastou para fora do campus e então para a tal cafeteria na esquina da rua. Vinte minutos mais tarde, chegou com o amigo, ambos de banho tomado, o que me fez supor que estavam no treino, e por isso o atraso.
— Estão atrasados. — comentei com um bico de desgosto.
— Eu sei. Mas você já sabia que hoje tinha treino, não é? — sorriu maroto e puxou uma cadeira para sentar ao meu lado.
— Faça suas perguntas e vamos acabar logo com isso. — cruzei os braços sobre o peito.
— É tão ruim assim estar comigo, ? — ele perguntou com um biquinho. E pela segunda vez no dia, eu quis beijar .
— Você chama muita atenção e eu não gosto disso. Portanto, faça suas malditas perguntas rápido. Eu preciso ir embora. — suspirei.
— Ah, , nós vamos precisar de muitos cafés para que eu pergunte tudo o que eu quero saber. — o sorriso maroto voltou ao seu rosto e ele parou de me olhar apenas para fazer o pedido à garçonete.
— Tente resumir. — pedi. A verdade é que eu não queria ficar ali. Já tinha me arrependido de ter escrito e enviado aquela fanfic.
— Vamos começar com o básico: por que escreve? — ele perguntou e apoiou o queixo na mão, o cotovelo na mesa.
— Para fugir. Dessa realidade. Das pessoas fúteis. E para expressar aquilo que eu não consigo falar. — suspirei.
— "Aquilo" seriam... Sentimentos? Você foi bem romântica na história. — ele sorriu meigo.
— Também. — me senti corar e baixei a cabeça.
engatou uma série de perguntas e eu tentei ser o mais evasiva possível. Em algum momento, sumiu com o outro rapaz e foi aí que eu me dei conta de que estava na minha hora.
— Está na minha hora. — interrompi .
— Vamos, eu te levo. — ele sorriu e pegou a carteira, colocou uma nota sobre a mesa e se levantou.
— E quem disse que eu quero companhia? — perguntei divertida, mas estava falando sério.
— Vamos, . Eu não sou tão ruim assim, vai. — ele me estendeu o braço.
— Você, senhor , é só o cara mais badalado do campus. E eu sou apenas uma nerd que teve seus quinze minutos de fama. — me levantei e ignorei seu braço que esperava o encaixe do meu. — É ruim sim. Não você propriamente dito. Mas estar com você. — comecei a andar para fora do café e me seguiu. — Você atrai muita atenção, .
— Você é o assunto do campus. Está mesmo dizendo que eu chamo atenção? — ele riu atrás de mim, sem parar de me seguir.
, não me siga. — ordenei, mas ri em seguida. — Não quero que você descubra onde eu moro. Nem quero que minha mãe te veja. Ela não me deixaria em paz.
— Então sua mãe está em casa agora? — ele perguntou animado. Oh, céus.
— Sim, mas ela não sabe nada sobre as fanfics. — parei de andar e me virei para encará-lo. — É melhor eu ir sozinha. Por favor. — pedi quase desesperada.
— Já está tarde, . — ele negou com a cabeça. — Não posso deixar uma dama sozinha por aí.
Suspirei de novo. Eu já estava sentindo a dor de cabeça chegando. era mais insistente do que eu previ e estava sendo terrivelmente persuasivo.
— OK, mas você fica longe, não vai até minha porta. — cruzei os braços sobre o peito.
— Nem pensar. Preciso conhecer sua mãe. — ele sorriu largo.
— Vá à merda, . — ralhei. — Eu vou sozinha. E se você me seguir, eu chamo a polícia. — alertei e me virei, seguindo meu caminho novamente.
— Eu digo que sou seu namorado e que você está de TPM. — ele correu atrás de mim e sua mão agarrou a minha, envolvendo nossos dedos e enviando um arrepio pelo meu corpo.
— Francamente, . Quem acreditaria em você? — perguntei enquanto ainda caminhava e balancei a mão para que ele me soltasse, eu já começava a suar frio e aquilo não era legal. Porém, quanto mais tentava me soltar, mais me segurava com força.
— Eu posso ser bem persuasivo. — ele sorriu.
— Ah, disso eu tenho certeza. — puxei o braço com força e consegui me livrar de seu aperto. Continuei a caminhar em silêncio, sem olhar para ele.
— Está mais calma? — ele perguntou depois de uns minutos.
— Eu não estava nervosa. Só não sou fã de contato. — expliquei. E não menti. Eu realmente não era lá fã de abraços ou apertos de mão. Ainda mais quando era a mão de junto da minha.
— Sua personagem também não. Mas, bem... Nós ficamos. — ele argumentou e eu parei de andar para lhe encarar.
— Felizmente não somos a mesma pessoa. — rebati. Ele não podia sequer desconfiar que eu era minha personagem.
— Você não ficaria comigo, ? — ele perguntou com uma expressão que beirava a tristeza.
— Ah, não. Nem todo mundo cede aos seus encantos, sabe, ? — menti. — E agora eu te devolvo a pergunta: você ficaria comigo, ? — perguntei sem querer saber a resposta.
— Por que não? — ele devolveu, parecendo confuso.
— Não existem precedentes que apontem para a existência de um relacionamento entre um cara atlético como você e uma garota como eu. — expliquei com calma. — A menos que exista alguma pegadinha por trás.
— Ah, , acho que você não me conhece o suficiente. A sua pesquisa foi superficial nesse ponto. — ele riu baixinho. — Eu gosto de garotas com curvas.
— Garotas com curvas não é o mesmo que garotas gordas, . — suspirei e subi os degraus que me levavam até a minha casa. Finalmente eu tinha chegado e poderia me jogar na minha cama e sofrer em silêncio pelo resto da noite.
