American Candy






14 de junho de 2015, sábado. Phoenix, AR.

What will you do on the weekends
When your best friends
Become your dead friends?


Era um final de semana de outubro, o outono pintava o gramado de marrom e laranja, o verde era quase invisível por baixo da camada de folhas mortas acima da terra. O céu estava escuro, ainda não havia chovido, mas não demoraria muito para isso acontecer. Nuvens carregadas acima, o vento assoviando abaixo.
Uma garota vestida de preto desceu do carro cambaleando, ela estava pálida, o que contrastava muito com as olheiras escuras e olhos inchados. Um rapaz colocou a mão em seu ombro e ela não conteve as lágrimas, o peito subiu, um soluço tomou sua garganta, ela sentiu as pernas bambas e mais dois homens vieram ajudar. Todos estavam bem vestidos, ternos pretos, rostos sombrios.
Eles quiseram acudi-la, mas ela se recuperou rapidamente e saiu andando. Estava devastada, Will não era uma de suas pessoas preferidas no mundo, mas era muito triste perdê-lo assim, por causa de uma overdose. Era devastador pensar que podia não ser ele, que podia ser alguém que fosse ser muito, muito pior. Ela procurou pelos olhos azuis da única pessoa que poderia acalmar seu coração de uma vez por todas, mas não encontrou em lugar algum; ao invés disso, viu a amiga vindo correndo, os olhos molhados. As duas se abraçaram e choraram e então caminharam até onde seria o enterro propriamente dito de mãos dadas.
Por mais que parecesse que toda a sua energia estava focado em dizer adeus ao amigo que partia, seu coração palpitava cada vez que ouvia folhas serem pisadas, cada vez que mais um vulto preto se juntava a eles naquele cerimonia fúnebre. Sua cabeça se virava para trás a qualquer esperança de vê-lo. Ele tinha que aparecer, não podia deixar todo mundo na mão, não importa o quão triste estivesse.
Foi quando o caixão estava quase indo terra abaixo que a voz dele foi ouvida, gritou de longe para esperarem e correu, todo mundo olhou a cena chocado, o menino estava sujo, fedendo e molhado, havia bebida por toda a sua roupa, como se ele tivesse rolado na sarjeta, os cabelos mais sujos e emaranhados que o normal, a barba por fazer, os olhos vermelhos e desfocados, ele havia chegado ao fundo do poço. queria se esconder entre as pessoas, tamanha era a vergonha. Mas também queria sair do seu lugar e bater no namorado até que ele percebesse quão ridículo ele estava sendo. Era um momento respeitoso e ele não podia transformar em outro de seus shows. Ao invés disso, ela chorou. Seu coração despedaçado.

25 de fevereiro de 2015, sexta-feira. Phoenix, AR.

From all the sugar
And all the sweetness
This little sweet tooth
It is your weakness


