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A gift in my life






Última atualização: 28/02/2017

Único


Eu abraçava meu corpo na tentativa de cobri-lo do frio. Aquele pequeno pedaço de pano que eu chamava de vestido, não servia para cobrir as partes necessárias do meu corpo, principalmente numa noite fria de inverno. O barulho dos automóveis soava alto, mas ainda sim era possível ouvir os meus saltos baterem contra o chão, e o barulho ficava ainda mais evidente enquanto eu aumentava os passos.
Já se passavam de 4am e ainda sim, havia várias pessoas na rua. Algumas até me encaravam com certo nojo em suas faces, enquanto outras tinham um olhar de pena.
Eu odiava pena.
Odiava que sentissem pena de mim.
Encolhi-me um pouco balançando um pouco a cabeça para que meus cabelos saíssem do meu rosto e continuei andando, cada vez mais rápido. À medida que eu me aproximava do meu bairro, as ruas iam se tornando desertas, mas aquilo não me assustava, pelo menos não mais.
- EU DISSE PRA VOCÊ QUE HOJE ERA O ÚLTIMO DIA PARA TRAZER O MEU DINHEIRO. - pude ouvir uma voz masculina gritar enquanto ouvia alguns baixos gemidos de dor - EU TE DEI UMA CHANCE... - a voz faz uma pausa e um grito estridente ecoa logo em seguida - MAS VOCÊ DESPERDIÇOU... - outro grito.
Diminuo os passos me aproximando do pequeno beco de onde vinham as vozes. Aproximei-me da entrada, ficando escondida atrás de algumas latas de lixo. Foi de onde pude observar o que acontecia.
Havia dois homens. O que estava sendo colocado contra a parede e gemia de dor, tinha estatura mediana, pele negra e os cabelos crespos concentrados apenas no meio da cabeça, enquanto as laterais estavam raspadas. Já o segundo, que lhe apontava uma arma, era alto, forte, e tinha a pele branca, e os cabelos lisos e loiros. Pude notar, mesmo de longe, uma feição raivosa em seu rosto.
- Eu juro que eu vou pagar o seu dinheiro, Tony. - o outro homem fala com dificuldade, enquanto tinha uma mão lhe apertando o pescoço - Me dá só mais uns dias. - ele solta um gemido estridente quando o cano do revólver é batido contra seu nariz fazendo com que uma quantidade grande de sangue escorresse.
- Seu tempo acabou. - o tal Tony deu uma risada de escárnio colocando o revólver dentro da boca do outro cara - Não tenha medo do inferno, pois o capeta é melhor do que eu. - E com um sorriso irônico no rosto ele puxou o gatilho fazendo com que o beco fosse tomado pelo barulho do tiro. Foi quando eu não consegui segurar um grito agudo que saiu da minha garganta.
Coloquei as mãos sobre a boca na intenção de abafar o meu grito, e sem querer me encostei-me à lata fazendo um barulho alto.
Droga, eu estava ferrada!
Fiquei de pé e comecei a correr para longe do beco, mas pude ouvir outro tiro logo em seguida. Foi quando olhei para trás que percebi que esse tiro havia sido para mim, pra minha sorte não havia passado nem perto, mas pro meu azar o cara, que se denominava Tony, corria atrás de mim, com a arma apontada na minha direção.
Eu estava muito ferrada!
Aumentei a velocidade, correndo ainda mais rápido, mas era difícil com aqueles saltos. Como eu queria trabalhar em uma lanchonete, ou em algo que eu pudesse usar algo mais confortável pra correr de um assassino que tentava me matar.
- NÃO ADIANTA CORRER, EU VOU TE ALCANÇAR. - ele grita alto pra que eu pudesse ouvir, enquanto ainda corria atrás de mim.
Avistei uma viatura policial do outro lado da rua, onde dois deles estavam conversando do lado de fora. Os carros estavam passando por ali, mas eu precisava fazer aquilo, ou poderia tomar um tiro a qualquer segundo. E por pior que a minha vida fosse, eu ainda prezava por ela.
Atravessei a rua correndo, passando entre os carros que freavam bruscamente na minha frente enquanto apertavam desesperadamente as buzinas. Eu podia ter causado um grande acidente ali, mas por sorte nada aconteceu.
Cheguei ao outro lado da rua ainda ofegante e corri até os policiais, percebendo que o homem que me seguia me olhava do outro lado da rua com uma feição enfurecida.
Parei ao lado da viatura, enquanto respirava ofegante. Minhas pernas tremiam, e o meu coração estava disparado como nunca esteve antes.
Os policiais me olhavam de um jeito estranho, sem entender o que eu fazia parada ali. Olhei para o outro lado da rua, onde o 'Tony' se encontrava antes, mas ele não estava mais ali. Respirei fundo e encarei os policiais.
Eles não acreditariam se eu contasse, afinal de contas quem iria acreditar na história de uma prostituta? Pois, é ninguém.
Olhei novamente para o outro lado, e voltei a seguir meu caminho até o meu apartamento. O medo ainda passava pelo meu corpo, então eu andava rapidamente pelas ruas de Atlantic City.
Assim que cheguei ao meu prédio subi as escadas correndo, e entrei no meu apartamento que ficava no 5° andar. Aquele lugar não podia ser chamado de apartamento, era só um mísero quarto, com uma cama de solteiro, um pequeno armário onde ficavam minhas roupas e um micro banheiro, nem uma cozinha havia ali.
Puxei uma bolsa que estava debaixo da cama, e coloquei as minhas roupas dentro, pelo menos as que eram decentes para se vestir. Abri a gaveta onde deixava minhas lingeries, e coloquei todas dentro da bolsa, tirando logo em seguida o fundo falso que havia ali.
Três mil e quinhentos dólares, mais 400 dólares que havia ganhado essa noite, era tudo o que eu tinha. Coloquei tudo em uma pequena nécessaire de maquiagem junto com os meus reais documentos, já que nesse trabalho eu só usava o nome de Marshall, e a joguei dentro da bolsa. Tirei o vestido, vestindo uma calça jeans, uma regata e uma jaqueta. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo. Entrei no banheiro passando água sobre o rosto para tirar o peso daquela maquiagem, e assim que fiquei com o rosto limpo saí de lá.
Peguei minha bolsa e saí do apartamento. Desci as escadas segurando a chave e a joguei debaixo da porta da síndica do prédio no 2° andar. Saí do prédio e andei até o ponto de ônibus mais perto, sem deixar de olhar para trás a cada segundo para ter certeza que não havia ninguém atrás de mim.
Quase meia hora depois o ônibus chegou e eu entrei no mesmo. Ele me levaria até a rodoviária, onde eu pegaria outro ônibus que me levaria para outro lugar, de preferência longe desse bairro, dessa cidade, dessa vida que eu levava em Atlantic City.
Depois da noite de hoje, eu só tinha uma única certeza...
Era uma boa hora para um recomeço.

Depois de um pouco mais de uma hora e meia de viagem o ônibus fez uma parada em Cape May. Já havia tido outras paradas, mas eram coisas rápidas, só para que algumas pessoas descessem, não que o ônibus estivesse cheio, por isso as paradas foram rápidas. Em Cape May, quem iria seguir viagem tinha um intervalo de meia-hora para poder fazer o que bem entendesse na cidade.
Desci do ônibus segurando minha bolsa no ombro e segui em direção a uma lanchonete que havia ali próxima ao terminal de ônibus da cidade. Minha barriga revirava de fome, levando em consideração que não comia desde as nove da noite de ontem, quando saí para o trabalho.
O sol já havia nascido, então provavelmente já se passavam das 7am. Entrei na lanchonete e segui em direção a uma mesa ao lado da janela de vidro, onde eu podia ver tudo o que acontecia do lado de fora. Peguei o cardápio sobre a mesa e comecei a ler o mesmo.
- Bom dia. - uma mulher de mais ou menos 45 anos, para ao lado da mesa. Ela vestia um uniforme rosa claro com branco, enquanto segurava um bloquinho para anotar os pedidos - O que vai querer? - ela balançava a caneta entra os dedos enquanto me encarava.
- Torradas com ovos mexidos e bacon... - ela anotava enquanto eu virava o cardápio para parte de bebidas - E um suco de laranja, por favor. - eu a olho e ela assente anotando o resto do pedido, pegando o cardápio e indo até o balcão entregar o meu pedido, seguindo para outra mesa.
Apoiei os cotovelos sobre a mesa colocando o rosto entre as mãos e esfregando o mesmo. Meu corpo doía devido à noite agitada, e a viagem de ônibus. Essa era a hora em que eu estava apagada na minha cama, recuperando o fato de não ter dormido.
Levei uma das mãos até a nuca massageando a mesma enquanto estralava o pescoço devagar. Eu tinha 21 anos, e parecia mais cansada do que uma senhora de 80.
- Aqui está. - a mesma mulher de antes coloca o prato e o suco na minha frente sobre a mesa chamando a minha atenção - Bom apetite. - ela sorri simpática e eu aceno com a cabeça, ela se afasta indo até a mesa da frente que acabava de ser ocupada por um casal e duas crianças.
Beberiquei o suco mordendo a torrada logo em seguida enquanto observava as pessoas na lanchonete. Algumas mesas a frente da minha havia um casal de idosos, que estavam sentados um na frente do outro. Só pelo jeito que se olhavam, dava pra ver a cumplicidade que eles tinham. Na mesa ao lado havia um homem vestido socialmente, com um terno cinza e uma gravata azul enquanto lia algo no jornal, e mantinha uma aparência séria.
Na mesa a minha frente havia uma mulher, que aparentava a mesma idade que eu tinha, os cabelos loiros na altura dos ombros, a pele branca com as bochechas um pouco rosadas, e um batom nude nos lábios. Ao seu lado estava um menino, de mais ou menos 12 anos. Ele tinha os cabelos castanhos e a pele um pouco bronzeada, mas nada em excesso, e olhos também castanhos, mas puxados para o verde. Na frente do menino, havia uma garotinha, de mais ou menos cinco anos, que me encarava enquanto fazia caretas engraçadas, e ria toda vez que eu lhe dava um sorriso, ou correspondia suas caretas, com outra careta ou uma risada sem som algum. Ela tinha os cabelos pretos, que tinham a raiz lisa e começava a se enrolar cada vez mais que se aproximava das pontas, e a franja cortada alinhadamente em sua testa. Os olhos eram , tão como o mar. A pele tão branca como a da mulher que estava em sua mesa, e as bochechas rosadas, a deixavam parecendo uma boneca de porcelana. Já o homem que estava ao seu lado, eu não conseguia ver o seu rosto, já que ele se encontrava de costas para mim, mas seus ombros largos mostravam que era um homem "grande" e forte.
Coloquei um pedaço do bacon na boca, e enquanto o mastigava observava a garotinha a minha frente. Ela ainda me olhava enquanto fazia "gracinhas" tentando chamar a minha atenção, típico de crianças, e ela estava conseguindo. Não consegui evitar um sorriso enquanto a olhava.
Ouvi o barulho do motor do ônibus e olhei pela janela percebendo todas as pessoas correrem em direção ao mesmo enquanto havia uma fila para que pudessem entrar. Olhei novamente para garotinha na minha frente, que agora estava sentada no colo do homem que antes estava ao seu lado, enquanto ria para ele que lhe fazia cócegas.
Por algum motivo estranho, aquilo me fez sentir que ali era o lugar certo para recomeçar. Olhei para janela vendo a porta do ônibus se fechar e ele começar a partir. Bebi o que restava do meu suco e sorri fechado encarando o meu prato agora já vazio sobre a mesa.
Cape May, era o lugar onde eu teria um recomeço. E dali em diante, seria tudo diferente de antes.

***


Já se passavam três dias que eu estava ali em Cape May. Eu havia me hospedado em um pequeno hotel da cidade, já que eu não tinha dinheiro pra ter um lugar "privado" para morar.
Era uma cidade pequena, parecia que todos ali se conheciam. Enquanto eu andava pelas ruas da cidade, eu me sentia sendo observada pelas pessoas. A cada pessoa que passava ao meu lado e me olhava, eu sentia como se apenas com aquele olhar ela pudesse descobrir todo o meu passado. Descobrir o que eu fazia até três dias atrás.
Tirei os chinelos para que pudesse pisar na areia com os pés descalços. Era ótima aquela sensação de ter o pé "afundando" em algo tão macio como a areia da praia, enquanto os pequenos grãozinhos passavam entre meus dedos. Eu sentia como se tivesse 15 anos novamente.
Andei pela areia em direção ao mar e assim que a água gelada tocou meus pés, eu fechei os olhos, na tentativa de aproveitar aquele momento. E por alguns segundos consegui sorrir por poder aproveitar algo tão simples, mas que eu não sentia há muito tempo.
Depois de andar pela praia, e ficar um pouco na beira do mar, me sentei na areia observando as pessoas que estavam ali. A praia não estava cheia, mas havia uma quantidade significante de pessoas ali.
Crianças fazendo castelos de areia, enquanto eram fotografadas pelos pais. Casais de adolescentes que flertavam uns com os outros, na tentativa de conseguir algo romântico ali. Outras pessoas caminhavam, ou corriam com roupas esportivas, enquanto ouviam alguma música em seus fones de ouvidos plugados ao celular.
Olhei em direção ao mar, observando as poucas pessoas que estavam ali. O mar estava um pouco agitado, então os pais deixavam as crianças brincarem apenas na parte rasa. Observei uma garotinha correr em direção ao mar, quase a minha frente, enquanto uma mulher gritava algo como "não sai de perto de mim", mas na tentativa de ir atrás da menina foi impedida pelo garoto ao seu lado que a segurava pelo braço. Era a mesma família da lanchonete, mas o homem não estava ali.
Voltei meu olhar para a garotinha que entrava devagar na água indo em direção as outras crianças um pouco mais ao fundo. A água já começava a bater em sua barriga, mas ela parecia não estar com medo nenhum, provavelmente sabia nadar. Enquanto ia em direção as crianças, uma onda grande quebrou sobre ela a fazendo cair na água. Ela tinha os braços pro alto, enquanto se debatia lá dentro.
Ela estava se afogando.
Levantei-me correndo deixando meu chinelo ali na areia e fui em direção ao mar, mais especificamente em direção à menina. Entrei no mar "pulando" as pequenas ondas que vinham, para que conseguisse entrar e assim que cheguei numa parte mais funda, eu mergulhei nadando até a menina que estava sendo puxada pelo mar cada vez que se movimentava na tentativa de ficar de pé na água.
Assim que cheguei perto o suficiente para segurá-la a puxei pra cima lhe carregando em meus braços. Saí do mar com ela no colo, e à medida que me aproximava da beira do mar as pessoas se aproximavam para saber sobre o estado da menina. Senti a areia seca em meus pés e a deitei na mesma me ajoelhando em seu lado e fazendo uma pequena pressão sobre seu peito. Não demorou muito para que ela começasse a tossir e cuspir toda água que havia engolido.
- LIZZIE! - uma voz grave gritou, mas eu nem me dei ao trabalho de olhar, pois estava ajudando a garotinha a levantar um pouco a cabeça pra não se engasgar com a água - Filha, fala comigo. - a mesma voz de antes, agora bem mais perto, já que o dono dela havia se ajoelhado ao lado oposto que eu estava.
A garotinha abriu os olhos encarando o pai que soltou um suspiro aliviado a pegando no colo. Ela estava pálida, e os cabelos molhados colados em seu rosto. O homem a envolveu em um abraço apertado, enquanto as pessoas voltavam a se espalhar pela praia.
- Obrigado por salvar minha filha. - ele fala, e pela primeira vez eu o olho. Ele tinha a pele branca, cabelos castanhos, uma barba bem feita e olhos tão como o da menina, que agora eu havia descoberto que se chamava Lizzie. Ele era lindo! - Eu não saberia o que fazer se eu a perdesse. - ele aconchegou a filha em seus braços enquanto acariciava seus cabelos molhados.
- Não precisa agradecer. - olho para a menina em seu colo, e logo em seguida olho para o mar - Eu só estava no lugar certo, na hora certa. - dei um sorriso fraco voltando a olhá-lo.
- Eu disse pra ela não sair de perto de mim. - a moça loira que antes gritava para a garota se aproxima com uma toalha, envolvendo o corpo de Lizzie com a mesma. - Eu até tentei ir atrás dela, mas o Ethan segurou o meu braço. - ela olha para trás, onde o garoto brincava com um boneco na areia, disperso de qualquer acontecimento.
- Tá tudo bem com ela, não se preocupa, já passou. - ele fala com a mulher que suspira voltando para onde o menino estava - O que eu posso fazer pra te agradecer? - ele volta a me encarar com aqueles belos olhos .
- Não precisa fazer nada. - passo a mão nos cabelos o colocando para trás, já que por ter entrado no mar, havia se soltado do coque - Só cuida bem dessa garotinha. - dou um sorrio fechado, e me levanto logo em seguida - Acho melhor eu ir. - ele também se levanta - Até mais. - aceno com a cabeça e vou andando na direção em estava o meu chinelo.
- Ei... - ele grita me fazendo virar - Qual o seu nome? - arqueia a sobrancelha.
- . - mordo o lábio. Era estranho falar meu nome real, depois de tantos anos me apresentando com outros nomes - Meu nome é . - o encaro dando um meio sorriso em seguida.
document.write(Christopher). - ele olha para filha que se mexia em seus braços, voltando a me olhar novamente - Obrigado mais uma vez.
- Não há de quê. - aceno com a cabeça voltando a seguir o meu caminho.
Depois de pegar os meus chinelos, eu andei em direção à saída da praia. Antes de ir, me virei olhando em direção ao e a família. Ele havia voltado para perto da mulher, e do garoto com Lizzie no colo. Ela já estava melhor, eu dizia isso porque já estava fora dos braços do pai, sentada na areia com a toalha envolvida em seu corpo, enquanto o e a mulher arrumavam as coisas para provavelmente irem embora da praia.
Virei-me novamente atravessando a rua e indo em direção ao hotel. Eu não conseguia descrever o que estava se passando em minha mente, mas eu havia acabado de salvar uma vida. E isso com certeza me confortava.

~ pov's on~
Assim que chegamos em casa eu dei banho nas crianças e as deixei na sala assistindo a Nickelodeon. Fui para cozinha e comecei a ajudar a com o jantar.
- , você tá bravo comigo pelo que aconteceu? - ela fala com receio enquanto me olhava.
- Claro que não . - a olho - Eu sei bem o quão espoleta a Liz é, e também sei que o Ethan não desgruda de você quando você vem pra cá. - rio pelo nariz - Não se preocupe, não foi sua culpa. - a abraço pelo ombro.
- Se aquela moça não tivesse salvado ela, eu nunca iria me perdoar. - ela fecha os olhos apertando os mesmos com força, fazendo uma careta.
- Mas agora tá tudo bem, vamos esquecer isso, okay? - ela assente com a cabeça e eu lhe dou um beijo no alto da cabeça - Você sabe que quando você for embora, eu não vou saber o que fazer, né? - ela me olha soltando uma risadinha. - Eu tô falando sério, a Alyssa tá bem ocupada com o trabalho, e você sabe que ela vive viajando né? - ela concorda com a cabeça - E as minhas férias do hospital acabam essa semana, não sei como vamos fazer com as crianças. - abro a geladeira pegando a jarra de suco e colocando um pouco no copo.
- Por que você não arruma uma babá? - ela me olha enquanto mexia algo na panela.
- Porque é difícil encontrar alguém que vá aceitar trabalhar com uma criança autista. - rio sem humor colocando o copo sobre o balcão - Eu lembro bem que quando o Ethan era mais novo, nós não conseguimos achar uma babá que cuidasse dele enquanto nós trabalhávamos. Tanto que a Alyssa deixou a faculdade de lado pra cuidar dele, enquanto eu trabalhava e estudava. - balanço a cabeça negativamente - Eu sei que ele não dá trabalho, mas as pessoas parecem que nem querem ouvir isso.
- Você tem até domingo de férias não é? - eu concordo com a cabeça - Eu só vou embora em dois dias, eu vou te ajudar a achar uma babá, eu prometo. - eu concordo com a cabeça. é a minha irmã mais nova, e sempre que pode vem para Cape May cuidar das crianças, mas era complicado já que ela está cursando Direito em Newark.
Depois que o jantar estava pronto, as crianças vieram pra mesa e nós comemos enquanto Liz contava algo sobre sua aula de balé. Do quanto ela gostava de dançar balé, e que um dia se tornaria uma grande bailarina.
Quando acabamos de jantar, vimos um filme com as crianças e depois eu fui colocá-las na cama. Depois de sair do quarto do Ethan, entrei no quarto da Liz, que brincava com seu ursinho de pelúcia, e me sentei na beira da cama.
- Boa noite papai. - ela fala com sua vozinha doce me fazendo sorrir.
- Boa noite meu amor. - me abaixo um pouco beijando sua testa - Eu amo você. - sussurro enquanto acariciava seus cabelos.
- Eu também amo você. - ela falou com a voz sonolenta enquanto abraçava o urso e fechava os olhos.
A olhei dormir tranquilamente enquanto pensava no ocorrido de mais cedo. Se aquela moça não tivesse a salvado, eu não saberia o que fazer. Eu não gosto nem de pensar na possibilidade de perdê-la.
Eu estava grato por ela ter tirado minha filha da água, e eu nunca seria capaz de agradecer o suficiente por ela tê-la salvado.
~ pov's off~