— Não gosto dessa palavra, "gorda". — ele disse fazendo as aspas no ar. — Vamos trocar por... Plus. — ele sorriu malicioso. — Bom, está entregue?
— Estou, pode ir embora. — cruzei os braços sobre o peito.
— Sua mãe... — ele arriscou.
— Está dormindo. As luzes estão apagadas. — menti, uma luz fraca podia ser vista na cozinha.
— Vão existir outras oportunidades. — ele piscou para mim, se aproximou e beijou meu rosto de repente, se afastando rapidamente. — Até mais, .
Não me despedi. Apenas abri a porta atrás de mim e entrei, trancando em seguida. Passei correndo para o meu quarto, ignorando os chamados de minha mãe na cozinha, e me joguei na cama, segurando o rosto onde tinha beijado, como uma adolescente apaixonada. Peguei o celular e vi ali uma série de mensagens de , perguntando onde eu estava. Resolvi ligar para ela.
— Estou em casa. — disse assim que ela atendeu.
Ele foi com você? — ela perguntou animada.
— Veio. Você sumiu, não é? — alfinetei.
Eu estava... Ocupada. — soltou uma risadinha. — Mas e aí, como foi depois que eu saí?
— Ele fez um milhão de perguntas e me acompanhou até aqui. Disse que gostava de mulheres com curvas, usou o termo plus e beijou meu rosto. — soltei tudo de uma vez e rolei na cama, olhando para o teto.
Ele ganhou pontos com você. Espera. Ele beijou seu rosto?! — ela perguntou gritando.
— Sim. — suspirei, mas não como antes. Agora não era mais o suspiro apaixonado, era um suspiro desgostoso, porque minha ficha tinha caído, finalmente. só queria saber quem era a garota da fic. Assim que ele descobrisse, nunca mais olharia na minha cara.
O que foi, ? perguntou. Ela entendia meus infinitos suspiros. — O que há de errado?
— Você sabe. nunca mais irá olhar na minha cara quando descobrir quem é a personagem que ele considera tão incrível. — confessei com um toque de tristeza.
, vamos pensar positivo, sim? — eu quase podia ver o sorriso de através do telefone.
— Eu adoraria, mas minha cabeça já entrou no modo depressivo. — eu ri sem humor e ela me acompanhou.
Eu ainda acho que você deveria contar a ele. Suas chances aumentam. — ela incentivou.
— Que chances, ? — perguntei debochada. — Você deveria tentar escrever fanfics, tem uma ótima imaginação. Até amanhã. — e desliguei sem esperar que ela rebatesse. Era uma discussão perdida, afinal.

***

Depois daquele dia, passou a me cumprimentar todos os dias no campus, fosse acenando de longe, sorrindo para mim no intervalo ou mandando beijos no ar sempre que fazia um gol nos jogos. Tinha virado rotina estudar no café e tê-lo me acompanhando até em casa, totalmente contra a minha vontade, diga-se de passagem. Ele estava obcecado por minhas histórias, eu tinha algumas outras fora a que ele era o personagem, e ele sempre lia e se juntava a mim no café para comentar sobre a leitura. E eu morria de vergonha sempre que ele chegava na parte... Quente.
— Um dia eu ainda vou entender porque você escreve todas as cenas hots e nunca quer comentar sobre elas. — ele brincou. Estávamos mais uma vez parados na porta da minha casa depois de mais uma tarde conversando no café.
— Me pergunto quando todo esse seu interesse insaciável vai acabar. — comentei e ri. Enrolei a ponta do cabelo tal qual minha personagem fazia e me arrependi no momento em que abriu a boca.
... É você. — ele disse parecendo hipnotizado.
— Eu o que, ? — perguntei sem entender.
— Você é a personagem da sua história. — ele praticamente sussurrou.
Tentei não parecer surpresa. Eu precisava pensar rápido para que ele não percebesse que tinha me desmascarado.
— Claro que não, . Não diga bobagens. — tentei soar convincente.
olhou no fundo dos meus olhos e deu um passo para frente, me fazendo dar um passo automático para trás, e seguiu avançando na minha direção até me ter contra a porta, seu corpo perto o suficiente para que eu sentisse seu calor, sua mão apoiada na madeira ao lado da minha cabeça.
, você é exatamente igual a ela. Agora eu vejo. — ele sussurrou contra meu rosto. — A personagem pela qual eu me apaixonei estava aqui o tempo todo e eu não vi.
Apaixonar? Que espécie de loucura era essa? apaixonado por mim? Não seja tola, . Ele está apaixonado por sua personagem.
— Exatamente igual foi exagero, . — o chamei pelo apelido e ele riu baixinho.
— Eu gosto quando você me chama de . — ele colocou uma mecha do meu cabelo detrás da minha orelha. — E sim. Vocês são exatamente iguais.
, eu criei uma imagem totalmente diferente de mim. — lembrei a ele.
— Não menos gostosa. Eu diria até que você é mais. — ele olhou para baixo e mordeu o lábio inferior.
— Pare de me zoar e vá embora. Você já ocupou demais o meu tempo hoje. — tentei lhe empurrar pelo ombro.
, você me odeia, não é? — ele perguntou sério, mas eu reparei que seus olhos focavam em meus lábios.
— Se eu disser que sim, você vai embora? — perguntei. soltou uma risada debochada e anulou a pouca distância entre nós, seu corpo forte colado ao meu.
— Se você disser que sim, vai estar mentindo. — ele constatou o óbvio. — , diga que quer. — ele quase ordenou.
— Quero? — perguntei, me fazendo de desentendida.
— Diga que eu posso te beijar, por favor. — ele pediu. Suspirei derrotada antes de responder.