Uma saia rodada, um cropped sem mangas e saltos pretos. Olhos esfumaçados e boca cor de vinho. O cabelo liso amarrado num rabo de cavalo alto. desceu do taxi mexendo no celular. Ela estava mandando uma mensagem para sua amiga, , descer do prédio e vir buscar.
A festa era em uma cobertura no centro de Phoenix. morava em Los Angeles, mas estava passando alguns dias por ali fazendo alguns testes. Elas eram amigas há algum tempo, haviam se conhecido em um show e agora saíam juntas às vezes, quando ia para LA. Era primeira vez de em Phoenix e a festa era dos amigos do irmão dela. .
A garota abriu o interfone e deixou subir sozinha. Quando chegou lá, a amiga a recebeu. Não, era , o irmão; o fato é que eles eram idênticos. A menina fez algumas piadas sobre a aparência da amiga quando a encontrou, com um copo a beira da piscina, dali dava pra ver a cidade toda, a cobertura ficava no topo do 30º andar de um prédio luxuoso.
- Isso aqui é demais. – ela falou alto por causa da música.
- Eu sei. – riu.
- Seu irmão mora aqui? – perguntou curiosa analisando a mobília do apartamento.
- Não, é da gravadora que eles tão agora, foda né?
- Eles vão tocar? – Os amigos e o irmão de tinham uma banda, The Maine e estavam começando a estourar nas paradas alternativas do país.
- Se eles ainda tiverem acordados quando chegar a hora. – ela riu e sorriu sem entender.
- Eles vão dormir? – inocente.
- Não, eles provavelmente vão entrar em coma alcoólico ou desmaiar por aí. – A menina arregalou os olhos, ela estava acostumada com o padrão de comportamento de jovens em baladas; por mais que fosse uma, ela não costumava usar nada, nem mesmo beber. Não que ela não soubesse se divertir, na verdade, ela era muito divertida, fazia coisas inimagináveis sem nenhum agente correndo por seu sangue. Era a mais maluca de todas, no fundo, porque conseguia fazer tudo que os outros precisavam de drogas para fazer... Não que ela julgasse as pessoas por fazer o que ela não fazia, mas achou aquilo tudo um pouco exagerado. Mas riu sem graça.
- Que pena. – Comentou sincera. A amiga assentiu sem dar muita importância.
- Vem, eu vou te apresentar pra eles enquanto eles ainda estão bem. – ela puxou a amiga para dentro.
- – Um menino alto, magro e muito bonito chegou abraçando a garota. – Quem é essa?
- Essa é a minha amiga . – ela apresentou orgulhosa. – Ela é atriz em LA.
- Ah, que legal. Tudo bom? – ele era maravilhoso, os olhos claros, o cabelo loiro e as tatuagens que cobriam seu corpo. Sua língua enrolava e ele estava cambaleando um pouco. – Eu tô bem. – ele disse rindo quando tropeçou ao abraçar a menina.
- Meu irmão você já conheceu... Já sei, , ele é a sua cara, seu número, você vai adorar.
Elas passaram pelo meio das pessoas que dançavam fora de ritmo totalmente enlouquecidas e chegaram um canto da sala onde era quase impossível ver um palco na frente do rosto, tanta era a fumaça e o cheiro. De todas as drogas que eram usadas nessas festinhas, a que menos gostava era essa: maconha. O cheiro a deixava enjoada e atacava a sua alergia. Infelizmente o menino que era seu número estava ali, bem no meio daquele fedor.
- ! – gritou para ele ouvir. O garoto levantou a cabeça lentamente, ele sorriu, os olhos vermelhos piscaram para focar.
sorriu de forma simpática, ele era perfeito, os olhos azuis profundos, mesmo naquele mar vermelho, o nariz tinha proporções perfeitas e a boca pequena que abriu em um sorriso quando lhe foi apresentado era muito bonita. O coração de deu um pulo de nervoso quando ele passou as mãos nos cabelos desgrenhados, que formavam perfeitamente o seu número.
Ele levantou do pufe em que estava sentado para lhe cumprimentar, ela tremeu nas bases quando ele se aproximou, aquilo era ridículo. Normalmente perdia completamente o tesão quando via um garoto com tanto potencial como ele jogando a vida fora daquele jeito. Ele colocou a mão em sua cintura quando lhe beijou o rosto e ela estremeceu, naquele exato momento havia perdido uma batalha que duraria meses.
Aquele momento ficou marcado na cabeça dela pro resto de sua vida, ele provavelmente não se lembrava de nada na manhã seguinte.

3 de março de 2015, sábado. Phoenix, AR.