***


Fechei os olhos sentindo o vento bater em meu rosto bagunçando um pouco meus cabelos, enquanto minhas mãos passavam pela areia.
As cenas do meu passado vinham fortes em minha mente. O jeito como aqueles homens me tocavam, o jeito que me tratavam como uma qualquer, e de fato eu era uma qualquer. Eu só servia pra que eles passassem uma noite, e depois voltassem pra suas vidinhas monótonas de antes. Voltavam para mulher que fingiam amar, e para os filhos que os viam como heróis.
Mesmo depois de ter saído dessa vida, vindo para outra cidade recomeçar tudo, eu ainda me sentia suja. Eu sentia nojo de mim mesma por ter me sujeitado a algo tão horrível como isso. E eu sabia que me sentiria assim por muito tempo.
Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto, e um soluço baixo sair pela minha garganta. Sequei a lágrima rapidamente apertando os olhos para conseguir prender as outras que queriam cair.
- Você parece que gosta mesmo de praia. - uma voz rouca ecoa atrás de mim me fazendo passar a mão pelo rosto rapidamente antes de encarar a pessoa, e descobrindo que era o .
- Fazia muito tempo que eu não ia à praia. - rio pelo nariz voltando a olhar para o mar - Mas pisar na areia, ouvir o barulho do mar, sei lá, isso me acalma. - coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Será possível que uma mulher tão jovem tem tantos problemas assim, pra querer vir à praia se acalmar? - ele fala com humor na voz se sentando ao meu lado.
- Você não imagina o quanto. - rio fraco - Como está a sua filha? - o olho.
- Ela está bem, tossiu um pouco durante a noite, mas tá tudo bem. - ele fala encarando o mar a nossa frente - Ela está bem, graças a você. - me olha.
- Fico feliz em saber disso. - sorrio, e ele faz o mesmo.
Ficamos ali sentados ouvindo o barulho das ondas se quebrando, enquanto o vento batia em nossos rostos. Estava um completo silêncio, mas não era um silêncio ruim, era algo reconfortante.
O silêncio foi quebrado pelo toque do seu celular. Ele o pegou com um pouco de dificuldade no bolso e o atendeu.
- Oi . - fala ao atender o celular - É, eu sei... Eu não vou esquecer . - fala em um tom entediado enquanto eu fazia um desenho abstrato na areia - Não, eu não consegui uma babá... Como eu te disse, é difícil encontrar alguém que aceite as condições. - suspira - Tudo bem, eu chego em casa daqui uma hora e meia, mais ou menos... Okay. Beijo. - desliga o celular - Desculpa, eu precisava atender. - ele me olha enquanto colocava o celular novamente no bolso da bermuda.
- Não tem problema. - rio fraco batendo uma mão na outra para tirar a areia - Sua mulher não vai se importar de você estar aqui comigo, sozinho, na praia? - rio pelo nariz sem encará-lo.
- Eu não sou casado. - dá ombros e eu o olho arqueando a sobrancelha - Aquela que estava comigo na praia ontem, é a minha irmã. - ri pelo nariz - Eu sou divorciado, e a minha ex-mulher mora há quarenta minutos daqui.
- Não queria escutar sua conversa, mas você tá procurando uma babá? - mordo o lábio enquanto o encarava.
- É, tô sim. - ri fraco - Como eu disse, minha ex mora há duas horas daqui, ela é jornalista e viaja muito. Ela fica com as crianças sempre que volta, mas enquanto ela viaja, eu que cuido deles. E minhas férias acabam no domingo, eu sou médico, às vezes pego plantão e preciso de alguém pra ficar com eles enquanto eu trabalho, já que a não mora aqui. - ele faz movimentos com a mão, e algumas caretas enquanto falava - Só que eu não consigo encontrar nenhuma babá. - suspira.
- Eu posso cuidar dos seus filhos. - me viro ficando de frente pra ele - Quer dizer, eu tenho algumas experiências com babá, de quando eu era adolescente. - rio fraco - E além do mais, eu preciso arrumar um emprego, o dinheiro que eu trouxe comigo logo vai acabar.
- Antes de te contratar, eu preciso saber se você aceita as minhas duas condições. - eu faço um movimento com a cabeça pra que ele continuasse - A primeira, é que eu preciso de uma babá que possa dormir no trabalho. Como eu disse, eu sou médico e às vezes tenho plantões, você vai precisar passar a noite com as crianças.
- Isso não é problema nenhum pra mim, eu moro em um hotel... - rio pelo nariz - Não tenho nenhuma preocupação em passar a noite no trabalho. - dou ombros - Qual a segunda condição? - arqueio a sobrancelha.
- Essa é que mais me preocupa. - ele encara o mar ficando em silêncio por um tempo voltando a me encarar logo em seguida - O meu filho, é autista. - seu tom estava agora mais sério do que antes - Você aceita cuidar de uma criança autista? Não que ele dê trabalho, porque ele é bem calmo, mas é que tem todo um cuidado com ele. - ele movimentava as mãos nervosamente - Eu não quero que você se sinta obrigada a dizer que sim, por que... - eu o interrompo.
- Eu não vejo motivo algum pra não aceitar cuidar dele. - ele me olhava como se aquilo fosse a coisa mais surpreendente da vida - Ele é uma criança como qualquer outra, claro que tem que ter uma atenção a mais com ele, mas eu não vejo problema nenhum nisso. - sorrio.
- Primeiro você salvou a vida da minha filha, e agora tá salvando a minha. Tem certeza que você não é um anjo? - eu rio negando com a cabeça.
- Quando eu posso começar? - ele se levanta estendendo-me a mão logo em seguida.
- O Ethan não gosta muito de quando pessoas novas se aproximam dele quando ele está sozinho, eu ainda tenho mais cinco dias de férias, você pode começar amanhã, enquanto eu ainda estou lá pra ele se acostumar. - seguro em sua mão me levantando e passando as mãos no meu short pra tirar a areia - Me passa o seu número, que eu te envio o endereço por mensagem.
- Eu não tenho celular. - rio fraco fazendo uma careta em seguida.
- Eu tenho papel e caneta no carro, vem. - nós vamos andando até seu carro. Ele abre a porta do passageiro pegando o papel e a caneta no porta-luvas anotando o endereço logo em seguida - Anotei o meu número, caso você precise. - ele me entrega o papel.
- Nos vemos amanhã então. - dobro o papel o colocando no bolso.
- Até amanhã. - ele sorri.
- Até amanhã . - sorrio de volta e vou andando em direção ao hotel.

Já era quase 10am quando eu resolvi ir para casa do , ele não havia falado a melhor hora pra que eu fosse, mas eu resolvi ir mais cedo pra conseguir me acostumar melhor com a minha nova rotina.
Cheguei ao endereço que estava anotado ao papel observando bem a casa onde eu iria trabalhar. Era uma bela casa. Tinha um grande, e bem cuidado gramado na frente, uma pequena escada que levava até a varanda, que tinhas as paredes em um tom de marrom, com detalhes em branco, combinando com a porta. No andar de cima havia uma grande janela. Ao lado direito havia uma garagem, e quase em frente à casa uma pequena caixa de correio.
Andei até a entrada subindo os quatro degraus que haviam ali e andando até a porta tocando a campainha. Não demorou muito para que alguém abrisse a porta, mas eu me surpreendi em ter que abaixar a cabeça para conseguir falar com a minha anfitriã.
- Oi. - sorrio olhando para garotinha a minha frente. Ela vestia um pijama de bichinhos, seus cabelos estavam soltos pelos ombros, e com uma leve carinha de sono.
- Oi. - ela fala me olhando - Você é a moça que me tirou da água? - ela faz uma careta, como se fosse um adulto conversando.
- Sim, fui eu mesmo. - solto uma risada baixa - E como está? - arqueio a sobrancelha enquanto ela fazia uma cara pensativa.
- Estou bem, obrigada. - dá ombros me fazendo rir - E você? - volta a me encarar.
- Eu também estou bem. - sorrio.
- Quantas vezes seu pai já te disse pra não atender a porta Lizzie? - uma voz feminina surge de dentro da casa, fazendo com que a menina olhasse para a dona da voz que parava ao lado dela na porta - Ah oi. - a mesma loira da lanchonete e da praia me encara - Eu sou a . - ela estende a mão.
- Prazer, eu sou a . - aperto sua mão.
- O avisou que você vinha hoje. - ela sorri - Entra. - dá passagem e eu entro sendo acompanhada por ela e Lizzie que se jogou no sofá - Eu queria me desculpar, por não ter falado com você na praia, eu estava tão desnorteada que acabei sendo mal educada. - ri fraco enquanto me olhava.
- Não se preocupe com isso, eu realmente te entendo. - balanço a cabeça dando um leve sorriso.
- O saiu pra dar uma volta com o Ethan, e eu fiquei aqui com a Liz que estava dormindo. - ela aponta pra menina que não estava nem ai pra gente, e sim pra um desenho que passava na TV - Mas você pode se sentar e ficar à vontade. - aponta pro sofá e eu me sento ao lado de Lizzie agradecendo com um "obrigada" sem som.
- Você gosta de desenho? - a menina me olha e eu faço que sim com a cabeça - Qual o seu desenho favorito? - ela se ajoelha no sofá ficando de frente pra mim.
- Bob Esponja. - rio fraco.
- É o desenho preferido do Ethan também. - ela pula no sofá me fazendo sorrir.
- Sério? - ela faz que sim com a cabeça - Eu tenho uma tatuagem do Bob Esponja. - levanto um pouco a minha calça jeans, mostrando à pequena tattoo da esponjinha amarela na minha canela.
- Por que você tem uma tatuagem do Bob Esponja? - fala fazendo uma careta engraçada e eu rio.
- Quando eu tinha 16 anos, eu briguei com a minha mãe e saí de casa com raiva. Eu fui a um estúdio e resolvi fazer uma tatuagem. Só que quando eu cheguei a tatuadora me falou pra fazer algo que eu gostasse e não fosse me arrepender de fazer. Enquanto eu pensava, eu vi um desenho do Bob esponja e resolvi fazer. - falo me lembrando do dia enquanto ria sendo acompanhada da mais velha.
- Se eu fizesse uma tatuagem aos 16 anos, acho que meus pais me colocavam pra fora de casa. - ela ri pelo nariz.
- Não era como se isso importasse pra minha mãe. - falo baixo pra que ela não ouvisse, soltando um suspiro logo em seguida.
Quando ela ia falar algo, um barulho na porta chamou a nossa atenção. Logo que a mesma se abriu, nos deu vista para Ethan e .
- Oi. - me olha sorrindo.
- Oi. - me levanto indo até eles na porta e me abaixando um pouco para ficar na altura do menino - Oi Ethan, eu sou a , mas pode me chamar de . Eu vou ser a nova babá sua, e da sua irmã. - eu sabia que ele me escutava bem, mas não prestava atenção em nada. Ele nem olhava pra mim, seu olhar estava rodando pelo chão - Eu espero que possamos ser amigos. - acaricio seus cabelos devagar e me levanto em seguida.
- Desculpa, ele não fala muito. - me olha acariciando o ombro do filho.
- Tudo bem, eu só quero que ele saiba que eu vou estar aqui pra qualquer coisa. - sorrio olhando para o menino.
- Papai, sabia que a tem uma tatuagem do Bob esponja? - Lizzie fala enquanto pulava na frente do pai.
- É sério? - ele ri me olhando e eu faço que sim com a cabeça.
- Num momento de rebeldia eu saí de casa e fiz uma tatuagem do Bob Esponja. - fecho os olhos rindo em seguida, e pude ouvir sua gargalhada ecoar no ar - Podemos esquecer a minha tatuagem e falarmos sobre o trabalho, por favor? - abro os olhos voltando a encará-lo enquanto ele esperava o riso cessar.
- , você pode dar banho nas crianças? - ele olha para que ainda estava sentada no sofá, e ela assente - Vamos pra cozinha. - ele aponta pra cozinha dando passagem para que eu fosse na frente e assim eu fiz. Chegamos à cozinha e nos sentamos na mesa de jantar ficando um de frente pro outro. - Quer beber alguma coisa? Água? Suco? Café? - ele me olha.
- Não, obrigada. - dou um sorriso fechado, e ele acena com a cabeça.
- Ontem eu estava conversando com a sobre você trabalhar aqui... - eu faço um movimento com a cabeça pra que ele continuasse - Eu falei sobre você morar no hotel e tal. E aí ela me deu a ideia de você vir morar aqui. - eu apenas prestava atenção balançando a cabeça algumas vezes - Ficaria mais fácil não só pra você, mas como pra mim também.
- Você vai colocar uma estranha pra morar na sua casa? - arqueio a sobrancelha soltando uma risada nasalada.
- Você não é estranha, eu sei o seu nome. - ele faz uma careta me atracando uma risada - Por um acaso você é uma serial killer? - fala com humor na voz.
- Não. - nego com a cabeça ainda rindo.
- Tem ficha na polícia? - ele continuava no mesmo tom bem humorado.
- Também não. - nego novamente enquanto ria.
- Tem alguma coisa que eu deveria saber sobre você? - ele ainda tinha o mesmo tom, mas eu já não ria mais por ser engraçado, e sim por estar nervosa.
- Não. - "só o fato de que até uma semana atrás eu era garota de programa". Completo mentalmente, engolindo a seco.
- Então tá tudo bem você morar aqui. - dá ombros - Agora só falta você falar que aceita. - ri pelo nariz - Mas pensa bem, pelo menos não vai precisar ficar pagando diária no hotel, vai poder guardar esse dinheiro pra fazer alguma outra coisa que você tenha vontade.
- Tudo bem, eu aceito sua proposta. - ele sorri - Mas com uma condição... - levanto o indicador e ele assente pra que eu pudesse continuar - Que eu possa ajudar com as tarefas de casa, não só como babá, mas como qualquer outra coisa necessária.
- Você não aceita um 'não' como resposta não é? - eu faço que não com a cabeça - Então tudo bem, eu aceito sua condição, desde que você não resolva fazer tudo sozinha, porque ainda é a minha obrigação as tarefas de casa. - eu concordo com a cabeça.
- Fechado. - estendo a mão pra ele que aperta a mesma.
- Se você quiser já pode se mudar hoje mesmo. - ele dá ombros - Até porque, quanto mais tempo você passar aqui, mais o Ethan se acostuma com sua presença. - eu sorrio.
- Eu prometo que vou cuidar muito bem deles. - dessa vez ele que sorri.

***


Segunda-feira de manhã. Era o meu primeiro dia oficialmente como babá dos filhos do . Eu não podia negar que estava um pouco nervosa, até porque a última vez que eu cuidei de uma criança eu tinha 15 anos, e no meu antigo "trabalho" eu não tinha contato com crianças, mas sim com o pai delas.
Balancei a cabeça negativamente afastando o meu passado do pensamento e me levantei da cama segurando uma toalha para que eu pudesse tomar banho. Saí do quarto indo em direção ao banheiro que ficava duas portas depois da minha.
Tomei um banho rápido deixando o cabelo preso pra que não molhasse e me enrolei na toalha e fui até a pia. Peguei a minha escova de dente, que havia falado que podia deixá-la no banheiro. Escovei meus dentes rapidamente, enxaguando logo em seguida. Sequei as mãos na toalha em meu corpo, peguei a roupa que eu estava antes do banho, e abri a porta do banheiro. Assim que eu pisei pra fora do mesmo, acabei trombando com o , e só não caí porque ele me segurou.
- Me desculpa, eu não vi você saindo banheiro. - ele ainda me segurava.
- Não tem problema, a culpa também foi minha. - rio fraco sentindo seu perfume maravilhoso entrar pelas minhas narinas. Ele já estava vestido para o trabalho, deduzi isso pelo fato de que ele vestia uma camisa social branca, e uma calça jeans. O cabelo estava bem arrumado, e a barba bem feita. Sem contar no perfume amadeirado que me fazia querer abraçá-lo só pra sentir melhor o seu perfume.
Não era só eu que estava reparando seus trajes, como também ele reparava no meu, ou na falta dele, já que eu estava apenas enrolada em uma toalha. Senti meu rosto corar violentamente ao perceber que seus olhos vagavam pelas minhas pernas desnudas. Mesmo que antes de tudo isso, eu trabalhasse usando meu corpo pra me sustentar, que homens que eu mal sabia o nome me viam sem roupa alguma, eu me envergonhada com o olhar de , afinal antes era trabalho, agora não mais.
- Acho melhor eu ir me trocar. - falo chamando sua atenção para o meu rosto e ele dá um sorriso sem graça de quem havia sido pego.
- Te encontro lá embaixo pra tomarmos café. - ele aponta pra escada e eu assinto com a cabeça passando por ele e indo em direção ao quarto.
Entrei no quarto rapidamente trancando a porta por dentro pra que coisas como a que aconteceu minutos atrás, não acontecessem novamente. Fui até o guarda-roupa que estava praticamente vazio, já que a quantidade de roupa que eu tinha não era suficiente pra enchê-lo. Peguei um short jeans, uma regata e a minha lingerie. Após vesti tudo passei o desodorante e o meu hidratante. Penteei o cabelo o deixando em um coque, e saí do quarto.
Desci as escadas sentindo um cheiro maravilhoso vindo da cozinha, era um cheiro de café feito na hora, misturado com cheiro de panqueca. Entrei na cozinha puxando o ar pra que pudesse apreciar aquele cheiro maravilhoso de café da manhã em casa, que eu não sentia há muito tempo.
- Precisa de ajuda? - olho para que jogava uma panqueca pra cima, a pegando perfeitamente na frigideira.
- Não, já estou acabando. - ele me olha enquanto colocava a panqueca em um prato com várias outras panquecas empilhadas - Pode ir lá em cima ver se as crianças precisam de ajuda pra se arrumar? - aponta pra cima e eu faço que sim com a cabeça saindo da cozinha e voltando a subir as escadas.
Fui primeiro ao quarto da Liz já que era primeiro. Aproveite a porta aberta e entrei encontrando a pequena tentando amarrar uma fita nos cabelos. Aproximei-me dela segurando em sua mão e a ajudando fazer um laço.
- O papai nunca sabe fazer um laço bonito. - ela fala olhando no espelho quando eu acabo de amarrar a fita em seu cabelo e eu rio - Obrigada. - ela me olha sorridente, me arrancando um sorriso.
- De nada. - passo a mão em seus cabelos - O café está pronto, é melhor descer pra não se atrasar pra escola. - ela se levanta da cama pegando sua mochila sobre uma pequena cadeira - Vou chamar o seu irmão, e já desço. - ela concorda com a cabeça e sai do quarto correndo.
Saí do quarto indo em direção à outra porta, do outro lado do corredor. A porta estava meio aberta, então optei por bater antes de entrar. Entrei no quarto devagar encontrando Ethan sentado sobre a cama, com as pernas cruzadas enquanto brincava com alguns bonecos.
- Ei, Ethan. - me aproximei da cama me sentando a sua frente - O seu pai já preparou o café, vamos descer? - seguro levemente em seu braço conseguindo um pouco da atenção do garoto que soltou os bonecos na cama.
Eu sabia que ele não ia responder. De acordo com , o filho falava muito pouco, e por isso frequentava o fonoaudiólogo, para tentar desenvolver um pouco melhor a fala. Eu não sabia muito que fazer ali, então segurei a sua mão o incentivando a sair da cama e assim ele fez. Saímos do quarto e descemos as escadas ainda de mãos dadas. Chegamos à cozinha e ele seguiu até uma cadeira ainda segurando minha mão. nos olhou e sorriu pra mim, que acabei retribuindo o sorriso.
Sentei-me do outro lado da mesa, ficando de frente para Liz e Ethan, e ao lado de que estava sentado na ponta da mesa.
Tomamos café ouvindo Liz planejar o que nós faríamos mais tarde. Eu concordava com todas as ideias, apesar de dizer que eu não devia concordar com tudo o que ela me pedia pra fazer. Eu fingia não ouvi-lo, e continuava aceitando as propostas de sua filha.
- Deixa que eu lavo as louças. - falo ao acabarmos de comer pegando as louças e colocando na pia. me ajudou a tirar a mesa e colocar as coisas sobre a pia para que eu pudesse lavar.
- Vem comigo. - ele vai para sala e eu vou logo atrás. Ele anda até um pequeno móvel onde ficava a TV, abrindo uma gaveta e tirando algo de lá, logo em seguida veio até mim - Fica com isso, caso precise falar comigo, ou ligar pra alguém. - me entrega um celular. - Tanto o meu número, quanto o hospital onde eu trabalho estão aí, qualquer coisa você não hesite em me ligar. - eu concordo com a cabeça - Depois de buscar as crianças no colégio e que elas almoçarem, você não se esquece de dar o remédio ao Ethan. - eu concordo novamente - Antes da Liz inventar de brincar, a coloca pra fazer o dever, e só depois ela pode fazer o que quiser. - eu concordo mais uma vez - Eu tô esquecendo de algo? - faz uma careta pensativa.
- Só de falar pra eu não esquecer de dar banho nas crianças antes do jantar. - falo com humor e ele ri negando com a cabeça - Não se preocupe, eu vou fazer tudo o que você me orientou nos últimos cinco dias. - ele concorda - Só tem um problema... - coço a nuca e ele arqueia a sobrancelha - Você acha que as crianças vão se importar em voltar de táxi? - faço uma careta.
- Se você quiser eu deixo o meu carro, e vou trabalhar de táxi. - ele levanta as chaves do carro.
- É melhor você ir de carro, até porque eu não sei dirigir. - rio fraco.
- Sério? - eu concordo com a cabeça - Mas não tem problema, busca as crianças de táxi. - eu assinto com a cabeça e ele tira da carteira uma nota de 100 dólares - Acho que isso dá pra ir às duas escolas. - me entrega a nota.
Ele foi até a cozinha e logo Liz veio pra sala correndo pegar sua mochila que estava sobre o sofá. Ethan veio com o pai, que pegou a mochila do filho e sua maleta sobre o sofá.
- Tchau . - Liz vem correndo até mim, e eu me abaixo pra que ela pudesse beijar a minha bochecha, e assim ela fez.
- Tchau Liz. - sorrio beijando de volta sua bochecha - Tchau Ethan. - olho pra ele que acena com a mão após o pai lhe falar algo.
- Até mais tarde . - fala me olhando enquanto abria a porta.
- Até mais tarde. - o olho - Bom dia pra você. - sorrio.
- Pra você também. - ele sorri saindo de casa com os filhos.