— Pode.
mal me deixou terminar a palavra e já estava com os lábios grudados nos meus, a língua pedindo passagem e explorando minha boca. Quando senti sua mão em minha cintura, o afastei a contragosto.
, já chega. Você precisa ir. — eu disse de olhos fechados.
— Olha para mim, . — ele pediu com a voz baixa. Abri os olhos e encontrei os dele me encarando fixamente. — Eu sei que vai parecer doido e precipitado, mas... Eu quero namorar você.
Tentei segurar o riso, mas não consegui e acabei rindo alto na cara dele.
— Fala sério, . — debochei.
— Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida. — ele permanecia sério, me olhando como se eu fosse louca por não acreditar nele. — As suas personagens, você, , me fizeram querer sossegar. Agora eu quero um amor para chamar de meu, e você parece a pessoa perfeita para isso.
— Pense direito, . Amanhã nós conversamos, OK? — passei os dedos sobre seu rosto e ele fechou os olhos para aproveitar o carinho. — Até amanhã. — com uma coragem que não era minha, selei seus lábios e me forcei a entrar em casa. Encontrei minha mãe sentada no sofá, com uma xícara de chá na mão e um sorriso enorme no rosto.
— Então agora você está namorando? — ela perguntou. Era possível sentir a felicidade em seu tom de voz, pena que eu ia acabar com tudo.
— Não. — respondi seca. — disse que quer, mas eu não sei, mãe. Parece pegadinha demais para mim, entende? — sentei ao seu lado e suspirei.
— Parece normal para mim. Você é incrível, filha. — ela apertou minha bochecha, me fazendo sorrir com ela. — O que há de errado em querer namorar você?
— Mãe, você lembra de Dumplin'? — perguntei. — Lembra que a Will é apaixonada pelo Bo, mas acredita que caras como ele não namoram meninas como nós nem em um milhão de anos?
— Sim. — minha mãe sorriu e negou com a cabeça. — Mas ela se declara e dá tudo certo, não é?
— É, mas eu ainda estou na fase da negação. O filme não me convenceu. — eu ri sem vontade. — Eu passei a minha vida toda sendo zoada por causa do meu corpo. Não é possível que o ...
— Um gostoso. — minha mãe me interrompeu.
— Mãe! — protestei e ri.
— Desculpe, querida. Não é possível que o ... — ela riu e me incentivou a continuar.
— Que o tenha interesse em mim. Eu ainda acho que há algo por trás. — concluí meu pensamento.
— Ou talvez não. Vocês se encontram quase todos os dias na faculdade e no café. E ele já disse que gosta de meninas assim, como nós. — ela apontou para nós duas.
— E quem te disse isso? — não lembro de ter falado nada do tipo para ela.
, óbvio. Você não me conta muita coisa, não é, mocinha? — ela ralhou. — Enfim, o que quero dizer é que talvez você deva dar uma chance a ele. Pode ser legal, meu amor. — ela se levantou e beijou o topo da minha cabeça. — Pense com carinho, ele parece ser um cara legal. Boa noite.
— Obrigada por tudo, mãe. — sorri para ela e ela sorriu de volta. Aquele sorriso que dizia "tudo por você, meu anjo". — Boa noite.
Mamãe deixou a xícara na pia e foi para seu quarto. Suspirei pela octogésima vez na noite e peguei o celular para falar com por chamada de vídeo. Eu só esperava que ela não estivesse... Ocupada. Ultimamente ela andava demais com o cara do time que conheceu no dia em que descobriram tudo.
E aí, como foi hoje? — ela perguntou sorrindo assim que atendeu.
— Está preparada para ouvir? — perguntei negando com a cabeça. Eu ainda não estava acreditando no que tinha acontecido.
Vocês se beijaram? — ela quase gritou.
— Mais que isso. Eu vou te contar, mas não grite, OK? Mamãe já foi dormir. — pedi e ela colocou a mão sobre a boca. — descobriu que eu sou minha personagem. E sim, nós nos beijamos. — segurou um grito. — E mais. me pediu em namoro.
Dessa vez, ela não segurou e gritou alto, me fazendo baixar o volume da chamada às pressas para não acordar mamãe.
, isso é incrível! Incrível! Eu estou tão feliz. — ela sorria, mas eu permanecia impassível. — Você disse sim, não é?
— Não. Eu disse para ele pensar melhor. E o mandei ir embora. — confessei.
Enlouqueceu? , eu não acredito. — a expressão feliz de mudou para algo como incrédula e irritada.
, esse pedido não faz o menor sentido! — expliquei. — Eu ainda acho que existe algo por trás, algo a ver com os caras do time.
Espere aí. ! — ela gritou. Eu sabia que eles estavam juntos. apareceu na tela, sem camisa e sorrindo.
Oi, ! — ele me cumprimentou sorrindo.
Eu vou precisar que você seja sincero com nós duas agora, . — pediu séria. — pediu a em namoro.
Cara, isso é tão legal! Parabéns, . — ele desejou sincero.
não aceitou porque acha que há uma aposta ou uma pegadinha entre vocês. — continuou. a olhou confuso, as sobrancelhas juntas e a cabeça torta. — A pergunta é: isso existe realmente?
Claro que não! respondeu exaltado. — Se ele te pediu em namoro, ele realmente gosta de você. Eu conheço o há alguns anos e nunca, eu repito, nunca o vi namorando.
— Ele disse que eu o fiz querer sossegar. — eu ri.
Então ele está falando sério. Ele nunca sequer citou algo do tipo. — ele sorriu largo. — É sempre sobre...
— Aproveitar a vida. — dissemos juntos e rimos.
Entendeu o que precisa fazer, não é, ? — perguntou.