They've got american candy
You're sweet and sated, so sedated
For the american kids
You're hooked and baited, annihilated


O teste que tinha ido fazer em Phoenix tinha dado certo, agora ela ia ficar ali por alguns meses. Ela passou a semana toda ocupada com isso e a resposta positiva finalmente tinha saído, achou que era motivo para comemorar e resolveu levar a amiga em um show da banda do irmão, no final das contas eles tinham todos se dado muito bem. Não que eles tinham se visto mais alguma vez além daquela festa na semana passada, mas os comentários que reverberaram pela semana haviam sido muito positivos, eles haviam achado o máximo, bonita e divertida e ela havia gostado muito dos meninos, tirando todas as drogas que eles usaram, ela nem fazia ideia.
As duas ficaram no backstage e a banda era incrivelmente boa, eles com certeza iriam fazer sucesso, tinham muita química no palco, tocavam com maestria ao vivo e o vocalista tinha outro nível de carisma. era o homem do povo, muito comunicativo. E bonito, isso também ajudava.
Mas óbvio que o show era só uma desculpa para a after party, naquele mesmo apartamento da semana passada, o dobro de gente, metade eram groupies ou meninas que queriam ser groupies atrás de caras que queriam ser uma banda, era perfeito.
A tequila, a vodca, o whisky, esse ultimo era realmente pesado, em menos de duas horas todos estavam completamente bêbados, menos , mas ela entrava no clima e já estava passada também.
- Vou pegar ela. – disse com duas garotas beijando seu pescoço vendo a menina pequena dançar em cima da mesa.
- Não vai não. – falou rindo, ele estava com uma menina agarrada feito agarradinho, a menina já tinha perdido a consciência fazia algum tempo.
- Vou sim, duvida? – respondeu, estava virando mais um copo no canto quando finalmente falou.
- Ela é minha. – ele soluçou provocando risos em todos.
- Agora quem dúvida sou eu. – soltou uma risada nasalada.
- Ela. É. Minha. – virou um shot dessa vez levantando e cambaleando, ouvindo mais risadas atrás dele, o menino ignorou e continuou andando até onde a garota estava rebolando sem parar.
viu ele se aproximando, o fato é que o baixista havia falado da menina a semana toda sem parar e só precisou beber até não conseguir mais ficar em pé para ter coragem, todos sabiam que ele queria ficar com ela, só havia falado aquelas coisas para encorajar o menino.
Ela dançava em cima da mesa também e “sem querer” passou o pé em enquanto a menina estava muito empolgada de olhos fechados, um segundo de queda livre e então ela caiu, o objetivo era que ela caísse no colo de , mas o menino estava tão passado, que os dois foram para o chão, um em cima do outro.
- Desculpa... eu... – ela foi dizer, mas ficou hipnotizada pelos olhos azuis e a boca vermelha e o nariz perfeito, tudo isso emoldurado pelos cabelos sujos mais bonitos que ela já tinha visto.
Ela não precisou recuperar as forças para dizer nada porque ele selou sua boca com um beijo. E tudo que não fosse aquilo sumiu. Desapareceu, por incontáveis segundos a música foi apagada dos ouvidos de , o álcool diluído do sangue de , eram apenas suas línguas e seus corpos e suas mãos brincando um com outro.
apertou a cintura dela bem onde ela gostava e ela mordeu o lábio dele do jeito que ele achou que fosse perfeito. Ela apertou os braços dele e ele puxou o cabelo dela, ela sentou em cima dele, no meio da festa, no chão e ele quis tirar a roupa dela ali mesmo, todo o senso de mundo havia se perdido e eles finalmente se encontrado.
sentou também e levantou com a menina no seu colo, envolta do seu quadril, ele sentou ela bancada e lá eles ficaram pelo resto da noite, esquecendo tudo e todos.

7 de abril de 2015, domingo. Phoenix, AR.

Even if you wanted to
You couldn't stop it's just so sweet
But this american candy
It'll rot your teeth