O táxi estacionou em frente à escola da Lizzie e eu desci pedindo que o motorista esperasse. Fui até a entrada da escola, e entrei na mesma subindo as escadas até a sala da menina. Assim que cheguei a sua sala, acenei com a mão através da parte de vidro da porta, e ela se levantou com a mochila vindo em direção à saída, acompanhada pela professora.
Saímos da escola e entramos no táxi que logo deu a partida, indo em direção ao segundo endereço que eu havia lhe passado.
- Como foi à escola? - olho para Liz sentada ao meu lado.
- Foi legal, hoje a professora pediu pra eu ler uma parte do livro. - fala animada enquanto me olhava.
- Sério? - ela faz que sim com a cabeça - E que livro vocês leram? - deito um pouco a cabeça esperando pela resposta.
- Peter Pan. - ela pula sentada no banco quando se lembra da resposta, me fazendo rir.
- Depois você pode ler pra mim? - ela coloca a mão no queixo fazendo uma cara pensativa e concordou logo em seguida - Então, na hora de dormir hoje, nós iremos ler Peter Pan. - sorrio e ela levanta os abraços animada.
Não demoramos muito a chegar à escola do Ethan. Pedi novamente que o motorista esperasse, e desci do carro com Liz indo até a entrada. Andamos até a sala onde Ethan costumava esperar o pai e o encontramos lá, sentado desenhando algo em uma folha.
- Ei, que desenho lindo. - me aproximo dele olhando o desenho de uma rosa. Era realmente lindo. - Vamos pra casa? Lá você pode desenhar mais. - ele pega seu caderno e o lápis, os colocando na mochila e segura minha mão ao lado oposto ao que a Liz estava.
Fomos até o táxi e assim que entramos o motorista deu a partida. Ethan estava sentado ao lado esquerdo, Liz no meio e eu ao lado direito. O garoto observava todo o caminho que passávamos, e admirava os detalhes, mesmo que passasse ali todos os dias.
Chegamos em casa, por volta de vinte minutos depois. Tanto Ethan, como Lizzie se sentaram no sofá para assistir desenho. Enquanto eu fui para a cozinha preparar o almoço.
Depois do almoço eu dei o remédio do Ethan como havia pedido. Eu não havia entrado em detalhes sobre para que servia o medicamento, mas havia comentado que era um tipo de calmante, para que o filho não ficasse irritado, ou ansioso demais. O remédio parecia funcionar, porque desde que eu cheguei aqui nunca havia visto Ethan ficar irritado, na verdade ele era até bem calmo.
Assim que Liz acabou de fazer o dever, nós fomos brincar de algumas brincadeiras sugeridas por ela, como por exemplo, um chá de bonecas. Ficamos sentadas em frente a uma pequena mesa, junto com algumas bonecas e ursos de pelúcia, enquanto Liz nos servia o chá que era apenas água, e biscoitos que na verdade não existiam.
Já se passavam das 06:30 PM quando eu dei banho nas crianças. Ethan acabou sendo um pouco difícil, já que na hora do banho ele acabava ficando mais agitado, o que de acordo com era normal, e acontecia todos os dias. O garoto não precisou da minha ajuda pra se vestir, ele fez isso perfeitamente bem sozinho. Deixei os dois na sala enquanto ia para cozinha preparar o jantar.
Coloquei a água para ferver, colocando o macarrão logo depois e o deixando cozinhar. Enquanto isso comecei a picar os ingredientes que eu precisaria para o molho, como tomate, cebola, e algumas outras coisas.
- Água. - a voz de Ethan, que eu mal havia ouvido nos últimos cinco dias ecoou na cozinha e eu o olhei - Você quer água. - havia me falado que ele não costumava referir a si mesmo como "eu", e sim como "você", era comum entre as pessoas com autismo.
Coloquei um pouco de água em um copo e o entreguei em seguida. O garoto bebeu todo o líquido do copo, e me devolveu-o logo em seguida. Ele voltou para sala, me deixando novamente sozinha na cozinha.
Voltei a prestar atenção na comida. Enquanto olhava o ponto do molho na panela, eu picava o manjericão em pequenos pedacinhos.
- O cheiro está maravilhoso. - a voz de ecoou na cozinha me fazendo assustar e bater a faca no dedo fazendo um pequeno corte - Desculpa, não queria te assustar. - ele ri fraco enquanto eu corria em direção ao pia segurando o dedo com a outra mão para não escorrer o sangue - Deixa-me ver isso. - ele se aproxima parando atrás de mim levando as mãos até as minhas, acabando me abraçando sem querer.
- Tá tudo bem, foi só um cortezinho. - eu mantinha a mão debaixo da torneira enquanto o sangue escorria com água.
- Tá saindo muito sangue, pode ter sido um corte fundo. - ele aproxima seu corpo ainda mais do meu enquanto segurava a minha mão.
Senti sua respiração bater contra minha orelha, e respirei fundo ao sentir um arrepio percorrer o meu corpo, o que não deu muito certo já que seu perfume invadiu minhas narinas, me fazendo fechar os olhos para apreciar aquele cheiro.
- Eu vou buscar as coisas pra fazer um curativo. - ele fala me tirando do transe por ter se afastado. Certifiquei-me que ele havia saído da cozinha, e me escorei na pia jogando a cabeça pra trás num longo suspiro.
O corte parecia não querer parar de sair sangue, mas eu precisava mexer o molho, ou então queimaria. Enrolei a minha mão em um pedaço de papel toalha e voltei para o fogão mexendo o molho e desligando o fogo onde estava o macarrão.
apareceu novamente na cozinha segurando uma caixa de primeiros socorros que ele deixou sobre a mesa.
- Antes de fazer o curativo, lava o macarrão, por favor. - ele assente subindo as mangas da camisa e lavando o macarrão com um escorredor e o colocando em um pirex de vidro em seguida.
Coloquei o manjericão no molho e misturei um pouco deixando o molho no fogo, me virei para que já mexia na caixinha branca ao seu lado.
- Me dá mão. - lhe dei a mão ainda enrolada no papel toalha, que ele mesmo tirou. Meu dedo ainda sangrava, então ele aproveitou o papel para limpar o sangue. Ele pegou um vidrinho de remédio o abrindo em seguida - Isso vai arder um pouco. - me olha e começa a passar o remédio logo em seguida. Soltei um gemido baixo, mordendo o lábio logo em seguida. Aquilo realmente ardia.
Ele fez o curativo, mas continuou segurando a minha mão me encarando em seguida.
- Obrigada. - o olho.
- Não precisa agradecer, foi minha culpa você ter feito esse corte. - dá um sorriso fraco e eu nego com a cabeça - Como foi o seu primeiro dia como babá? - ele acaricia minha mão com o polegar.
- Foi ótimo. A Lizzie é a melhor companhia do mundo, ela é criança, mas às vezes eu acho que estou falando com uma menina bem mais velha. - ele ri concordando com a cabeça - E o Ethan... O Ethan é um amor. Ele não me deu trabalho algum, quer dizer, só um pouco na hora do banho... - rio baixo - Mas fora isso ele é uma criança maravilhosa. Sem contar no talento dele com desenhos. Eu fiquei admirada com o quão bem ele desenha. - sorrio sendo acompanhada por ele.
- Por onde você esteve todos esses anos? - ele deita um pouco a cabeça pro lado segurando minha mão entre as suas - Eu não sei por que, mas Deus colocou uma pessoa incrível no meu caminho, e eu vou agradecer por isso todos os dias. - ele sorri.
- Eu é que tenho que agradecer por ter vindo pra essa cidade, e conhecido vocês... - mordo o lábio encarando aquele belo par de olhos - Minha vida mudou completamente. - sorrio.
Ficamos ali nos encarando nos olhos enquanto sua mão acariciava a minha. Meu coração batia em uma frequência diferente do normal. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas era a melhor sensação do mundo.
- Eu preciso olhar o molho. - quebro o contato visual encarando a panela no fogo, e ele assente soltando minha mão. Pode segurar de novo, o carinho estava tão bom.
- Eu vou tomar um banho rápido enquanto você acaba. - eu concordo com a cabeça e ele sai da cozinha.
Acabei de fazer o molho, o colocando por cima do macarrão e logo em seguida coloquei o queijo ralado. Decorei com algumas folhinhas de manjericão e coloquei na mesa, arrumando os pratos, copos e talheres em seguida.
Depois de tudo o que eu havia passado na vida, eu sabia que estando ali com aquela família tudo mudaria.
Em tão pouco tempo aqui, eu já conseguia me sentir em casa.

***


Penteei o cabelo de Liz o prendendo em um coque, colocando em volta uma pequena redinha cor de rosa, que combinava perfeitamente com o seu collant rosa bebê.
- Cadê a bailarina mais linda do mundo? - entra no quarto chamando a atenção da filha.
- Por que você não vai me levar hoje? - a menina fala com a voz manhosa, fazendo com que o pai se aproximasse e abaixasse em sua frente.
- O papai tem que trabalhar hoje. - ele acaricia o rosto da menina - A vai te levar, mas eu prometo que no dia da sua apresentação eu estarei lá na primeira fila. - ele cruza os dedos mostrando que a promessa havia sido feita.
- Tá bom. - ela dá ombros enquanto sorria para o pai - Eu gosto quando a me leva, ela fica sorrindo que nem boba me olhando. - ela fala arrancando risadas tanto minha, como também do seu pai.
- Eu me lembro da minha infância, quando eu dançava balé. - me justifico ainda rindo.
- Você dançava? - me olha e eu faço que sim com a cabeça.
- Eu fiz aula de balé clássico dos três aos 16 anos. - sorrio me lembrando da época que eu dançava - Eu sempre fui apaixonada com dança, eu achava que um dia seria uma grande bailarina. - rio fraco saindo de trás da cadeira da Liz.
- E por que não continuou a dançar? - me olha, ainda abaixado em frente à filha.
- Aconteceram várias coisas, e eu precisei abandonar o balé. - respiro fundo tentando não me lembrar do passado.
- Tudo bem Liz, vamos descer pra você não se atrasar pra sua aula. - ele muda o assunto percebendo que não era confortável pra mim falar do passado.
A menina levanta da cadeira e o pai faz o mesmo. Saímos os três do quarto descendo as escadas, e encontrando Ethan na sala fazendo um de seus desenhos. Ele era realmente talentoso, a cada desenho que eu o via fazer eu ficava ainda mais admirada. Era uma das poucas coisas em que o menino se concentrava. De acordo com , que além de pai, era médico, era uma forma de ajudar o filho a ter um pouco mais de concentração nas coisas, e aquilo realmente parecia ajudar.
Depois que pegou suas coisas, nós quatro saímos da casa entrando no carro. Ele nos deixaria na escola de balé, e depois seguiria para o trabalho.
Assim que paramos em frente ao estúdio de dança, as crianças se despediram do pai e nós descemos do carro indo até a entrada. Lizzie ia pulando alegremente na frente, enquanto Ethan andava ao meu lado com sua mão entrelaçada a minha.
Havia apenas um mês que eu estava cuidando das crianças, mas eu havia me aproximado bastante delas. Sempre que íamos sair o Ethan andava ao meu lado com a mão entrelaçada a minha. havia até comentado o quanto se surpreendia com isso, já que o filho não gostava muito de contato físicos, principalmente vindo de pessoas que conhecia há pouco tempo, mas que comigo ele não preciso nem de uma semana inteira pra andar de mãos dadas comigo para todo lado.
Alyssa que eu havia conhecido na minha segunda semana de trabalho, quando ela veio buscar os filhos para passarem a semana com ela, até sentiu um pouco de ciúmes no começo, que foi confessado pela própria. Porém, após ver que eu realmente gostava dos filhos dela, e eles gostavam da minha presença, ela relaxou e no final acabamos indo as duas levar as crianças pra tomar sorvete no domingo.
Assisti a Liz dançar junto às outras meninas, com um sorriso no rosto. Eu realmente sentia falta de dançar balé, às vezes até me pegava criando uma coreografia enquanto ouvia a música clássica tocada durante as aulas.
Parei de sorrir quando Liz tropeçou em seu próprio pé caindo no meio da sala. Não hesitei em correr até lá para ajudá-la, com a professora fazendo o mesmo. Algumas meninas riam, e cochichavam sobre o tombo de Liz, e eu percebi o olhar triste da menina ouvindo os comentários.
Durante toda a aula Liz se mantinha quieta em relação a quando chegamos, eu sabia que era por causa dos comentários feito pelas colegas. Assim que a aula acabou nós três saímos do estúdio, e fomos andando em direção à casa dos .
- Liz, não fica triste. - me abaixei em frente à menina assim que entramos em casa.
- Eu não danço tão bem quanto Elas, . - ela falou cabisbaixa enquanto mantinha seu olhar baixo e a feição triste - É por isso que elas riram quando eu caí. - meu coração apertou ao ver a menina daquele jeito.
- Você é uma ótima bailarina. - passo a mão em seu braço - Não deixe que elas digam ao contrário. - dei um sorriso fraco, olhando para Ethan que estava disperso da minha conversa com sua irmã. Meu sorriso se abriu ainda mais, quando a ideia se passou pela minha cabeça - E se eu ajudar você a ensaiar aqui em casa? - ela me encara e seus olhinhos estavam brilhando dessa vez - Além de fazer sua aula lá na escola, você vai ensaiar aqui e vai se tornar a melhor bailarina de todas. - ela abriu um sorriso animado pulando nos braços em seguida, me arrancando gargalhadas.
Depois de brincarmos na sala, eu subi com os dois para tomarem banho, já que logo Alyssa passava para buscá-los, já que era sua semana de ficar com as crianças.
Ouvi murmúrios no andar de baixo, enquanto acabava de dar banho em Ethan, que como sempre estava agitado. O coloquei em seu roupão estampado com o símbolo amarelo e preto do Batman e saímos do banheiro.
Fomos até o quarto do garoto onde Lizzie esperava sentada na cama. Ela segurava o pente, para que eu a ajudasse a pentear os cabelos.
Assim que Ethan se vestiu, e eu acabei de pentear o cabelo de Lizzie o deixando solto, com apenas um arco escolhido pela menina, nós três saímos do quarto descendo as escadas.
- Você sabe que eu não me importo em cuidar das crianças enquanto você viaja, mesmo que seja a sua semana. - fala olhando para ex-esposa sentada ao seu lado no sofá. Os dois ali sentados pareciam só grandes amigos, e não que foram casados até um pouco mais de dois anos atrás.
- Mamãe!!! - Lizzie gritou ao ver a mãe no sofá correndo até lá para abraçá-la.
- Oi meu amor. - Alyssa fala abraçando a filha lhe dando um beijo estalado na bochecha da menina.
Aproximei-me com Ethan segurando minha mão, que ele soltou assim que viu a mãe. Ele foi até ela e lhe abraçou apertado lhe dando um beijo na bochecha, como havia feito com Lizzie.
- Estava com saudades de vocês. - ela abraça os dois filhos os deixando cada um sentado de um lado do sofá - Oi . - ela me olha sorrindo.
- Oi Alyssa. - sorrio de volta me sentando no sofá ao lado de .
- Como foi o balé? - perguntou olhando para Lizzie.
- Eu tropecei, caí e todas as meninas riram de mim. - a menina fala um pouco triste, sendo apertada nos braços da mãe - Mas a falou que vai me ajudar ensaiar aqui em casa. - seu tom agora já era animado, o que me fez sorrir.
- Eu tô um pouco enferrujada, mas acho que dá pra ajudar ela a ensaiar. - falo recebendo os olhares de Alyssa e que sorriam.
- Acho melhor nós irmos. - Alyssa se levanta sendo acompanhada pelos filhos - O Josh deve está nos esperando pra jantar. - fala se referindo ao atual namorado - Boa noite pra vocês. - ela se despede de mim e com um beijo no rosto.
- Tchau . - Liz fala pulando no meu colo para me abraçar.
- Tchau pequena. - beijo sua bochecha - Tchau Ethan. - beijo a bochecha do menino que estava parado ao meu lado.
- Tchau meu amor. - fala dando um abraço apertado na filha - Tchau filho. - ele abraça Ethan logo em seguida - Amo vocês. - ele dá um beijo na testa de cada um enquanto os levava até a porta.
- Também te amo papai. - Liz fala voltando a segurar a mão da mãe.
- Amo você. - Ethan fala fazendo com que eu, o pai e a mãe sorriamos.
Depois que eles saíram trancou a porta e se jogou ao meu lado no sofá soltando um suspiro em seguida. Dava pra ver em seu rosto que ele ficava cabisbaixo quando os filhos iam passar a semana com a mãe.
- Hey, não fica assim. Eles vão voltar logo. - o empurro de leve no sofá, tentando animá-lo.
- Eu nunca vou me acostumar com eles saindo por essa porta e voltarem só dias depois. - ele suspira - A Alyssa é uma mãe incrível, o Josh também trata as crianças super bem, mas eu sinto falta da presença deles aqui. - ri fraco.
- E você é um pai maravilhoso. - eu o olho - Sei que não faz muita diferença, mas eu estou aqui pra te fazer companhia. - dou um meio sorriso - Não que seja uma companhia tão boa como a das crianças, mas dá pro gasto. - falo com humor lhe arrancando uma risada.
- É uma ótima companhia. - ele me olha.
- O que dois adultos podem fazer em uma casa sem a companhia das crianças? - ele me olha com a sobrancelha arqueada e um sorriso travesso nos lábios, só aí eu percebi o que havia falado, e pior, o que ele havia pensado.
- Quer mesmo saber o que dois adultos podem fazer sozinhos em casa? - dá um sorriso malicioso me fazendo rir sem graça.
- ! - o repreendo dando uma risada em seguida - Para de pensar bobagens. - o empurro e ele gargalha.
- Tudo bem, eu paro. - levanta os braços se rendendo.
- Posso te fazer uma pergunta? - deito a cabeça um pouco pros lados o encarando.
- Claro. - dá ombros me olhando.
- Porque você e a Alyssa se separaram? Vocês são tão próximos, ela é um amor, não consigo imaginar um motivo pra separação de vocês. - franzo o cenho, mantendo o olhar nele.
- A verdade é que eu e a Alyssa nos casamos por causa do Ethan. Nós éramos amigos, e na época que eu comecei a faculdade nós tínhamos um tipo de amizade colorida, e foi aí que ela engravidou. - ri fraco se ajeitando no sofá - Nós tínhamos só 18 anos, estávamos começando a faculdade, não sabíamos o que fazer. E fomos morar juntos. - ele sobe as mangas da camisa até os cotovelos - Depois que o Ethan nasceu nós nos aproximamos mais, ainda mais quando ele tinha 18 meses e nós descobrimos que ele tinha autismo. Foi aí que resolvemos nos casar pra valer. Já tava na hora, eu amava ela, e sabia que ela sentia o mesmo. Depois de sete anos a Liz nasceu, e até ele fazer três anos nós mantivemos o casamento, mas não era a mesma coisa, nós éramos mais amigos do que marido e mulher, por isso resolvemos nos separar. - ele dá um sorriso fraco.
- E você não quis se envolver com alguém novamente? - apoio o cotovelo no encosto do sofá e a cabeça na mão, ficando de frente pra ele.
- Eu saí com algumas mulheres, mas o máximo que eu consegui disso foi um mês de relacionamento. - ri pelo nariz - Nada duradouro, a maioria não passou de sexo. - ri baixo - Desculpa, pelo comentário, não devia falar assim perto de você. - eu que rio dessa vez.
- , eu tenho 21 anos, não 15. - ele gargalha sendo acompanhado por mim - Eu sei muito bem que existe sexo casual. - dou uma piscadela por ele.
Dava pena o fato de saber que ele se preocupava em falar de sexo comigo, por ser mais nova que ele, sem nem imaginar que eu tinha que fazer isso todas as noites antes de vir para Cape May.
- E você? - me encara – Por que não tem um namorado?
- A verdade é que eu nunca tive um namorado. - rio fraco negando com a cabeça, sendo encarada pelo seu olhar surpreso - Eu nunca conheci alguém que me deixasse apaixonada, me deixasse parecendo uma adolescente. - faço uma careta. Apesar de já ter dormido com centenas de homens diferentes, eu nunca havia tido um relacionamento sério com alguém - Já tive alguns caras na minha vida, mas nada demais. - aquele termo alguns, era só pra substituir o muitos, que eu não queria falar.
- Mas com certeza você conheceu vários caras que se apaixonaram por você. - eu nego com a cabeça rindo fraco - Até porque eu acho impossível alguém não se apaixonar por você. - eu sorrio sentindo uma coisa estranha no peito.
Meu coração parecia bater mais rápido do que o normal. Aquilo era estranho, mas era uma sensação boa.
- Eu vou tomar um banho e depois nós podemos ver um filme. - ele se levanta do sofá e eu faço o mesmo.
- Eu também vou. - ele arqueia a sobrancelha dando um sorriso travesso - Não com você. - nego com a cabeça ao perceber o que havia falado - Eu vou ao banheiro do corredor, e você no banheiro do seu quarto. - saio da sala enquanto sentia seu olhar queimar sobre mim e sua gargalhada tomar conta da sala.