— Entendi. Preciso dormir. Obrigada pelos esclarecimentos. Vejo vocês amanhã. — desliguei antes que eles pudessem protestar.
Levantei me sentindo mais leve e fui me preparar para dormir. Me joguei na cama e fiquei ponderando se mandava ou não uma mensagem para . Ele, porém, nem me deixou pensar. Mal peguei o celular, recebi uma mensagem dele.
"Vamos conversar amanhã antes da aula. Espere por mim.
XoXo, ."
Não evitei sorrir. Ele estava realmente tentando com todas as forças. Me obriguei a fechar os olhos e dormir.

***

Eu mentiria se dissesse que dormi bem, estava nervosa demais com a tal conversa com .
Mamãe apareceu no meu quarto antes de eu sair e literalmente jogou um vestido no meu rosto, me obrigando a vestir. Me arrumei rapidamente, peguei minhas coisas e fui para a aula. estava me esperando no portão e me olhou de cima a baixo quando me viu, um sorriso largo se abrindo em seu rosto. Assim que me aproximei, ele selou meus lábios. Foi rápido, mas eu pude ouvir os sons de choque ao nosso redor.
— O que pensa que está fazendo? — ralhei baixinho.
— Beijando minha futura namorada, ora. — ele respondeu ainda sorrindo.
— Eu disse para você pensar direito, não disse? — cruzei os braços sobre o peito.
— E eu pensei. E tomei a decisão certa. — ele buscou minhas mãos com as suas e entrelaçou nossos dedos. — A propósito, você está linda.
— Agradeça à mamãe pelo vestido. — sorri sem perceber.
— Quando eu vou finalmente conhecer sua mãe? — ele soltou uma de minhas mãos e enrolou a ponta do meu cabelo nos dedos.
— Eu ainda nem aceitei seu pedido e você já quer conhecer minha mãe? — brinquei. insistia em conhecer minha mãe há muito tempo.
— Mas vai aceitar. Temos que adiantar as coisas. — ele piscou. — Aliás, me ligou ontem. Fiquei triste que você pense coisas tão absurdas de mim, mas estou disposto a provar que eu realmente gosto de você bem assim, como você é.
... — suspirei.
, eu entendo a sua insegurança. Mas eu gosto de você, caramba! — ele elevou a voz e eu dei um tapa em seu braço. — Droga, se é pressão da sociedade, que a sociedade se exploda! Eu não ligo. Eu quero que você me dê a chance de ficar ao seu lado. Que me dê a chance de provar que essa fanfic aqui... — ele apontou para nós dois. — Pode existir sim.
, você não existe, sabia? — sorri, mas as lágrimas estavam brotando em meus olhos.
— Existo e estou aqui pedindo você em namoro. De novo. — ele levou minhas mãos aos seus ombros e me abraçou pela cintura. — Só que dessa vez eu espero que você diga sim. — ele colou o nariz ao meu e fechou os olhos.
— Sim. — sussurrei contra seus lábios. então selou meus lábios devagar, uma, duas, várias vezes seguidas até que eu não aguentasse e pedisse passagem com a língua, aprofundando o beijo. Ele sorriu, mas não quebrou o contato. O beijo era calmo e eu nem sequer estava me importando com as mãos dele apertando minha cintura sem força.
— Ei, casal, isso aqui é um lugar público. — a voz de interrompeu nosso momento e vi sua mão afastando o rosto de de mim. Corei de pura vergonha e escondi o rosto no peito do meu namorado.
— Você nem queria aceitar e agora está aí, publicamente com a língua enfiada na goela dele. — brigou, mas riu. — Eu estou tão feliz por você. — ela me separou de e me abraçou.
— Sossegou? — perguntou ao amigo. me olhou e confirmou com a cabeça. — Encontro duplo mais tarde? — estendeu a mão para um high five.
— Sossegou também? — perguntou. olhou para e sorriu, confirmando com a cabeça. — Encontrou duplo mais tarde. — ele bateu na mão de .
— Aula, . — chamou.
— Cuida dela para mim, ? — segurou minha mão. — Não vai ser tão fácil.
— Ah, . A tem a língua afiada. Não se preocupe. Ela vai saber responder. — riu e segurou minha mão livre.
— Grave algumas respostas para mim. — ele piscou para minha amiga e se virou para mim. — Tente não agredir ninguém. — ele riu e selou meus lábios.
— Eu vou tentar, mas não prometo nada. — sorri para ele. — Preste atenção na aula. Você também, . — briguei.
— Céus, por que eu fui namorar justo a nerd? — bufou.
— Ainda dá tempo de desistir. — falei séria.
— Você não vai se livrar de mim tão fácil, . — ele me roubou outro selar e se foi, levando consigo. virou para me olhar e seu sorriso mal cabia no rosto.
— Precisamos fazer compras para o encontro de mais tarde. — ela arqueou as sobrancelhas para mim. — E não adianta fugir. Vamos.
Ela me arrastou pela mão e nos levou para a sala, que ficou em completo silêncio quando entramos. Sentei no meu lugar e tratei de prestar atenção. Hoje era meu dia. O dia em que a autora encontra sua fonte de inspiração e, bem, zera a vida sendo pedida em namoro.

***

Estava sentada no sofá, uma perna dobrada sobre o estofado, o tablet em mãos, tentando terminar mais uma fanfic. estava sentado do outro lado do sofá, me olhando fixamente com um sorriso nos lábios. Minha mãe já nem estranhava mais a presença dele aqui, ela já o tinha aceitado como genro. Eu, porém, estava demorando a entender que agora ele era meu namorado. Parecia surreal demais que o cara mais popular do campus fosse meu agora.