e estavam saindo há algumas semanas agora, eles se viam esporadicamente por causa dos compromissos dos dois, e principalmente em festas. sabia que não aprovava seus hábitos e sabia que usava mais coisas que ela nem sabia que existiam, mas o relacionamento dos dois era algo novo e bom e ela não ia se meter na sua vida dele sabendo que podia talvez perdê-lo por causa disso. Cada um com seus problemas.
Era domingo e eles acordaram na casa dele, ou pelo menos o quarto dele, no apartamento cedido pela gravadora. Ele de ressaca e algo mais e ela cansada de passar a noite toda em claro sem nada no corpo para ajudar a acompanhar os amigos. era melhor do que ela podia esperar, ele era engraçado, inteligente e muito talentoso. não era também nada com o que você imagina de uma menina que não ingere nem drogas lícitas, ela era divertida e fazia muitas loucuras quando era preciso, e melhor, tudo isso sendo apenas ela mesma. Os dois se davam muito bem.
Agora tomavam café da manhã, ovos mexidos e suco de laranja, ele usava apenas a samba canção, o cabelo bagunçado pelo travesseiro e ela vestia uma camiseta dele, branca de algodão. Não havia mais ninguém acordado na casa, estava morto em seu quarto, tinha ido com a irmã para o apartamento dela, onde estava ficando. Jared só deus sabe e Kennedy havia ido pra casa de uma garota porque o quarto dele tinha cama de solteiro.
Os dois riam de alguma besteira que viram no celular quando Will, o representante da gravadora entrou com a chave reserva. se assustou.
- Ah, desculpa. – ele falou como se não fosse nada ver a menina praticamente pelada ali.
- Eu vou ali no quarto me trocar. – Ela levantou puxando a camisa pra baixo tapando a bunda.
- Tá bom. – respondeu.
- Preciso falar uma coisa com você. – Will anunciou e parou no corredor ficando para ouvir a conversa. Ela não costumava fazer isso, mas alguma coisa no tom de vez do produtor fez com o que os pelos da sua nuca arrepiassem.
- Que foi? – o menino perguntou.
- Consegui daquela que você gosta. – Will declarou. ficou confusa.
- Sério? – o tom de voz dele mudou de preguiça para interesse. – Tem aí?
- Tenho. Quer dizer, um pouco, mas eu trago mais se você quiser.
- Eu quero! Eu quero sim. – os dois riram da agitação dele.

15 de março, sexta feira. Tempe, AR.

Try to think back to back to a time when
You loved what you loved because you loved it
Before the sugar
And all the sweetness
Filled up your lungs now
It's all you breath in


Talvez e estivessem namorando, eles não queriam saber. Eles também não se importavam, mas ele estavam felizes, ela ia conhecer a família dele, os pais e o irmão, e era algo importante; a relação deles era boa, não perfeita, mas o suficiente para ela querer aprofundar mais a relação e os laços, talvez eles se amassem, mas haviam combinado não dar atenção a rótulos bobos e outras coisas.
queria ver na sua essência, sem todo aquele glamour arranjado e aquela áurea de estrela do rock. E ele queria mostrar para seus pais a garota incrível que ele havia arranjado, afinal eles sempre duvidaram de qualquer coisa que viesse dele.
Eles estacionaram na frente da casa tipicamente americana, grande, bonita, uma chaminé, tijolo a vista e uma garagem onde a banda deveria ter ensaiado inúmeras vezes. Ele pegou a mão dela quando desceram do carro, os dois andaram nervosos até o batente da porta.
- Filho! – a mãe dele atendeu a porta, jogou os braços ao redor do garoto e sorriu para a menina que soltou a mão do garoto e se colocou de canto tentando não intrometer. Depois ela cumprimentou a garota e mandou-os entrarem.
Os dois ficariam no antigo quarto dele. Era cheio de pôsteres de filmes nerds e bandas de rock, a cama era de casal, mas as cobertas eram de menino, tudo cheirava a adolescência e riu quando encontrou pornôs em baixo da cama. jogou eles no lixo depois.
- Não preciso mais disso. – ele falou de forma sedutora, ela se arrepiou, mas fingiu que nada tinha acontecido.
- Por quê? – riu, se fazendo de idiota.
- Porque eu tenho você, e você é melhor que todas essas estúpidas peitudas. – ele apontou para o lixo no canto do quarto.
- Hey, não precisa jogar na cara que eu sou despeitada. – ela riu, e ele negou com a cabeça.
- Eu amo seus peitos. – ele pegou nos dois de uma vez só, com força e derrubou a menina em cima da cama. Ela gargalhava agora, nervosa por estar na casa dos pais dele fazendo isso.
- ! – Falou meio desesperada vendo que levantava sua blusa e beijava sua barriga de um jeito que não acabaria bem, ou melhor, acabaria do melhor jeito possível.
Uma batida foi ouvida na porta, era Trey, o irmão de e ele gritou.
- Eu sei o que vocês estão fazendo, seus pervertidos, venham jantar.
ficou extremamente vermelha e xingou o irmão até a terceira geração da sua própria família, então ela desamassou a blusa e os dois foram em direção à sala de jantar.
- Então, o que você faz, ? – Perguntou o senhor .
- Eu sou atriz. – ela respondeu.
- As artes se atraem. – A mãe dele comentou saudosa.
- Possivelmente. – ela sorriu de volta.
O jantar foi agradável, era incrível como conseguia ainda assim ser engraçado e educado, de um jeito totalmente diferente do que ele era quando estava com os amigos. Ele sorria mais, estava sempre sorrindo, e seus olhos pareciam mais azuis, e seus cabelos mais limpos. estava encantada, nunca vira tão vivo, tão sóbrio.