***


Mais um mês havia se passado, já eram dois meses que eu estava ali com os . Tudo era tão maravilhoso, que eu mal conseguia pensar no que eu fazia antes. Quer dizer, quando eu estava sozinha meus pensamentos acabavam indo para época em que eu morava em Atlantic City. Sem contar no motivo que havia me levado ali para aquela cidade.
Será que aquele Tony havia desistido de me matar? Será que ele ainda me procurava? Eu não sabia a resposta, mas só se pensar naquilo me causava arrepios...
- Hey, o que você acha de fazermos algo hoje? - , como ele insistia que eu o chamasse, se senta ao meu lado do sofá me fazendo largar os pensamentos de lado para encará-lo.
- Tipo o quê? - arqueio a sobrancelha ainda o encarando.
- Vamos ao cinema. - fala decidido do nosso possível programa.
- Faz muito tempo que eu não vou ao cinema. - dou uma risada fraca, encarando a TV desligada a minha frente.
- Então hoje você vai, e comigo. - ele segura minha mão me puxando do sofá - Vai se arrumar que nós saímos em trinta minutos. - eu concordo com a cabeça indo até as escadas sendo acompanhada por ele.
Entrei no meu quarto apenas pra pegar a toalha e saí logo em seguida entrando no banheiro e trancando a porta. Pendurei a toalha e me despi começando o meu banho logo em seguida.
As crianças haviam ido para casa de Alyssa ontem à noite. Eles costumavam ir aos sábados, mas como na última semana que ficaram com a mãe voltaram um dia antes, elas haviam ido um dia antes também. Sempre que as crianças iam para a casa da mãe eu e inventávamos algo para fazer. Isso quando ele não estava de plantão no hospital e eu passava a noite sozinha em casa.
Depois do banho, fui para o meu quarto enrolada na toalha e fechei a porta por dentro. Como era apenas um cinema optei por vestir um short jeans e uma regata. Deixei meu cabelo solto, e calcei um all star. Parei em frente ao espelho fazendo uma leve maquiagem. Passei hidratante, desodorante e o meu perfume.
Saí do quarto e desci as escadas encontrando na sala. Aproximei-me sentindo seu perfume maravilhoso tomar conta das minhas narinas e sorri com aquilo. Ele me olhou, e não se preocupou em ser discreto ao passar o olhar por todo o meu corpo. Eu já nem me importava mais, até porque eu fazia o mesmo, principalmente quando ele andava sem camisa pela casa.
- Você está muito bonita só pra ir a um cinema. - ele arqueia a sobrancelha parando seu olhar em meu rosto.
- Não sou só eu. - dou uma piscadela - Com esse perfume as mulheres vão cair aos seus pés. - mordo o lábio o encarando. Não sei por que pensar aquilo me incomodava.
- Ainda bem que eu estou acompanhado. - devolve a piscadela se levantando do sofá e me fazendo rir.
Nós sempre fazíamos aqueles tipos de brincadeiras, algumas vezes até mais maliciosas e no final caiamos na risada.
Saímos de casa pela porta da garagem e entramos no carro que ele logo deu a partida. Fomos conversando durante todo o caminho, que o tempo passou rápido.
- Achei que íamos ao cinema. - olho pela janela vendo um parque e vários carros, nada de cinema.
- Isso aqui é um cinema. - ele ri parando o carro na entrada no lugar, ao lado de uma pequena bilheteira - Só que nós assistimos ao filme de dentro do carro. - ele paga o ingressos e anda um pouco com o carro parando em uma pequena barraca que ficava dessa vez ao meu lado - Uma pipoca grande, e dois refrigerantes. - ele fala para moça que colocava a pipoca, que havia acabado de ser feita no pequeno fogão móvel do carrinho, a colocando em um balde grande.
- E um daqueles chocolates ali. - aponto para barra de chocolate enquanto ela me entregava pela janela a pipoca e os refrigerantes.
- Por um minuto você me lembrou a Lizzie. - fala rindo ao pagar nossos lanches enquanto a mulher me dava o chocolate - Sempre que ela vem ao cinema ela me pede esse mesmo chocolate. - aponta pro chocolate em minha mão e eu rio.
- Eu nunca resisto a chocolate. - coloco o chocolate sobre o espaço no painel enquanto segurava nossos refrigerantes e o balde de pipoca entre minhas pernas, enquanto ele guiava o carro para um lugar onde podíamos ver bem - Eu nunca vi a um cinema assim. - rio pelo nariz - Sempre vi em filmes, mas nunca havia ido. - o entrego o seu refrigerante assim que ele estaciona o carro.
- Que bom que a primeira vez é comigo. - ele tira o cinto ajustando um pouco o banco pra que ficasse meio deitado e eu sorrio.
O filme não demorou a começar, e vários carros estavam parados ao nosso lado, à frente e atrás, estava bem cheio o cinema. O filme que assistiríamos era Casablanca.
Estiquei a mão até o balde de pipoca que estava entre mim e . Ele teve a mesma ideia, e nossas mãos se tocaram no balde de pipoca. E como em um belo filme clichê, eu encarei nossas mãos e logo subi o olhar até ele que também me olhava. Sorri, e ele retribuiu o sorriso. Tiramos a mão do balde de pipoca, mas ele não hesitou ao entrelaçar sua mão a minha.
Assistimos ao resto do filme com as mãos entrelaçadas, e aquilo não me incomodava nem um pouco, como parecia não incomodá-lo também. Acabei comendo o chocolate sozinha, já que não quis um pedaço.
Os créditos começaram a subir, mas nós não podíamos sair até que todos os carros que estavam atrás saíssem do parque. acariciava as costas da minha mão com o polegar, como da outra vez na cozinha após fazer o curativo. Ele gostava da minha mão, aquilo era engraçado...
- Seria muito ruim se eu falasse que quero muito te beijar agora? - ele fala e eu o encaro. Ele beija o dorso da minha mão, depositando vários selinhos ali.
- Seria ruim se você não beijar. - não hesitei em dar aquela resposta. Afinal, não era só ele que queria fazer isso.
Ele levantou seu olhar até o meu e um pequeno sorriso se abriu em seus lábios. Levou sua mão em meu rosto, acariciando minha bochecha com o polegar enquanto aproximava seu rosto do meu. Eu já conseguia sentir sua respiração bater em meu rosto. Não aguentando mais esperar puxei sua nuca colando nossos lábios de uma vez, sentindo um arrepio percorrer todo o meu corpo.
Ele pediu passagem para língua passando a mesma sobre meus lábios e eu logo cedi. Sua mão estava em meu rosto, enquanto a outra acariciava meu braço. Já as minhas mãos estava firmes em sua nuca. Ao precisarmos de ar, cortei o beijo com selinhos mantendo nossos rostos próximos.
- Esse chocolate é mesmo bom. - ele sussurra me fazendo dar uma risada baixa ao falar do gosto de chocolate em minha boca - Assim ficou ainda melhor. - abri os olhos encarando aqueles belos olhos .
Barulhos de buzinas nos fizeram sair do transe e encarar os carros a nossa frente. Eu olhei para trás vendo que a passagem já estava livre.
- É melhor a gente ir. - mantive meu olhar para trás levando a encarar o lugar que eu olhava.
Ele concordou com a cabeça e nós nos ajeitamos no carro pra que ele pudesse dirigir, e ele logo deu a partida.
O caminho até em casa parecia mais longo que o quando nós fomos. O carro estava em silêncio, a única coisa que se ouvia eram as músicas que tocavam na rádio, mas eu não conseguia prestar atenção. Eu só conseguia pensar naquele beijo.
Ele estacionou o carro na garagem e fechou a porta com o controle enquanto descíamos do carro. Fechei a porta do carro e me encostei-me ao mesmo esperando se aproximar.
- O que fazemos agora? - o encaro assim que ele para a minha frente.
- Se você quiser podemos fingir que nada aconteceu. - ele dá ombros, mas em seu olhar dava pra ver que ele não queria aquilo... E nem eu.
- E se eu não quiser fingir? - mordo o lábio e ele dá um sorriso de canto.
Ele me puxou pela cintura colando nossos corpos de uma só vez e me beijou. Nosso beijo estava em perfeita sincronia.
Entramos na sala nos beijando, e acabamos tropeçando em um móvel que havia ali, o que nos fez rir. segurou em minhas pernas me fazendo pegar impulso e rodear as pernas em sua cintura.
- Vamos pro quarto. - sussurro entre os beijos e ele concorda com a cabeça me levando até as escadas.
Para que ele pudesse ver o caminho eu parei de beijá-lo e desci os beijos para o seu pescoço, dando mordidinhas e leves chupões o fazendo apertar a minha cintura.
Senti meu corpo se chocar contra a cama macia e sorri levando a mão até a barra da camisa de e a puxando para cima e tirando com sua ajuda. Analisei seu peitoral mordendo o lábio em seguida. Por mais que ele estivesse no auge dos seus 30 anos, era um homem bonito... E gostoso.
- Ainda bem que agora eu não preciso só olhar. - passo a mão por todo deu abdômen, lhe arrancando uma risada.
Ele puxa a minha regata, me deixando apenas com o sutiã e dá um sorriso malicioso ao encarar meus seios cobertos apenas por uma renda azul.
O puxei de volta para um beijo apressado. Passamos tempo demais com a boca longe um do outro, e eu queria voltar a sentir aqueles lábios tocarem os meus.
Suas mãos passeavam pelo meu corpo, indo dos meus seios ainda cobertos até a beirada do short. Ele cortou o beijo puxando meu lábio inferior com os dentes e os soltou enquanto me encarava. Desceu os beijos pelo meu pescoço, até chegar ao meu colo onde ele mordeu de leve a parte descoberta pelo sutiã, me fazendo soltar um gemido.
Com a maior facilidade do mundo ele desabotoou meu sutiã colocando as mãos por trás do meu corpo, e o jogou em qualquer canto do quarto encarando meus seios agora desnudos. Ele não pestanejou em abocanhar meu seio direito enquanto massageava o esquerdo. Soltei um gemido baixo quando ele mordiscou meu mamilo.
Depois de fazer o mesmo no outro seio, ele desceu o beijo pela minha barriga e às vezes dando algumas mordidinhas pelo caminho. Ele desabotoou meu short o descendo pelas minhas pernas, tirando junto minhas meias, a essa altura o tênis já havia sido tirado. Voltou os beijos por toda extensão da minha perna, parando em frente a minha intimidade que ele beijou por cima da renda da calcinha.
Ele desceu minha calcinha lentamente pelas pernas, a jogando para qualquer canto, como as outras peças de roupas. Ele encarou meu corpo nu dando um sorriso malicioso voltando a deitar sobre mim.
Aproximou o rosto da minha intimidade beijando a mesma lentamente, fazendo com que arrepios percorressem meu corpo. Ele sugou o meu clitóris me fazendo soltar um gemido alto e curvar um pouco as costas. Fechei os olhos quando senti seu dedo me penetrar. Ele movia o dedo lentamente, e logo em seguida penetrou um segundo dedo me fazendo gemer um pouco mais alto e rebolar contra seu dedo para que ele aumentasse a velocidade, e assim ele fez.
Enquanto movia seu dedo na minha intimidade ele aproximou seu rosto da mesma sugando novamente meu clitóris e o estimulando com a língua. Apertei o lençol com força sentindo os movimentos circulatórios que sua língua fazia, enquanto seus dedos se mantinham em uma velocidade razoável.
Senti espasmos percorrerem pelo meu corpo, e um arrepio subiu pela minha espinha indicando que meu orgasmo estava próximo. Não demorou muito até que eu gozasse e sugasse todo o líquido que estava ali, levando os dois dedos a boca em seguida.
O puxei para mim o beijando agressivamente sentindo o meu gosto em sua boca, e aquilo me excitava ainda mais. O virei na cama ficando por cima e desci o beijo pelo seu abdômen mordendo um pouco abaixo de seu umbigo, o fazendo soltar um gemido. Desabotoei sua calça a descendo rapidamente, com facilidade já que ele havia tirado o tênis e a meia. Encarei seu membro que estava bem animado dando um grande volume em sua cueca box vermelha. Senti minha intimidade se contrair, apenas por olhá-lo, eu precisava tê-lo dentro de mim o mais rápido possível.
- Camisinha? - mordo o lábio o encarando e ele se levanta rapidamente pegando o pacotinho dourado dentro da gaveta da mesinha de cabeceira.
Ele me jogou novamente na cama tirando a cueca e colocando a camisinha com os devidos cuidados, deitando-se sobre mim e me penetrando lentamente até que seu membro estivesse por completo dentro da minha intimidade. Ele se movia lentamente me fazendo gemer baixo. Ele queria me torturar, só podia ser isso.
- , mais rápido. - choramingo o encarando, lhe fazendo soltar uma risada baixa e aumentar a velocidade dos movimentos.
À medida que ele aumentava a velocidade, meus gemidos ficavam ainda mais altos. O puxei pela nuca o beijando rapidamente, abafando tanto os meus gemidos, quanto os dele. Segurei seu cabelo entre os dedos o puxando um pouco, enquanto minha outra mão arranhava suas costas com força.
Fiz uma trilha de beijo dos seus lábios, até sua orelha mordendo a mesma devagar e soltando alguns gemidos ali o fazendo ir ainda mais rápido. Passei os beijos para seu ombro, o mordendo, em seguida indo para o pescoço e lhe dando algumas mordidinhas e chupões por ali.
Ele levou uma das mãos até o meu seio massageando o mesmo me fazendo fechar os olhos e deixar seu pescoço de lado, apenas sentindo a sensação que ele me causava mantendo os lábios entreabertos soltando vários gemidos.
Nossos corpos já estavam suados, meu cabelo já estava colando pelo meu rosto, mas eu não queria que aquilo acabasse. Ele soltou um gemido rouco ao chegar ao seu ápice. Virei-me na cama ficando por cima dele e comecei a me mover rapidamente com a ajuda dele que segurava na minha cintura.
Eu rebolava e cavalgava sobre seu membro enquanto mantinha os olhos cerrados. Nossos gemidos, e o barulho dos nossos corpos se chocando tomavam conta do quarto. Ainda bem que as crianças não estavam aqui.
Senti um arrepio percorrer meu corpo ao ter meu segundo orgasmo da noite e chegar ao meu ápice. Aos poucos parei os movimentos me deitando sobre e o beijando calmamente. Rolei para seu lado na cama respirando ofegante.
Aquele havia sido o melhor sexo da minha vida, e eu não tinha dúvidas nenhuma disso.
Ele jogou a camisinha no cesto de lixo que ficou ao lado da cama e se manteve deitado ao meu lado enquanto nossas respirações se normalizavam.
- Pra uma menina de 21 anos, você me deixou sem fôlego. - ele fala com humor me fazendo rir.
- Cuidar pra não morrer de ataque cardíaco vovô. - falo com deboche lhe arrancando uma risada - Mas pra um velho você até que está bem conservado. - passei a mão pelo seu abdômen.
- Você não me achou um velho quando estava gemendo e me pedindo pra ir mais rápido. - ele fala com ironia e eu levanto a cabeça o encarando com a sobrancelha arqueada.
- Não tenho culpa se você é um velho muito gostoso, e sabe bem como fazer uma mulher enlouquecer. - lhe dou uma piscadela e ele ri me puxando pra um selinho - Eu preciso descansar. - me aconchego em seu peito bocejando em seguida.
- Já passou dá hora de criança ir pra cama. - debocha puxando o lençol sobre nossos corpos me abraçando logo em seguida.
- A criança que te deixou completamente excitado e bem cansado. - fecho os olhos enquanto ele ri - Boa noite . - sussurro colocando o rosto na curva de seu pescoço e deixando um beijo ainda.
- Boa noite . - ele envolve meu corpo com os seus braços e eu não demoro muito a pegar no sono.

~ pov's on~
Acordei naquela manhã com a deitada em meu peito. A afastei devagar e me levantei da cama pegando minha cueca e indo até o banheiro. Depois de fazer minhas necessidades, lavei a mão e saí do banheiro encarando a mulher na minha cama.
Ela estava nua e a única coisa que cobria seu corpo era um fino lençol. Seu cabelo estava caído pelo rosto que tinha uma feição serena. Sorri ao observá-la e me lembrar da noite anterior.
Saí do quarto e descia as escadas indo para cozinha. Coloquei água na cafeteira a ligando na tomada colocando o pó logo em seguida. Abri o armário pegando o pacote de pães para torradas, e coloquei dois na torradeira. Eu sabia que não tomava café, apesar de amar o cheiro do mesmo. Peguei algumas laranjas sobre a cesta de frutas sobre o balcão e comecei a preparar o suco.
- Bom dia. - sua voz doce e sonolenta ecoa pela cozinha e eu a olho. Ela vestia minha camisa, tinha os cabelos um pouco bagunçados e coçava levemente o olho.
- Bom dia. - sorri ao olhá-la ali com aquela carinha de sono - Dormiu bem? - voltei a olhar para a laranja que eu acabo de espremer.
- Acho que nunca dormi tão bem. - pela sua voz havia um sorriso em seus lábios, o que eu comprovei ao olhá-la - E você? - se aproxima de mim tirando as torradas que acabavam de ficar pronta, e coloca mais dois pães na torradeira.
- Fazia tempo que não dormia tão bem. - sorri e voltei a olhá-la que me encarava de volta também sorrindo.
- Eu não sei se agora devo te dar um beijo de bom dia, ou devo continuar como estou porque o que aconteceu ontem não vai se repetir. - ela faz uma careta rindo fraco.
Abri a torneira lavando as mãos e me aproximei dela a puxando para um beijo rápido, a surpreendendo.
- Acho que isso tira sua dúvida. - me afasto desligando a cafeteira que já tinha uma quantidade boa de café enquanto ela sorria.
- Então quer dizer que a noite de ontem vai se repetir? - ela tira as outras duas torradas as colocando no prato e levando até a mesa.
- Ah não ser que você não queira. - levo o suco e o café pra mesa enquanto ela pegava um copo e uma xícara no armário - Porque pra mim não foi coisa de uma noite. - a olho e ela se vira me encarando.
- Eu fico feliz em ouvir isso, porque pra mim também foi. - ela morde o lábio sorrindo logo em seguida.
- Eu gosto de você, . - me aproximo segurando seu rosto entre as mãos - Não quero apressar as coisas e botar tudo a perder. - ela pisca algumas vezes buscando o que falar enquanto me encarava.
- Eu também gosto de você. - ela me olha nos olhos - Aquela vez eu te disse sobre nunca ter namorado, ter me apaixonado... - eu concordo com a cabeça pra que ela continuasse - Por isso é novo pra mim o que eu tô sentindo por você e é melhor mesmo que nós vamos devagar. - eu concordo novamente - Não tem problema pra você o fato de que eu seja muito "menina"? - ela fala com humor finalizando a frase com aspas no ar.
- Se você não me achar muito "velho" pra você. - falo no mesmo tom e nós dois rimos.
- Eu não me incomodo nem um pouco com a nossa diferença de idade. - ela dá ombros sorrindo sinceramente - Se eu não te conhecesse, até diria que você tem uns 27 anos, no máximo. Você é muito jovem pra sua idade... - faz uma pausa - E muito gostoso também. - ela passa a mão pelo meu abdômen e eu rio.
- E você é muito madura pra sua. - falo lhe dando um selinho - E se me permite falar... - faço uma pausa me afastando um pouco dela para olhar seu corpo coberto apenas com a minha camisa - Você também é muito gostosa. - ela ri negando com a cabeça me empurrando em direção à mesa - Que horas você trabalha que horas hoje? - ela me olha enquanto se sentava de frente pra mim na mesa.
- Pego às 10:00 e largo às 22:00. - sirvo o café na minha xícara bebericando-o logo em seguida.
- É tão chato ficar nessa casa sozinha. - ela faz um bico logo após morder a torrada - Mas eu vou aproveitar o tempo sozinha e arrumar a casa, principalmente o seu quarto. - ri pelo nariz bebendo um gole do suco.
- Você não deveria perder seu tempo arrumando meu quarto, vamos bagunçar tudo novamente hoje. - dou uma piscadela mordendo a torrada logo em seguida.
- É aqui que tá a graça, arrumar pra depois bagunçar. - ela devolve a piscadela mordendo sua torrada.
- Você tem razão. - concordo com a cabeça.
- Posso te confessar uma coisa? - ela me encara seriamente dessa vez e eu faço que sim com a cabeça - Eu não me arrependo de ter ficado em Cape May pra recomeçar a minha vida. Na verdade, eu agradeço todos os dias por ter tomado essa decisão.
- Eu sei que você não gosta de falar do seu passado, mas porque você precisou recomeçar? - a encaro acabando de beber o resto do café em minha xícara.
- Porque a minha vida antiga não dava mais pra mim, se continuasse nela provavelmente não aguentaria por muito tempo. - ela ri pelo nariz negando com a cabeça.
- Algum dia você vai me contar como era sua vida antiga? - arqueio a sobrancelha e ela abaixa o olhar.
- Talvez um dia. - dá um sorriso fraco - Meu passado não é algo que eu gosto de trazer a tona, mas eu prometo pra você que se um dia eu resolver desabafar com alguém sobre isso, será com você. - ela levanta o olhar novamente e eu estendo o braço pra que ela pudesse segurar em minha mão, e assim ela fez.
- Eu não vou te forçar a me contar nada, mas vou está sempre aqui pra você conversar. - entrelaço nossos dedos - Você sabe que pode confiar em mim. - ela assente com a cabeça enquanto brincava com os meus dedos.
Eu sabia que aquele era um assunto delicado pra ela. Ela sempre fugia de assuntos que envolviam seu passado. Não que aquilo me incomodasse, porque eu sentia que ela não era uma má pessoa e guardava um tipo de segredo obscuro. Dava pra ver em seus olhos que algo no seu passado ainda a machucava muito, e era isso o que me incomodava. Saber que algo, ou alguém a havia feito sofrer a ponto de criar uma cicatriz tão profunda como a que ela tinha.
~ pov's off~

***


O toque da música clássica ecoava pelo quintal onde eu ajudava Liz a ensaiar. Nós dançávamos lado a lado, em uma sincronia impecável.
Assim que a música chegou terminamos a coreografia com um giro lento e logo em seguida ouvimos aplausos vindo de dentro da casa. estava encostado no batente da porta, e com um sorriso no rosto enquanto aplaudia. Nos viramos na direção dele e fizemos reverência lhe arrancando uma risada.
- Isso está ótimo. - ele fala se aproximando da gente, enquanto eu e Liz nos sentamos no chão tirando as sapatilhas - Desse jeito você vai arrasar amanhã. - olha para filha se referindo a apresentação de balé que ela teria no dia seguinte.
- Nós podemos ensaiar mais uma vez? - ela me olha.
- Você não precisa ensaiar de novo Liz, já está ótimo assim. - a olho - Você precisa descansar pra estar bem disposta amanhã. - acaricio seus cabelos - Vai dar tudo certo, você é uma ótima bailarina. - sorrio.
- Obrigada . - ela sorri.
- Agora é melhor você subir, se trocar, escovar os dentes e ir pra cama. - a olha - Eu já subo pra te colocar na cama. - ela concorda e se levanta segurando as sapatilhas.
- Ela é uma ótima bailarina. - sorrio olhando a menina que entrava em casa.
- É, eu sei. - sorri orgulhoso olhando a filha - E você também é. - me olha.
- Você é um ótimo mentiroso. - ele ri negando com a cabeça.
- Mas é verdade. - ele estende a mão pra que eu pudesse levantar - Se você tivesse continuado a dançar, tenho certeza que hoje seria uma grande bailarina. - seguro em sua mão me levantando.
- Mas as coisas não acontecem como a gente espera. - rio pelo nariz segurando as sapatilhas enquanto entrava em casa, seguida por ele - Eu gosto de ser babá, principalmente dos seus filhos. - olho para Ethan que estava sentado no chão desenhando na pequena mesa de centro.
- E eu tenho certeza que eles gostam de você como babá deles. - ele fala parando centímetros atrás de mim - E eu gosto de ter você aqui. - sussurra no meu ouvido me fazendo arrepiar e morder o lábio.
- É claro que gosta. - dou uma piscadela indo até Ethan e me abaixando ao seu lado - Que desenho lindo. - olho para o desenho que havia um rosto de uma mulher.
Ele solta o lápis na mesa, e pega a folha do desenho. Observa um pouco o que havia feito, e estende a folha na minha direção.
- Você. - ele fala olhando para o desenho.
- É pra mim? - pego a folha observando bem o desenho. Depois de reparar bem, percebi que era um desenho meu. - É lindo Ethan. - olho pra ele novamente - Obrigada. - me aproximo dele lhe dando um beijo na bochecha e sorrio logo em seguida.
- Como você conseguiu fazer ele gostar tanto de você em menos de três meses aqui? - me olha sorrindo - Tirando a Alyssa, a , eu e a Lizzie, ele não é muito de se aproximar, mas ele gosta muito de você, . - eu intercalo o olhar ente o desenho e o menino enquanto sorria.
- Eu também gosto muito dele. Ele é um menino maravilhoso, é um amor. - passo a mão nos cabelos dele.
- Pra um pai é muito bom saber que as pessoas gostam dos filhos, mas pra mim é importante que você goste tanto deles assim. - ele sorri ainda me olhando e eu o encaro - O fato de que você gosta deles, e eles gostam de você é importante pra mim, por que... - o grito da Liz no andar de cima o interrompe.
- PAAAAI! - ela grita mais uma vez e ele se levanta subindo as escadas.
- Ethan, vamos pro seu quarto. - estendo a mão para ele que segura a mesma e nós vamos para escada.
Subimos as escadas e Ethan entrou no seu quarto e eu fui até o quarto de Liz entender o porquê de a menina ter gritado. Logo eu vi matar uma aranha que estava no chão, enquanto a menina estava encolhida na cama.
Fui até a cama dela e me sentei ao seu lado. Depois de matar a aranha, a tirou do quarto, e voltou minutos depois.
- Que desenho bonito. - ela aponta pro desenho na minha mão.
- Seu irmão que fez. - sorrio.
- Ele nunca fez um desenho pra mamãe. - ela se deita na cama puxando o cobertor.
- Então é melhor nós não contarmos pra ela. - ela concorda com a cabeça e eu coloco o desenho na mesinha de cabeceira.
- Agora vamos dormir, porque já está tarde pra criança ficar acordada. - fala entrando na sala e sentando na ponta da cama - Sem contar que eu trabalhei o dia todo, e preciso descansar. E a também. - ele ajeita o cobertor da filha.
- , você vai dormir com o papai hoje? - ela me olha e eu arregalo os olhos - Porque eu vi você saindo do quarto dele de manhã, e indo pro seu. - eu olho para pedindo ajuda com o olhar, mas ele apenas segurava uma risada.
- Eu dormi com o seu pai, porque eu tive um pesadelo muito ruim, e fiquei com medo de dormir sozinha. - minto.
- Você devia casar com o papai. - ela intercala o olhar entre mim e o pai.
- E você devia ir dormir. - falo beijando a testa dela e me levantando - Boa noite pequena.
- Boa noite . - ela manda um beijo no ar - Boa noite papai. - ela olha para o pai.
- Boa noite meu amor. - ele se aproxima beijando sua testa - Eu amo você. - ele acaricia seus cabelos.
- Também amo você. - ela fala já fechando os olhos.
Saí do quarto sendo seguida por que apagou a luz e fechou a porta. E nós fomos pro quarto do Ethan.
Depois que o menino dormiu, eu e saímos do quarto e encostamos a porta. Fui em direção ao meu quarto, mas me segurou pelo braço.
- Sempre que tiver pesadelos pode ir dormir no meu quarto. - fala com deboche rindo em seguida.
- Queria que eu falasse pra ela que eu tô tendo um caso com o pai dela? - rio pelo nariz e ele dá ombros.
- Ela não ia se importar, até porque ela falou que você deveria se casar comigo. - ele ri e eu o acompanho - Vamos pro meu quarto? - aponta pra última porta do corredor com a cabeça.
- Não, eu não vou dormir no seu quarto hoje. - dou um sorriso cínico abro a porta do quarto - Boa noite . - dou uma piscadela pra ele e entro no quarto.
- Você tá mesmo falando sério? - se encosta na porta me encarando e eu faço que sim com a cabeça - Tudo bem então. - dá ombros - Boa noite. - sai andando e eu vou atrás parando na frente dele.
- Eu disse que não ia dormir no seu quarto, mas não disse que você não podia dormir no meu. - mordo o lábio e ele dá um sorriso malicioso.
Fomos para o meu quarto e ele trancou a porta por dentro. Depois de duas semanas que havíamos dado nosso primeiro beijo, era mais uma noite que passávamos juntos.

Eu observava lavar a louça do café, já que ele não havia me deixado ajudar. Assim que ele acabou, ele secou as mãos e andou na minha direção me prendendo contra o balcão.
- A Alyssa disse que vai levar as crianças hoje no cinema depois da apresentação da Liz, e só vai trazer eles só amanhã, então temos a noite pra gente. - segura na minha cintura.
- Acho que vamos poder realizar seu fetiche de fazer sexo na cozinha, nesse balcão aqui. - bato no balcão atrás de mim envolvendo os braços no seu pescoço.
- E na sala, no quintal... - ele aproxima seu rosto do meu - Qualquer lugar da casa, desde que seja com você. - me dá um selinho.
- Que bom, porque eu não estou a fim de te dividir com ninguém. - mordo seu lábio inferior o puxando de leve.
- Não achei que você fosse possessiva assim. - ri pelo nariz acariciando minha cintura.
- Agora você já sabe que sim. - dou um sorriso fechado - E só pra você saber, eu não gosto quando você dá tanta atenção pra sua vizinha, só você não percebeu que ela quer ir pra cama com você. - faço uma careta.
- Você fica bonitinha com ciúmes. - ele aperta uma das minhas bochechas e eu reviro os olhos - Mas não se preocupe com isso, eu já tenho você, não preciso dela e nem de mais ninguém. - eu sorri e colo nossos lábios.
- Papai, papai... - a voz de Liz nos fez separar rapidamente e encarar a menina que nos olhava confusa - Você e a tão namorando? - ela olha pro pai - A mamãe falou que só namorados beijam na boca. - faz uma careta, e eu encaro a procura de uma resposta.
- É... - ele pensa um pouco e me olha - Eu e a estamos namorando sim. - ele sorri voltando a olhar a filha.
- Você agora é minha madrasta. - ela me olha e dá alguns pulinhos nos fazendo rir.
- Eu acho que sim. - faço uma careta e me afasto do - Eu tenho um presente pra você. - pego uma pequena bolsinha vermelha de veludo no balcão e a entrego. Ela abre a bolsinha tirando de lá o colar de corrente prateada com o pingente de uma bailarina - Minha professora de balé me deu esse colar quando eu tinha 10 anos, e sempre me disse que sempre que eu ficasse com medo de me apresentar, eu olhasse pra esse colar e lembrasse que eu era uma grande bailarina. - sorrio olhando para a menina que admirava o colar.
- Me ajuda a colocar? - ela me olha e eu me abaixo colocando o colar em seu pescoço. - É lindo. Obrigada! - volta a se virar pra mim.
- De nada pequena. - acaricio seu braço.
- ... - ela fala com receio e eu movimento a cabeça pra que ela continuasse - Eu amo você. - ela me abraça apertado.
Eu não sabia como responder, afinal eu não costumava ouvir aquilo. Fechei os olhos sentindo lágrimas se formar nos meus olhos e sorri em seguida.
- Eu também amo você Liz. - a aperto em meus braços.
- Por que você tá chorando? - ela desfaz o abraço e me encara.
- Por que...? - rio fraco secando a lágrima que escorria pelo meu rosto - Porque você me pegou de surpresa. Eu não esperava ouvir isso. - beijo a bochecha dela.
- Obrigada pelo colar. - ela beija minha bochecha e sai da cozinha.
Levanto-me e ando até onde estava. Ele me olhava com um meio sorriso nos lábios. Eu o abracei colocando o rosto na curva de seu pescoço, já que eu era quase da mesma altura que ele.
- O que foi? - ele fala acariciando minhas costas.
- Eu nunca imaginei que ouviria a Liz me falar isso, na verdade eu não imaginei que fosse ouvir isso vindo de alguém. - rio pelo nariz - Eu passei tanto tempo sem afeto das pessoas, que eu me acostumei com isso. Ela realmente me surpreendeu ao falar aquilo. - levanto a cabeça o encarando - Antes de me mudar, eu não tinha família, não tinha amigos, não tinha namorado. Eu não tinha ninguém. - respiro fundo segurando o nó em minha garganta - Era apenas eu. - dou um sorriso triste.
- Eu não sei nada sobre o seu passado, mas eu sei que agora você não está mais sozinha. - acaricia o meu rosto - Você tem amigos, tem uma família... - faz uma pausa - Tem até um namorado. - ele fala sorrindo.
- Eu tenho um namorado? - arqueio a sobrancelha segurando um sorriso - Porque eu não recebi nenhum pedido de namoro. - faço uma cara pensativa.
- Precisa de um pedido? - eu faço que sim com a cabeça - Tudo bem... - se afasta um pouco segurando a minha mão - , você aceita ser a minha namorada? - ela olha nos meus olhos.
- Sim, sim... Mil vezes sim. - sorrio me aproximando dele e lhe dando um selinho.
Passamos o resto da manhã desenhando com as crianças, e assim conseguimos incluir o Ethan em uma coisa que ele gostava de fazer. Depois do almoço fomos nos arrumar para a apresentação da Liz. Enquanto eu ajudava Lizzie a se arrumar, ficou por conta de arrumar o filho. Assim não nos atrasaríamos.
Assim que acabei de arrumar Liz, entrei para o banheiro do para tomar banho. Ele pediu pra que nos arrumássemos ali, que seria mais fácil pra nós duas, e realmente havia sido. Depois que tomei banho, vesti a lingerie e um vestido que eu havia comprado junto com Alyssa em um passeio ao shopping dias atrás. Era preto e colado até a cintura, onde começava a se soltar e era completamente aberto nas costas. Fiz uma maquiagem leve, destacando meus lábios com um batom vermelho e prendi o cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça. Nos pés eu coloquei uma sapatilha também preta.
- Vamos descer, que seu pai e seu irmão já devem está lá embaixo. - olho para Liz pegando seu Tutu* sobre a cama, e saímos do quarto. A menina vestia o collant rosa bebê, um short jeans que ela tiraria quando chegasse ao estúdio, uma meia calça também rosa, e sua sapatilha de balé. Seu cabelo estava preso em um coque, com a redinha colocada em volta, e em seu rosto havia uma maquiagem leve que havia sido pedida pela professora. Descemos as escadas chamando a atenção de que via Bob Esponja com Ethan na sala.
- Eu tô bonita papai? - ela vai correndo até o pai que a pega no colo.
- Você está linda, meu amor. - ele sorri lhe dando um beijo na bochecha - Vamos logo pra você não se atrasar. - ela concorda com a cabeça e se levanta do colo dele.
Liz segurou a mão do irmão e me fez sorrir com o gesto, e o quanto eles eram próximos me encantava desde o primeiro dia. Eles foram até a porta da garagem, sendo seguidos por mim e .
- Você também está linda. - ele me olha do pé a cabeça parando em meu rosto, e eu sorrio.
- Obrigada. - mando um beijo no ar e ele sorri.
Assim que entramos no carro ele deu a partida. Lizzie estava agitada no banco de trás, enquanto Ethan apenas observava a paisagem pela janela.
Não demoramos muito a chegar ao estúdio. Eu desci do carro com as crianças enquanto procurava um lugar pra estacionar, já que havia muitos carros ali. Avistamos Alyssa e Josh parados na entrada e fomos até eles.
- Meu Deus, que bailarina mais linda. - Josh fala pegando Liz no colo.
- Oi mamãe. - ela fala ao receber um beijo da mãe.
- Oi meu amor. - Alyssa fala se abaixando em frente Ethan e o abraçando - Mamãe já estava com saudades. - beija a bochecha dele e volta a se levantar - Oi . - ela me cumprimenta com um beijo no rosto - Cadê o ? - arqueia a sobrancelha.
- Oi. - sorrio - Oi Josh. - o cumprimento também com um beijo no rosto - Ele foi estacionar o carro. - ela assente.
- Esse vestido realmente ficou lindo em você. - Alyssa fala apontando para o vestido.
- Obrigada. - olho para o vestido em meu corpo.
- E esse colar lindo aqui? - ela fala olhando o colar no pescoço da filha.
- A que me deu. - ela segura o colar e me olha - A professora de balé dela deu pra ela, e ela deu pra mim. - fala sorridente.
- É realmente lindo. - Alyssa sorri ainda olhando a filha.
- Difícil encontrar uma vaga aqui hoje. - se aproxima guardando a chave no bolso - Hey! - cumprimenta a ex com um beijo no rosto, e Josh com um aperto de mão.
- Eu só consegui parar o carro no outro quarteirão. - Josh fala e concorda com a cabeça.
- Acho que devíamos entrar, pra conseguirmos bons lugares. - Alyssa fala e todos concordamos.
Ela entrou de mão dada com o filho, enquanto Josh carregava Liz. Eu e fomos logo atrás, andando lado a lado.
Nos sentamos na terceira fila logo depois que eu e Alyssa ajudamos Liz a vestir o tutu e tirar o short, e ela foi para atrás do palco junto com a professora que havia vindo buscá-la.
Demorou alguns minutos até que a apresentação começasse, mas assim que as cortinas se abriram toda a atenção foi voltada as meninas no palco. A música começou a tocar e as meninas começaram a se mover de acordo com a coreografia. Lizzie estava impecável, eu não conseguia parar de sorrir olhando a menina fazendo perfeitamente a coreografia que havíamos tanto ensaiado. Tanto eu, quanto Alyssa filmávamos a apresentação. Eu filmava com o celular do , enquanto ela usava uma câmera para isso.
Quando a apresentação acabou todos ficamos de pé para aplaudir, e quando eu olhei para percebi uma lágrima escorrer pelo seu rosto e um sorriso enorme em seus lábios. Aproximei-me dele e sequei sua lágrima com as costas da mão.
- O papai agora tá morrendo de orgulho da filha mais nova. - falo sorrindo enquanto ele passava as mãos pelo rosto secando as lágrimas.
- Ela tá tão linda. - mantinha seu olhar em Lizzie - Ela tá crescendo tão rápido. Daqui a pouco aparece em casa com namoradinhos. - faz uma careta e eu rio.
- Calma, ainda vai demorar alguns anos pra isso. - seguro em seu ombro e ele me encara - Eu acho tão lindo o jeito que você é com seus filhos. Sério, você é um pai incrível. - sorrio.
- Eu faço o possível pra ser o melhor. - ele fala olhando para Ethan - Porque eu sei que eles precisam de mim. - ele volta a me olhar - E eu não saberia como seria a minha vida agora se eu não os tivesse.
- Eles têm o maior orgulho de você, eu tenho certeza disso. - ele sorri.
- , acho que nós já podemos ir lá atrás ajudar a Liz se trocar. - Alyssa fala chamando minha atenção e eu concordo com a cabeça - A gente não demora. - dá um selinho em Josh.
- Esperem a gente lá fora, o Ethan já não deve mais estar aguentando ficar aqui dentro. - olho para o menino que parecia um pouco agitado e concordou com a cabeça.
Eu e Alyssa fomos em direção a parte de trás do palco, junto com as outras mães que também iam para ajudar as filhas. Assim que Liz nos viu, ela deixou as colegas de lado e correu na nossa direção.
- Parabéns meu amor, você dançou muito bem. - Alyssa fala abraçando a filha.
- Eu disse pra você que você ia arrasar. - acaricio seus cabelos enquanto sorria - Você só precisa acreditar em você. - Alyssa concorda com a cabeça se separando da filha.
- Você ainda vai ensaiar comigo? - ela me olha.
- Claro que sim. - me abaixo a abraçando - Nós vamos continuar ensaiando sempre. - sorrio.
- Você não é como a madrasta da Cinderela, você é boazinha. - ela me olha.
- Como assim madrasta? - Alyssa pergunta confusa.
- A e o papai tão namorando. - ela fala e eu engulo a seco mordendo o lábio, sem conseguir encarar Alyssa.
- Lizzie, vem tirar foto com a turma. - uma das professoras grita do outro lado e Liz corre até ela se juntando com as outras meninas.
- Você e o ... - antes de ela acabar de falar eu a interrompo.
- Nós íamos te contar, mas não hoje. - rio pelo nariz - A verdade é que até hoje de manhã, nós só estávamos "ficando" e aí depois que a Liz pegou a gente se beijando na cozinha, o acabou falando que a gente estava namorando. Aí ele me pediu em namoro logo depois. - coço a testa encarando o chão - Não fica brava okay? Eu sei que o é seu ex-marido, e nós nos tornamos grandes amigas, mas aconteceu. - rio fraco - Se isso não for confortável pra você, nós podemos parar. Eu converso com o , e a gente deixa tudo isso pra lá. - volto a encará-la.
- Você gosta do ? - ela pergunta simplesmente - A ponto de querer ficar com ele mesmo sabendo que ele tem dois filhos, e é nove anos mais velho que você? - ela também me encarava.
- Sim. - concordo com a cabeça - A idade dele é só um mero detalhe que não importa em nada. - dou ombros - E os seus filhos... - olho para trás vendo Liz pular animadamente com as amigas - Seus filhos são a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu amo cuidar deles, amo dançar com a Liz, amo desenhar com o Ethan, eu amo seus filhos. Eles são incríveis, e o fato de que eles são filhos do só deixa isso mais incrível ainda. - sorrio voltando a olhá-la.
- Eu não esperava por essa resposta. - ri pelo nariz - Mas , eu só perguntei pra ter certeza, por que sinceramente? Eu já sabia que você gostava do . - dá ombros e eu faço uma careta - Eu fico feliz de saber que o encontrou uma mulher tão maravilhosa quanto ele. Uma mulher que eu tenho certeza que vai cuidar bem dos meus filhos quando estiver com eles, na verdade, já cuida. - ela ri - E o fato de você gostar tanto das crianças só me deixa ainda mais feliz. Porque tudo o que eu quero é que o seja feliz, e que os meus filhos tenham uma madrasta que goste deles, assim como você gosta. - ela sorri - Eu posso ser ex-mulher dele, mas eu desejo toda a felicidade do mundo pra vocês. Que o relacionamento de vocês dê certo, porque você é incrível. E ele também gosta muito de você. - eu sorrio - E não se preocupe, nós não vamos deixar de ser amigas por isso. - passa a mão no meu ombro.
- Acho que você é a melhor ex-esposa desse mundo. - falo com humor e ela gargalha - Obrigada pelo apoio. - sorrio.
- Obrigada por cuidar da minha família. - sorri.
Eu me sentia mais aliviada por ter o apoio de Alyssa. Ela era minha preocupação nessa relação, afinal nós havíamos nos tornado amiga. E saber que ela apoiava o meu relacionamento com o , me acalmava.

Caí na cama ao lado de com a respiração ofegante. Fechei os olhos enquanto esperava minha respiração normalizar. se mantinha ao meu lado também com a respiração acelerada.
tateou a cama, só parou ao encontrar a minha mão e entrelaçar os nossos dedos. Sorri com aquele ato e quando ele beijou o dorso da minha mão.
- Eu estou completamente apaixonado por você. - ele sussurra, e eu senti o meu coração acelerar de uma forma que eu nunca havia sentido. Meu estômago se revirava em uma situação engraçada, que eu queria sorrir, mas ao invés disso senti um aperto instantâneo no peito, e um nó se formar na minha garganta.
O sorriso que eu tinha nos lábios se desfez e a vontade repentina de chorar invadiu o meu peito. Apertei os meus olhos para que evitasse que às lágrimas caíssem, e senti meus lábios tremerem na minha tentativa falha de segurar o choro.
Eu precisava contar pra ele toda a verdade. Não podia mais manter escondido dele o meu passado. Ele precisava saber de tudo.
E talvez quando descobrisse se arrependeria de um dia ter se apaixonasse por mim...
- , eu o que aconteceu? - o tom preocupado de , e eu percebi sua movimentação ao se sentar na cama - Eu falei alguma coisa errada? Eu fiz algo que te incomodou? - eu sabia que ele me encarava, mas eu não conseguia abrir os olhos para fazer o mesmo - Por favor, fala comigo. - ele fala sussurrado, mas eu pude ouvir bem.
- Eu... Você... - eu tentava falar, mas a voz parecia não querer sair. Eu não conseguia formular uma frase na minha mente, para que ela saísse pelos meus lábios - Eu preciso te falar a verdade... - respiro fundo me sentando na cama - Você precisa saber de tudo sobre o meu passado. - abri os olhos e uma lágrima escorreu pelo meu rosto, caindo sobre minha perna descoberta.
- Você tem certeza que quer fazer isso? - ele coloca a mão no meu joelho, e com um sorriso fraco nos lábios eu assenti com a cabeça.
Ele se levantou da cama pegando sua cueca, minha calcinha e sua camisa no chão. Depois de vestir a cueca, me jogou a camisa e a calcinha que eu não demorei a vestir e me ajeitar novamente na cama. Ele se sentou na minha frente, me encarando e eu respirei fundo para que pudesse falar.
- Antes de te contar tudo, eu quero que saiba de uma coisa... - ele assente com a cabeça pra que eu continuasse - Eu me apaixonei por você de verdade. Você e as crianças são as melhores coisas que aconteceram na minha vida. - sorrio fracamente passando a mão no cabelo que estava úmido de suor - E te contar isso, pode mudar tudo o que você pensa e sente por mim. - rio pelo nariz balançando a cabeça negativamente - Se eu quero ter uma vida ao seu lado, eu não posso te esconder o meu passado. - o encaro.
O silêncio se instaurou no quarto, eu não o culpava por não saber o que falar, na verdade eu o entendia. Desviei o olhar para o meu pé, que tinha um esmalte rosa já se descascando nas unhas. Juntei o meu cabelo com as mãos o prendendo em um coque mal feito, respirei fundo e subi meu olhar novamente pelo seu corpo seminu até chegar em seu rosto.
- Quando eu tinha 15 anos, minha mãe começou a virar uma viciada em bebidas. Eu nunca entendi o motivo dela fazer isso, mas de uma hora pra outra ela começou a beber descontroladamente. - solto uma risada nasalada negando com a cabeça - No começo era só aos fins de semana, mas depois ela começou a beber todos os dias, e aí não conseguia acordar pra trabalhar no dia seguinte. Depois de passar dias sem ir, obviamente ela perdeu o emprego. - me ajeito na cama, me encostando na cabeceira enquanto ele apenas me olhava - Ela esvaziou toda a conta bancária que havia feito pra minha faculdade, com bebidas. E eu fui obrigada, a começar a trabalhar de babá nos meus horários vagos, pra conseguir comprar comida pra dentro de casa, mas era difícil conseguir manter a casa sozinha, aos 14 anos, trabalhando como babá e recebendo 100 dólares por semana. - rio sem humor.
- Sua mãe não fez nada pra parar com o vício? - ele pergunta, após perceber minha longa pausa.
- No começo ela até me dizia que ia parar, porque eu não merecia isso. Já que eu não tinha um pai, porque ela não fazia ideia de quem era o meu pai, e eu precisava de uma mãe pra cuidar de mim. - faço uma careta ao lembrar de quando ela havia me contado sobre o meu pai. Ela nem sabia quem era o meu pai - Ela arrumou um emprego, em uma lanchonete e voltou a ajudar em casa, mas alguns meses depois, quando eu já tinha completado 16 anos, ela resolveu levar o namorado, que eu nem sabia que ela tinha, pra morar com a gente. - rio de escárnio - Foi nesse dia que eu briguei com ela, e fiz a minha amada tatuagem do Bob Esponja. - passo a mão no tornozelo dando um meio sorriso. Era a única parte engraçada, que valia a pena ser lembrada em toda essa história. - Eu odiava o namorado dela, desde o começo, mas ela nunca me deixava falar nada sobre ele, era só eu abri a boca que ela já gritava comigo. Falava que quem pagava as contas era eles, e eu não podia reclamar. Sim, ela ignorou o fato que eu trabalhei de babá pra sustentar a casa, porque ela virou uma alcoólatra. - respondo a pergunta, que eu sabia que ele ia fazer, já que enquanto eu falava ele abria a boca pra se pronunciar - E foi aí que ela voltou a beber, e dessa vez junto com o namorado dela, que era outro bêbado. Ela continuou a trabalhar, mas ele ficava em casa na maior parte do tempo. Eu não fazia ideia de como ele conseguia dinheiro pra pagar as contas. - nego com a cabeça - As vizinhas não me quiseram mais como babá, quando souberam da minha "família". Todas as minhas "amigas" se afastaram de mim, por causa da minha situação. E eu comecei a me ver sozinha, e só me dedicar aos estudos. Já que os mais velhos sustentavam a casa. - a última frase saiu carregada de ironia e um suspiro no final.
A parte que mais difícil da história vinha agora, e eu não fazia ideia de como falar daquilo. Só de pensar eu queria chorar, mas eu precisava contar tudo pra ele. Principalmente, porque pra chegar na última parte, onde eu contaria sobre o meu antigo trabalho, ele precisava entender o que havia me levado aquilo.
- Como minha mãe passava o dia na lanchonete, e a noite ela e o Paul costumavam encher a cara, em um bar, ou na sala de casa mesmo. Eu passava a maior parte do meu tempo sozinha, ou eu estudava, ou ia pra aula de balé. - sorrio ao me lembrar da época que eu dançava e tinha um motivo pra esquecer dos problemas de casa - Numa noite enquanto eu via filme no quarto, foi quando tudo aconteceu... - faço uma pausa sentindo um nó na garganta - Eu... - as palavras não saiam, ao invés disso às lágrimas se formavam nos meus olhos.
- Se você não quiser, não precisa continuar. - ele fala me fazendo encará-lo com um sorriso fraco no rosto, e negar com a cabeça.
- Eu costumava fazer uma sessão de Supernatural todo final de semana, e numa sexta à noite eu estava fazendo isso quando o Paul entrou no meu quarto bêbado. - passo a mão no rosto secando as lágrimas, mas novas vinham a escorrer - Ele me olhava de um jeito estranho, com um sorriso malvado nos lábios. Eu pedi várias vezes pra ele sair do quarto, mas ele não me escutava. - balanço a cabeça enquanto as lágrimas caíam, e eu podia ver a feição espantada em seu rosto - Ele se aproximou da minha cama e começou a passar a mão em mim. Nas minhas pernas, meus braços, meu rosto. Eu tentei fugir, mas ele era mais forte que eu. Ele... - faço uma pausa dobrando as pernas e as abraçando enquanto apoiava o rosto banhado a lágrimas nos joelhos - Ele me estuprou. - falo num fio de voz fechando os olhos e sentindo o choro aumentar. Era horrível falar sobre aquilo. Era horrível relembrar aquilo. - Eu só conseguia chorar e rezar pra que aquilo acabasse logo. - abri os olhos e pude perceber uma lágrima escorrer pelo rosto de , e seus dentes cerrados numa feição raivosa.
Respirei fundo, dando uma pausa na história, para tentar me recompor um pouco. Eu tremia dos pés a cabeça, e ao fechar os olhos conseguia sentir o toque dele no meu corpo, as palavras sujas que ele me falava enquanto me obrigava a fazer algo que eu não queria.
Eu sabia que não ia falar nada, ele estava nervoso, eu conseguia ver pelas suas veias do pescoço estarem saltadas e seu punho cerrado. A minha dor havia passado pra ele, e ele a demonstrava em forma de raiva.
- Depois daquela noite eu me sentia suja, me sentia humilhada. Eu larguei o balé, e me isolei na escola, eu ficava longe de todos com medo de que alguém soubesse daquilo só por me olhar. Eu não queria me sentir mais humilhada do que já estava. - passei a mão pelo rosto secando as lágrimas e deixando que um soluço saísse da minha boca - Eu só dormia com a porta trancada, e mesmo assim era difícil dormir sabendo que ele estava debaixo do mesmo teto que eu. E não adiantava nada falar com a minha mãe, além dela não acreditar, ela tava mais preocupada em beber do que comigo. - rio pelo nariz balançando a cabeça negativamente - Minha mãe acabou morrendo de overdose dias depois que eu completei 17 anos, e por mais que ela fosse minha mãe, e eu estivesse mal com a perda, eu sempre achei que foi melhor, porque ela tava acabando com a vida dela. - dou um sorriso triste - Eu não sei se o Paul gostava mesmo dela, e não fazia questão de saber, mas no dia do enterro ele nem apareceu, porque resolveu encher a cara em um bar qualquer. - dou ombros sentindo outra lágrima escorrer pelo meu rosto - Minha mãe não tinha irmãos, e os meus avós haviam morrido anos antes. Eu não tinha pra onde ir, a não ser ficar em casa com o Paul, e eu não quis isso, então peguei algumas roupas, algumas coisas e o dinheiro que eu tinha guardado, tinha 350 dólares apenas. E com isso eu fugi de casa. Larguei a escola, e fui pra Atlantic City, que era o mais longe do Paul. - rio fraco encostando a cabeça na cabeceira e olhando pro teto - Eu passei os primeiros dias dormindo numa casa abandonada, eu quase não tinha dinheiro então pra quê gastar com lugar pra ficar? Eu precisava comer. Eu até tentei consegui um emprego, mas ninguém queria contratar uma adolescente que havia fugido de casa. - rio pelo nariz voltando a encará-lo - Eu já tava começando a ficar sem dinheiro, eu precisava de um banho, não aguentava mais morar na rua, quando eu conheci um cara que disse que podia me dar um emprego. E bom, eu precisava mesmo de um emprego, então aceitei. - dou ombros me ajeitando na cama - Ele me levou pra uma boate, disse que podia me dar moradia, e eu ainda receberia um salário. Eu já não tinha muito que fazer então aceitei o trabalho. - respiro fundo e fecho os olhos para conseguir falar qual era o trabalho - Nos últimos quatro anos, eu trabalhei como prostituta em Atlantic City. - abri os olhos a tempo de ver sua boca se entreabrir em surpresa.
O silêncio se instaurou mais uma vez no quarto, e ele apenas me encarava. Eu não conseguia decifrar seu olhar. Eu não sabia se era pena, se era decepção, ou qualquer outro sentimento. Eu não sabia o que esperar dele.
- No começo eu chorava todas as noites, eu me sentia suja, tinha nojo de mim por me sujeitar aquilo. - volto a falar ao perceber que ele realmente não falaria nada - Nunca foi o trabalho dos meus sonhos, mas eu não tinha outra opção. Eu não havia nem me formado no colegial, como podia ir pra uma faculdade assim? Por isso eu passei quatro anos fazendo isso. - nego com a cabeça - Até que uma noite quando eu voltava pra casa, eu presenciei um assassinato e o assassino me seguiu, até eu conseguir achar dois policiais, aí ele sumiu. - rio pelo nariz me lembrando da cena que me fez mudar de vida - Eu já queria sair daquela vida há muito tempo, mas eu não sabia o que me esperava. Só que o medo do que podia acontecer depois daquela noite, me abriu os olhos e me mostrou que eu merecia mais do que aquela vida horrível que eu levava. Eu peguei o ônibus sem saber pra onde ir, até que cheguei aqui nessa cidade. - dou um meio sorriso - Eu não pretendia ficar aqui, mas eu vi você, a , o Ethan e a Liz na lanchonete. E a Liz brincava comigo mesmo sem me conhecer, e ver o sorriso dela ao me olhar e saber que a inocência de uma criança podia melhorar o dia de uma pessoa com uma história péssima como a minha, que me fez ficar aqui. A Liz me fez ficar. - sua feição mudou de indecifrável para um sorriso fraco - Eu não vou te julgar se depois de tudo o que eu te contei você quiser que eu vá embora dá sua casa, da sua vida. Eu não vou ficar brava com você por isso.
Ele me encarou atentamente como se analisasse cada traço do meu rosto e se levantou da cama passando as mãos pelos cabelos.
- , eu vou te deixar sozinho pra digerir tudo o que eu acabei de te contar. - me levanto da cama - Eu só quero que você saiba que eu sinto muito por não ter te contado antes, é difícil pra eu falar disso. - como eu não obtive resposta, andei em direção a saída do quarto.
- , não precisa sair. - quando eu já segurava a maçaneta pronta para abrir a porta e sair, ele falou e eu o olhei - Eu não vou te julgar. - ele se vira pra mim - E muito menos te pedir pra ir embora. - ele tinha uma mão na cintura e a outra ele esfrega o rosto - Eu só não imaginava que você tivesse passado por tudo isso. - ele anda até onde eu estava parando na minha frente - Eu conseguia ver nos seus olhos, que algo no seu passado havia te machucado, sempre que você evitava falar sobre, mas eu não imaginava que podia ser isso. - ele nega com a cabeça - Saber que o namorado da sua mãe te forçou a fazer sexo com ele, me deixa com raiva. Eu tenho vontade de ir atrás dele só pra o fazer pagar por isso. - meus olhos começaram a arder só por ele ter tocado no assunto - Saber que você passou por tanta coisa, e eu não estava lá pra te ajudar, me incomoda. - ele suspira antes de continuar - Ver você chorando ali naquela cama partiu o meu coração. Eu queria poder voltar no tempo, e dar um jeito de te ajudar pra que nada disso acontecesse com você. - ele coloca a mão no meu rosto - Tá doendo aqui... - faz uma pausa colocando a mão no peito - Te ver tão vulnerável. - fechei os olhos deixando que as lágrimas caíssem pelo meu rosto, e o meu choro tomasse conta do quarto.
me puxou para mais perto me abraçando e deixando minha cabeça encostada no seu ombro, enquanto ele acariciava meus cabelos.
- Pode chorar meu amor. - ele me aperta em seus braços - Acabou. Eu não vou deixar mais ninguém fazer mal a você. - sua voz estava embargada, o que me fez chorar ainda mais - Eu vou cuidar de você, e fazer com que toda essa dor que você carrega no peito vá embora. Eu sei que eu não posso apagar suas lembranças... - ele faz uma pausa e eu sinto uma lágrima cair em meu pescoço - Mas eu prometo que vou fazer de tudo pra que você só tenha bons momentos, pra te fazerem sorrir no futuro. - ele beija a minha bochecha, enquanto eu me encolhia cada vez mais em seus braços, e tremia sendo levada pelo choro.
As lágrimas caíam e escorriam pelos ombros desnudos do . Minhas pernas tremiam, e se não fosse ele ali me segurando, eu já estaria no chão. Depois de tê-lo contado toda a verdade, era como se eu colocasse pra fora algo que eu carregava há tantos anos. Eu nunca havia contado isso pra ninguém. Enquanto eu chorava alto em seu ombro, ele chorava em silêncio para me confortar.
Quando meu choro começou a cessar, dando espaço para que os soluços viessem, me afastei de , sem me soltar de seus braços, só para poder encará-lo. Seus olhos estavam rodeados por um tom vermelho, enquanto seu rosto estava banhado a lágrimas. Ele sentia a minha dor, mas ainda sim tentava me consolar.
- Eu te amo. - sussurrei aquelas três palavras, sem hesitar, porque era realmente o que eu sentia. Eu o amava, e não tinha medo de expor aquilo - Eu te amo. - repeti, mas dessa vez olhando dentro dos seus olhos e passei a mão em seu rosto para que pudesse secar suas lágrimas. - Eu não tenho muita experiência com essas palavras. Porque além da Liz hoje de manhã... - fiz uma pausa e sorri fracamente - A única outra pessoa que eu havia falado isso era minha mãe, e ela estava sendo abaixada no caixão. Mas amor de filho pra mãe é meio que obrigatório, nós já nascemos sabendo amar. - seco minhas próprias lágrimas - Já o amor que eu sinto por você ele aconteceu. - rio baixo - Simplesmente aconteceu. - mordo o lábio sorrindo em seguida - Eu amo você , amo você mais do que eu possa amar a mim mesma. Porque depois de tantas coisas ruins, você foi a coisa boa que me aconteceu. - dou um sorriso de lado - Você, a Liz, o Ethan, a Alyssa, a , todos vocês são um presente na minha vida. E eu só tenho a agradecer a Deus, por ter colocado vocês no meu caminho. - ele sobe sua mão até o meu rosto, acariciando o mesmo com o polegar.
- Eu também amo você, . - ele sorri colando sua testa a minha - Talvez o fato de você ter vindo justamente pra essa cidade, e ter ficado aqui por causa da Liz, tenha sido só o destino que já estava traçado pra você cruzar o meu caminho. - solto uma risada nasalada - Depois de ouvir toda essa sua história, eu só consigo ter certeza do quão forte você é. E já sabia disso quando olhei nos seus olhos aquele dia na praia, mas só me fez ter mais certeza. - ele mantinha sua mão em minha bochecha e eu mantinha meus braços em volta da sua cintura - Eu sei por que o Ethan gosta tanto de você... - ele faz uma pausa sorrindo em seguida - Porque mesmo depois de sofrer tanto, não ter tido uma mãe exemplar, você cuida dele e da Liz como se fossem seus próprios filhos. Ele conseguiu ver desde o começo, o coração enorme que você tem. E quer saber? - eu assinto com a cabeça - Eu também consigo ver agora. - eu sorrio.
O puxo pra mais perto colando nossos lábios de uma vez. Esse beijo era melhor do que todos os outros. Eu me sentia mais leve por ter contado a verdade. Eu me sentia mais amada. E eu me sentia amando agora.

***


O som da risada de Liz ecoou no restaurante, quando passou uma colher de sorvete no meu nariz, e fez com que várias pessoas no local olhassem para saber do que a menina ria. , Alyssa e Josh acompanharam a menina na risada, e até Ethan chegou a rir da brincadeira do pai.
- ! - tento me manter o mais séria possível, mas ao sentir o líquido gelado na minha bochecha, mas dessa vez vindo de Liz, acabei caindo na risada - Eu não acredito que vocês estão desperdiçando sorvete. - faço uma careta enchendo uma colher de sorvete - Sério gente, sorvete é tão bom pra ser desperdiçado assim... - olho a colher de sorvete na minha mão, e solto uma risadinha logo em seguida levando a colher até o queixo de Liz que soltou um gritinho agudo e gargalhou em seguida - Mas até que é legal fazer isso. - rio olhando para menina que tentava limpar o queixo com a língua.
- A Liz e o Ethan não são as únicas crianças na mesa. - Alyssa fala entre risadas, enquanto batia uma foto minha com Liz fazendo careta com o rosto cheio de sorvete, em seu celular.
Peguei um guardanapo e limpei o meu rosto, aproveitando para olhar a vista do restaurante. Tinha uma vista maravilhosa do mar, e aquele clima de família deixava tudo ainda mais bonito. Um homem conhecido por mim andava pela praia encarando a areia branca. Senti um calafrio percorrer o meu corpo, e fechei os olhos abaixando a cabeça. Quando os abri novamente, e olhei na mesma direção que antes, não havia mais ninguém ali. Balancei a cabeça negativamente tentando tirar aquilo da mente.
Não podia ser ele.
- Amor, tá tudo bem? - pergunta baixo segurando a minha mão sobre a mesa.
- Aham. - forço um sorriso largando o guardanapo sobre a mesa. Os outros quatro nem prestavam atenção no que acontecia, pra minha felicidade ninguém havia visto meu pequeno momento de paranoia.
- Trás a conta, por favor? - Josh fala com um garçom que passava, e o mesmo se afastou da mesa após assentir.
Voltei a olhar para praia agora vazia, mantendo meu olhar ali por alguns minutos. Eu não podia estar paranoica depois de tanto tempo que aconteceu.
Depois que a conta foi paga, por Josh e , já que eles não queriam deixar que eu e Alyssa pagássemos. Nos levantamos para sair do restaurante, mas Liz pediu para ir ao banheiro e eu e Alyssa a acompanhamos até lá, enquanto os homens iam para o estacionamento.
- Como anda o relacionamento com o ? - Alyssa me olha enquanto entravamos ao banheiro.
- Incrível! - exclamei com um sorriso no rosto - O é um namorado maravilhoso. - nós paramos em frente a grande pia de mármore enquanto Liz entrava em uma das cabines - Por mais que nós não passemos muito tempo juntos, por causa do trabalho dele no hospital, os plantões, ele é um fofo comigo. - ela sorri.
- E como é o sexo? - ela se aproxima, sussurrando pra que a filha não ouvisse de dentro da cabine - Porque cá entre nós... - ela movimenta o indicador apontando para si e para mim - O sabe muito bem como satisfazer uma mulher. - eu concordei com a cabeça dando risadas.
- Oh se sabe! - fechei os olhos levantando a cabeça - Na semana passada ele teve uma folga na quarta, e como as crianças estavam com você, nós resolvemos aproveitar o tempo juntos e sozinhos... - ela concorda com a cabeça para que eu continuasse, e eu olhei para a cabine onde Liz estava para ter certeza que ela não havia saído e me aproximo um pouco mais de Alyssa - E menina... - fechei os olhos me abanando em seguida - Eu tive orgasmos múltiplos naquele dia, como eu nem sabia que podia ter. - sussurrei voltando a encará-la a tempo de ver um "o" se abrir em sua boca - O é um Deus do sexo, só pode ser. - ela concorda com a cabeça enquanto nós ríamos, e o barulho da cabine se abrindo fez com que nós encarássemos o espelho e ficássemos em silêncio.
Saímos do banheiro, e do restaurante logo em seguida, indo em direção ao estacionamento onde e Josh conversavam encostados no carro do , e Ethan já estava sentado no banco de trás a nossa espera.
Liz foi correndo até o pai, que a pegou no colo. Enquanto eu e a Alyssa andávamos tranquilamente na direção deles, falando sobre os nossos namorados.
A risada que saía pelos meus lábios, se dissipou assim que eu vi aquele rosto novamente, agora a poucos passos de onde estava. Em um movimento quase instantâneo, meu corpo parou onde estava fazendo com que Alyssa andasse a minha frente.
Ele realmente estava ali.
- , porque tá parada aí? Anda. - Alyssa se vira me encarando, mas eu não conseguia mover meu corpo.
Ele tinha um sorriso nos lábios, e mantinha a sobrancelha arqueada. Seus cabelos loiros estavam penteados para trás e seus olhos com as pupilas dilatadas, estavam rodeados por olheiras profundas e escuras.
- Você pensou que fugiria pra sempre? - a sua voz ecoou com um tom de ironia, chamando a atenção de todos pra ele - Eu sabia que uma hora eu ia te encontrar. - o sorriso em seu rosto era irônico, raivoso, perverso.
- , quem é ele? - Alyssa me olha com uma feição assustada.
- Eu imaginei que você fosse usar seu nome verdadeiro, já que passou quatro anos sendo conhecida como Marshall. - nega com cabeça rindo de escárnio - É engraçado procurar " " na internet, e só encontrar um anúncio de 10 anos atrás, quando você seria estrela do balé na sua cidade. - ele faz uma careta, e ri em seguida.
- Como você sabe o meu nome verdadeiro? - pude ouvir minha própria voz se pronunciar, saindo trêmula.
- Não é difícil tirar algo de um cafetão, quando se oferece dinheiro. - ele dá ombros como se aquilo não fosse importante - Ainda mais quando uma de suas prostitutas foge sem dar explicação. - faz um barulho com a boca.
- Do que ele tá falando? - Alyssa fala, intercalando o olhar entre mim e o homem.
Olhei para que mantinha Liz assustada em seu colo, e logo em seguida voltei a encarar 'Tony'.
- Olha que bonitinho, encontrou uma família, mas não contou pra eles o que fazia? - fala com deboche acabando a frase com um bico, intercalando o olhar entre todos os presentes ali - Ela era uma garota de programa. - a feição de Josh e Alyssa foram de desacreditados, enquanto para não era surpresa, já que ela já sabia há algum tempo - Uma PROS-TI-TU-TA. - ele fala pausadamente, e Alyssa me encara. Havia decepção em seu rosto, claro que haveria eu havia mentido.
- Vai embora, eu não vou te entregar pra polícia. - nego com a cabeça enquanto Alyssa andava até e pegava Liz no colo - Na verdade, se eu quisesse entregar já havia feito isso. - rio pelo nariz - Ninguém vai saber o que aconteceu aquela noite, a polícia nunca vai saber. - levanto os ombros balançando a cabeça negativamente, e os soltando em seguida.
- É tarde demais pra isso. - ele cerra os dentes - Ninguém mandou você querer 'xeretar' as coisas. - ri sem humor - E além do mais, todo mundo aqui me viu agora. - olha para , Josh e Alyssa - Pensa só, vai ser ótimo pra todo mundo sem você aqui. - volta a me olhar - Vai ser menos uma puta no mundo. - ele ri.
Num movimento rápido que eu não consegui entender, já havia partido para cima dele e o segurava pelo colarinho. Enquanto 'Tony' ria, sem temer que pudesse apanhar ali.
- Não acredito que você se apaixonou por uma garota de programa. - ele fala com ironia encarando - Deve ser ótimo ter alguém tão experiente na cama não é? - ele ri uma última vez antes de lhe meter um soco no rosto.
- Cala a boca. - fala entre dentes apertando ainda mais a mão em seu colarinho - Agora você vai embora daqui se não quiser apanhar mais. - o tom raivoso em sua voz estava nítido.
o soltou o empurrando no chão fazendo com que ele caísse, mas assim que seu corpo tocou o chão ele arrancou o revólver da cintura e puxou o gatilho, acertando em . Meu grito ecoou pelo estacionamento e as lágrimas tomaram conta do meu rosto, enquanto minha mão ia à boca.
Antes de cair no chão, chutou a mão dele fazendo com que o revólver caísse longe dele, e logo em seguida lhe deu um chute no rosto, o fazendo soltar um gemido de dor.
Eu não sabia o que estava fazendo quando meu corpo se moveu em direção ao revólver, após ver 'Tony' tirar uma faca da bota para acertar . Em um momento de reação senti meu dedo puxar o gatilho duas vezes seguidas acertando 'Tony' no peito. A faca caiu de sua mão, e seu corpo se manteve estático no chão.
Soltei o revólver no chão, acabando por fazer um barulho alto enquanto corri até , que agora estava no chão encostado ao carro, com a mão no braço, enquanto às lágrimas desciam pelo meu rosto.
- Me desculpa... - falei entre lágrimas enquanto ajoelhava-me em sua frente - Eu não queria que você se machucasse. - encarei seu rosto suado, e ele se limitou a sorrir.
- Eu sei que não. - ele fala baixo ainda com o sorriso no rosto - Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. - tira a mão do braço encarando o ferimento que escorria sangue - Só pegou de raspão. - ri fraco voltando a me olhar.
Soltei um suspiro aliviado, mas não conseguia controlar minhas lágrimas. Senti dois braços envolverem meu corpo em um abraço, e quando olhei era Ethan. Ele estava assustado, ele tremia, e também chorava, mas ele tentava me acalmar com seu abraço.
Dei um sorriso fraco envolvendo meus braços no corpo do menino lhe retribuindo ao abraço.

Depois que a polícia chegou ao local, e todos, exceto as crianças, deram seus depoimentos, foi alegado que eu agi em legítima defesa, o que não era mentira, já que 'Tony' iria acertar com a faca. Além do mais, ele era um procurado por quase toda Nova Jersey, por tráfico de drogas, e até mais assassinatos.
Andei até a ambulância onde estava sendo atendido, assim que o delegado me liberou. Aproximei-me dele que conversava com Alyssa, mas assim que notaram minha presença me olharam em silêncio.
- Você está bem? - ele pergunta assim que eu paro ao lado de Alyssa.
- Eu é que tenho que perguntar isso. - rio fraco apontando para o seu braço que agora estava coberto por um curativo grande, que havia sido acabado de ser feito pelo paramédico - Eu não queria que você se machucasse por minha causa, . - fecho os olhos rapidamente - Me desculpa por causar tudo isso. - nego com a cabeça voltando a encará-lo.
- Para de se culpar, não foi sua culpa. - ele segura minha mão, com o seu braço que não estava machucado. - Ele podia ter me machucado ainda mais, mas você não deixou. - ele acaricia as costas da minha mão com o polegar.
- Era minha obrigação te salvar, já que ele só veio aqui por minha causa. - solto um suspiro fraco - Eu coloquei não só você, mas todo mundo em risco. - olho para Alyssa que se mantinha calada, e não me olhava.
- Eu podia ter te mandado embora quando você me contou toda a verdade, mas eu não mandei, e eu te prometi que não ia deixar mais ninguém te fazer mal. - ele dá um meio sorriso puxando o meu braço para que eu ficasse mais perto dele e deixou nossos corpos colados enquanto envolvia o seu braço em minha cintura - Agora para de pensar nisso, para de se culpar, tudo já acabou. - ele acaricia minha cintura - Porque daqui pra frente sua vida vai mudar pra melhor. - eu sorrio deitando a cabeça um pouco de lado.
- Minha vida mudou no momento em que eu resolvi ficar nessa cidade por causa de certa garotinha que brincava comigo na mesa da frente. - olho para trás onde Liz e Ethan estavam sentados com Josh ao lado do carro - Eu sentia que dali em diante tudo seria diferente. - volto a olhá-lo e ele sorri.
- Sr. ? - o paramédico se aproxima - Precisamos da sua assinatura aqui. - ele entrega um papel para o e eu me afasto dele, ficando de frente para Alyssa.
- Me desculpa por não ter te contado... - começo falando - Eu sei que eu devia ter falado a verdade, mas não é fácil pra eu falar sobre isso. - suspiro - E eu não me orgulho nada te ter tido esse trabalho, mas eu precisava dele pra sobreviver. - rio pelo nariz.
- Eu não te julgo por ter trabalhado com isso, longe de eu fazer isso, eu não sei pelo que você passou pra ter que chegar a esse ponto... - ela nega com a cabeça - Mas eu confiei em você pra cuidar dos meus filhos. Eu me tornei sua amiga. - ela ri pelo nariz desviando o olhar para o lado - Eu só esperava que você tivesse me contado. - ela volta a me olhar - Eu nem sei quem você é. - fala incrédula, balançando a cabeça - Eu preciso de um tempo pra digerir toda essa história. - eu concordo com a cabeça.
- Tudo bem... - falo baixo, olhando que nos observava - Eu só quero que você saiba que eu continuo sendo a mesma pessoa que você conheceu. - ela assente e sai andando em direção ao Josh e as crianças.
- Ela vai entender, e vocês vão voltar a se falar. - se aproxima me abraçando pelo ombro - Só aconteceu muita coisa hoje, ela vai precisar de um tempo. - eu concordo com a cabeça - Agora vamos pra casa. - ele beija minha testa e nós andamos até o carro.
Depois que Josh nos deixou em casa com o carro do , e foi embora com Alyssa e as crianças, na qual ela preferiu que ficassem com ela, já que precisava se recuperar, eu e fomos para o seu quarto, e depois de um banho quente e um pouco demorado, nós nos deitamos.
Respirei fundo fechando os olhos em seguida. Agora tudo havia acabado, eu não precisava mais me preocupar se seria ou não seguida por um assassino maluco.

Sentei-me na grama ao lado de , o entregando o copo de água que eu havia trago da cozinha. Observei Liz jogar a bola para Ethan que estava sentado no outro lado do quintal, e o menino reagiu jogando a bola de volta para irmã. Não evitei um sorriso ao ver o quanto eles eram próximos.
- Sabe, eu nunca tinha pensado em ser médico. - a voz de quebrou o silêncio e eu o olhei percebendo que ele também olhava os filhos, como eu fazia antes.
- De onde saiu essa ideia então? - faço uma careta confusa passando a mão na orelha dele, que me olhou sorrindo.
- Eu havia acabado de começar a cursar direito, como a , quando a Alyssa descobriu que estava grávida. - ele coloca o copo, agora vazio ao seu lado e ri fraco - E eu continuei até um pouco mais de um ano depois que o Ethan nasceu. Quando ele completou um ano, e diferente de todas as crianças, ele era quieto, não fazia força pra andar ou falar. - ele volta a olhar para o filho que agora ria junto com a irmã - Claro que isso não era normal, mas nós esperamos até ele fazer um ano e dois meses, e o levamos ao médico. - ele levanta os joelhos, cruzando os braços e os apoiando ali - Nós fomos a vários médicos, e cada um dizia uma coisa. Chegaram até a falar que ele devia ser surdo, ou mudo. - ele nega com a cabeça rindo sem humor - Quando ele tinha 18 meses que nós encontramos uma médica que trabalhava com crianças autistas, e diagnosticou o Ethan. Ela era a 6° médica que nós consultávamos. - ele solta uma mão a colocando na grama e brincando com a mesma - Depois do diagnóstico começou o tratamento, ele passava por vários exames. E vendo todas aquelas pessoas ali cuidando do meu filho, que eu percebi que queria ser médico. - ele levanta o olhar para mim e eu sorrio - Aí eu mudei de direito pra medicina, e me especifiquei em pediatria. - ele sorri - E hoje eu trabalho com algumas crianças autistas, e é maravilhoso poder ajudar os pais com diagnósticos que eu e a Alyssa custamos para descobrir. - ele volta a olhar os filhos que agora estavam apenas sentados enquanto Liz falava algo - E eu não tenho duvidas de que eu deveria ser pediatra.
- Bem que dizem que filhos podem mudar a vida das pessoas. - ele concorda com a cabeça enquanto sorria - Não consigo te ver como advogado. - ele ri negando com a cabeça.
- Você quer ter filhos? - ele me olha com curiosidade.
- Eu nunca tinha parado pra pensar nisso. - solto uma risada nasalada - O Ethan e a Liz que despertaram o meu lado materno, eu nem sabia que tinha. - ele sorri.
- Toda mulher tem um lado materno, . - ele coloca a mão na minha perna e acaricia a mesma.
- Acho que o meu se perdeu quando eu comecei a me decepcionar com a minha mãe. - rio baixo negando com a cabeça - Eu tenho tanto medo de não ser uma boa mãe, de decepcionar meus filhos como ela fez comigo. - olho para grama puxando uma folhinha da mesma e brincando com ela entre os dedos.
- Só pelo jeito que você cuida dos meus filhos, eu tenho certeza que você uma ótima mãe. - ele passa o braço pelo meu ombro me puxando para mais perto - Tenho certeza que você não vai decepcionar os nossos filhos.
- Nossos filhos? - levanto a cabeça olhando pra ele com a sobrancelha arqueada.
- É. - ele dá ombros - O Ethan e a Liz te consideram como uma mãe, além da Alyssa, mas eu tô falando também dos filhos que nós ainda vamos ter. - ele me encara.
- Nós vamos ter filhos? - falo rindo e ele faz que sim com a cabeça - Se você tá dizendo, não sou eu que vou discutir. - lhe dou um beijo na bochecha.
- Só que pra ter filhos, nós precisamos fazê-los. - eu levanto a cabeça voltando a encará-lo - Quando você vai parar de fazer greve de sexo? - ele arqueia a sobrancelha.
- Quando esse seu braço estiver melhor. - aponto pro braço dele que tinha o curativo.
- Você sabe que eu só tomei um tiro de raspão né? - ele fala com ironia e eu dou ombros - Não é como se eu precisasse ficar de repouso absoluto por isso. - ele ri pelo nariz.
- Daqui uns cinco dias você tira esse curativo, e os pontos, aí eu juro que a greve acaba. - dou uma mordida fraca em seu queixo.
- Cinco dias é muito tempo. - ele choraminga fazendo uma careta - Eu já estou ficando com abstinência. - eu gargalho.
- Antes de mim, eu tenho certeza que você passava mais tempo do que isso sem sexo. - o empurro de leve - Porque quando eu me mudei pra cá, antes da gente se envolver, você nunca saía durante a noite. - ele ri negando com a cabeça.
- Durante a noite, mas e durante o dia quando eu ia pro trabalho? Tem um almoxarifado muito bom lá no hospital. - ele dá um sorriso malicioso e eu lhe dou uma cotovelada na barriga, lhe arrancando um gemido.
- Você é ridículo. - faço uma careta tirando o braço dele do meu ombro - Só por esse comentário, de cinco vai passar pra dez dias. - dou um sorriso vitorioso, e ele me olhava com incredulidade.
- Você tá brincando né? – eu nego com a cabeça e me levanto – E o que eu faço nesse tempo? – ele também se levanta.
- Usa a mão. – dou uma piscadela e rio alto da sua cara desacreditada, e vou até as crianças – Ei, posso desenhar também? – me aproximo vendo que eles desenhavam.
Depois que Liz concorda com a cabeça, eu me sento ao lado dele e observo do outro lado do quintal negando com a cabeça. Lhe mando um beijo no ar, o fazendo rir e entrar em casa logo em seguida.

***


Acordei sentindo a cama vazia ao meu lado. Rolei o corpo na mesma enfiando o rosto no travesseiro de , sentindo o seu cheiro que estava impregnado ali. Sorri abraçando o travesseiro por um tempo, e puxando novamente o ar para sentir aquele cheiro que eu tanto amava.
Levantei-me da cama com muita preguiça e andei até o banheiro com os olhos entreabertos. Depois de fazer minhas necessidades, me despi e entrei no box abrindo o chuveiro. Não me privei de tomar um banho demorado, aproveitando para lavar o cabelo, que eu não lavava há uns três ou quatro dias.
Assim que acabei o banho me enrolei na toalha e fui até a pia, aproveitando para escovar os dentes enquanto cantava mentalmente “Don’t wanna know – Maroon 5” e dançava em frente ao espelho. Depois de escovar os dentes, saí do banheiro indo até o guarda-roupa. Vesti a lingerie, um short jeans e uma regata mais soltinha. Penteei o cabelo, o deixei solto para secar naturalmente.
Depois de levar a toalha para o banheiro e pendurá-la para que secasse, passei desodorante e meu hidratante corporal. Saí do quarto descendo as escadas rapidamente e indo até a cozinha. A casa estava um completo silêncio, já que não havia ninguém ali, além de mim. As crianças só chegariam da casa de Alyssa à noite, e estava no trabalho.
Abri a geladeira pegando a jarra de suco e virando um pouco no copo, logo depois voltei a colocá-la na geladeira. Já estava pegando a massa para waffles no armário, quando ouvi um barulho vindo do quintal. Olhei para porta que dava ao quintal, mas por não ter visto nada, ignorei. Deveria ser o vento.
Peguei a massa no armário e abri a caixa prestes a virá-la em uma tigela, mas o mesmo barulho de antes se repetiu, agora mais alto. Larguei o suco, e massa sobre o balcão, saindo da cozinha e indo até a porta do quintal. Respirei fundo antes de abrir a porta. Não devia ser nada, mas não custava olhar.
Abri a porta devagar e assim que eu pisei do lado de fora, minha boca se abriu em completa surpresa.
- SURPRESAAAA!!! – eles gritam em uníssono enquanto eu levava a mão à boca rindo.
Estavam todos ali. , Ethan, Liz, Alyssa, Josh e até . Havia uma grande faixa pendurada no alto da parede onde estava escrito em letras maiúsculas “Happy 22nd Birthday”.
Liz correu na minha direção e abraçou as minhas pernas. Abaixei-me ficando na altura da menina que me abraçou fortemente pelo pescoço.
- Feliz aniversário, ! – ela se afasta beijando minha bochecha e eu sorrio – Eu e o Ethan fizemos isso pra você. – ela me entrega um cartão onde na frente havia um desenho de um bolo de aniversário e alguns balões. Quando abri o cartão, estava escrito: “Feliz aniversário, ! Nós amamos você... Ethan e Liz”. Eu sabia que aquela letra era da Liz, pois apesar de estar escrito tudo corretamente, algumas letras estavam maiores que as outras, típico de escrita de crianças.
- É lindo, pequena. – sorrio levantando o olhar do cartão para a menina a minha frente – Obrigada! – lhe dou um beijo estalado no rosto e ela sorri.
Levantei-me seguindo na direção dos outros, e ao passar perto do Ethan me abaixei lhe dando um beijo na bochecha, e recebendo um de volta.
- Feliz aniversário cunhadinha. – fala animadamente me abraçando – Eu tenho um presente pra você. – ela desfaz o abraço e me olha sorridente, me entregando uma caixa.
- Não precisava. – abro a caixa vendo que era um collant preto e uma saia transpassada rosa clara. – Eu amei o presente, sério. – sorrio olhando para minha cunhada – Obrigada, de verdade. – lhe dou outro abraço.
- Eu fiquei sabendo que você vai dar aula de balé no estúdio onde a Liz faz aula... – eu concordo com a cabeça – E aí nada melhor do que te presentear com uma roupa de balé. – ela aponta pra caixa feliz com o efeito que o presente havia tido.
- 22 anos, só? – Josh fala me abraçando e eu rio concordando com a cabeça – Feliz aniversário, . – ele desfaz o abraço beijando minha bochecha.
- Obrigada Josh. – sorrio me virando para Alyssa.
- Feliz aniversário, . – ela me abraça apertado e eu lhe aperto de volta – Eu quero te desejar toda a felicidade do mundo, porque você merece. – ela desfaz o abraço e me encara – Ninguém cuida tão bem dos meus filhos como você, e eu posso dizer que ganhei uma grande amiga. - ela ainda segurava minhas mãos – Por mais que eu seja alguns anos mais velha, eu consigo conversar com você sobre qualquer coisa, que você vai saber o que falar. – eu sorrio – Obrigada por isso.
- Eu é que agradeço. – rio pelo nariz – Depois de tudo o que aconteceu há alguns meses, eu não sabia se você ia me perdoar, mas aqui estamos nós, mais amigas do que nunca. – ela concorda com a cabeça – Quem diria que eu podia ser tão amiga da ex-mulher do meu namorado. – falo com humor arrancando risadas de todos.
Alyssa também me deu um presente. Era um par de scarpin da Louis Vuitton, que com certeza eu nunca imaginava ganhar. Depois de agradecer muito a ela, eu fui até o que segurava um bolo, com algumas velas, mais especificamente 22 velas.
- Happy Birthday to you, happy birthday to you, happy birthday to , happy birthday to you… – eles todos cantam juntos e eu sorrio assoprando as velas.
- Bom, acho que é minha vez de falar algo. – fala colocando o bolo sobre a mesa atrás dele – Você tinha me falado um tempo atrás que o último aniversário que você comemorou foi o de 15... – eu concordo com a cabeça rindo fracamente – Isso já faz muito tempo, não tanto porque você só está fazendo 22... – todo mundo ri -, mas sete anos é tempo demais pra ficar sem comemorar um dia tão importante assim. – eu sorrio o encarando – Uns dias atrás enquanto eu buscava as crianças na Alyssa, citei seu aniversário, e aquela pequena ali... – aponta para Liz que dá um sorriso mostrando exageradamente os dentes, fazendo todos rirem – Deu a ideia de uma festa surpresa. E aqui estamos nós... – pude ouvir falar de longe “Liz sempre tem as melhores ideias” – Você conhece algumas pessoas na cidade, mas eu sabia que você se sentiria mais confortável se fosse em família. – eu concordo com a cabeça – A Alyssa trouxe as crianças mais cedo, a chegou ontem e ficou na casa da Alyssa, e eu... – ele faz uma pausa.
- Você não deveria estar trabalhando? – o interrompo fazendo uma careta e ele ri concordando.
- Eu troquei a minha folga de terça por hoje, afinal é aniversário da minha namorada. – eu sorrio – Eu quero te desejar um feliz aniversário. Que você tenha muitos anos de vida ao meu lado, apesar de que eu já esteja um pouco velho. – eu rio negando com a cabeça – Que você tenha muita felicidade na sua vida. – ele sorri acariciando meu rosto – Você só merece coisas boas desse mundo, meu amor. – eu sorrio.
- Obrigada, . – sorrio deitando a cabeça em sua mão – Eu desejo tudo em dobro pra você, aliás... – faço uma pausa olhando em volta – Pra vocês todos. – sorrio ao receber vários sorrisos em agradecimento – Eu não podia querer uma família melhor.
- Eu quero bolo. – Liz fala fazendo todos rirem.
- Ainda falta o meu presente. – fala fazendo com que eu voltasse a olhá-lo – Acho que fazer isso vai ser mais difícil do que meu pequeno discurso. – eu faço uma careta e ele ri fraco – Por mais que pareça difícil acreditar, nós já estamos seis meses juntos, passou bem rápido... – eu concordo com a cabeça – Eu sei que a gente briga às vezes, por umas coisas bobas, como quando você cisma que a vizinha dá em cima de mim... – ele fala com humor, e eu o interrompo.
- Mas ela realmente dá em cima de você. – reviro os olhos.
- Isso desde que nós somos casados. – Alyssa fala e eu encaro com um sorriso irônico, o fazendo rir.
- Posso voltar ao que eu falava? – eu concordo com a cabeça mordendo o lábio – Apesar das briguinhas, nós somos muito felizes. Eu diria que até mais que o normal, principalmente quando a gente... – assim que ele ia falar eu coloquei a mão sobre seus lábios e olhei para as crianças e ele sussurra umas “desculpas” me fazendo rir – Bom, eu não sei se eu estou sendo precipitado, ou se eu estou muito apaixonado. Acho que a segunda opção se encaixa melhor. – ele faz uma cara pensativa e eu sorrio – Eu não consigo pensar em mais nada pra falar aqui, então é melhor ir direto ao ponto né? – eu faço que sim com a cabeça e grita “vai logo ” fazendo o irmão revirar os olhos – , por mais que nós tenhamos diferenças de idades, não muita, mas temos, eu não tenho duvidas de que eu quero você ao meu lado pra sempre... – eu já tinha uma noção do que ia acontecer ali, e não conseguia controlar as lágrimas que se formavam nos meus olhos – O que eu quero saber é se você também quer viver ao meu lado pra sempre? – ele deita a cabeça pro lado colocando a mão no bolso e se ajoelhando em seguida – Você quer se casar comigo? – ele tira a pequena caixinha vermelha do bolso, a abrindo dando visão a um belo anel de noivado na cor prateada com uma pedra branca no centro.
Coloquei a mão sobre os lábios que estavam em formato de “o” deixando algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. me olhava apreensivo a espera de uma resposta, e todos estavam em silêncio nos observando.
- Eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado... – falo com a voz embargada quebrando o silêncio – É claro que eu quero me casar com você. – um sorriso imenso se abriu em seu rosto e ele colocou a aliança no meu dedo se levantando em seguida.
- Eu juro que você não vai se arrepender. – ele me abraça pela cintura.
- Eu tenho certeza que não. – envolvo os braços em seu pescoço.
- Eu amo muito você, . – ele sussurra colando nossas testas – Muito mesmo. – fecha os olhos.
- Eu também amo muito você, . – sussurro de volta – Mais do que eu imaginei que pudesse amar alguém na vida. – sorrio colando os nossos lábios em um selinho demorado.
Alguns gritinhos ecoaram no quintal, mas não fizeram com que parássemos de nos beijar. Eu estava feliz, muito feliz. Eu nunca pensei que eu me casaria um dia.
- Agora a gente pode comer o bolo? – Liz fala fazendo com que todos rissem, inclusive eu e que cortamos o beijo olhando para filha dele.

***


~ pov's on~
Arrumei a gravata pela quinta vez naquela tarde. Eu estava nervoso, e isso não tinha como esconder. Minhas mãos suavam, meu pé batia contra o piso, isso quando eu não resolvia sair andando pelo altar, feito especialmente para aquela ocasião. Eu estava mais nervoso do que quando eu havia me casado com Alyssa. Não que eu não a amasse quando a gente casou, mas era diferente do que eu sentia agora. Eu e Alyssa éramos mais amigos do que namorados, o que nós sentíamos era mais amizade, nos casamos na verdade por causa do Ethan. Já com a , eu realmente estava me casando por amor.
Eu não me arrependia de ter me casado com a Alyssa, muito pelo contrário, eu agradecia por isso, pois ela havia me dado os melhores presentes da minha vida, que era os meus filhos. Só que o nosso casamento nunca foi pra ser, por isso quando resolvemos nos separar mantivemos uma grande amizade.
Olhei para as pessoas se acomodando nos lugares e respirei fundo. Estava demorando demais. Ela estava demorando pra chegar, e isso me deixava ainda mais nervoso.
- E se ela desistiu de casar? - olho para Josh que estava de pé um pouco atrás de mim, ao lado de Nicholas, o namorado de .
- Eu duvido que isso sequer tenha se passado pela cabeça dela. - ele ri se aproximando de mim e colocando a mão em meu ombro - Calma cara, ela logo, logo vai entrar por ali. - ele aponta para a entrada.
- Eu não consigo me acalmar, isso tá demorando demais. - arrumo a gravata mais uma vez lhe arrancando uma risada.
- Nem parece que já se casou uma vez. - ele fala com humor e eu rio concordando com a cabeça.
- Espera só pelo seu casamento com a Alyssa, e você vai entender a minha situação. - ele não evitou uma gargalhada alta que acabou chamando a atenção de todos, e ele foi obrigado a se conter.
- Obrigado pela dica. - ele fala ainda rindo baixinho e eu dou ombros observando minha mãe andando na minha direção.
- Ela chegou. - ela fala ao se aproximar o suficiente pra que eu pudesse ouvir.
- E como ela está? - olho para minha mãe que passava a mão pelo meu ombro, limpando qualquer poeira que pudesse ter caído ali no meu terno.
- Ela está linda, filho. - minha mãe sorri mantendo a mão em meus ombros, e eu me limitei sorrir de volta.
- Ela parece que vai desistir? - mordo o lábio de leve, olhando para a mulher a minha frente.
- Nem um pouco. - ela dá um sorriso materno, fazendo com que eu pudesse me acalmar um pouco - Na verdade, acho que ela parece até mais nervosa que você. - ela ri baixo.
- E por que não pode começar logo? - faço uma careta olhando o padre começando a arrumar suas coisas no altar.
- Por que algumas pessoas ainda estão chegando. - ela olha para onde os convidados se acomodavam - Aliás, ficou tudo muito bonito. - ela olha em volta, voltando a me olhar com um sorriso no rosto.
- Foi tudo escolhido pela . - sorrio olhando em volta. Realmente estava lindo. Havíamos optado por casar no campo, e parecia com aqueles casamentos de filme. As cadeiras enfileiradas aos lados, o caminho até o altar coberto por um tapete vermelho, e isolado por uma "cerca" de flores brancas e lilás. A tenda branca sobre o altar, e as mesmas cores de flores decorando também ali.
A música escolhida para a entrada das madrinhas começou, e minha mãe se sentou em uma cadeira na frente ao lado do meu pai. Alyssa e vestiam vestidos iguais, na cor azul tiffany, que elas tanto comentaram que eu havia lembrado o nome da cor. E carregavam pequenos buquês de flores brancas e lilás como na decoração.
Assim que as duas se posicionaram no lado esquerdo do altar, lado oposto ao meu e dos padrinhos, outra música começou a tocar e dessa vez Liz entrou vestida com um vestido rosa bem clarinho, jogando pétalas de rosas brancas pelo tapete vermelho. Eu sorri ao ver a minha filha ali daquele jeito, e ela se sentou em uma cadeira vaga pra ela ao lado da minha mãe.
Os primeiros acordes de "The words - Christina Perri", música escolhida pela , começou a ser tocado do piano e todos ficaram de pé avistando a bela mulher aparecer no final do tapete. Ao seu lado estava Ethan, que vestia um terno cinza como o dos padrinhos, e uma gravata azul. Sua mão estava entrelaçada a de , e não teve uma pessoa que não sorriu ao observar aquela cena.
Observei da cabeça aos pés. Ela vestia um vestido tomara que caia branco com algumas pedrinhas, que moldava perfeitamente o seu corpo. Seu cabelo estava solto, preso apenas com duas mechas para trás, e todo cacheado, enquanto uma pequena coroa prendendo o véu estava presa nas mesmas. Seus olhos castanhos estavam bem destacados por uma maquiagem em tons de marrom, e nos lábios que havia um sorriso imenso, ela tinha um batom quase no mesmo tom que sua pele. E em sua mão, ela carregava um buquê de rosas vermelhas.
A cada passo que ela dava meu coração acelerava ainda mais. Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto e eu deixei que ela caísse. Eu estava vendo a mulher da minha vida andar na minha direção ao altar, mais linda do que nunca, segurando a mão do meu filho. Não tinha como não me emocionar.
Assim que ela chegou perto o suficiente desci os dois degraus que davam para o tapete e me aproximei dela e de Ethan que me entregou a mão da mulher ao seu lado. Abaixei-me de frente ao meu filho lhe dando um beijo na testa, e fez o mesmo, mas recebendo um beijo do garoto, que logo depois se acomodou ao lado da irmã.
Segurei a mão de e a encarei por longos segundos enquanto observava ela segurar as lágrimas em seus olhos, que acaba os deixando mais brilhantes do que já estavam.
- Você está linda. - sussurrei a fazendo sorrir e beijei sua testa a levando para o altar.
Ela entregou o buquê para que Lizzie segurasse, já que antes elas haviam combinado isso, e minha filha retribuiu com um grande sorriso no rosto. Nos posicionamos em frente ao padre, que abriu sua bíblia começando a falar sobre os casamentos.
Na maior parte do tempo eu mal ouvia o que o padre falava, eu não conseguia parar de olhar que tinha um sorriso enorme no rosto, destacando as covinhas em seu rosto.
- , você aceita como sua legítima esposa? - o padre me olha, e eu e nos viramos ficando de frente para o outro.
- Sim, eu aceito. - sorrio olhando para - Eu prometo ser fiel, amar-te, respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas.
- , você aceita como seu legítimo esposo? - ele agora olhava para .
- Sim, eu aceito. - ela me olha abrindo seu maior sorriso - Eu prometo ser fiel, amar-te, respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas.
- As alianças, por favor. - ele fala e entrega as duas alianças, na qual ele as benze rapidamente e se volta para nós novamente com as alianças em sua palma da mão.
- , receba esta aliança, como sinal do meu amor e da minha fidelidade. - pego a aliança na mão do padre, segurando a mão direita da e a coloco lentamente no dedo dela - Em nome do pai, do filho e do espírito santo. - levanto sua mão na altura dos meus lábios, depositando um beijo sobre a aliança.
- , receba esta aliança, como sinal do meu amor e da minha fidelidade. - ela fala colocando a aliança na minha mão direita - Em nome do pai, do filho e do espírito santo. - uma lágrima escorre pelo seu rosto e um sorriso ainda mais largo se abre em seus lábios, fazendo com que eu sorrisse também.
- E eu os declaro, marido e mulher. - o padre fala fazendo o sinal da cruz, mas eu e mantínhamos nossos olhares um no outro - Pode beijar a noiva. - seguro o rosto de entre as mãos deixando nossos lábios próximos.
- Eu te amo. - sussurro com os nossos lábios colados.
- Eu também te amo. - ela sussurra de volta e eu colo nossos lábios em um longo selinho, que foi aplaudido pelos convidados.
Depois da cerimônia havia uma pequena recepção para que pudéssemos receber, e cumprimentar os convidados, ali mesmo no campo. Uma grande mesa reservado para os noivos, padrinhos e familiares foi posta em um lado da tenda, enquanto as outras mesas estavam espalhadas por ali. Tiramos fotos junto com todos os convidados a pedido do fotógrafo, e muitas outras apenas nós dois.
Um barulhinho de metal batendo no vidro da taça chamou a atenção de todos para que estava de pé ao meu lado.
- Eu não tenho muito que falar, só quero desejar toda felicidade aos noivos. - ela fala olhando para mim e para ao meu lado - Eu estou muito feliz por vocês. - ela sorri - , pelo amor de Deus, faz o meu irmão feliz okay? - sussurra um "pode deixar" enquanto sorria - Eu amo vocês. - ela nos manda beijos e passa o microfone para Alyssa que agora estava de pé ao lado de .
- É estranho ver a ex-mulher do noivo fazendo discurso no casamento dele, eu também acho... - todo mundo ri, inclusive eu e a - Mas antes do ser o meu marido, ele era meu amigo, e não foi porque o nosso casamento acabou que isso mudou. Nós continuamos grandes amigos desde então, eu estou muito feliz por ele, falo isso de coração. - ela coloca a mão no peito olhando pra mim - Sem contar que se tornou minha grande amiga também, e eu sou grata pelo fato dela estar na vida do , e por cuidar tão bem dos meus filhos. Eu não preciso odiar ela por ser a atual do meu ex, isso é tão século passado... - ela solta um risada nasalada - Toda felicidade ao casal. - ela levanta a taça na nossa direção, e nós também levantamos a nossa.
- Também quero falar. - Liz fala indo até a mãe que a pega no colo lhe entregando o microfone - Papai, eu tô muito feliz por que você casou com a . Ela é uma madrasta boa. - todo mundo ri, e eu olho pra que já tinha lágrimas nos olhos - , obrigada por cuidar da gente, por cuidar do papai, por brincar com a gente. Eu amo você. - ela olha pra que sorria enquanto segurava o choro - Meu irmão Ethan não costuma falar muito, mas eu sei que ele também te ama. - ela aponta para Ethan que estava ao lado de que o abraça concordando com a cabeça e falando alto "eu também amo vocês, muito" - E papai, a gente ama você também. - não era só a que estava emocionada, eu também estava. Liz desceu do colo da mãe e correu até mim me dando um abraço apertado.
- Acho que agora é a minha vez. - fala ficando de pé e pegando o microfone com a Alyssa, e eu me viro pra ela - É engraçado pensar que eu não ia ficar na cidade, só havia descido na lanchonete pra comer algo, já que eu estava faminta, mas aí uma garotinha muito fofa chamou a minha atenção, e eu resolvi que era aqui que eu deveria ficar. - ela olha para Liz - Eu só fui conhecer o três dias depois na praia, e a gente nem chegou a se falar direito, de tão assustado que ele tava por causa da Liz. - eu concordo com a cabeça - No dia seguinte, nos encontramos de novo na praia, só nós dois e conversamos como se já nos conhecêssemos há anos. - ela ri baixinho - Quando eu me ofereci pra ser babá dos seus filhos, eu não imaginei que me apaixonaria por você... - ela agora me olhava -, apesar de que o difícil era não me apaixonar, porque você além de lindo, é um homem incrível, e um pai maravilhoso. - me limitei a sorrir já sentindo as lágrimas nos meus olhos - Nosso romance começou com um baita de um clichê, as mãos se tocando, um arrepio pelo corpo, o primeiro beijo no cinema após assistir um romance. Sério, isso daria um filme maravilhoso, e bem clichê. - ela faz uma careta rindo logo depois, sendo seguida por todos - O dia em que eu te falei eu te amo pela primeira vez, foi um dia complicado pra mim. Eu me abri sobre coisas que eu nunca havia contado pra ninguém, eu te contei toda a minha história naquela noite, e eu me sentia mais vulnerável do que nunca. - sua voz já estava embargada - Mas você me acolheu em seus braços, e prometeu me fazer feliz durante todos os momentos que estivesse comigo. Só que o que você não imaginava, era que eu já era feliz desde o dia em que eu falei com você pela primeira vez. - ela seca uma lágrima que escorria em seu rosto - A última coisa que eu imaginei na minha vida, é que um dia eu fosse me casar e aqui estou eu, aos 22 anos, me casando com o homem mais incrível do mundo. - ela sorri enquanto eu secava uma lágrima em meu rosto - E aí está você me fazendo feliz mais uma vez, em um ano e dois meses juntos... - ela morde o lábio segurando um sorriso - Eu não sei como te agradecer por me fazer tão bem como você faz, mas eu vou tentar de um jeito diferente... - ela levanta o indicador dando uma risadinha antes de continuar - Há um pouco menos de um ano atrás, você me perguntou se eu queria ser mãe, e aí veio toda aquela história de nós termos nossos filhos. Você já tem dois filhos maravilhosos, com uma mulher maravilhosa... - ela olha para Alyssa que sorri - Eu considero, e amo muito essas crianças, você sabe. - eu concordo com a cabeça - Mas é claro que eu queria ter um filho com você, carregar um filho seu dentro de mim. E aí é que está o meu modo de agradecer... - ela faz uma pausa cerrando os dentes e me encarando - Só que esse agradecimento vai demorar mais oito meses pra chegar. - ela coloca o indicador na barriga fazendo um desenho abstrato - Você pode esperar? - ela me olha enquanto mordia o lábio, e eu a olho um pouco estático.
Por mais que eu já tivesse dois filhos, a notícia que eu seria pai de novo me deixava assim, parecendo um bobo. Quando Alyssa ficou grávida da Lizzie foi a mesma coisa, e enquanto eu tivesse mais filhos isso aconteceria.
- Você está mesmo grávida? - pergunto depois de alguns minutos em silêncio e ela concorda com a cabeça, rindo.
- Eu descobri só ontem, por isso não te contei, já que nós não nos vimos. - ela ri pelo nariz - Só pra finalizar o meu discurso de noiva, eu queria agradecer a presença de todo mundo. - ela olha em volta - E dizer pra você ... - ela volta a me olhar - Que eu te amo demais, demais mesmo. - ela sorri e as pessoas aplaudem, algumas gritam e não faltavam fotos daquele momento.
Ela mantinha seu olhar em mim, enquanto sorria. Eu pego o microfone em sua mão ficando de pé a sua frente, e antes de começar a falar eu respirei fundo.
- Eu devia ter preparado algo pra falar aqui, mas eu não conseguia pensar em nada... - ela ri falando "improvise como eu", me fazendo acompanhá-la na risada - É difícil saber o que falar quando a mulher da sua vida está na sua frente mais linda do que nunca. - faço um movimento com a mão apontando para todo seu corpo, e ela sorri - Droga , você me deixa completamente sem fala. - faço uma careta e ela ri baixinho - Um pouco depois que eu me separei com a Alyssa, nós estávamos conversando, e ela me falou que um dia eu ia encontrar uma mulher que me deixaria parecendo um bobo, e eu duvidei disso, porque eu não tinha esperanças de me casar de novo. - Alyssa grita "É verdade!" - E aí quando eu já nem pensava mais em me envolver com alguém, você apareceu saindo do mar com a minha filha no colo. - acaricio a cabeça de Liz que estava ao meu lado - Tudo bem que naquele momento eu não consegui prestar atenção em você, porque estava preocupado com a Liz, mas quando eu vi que ela tava bem e olhei para você, pronto para agradecer, eu me perdi por alguns segundo em seus traços. - ela sorri deitando a cabeça um pouco de lado - Quando você se mudou pra morar comigo, eu te observava o tempo todo brincando com as crianças, e mais incrível é que o Ethan se aproximou de você tão rapidamente, que era até difícil acreditar. Levando em consideração que ele não se aproxima de ninguém com tanta facilidade assim. - olho para Ethan que estava mais entretido em brincar com um boneco que havia trago, do que prestar atenção ao que acontecia ali - Além de conquistar meus filhos, conquistou a mim. - volto a olhá-la - Lembro de quando nós trombamos enquanto você saía do banheiro só com uma toalha enrolada no corpo, e eu não hesitei em te olhar do pé a cabeça. Mas , você não devia fazer isso com um homem no auge dos seus 30 anos, eu podia ter um infarto. - falo com humor arrancando risadas de todos inclusive da mulher a minha frente - Na hora que eu te beijei naquele carro, eu sabia que não tinha mais volta, você era a mulher da minha vida. - coloco a mão em seu rosto secando uma lágrima que escorria ali - Quando você me contou sobre você, eu só queria quebrar a cara de todo mundo que havia te feito mal. Ver você chorar daquele jeito ao me contar sua história, doeu tanto em mim. - fecho os olhos rapidamente segurando as lágrimas que ameaçavam cair - Mas você superou tudo sozinha, e me deixou ainda mais encantado com o quão forte você era. Não é fácil superar tanta coisa assim, sozinha, em tão pouco tempo. - volto a encará-la e seu rosto já estava banhado a lágrimas - Eu só quero te dizer que além de tudo, eu te admiro. Não é qualquer pessoa que aguentaria tudo o que você passou com tão pouca idade. - ela dá um sorriso fraco secando as lágrimas - Eu amo você , e estou muito feliz por você ter aparecido na minha vida, por cuidar tão bem dos meus filhos, e por ser agora a minha mulher. - acaricio seu rosto com o polegar - E quero que saiba que você, e esse neném aqui... - coloco a mão em sua barriga - Vão receber todo amor desse mundo. Nós seremos muito felizes juntos, eu prometo. - ela concorda com a cabeça - E sabe, eu nem tenho certeza se ainda sei trocar uma fralda. - faço uma careta arrancando risada de todos - Eu amo muito você, . - ela sorri e eu coloco o microfone sobre a mesa segurando em seu rosto.
Aproximei o meu rosto no seu passando nossos narizes um no outro e sorrio antes de colar nossos lábios, e receber o aplauso de todos.
~ pov's off~

***


5 anos depois...
Desci as escadas arrumando o vestido que eu havia acabado de vestir, já que Tyler, filho de e Nicholas, havia derramado seu suco no outro, enquanto brincava no meu colo.
O barulho da porta se abrindo chamou a minha atenção e eu olhei vendo que era Ethan que entrava. Ele nem havia notado a minha presença ali, já que estava distraído com os seus fones de ouvido.
- Ah, oi . - ele fala ao me ver descendo o último degrau da escada e sorri. Depois de muito tempo indo ao fonoaudiólogo, e frequentando terapias, o garoto havia começado a falar mais, mas ainda preferia se manter na dele, sem muitas pessoas por perto que não fossem amigos, ou família - Eu quero te mostrar uma coisa. - ele anda na minha direção tirando um envelope da mochila que ele jogou no sofá.
Abri o envelope tirando o papel que havia ali dentro, e comecei a ler em silêncio.
"Ethan Stuart ,
É com prazer que informamos que você agora é um novo aluno da New Jersey Art Academy..."

Não acabei de ler o resto, já que um sorriso enorme havia se aberto em meu rosto, e eu olhei para o garoto, que também sorria.
- Você conseguiu. - ele concorda com a cabeça e eu lhe abraço - Estou muito feliz por você, Ethan. - desfaço o abraço voltando a encará-lo.
- Preciso contar pros meus pais, você era a única que sabia que eu havia me inscrito. - ele ri pelo nariz olhando para a porta do quintal.
- Eu tenho certeza que eles vão ficar orgulhos de você. - passo a mão em seu rosto - Agora vamos lá pro quintal, que só faltava você. - ele assente e eu seguro sua mão o puxando até o quintal.
- Agora a festa tá completa. - Josh fala olhando para mim e Ethan que entravamos no quintal.
- , me desculpa pelo Tyler. - me olha e sorrio dando ombros.
- Gente, o Ethan tem uma coisa para contar pra vocês. - olho para o menino ao meu lado, que com seus 18 anos estava um pouco mais alto que eu, o encorajando a falar.
- Há um mês, eu me inscrevi pra uma escola de artes, e só a sabia disso... - ele olha pra mim com receio e eu movimento a cabeça para que ele voltasse a falar - E eu consegui entrar. - ele fala de uma vez voltando a olhar todos os presentes ali.
- Ai meu Deus, filho. - Alyssa fala se aproximando do filho e o abraçando - Parabéns! Eu fico feliz que você esteja fazendo algo que tanto gosta. - ela se afasta um pouco segurando o rosto dele entre as mãos enquanto sorria.
- Estou orgulhoso de você. - fala abraçando o filho e bagunçando seus cabelos - É bom ver você fazendo o que gosta. - ele sorri olhando o garoto.
- Obrigado gente. - ele abre seu maior sorriso me fazendo sorrir junto.
- Mamãe, mamãe... - vem correndo na minha direção e eu me abaixo um pouco para olhá-la, já que era difícil me abaixar grávida de quatro meses - Você pode vir jogar futebol comigo, é que a Liz tá cansada. - ela aponta para irmã que estava sentada na grama bebericando seu suco.
- Nada disso, a mamãe não pode fazer essas coisas. - fala a pegando no colo - Esqueceu que o seu outro irmãozinho tá ali na barriga dela. - ele aponta pra minha barriga e ela faz careta.
- E por que ele não sai de lá logo? - ela olha para o pai que ri.
- Porque ainda é muito cedo. - falo beijando seu rosto - Mas logo, logo ele sai daqui pra jogar futebol com você. - passo a mão na barriga.
- Mas eu quero jogar agora. - cruza os braços em frente ao corpo fazendo bico.
- Vamos , eu jogo com você. - Ethan fala pegando a irmã, que agora comemorava, do colo do pai e foram para o outro lado.
- Ela tem a mesma mania sua, de cruzar os braços e fazer bico quando quer algo. - fala olhando para e me encarando logo em seguida.
- Não é a toa que é minha filha. - falo com humor e ele gargalha me dando um selinho.
- , como está essa gravidez? - me olha colocando um pedaço pequeno de maçã na boca de Tyler.
- Está tudo ótimo. - se senta em uma cadeira, e eu me sento em sua perna o abraçando pelo pescoço - O médico me mandou tomar umas vitaminas como na gravidez da , e me passou um remédio pra enjoo, porque eu mal conseguia comer, de tanto enjoo que estava tendo. - bebo um pouco do suco que estava na mão do - E bom, eu sou casada com um médico, recebo cuidados extremos aqui. - olho para beijando sua bochecha - Ele me trata como um bebê, às vezes. - faço uma careta arrancando risadas dos outros.
- Quando eu estava grávida do Ethan, o já era bem cuidadoso, mas na gravidez da Liz ele ficou exagerado, porque já estava estudando medicina. - Alyssa fala bebericando seu suco e rindo em seguida.
- Na gravidez da foi a mesma coisa, eu recebia cuidados 24 horas, e enquanto ele trabalhava, ele me enviava mensagens pra lembrar os horários dos remédios. - franzo o cenho soltando uma risada fraca.
- É claro que eu tenho que ser chato com os horários, quero que os meus filhos nasçam saudáveis. - ele se pronuncia passando a mão na minha barriga - E você adora ser mimada, que eu sei. - ele me olha arqueando as sobrancelhas e eu rio.
- Que mulher não gosta de receber café na cama? Cuidados do marido, principalmente quando está grávida, e os hormônios ficam atacados? - dou ombros e e Alyssa concordam com a cabeça.
- Os seus hormônios estão super atacados. - ele fala rindo e eu reviro os olhos - Você começa a chorar quando vê um comercial de cachorro, ou de bebês na TV. - ele faz uma careta e todos gargalham.
- Eu não tenho culpa da gravidez me deixar mais sensível que o normal. - cruzo os braços em frente ao corpo.
- Eu não falei que a é igualzinha à mãe? - ele aponta com a cabeça, para que estava de braços cruzados fazendo bico, enquanto Ethan se sentava ao lado de Liz - É só olhar aqui... - olha pra mim - E lá, pra saber que são mãe e filha. - ele olha novamente para , e todos fazem o mesmo gargalhando em seguida, me fazendo rir junto.
Olhei para que agora se sentava entre os irmãos, agora já rindo de algo que olhavam no celular da Liz, e sorri com isso. Tanto Ethan, quando Liz, desde que nasceu, ficavam agarrados com ela. Sem contar que a mais nova adorava a companhia dos irmãos, e queria seguir os passos deles. Dançar balé como a Liz e no caso eu, desenhar como Ethan, que sempre adorou desenhar junto com a irmã.
- Um beijo pelo seu pensamento. - sussurra no meu ouvido me fazendo desviar o olhar das crianças pra ele.
- Eu só estava aqui pensando no quanto as crianças são próximas, e o quanto a se inspira nos irmãos. - volto a olhar as crianças e faz o mesmo - Eu gosto de saber que mesmo a sendo fruto de um segundo casamento do pai deles, eles não se importem. - volto a olhar pro .
- É claro que eles não se importam. - ele me olha enquanto acariciava minha barriga - Você é como uma segunda mãe pra eles . Olha pro Ethan, ele contou pra você antes de todo mundo sobre a escola de artes. - eu concordo com a cabeça - A Liz fala todos os dias, o quanto ama ter a madrasta como professora de balé, e que quer dançar tão bem quanto você um dia. - ele sorri enquanto eu acariciava seu rosto - A é minha filha, com você, nada mais normal do que eles retribuírem o carinho que eles têm por você, com ela. Sem contar que ela é tão amável quanto à mãe. - eu solto uma risada baixinha - Você é uma ótima mãe, uma ótima madrasta, uma ótima esposa e uma ótima pessoa. E a cada dia que passa você consegue fazer com que eu te ame mais. - ele fala olhando nos meus olhos e eu sorrio.
- Mesmo depois de cinco anos de casados, você ainda consegue me deixar sem fala. - ele ri negando com a cabeça - Eu amo você, sabia? - ele concorda com a cabeça - Muito... - lhe dou um beijo na bochecha - Muito... - na outra bochecha - Muito... - na ponta do nariz - E muito. - e um último selinho em seus lábios, o fazendo sorrir entre o beijo.
- Eu também te amo muito. - ele fala sussurrado entre o beijo me fazendo sorrir dessa vez.
E no meio daquele beijo do homem que eu tanto amava, eu só conseguia pensar na quão sortuda eu era por tê-lo encontrado. Mesmo depois de anos, eu ainda agradecia todos os dias, por ter ficado na cidade por causa do sorriso da Liz. Por ter me oferecido para ser babá. E principalmente, por ter ganhado uma família tão incrível quanto a minha.

*Tutu: nome dado a saia de bailarina.

Fim.



Nota da autora: (28/02/2017) Primeiramente eu queria agradecer por terem lido a história. É bom saber que as pessoas se interessam por algo que eu escrevi. Obrigada mesmo! <3
Essa short foi uma das melhores que eu já escrevi na minha vida. Tem um tema meio polêmico que é a prostituição. Eu até hoje só li duas histórias com esse tema, e por que não escrever mais uma? No caso dessa história como você puderam perceber a PP se prostituiu por necessidade, porque ela não tinha ninguém, e precisava sobreviver. E se querem saber eu amei escrever sobre isso, de verdade.
Outra coisa que tem nessa história é o autismo, eu nunca havia lido sobre isso em história alguma e achei interessante colocar isso na história, pra abordar um pouco o tema. Eu não explorei muito isso, por medo de escrever bobagem. Apesar de ter pesquisado, eu nunca convivi com alguém que tivesse autismo, então eu não posso entrar em muitos detalhes sobre isso, mas ainda sim dá pra ver um pouco como é a doença.
O terceiro fato da história que eu gostaria de falar é sobre a ex do PP. Gente, eu fiz sim a ex e a atual se tornarem amigas, porque não é preciso a ex odiar a atual. E eu me inspirei em uma reportagem que eu li onde a ex falou sobre a atual do ex-marido em uma foto do instagram, falou como ela tratava bem a filha deles, e que uma não precisava odiar a outra por isso.
Eu queria agradecer a minha melhor amiga por ter me ajudado e me apoiado com essa ideia. Ela me deu algumas ideias pra história, então ela tem todo o crédito aqui. Mah sis, obrigada mais uma vez. Amo você <3
E quero agradecer a May, por ter betado a história. Obrigada sua linda!
Espero que tenham gostado da história, me digam aqui o que acharam.
Obrigada!
P.s: Eu tenho um grupo de fics no face, se vocês quiserem entrar pra conhecer outras histórias minhas, é só entrar aqui




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