— Pare de olhar, . Está me desconcentrando. — ralhei sem tirar os olhos da tela.
— É que você fica tão sexy assim, com os óculos e toda concentrada escrevendo. — ele avançou na minha direção e tirou o tablet das minhas mãos, o colocando atrás de si.
, eu realmente preciso terminar. — tentei pegar o aparelho novamente, mas o colocou mais longe de mim.
— Depois. Agora dê um pouco de atenção ao seu namorado. — ele venceu toda a distância e me beijou quente. Seu corpo empurrou o meu para trás lentamente até que eu estivesse deitada e ele estivesse sobre mim. Uma de suas mãos escorregou para debaixo da minha blusa e eu agarrei seu braço automaticamente, o parando e levantando o corpo para que ele se afastasse.
— Não. — eu disse ríspida.
— O que foi, ? Eu não vou te machucar. — ele soou triste.
Meu medo era mais forte que o desejo. Ele ainda sentiria vontade se me visse sem as roupas? E essa nem era exatamente a questão. Céus, eu nunca tinha feito aquilo e nunca tinha contado a ele, faltaram oportunidades. Essa era a primeira vez que ele tinha tentado algo mais... Intenso.
— Essa não é a questão, . — suspirei.
— Então me fala qual é, meu amor. — ele pediu. Suas mãos seguraram meu rosto, me obrigando a lhe olhar, mas eu tentei a todo custo desviar o olhar. Não estava pronta para ver a decepção nos olhos dele. — , fala comigo.
— É... Difícil, . — suspirei. Como eu diria ao cara que já dormiu com metade do campus que ele namorava uma virgem?
, você... Eu sou o seu primeiro? — ele pareceu ler minha mente. Lhe olhei de olhos arregalados e vi um sorriso lentamente surgir em seu rosto. Incapaz de responder verbalmente, apenas fechei os olhos e confirmei com a cabeça. — Você vai confiar em mim? — ele perguntou com uma pitada de admiração na voz.
— Na verdade, não queria confiar isso a ninguém. — confessei.
— Vou perguntar mais uma vez: você vai confiar em mim? — ele se aproximou e perguntou com a voz baixa. Um arrepio percorreu minha espinha e se espalhou pelo meu corpo. Seus lábios roçaram nos meus e uma de suas mãos agarrou os fios da minha nuca.
— Eu posso dizer que não? — perguntei baixinho, quase entregue.
— Pode. Paramos aqui e tentamos outro dia. — ele riu rouco contra meus lábios. Senti distribuir vários selares pelo meu rosto até chegar à minha orelha. — A pergunta é: você quer dizer não?
Não. Eu queria desesperadamente dizer sim.
— Tenho um pedido. — alertei.
— Tudo o que você quiser, meu amor. — ele sussurrou. O arrepio se espalhou pelo meu corpo outra vez e eu tive que agarrar o braço livre de para não me perder em meio à bagunça de sensações que eu estava. Precisava impor meus termos.
— Eu... Não quero que você me veja. — soltei de uma vez.
— Sinto muito. Esse pedido eu não posso atender. Peça outra coisa. — se separou de mim e assumiu uma postura rígida, os braços cruzados sobre o peito.
, por favor. — choraminguei.
— Não posso, . Tudo o que eu mais quero é colocar meus olhos nessas curvas sem essas roupas enormes... Não posso simplesmente apagar a luz e deixar rolar. — ele negou com a cabeça. — Vamos, peça algo que eu possa fazer.
— Mas você pode fazer. — argumentei.
— Mas eu não quero. Quero ver você por inteira. Não vou negar essa visão aos meus olhos. — ele formou um bico nos lábios, como uma criança birrenta.
Espera aí... Eu estava mesmo ouvindo isso?
— Você está me zoando, não é, ? — perguntei debochada.
— Nem por um segundo. — ele respondeu firme.
— OK, acabou a pegadinha. — levantei do sofá, peguei meu tablet e fui para o meu quarto, ouvindo os passos de atrás de mim. Mamãe não estava em casa hoje, tinha viajado com o namorado, confiando em para "tomar conta de mim". Entrei no quarto e me sentei na cama, colocando o tablet e os óculos de leitura cuidadosamente na mesa de cabeceira.
— Fala sério, . — ele entrou e fechou a porta atrás de si. — Qual o problema? — perguntou parado no meio do quarto, os braços abertos demonstrando a indignação.
— Você me pedir em namoro já foi demais, . A fanfiqueira que habita em mim sabe muito bem que os atletas não se apaixonam pelas nerds. Pelo menos não as que se parecem comigo. — expliquei. — E agora você me diz que tem interesse em me ver nua? Ah, não. Pegadinha demais. Pode ir falando, vai.
passou as mãos sobre o rosto e suspirou. Andou a passos firmes até mim e parou bem na minha frente. Segurou meu rosto com as duas mãos e olhou no fundo dos meus olhos.
— Quando você vai entender que eu te amo e que você é perfeita para mim? — ele perguntou sério. — Não tem pegadinha, não tem aposta, não tem nada disso. Pare de fanficar. Isso aqui é vida real e amor real. — ele selou meus lábios. — Eu amo tudo em você. Desde a pintinha que você tem no ombro, que, aliás, eu vi acidentalmente, até a pontinha dos seus cabelos. — outro selar. — Então coloque fim nessa insegurança e me deixe ver você.
— Você está realmente falando sério? — perguntei desconfiada, mas com os olhos marejados.
— Claro que sim, . — outro selar. — O que é o tamanho de uma roupa quando você é a pessoa que me faz sorrir e me te traz felicidade?
— Mas olha para mim e olha para você, . — ri sem vontade.