26 de março, quinta-feira, Phoenix, AR.

They've got american candy
You're sweet and sated, so sedated
For the american kids
You're hooked and baited, annihilated


Talvez as coisas tenham sim mudado quando eles voltaram para Phoenix, era como se tivessem um segredo, uma coisa que só pertencia a eles e a mais ninguém. se sentia especial, sabia que não levava qualquer uma para conhecer os pais, e além de que a viagem tinha sido ótima, era como se agora os dois tivessem um pacto.
Mas tirando isso as coisas continuavam as mesmas, muitas festas, shows, bebidas e drogas e havia voltado a ser aquele garoto apático de sempre. Ela estava mesmo preocupada com , o menino parecia ir de mal a pior e ela nem se lembrava a última vez que o tinha visto sóbrio, e isso era literal, mesmo que eles se vissem várias vezes por semana.
A festinha da vez era no apartamento dos meninos, e estava tudo de boa, música boa, shots de tequila, uma galera razoável, nada tão grave, como quando eles levaram uma multa de 15 mil dólares porque num momento de loucura alguém jogou um vaso da sacada do vigésimo quarto andar.
Até que Will chegou, ele e mais três bandas que eles estava agenciando, e mais o que parecia para ser para um bilhão de putas, garotas de todas as idades e com todos os tipos de roupa, todos os tipo de roupas curtas. Nada contra usar roupas curtas, mas muito contra usar roupas curtas para dar para caras de banda para ficar famosa.
Ela se perdeu de todos os seus amigos quando aquela galera entrou, passou meia hora procurando, talvez mais, o som ficou mais alto e ela podia ver se pendurando na sacada de longe e dançando, como sempre, em cima da bancada, mas não estava em lugar algum.
Ela andou no meio das pessoas enlouquecidas, levando cotoveladas e afins enquanto tentava ir até o quarto dele, precisava de um tempo daquela loucura, aquelas pessoas haviam tomado muita bala para estarem daquele jeito.
Quando ela abriu a porta do quarto dele, a luz do abajur estava acessa, Will e estavam de joelho no chão, em cima da cama, várias carreirinhas de cocaína, mas o mais perturbador não foi ver o namorado jogado no chão revirando os olhos, ou o empresário fingindo cheirar, e sim a pilha de contratos assinados por um drogado e sem consciência do que estava fazendo.
Seus olhos se encheram de lágrimas, ela soluçou e chamou a atenção dos dois. Will sorriu convidando ela para se juntar aos dois, mas ela não era uma de suas groupies. olhou para , os olhos azuis dele estavam quase pretos pela dilatação da pupila, mas a parte azul ficava em destaque pelo fundo vermelho. Ele a encarou sem reação, e ela virou as costas e foi embora.