— Quando olho para você, vejo a mulher mais linda da Terra. — outro selar. — E quando olho para mim, bom, vejo o cara mais sortudo do mundo. — ele sorriu abertamente e eu dei um soquinho em seu estômago, completamente envergonhada. — Linda e violenta, como eu gosto. — ele tomou meus lábios devagar, tentando me fazer ceder ao momento. — , vamos lá. — ele choramingou.
Suspirei e resolvi ligar o dane-se. Era agora ou nunca. Se eu fosse me arrepender, era por ter feito. Não é?
Fiquei de pé na tentativa de olhar nos olhos de , mesmo ele sendo um pouco mais alto que eu. Ele me sorriu largo, uma expressão safada no rosto.
— Promete que vai ter paciência comigo? — perguntei com um bico nos lábios.
— Toda a paciência do mundo. Vou te amar do jeitinho que você merece. — ele me abraçou pela cintura e eu abracei seu pescoço.
— Promete que não vai inventar muita coisa? — perguntei risonha.
— Vamos começar com o básico hoje. — ele piscou. Agarrei a gola de sua camisa que estava ao alcance das minhas mãos e puxei sem força. — Quer começar?
— Ah, não. Eu... Não sei o que fazer. — confessei. sorriu de uma forma quase assustadora.
— Tem algo que você queira muito, muito fazer? — ele perguntou. Parei para pensar e... Sim. Eu queria poder passar as unhas naquele abdômen. — , você corou. No que está pensando?
Não respondi. Apenas escorreguei uma de minhas mãos por seu peito e achei a barra de sua camisa, colocando meus dedos por baixo do tecido e tocando sua pele. arrepiou com meu toque e levou uma de suas mãos até a minha, me obrigando a subir os dedos, sentindo seu abdômen sob meu toque. Larguei a gola de sua camisa e levei a outra mão, agora livre, de encontro ao seu abdômen, arranhando sem força. soltou minha mão e prontamente agarrou a barra da blusa, tirando a peça rapidamente e me dando a visão dos vergões vermelhos que eu tinha deixado ali. Tirei as mãos de sua pele e imediatamente cobri a boca.
— Você fez um bom trabalho aqui, . — ele olhou para baixo e sorriu.
, me desculpa. — eu disse com a voz abafada pelas mãos.
— Não se preocupe. Não está realmente doendo. — ele me tranquilizou e tomou minhas mãos nas suas. — Era só isso que você queria? Me arranhar? — ele perguntou e eu fiquei em silêncio, me sentindo culpada pelas marcas ali. — Relaxe. Agora é minha vez e eu não quero ser interrompido. A menos que esteja doendo, OK? — ele segurou em meu queixo, olhando fixamente em meus olhos.
Confirmei com a cabeça e puxou meu rosto em direção ao seu, tomando meus lábios devagar. Suas mãos foram até a barra da minha camisa, mas eu a segurei no lugar. parou de me beijar apenas para me lançar um olhar duro, que dizia que realmente não queria ser interrompido. Frustrada, soltei o tecido e o puxou para cima rapidamente, me deixando apenas com o sutiã escuro que eu usava. Ele traçou o contorno do bojo do sutiã com a ponta dos dedos e mordeu o lábio inferior, em uma expressão safada que me fez estremecer.
Suas mãos deslizaram pelas laterais do meu corpo até minhas costas e o tecido afrouxou ao meu redor, seus dedos deslizando as alças para fora do meu corpo logo em seguida. Pensei em cobrir os seios, mas só ia ganhar outro olhar de repreensão, então suspirei derrotada e olhei para baixo, incapaz de o encarar. Seu corpo empurrou o meu para trás devagar até que eu sentisse o colchão de encontro às minhas pernas e caísse sentada. se encaixou entre minhas pernas e voltou a me beijar até que ficássemos sem ar. Quando isso aconteceu, ele me empurrou delicadamente até que eu estivesse deitada no colchão, se colocando acima de mim e passando a atacar meu pescoço exposto.
Seus lábios desceram até meus seios e quando sua língua tocou meu mamilo, eu juro que gritei. Senti sorrir de encontro à minha pele e agarrei seus cabelos em reflexo.
— Eu espero que esteja me incentivando e não me repreendendo, . — ele sussurrou rouco. Um arrepio percorreu meu corpo e finalizou abaixo do meu umbigo.
— Mais, . — me vi implorando.
— Vamos com calma, . Isso é só o começo. — ele avisou. — Agora fique confortável na cama. Eu já volto.
se afastou de mim e eu tratei de subir na cama e deitar de barriga para baixo. Eu tinha começado aquilo, mas não estava lá muito confortável com olhando para mim. De costas, ele só veria minha bunda que era até bonitinha.
— Então é assim que vai ser? — ele perguntou de repente. Vi quando os pacotes, eu disse os pacotes, de camisinha pousarem ao lado do meu rosto na cama. Senti os joelhos de pressionarem meus quadris e seus lábios molhados se arrastaram contra a linha da minha coluna. — Vamos lá, . Vire para mim. — ele sussurrou contra o meu ouvido.
— Você precisa sair daí. — alertei. se afastou e rolei na cama, virando para cima já com os braços sobre os seios. — Não podemos mesmo apagar a luz? — perguntei esperançosa.
— Nop. Estamos chegando na melhor parte. — ele sorriu ao meu lado. — Vamos, tire esse short.
— Você está muito mandão. — reclamei, mas tirei o short. suspirou e eu me encolhi. — Ainda há tempo para desistir, . — o lembrei. tomou minha mão na sua e a levou até o volume em seu short.
— Você acha mesmo que eu vou desistir quando estou desse jeito? — ele apertou minha mão, me fazendo apertar seu membro, gemendo baixinho. — Você causou isso, . Nem pense em voltar atrás.