27 de março, quinta-feira, Phoenix, AR.

Even if you wanted to
You couldn't stop it's just so sweet
But this american candy
It'll rot your teeth


No dia seguinte o telefone não parava de tocar. não se lembrava de muita coisa da noite anterior, a festa saiu do controle, ele exagerou na cocaína até desmaiar, ele se lembrava de ver , o rosto contorcido, ele lembrava de cair e bater a cabeça, ele lembrava de acordar no meio da noite e cheirar o que restava, caído no tapete, lembrava da casa destruída, lembrava de e duas groupies transando na sala, e que eles estavam muito loucos ainda pela manhã, pilhados.
Ele ligava para ela, mas ela não atendia suas ligações nem respondia suas mensagens, estava em choque. A menina chorou a noite toda porque achou que nunca fosse ver o garoto daquele jeito; o problema não era ele usar drogas ou se divertir, o problema era ele assinar coisas enquanto estava fora de si, era ele não contar para ela pelo que estava passando, era ele ser manipulado e usado pelo seu empresário sem nem ao menos perceber. Os problemas estavam todos confusos, mas ela não podia abandoná-lo agora.
- Alô! – ela atendeu.
- ! Meu deus, ainda bem, eu fiquei preocupado com você.
- Eu é que fiquei preocupada com você. – ela respondeu, sem repreender, apenas com tristeza na voz.
- Me desculpa. – ele pediu sombrio. – As coisas saíram do controle.
- Como você pôde... Como... – ela estava atordoada.
- Eu vou parar. – ele rebateu.
- A questão não é essa, se você quer usar, o problema é seu.
- Qual é a questão?
- A questão é que eu achei que a gente tinha alguma coisa, eu achei que você confiasse em mim. – ela meio que gritou.
- Confiar em você? Não é sobre isso, , eu não quero que você saiba que eu sou um bosta, eu ia parar e você nem ia desconfiar que algum dia eu usei.
- Por que você não me falou? Você viu o que ele fez você fazer? Você sabe o que aconteceu, pelo menos?
- Se você não soubesse você nunca ia me odiar... – ele se explicou.
- Eu não te odeio.
- Eu me odeio. – ele disse firme e desligou o telefone.

27 de março, quinta-feira, Phoenix, AR.

Sometimes I feel as though
I'm going mad when
I get a touch of saccharine on my lips
I hate the taste on my tongue
too damn sweet
I don't fancy american candy


precisava esquecer o que havia acontecido, ele precisava de pó, ele precisava de algo que fizesse sua cabeça sair de onde estava, que fizesse com ele não se sentisse mais daquele jeito.
Ele cheirou uma, duas, três vezes e nada, nada fazia sua cabeça parar de girar. Ele pediu ajuda, ligou para Will, o empresário disse que não podia ajudar, o pó havia acabado, mas que ele tinha algo mais forte e mais eficiente. sempre falou que não passaria de cocaína, mas naquele momento era isso que ele precisava, qualquer coisa, desde que fosse mais forte.
Will chegou à casa dele e ele tinha certeza que estava trazendo crack ou alguma coisa que ele teria que recusar, mas o homem lhe ofereceu um seringa e ele injetou heroína algumas vezes, Will o deixou sozinho, chapada, pilhado, drogado, sujo, jogado em um canto do apartamento.
O quarto se transformou em um borrão e ele lembrava que havia feito algo muito ruim, muito feio, mas não lembrava o que exatamente; lembrava que havia magoado alguém. . O rosto dela apareceu em sua mente e foi a ultima coisa que ele viu antes de apagar.

3 de abril, quinta-feira, Phoenix, AR.