Ele se colocou novamente acima de mim e beijou o vale entre os meus seios, descendo com leves mordidas pela minha barriga, me fazendo encolher mais, até que chegou à minha calcinha.
— Eu vou tirar, OK? — ele perguntou.
— Felizmente eu estava com uma calcinha bonitinha hoje. — brinquei.
— Mesmo que estivesse com uma velhinha, ela não ia servir de nada mesmo. — ele deu de ombros. Enrolou os dedos na barra da peça e a puxou para baixo, deslizando por minhas pernas, me deixando completamente nua. Me encolhi outra vez. — Ah, não. Deixe-me ver você. — ele afastou meus braços que tentavam inutilmente me cobrir e tomou um tempo para me olhar por completo. — Deliciosa.
... Pare com isso. — ruborizei.
— Eu só estou dizendo a verdade. — ele deitou sobre mim e se aproximou do meu ouvido outra vez. — Agora seja boazinha e me deixe ver como você está.
Sorrateiro, desceu por meu corpo e separou levemente minhas pernas, a mão logo buscando minha intimidade. Um de seus dedos deslizou por minha fenda e ele sorriu.
— Você está pronta para me receber, . Mas eu vou te provocar mais um pouco. — ele piscou. E céus, como aquela piscada me desestabilizava. Senti seu dedo procurar espaço dentro de mim e separei mais as pernas para facilitar o acesso. encontrou minha entrada e, lentamente, pressionou o dedo sobre ela, invadindo aos poucos. Gemi baixinho pela dor da invasão e ele parou. — Te machuquei? — perguntou preocupado.
— Não, foi só o incômodo inicial. Continue. — o tranquilizei. Ele então empurrou seu dedo mais um pouco e a dorzinha chata se transformou em uma sensação boa. Arrisquei mexer os quadris de encontro à sua mão e sorriu largo. Ele começou a movimentar o dedo devagar e provocante, gemendo baixinho sempre que tirava todo ele e empurrava de novo.
, eu não vou aguentar muito tempo. Você está apertando meu dedo. Não quero nem saber o que vai fazer com meu... — ele iniciou, mas eu o cortei com um leve chute na coxa. — OK, sem dirty talk? — confirmei com a cabeça, ainda mexendo o quadril em direção à mão de que já aumentava a velocidade e me fazia ver estrelinhas.
, eu acho... Acho que... — eu não conseguia completar a frase, meu corpo dava indícios de que eu certamente estava no limite.
Ele tirou o dedo de meu interior rapidamente e desceu da cama, tirando o short que vestia, junto com a cueca, me dando uma visão perfeita de seu corpo bonito. Mordi o lábio inferior e ele se apressou em tomar um preservativo em mãos, os dedos tremendo ao rasgar o pacote.
— Eu que deveria estar nervosa. — brinquei. Eu realmente estava, e ele sabia disso.
— Eu nunca fiz isso, OK? Estou com medo de perder o controle e acabar te machucando. — ele respondeu sincero, terminou de vestir a proteção e subiu novamente na cama. — Me fale se...
, ainda há tempo... — eu iniciei, mas fui cortada por um selar rápido.
— Eu não vou desistir, pare com isso. — ele brigou e formou um biquinho que eu não evitei beijar. — Eu vou...
— Pare de falar e só faça. — ri nervosa.
Senti minha perna esquerda ser levantada e cuidadosamente guiou o membro ereto para a minha entrada, forçando apenas a ponta. Fechei os olhos com força e apertei seu braço, cravando as unhas na pele.
— Céus, isso vai doer mais do que eu esperava. — reclamei. Uma coisa era o dedo fino e comprido de . Outra completamente diferente era seu membro inchado forçando um espaço que não existia ali. — Continue, . E tente não demorar tanto.
— Eu vou demorar o quanto achar necessário, baby. — ele riu rouco e baixou o tronco para sussurrar contra meus lábios. — Tem que ser bom para você também. — sua mão que segurava minha perna a largou e agarrou meu seio, me fazendo gemer em resposta. Com a mão livre, ele sustentava o peso, para não desabar em cima de mim.
— Não há nenhuma maneira de isso ser bom. — reclamei quando ele empurrou mais um pouco.
— Concentre-se no prazer que virá depois, . — ele sussurrou contra o meu ouvido e prendeu o lóbulo entre os dentes, empurrando mais do membro em mim. Arranhei suas costas e ele gemeu contra a minha orelha, empurrando o restante do comprimento e me fazendo gemer alto com a invasão.
— Não. Se. Mexa. — implorei. passou a distribuir selares pelo meu pescoço numa tentativa quase bem-sucedida de me fazer esquecer a dor que me rasgava. Quando me acostumei com a sensação, relaxei um pouco. — Devagar, . — soprei baixinho. então começou um movimento lento e torturante, demorando para tirar todo o comprimento e mais ainda para colocá-lo de novo. Seus quadris ganharam um ritmo tortuosamente lento e eu me atrevi a enrolar as pernas ao redor de seu quadril, apenas para vê-lo suspirar e aumentar os movimentos.
, pare de me apertar assim. — ele pediu sussurrado e moveu o membro para fora de mim, empurrando um pouco mais rápido depois e ganhando outro gemido alto meu.
— Eu não sei... Não sei do que está... Falando. — tentei falar quando ele se afastou e voltou a empurrar. Mas parecia impossível manter a coerência quando acelerou os movimentos, toda a dor anterior substituída pelo mais puro prazer.
— Você está apertando meu... — a última palavra se perdeu no gemido rouco que saiu de sua garganta. Meu corpo tremeu, minha visão embaçou e depois senti o relaxamento. se movimentou mais algumas vezes e com um som rouco de aprovação, caiu em cima de mim.