They've got american candy
You're sweet and sated, so sedated
For the american kids
You're hooked and baited, annihilated


Fazia uma semana que havia atingido o fundo do poço. Fazia uma semana que ele não saia do quarto, não atendia suas ligações e continuava a se drogar para continuar vivo. De acordo com ele era o único jeito para que ele não acabasse com a própria vida, cada dia ele usava uma coisa diferente até apagar e quando acordava só queria voltar para o coma induzido pelo corpo para sobreviver.
A questão é que não era sobre ou sobre a vida, era sobre dependência química, por mais que ele não soubesse disso. Os meninos já não sabiam mais o que fazer. Então interviu, falou com a amiga e aceitou ajudar. Afinal de contas ela ainda o amava, e ele precisava dela mais do que nunca, esteve sendo egoísta por todo esse tempo.
Alguém bateu na porta, levantou a cabeça, ele estava do outro lado do quarto, atrás da cama, jogado no chão. Depois de algumas batidas e alguns minutos, alguém entrou sem se importar com privacidade e outras coisas.
- . – ela chamou. Ele fechou os olhos, era apenas mais uma de suas alucinações.
- Sai. – ele respondeu grogue, sua voz nem parecia com a sua.
- . – ela o localizou do outro lado do quarto, seus olhos azuis estavam com a pupila dilatada, vermelhos e escuros ao redor. Seus cabelos oleosos e fedidos, ele todo estava fedido e muito sujo. Ela o abraçou sem pensar duas vezes e chorou.

20 de abril, quinta-feira, Phoenix, AR.

Even if you wanted to
You couldn't stop it's just so sweet
But this american candy
It'll rot your teeth until your gums they bleed


havia falado que ia parar com tudo aquilo, ele só precisava de um tempo. Ele sabia agora como o empresário agia e estava consciente das drogas que usava e quando usava, não estava satisfeita, mas ela não podia abandoná-lo agora, ele dizia que ia parar quando fosse preciso, mas ela sabia que a questão não era essa, mas havia decidido esperar até que as coisas pudessem ser feitas da melhor maneira possível.

20 de agosto, segunda-feira, Phoenix, AR.

I hate the taste on my tongue,
too damn sweet
I don't fancy american candy


se sentia melhor usando suas próprias roupas, elas estavam limpas, cheiravam a amaciante, todo o cheiro de cigarro havia sido tirado de lá para que nada lhe lembrasse de seus hábitos antigos. Ele vestiu e se olhou no espelho confiante, a barba feita, as olheiras fracas, sua aparência era boa, seu coração estava confuso.
Fazia um mês que ele estava na reabilitação, havia acordado ali logo, a última coisa que se lembrava era do enterro de Will, ou pelo menos um borrão dele. Ele tinha vergonha do que tinha feito, ele havia discutido isso inúmeras vezes com a psicóloga; não que fizesse alguma diferença, agora sabia que pessoas queridas lhe esperavam lá fora. Talvez os meninos, ou os pais e o irmão, talvez fossem levá-lo embora, pra longe da banda e de tudo que ele sempre sonhou e não podia culpá-los. A culpa era sua.
Ele respirou fundo como aprendeu a fazer para manter a ansiedade baixa, olhou pra cima e depois para baixo, então fechou os olhos e saiu. Procurou por rostos conhecidos assim que passou pela porta e só viu um, muito abaixo da linha de cabeças comuns estava ela. . O rosto esperançoso, os olhos se encheram de lágrimas e ela sorriu. Ele não esperava vê-la, justamente ela ali.
Ele correu, mas foi como se o tempo parasse e ele estivesse em câmera lenta, os pequenos passos que separavam os dois parecia uma maratona. E nenhuma droga em toda a sua vida trouxe o torpor que foi pegar o amor da sua vida em seus braços.
Ela gargalhou em seu ouvido e ele a apertou onde sabia que ela gostava de ser apertada. Ele beijou sua bochecha e então sua boca e então seus olhos e cheirou seus cabelos ainda a segurando em seu colo e ouvindo a menina rir sem parar.
- Como você está? – ela pediu quando ele a colocou no chão.
- Eu te amo. – ele respondeu, selando os lábios em um beijo doce, cheio de paixão e saudades.



Nota da autora: (11.03.2016) Sem nota.




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