— Isso foi... — parei para respirar, estava procurando a palavra certa.
— Incrível? — ele completou rindo.
— Eu ia dizer doloroso. — entortei a boca. — Mas... Bom parece uma palavra adequada.
— Bom, ? — ele se afastou de mim, seu membro saindo de meu interior e deixando um vazio esquisito. correu para o banheiro do meu quarto, a bunda bonita exposta, e voltou rapidamente, o... Bom, nu como estava. Aquela era definitivamente uma visão com a qual eu poderia me acostumar.
— Considerando todos os fatores, bom é uma definição adequada, . — brinquei quando ele se jogou ao meu lado na cama. Um de seus braços forçou espaço por baixo de mim e eu me vi com a cabeça deitada em seu peito de repente. É, eu poderia me acostumar com isso também.
— Podemos fazer de novo e eu juro que vou melhorar meu desempenho. — ele beijou o topo da minha cabeça. — Não vai doer tanto dessa vez. Eu acho. — ele riu.
— Você vai me deixar tocá-lo? — perguntei de repente e ouvi a risada dele.
— Você quer tocá-lo? — ele perguntou divertido.
— É pelo bem da escrita, sabe? — desconversei.
— E como você sabia tanto antes sem ter visto, ? — ele perguntou com um tom claramente acusatório. — Não me diga que você...
— Eu leio muito, seu idiota. — bati em seu peito. — Algumas autoras são bem descritivas, sabia? Você precisa ler, algumas coisas são assustadoras de tão reais que parecem.
Um silêncio se instalou entre nós e eu já estava quase adormecendo, quando ele me chamou baixinho.
... Você está feliz? — ele perguntou incerto.
— Sim. — respondi sincera e me aconcheguei em seu peito. — Mas, pelo bem da escrita, vamos fazer de novo. Só me deixe descansar um pouco.
— Sim, pelo bem da escrita. — ele riu. E sua risada rouca foi a última coisa que ouvi antes de pegar no sono.

***

Alguns anos mais tarde...
Cheguei de mais um evento da faculdade onde estudamos, e onde eu agora lecionava, e encontrei a sala no mais perfeito silêncio. Andei pela casa e entrei no quarto da minha pequena. Encontrei deitado na cama, Jane deitada no peito dele, os olhos vidrados no rosto do pai, enquanto ele falava algo. Apoiei o corpo no portal e observei.
— E foi assim que a mamãe e o papai se conheceram. — ele terminou e eu ri baixinho. — Amor, chegou faz tempo?
— Não. Só ouvi a última frase. Essa história de novo? — perguntei e entrei no quarto, sentando na ponta da cama. Jane automaticamente largou o pai e correu para os meus braços.
— Mamãe, me ajuda a escrever uma história? — ela pediu enquanto se aconchegava em meu colo.
— Uma história, querida? Para quê? Tem trabalho? — perguntei confusa e riu.
— Não, mamãe. Uma história com o John. — ela explicou. A afastei e olhei em seu rostinho.
— Quem é John, Jane ? — perguntei. gargalhou.
— Um menino da minha escola. Eu quero que ele seja meu namorado. — ela suspirou. Olhei para e ele deu de ombros.
— A filha é sua. — ele riu.
— Eu não vou responder em respeito à nossa filha. — respondi para ele. — Filha, você só tem cinco anos. Não pode namorar ainda. — expliquei a Jane.
— Mas nós podemos ser amigos? — ela perguntou com um biquinho.
— Sim, mas você não precisa escrever uma história para isso. Ofereça um sanduíche para ele no lanche, ele vai gostar. Mamãe vai colocar um a mais na sua lancheira amanhã. — pisquei para ela.
— Que feio, . Ensinando nossa filha a pegar o cara pela barriga. — levantou e se colocou atrás de mim, me abraçando e apoiando o queixo em meu ombro.
— Ela não era minha filha? — perguntei ao meu marido. Quem diria. , o cara mais popular e cobiçado do campus, meu marido.
— Nossa, nossa filha. Ela é uma . — ele sorriu e trocou um soquinho com Jane.
— Papai, mamãe pegou você pela barriga também? — Jane perguntou inocente.
— Sim. Eu roubei os biscoitos que ela preparou e levou para uma aula. Fiquei perdidamente apaixonado. — se separou de mim e colocou a mão no peito, caindo de costas na cama de uma forma dramática.
— Mamãe, pode preparar biscoitos para o lanche? — Jane perguntou.
— É, você realmente é uma . — sussurrei e suspirei. — Apenas para o John ser seu amigo? — perguntei e Jane confirmou sorrindo. — Posso. Mas vamos jantar primeiro. — levantei com ela no colo e veio logo atrás de nós.
— Amanhã o papai conta a história dos biscoitos. — ele comentou e eu nem precisei me virar para saber que ele tinha piscado.
Depois do jantar, fomos fazer os tais biscoitos, e em meio a farinha e gotas de chocolate eu me dei conta do quanto a história, aquela fanfic da Garota do campus, tinha transformado a minha vida. E, definitivamente, para melhor.


Fim.



Nota da autora: Hey! Mais uma fic aqui!
Essa fic é meu xodó porque essa é minha primeira personagem plus size e, bom, ela se parece muito comigo. É a primeira vez que eu escrevo algo mais sentimental também, e eu gostei. Eu espero muito que vocês tenham gostado. Vejo vocês por aí.



Outras Fanfics:
Baby Don't Stop [Restrita — NCT]
Baby Don't Stop (Bônus) [Restrita — NCT]
Fic Writer [Restrita — Jay Park]

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus