Parte I
Junho de 2002
Vez ou outra Harry ainda visitava a escola que foi seu lar por alguns anos, Hogwarts, e dessa vez o que motivava a visita não tinha nada ver com o seu trabalho como Auror. Na noite anterior ele havia recebido uma carta de uma Professora que prometia lhe dar a resposta que procurava desde aquele 2 de maio de 1998.Antes, porém, resolveu cumprimentar uma velha conhecida e rumou pelos corredores até a torre oeste do castelo onde ficava a entrada para a sala da Diretora.
- Dumbledore. - ele disse e a escada que o levaria até a sala se revelou. Ele conhecia bem o caminho e sabia que Minerva McGonagall havia mantido aquela senha em homenagem a um dos maiores bruxos da história - Com licença, Professora. - ele disse após algumas batidinhas na porta semi-aberta.
- Harry! - Minerva se levantou da cadeira de sua escrivaninha e caminhou em direção ao seu ex-aluno, envolvendo-o em um breve abraço - O que faz aqui? - ela indicou o caminho para Harry para que ambos se sentassem e conversassem confortavelmente.
- Uma de suas professoras me enviou uma carta, disse que tinha a resposta para aquela questão.
- É mesmo? Quem? - ela perguntou intrigada enquanto ajeitava os óculos no rosto.
- Bonnopoccio.
- Ah! A nossa professora de Poções!
- O que houve com Slughorn?
- Ele resolveu retornar a aposentadoria logo após a Batalha. Disse que só havia retornado porque Dumbledore sabia ser bastante persuasivo e já que Voldemort foi derrotado, e Dumbledore está morto, ele não via mais motivos para não aproveitar a aposentadoria. - explicou a professora.
- E como a professora Bonnopoccio chegou aqui? Eu nunca ouvi falar dela… - perguntou Harry.
- Enquanto organizávamos Hogwarts para o início do ano letivo de 1998, eu acabei encontrando algumas anotações de Dumbledore, entre elas uma carta de Severo Snape, de 1996 que pedia que ele considerasse a professora Bonnopoccio para o cargo de Mestre de Poções aqui, mas como bem sabemos, Alvo tinha outros planos. - ela suspirou - Imaginei que ela fosse boa, afinal, porque outra razão ele guardaria a carta? - a pergunta retórica foi respondida pelo homem que carregava uma cicatriz em formato de raio na testa com um simples sorriso - Eu mesma tive o prazer de ser professora dela e me lembrei que ela só tinha notas excelentes quando estudou aqui assim que pus os olhos nela!- Minerva falou animada - Os alunos gostam de . Tem se saído muito bem!
- Isso é ótimo! - ambos sorriram. Era bom saber que as coisas estavam indo bem em Hogwarts - Acho melhor eu ir encontrá-la. Tenho que retornar ao Ministério ainda hoje. - ele ficou de pé - Foi um prazer revê-la, Professora.
- Igualmente, Potter. Vai encontrá-la nas masmorras, na sala de poções.
- Imaginei!- ele deu um sorrisinho e saiu.
Caminhar pelos corredores de Hogwarts trazia para o rapaz um sentimento de nostalgia quase palpável. Era como se a qualquer instante ele fosse encontrar a versão mais nova dele mesmo e de seus melhores amigos, Rony e Hermione, correndo para a próxima aula.
O verão se aproximava e com ele o fim do ano letivo. Alunos de vários anos andavam apressados pelos corredores com uma porção de livros nos braços. Disso Harry definitivamente não sentia falta. O frio dos corredores das masmorras também não causava saudades em Harry, mas ele estava ali e seu estômago estava dando voltas, ansioso para finalmente saber a resposta que tem procurado. Em algum lugar, bem no fundo, ele desejava que os boatos fossem verdadeiros, mas sabia que as chances eram pequenas.
- Muito bem, crianças! Coloquem as coisas nos lugares. Terminamos por hoje! - Harry ouviu a voz da professora quando já estava perto o suficiente da porta. Resolveu esperar que todos os alunos saíssem antes de entrar.
Não que tenha sido diferente em toda a sua vida, mas foi engraçado ver a reação dos alunos, que deviam ser no máximo do segundo ano, dando de cara com o famoso Harry Potter. Cochichos, risadinhas e várias olhadas para trás para conferir se era ele mesmo.
Assim que o último aluno saiu da sala, Harry entrou.
- Professora Bonnopoccio? - ele disse enquanto ela verificava alguma coisa nas prateleiras.
- Sim! - virou-se rapidamente e abriu um sorriso quando reconheceu o homem à porta.
Bonnopoccio era uma mulher de quase quarenta anos, estatura mediana, de cabelos negros compridos e ondulados que serviam de moldura para os olhos verdes que sorriram para Harry. Suas vestes eram em tons de roxo escuro e por cima utilizava uma capa preta bastante semelhante a de um antigo professor de poções
- Senhor Potter! Que bom que veio!
Harry entrou na sala e foi ao encontro dela, que fazia o mesmo, se encontraram no meio do caminho e se deram as mãos.
- Só Harry, por favor.
- Certo. É um prazer! - sorriu afetuosa - Sente-se. A história é um pouco longa.
Dezembro de 1977
Era o primeiro ano de Bonnopoccio na melhor escola de Magia e Bruxaria da Grã-Bretanha e apesar de estar sendo uma das melhores épocas da vida da menininha, o mundo bruxo estava tenso mediante o crescimento do número de seguidores daquele que se intitulou Lorde e dos seus ideais de supremacia dos puro-sangue. - Você vai para casa no Natal? - Josephine perguntou a .
- Meus pais acham melhor eu ficar aqui. Hogwarts é segura - E você?
- Acho que também vou ficar… - Jo respondeu enquanto ambas observavam a paisagem coberta de neve.
e Josephine se conheceram ainda crianças em Ottery St. Catchpole, vilarejo bruxo onde as duas foram criadas. Compartilharam a alegria de receber a carta de Hogwarts e não se desgrudaram nem um segundo sequer quando entraram no Expresso de Hogwarts na estação 9¾ até serem separadas pelo Chapéu Seletor que colocou Josephine Knight na Corvinal e na Sonserina.
- Outro dia eu acordei com sede de madrugada e ouvi umas conversas estranhas. Uns meninos do sétimo ano estavam falando que mal viam a hora de se formar para poder se juntar ao… - não conseguiu pronunciar o nome do bruxo.
- Certeza que aquele Severo Snape faz parte desse grupinho. - Josephine comentou - Você já ouviu a história de que ele chamou a Lílian Evans de sangue-ruim? Parece que eram amigos antes disso e colocar uma questão de sangue acima da amizade é bem a cara de gente que se juntaria a você-sabe-quem.
- Sim. Eu ouvi a voz dele. - falou em um sussurro.
- O que foi, ?
- Você sabe o quanto eu gosto de poções, não sabe? - a amiga concordou - O professor Slughorn disse que eu realmente tenho talento para a coisa, que vai ser uma honra me ensinar nas turmas avançadas de poções depois do quinto ano e me aconselhou a estudar bastante com os livros e pedir ajuda a alunos mais velhos. Severo Snape é um dos melhores com poções e eu tinha esperanças de pedir ajuda para ele, afinal somos da mesma casa, mas… Apesar de ser filha de bruxos, eu tenho sangue trouxa correndo nas minhas veias também. Eu não ficaria confortável com a situação.
- Por isso você ficou triste? - a amiga deu um sorrisinho compreensivo - Deveria procurar outro aluno então! Lílian é ótima com poções também.
- Será que ela ajudaria uma aluna da casa que mais tem bruxos das trevas?
- Isso você só vai saber se perguntar! - Josephine abraçou a amiga de lado - E eu sei que não sou nenhuma mestre em poções, mas se ela não topar, eu ficarei muito honrada em estudar com você. Podemos aprender juntas!
- Obrigada, Jo!
- E para finalizar…? - Lílian perguntou.
- Tem que adicionar sangue de salamandra até que a poção fique verde. - respondeu num tom entre a certeza e dúvida esperando que a mais velha confirmasse.
A primeiranista teve que reunir um pouquinho de coragem para ir falar com Lílian e deu tudo certo no final. A garota do sétimo ano disse que poderia ajudá-la um pouco durante o recesso de fim de ano já que também ficaria na escola para o natal. E desde que o recesso começou as duas tem se encontrado duas vezes por semana para estudar poções com Lílian Evans. A única parte ruim é que não duraria muito tempo, então Bonnopoccio estava se esforçando para aprender tudo que podia no tempo que tinha.
- Isso! E então a Poção Wiggenweld estará pronta! - a ruiva sorriu - Acho que…
- Evans! - Às vezes os estudos eram interrompidos - Esqueceu que vamos a Hogsmeade? - Tiago se sentou ao lado da menina e lhe deu um beijo na bochecha.
- Não esqueci, Tiago. Só estava finalizando aqui com .
- Ah! Oi, ! - ele sorriu para ela e ela sorriu de volta respondendo baixinho. Ela não gostava quando Tiago atrapalhava.
- Como eu ia dizendo… - Lílian retomou - Acho que por hoje é só! Você está indo muito bem!
- Obrigada! - a primeiranista agradeceu verdadeiramente feliz - Até semana que vem então? - perguntou juntando seus livros o mais rápido possível.
- Sim! - a ruiva sorriu e elas se despediram.
- Ainda não acredito que você está ajudando uma aluna da sonserina. - mesmo afastada da mesa, ainda conseguiu ouvir o comentário de Tiago.
- Nem todo mundo da sonserina é como você-sabe-quem, Tiago. - Lílian repreendeu.
Fevereiro de 1981
O dia dos namorados estava chegando e estava cada vez mais comum ver alguns bilhetinhos voando pelos corredores da escola por que esse ano haveria um baile do dia dos namorados e ninguém queria ver a pessoa por quem estava afim chegando lá com outra pessoa, não é mesmo?
- A maioria das pessoas do quarto ano já tem par, acho que só a gente que não. - Jo comentou com enquanto passavam pela porta de entrada da biblioteca.
- Não estou muito preocupada com isso. - respondeu sorrindo com a aflição da amiga.
- Porque não? Já foi convidada por alguém? - perguntou em um tom mais alto.
- Silêncio! Isso é uma biblioteca! - pediu Madame Pince, a bibliotecária.
- Desculpe. - pediu - Sim. Trevor me convidou e eu sei que você também já recebeu um convite. Eu ouvi aquele menino do quinto ano conversando com uns amigos e disse que você tinha dito que pensaria.
- Mas eu não quero ir com Alfred.
- Então diga isso a ele. - finalizou procurando na prateleira o livro que o professor Slughorn havia indicado.
- Esse Trevor é o da sua casa?
- Sim. - respondeu sem dar muita atenção.
- Ele é bonito.
- É.
Trevor era um garoto do quinto ano que possuía olhos verdes e o cabelo castanho constantemente bagunçado, era uma beleza comum, mas ainda assim tinha seus admiradores, mas como era meio carrancudo, as pessoas evitavam se aproximar. De família trouxa, ele era um dos melhores alunos em Defesa Contra as Artes das Trevas e por esse motivo ele acabou se aproximando de . Ela tinha dificuldades com a matéria e foi aconselhada a pedir ajuda nas horas vagas para melhorar suas notas. No começo a interação era meio esquisita, mas tornaram-se até amigos, concordando em irem juntos ao baile para não ter que lidar com outras pessoas que muito provavelmente teriam outros interesses.
- Você realmente não está muito empolgada com o baile, né?
- Não, Jo. - voltou a olhar a amiga já com o livro nas mãos - Eu só vou porque desde que os passeios a Hogsmeade foram suspensos, nós não temos muito com o que nos distrair além do quadribol.
- Entendi. - Josephine voltou a atenção para a prateleira para pegar os livros que precisava enquanto ia atrás de uma mesa para as duas sentarem e estudarem.
- Quantos livros! Pra quê isso tudo? Estamos longe das provas!
- Tenho que ter as melhores notas se eu quiser ser escolhida para ser monitora ano que vem. - explicou Josephine - E esse livro aí? É sobre o que?
- Legilimência e Oclumência.
- Porque você está lendo sobre isso?
- Acho que pode ser útil se soubermos essas coisas. Nos proteger caso algo nos aconteça quando estivemos em casa durante a Guerra. Nas nossas casas não teremos a proteção constante de Dumbledore… - elas evitavam falar sobre a Guerra que estava acontecendo lá fora para não ficarem muito preocupadas e seus rendimentos escolares serem baixos - Fora que, se eu aprender, posso ensinar meus pais. Deve ser útil.
- E você vai aprender sozinha?
- Não custa tentar!
- O Chapéu Seletor não errou mesmo em te colocar na Sonserina. Ambiciosa...- ambas riram e começaram a estudar em silêncio depois de uma dura olhada da Madame Pince.
Setembro de 1981
Diferente de muitos outros anos, naquele 1° de setembro a plataforma 9¾ não estava lotada de parentes dos alunos de Hogwarts. A verdade é que ali estavam somente os pais dos alunos mais novos, do primeiro e segundo ano. A Guerra Bruxa estava nos seus piores dias e o retorno a Hogwarts significava proteção para os jovens bruxos, já que Voldemort não se atreveria atacar a escola com Dumbledore como diretor. - … Você não acha isso errado? - Jo questionou quando já estavam em sua cabine no Expresso.
- O que? Voltarmos a Hogwarts? - viu a amiga assentir - Jo, somos jovens demais. Os Comensais sabem de feitiços que a gente só ouviu falar. Não seríamos úteis… E se… Se tudo der errado, o mundo vai precisar de novos bruxos prontos para lutar e estaremos prontos quando a hora chegar.
- É, talvez você tenha razão. Mas vai ser um ano difícil…
O quinto ano é um dos anos mais importantes para um aluno de Hogwarts visto que é nesse período que os alunos devem se preparar para os NOMs (Níveis Ordinários de Magia) e já começar a pensar no que farão de suas vidas no futuro, coordenando seus estudos para atender as exigências da profissão escolhida.
- Vai… Mas vamos ir muito bem nos NOMs porque temos estudado bastante desde o ano passado.
- Tomara que a gente esteja viva até lá.
- Quando foi que você ficou tão pessimista, Jo? - se arrependeu no instante em que deixou as palavras escaparem.
Assim como a família de , parte da família de Josephine era trouxa e no início das férias de verão uma de suas tias foi assassinada por Comensais da Morte. Não era de se estranhar que Jo estivesse com medo de perder outros parentes e sentisse muita vontade de lutar.
- Me desculpe.
- Tudo bem.
conhecia a menina dos cabelos cacheados cor de mel a muitos anos e talvez nunca tinha visto ela tão sem vida como naquele dia. Partia o coração da amiga vê-la assim, mas não tinha muito que ela pudesse fazer, a não ser controlar bolas fora como aquela que ela tinha acabado de dar.
Ficaram em silêncio na cabine por um tempo até que outros dois alunos da sonserina, que reconheceram , perguntaram se podiam ficar com elas. E eles não calavam a boca, tinham muito assunto para colocar em dia. Não demorou muito para que o trem deixasse a estação para trás e seguisse o caminho até Hogwarts.
Todos os anos é sempre igual, o Salão Comunal começa a primeira noite do ano letivo mais vazio que o habitual devido a ausência dos alunos que se formaram no ano anterior, mas depois que o Chapéu Seletor faz o seu trabalho, as grandes mesas ficam cheias como devem ser. E como em toda festa de início de ano letivo, os alunos aguardavam ansiosamente pelo delicioso banquete…
- Vocês viram quem está na mesa dos…
- Silêncio, Trevor! Dumbledore vai falar! - pediu uma aluna do quinto ano.
… que sempre é servido depois do famoso discurso do Professor Dumbledore.
- Aos primeiranistas, bem-vindos! Aos nossos antigos alunos, é bom tê-los de volta! Espero que tenham aproveitado o tempo com aqueles que lhes são caros. - diferentemente de outros anos, Dumbledore não carregava um largo sorriso nos lábios, tinha a expressão um pouco mais dura, mas ainda simpática na medida do possível - Como de costume, peço a sua atenção para os avisos de início de semestre. Alunos do primeiro ano é proibido aos estudantes ir à floresta que fica em nossa propriedade. Nosso zelador, Argo Filch me pediu para lembrar a todos de que não é permitido praticar magia nos corredores entre as aulas e mais uma série de coisas que estão numa lista na porta da sala dele na torre leste do castelo. - Filch que estava de pé próximo a mesa dos professores esboçou um sorriso estranho em seus lábios, satisfeito com o recado - Este ano tivemos uma mudança no corpo docente de nossa escola. O Mestre de Poções, Horácio Slughorn, após anos lecionando aqui em Hogwarts decidiu se aposentar. O professor Severo Snape será agora o nosso Mestre de Poções e diretor da casa da Sonserina. - vários aplausos educados se espalharam pelo salão.
No momento em que Dumbledore anunciou que Horácio Slughorn havia se aposentado o coração de entrou em descompasso, como faria para ser a melhor em Poções sem o melhor professor para ensiná-la? Na frase seguinte ela ficou ainda mais assustada, pois assim como vários outros sonserinos, ela sabia que Snape tinha se aliado ao Lorde das Trevas assim que deixou Hogwarts. Como Dumbledore permitiria que ele lecionasse ali? O futuro e a matéria preferida de agora estavam nas mãos de um Comensal da Morte.
- Como vocês bem sabem… - Dumbledore voltou a falar assim que as palmas cessaram - estamos no meio de uma guerra contra as trevas e é de suma importância nos mantermos seguros, portanto, as visitas a Hogsmeade permanecem suspensas até segunda ordem. - não houveram muxoxos de desapontamento, visto que todos sabiam que não era uma situação boa para se dar sorte para o azar - No mais, mantenham-se dentro dos terrenos da escola, obedeçam as regras, ouçam seus professores e aprendam o máximo que puderem. O Banquete está servido!
No instante seguinte a comida preparada pelos elfos domésticos na cozinha no andar debaixo apareceu magicamente nas mesas do Salão Comunal. As expressões de surpresa dos alunos do primeiro ano eram sempre as mesmas, afinal, não é todo dia que todo tipo de comida com a melhor aparência e cheiro aparecem bem na sua frente.
se deliciou com costelas de cordeiro e batatas assadas com seus colegas de casa e aproveitou para conversar sobre os últimos três meses. Apesar de a Sonserina ter sido uma casa fundada por um bruxo que acreditava na ideia de que somente os sangues-puros deveriam frequentar Hogwarts, essa não era a realidade. Muitos ali eram mestiços ou nascidos-trouxas e não apoiavam o que estava acontecendo no mundo bruxo fora dali. Grande parte deles temia pelos seus familiares, exceto um ou outro que se vangloriava por ser sangue-puro e ter algum parente lutando ao lado de Voldemort.
As horas foram passando e logo alguns dos professores foram se recolhendo para seus aposentos. Assim que viu que Dumbledore ia se retirar ela entrou em conflito interno se deveria ou não alertá-lo sobre a real lealdade de Severo Snape. O diretor já deveria saber não é mesmo? Mas e se não soubesse? E se ela pudesse evitar uma catástrofe dentro da escola? Quando Dumbledore estava bem próximo da saída do Salão, se levantou e só o alcançou quando ele já estava no meio da escadaria.
- Professor Dumbledore. Professor Dumbledore! - ela chamou.
- Sim! - ele parou bem no meio da escadaria e virou para ela - Diga, senhorita Bonnopoccio. - a menina olhou ao redor para ver se não tinha ninguém por perto - Podemos conversar em minha sala se achar melhor.
- Claro. - ela concordou ficando mais aliviada em saber que teria menos risco de Snape pegar ela falando sobre ele. Tinha certeza que ele não hesitaria em usar uma maldição imperdoável contra ela.
Eles caminharam em silêncio até a sala do Diretor. Dumbledore sabia muito bem respeitar o espaço dos alunos e fazer com que eles se sentissem confortáveis para falar. Assim que entraram na sala repleta de quadros de antigos diretores da escola, Dumbledore se sentou na cadeira atrás da escrivaninha e ofereceu a cadeira da frente para .
- Aceita algum doce?
- Não, obrigada.
- O que são algumas balinhas perto do banquete lá embaixo, não é mesmo? - ele sorriu afetuoso para a menina por cima dos oclinhos de meia-lua - Mas me diga, senhorita, o que está te atormentando.
- Eu… - hesitou, mas já tinha chegado até ali. Respirou fundo e disse - Eu não acho que seja uma boa ideia ter Seve… O professor Snape no corpo docente de Hogwarts. Ouvi histórias de que ele se aliou a você-sabe-quem. E se tudo isso não passar de um plano? E se ele for um perigo para a nossa segurança? Eu ainda quero me tornar Mestre em Poções e preciso estar viva para isso. - ela disparou em um fôlego só.
- Compreendo suas preocupações. - Alvo Dumbledore sorriu mais uma vez - Eu também as teria no seu lugar. Imagino que muitas coisas circulam entre as paredes da Sala Comunal da Sonserina, no entanto, te asseguro que Severo Snape é de confiança e, apesar de não poder lhe dar provas de que a lealdade dele está do nosso lado, peço que confie em mim. Eu jamais colocaria a vida de vocês em risco. - explicou em tom calmo que acabou por acalmar o coração de - E digo mais, Severo foi um dos melhores alunos em poções. Garanto que ele será um ótimo professor e te ajudará para que no futuro você assuma o seu lugar no mundo bruxo como Mestre em Poções. - ambos sorriram - Não se preocupe, .
- Obrigada, Professor.
- Agora vá descansar! O quinto ano não é fácil!
A menina agradeceu mais umas três vezes antes de sair da sala do diretor. Se Dumbledore estava falando que estava tudo bem, quem era ela para discordar.
No meio do caminho até as masmorras ela encontrou seus colegas de casa e junto com eles foi para o dormitório. Dumbledore estava certo, o quinto ano não seria fácil e estar descansada para o primeiro dia devia adiantar de alguma coisa.
Com certeza uma das coisas que mais sentia falta de Hogwarts eram as refeições fartas. Não que na sua casa faltasse comida, mas a diversidade era incomparável. Alguns dias ela ia dormir já pensando no que escolheria no café da manhã.
- Você correu para aprender com Lílian e no final vamos todos ter que aprender com o Professor Snape. - Jo comentou entre uma mordida e outra no pão.
- Pois é… Falei com Dumbledore sobre isso ontem.
- O que? - A amiga logo baixou o tom de voz, incrédula.
- Eu fiquei com medo de ele estar do lado de você-sabe-quem. Eu nunca vou esquecer do que ouvi no primeiro ano, Jo. - respondeu no mesmo tom - Poderia ser arriscado para nós. Aí eu apresentei meu medo para Dumbledore.
- E você achou que ele não sabia? Que colocaria um comensal aqui sem saber? Fala sério, ! Ele é o bruxo mais poderoso que conhecemos!
- Eu sei, só fiquei assustada. - suspirou - Deve ter acontecido alguma coisa pra ele mudar de lado assim...
- Com certeza. Só não vai chegar na aula dele e dizer: “E aí, professor! O que te fez mudar de ideia?” - Jo gargalhava.
- Qual a graça, meninas? Também quero rir. - Alfred, agora aluno do sexto ano da Corvinal se aproximou das duas e sentou-se ao lado de Jo.
Era cristalino como água o interesse de Alfred em Josephine, mas a menina fingia que não sabia de nada e se divertia com isso. Para Jo o mundo precisava que ela se preocupasse com outras coisas muito mais importantes do que com namoradinhos.
- Nada não. - Jo respondeu sorrindo pra ele.
- Qual a primeira aula de vocês hoje? - Alfred puxou assunto enquanto pegava um pouco de suco de abóbora.
- Herbologia e você? - respondeu a menina ao seu lado.
- Também! Seria isso uma coincidência ou obra do destino? - quase se engasgou tentando segurar o riso.
- Alfred, estamos em anos diferentes. Você não está na minha turma de herbologia. - Jo falou com as sobrancelhas erguidas.
- Ok, ok. Fui pego.
O garoto se rendeu e eles ainda ficaram ali conversando por um tempo até que fosse a hora de ir para suas respectivas aulas.
Depois do almoço vários alunos do quinto ano se dirigiam à sala de poções carregando com sigo alguns livros, ingredientes e seus caldeirões. Alguns falavam animados sobre o novo professor e outros temerosos, não pelos mesmos motivos de , mas Severo Snape era um rapaz muito jovem e eles tinham dúvidas quando comparavam com os anos de experiência de Slughorn.
- Eu espero de verdade que essa mudança de professores não afete o meu aprendizado. - Elle, uma sonserina de longos cabelos loiros, comentou com Jo e .
- Eu também. - concordou Jo.
- Eu estava tendo aulas particulares com Slughorn, espero que o Professor Snape dê continuidade a isso. - falou em tom de preocupação.
- Acha que Slughorn deixou uma lista de alunos como você? - Jo perguntou.
- Não. Ele era um bom professor, mas meio atrapalhado. Fazer lista para outro professor não é a cara dele. - suspirou - Vou ter que falar com Snape no final da aula.
- Boa sorte. - disseram Elle e Jo juntas antes das três passarem pela porta e tomarem seus lugares nas bancadas.
As conversas que aconteciam no caminho não cessaram até que o Professor Snape pigarreasse alto e pedisse silêncio.
- Bem vindos a aula de poções. Abram seus livros na página dez. Vamos estudar sobre a Poção Projecto de Paz. - o professor aguardou até que todos estivessem com seus livros abertos para perguntar - Alguém sabe me dizer qual a finalidade dessa poção? - imediatamente levantou a mão - Senhorita…
- Bonnopoccio. - ele assentiu e ela continuou - É uma poção difícil de ser feita e…
- Perguntei a finalidade e não grau de dificuldade. - Snape interrompeu-a e voltou a olhar por toda a classe - Alguém mais? - tornou a levantar a mão - Sim?
- E ela tem a finalidade de proporcionar conforto, acalmar, amenizar os efeitos da ansiedade.
- Exato. - o professor procurou pelo brasão da casa da menina em suas vestes e disse - Cinco pontos para Sonserina. - Depois de uma breve pausa ele continuou a aula - Como pontuado pela senhorita Bonnopoccio, a poção Projecto de Paz tem seu processo de fatura complicado dado a rigidez de movimentos e do tempo para produzi-la. Ela foi inventada por…
Toda a turma estava bastante atenta a cada palavra do professor. Alguns por estarem realmente interessados no assunto e outros por medo já que o homem tinha se mostrado bastante duro. Foi uma aula inicial e bastante teórica onde vários alunos mostraram que o Professor Slughorn havia feito um ótimo trabalho ensinando-os nos anos anteriores. Não que Snape achasse que o contrário fosse provável, tendo ele mesmo sido aluno do antigo Mestre de Poções.
Assim que Severo Snape informou que a aula havia chegado ao fim, alguns alunos se permitiram voltar a respirar normalmente e juntaram suas coisas para sair o mais rápido dali. Já ficou ainda mais tensa, visto que a hora de falar com o professor sobre suas aulas particulares havia chegado.
- Sim? - disse Snape assim que percebeu a aluna parada a sua frente.
- Eu estava tendo aulas particulares de poções com o Professor Horácio Slughorn e gostaria de saber se existe alguma possibilidade de elas terem continuidade com o senhor.
- O que te faz achar que eu lhe daria aulas particulares, senhorita Bonnopoccio? - respondeu seco - Não é porque eu sou diretor da sua casa que eu lhe darei privilégios.
- Bom… - ela foi pega desprevenida. Esperava um “não” mais direto - Eu sou uma das melhores alunas nessa matéria e pretendo me tornar Mestre em Poções um dia.
- Quanta prepotência. - no mesmo instante, abaixou o olhar - Hoje você me pareceu realmente boa… Vou te observar por um tempo e lhe manterei informada sobre essas tais aulas particulares.
- Obrigada, Professor.
Ela olhou para ele agradecida pelo quase elogio e feliz por ter a possibilidade de conseguir suas aulas particulares de volta. Foi até a bancada, pegou suas coisas e saiu dali encontrando Elle que a esperava para irem juntas para a aula de Adivinhação enquanto que Jo tinha Trato das Criaturas Mágicas naquele horário.
Snape ainda dentro de sua sala, preparando-se para a próxima turma que chegaria em instantes, estava satisfeito por ter uma aluna de sua casa tão interessada em poções quanto ele era em seu tempo em Hogwarts. Ele já sabia a resposta para o pedido da menina, mas trataria todos os alunos igualmente independentemente da casa e ela teria que provar que merecia o tempo dele.
Novembro de 1981
A Guerra Bruxa havia encontrado o seu fim e para a alegria da grande maioria, o bem venceu. O Lorde das Trevas havia sido derrotado pelo pequeno Harry Potter, que agora era conhecido como o menino-que-sobreviveu. Não demorou muito para que a notícia chegasse em Hogwarts e os alunos e professores ali presentes respiravam mais aliviados pelos corredores. - Estou feliz que tudo isso tenha finalmente terminado, mas fico triste que Lílian e Tiago Potter tenham morrido… - Jo comentou enquanto caminhavam até o Salão para o almoço - É estranho pensar que quando chegamos aqui eles estavam vivendo tranquilamente e agora deixaram um filhinho sozinho.
- É realmente triste. Lílian era uma pessoa muito legal…
- Meu docinho de abóbora! - as duas ouviram a voz de Alfred atrás delas ainda distante.
- Se você não gosta do apelido devia falar pra ele. - falou baixinho depois que as duas viraram e esperavam o rapaz se aproximar.
- , você precisa parar de treinar legilimência em mim! - Jo respondeu entre dentes no mesmo tom.
Depois de se dedicar muito, ao final do quarto ano, Josephine foi comunicada pelo Professor Flitwick, diretor da sua casa, que tinha sido escolhida como monitora e começaria no próximo ano letivo. Alfred também era monitor, então eles acabaram tendo que conviver um pouco mais, já que das reuniões dos monitores ela não tinha como fugir dele como fazia na sala comunal da Corvinal. E claro que Alfred não desperdiçaria a chance. No final das contas, na esperança de que Alfred deixasse ela em paz, Josephine aceitou sair com ele um dia. Como não podiam ir a Hogsmeade, Alfred planejou um piquenique, com comidas roubadas da cozinha, para os dois no gramado próximo ao campo de quadribol e eles se deram tão bem que tem se visto desde então. estava feliz ao ver que a amiga estava recuperando a alegria e a fase do luto estava passando.
- Oi, Al! Estamos indo almoçar. Você vem?
- Claro! - ele respondeu passando o braço ao redor dos ombros de Jo - Tudo bem, ?
- Sim! - sorriu e os três caminharam juntos para a origem daquele cheiro maravilhoso.
Como sempre a mesa estava farta e pegou um pouquinho de tudo que coube no seu prato. A sonserina gostava do namorado da amiga, mas ficava mais na dela quando os dois estavam juntos à mesa e no fim sempre acabava terminando de comer primeiro.
- ! - a voz de um menininho do primeiro ano se fez presente despertando a menina que encarava perdida o teto encantado do Salão - O professor Snape pediu para que te entregasse isso. - e estendeu um pedaço de papel dobrado na metade para ela.
- Obrigada, David! - ela pegou e o menino se afastou.
Ela desdobrou o papel e leu o seguinte:
Professor Severo Snape”
- Snape? - perguntou Jo que não tinha prestado atenção que David tinha passado ali.
- Sim!
- Mais tranquila?
- Sim! Tudo no seu devido lugar novamente!
De barriga cheia e cabeça pronta para aprender tudo que Snape pudesse ensinar, caminhava sozinha de volta às masmorras para primeiro pegar suas coisas no dormitório e depois ir para a Sala de Poções. Snape era um professor bastante atento e normalmente ele era o primeiro a cumprimentar, mas naquele dia ele estava de costas para a porta, encarando a noite pela janelinha acima das prateleiras repletas de vidros de poções e não viu chegar.
- Boa noite, Professor.
- Boa noite. - ele virou-se num sobressalto e então a aluna percebeu que havia algo errado.
Severo Snape nunca foi uma pessoa de expressões leves, mas naquela noite tudo parecia elevado a enésima potência. Apesar de ser novo, vinte e um anos naquele momento, ele parecia ter envelhecido anos em alguns dias em que deixou de vê-lo. Os olhos estavam sem vida, sua pele parecia ainda mais pálida em contraste com o cabelo preto que parecia mais engordurado do que nunca. “É mais fácil penetrar na mente das pessoas que estão vulneráveis”. Severo Snape estava vulnerável, ainda não tinha total controle legilimência e então ela viu.
Uma briga estava acontecendo no quarto ao lado e o menininho de cabelos negros estava encolhido na cama com medo. De repente estava do lado de fora da casa, num campo, conversando com uma menina ruiva que devia ter a mesma idade que ele. Ele sorria e ela sorria também enquanto observavam as flores dançarem conforme eles mexiam as mãos. Um apito de trem foi ouvido, conhecia muito bem aquele som, era o Expresso de Hogwarts. As duas crianças conversavam em sua cabine que de repente foi invadida por outros dois meninos. os reconheceu: Sirius Black e Tiago Potter. A cena mudou e estavam em Hogwarts. Tiago e seus amigos estavam caçoando do pequeno Severo. Severo se juntou a outros meninos de sua casa e pregou peças em Tiago, Sirius, Remo e Pedro. Agora estavam mais velhos. Tiago estava usando um encantamento para deixar Severo de cabeça para baixo e com as roupas debaixo aparecendo. Lílian defendeu o amigo. Severo ofende Lílian. Severo observa Lílian e Tiago juntos. Severo conversa com uma figura encapuzada. Severo está desesperado falando com Dumbledore. Severo entra em uma casa, passa por Tiago Potter morto no chão. Severo sofre ao ver Lílian Potter morta. Uma corça.
- Você a amava… - falou num sussurro ainda encarando o professor.
- O que você fez? - ele andou a passos largos e firmes na direção da menina. Encolerizado perguntou mais uma vez quase gritando - O que você fez?
- Me desculpe… Eu não queria… - respondeu de cabeça baixa sentindo o coração e a respiração acelerados - Me desculpe, professor.
No instante que ele ouviu a menina o chamar de professor se lembrou de que agora esse era o cargo que ele ocupava na escola e não importava o quanto estava doendo, gritar com alunos poderia lhe custar seu emprego.
- Quem te ensinou isso? - Snape perguntou tentando se acalmar.
- Eu aprendi sozinha. Quer dizer, o professor Slughorn me iniciou e me indicou um livro porque eu queria me proteger com a oclumência, mas eu precisava aprender primeiro como a legilimência funciona para que eu pudesse usar a oclumência da melhor forma. E bom, esse não era o ponto forte do Professor Slughorn. - explicou num fôlego só, mas seu professor se manteve em silêncio - Por favor, me desculpe. Seus sentimentos e memórias estavam muito agitados e eu não consegui evitar. Isso não vai se repetir.
- Eu devia obliviar você, mas tenho quase certeza que se desconfiarem disso eu perderei meu emprego. - Snape bufou e se pôs a pensar numa solução enquanto continuava a olhar para baixo encarando o chão - Vou lhe dar aulas de oclumência. Você vai guardar esse segredo bem guardado, ouviu bem?
- Sim, senhor.
- Algum outro colega seu pratica legilimência?
- Não, senhor.
- Certo. Poções às quartas. Legilimência e oclumência as sextas. Mesmo horário. - ele olhou para ela e a menina assentiu com a cabeça - Abra seu livro na página cinquenta. Vamos falar sobre o Veritaserum.
Talvez nunca tivera sentido tanto medo de Snape como sentiu naquele dia. Ela sabia que ele havia sido um ótimo aluno em diversas matérias e se tão novo já lecionava em Hogwarts pouca coisa ele não era. Ele com toda certeza era capaz de obliviar a menina sem maiores danos, mas como ela bem havia pontuado, os sentimentos dele estavam agitados e isso poderia resultar num feitiço mal feito e as consequências para ela poderiam ser as piores e ele, como agente causador, sofreria com elas também. Mas parte dela estava feliz com o que tinha feito, pois graças a isso teria aulas de legilimência e oclumência e não estava sendo fácil estudar sozinha.
Abril de 1982
A rotina de estudos dos alunos do quinto e do sétimo anos era bastante intensa já que eles tinham que se preparar para os NOMs e NIEMs (Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia), respectivamente. Era comum encontrar com eles pelos corredores com as roupas do avesso e descabelados carregando uma porção de livros nos braços e olheiras intensas debaixo dos olhos.
Mas em alguns dias eles deixavam todas essas preocupações de lado para se divertirem com os amigos assistindo seu esporte favorito, o quadribol. Essa era uma das melhores épocas do ano para se assistir a uma partida de quadribol em Hogwarts. O céu ficava mais limpo na primavera e isso possibilitava uma melhor visibilidade de todo o jogo de qualquer lugar da arquibancada onde quase toda a escola já estava aguardando a Madame Hooch iniciar a partida.
e Josephine estavam em lados opostos do campo, cada uma na torcida de sua casa. Seria Corvinal contra Sonserina e o jogo era importantíssimo já que o ano letivo estava chegando ao fim e cada ponto fazia a diferença para decidir quem seria a casa campeã da Taça das Casas.
- E aí vem eles! - anunciou o narrador, Park Jones da Grifinória - O time da Corvinal tem tido um belo desempenho ao longo desse ano e os resultados são visíveis já que estão em primeiro lugar no campeonato! - e a torcida da Corvinal vibrou de alegria na arquibancada - E do outro lado temos a Sonserina que também tem tido ótimas partidas e é a única que ameaça a grande vitória dos Corvinos. - E então foi a vez da torcida da Sonserina fazer barulho - Madame Hooch já está pronta… E começa a partida! - com todas as bolas no ar os jogadores começaram a desempenhar o seu papel.
Aquela seria uma partida emocionante.
- Corvinal é que manda aqui! - gritou um corvino de rosto pintado com as cores da casa assim que entrou no grande salão durante o jantar. O garoto recebeu de volta gritos animados dos seus companheiros de casa e alguns olhares tortos dos sonserinos.
- Com todo respeito a vocês… - Jo começou olhando para , Elle e Trevor - é bom demais ganhar da Sonserina. - gargalhou junto com o namorado.
- Sempre tem o próximo ano, Jo. Vamos ver quem vai estar rindo no ano que vem.- respondeu Trevor com um sorrisinho de canto levemente ameaçador, mas ainda divertido.
- Acho difícil. - Alfred retrucou - Estamos em uma maré de sorte há um bom tempo já.
- Vamos dar tempo ao tempo. - Elle desafiou.
Eles acabaram se tornando um grupo de amigos mesmo com a diferença de casas e anos. Estavam juntos sempre que podiam, que neste momento não era muito tempo, mas ainda assim era o suficiente para que se divertissem bastante durante as refeições e passeios em Hogsmeade. Colocaram em dia todos os assuntos da semana e estavam felizes por não terem a preocupação de uma guerra e um Lorde das Trevas assombrando por aí.
Quando acabaram jantar, saíram juntos do Salão a caminho de seus respectivos dormitórios.
- Me deixem em paz! - pedia um primeiranista da Corvinal que via seus livros flutuarem acima de sua cabeça e tentava alcançá-los.
- Ei! O que estão fazendo? - gritou Jo assim que percebeu a situação. Ela já estava bem acostumada com os seus deveres de monitora.
- Vai, vai, vai! - disse um dos dois meninos sonserinos que estavam enchendo o saco do corvino.
- Olha… Esse pessoal da casa de vocês é difícil, viu? - Jo falou antes ir na direção da criança. - Finite incantatem - disse apontando a varinha para cima e então os livros voltaram a obedecer as leis da gravidade - Está tudo bem com você? - perguntou ao menino.
- S-sim. - disse ele nervoso enquanto observava os mais velhos juntarem seus livros.
- Como você se chama?
- Qui-Quirino… Quirino Quirrell.
- Vamos te acompanhar até a nossa Sala Comunal, está bem? - Alfred avisou.
- Seus livros, Quirino. - disse enquanto entregava ao menino.
- Obrigado.
- Até amanhã, gente! - Jo disse antes que eles começassem a subir as escadas.
, Elle e Trevor seguiram até a Sala Comunal da Sonserina. Sentados nos sofás e cadeiras de couro preto, os sonserinos de uma forma geral estavam mais quietos que o normal e estava claro que era por conta da partida de quadribol daquela tarde.
- Já vai dormir? - perguntou Elle quando viu que não tinha parado para se sentar com eles e seguia para o dormitório.
- Não! Vou pegar uns livros. Tenho aula com Snape hoje.
- , é sábado! - Trevor disse como se fosse óbvio que era dia de descansar.
- Eu sei, mas é que… - ela estava tendo aulas extras de oclumência por que Snape via muito potencial na menina, mas não podia contar isso aos amigos - Eu estou no meio do preparo de uma poção que leva um tempo e é importante verificar como ela está.
- Boa aula então! - Trevor desejou com um sorriso.
- Obrigada!
A menina de cabelos pretos respirou aliviada , pegou o livro que mantinha no fundo de seu malão e saiu para a Sala de Poções. O tempo de aula não era muito longo, mas era intenso e fazia com que parecesse durar uma eternidade apesar de ela estar gostando muito de aprender a controlar a própria mente.
- Seu progresso é surpreendente, . - havia algumas aulas que Snape estava chamando ela pelo nome - Agora eu só consigo acessar pensamentos mais recentes. - ele deu um sorrisinho torto de lado lembrando que já foi tão fundo da mente da menina que chegou a ver os nomes que ela havia dado para seus bichinhos de pelúcia.
- Obrigada, Professor. - ela respondeu meio desconcertada. Era estranho ver ele esboçando um sorriso, mesmo que ele já não fosse mais tão duro com ela.
- As nossas próximas aulas serão somente de poções. Os NOMs estão chegando e quero que você tenha as melhores notas.
- Sim.
- Tem se dedicado a herbologia e feitiços também, certo? São importantes se você quer seguir mesmo a carreira de Mestre de Poções.
- Sim. Ontem no Clube de Duelos eu venci duas vezes e a Professora Sprout tem feito constantes elogios quanto ao meu desempenho.
- Ótimo. Então estamos terminados por hoje.
- Obrigada, professor. - fechou o livro e antes que pudesse pensar duas vezes perguntou - Eu sei que não é da minha conta, sou só uma aluna, mas como você está sobre… Sobre a morte da…
- Está certa, não é da sua conta. - disse com a voz firme e a mudança de tom assustou levemente a menina.
- Me desculpe. É que eu pensei que, bom, seus sentimentos por ela são um segredo e talvez você precisasse conversar e…
- Você é uma ótima aluna, senhorita Bonnopoccio, mas sabe ser extremamente irritante se metendo onde não deve.
- Me desculpe, professor. Boa noite. - pegou os livros e saiu.
Já em sua cama ela procurava respostas em si mesma para que tivesse aberto a boca. Não era da conta dela realmente, mas ele parecia tão solitário e ela havia testemunhado como ter amigos era bom para superar o luto com Jo como exemplo. Com certeza ele não tinha amigos para essas coisas ali dentro. Do corpo docente ele era o mais novo e se era difícil imaginar Severo Snape falando sobre sentimentos com qualquer pessoa, imagina com Alvo Dumbledore ou Minerva McGonagall?
Em seus aposentos Snape sofria com as lembranças de Lílian povoando sua cabeça. Ele tinha conseguido sufocá-las no fundo da memória, mas tinha feito o favor de trazê-las de volta com toda força. Ele não queria falar de sentimentos com ninguém, muito menos com uma garota de dezesseis anos, não ficaria bem para um homem de vinte e dois. Era fato que ele sentia simpatia pela menina, ela era de alguma forma cativante e celebrava todas as suas vitórias na aulas como se tivesse ganho a Copa Mundial de Quadribol. A alegria dela fazia bem para ele, mas antes de mais nada eles eram professor e aluna e falar de questões pessoais não fazia parte do pacote de aulas particulares.
Conjurou o patrono e deixou que a Corça corresse pelas paredes até que pegasse no sono.
As aulas com o professor Silvano Klettleburn eram sempre um perigo. Apesar de ótimo professor de Trato das Criaturas Mágicas, ele não tinha muito cuidado consigo mesmo e sempre acabava se machucando. Ele e Madame Pomfrey já haviam estabelecido uma amizade forte devido a quantidade de vezes que ele aparecia lá em uma semana para cuidar de um ferimento simples ou da perda de um membro, que foi o que aconteceu naquela tarde ensolarada.
- Bom crianças, aprendemos hoje que é importantíssimo respeitar o espaço das criaturas… - disse o professor depois de ter sido atacado por um Hipogrifo deixando os alunos aterrorizados.
Jo, Elle e caminharam juntas de volta ao castelo e escolheram ficar o restante do tempo em que teriam aula aproveitando o calor ameno e conversando no pátio. Estavam deitadas as três na grama encarando as nuvens.
- Faz tanto tempo que eu não tenho um momento de folga de verdade… - comentou .
- É… agora você fica praticamente todo o tempo livre que tem com o professor Snape - provocou Elle.
- Eu não entendo como consegue ficar tanto tempo com ele. - disse Jo - Pensar que alguns anos atrás você teve medo de pedir ajuda pra ele.
- É verdade, né? Mas eu fiquei sabendo de algumas coisas que me fizeram mudar de opinião sobre ele. - tentou explicar.
- E não contou pra gente? - Elle se sentou no mesmo instante.
- Eu não posso contar, desculpa. - continuou deitada.
- Como não pode contar? Somos suas amigas! - disse Jo também sentada agora.
- Ele me pediu para que não contasse.
- Cheia de segredinhos com o professor… - Elle riu erguendo a sobrancelha olhando para Jo.
- Ah meu Deus! Você está apaixonada por ele! - Jo falou levando a mão na boca.
- Que? - Agora foi a vez de sentar perplexa com o que a amiga tinha acabado de dizer - Claro que não! Você está maluca!
- Seria bem estranho mesmo. Fora que ele não é nenhum pouco atraente… Aqueles cabelos engordurados, o nariz em formato de gancho… - Jo listou.
- Isso sem contar aquela carranca que ele tem tatuada na cara. Nunca o vi sorrir. - Elle completou pensativa.
- Olha, eu não posso falar, mas garanto a vocês que ele tem motivos bem tristes para ser assim. E só pelo fato de ele ser nosso professor ele merece respeito. Não acho certo falarmos dele dessa forma. - E então ficou de pé - Tenho que ir.
- Ei! Espera! - pediu Elle, mas ela já estava a alguns metros de distância.
- O que foi com a ? - perguntou Trevor se aproximando das meninas.
- Estresse pré-NOMs. - respondeu Jo.
-Junho de 2002
Harry tinha se esquecido o quanto que aqueles banquinhos da sala de poções eram desconfortáveis e já tinha se mexido tanto em cima deles em busca de uma posição que doesse menos que ele já estava cogitando ouvir o resto da história de pé ou até deitado no chão.- Eu até queria contar para minhas amigas tudo que Severo tinha passado, mas eu não podia. Tinha prometido a ele que não contaria a ninguém. E imagina se alguém que estivesse por perto ouvisse e espalhasse para todos os cantos? Ele com certeza suspenderia as aulas particulares e essa informação poderia mudar tudo que vivemos ao longo desses anos, não acha?- perguntou a Harry e então percebeu o desconforto do rapaz no banquinho - Desacostumou não é mesmo? - ele assentiu e ambos sorriram - Podemos ir ao Três Vassouras e terminar essa história lá, o que acha?
- Pode ser! - Harry concordou ficando de pé no mesmo instante. Que alívio - Eu só vou ter que ir ao corujal primeiro. Tenho que avisar que não retornarei ao Ministério hoje. - ele não podia sair de lá sem saber a resposta que ela havia prometido a ele. A papelada no Ministério podia esperar - Você teria um pedaço de papel e uma pena para me emprestar?
- Claro! - e fazendo uso não verbal do feitiço Wingardium Leviosa, a Professora de Poções trouxe o que Harry precisava para escrever sua carta.
- Obrigado.
- Por nada!
Rapidamente ele escreveu um bilhete sucinto para Rony Weasley pedindo para que o amigo avisasse ao setor que não retornaria naquele dia.
- Vou lá! - Harry avisou indo para a porta.
- Certo. Eu vou organizar as coisas para as minhas aulas de amanhã enquanto isso. - ela sorriu - Nos encontramos na porta da frente?
- Sim!
- Até logo, senhor Potter!
Ele sorriu e fez o conhecido caminho até o corujal. Amarrou a carta na perna de uma das corujas ali e a observou levantar voo, logo desaparecendo no céu azul. Enquanto fazia o caminho que o levaria a porta de entrada de Hogwarts, avistou um rapaz alto de cabelos negros e o reconheceu na hora. Quando deu por si, já tinha chamado seu nome.
- Neville!
- Harry! - o rapaz sorriu e andou na direção do amigo - O que faz aqui? - perguntou enquanto se cumprimentavam em um abraço.
- A Professora de Poções me enviou uma carta. Disse que tinha a resposta para aquela situação que comentei da última vez que nos encontramos, lembra?
- Sim! E aí?
- Bom, ela ainda não me contou. A história é longa… - Harry se prolongou no “longa”.
- fala bastante mesmo, mas é uma ótima professora! - Neville elogiou a colega de trabalho - Quem me dera ter tido ela como professora, viu? Tenho certeza que o bicho papão naquela aula com Lupin não teria sido meu professor de poções. - os dois riram contidos. Harry ainda sentia a perda de Remo Lupin. - Eu tenho que ir. Estou reenvasando mandrágoras! - e começou a se afastar.
- Boa sorte, Neville! - Harry desejou se lembrando que o amigo havia desmaiado na aula em que fizeram isso no segundo ano.
- Obrigado! Boa sorte a você também, Harry! Depois me conta!
- Pode deixar!
Harry se direcionou as escadarias principais da escola e logo pôde avistar a Professora Bonnopoccio o aguardando na porta.
Parte II
Betado por Caah Jones a partir desse capítulo
Junho de 2002
A última vez que Harry havia entrado no Três Vassouras foi a quatro anos atrás na sua busca de uma das horcruxes de Voldemort, mas jamais se esqueceu o quanto aquele espaço era acolhedor. Sentiu praticamente a mesma nostalgia que sentiu ao caminhar pelos corredores de Hogwarts minutos antes.
- Harry! - ele ouviu a voz da Madame Rosmerta assim que passou pela porta - Quanto tempo!
- Alguns anos! - ele sorriu.
- Professora Bonnopoccio!
- Olá, Rosmerta!
- Sentem-se! - a mulher guiou os dois até uma mesa vazia - O que vão querer?
- Cerveja amanteigada! - disse Harry.
- Eu também! - sorriu para a mulher que se afastou, mas logo voltou com duas grandes canecas cheias de cerveja - Aproveitem! Qualquer coisa é só chamar!
- Obrigado! - os dois disseram em uníssono.
Bebericaram um pouco da cerveja e então começou.
- Eu costumava vir aqui com meus amigos no meu tempo de aluna...
Setembro de 1982
Os passeios a Hogsmeade nos finais de semana eram aguardados com ansiedade pelos alunos. Ir até o vilarejo bruxo era uma atividade e tanto porque lá eles podiam comprar doces, alguns materiais que estavam faltando, como tinta para a pena por exemplo, e ir ao Três Vassouras, um Pub comandado pela Madame Rosmerta que recebia bruxos menores de idade e servia a melhor cerveja amanteigada da região. Os bruxinhos que já haviam encontrado a metade de sua abóbora poderiam ir à casa de chás da Madame Puddifoot e era lá que Jo e Alfred estavam enquanto Elle, Trevor e se deliciavam com a sua segunda rodada de cerveja amanteigada no Três Vassouras.
- Nem acredito que é meu último ano em Hogwarts! - disse Trevor respirando fundo depois - Vou sentir saudade.
- Calma! Segura essa emoção porque você ainda tem o ano todo pela frente. - disse sorrindo.
- É verdade. Não vamos falar disso. Fico triste de pensar que duas pessoas do nosso grupo vão nos deixar em breve. - comentou Elle lembrando aos outros dois que Alfred também se formaria ao fim do ano letivo.
- Vamos nos formar, não morrer! - Trevor riu - Eu estarei no Hospital St. Mungus sendo um ótimo Medibruxo.
- Espero não ter que ir te visitar tão cedo! - riu junto com seus amigos.
Alguns vários alunos estavam naquele estabelecimento conversando sobre como haviam sido as férias. Colocar muitos detalhes nas cartas dava trabalho, deixava a mão doendo e ainda não dava para transmitir as emoções para os amigos, nada era capaz de substituir as conversas que aconteciam pessoalmente. Madame Rosmerta adorava os inícios de ano letivo porque seu pub lotava de alunos e o entusiasmo deles era contagiante.
- Vamos à Zonko’s? - sugeriu Trevor depois que finalizaram as cervejas.
- A loja de logros? - Elle perguntou e o assistiu assentir - Você sempre foi aluno modelo e agora vai pregar peças nas pessoas?
- É meu último ano! Deixa eu me divertir!
- Ele tem um ponto, Elle. - concordou - Vamos lá!
No meio do caminho o casal Alfred e Jo encontraram o grupo e Alfred logo se animou com a ideia de pregar algumas peças pela escola. Juntos os cinco passaram algumas horas vendo tudo que tudo era vendido ali e decidindo o que levariam consigo.
O sexto ano era um ano infinitamente mais tranquilo que o anterior, isso por dois motivos: primeiro que não haviam grandes provas como NOMs no final do ano letivo e porque o número de matérias diminuía consideravelmente já que era o momento para focar nas matérias que são essenciais para a profissão que o jovem bruxo pretende exercer. Para era um alívio não ter mais que frequentar as aulas do Professor Kettleburn. Não teria mais que vê-lo perder mais um de seus membros, mas Jo não tinha a mesma sorte.
- Sabe, ele é um perigo para ele mesmo! Não sei como Dumbledore ainda o mantém aqui! É um ótimo professor? Sim, mas hoje ele levou uma patada de um Hipogrifo e semana passada se queimou porque se distraiu enquanto tinha um dragão filhote nos braços! - Ela estava de olhos arregalados - Quem segura uma criatura dessas no colo? Eu vou ter muito mais cuidado quando me tornar magizoologista.
As duas estavam em um dos corredores da escola observando o movimento. Jo tinha que ficar de olho nos alunos cumprindo seu papel de monitora e como estava com aquele horário vago, resolveu fazer companhia para a amiga.
- Ele nos ensinou muito, Jo! E como você disse, ele é um bom professor! - defendeu o atrapalhado Kettleburn.
- Eu sei. Mas acho que daqui alguns anos não vai ter nem um fio de cabelo para contar história. - Elas riram.
- Senhorita, Bonnopoccio? - ouviram uma voz conhecida. Severo Snape estava parado a alguns metros delas.
- Mas olhando pelo lado bom, pelo menos com esse aí eu não tenho que conviver mais… - Jo falou baixinho.
- Não fale assim dele. - falou séria.
- Está bem. Vai lá. Não deixe seu querido professor te esperando. - Jo falou divertida usando e abusando da ironia.
rolou os olhos e foi na direção do Professor que a havia chamado.
- Sim, Professor!
- Teria um minuto?
- Claro!
- Venha comigo.
Os dois caminharam em silêncio até a sala de poções, com um passo atrás do professor, afinal até chegar lá ela não fazia ideia de onde eles estavam indo. Era engraçado observá-lo andar por conta da capa preta que ele usava sobre as vestes. Por conta do movimento dele, ela também se movia e ele ficava parecendo um morcego gigante. teve que se controlar para não rir alto com seu pensamento.
- Como estão os seus horários esse ano? - ele perguntou assim que estavam sentados nos bancos da sala.
- Estou com alguns livres. Estava até pensando em entrar para o coral e…
- O que acha de ser minha assistente nas aulas de poções dos anos iniciais? - Snape perguntou e se manteve em silêncio por alguns segundos, então ele continuou - Eles são muitos e cheios de dúvidas. Seria de grande ajuda para mim e você poderia praticar ainda mais poções. A prática vai te ajudar nos NIEMs ano que vem e na sua vida como Mestre.
- Pode ser!
- Ótimo! - ele sorriu de verdade e sorriu de volta.
Depois do dia em que perguntou a ele sobre Lílian, eles nunca mais tocaram no assunto, fingiram que aquilo nunca tinha acontecido. A verdade é que quando o desespero de ter sido questionado sobre aquilo passou, Snape sentiu-se estranho. Culpado pela forma como havia tratado a garota. Pela primeira vez em anos, desde que a amizade com Lílian tinha acabado, alguém perguntava a ele como ele se sentia em relação a alguma coisa. Talvez ela tenha perguntado por educação ou talvez se importasse de verdade com ele. Há muitos anos ele carregava sozinho o peso dos demônios de seu passado, das escolhas erradas que havia feito e, por experiência própria, quando dividia a dificuldade de viver numa casa onde seus pais brigavam o tempo todo com Lílian, ele sabia que era bom ter alguém com quem dividir essas coisas. E não tocou no assunto com , porque era orgulhoso demais para isso. Mas, diferente do que esperava, depois do ocorrido naquela noite de sábado, a convivência deles ficou melhor e ele era muito mais brando com ela durante as aulas particulares, ensinava com paciência e até ria junto com ela quando errava ou falava alguma coisa engraçada. Durante as aulas ele ainda era o mesmo. Não queria interpretassem como favoritismo o tratamento que dava a ela, ainda mais por ela ser uma aluna da casa da qual era diretor.
Alguns dias depois a bruxa do sexto ano começou a frequentar as aulas do primeiro e segundo ano como assistente do professor. Era legal ajudar outros bruxos com poções, além de mostrar para ela mesma o quanto ela tinha aprendido e melhorado desde o seu primeiro ano em Hogwarts.
- ! - chamou um menininho ruivo do primeiro ano no fundo da sala - Estou tendo problemas aqui…
- Oi! - ela respondeu enquanto caminhava até ele - Seu nome é…?
- Guilherme Weasley, mas pode me chamar de Gui.
- Muito prazer, Gui! - ela sorriu para o mais novo que sorriu de volta - Qual o problema aqui?
- Estou seguindo a receita para o preparo da cura de picada de aranhas, mas o líquido no caldeirão não está vermelho-prateado como deveria e eu não sei o que fiz de errado… - explicou visivelmente chateado.
- Vamos ver… Como você fez?
- Misturei a água e o açafrão no caldeirão e deixei ferver até ficar vermelho bem intenso e aí misturei e adicionei uma gota de sangue de unicórnio e depois misturei de novo para pingar mais uma gota de sangue de unicórnio.
- Primeiro para o sentido anti-horário e depois no horário, certo? - o menino concordou - Sete vezes?
- Bem… posso ter perdido a conta em algum momento… - Gui falou tristinho.
- Então comece essa parte de novo e não esqueça de contar com bastante atenção. O sangue de unicórnio é raro e você tem que evitar o desperdício, tudo bem?
- Sim! - ele sorriu satisfeito - Obrigado, !
- Por nada, Gui!
Ela estava imensamente satisfeita com o que estava fazendo e quase não conseguia controlar o sorriso de alegria no rosto. Sorriso não era algo comum nas aulas de Severo Snape. Naquele dia ela ainda ajudou pelo menos mais cinco alunos com suas poções e de vez em quando recebia um olhar de aprovação vindo do Professor.
- Você se saiu muito bem, . - Parabenizou Snape depois que todos os alunos saíram da sala e os dois estavam colocando algumas coisas nos lugares.
- Obrigada, professor. Foi muito legal!
- Deu pra ver que você se divertiu. - ele sorriu de canto.
- É… - ela finalmente pode abrir o sorriso largo que segurou o dia todo.
- Agora, vá! Já está na hora do jantar.
- Certo. - colocou um último vidro em seu lugar e abraçou Severo sem nem pensar - Muito obrigada, professor! - e então saiu da sala como se nada tivesse acontecido.
Severo ficou sem entender o que tinha acabado de acontecer, fazia anos que não recebia um abraço de verdade, mas, ainda assim, sorriu. Sua aluna era meio doida e ele se divertia com isso.
Janeiro de 1983
Aquele domingo estava frio, muito frio, mas ainda assim o grupo de amigos não deixou de ir a Hogsmeade. Eles gostavam de Hogwarts, mas às vezes era bom respirar outros ares que não os dos corredores da escola.
- Vamos a Dedosdemel, certo? - perguntou assim que saíram do Três Vassouras.
- Sim! - Disse Elle animada.
- Eu não estou entendendo essa sua fixação com doces hoje, . - disse Jo suspeitando da amiga - Já falou de irmos lá umas 3 vezes desde que saímos de Hogwarts.
- Eu só estou com vontade de comer doces, oras! - respondeu enquanto caminhava com dificuldade até a loja.
Dedosdemel não era muito longe do Três Vassouras, então logo os cinco amigos estavam na porta. Elle foi a primeira a entrar seguida por Alfred e Jo e quando ia entrar, ela acabou escorregando na soleira da porta por conta da neve que em contato com o calor no interior da loja, se derreteu.
- Foi quase! - disse Trevor depois de segurar a amiga e ajudá-la a ficar de pé em segurança dentro da loja, tomando cuidado para que ele não escorregasse também.
- Obrigada! - sorriu pra ele que respondeu com uma piscadinha.
“Trevor piscou pra mim?”, ela pensou e então tratou de afastar os pensamentos que aquela piscadinha despertou. Eles eram amigos e só.
A loja que era uma loucura no Natal estava praticamente vazia naquele dia, com certeza culpa do frio. Era difícil se concentrar com aquela quantidade de doces ao redor, mas fez uma forcinha para comprar só alguns. Quando saíram da loja, cada um carregava uma sacolinha com os mais variados doces: fio dental de menta, lesmas de geleia, quadradinhos e esqueletos de chocolate, tortinhas de abóbora, varinhas de alcaçuz, diabinhos de chocolate, feijõezinhos de todos os sabores e muitos outros.
Aproveitaram a tarde juntos e, depois do jantar, o grupo se separou para irem para suas respectivas salas comunais. Sentados na frente da fogueira, Elle, Trevor e ficaram conversando um pouco até que Elle reparou a troca de olhares e sorrisinhos entre Trevor e .
- Acho que vou dormir. - ela ficou de pé.
- Mas está muito cedo ainda! - disse Trevor.
- Talvez eu vá ler alguma coisa na minha cama, mas me recuso ficar aqui de castiçal segurando vela para vocês dois.
- O que? Não! - falou com a voz esganiçada e ficou de pé no mesmo instante - Eu vou sair para caminhar um pouco.
A menina vestiu o casaco de novo e com alguns doces nos bolsos passou pela porta da Sala sem ouvir o que os outros falaram depois. Ela só estava rindo das coisas que eles estavam falando. Não tinha nada acontecendo ali. Nada. Eles eram amigos. A-m-i-g-o-s. Elle estava ficando louca.
Mas de qualquer forma ela planejava sair aquela noite. Não era à toa que ela insistiu muito para irem a Dedosdemel. Deu leves batidinhas em uma porta e aguardou ela ser aberta.
- ? O que faz aqui a essa hora? - disse Snape assim que a viu de pé à porta do seu dormitório.
- Naquele dia que eu sem querer acessei suas memórias… - ela falou e deu um tempo para ver a reação do professor e vendo que a expressão dele não teve alteração alguma, continuou - Bom, eu vi que dia nove de janeiro era seu aniversário e hoje é nove de janeiro... Então… - ela colocou a mão no bolso do casaco e tirou de lá a caixinha de feijõezinhos de todos os sabores e um pacote de quadradinhos de chocolate - Eu trouxe isso para você. - estendeu os doces para ele - Feliz aniversário, Professor! - e sorriu.
- Obrigado, . - ele agradeceu pegando os doces ainda meio sem reação. Fazia anos que não lhe desejavam feliz aniversário. Alvo Dumbledore lhe mandava felicitações, mas nada fora das formalidades. Ele estava feliz - Eu te convidaria para entrar, mas acho que não fica bem uma aluna no dormitório do professor.
- Não mesmo. - sorriu - Eu vou até a torre de astronomia, se quiser me acompanhar! - sugeriu. Ela gostava de aniversários e agora que estava mais próxima do professor, achou que seria legal fazer alguma coisa por ele.
- Claro! - ele finalmente sorriu.
Caminharam lado a lado comendo os feijõezinhos rindo baixo quando pegavam algum sabor vômito ou cera de ouvido. Na torre de astronomia, eles sentaram-se no chão e ficaram observando o céu que estava surpreendentemente limpo naquela noite. Era a primeira vez que estavam juntos no mesmo espaço sem a relação de professor e aluna explícita e nenhum dos dois sabia muito bem o que falar. Snape não parava de pensar se aquilo era certo, mas gostava da companhia da menina e não havia nada de errado nisso.
- Eu sinto falta dela todos os dias. - ele começou e que estava absorta nas estrelas ergueu a sobrancelha esperando que ele explicasse sobre o que estava falando - Lílian… - respirou fundo - Nós éramos muito amigos antes de Hogwarts e achei que seríamos ainda mais quando viéssemos pra cá. Ela era tudo que eu tinha. Minha família não era das melhores e ela era a única pessoa que realmente me ouvia ou que me tirava daqueles problemas. Por conta das brigas dos meus pais eu me tornei uma criança insegura e vulnerável, mas me sentia melhor com Lílian. - já tinha visto tudo, não era como se fosse novidade, mas ele precisava falar, por pra fora sem ser julgado por Múlciber ou Avery por nutrir sentimentos por uma nascida-trouxa - Mas eu a magoei muito. Eu permiti que as crenças que eu tinha e que eu fui ensinado a ter com os amigos que fiz aqui, se colocassem acima da minha amizade com ela e eu a perdi muito antes daquele dia… Do dia que Voldemort… E isso também é culpa minha. Eu falei mais do que devia sobre algo que eu pouco sabia… - sua voz começou a ficar embargada e então se interrompeu.
- Eu sinto muito por tudo isso, professor. - disse colocando a mão no ombro dele como tentativa de consolá-lo - E Múlciber e Avery não eram seus amigos. Amor não deve ser julgado assim.
- Eu não… Já falei para você manter distância das minhas memórias, Bonnopoccio.
- Desculpa. - ela sorriu de canto - Só queria te ajudar.
- Tudo bem. - ele sorriu de volta - Obrigado.
- Por nada! Eu sei que você é meu Professor, mas eu estou sempre aqui para te ouvir…
- Não creio que isso vá se repetir.
- Você é realmente duro na queda, hein? Nem chocolates amolecem esse seu coração! - ela brincou.
- Talvez quando você se formar no ano que vem nós possamos ser amigos. - sorriu.
- Uau, por essa eu não estava esperando. - riu - Meu afastamento da escola vai durar pouco, porque eu voltarei logo para Hogwarts para assumir o cargo de Mestre de Poções.
- Tem futuro nisso.
- Eu estou falando que vou tirar o seu emprego e você diz que eu tenho futuro?
- Se você conseguir o meu emprego é porque ele ficou vago e eu espero que seja porque eu finalmente consegui me tornar Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Demissão não é uma opção, sou muito bom em poções. Dumbledore jamais faria isso.
- Então seremos colegas de trabalho! - encarou as estrelas - Eu gosto disso, Professor!
- Severo.
- O que?
- Pode me chamar de Severo. Mas só quando estivermos só nós dois. Na frente dos outros ainda sou Professor Snape.
- Tudo bem, Severo! - e ambos estavam sorrindo.
Fevereiro de 1983
Apesar de terem menos matérias no quadro de horários, os alunos do sexto ano não tinham folga. As turmas avançadas exigiam muita dedicação dentro e fora de sala de aula, então Elle, Jo e se reuniam frequentemente na biblioteca para estudar.
- O Professor Flitwick quer que a gente escreva trinta centímetros sobre cada feitiço que estamos praticando para fazê-los não-verbal e estamos praticando cinco feitiços! - Jo disse incrédula.
- Minhas mãos já estão doendo só de pensar!
- Nossas mãos. - corrigiu Elle.
- E no meio do caminho ainda tem o baile do dia dos namorados… - reclamou Jo.
- Teremos que passar algumas noites na biblioteca fazendo isso para estarmos livres até lá. - Elle deu a solução.
- Já tenho compromisso em algumas das minhas noites… Acho que não vou ao baile.
- Como assim, ? - perguntou Elle espantada - Não acredito que você vai deixar de ir ao baile para ficar fazendo trabalho só porque não pode faltar as aulas particulares. É um baile.
- E eu vim aqui para estudar. Não para ir em bailes, Elle!
- Tenho certeza que se você pedir, Snape te libera das aulas essa semana. - Sugeriu Jo.
- Também acho.
- A não ser que você prefira ficar na companhia dele… - Jo ergueu a sobrancelha sugestivamente.
- Vocês precisam parar com esse papo de que eu estou apaixonada pelo Professor. Eu não estou.
- Se as moças já terminaram de estudar, recomendo que saiam da biblioteca e vão conversar lá fora! - disse Madame Pince com seu tom de voz baixo, mas firme.
- Me desculpe. Já estamos de saída. - falou fechando o livro.
As outras duas fizeram o mesmo e não falaram mais nada até que já estivessem do lado de fora da biblioteca.
- Eu tenho a impressão que mais cedo ou mais tarde, Trevor vai te chamar para ir ao baile com ele. - Elle foi a primeira a falar.
- É meio que uma tradição já. Nós vamos sempre juntos. - tentou desviar sabendo muito bem para onde a amiga estava indo.
- Mas esse ano é diferente, né?
- Outra obsessão que você precisa largar. - falou.
- Como assim? - questionou Jo - Vocês nunca me contaram isso!
- É porque não tem nada pra contar. Elle está vendo coisa onde não tem.
- Não estou não. Jo, no dia que fomos a Dedosdemel, eles trocaram olhares o dia todo e a noite na Sala Comunal ficou mais intenso, ela até fugiu. - Elle riu ao lembrar da cena - O pobrezinho do Trevor ficou sem entender. Mas eu tenho reparado que de vez em quando eles trocam uns olhares diferentes.
- Meu Deus!
- Vocês são duas fofoqueiras.
- Olha quem está vindo ali! - Jo disse ao avistar Trevor entrando no corredor que elas estavam e abrir um sorriso quando viu as três.
- Estou vivendo um pesadelo.
- Para de ser dramática. Põe um sorriso nesse rosto e diga sim. - Elle recomendou - Vamos, Jo! - As duas apertaram o passo e deixaram a amiga para trás, cumprimentando Trevor quando passaram por ele.
- ! Era você mesma que eu estava procurando! - o menino disse quando eles se encontraram no meio do caminho já que ela não parou de andar.
- Diga, Trevor! - respondeu no mesmo tom de animação.
- Você iria comigo ao baile? - ele perguntou e deu pra ver que estava um pouco nervoso, mas preferiu acreditar que era fruto da imaginação dela baseado nas baboseiras que Elle estava colocando na sua cabeça.
- Claro! Como todos os anos. Eu e você. - Sorriu simpática.
- Ótimo… Mas eu não quero que seja como os outros anos. - “Não, não, não. Trevor, não!”. No fundo sabia que gostava do menino, só não sabia se estava pronta para lidar com essas coisas de namoro.
- Como assim? - fingiu naturalidade.
- Eu gosto de você e não queria que fosse “eu e você”, mas “nós”.
- Trevor… Eu vou ao baile com você, mas podemos ir devagar com esse “nós”?
- Claro. - Ele sorriu. Tinha uma chance - Está indo para onde?
- Tenho aula de poções com o segundo ano.
- Hm… Eu estou indo para aula de feitiços. Nos vemos no jantar então?
- Claro! - ela se aproximou dele e ficando na ponta dos pés, deixou um beijo em sua bochecha. - Nos vemos lá!
Caminhou rápido até as masmorras e torceu para que o tempo voasse para que ela pudesse acertar as contas com as amigas que a abandonaram.
O dia do baile chegou e todos estavam meio alvoroçados com os preparativos. Depois do almoço o Salão Comunal foi completamente esvaziado para que fosse preparado para o evento de mais tarde e as pessoas praticamente sumiram dos corredores, estavam em seus dormitórios decidindo roupa, pensando no que fariam com o cabelo e preparando algum presente para o caso de ter alguém especial.
Assim que as sete horas da noite chegaram, os alunos começaram a se dirigir para o Salão que estava decorado em tons de laranja e as mesas foram substituídas por mesas redondas que foram colocadas próximas à parede para que houvesse espaço para que todos pudessem dançar. Às sete e meia Elle já estava na porta do Salão Principal com seu par, Keaton, sonserino também do sexto ano, aguardando a chegada de Jo com Alfred.
- Onde está ? - perguntou Jo assim que encontrou Elle.
- Se arrumando. Ficou até agora a pouco na biblioteca fazendo os trabalhos do Flitwick.
Josephine rolou os olhos e as duas riram. Juntos os quatro entraram no Salão e começaram a aproveitar os comes e bebes do baile. No andar abaixo, nas masmorras, em seu dormitório, se arrumava o mais depressa possível. Ela não teve coragem de pedir a Snape para ser dispensada das aulas particulares então teve que usar parte do sábado para colocar seus deveres em dia. Para se arrumar usou um feitiço para mudar a cor do vestido que havia usado no ano anterior, deu um jeito no cabelo e saiu para a sala comunal depois de calçar os sapatos, ainda colocando os brincos nas orelhas.
- Me desculpe por te fazer esperar, Trevor! - a menina pediu, parando em pé na frente dele, esticando a mão para que ele a pegasse e se levantasse do sofá.
- Valeu a pena… Você está linda! - aproveitou que estava com a mão dela na sua e a fez dar uma voltinha.
- Você já viu esse vestido! - ela disse tentando inutilmente disfarçar que tinha ficado sem graça com o elogio do rapaz - Obrigada! - sorriram um para o outro, ele ofereceu o braço a ela e juntos foram para o Salão.
- Finalmente, casal! - disse Elle assim que os dois chegaram na mesa em os amigos estavam.
- Não somos um casal. - disse Trevor - Mas… É uma questão de tempo.
Se sentaram à mesa que estava sendo dividida com outros seis alunos e começaram logo a comer. O cardápio não era muito diferente dos dias comuns em Hogwarts, até porque a comida já era muito boa e o que mudava de verdade em dias de baile era a apresentação, fazendo parecer uma comida mais chique, mas ainda muito apetitosa.
Alguns professores estavam presentes, nem todos gostavam ou tinham tempo para tal atividade como Snape e Kettleburn. Mas ao contrário destes, Dumbledore e McGonagall estavam ali desde o início e só iam embora depois que a música clássica parava de tocar. Levando a varinha ao pescoço, Dumbledore aumentou sua voz para que todos o ouvissem:
- Boa noite a todos! - aguardou a resposta dos presentes no salão e continuou - Bem vindos ao nosso baile! Lembrem-se, é uma noite de diversão, deixem as tarefas e provas para o lado de fora deste salão e aproveitem cada segundo! - ouviram-se gritos e palmas de comemoração e ele concluiu - Não vou me estender demais para não perdermos tempo. Minerva… - estendeu a mão para a Professora de Transfiguração e logo os dois começaram a dançar ao som da orquestra.
Esse era o sinal de que todos podiam se dirigir a pista de dança e aproveitar a companhia do seu par, mas era um processo lento para que os alunos tomassem conta do espaço. Grande maioria tinha vergonha de dançar na frente dos outros e a pista só enchia de vez quando uns dez casais já rodopiavam pelo Salão e os outros pensavam: “Ah, vamos lá”.
Trevor e eram um desses pares que tinham resistência em ir dançar e, como sempre, iam juntos para evitarem situações embaraçosas, eles sempre ficavam sentados comendo e conversando até que a banda convidada para agitar a festa subisse no palco. Neste caso eles faziam questão de serem os primeiros lá frente para cantar a plenos pulmões.
- O que acha de dançarmos? - sugeriu o rapaz.
- Trevor… A gente não dança! - sorriu.
- É meu último baile em Hogwarts, ! Faça isso por mim! - chantageou.
- Não me culpe se eu pisar nos seus pés. - Ela disse derrotada, mas com um sorriso nos lábios.
- Jamais! - ele ficou de pé divertido, estendeu a mão para que ela ficasse de pé e juntos eles caminharam até a pista.
Meio sem graça, Trevor colocou a mão na cintura da garota e ela levou uma das mãos ao ombro dele. Deram as mãos que restavam no alto e depois de sorrirem um para o outro, começaram lentamente a se movimentar de um lado para o outro conforme todos faziam. era meio descoordenada para isso e estava demasiado tensa.
- Isso não vai dar certo! - ela sorriu e se afastou do rapaz.
- Ei, não! - ele pegou na mão dela - A gente não precisa seguir essa coreografia.... Vem cá. - ele puxou ela pela mão até uma parte mais afastada da pista - Eu vou colocar minhas duas mãos na sua cintura e você vai pôr suas mãos no meu pescoço e aí a gente só se mexe um pouquinho de um lado para o outro.
- Mas isso não é dançar no baile! - ela disse levemente frustrada olhando para baixo. Não era boa em não ser boa nas coisas.
- … - ele colocou um dedo debaixo do queixo dela e a fez olhar pra ele - Eu pedi para virmos dançar e pra mim está ótimo que seja só assim, está bem? - ela sorriu e colocou os braços no pescoço dele.
Ficaram ali no cantinho dançando por um tempo que nenhum dos dois sabia dizer exatamente quanto. A música tinha uma melodia extremamente bonita e era difícil não se perder nela. Em algum momento os olhares deles se cruzaram não havia motivos para desviarem, parecia que só eles estavam ali. E então Trevor a beijou.
No meio do baile do dia dos namorados no Salão Comunal, Trevor Magnabento beijou Bonnopoccio.
Setembro de 1983
- Bem vindas ao sétimo ano! - disse Elle com os braços abertos assim que desembarcaram do Expresso de Hogwarts em Hogsmeade.
- Nem estou acreditando que estamos quase no fim! - Jo suspirou.
- Eu também não… - disse depois que de repente aquela informação foi absorvida pelo seu cérebro - Agora devemos evitar qualquer distração. Temos que aproveitar toda e qualquer oportunidade de aprendizado.
- Ainda bem que os namorados de vocês se formaram. Assim, vocês evitam essa distração pelo menos. - Elle riu enquanto caminhavam até as carruagens que as levaria até o castelo.
No final das contas, não conseguiu resistir às coisas que estava sentindo por Trevor há um tempo já e pouco antes do ano letivo terminar, os dois começaram a namorar de fato.
- Estou triste porque só me comunicarei com Alfred por cartas, mas é realmente bom que ele esteja longe. - Jo concordou - NIEMs não são fáceis.
- Eu passei as férias estudando. - disse .
- Achei que aproveitaria para ficar com Trevor. - Jo comentou.
- Ele acabou ficando muito ocupado com o trabalho no Hospital St. Mungus… Costumam sobrecarregar os novos funcionários e ele ainda tem que estudar um pouco mais para ser de fato Medibruxo lá, então estudamos juntos aos finais de semana. - explicou enquanto subia numa das carruagens com as amigas.
- Nada surpreendente para um casal que começou sua história com estudos. - Elle e Jo riram e elas foram o caminho todo rindo e conversando, aproveitando os últimos momentos de tranquilidade.
Assim que entraram na Sala de Poções, os alunos no sétimo ano leram no quadro negro “Poção Invisivlem” e o professor Snape encontrava-se de pé ao lado do quadro. Um a um os alunos escolheram seus assentos e depois que todos estavam bem acomodados o professor iniciou a aula:
- Boa tarde. Bem vindos ao sétimo ano. Esse é um ano que exige de vocês todos os conhecimentos aprendidos ao longo dos seus anos em Hogwarts, pois estudaremos as poções mais difíceis de todo o mundo bruxo. Algumas dessas poções são difíceis por conta do seu preparo e outras por conta da escassez de ingredientes. Hoje falaremos sobre a Poção Invisivlem. Alguém poderia me dizer em qual das duas categorias ela se encaixa?
- Escassez de ingredientes… - disse Samantha, uma aluna da Corvinal.
- Perfeito. E que ingrediente seria esse? - Snape perguntou ainda olhando para a menina.
- Pelos de Seminviso. Eles estão em extinção e…
- Pelos de Seminviso… Cinco pontos para Corvinal.- o professor disse alto enquanto escrevia no quadro negro - Essa criatura está em extinção e atualmente a venda e utilização dessa poção é controlada pelo Ministério, por esse motivo não a produziremos em sala de aula. - foi perceptível a decepção de alguns alunos. Fazer as poções era a melhor parte da aula - Sabendo desse ingrediente importantíssimo, alguém poderia me dizer para que serve essa poção?
- O bruxo que a ingerir ficará invisível por até duas horas. - respondeu - Mas mesmo que fosse liberada pelo Ministério essa poção talvez não fosse muito útil já que seus efeitos acontecem somente no bruxo que a consome. Suas roupas permaneceriam intactas obrigando-o a estar nu quando fizer uso dela e… Bem, isso pode ser um problema caso ele não consiga retornar a tempo para suas vestes. - Tanto quanto o resto da turma deixaram escapar um sorrisinho. A menina viu nos olhos do professor que ele também achava engraçada a possibilidade, mas ele era Severo Snape, não era de ficar de sorrisinhos por aí.
- Muito bem. - disse enquanto anotava a desvantagem no quadro - Cinco pontos para Sonserina. Outra criatura é necessária para a fatura dessa poção. Alguém?
Dois alunos levantaram as mãos para responder. Para Snape era satisfatório dar aulas para as turmas avançadas, eles não hesitavam em responder, estudavam e sabiam demais. Snape sentia prazer em ensiná-los. A paciência não era uma virtude dele, por isso era muito boa a presença de nas aulas dos primeiros anos. Ela sim sabia lidar com os mais novos que ainda tinham um conhecimento superficial de poções e muito medo do Professor. Ele não sabia como seria quando ela se formasse, não via em nenhum outro aluno dos anos anteriores ao sétimo a mesma capacidade da menina. Mas isso era coisa para se preocupar no futuro.
As aulas de Oclumência e Legilimência tinham chegado ao fim junto com o ano letivo anterior, mas e Severo continuaram se encontrando no mesmo e dia e horário apenas para conversar, como bons amigos que estavam se tornando, mas ao invés de ficarem na sala de Poções, eles sempre iam para a Torre de Astronomia.
- A lua está bonita hoje, né? - disse encantada.
- Ela sempre está bonita.
- Sabe, estive pensando… Talvez eu pudesse continuar sendo sua assistente depois de me formar. Podemos conversar com Dumbledore. Tenho certeza que ele vai aprovar.
- Talvez, mas esse não é exatamente um cargo dentro da escola então ele não teria como lhe pagar um salário. Pelo menos não o que você merece tendo o conhecimento que tem.
- É… Isso seria um problema. Não teria como viver dependendo dos meus pais ou de um marido. - ela refletiu.
- Você e Trevor estão pensando em se casar?
- Que? Não! Estamos bem juntos, mas acho que é cedo demais para pensar nessas coisas. - ela sorriu - Eu nem me formei ainda!
- Não esqueça de me convidar para o casamento! - ele sorriu de volta - Trabalhe como Mestre em Poções em casa. Faça um bom estoque. As pessoas costumam procurar mestres frequentemente e pagam muito bem. Quando eu conseguir a vaga de Defesa Contra as Artes das Trevas te aviso e você assume as aulas de Poções. - Planejou e ela assentiu - Tenho certeza que vou conseguir sobreviver sem você para me ajudar com os primeiros anos.
- Severo… Não é com você que eu estou preocupada… As crianças entram em pânico quando você olha para elas. - gargalhou.
- Isso os mantêm quietos. Para mim está ótimo. É uma forma de manter o controle.
- É uma péssima forma. - A menina corrigiu - Você não sente calor não? - mudou de assunto - Hoje está quente e você com essas roupas de manga comprida.
- Sinto, mas… existe uma coisa que eu preciso esconder… - percebeu que ele ficou tenso.
- Entendi. - percebeu que tinha tocado num ponto complicado e resolveu não insistir - Acho que já está ficando tarde… Devíamos nos recolher. - ele concordou e os dois caminharam juntos de volta às masmorras.
Março de 1984
Assim que as férias de Natal acabaram e todos retornaram a Hogwarts, os alunos do sétimo ano foram convidados a fazer um curso de Aparatação de doze semanas que seria ministrado por um funcionário do Ministério da Magia. As amigas , Elle e Jo se inscreveram e por doze sábados, junto com outros colegas, aprenderam e praticaram os Três D’s ensinados por Wilkie Twycross.
O último dia havia chegado e estavam todos em Hogsmeade para realizarem o exame final, que atestaria se estavam prontos ou não para aparatar e aqueles para quem a resposta fosse positiva sairiam dali com a licença do Ministério para aparatar. Algo parecido com o que os trouxas fazem nas auto-escolas.
- Repetindo os Três D’s - começou Twycross com a mão no alto enumerando as exigências para que todos vissem - Destino, Determinação e Deliberação. - alguns alunos repetiram junto com ele - O indivíduo que for aparatar deve ser completamente determinado a atingir o seu destino e mover-se sem pressa, mas com deliberação.
Aos poucos cada um dos alunos foram realizando o teste. Esse era um dos casos em que ser um dos primeiros era a melhor opção, visto que quanto mais tempo o aluno ficava aguardando a sua vez, mais tempo ele tinha para ficar nervoso e realizar uma atividade que exige bastante determinação e concentração, estar nervoso não era o melhor dos estados de espírito.
- Muito bem, Jones! - congratulou Twycross - A próxima é Elizabeth Dikens… - O homem chamou e uma menina da Lufa-Lufa se posicionou para realizar o teste.
Elizabeth estava visivelmente tremendo. No mesmo instante conferiu suas mãos e viu que também tremia. “O estrunchamento é quando alguma parte do corpo do bruxo fica para trás por falta de determinação e movimentos muito rápidos. É preciso que estejam determinados a atingir o destino. Os efeitos de uma aparatação malfeita vão desde a lesão ou perda de alguns membros ou até a morte” a voz de Twycross ecoou na cabeça de e no instante seguinte ela levou a mão ao bolso de dentro das vestes. O vidrinho ainda estava ali. Olhou para frente e viu Elizabeth mover a varinha no ar e o já conhecido som da aparatação foi ouvido, no entanto, a alguns metros dali, Elizabeth gritava de dor. Tinha estrunchado. Sabendo dos riscos, uma equipe já estava preparada para levar os alunos que se ferissem para a Madame Pomfrey e assim foi feito.
- Eu não quero mais fazer o teste. - disse Jo de olhos arregalados.
- Não! Nós vamos fazer. Ela estava nervosa. Eu vi ela tremendo. - respondeu .
- E aí que eu também estou nervosa, ! - mostrou as mãos.
- Eu também! - Elle mostrou que suas mãos também tremiam.
- Estamos todas, mas eu tenho algo que pode ajudar. - meteu a mão no bolso das vestes e tirou o vidrinho - Projecto de Paz. Fiz ontem com Snape. Claro que não disse para ele qual a finalidade, mas pode nos ajudar…
- Eu não sei, … - Elle começou.
- Isso deve ser contra as regras! - Jo finalizou.
- Acho que não. Só vai nos deixar mais tranquilas para fazer o teste. Não estamos burlando ele em si… - as amigas ainda tinham dúvidas - Olha, eu prefiro tomar do que acabar como Elizabeth e…
- Senhorita Bonnopoccio?
- Aqui! - respondeu depois de rapidamente dar um golinho na poção, entregou o vidrinho para as amigas e então foi para o teste.
- Quando quiser! - autorizou Twycross.
respirou fundo algumas vezes aguardando que a poção fizesse efeito e no instante que sentiu seu corpo parar de tremer, ela agitou a varinha no ar. Pensou com muita firmeza no ponto alguns metros à frente onde deveria aparecer e então foi pra lá. Era uma das sensações mais estranhas que seu corpo já havia experimentado, mas quando apareceu no outro lugar sem sentir dor, respirou aliviada.
- Parabéns! - Twycross falou alto, anotou algo em sua caderneta e chamou a próxima - Elle Sequiris.
Enquanto caminhava de volta para o grupo, olhou para a amiga já posicionada e ela fez que sim com a cabeça. Ela tinha tomado a poção. Tudo ia ficar bem. Tanto quanto Jo respiraram aliviadas quando a amiga obteve sucesso e depois e Elle fizeram o mesmo quando foi a vez de Josephine. Todas com a ansiedade e nervosismo controlados se saíram muito bem. Aliás, a pobre Elizabeth foi a única da turma de vinte alunos que teve grandes problemas com a aparatação.
As amigas decidiram que quando retornassem a Hogwarts fariam uma visita a menina na enfermaria, mas por hora, comemorariam o sucesso no teste no Três Vassouras.
Abril de 1984
Todos sabiam como identificar um aluno do sétimo ano, o desespero estava estampado no rosto de cada um deles, mas até nos horários livres era fácil saber quem estava prestes a se formar, visto que eles eram os que mais conversavam. Os alunos do sétimo ano sabiam que aqueles eram seus últimos momentos na escola e as conversas entre eles estavam se tornando cada vez mais extensas, como se desejassem que aquilo nunca acabasse. Isso resultava em muitas risadas, confissões, histórias para serem contadas no futuro e alguns vários atrasos. Todo mundo sabe que quando você se diverte, o tempo passa sem que se perceba. só se deu conta de que estava atrasada quando o assunto da conversa chegou nas aulas de poções. Levantou da mesa e mal se despediu dos amigos, correndo pelos corredores a fim de evitar que aquele atraso aumentasse ainda mais.
- Acredito que a senhorita deveria ter chegado aqui meia hora atrás… - disse Severo em pé, preparando uma poção, sem olhar para a aluna ofegante que se aproximava dele.
- Desculpa… É que… - correu mais do que seu corpo estava acostumado, precisava de um tempo para se recuperar - Eu estava conversando com o pessoal e nem vi a hora passar. Me desculpe. - pediu mais uma vez, para garantir.
- Dessa vez eu vou deixar passar, porque foi a primeira vez. - Finalmente ele levantou o olhar para a menina - Mas que isso não se repita. Eu poderia estar dormindo, sabia?
- Não. Você não estaria dormindo, Severo. Você estaria exatamente onde está e nós dois sabemos disso. - Ambos riram - Eu vou no dormitório pegar o…
- Não precisa. Vamos perder mais tempo… - Snape deu uma última olhada dentro do caldeirão e estando satisfeito com o que tinha lá dentro, ele passou a dedicar total atenção a - Independentemente do seu atraso, hoje eu tinha planejado uma aula diferente… - ele caminhou até a estante e pegou um exemplar de “Estudos Avançados no Preparo de Poções” - Quero te dar um conselho… - e caminhou lentamente até uma bancada sendo seguido por , que estava extremamente atenta - Dentro de livros como esse você vai encontrar as receitas para as mais variadas poções. Os autores vão te dar a lista e quantidade de ingredientes sempre, vão te passar o modo de preparo de maneira minuciosa… - ele dizia enquanto encarava o livro - Mas isso não significa que essas são as únicas maneiras de prepará-las.
- Como assim? - Aquilo não fazia sentido algum. Alguém tinha se dedicado muito para escrever livros como aquele, Snape tinha deixado clara a importância de seguir as receitas nas aulas anteriores e agora vinha com esse papo?
- Imagine que os livros são como bússolas. Elas te dão uma direção… Te apontam o Norte. Mas isso não quer dizer que para você chegar lá, no Norte, você tenha que seguir em linha reta como ela manda. Você pode precisar desviar ou podem surgir atalhos, meios de chegar lá mais fácil do que o indicado pela bússola. - ainda o encarava sem entender onde ele queria chegar - Estou querendo dizer que para que você se torne uma Mestre em Poções, no nível que você deseja ser, é importante que você esteja aberta a experimentar… Testar coisas novas, jeitos novos de fazer. Às vezes você vai acabar descobrindo maneiras mais simples de fazer determinadas poções. - Snape completou levemente empolgado - Veja… - e então abriu o livro - Está vendo essas anotações? - assim que viu assentir ele continuou - Eu as fiz enquanto ainda estudava aqui. Descobri maneiras mais fáceis de fazer algumas dessas poções e… - ele se interrompeu, permanecendo em silêncio.
- E…? - incentivou .
- E eu contei a Lílian, na esperança de que ela voltasse a falar comigo. - Ele riu de si mesmo - E fazia algumas coisas como o livro indicava só para que ela se destacasse… Como você sabe não adiantou muito… Eu só me tornei um aluno comum de uma turma avançada.
- Essa não foi a melhor maneira de se tentar reconquistá-la, Severo.
- Obrigado por pontuar. Eu jamais teria chegado a essa resposta sozinho. - Debochou da cara dela.
- Você está ficando muito engraçadinho, Professor Snape! - ambos sorriam - Deixa eu ver esse livro. - pediu e logo ele estava fechado em suas mãos. Abriu a capa e deu de cara com algo escrito a mão logo na primeira página - Quem é o Príncipe Mestiço?
- Eu.
- Severo Snape é da realeza? - perguntou de sobrancelhas erguidas enquanto ria divertida.
- Não! - fez cara de desprezo - É o sobrenome de solteira da minha mãe, Prince. E mestiço… Porque é o que eu sou.
- É um bom pseudônimo para quando você lançar a versão atualizada do livro de estudos avançados de poções! - ela sorriu para ele - O que mais temos aqui… - e começou a folhear o livro.
Aquela aula acabou durando mais tempo do que de costume. Severo se empolgou explicando a história de cada descoberta que facilitava a fatura das poções e sentia que nunca tinha aprendido tanto em uma aula.
Junho de 1984
Nem dava para acreditar que tudo tinha acabado. Não existia mais nenhum dever ou prova a ser feito, nenhum livro para ser lido, nenhuma aula para ser frequentada. Os resultados dos NIEMs já tinham saído e as três amigas comemoraram juntas as chuvas de “Ótimo” em seus boletins. Agora a última obrigação que elas tinham que cumprir era comparecer à festa de Encerramento de Ano Letivo.
- Acho que já coloquei tudo dentro do malão. - Disse Elle olhando ao redor verificando se não estava esquecendo nada no dormitório.
- Pronta para subirmos então? - perguntou sentada em sua cama.
- Claro! Estou faminta!
- Eu também! Quase não comi durante o dia para ter bastante espaço para o nosso último jantar em Hogwarts.
- Ai! Essas palavras machucam, sabia? - a menina levou a mão no peito enquanto saiam do dormitório.
O Salão Comunal estava enfeitado com as cores da Sonserina, afinal era a casa vencedora da Taça das Casas daquele ano. Fizeram piadinhas com Josephine a respeito disso já que a amiga havia caçoado delas nos anos anteriores em que a Corvinal foi a ganhadora. E por falar em Jo, naquela noite elas não se sentariam juntas. Assim como no primeiro dia do ano letivo, o último separava os alunos nas mesas de suas respectivas casas, então assim que localizaram Jo na mesa da Corvinal, Elle e acenaram para ela e foram atrás de um cantinho na mesa da Sonserina.
- Boa noite, alunos! - a voz de Dumbledore ressoou pelo Salão - Bem Vindos à Festa de Encerramento do Ano Letivo de 1984! A todos que atingiram ótimas notas esse ano, parabéns! Aos que não, desejo mais esforço no ano que vem. Estaremos aqui prontos para ajudá-los em sua jornada! - Dumbledore sorriu carinhoso olhando para os alunos por cima dos seus oclinhos de meia-lua - Esse ano, quero parabenizar a Sonserina pela vitória da Taça das Casas! Parabéns alunos por terem se dedicado e conseguido pontos para a sua casa nas salas de aula e nos jogos de quadribol e parabéns ao Professor Snape, diretor da casa, por ter guiado muito bem seus alunos este ano! - e foram ouvidas uma salva de palmas e gritos de alegria vindos da mesa da Sonserina. Snape agradeceu com um aceno breve com a cabeça - Tenho mais algumas palavras para dizer a vocês, mas o farei depois de comermos! O banquete está servido!
No instante seguinte, as mesas estavam repletas das mais apetitosas comidas que faziam os olhos dos alunos do primeiro ao sétimo ano brilharem em indecisão. O que escolher se tudo parece bom demais? Todos comiam e riam juntos, todos os anos misturados em cada mesa e às vezes se perdia observando as pessoas. Ela sabia que poderia voltar a Hogwarts algum dia e tinha feito de tudo nos últimos sete anos para que isso acontecesse, mas também sabia que nunca mais estaria naquela posição, como aluna. Quando todos já estavam de barriga cheia, a comida foi recolhida e Dumbledore retornou ao seu púlpito para terminar seu discurso.
- Imagino que estejam todos muito satisfeitos! Não é porque sou diretor, mas Hogwarts definitivamente oferece os melhores banquetes! Duvido que alguma outra escola de Magia e Bruxaria seja páreo para nós! - se vangloriou e depois de algumas risadinhas vindas dos alunos, ele continuou - Como em todo fim de ano letivo, estamos nos reunindo uma última vez com os alunos que completaram o sétimo ano. As despedidas nunca são fáceis, mas temos todos consciência de que é apenas um “até breve!”. Saibam que Hogwarts estará sempre de portas abertas para recebê-los! - a essa altura, alguns dos formandos tinham lágrimas nos olhos - Esperamos que os anos que passaram conosco tenham sido os melhores! Que tenhamos obtido êxito em sanar suas dúvidas e ensinar tudo aquilo que vocês tinham vontade de aprender. Que vocês tenham feito amigos para a vida toda! - e alguns amigos se entreolharam, incluindo Jo, mesmo distante, e Elle - E que a educação que receberam os tenha tornado ótimos bruxos que estão prestes a fazer história! Muito obrigado por terem vindo a Hogwarts! Desejamos tudo de bom a vocês nessa nova etapa da vida que está prestes a começar! - Dumbledore fez uma pausa e todos os presentes aplaudiram - Aos que ainda tem um ou mais anos aqui conosco, nos vemos em três meses! Aproveitem as férias! Até breve! - mais uma salva de palmas e Dumbledore se recolheu.
Aos poucos os alunos se retiraram do Salão Comunal e foram para seus dormitórios. Era importante descansar para a viagem de volta para casa no dia seguinte.
Depois de tomar café da manhã com as amigas, retornou às masmorras para se despedir de um amigo. Bateu com cuidado na porta da Sala de Poções e o aguardou abrir.
- Olá, professor Snape! - ela carregava um grande sorriso.
- Bom dia, ! - e deu espaço para que ela entrasse na sala - A que devo sua visita?
- Vim me despedir do meu professor favorito! - continuava sorrindo, mas com muita vontade de chorar.
- É uma honra saber que sou o favorito de alguém. - Snape sorriu de canto.
- Muito obrigada por tudo que você me ensinou, pelo tempo que você dedicou a mim. Se um dia eu chegar onde pretendo chegar a culpa é sua.
- Minha não. Me tira disso. Isso é tudo mérito seu. - falou sincero - Fora que Slughorn foi responsável pela maior parte dos seus anos em Hogwarts.
- Ele era bom, mas você foi melhor para mim. Pensar que quando entrei aqui eu morria de medo de você.
- É, eu me lembro do quanto você me evitava na Sala Comunal no seu primeiro ano. - ele sorriu - Com motivos, é claro. – Ambos sorriram.
- Bom, é isso! Tenho que ir. Muito obrigada, Severo! - e então envolveu-o em um abraço que foi infinitamente menos estranho do que o primeiro que trocaram pelo simples fato de que ele estava retribuindo.
- ! - chamou Elle do lado de fora da porta e rapidamente os dois se afastaram - Vamos! Os barcos já vão sair!
- Estou indo! - Falou para a amiga que logo seguiu seu caminho até o porto no lago - Eu vou te escrever regularmente! - avisou ao homem a sua frente - Não pense que vai se livrar de mim.
- Eu nem quero isso. - Ele sorriu e assistiu sair da Sala.
- Nos vemos em breve, Severo! - sorriu para ele uma última vez e se foi.
- Sim… - ele falou fechando a porta em seguida. Estava sozinho de novo.
Já no porto à beira do lago, os alunos do sétimo ano se preparavam para entrar nos barquinhos que os levariam até o Expresso de Hogwarts, fazendo o caminho contrário do que fizeram a sete anos atrás quando chegaram lá pela primeira vez.
- Os malões de vocês já estão a caminho do trem. Não se preocupem. - gritou Hagrid, o guarda-caça da escola, para que todos ouvissem - Por favor, o limite máximo dos barcos é de três alunos. Respeitem ou acabarão batendo um papo com a lula gigante e eu tenho certeza que vocês não vão querer isso. - riu consigo mesmo.
- Vamos lá! - Jo encorajou as duas amigas e logo as três estavam bem acomodadas dentro do barquinho.
- Eles pareciam maiores sete anos atrás - Comentou Elle.
- A gente cresceu, pouco… Mas crescemos. - riu.
Aos poucos todos os alunos foram se acomodando nos barcos e quando estavam todos em seus lugares, Hagrid entrou em um só para ele perguntou aos outros:
- Prontos? - e depois que recebeu uma resposta afirmativa, Hagrid começou a liderar a travessia.
Diferente do que acontecia no primeiro ano, os alunos não estavam falantes, empolgados com cada coisa que viam. Todos estavam em silêncio, contemplando a visão daquele magnífico castelo que serviu de casa por muitos anos de suas vidas. Alguns se entreolhavam e percebiam que as lágrimas e sorrisos eram melhores amigos naquela situação. Estavam tristes por deixar Hogwarts para trás, mas felizes, afinal estavam formados.
Parte III
Junho de 2002
Harry já havia terminado sua cerveja amanteigada há um bom tempo, mas como estava contando a história, a dela ainda se encontrava pela metade e muito provavelmente já estava quente.
- Então no final das contas você e Snape acabaram virando grandes amigos? - Harry perguntou só para confirmar. Não que ele achasse que aquilo era impossível, mas com certeza era improvável que o professor tivesse feito amigos ao longo da vida.
- Sim! - Ela sorriu e bebeu um pouco da cerveja - Hm… É mais gostosa quando está gelada. - Deixou a caneca de lado. - Enfim, aquilo de saber o segredo dele nos aproximou. Ele tinha que me manter por perto… E no fim nos afeiçoamos… Mas eu te prometi uma resposta e até agora isso pode ter parecido sem sentido para você. Vamos lá… Eu e Severo continuamos amigos depois que saí de Hogwarts e…
Julho de 1990
Sete anos de namoro depois, o dia do casamento de Bonnopoccio e Trevor Magnabento tinha finalmente chegado. Era um dia ensolarado de verão e eles resolveram se casar na casa da avó de Trevor, que morava próximo a um lago no interior da Escócia. Com o auxílio da magia, eles aprontaram tudo no dia anterior, já que o casamento estava marcado para a parte da manhã, para que pudessem aproveitar bem a festa o dia todo.
- Uau, você está linda! - Disse Elle quando viu a amiga pronta na frente do espelho.
- Obrigada! - abraçou a moça de lado.
- Já estão todos prontos. Só falta você…
- Estou indo… - Respirou fundo. Estava nervosa como há tempos não ficava.
Na companhia da amiga, saiu do quarto que usou para se arrumar e encontrou seu pai esperando no corredor. Ele instantaneamente sorriu para ela e lhe ofereceu o braço. Elle correu na frente para avisar que a noiva estava a caminho e todos se prepararam para a chegada dela. Trevor já tinha tido todas as cores possíveis, não fazia ideia de como ainda estava de pé, mas assim que a viu, ele sentiu-se calmo e até estranhou a mudança, esperava que fosse desmaiar quando a mulher aparecesse. Mas ela estava linda e ele não podia perder um segundo sequer. A música estava tocando e caminhava lentamente ao lado do pai. Tanto quanto Trevor não desviaram o olhar um do outro durante toda cerimônia e só se deram conta da presença de outras quarenta pessoas quando foram declarados casados e os convidados bateram palmas e gritaram em comemoração.
Logo em seguida a festa começou e, antes de mais nada, os noivos receberam os cumprimentos de todos os convidados e tiraram fotos com cada um deles.
- Já foi todo mundo? - Perguntou Trevor.
- Falta uma pessoa… - Ela passou o olho por todo o ambiente, mas quem faltava apareceu do seu lado.
- Olá, ! Trevor. - Os homens se cumprimentaram com um aceno.
- Severo! Você veio! - Ela praticamente pulou no amigo.
- Você me intimou. Não tinha como não vir… - eles riram - Parabéns pelo casamento. - Cumprimentou os dois.
- Obrigado! - Agradeceu Trevor. Era estranho ter seu antigo professor carrancudo no seu casamento.
- Foto! - Disse o fotógrafo.
- Ah, não… Eu não…
- Por favor, Severo. - pediu com o tom que sabia que convencia o amigo.
- Certo. - Ele se aproximou do casal e, sem olhar para a câmera, ele aguardou a foto ser tirada.
- Fiquem à vontade! - Trevor disse se afastando da esposa e do Professor - Vou comer alguma coisa!
- Isso! Venha comigo! Vamos comer, eu vou te apresentar para minha família e...
- Desculpe, . Eu não vou poder ficar.... - Ele estava buscando alguma desculpa que não magoasse a moça.
- Você não gosta desse tipo de ambiente, né? - Ela perguntou, conhecendo muito bem Severo - Tudo bem… Mas vou separar um pouco de comida para você levar. Nada perto dos banquetes de Hogwarts, mas ainda assim uma delícia.
Ele concordou em silêncio e seguiu . Com a comida para viagem separada, os dois amigos se despediram e Snape desaparatou dali.
- Eu não entendo como vocês viraram amigos… - Trevor falou apoiando a mão na cintura da esposa.
- No fundo ele é uma boa pessoa… - Virou para o marido, colocou a mão no rosto dele e deixou um beijo em seus lábios - Eu te amo.
- Também te amo, rainha das poções. - Sorriram um para o outro. - Agora vem dançar comigo! - eE então Trevor puxou a mulher pela mão, trazendo-a de volta para festa.
Setembro de 1990
Já fazia um tempinho que as amigas não se reuniam, o casamento de com toda certeza não contou como uma reunião de amigas, mas finalmente elas conseguiram conciliar o tempinho livre e foram se encontrar na casa de Josephine.
- Ele é a cara do Alfred. - Disse encarando no bebê deitado no berço. - Você não tem nada a ver com sua mãe, não é Ben? - Usou a voz boba para falar com o menininho.
- Bebês são uns ingratos, sabia? A gente carrega por meses e aí eles fazem isso com a gente. - Disse Jo sentada na cadeira de balanço no canto do quarto. - Não tenham filhos, meninas. - Elas riram.
- Eu e Trevor nem pensamos nisso.
- E eu não tenho ninguém com quem gerar uma criança. - Lamentou Elle.
- Você precisa de mais folgas. Esse seu trabalho no Ministério está consumindo sua vida pessoal.
Elle acabou se tornando funcionária do Ministério da Magia na Seção de Controle de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas e amava cada segundo do seu trabalho. Junto com seu chefe, Arthur Weasley, ela fiscalizava e investigava bruxos que faziam mau uso dos artefatos trouxas e às vezes as coisas não saiam muito como o planejado. Estudo dos Trouxas foi uma das matérias favoritas de Elle na escola, portanto não surpreendeu as amigas quando anunciou que trabalharia naquela seção do Ministério.
- Mas eu gosto do meu trabalho. - Ela sorriu. - Posso pegar ele?
- Sim! - Jo assentiu - Vamos para a cozinha comer alguma coisa! - A mulher se levantou e foi para o outro cômodo acompanhada de perto por e Elle veio mais atrás conversando com o bebê. - Mas então, , por que você e Trevor não querem um bebê?
- Na verdade, nunca tivemos essa conversa sabe? - Respondeu pegando um prato com uma fatia de bolo que a amiga lhe entregava e então se sentou à mesa. - Mas acho que não funcionaria… Trevor tem a rotina meio complicada e eu pretendo ir lecionar em Hogwarts… Seria difícil criar uma criança assim.
- É, mas você não sabe quando e se vai realmente dar aulas lá. - Pontuou Jo.
- Concordo com ela. - Disse Elle antes de levar uma garfada de bolo a boca.
- É… Eu sei, mas e se…?
- Isso é coisa pra você e Trevor do futuro lidarem e eu tenho certeza que vão dar um jeito! Somos bruxos, oras! - Jo sorriu como se tivesse arrumado uma solução para tudo que envolvia ter um filho.
sorriu de volta e tratou de resgatar algumas memórias de quando frequentavam Hogwarts para mudar de assunto. Era bom estar de novo com suas melhores amigas.
Outubro de 1991
A rotina de Trevor como Medibruxo era bastante agitada e às vezes, depois dos plantões longos no Hospital St Mungus, o rapaz chegava destruído em casa, ficando horas em sono profundo. Enquanto ele dormia, produzia as mais variadas poções no sótão da casa. Havia seguido o conselho que Severo lhe tinha dado e começou a fazer poções para outros bruxos, não demorou muito para que todo o vilarejo começasse a procurá-la. Algumas das poções pedidas nem sequer existiam e essas eram as encomendas que ela mais gostava de receber porque eram desafiadoras, ela tinha que se dedicar, estudar, fazer testes para chegar em resultados que agradassem os clientes. Tudo era feito respeitando as leis do Ministério acerca das produções de poções, claro.
Era no sótão, por meio de uma das janelinhas do ambiente, que a coruja chegava com as cartas. Sempre recebia notícias de suas amigas de Hogwarts, da família e algumas cartas de Severo. Ao menos uma vez por mês Severo enviava uma carta contando-lhe as novidades e aquela terça feira era um daqueles dias. Quando o relógio acusou que eram duas da tarde, a coruja pousou na soleira da janela. se levantou e desamarrou a carta da perna da corujinha branca, que se foi logo que foi paga.
“Cara ,
As coisas aqui em Hogwarts estão ficando interessantes. Esse ano, como lhe informei na carta anterior, Dumbledore contratou um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Achei que era minha chance, mas ele colocou Quirino Quirrell no cargo que eu sempre quis… Lembra-se de Quirrell? Ele era da Corvinal e continua meio destrambelhado como era na época que estudou aqui. Confio muito em Dumbledore, mas às vezes acho que ele faz isso só para me punir.
Além disso, o filho de Lílian começou a estudar aqui este ano. Ele é a cara do maldito Tiago e me assombra em todos os cantos que eu o vejo, mas tem os olhos dela e isso me causa sentimentos confusos. Eu gostaria de poder abraçá-lo e talvez dizer que sinto muito por Lílian, mas isso seria estranho e eu jamais abraçaria Tiago Potter. Se você estivesse aqui seria responsável por ajudá-lo nas aulas. Me dá nos nervos ter que lidar com ele.
Bem, acho que são essas as atualizações do mês.
Espero que vocês estejam bem.
Abraços,
Severo Snape”
terminou de ler a carta com um sorriso no rosto enquanto acariciava a própria barriga. Severo era um poço de sentimentos complicados. Pegou um papel e uma pena e começou a redigir uma resposta para ele.
“Querido Severo,
Acredito que Dumbledore tenha seus motivos para não te mudar de cargo e creio que um deles é que você é com certeza o melhor em poções e Dumbledore quer oferecer o melhor para a formação dos bruxinhos do futuro! Devia ficar feliz por isso!
Quanto ao pequeno Potter, pegue leve. O garotinho não tem nada a ver com o pai. Já se passaram anos, Severo. Está na hora de superar isso aí!
Eu, Trevor e o bebê estamos bem e a minha produção de poções está a todo vapor! Obrigado por ter me incentivado a fazer isso!
Se cuida!
Beijos,
Bonnopoccio”
Assim que se viu satisfeita com a carta, colocou-a dentro de um envelope e selou. Desceu até a cozinha, onde encontrou a sua própria coruja em um cochilo.
- Airon… - Chamou o bichinho que abriu os olhos meio a contragosto. - Preciso que leve isso a Severo. - Explicou enquanto amarrava a carta em sua perna.
A coruja encarou por alguns instantes e então partiu deixando para trás a dona que observou-a voar no céu até desaparecer.
Maio de 1992
“Querido Severo,
Te escrevo para avisar que em breve o bebê deve nascer e pode ser que fique mais complicado responder às cartas. Ainda não me sinto preparada para ser mãe, mas a essa altura não há mais nada que eu possa fazer, não é mesmo?
Espero que esteja tudo bem por aí!
Beijos,
Bonnopoccio”
Junho de 1992
“Cara ,
Me desculpe a demora para responder a sua carta. Algumas coisas estranhas começaram a acontecer aqui em Hogwarts. No final das contas o Professor Quirrell estava aqui em busca da pedra filosofal e tudo teria dado errado se não fosse por Harry, filho de Lílian. É difícil admitir, mas ele é um bom bruxo.
Imagino que a essa altura seu bebê já tenha nascido. Espero que vocês estejam bem! Mande-me notícias!
Abraços,
Severo Snape”
“Olá Severo,
Estou te escrevendo porque as coisas têm sido bastante complicadas aqui em casa. deu a luz a uma linda menininha, Gillian, há duas semanas e esses dias têm sido complicados. Quando a bebê consegue dormir, dorme junto e esta noite ela comentou comigo que não tinha te respondido e estava se sentindo mal por isso. Então resolvi eu mesmo lhe mandar atualizações!
Ah, ela também disse que talvez agora você consiga o cargo de Professor de DCAT. Desejo sorte a você!
Abraços,
Trevor Magnabento.
ps: Anexei uma foto de com Gillian para você.”
Junho de 1993
“Cara ,
Gillian está cada vez mais parecida com você! Fico muito feliz que estejam todos bem. Obrigada por sempre me mandar fotos!
Para variar muitas coisas têm acontecido em Hogwarts. Recentemente um tal de Herdeiro da Sonserina andou causando problemas pela escola. Vários alunos foram petrificados, inclusive a gata do Filch, você tinha que ver como ele ficou irado, mas está tudo voltando ao normal. Mais uma vez Harry Potter solucionou as coisas e era tudo culpa de um diário enfeitiçado que pertenceu a Voldemort. Isso porque o professor de DCAT era um banana… Você já deve ter ouvido falar do Lockhart… Bom, agora ele perdeu a memória e todo mundo sabe que ele era um mentiroso. Me pergunto até quando Dumbledore vai me negar o cargo!
Abraços,
Severo Snape.”
Julho de 1993
Levou um tempo para que ele aceitasse o que estava sendo proposto, mas a verdade é que não tinha como resistir ao sorriso da garotinha. Era uma sensação estranha tê-la no colo. Ele nunca tinha pensado que passaria por uma situação como essa.
- Ela gosta de você. Não para de sorrir desde que te viu... - Comentou sentada em uma poltrona de frente ao sofá em que Severo se encontrava.
Antes de engravidar, ela costumava ir a Hogsmeade algumas vezes no ano para que pudesse encontrar com o amigo e conversar até que Severo tivesse que retornar para a Escola. Mas há quase dois anos isso já não era mais feito e, apesar dos vários convites, Severo nunca tinha aparecido na casa dela. Ele sentia que Trevor não era muito a favor da presença dele na vida dos dois e não queria causar qualquer desconforto entre o casal. Mas fez questão de deixar bem claro que aquelas coisas eram fruto da imaginação dele. Trevor e Severo só não eram próximos e é claro que a relação difícil entre os alunos de Hogwarts e o Professor Severo Snape tinha deixado suas marcas.
- Tinha que ser sua filha mesmo… - Ele tentava controlar a criança que insistia em querer puxar seus cabelos. - Pra gostar de mim… - Sorriu de canto.
A cada dia que se passava, tinha mais certeza de que toda essa pose de malvado do amigo não passava de uma fachada para que as pessoas não vissem o quão frágil ele era em alguns aspectos.
- Vai ver é uma condição hereditária! - sorriu também.
A mulher estava se divertindo muito com a dificuldade do amigo em lidar com Gillian, mas não podia deixar transparecer para evitar que ele se sentisse mais constrangido do que já devia estar. Aliás, o coração dela estava derretido com a cena que estava acontecendo a sua frente e não queria que nada no mundo estragasse aquele momento.
Junho de 1994
“Cara ,
Diga a Gillian que eu desejei feliz aniversário a ela. Dois anos já!
Acabo de me lembrar daquele meu aniversário que você passou comigo. O primeiro... Obrigado!
Bem, vamos as novidades por aqui. Desde que Sirius Black havia fugido de Azkaban estávamos todos em alerta por conta de Harry Potter. Lembra que te disse que eu mesmo o mataria se tivesse a chance? Bom eu tive, mas ele não foi o culpado por Voldemort ter encontrado os Potter naquela noite. Pedro Pettigrew está vivo, é o verdadeiro culpado e fugiu. Caso eu não tenha te contado, Remo Lupin é um lobisomem e eu tenho preparado poção de acônito para ele, mas em breve todos saberão quem ele é, então ele pediu demissão. E lá se vai mais um professor de DCAT…
Abraços,
Severo Snape.”
Junho de 1995
“Querida ,
Essa talvez seja uma das cartas mais difíceis que eu vá te escrever na vida. Vai ser a última por um bom tempo… Trago péssimas notícias. Lord Voldemort retornou. Harry Potter o viu com os próprios olhos e pelo terror que enxerguei nos olhos do menino, ele não estava mentindo. Tenho meus motivos para acreditar na palavra dele. Acredite quando eu te digo que ele voltou. O Ministério não quer aceitar, mas essa é a verdade. Além disso, um jovem bruxo foi morto durante o torneio tribruxo. Está tudo acontecendo muito rápido.
Tive uma reunião com Dumbledore e ele perguntou se eu estava pronto para fazer o que tinha dito que faria quando pedi para ele proteger os Potter e eu disse que sim. A partir de agora eu sou um agente duplo. Estou indo encontrar Voldemort e eu farei de tudo para parecer seu servo mais leal. É preciso que eu faça isso para que tenhamos uma chance.
Espero que entenda que se houvesse outra forma, eu não faria assim, mas eu não posso colocar a sua vida em risco e nem de Trevor, muito menos de Gillian. Então não responda essa carta, não me procure, faça uso da oclumência, ensine a seu marido. Se protejam. Quando as coisas se resolverem eu entrarei em contato. Eu prometo.
Não conte a ninguém o que te contei aqui e se possível, queime todas as cartas que já trocamos. Caso eu seja descoberto, Voldemort pode te procurar. Eu já queimei tudo aqui que me liga a você.
Não se esqueça de queimar principalmente essa daqui.
Te amo, .
Abraços de seu eterno amigo,
Severo Snape.”
dobrou a carta várias vezes e deixou uma lágrima solitária escorrer. Não levou mais de dois segundos para secá-la, mas o marido percebeu.
- O que foi? - ele disse assim que repousou o garfo no prato, preocupado com a esposa.
- Voldemort está de volta… Precisamos nos proteger. - E então ela colocou a carta na vela que estava sobre a mesa e a assistiu queimar lentamente.
Julho de 1996
Logo cedo pela manhã, Airon chegou com a nova edição do Profeta Diário, o jornal dos bruxos. Trevor, que estava se preparando para sair de casa para o trabalho, pegou o jornal e não pôde sair sem antes comentar com a esposa a notícia que estampava a primeira página.
- “Cornélio Fudge renunciou. O ex-Ministro negou por mais de um ano o retorno daquele-que-não-deve-ser-nomeado e ontem, no próprio Ministério obtivemos provas suficientes para acreditar que ele retornou sim. Várias testemunhas presenciaram uma batalha entre o bruxo das trevas, o menino-que-sobreviveu e o diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore.” - Trevor leu em voz alta enquanto a esposa dava o café da manhã para a filha.
- Agora é oficial, estamos à beira de uma guerra.
- O que faremos?
- Continuaremos nos protegendo. Vamos esperar que as autoridades tomem alguma providência em relação a isso.
- Não gosto da ideia de ficar esperando…
- Nós não somos capazes de acabar com isso com as nossas próprias mãos, amor! - disse tentando parecer calma para não assustar a filha. - Quando houver alguma coisa que pudermos fazer, faremos. Mas por enquanto, vá para o trabalho. Muitas pessoas dependem de você para viver! - Sorriu para ele e ele deixou o jornal em cima da mesa depois de beijar o topo da cabeça da mulher e da filha.
- Amo vocês! - Disse já na porta.
- Nós também te amamos!
sustentou o sorriso até que ele tivesse partido e então relaxou. Sentia que era só o começo e, se em algum momento tudo aquilo ia passar, ia ser preciso piorar muito antes.
Julho de 1997
Enquanto a filha dormia durante o dia, aproveitava para colocar em dia os pedidos de poções que estavam atrasados e eles eram muitos. Trabalhava sempre com o rádio ligado, para saber das notícias ou ouvir um pouco de música. Sempre que um plantão de notícias interrompia a música, ficava de coração apertado.
“É com muito pesar que anunciamos a morte de Alvo Dumbledore. Ele foi assassinado dentro de Hogwarts ontem à noite por um de seus professores, Severo Snape. O bruxo foi visto saindo da propriedade da escola na companhia de Comensais da Morte e não se sabe o seu paradeiro. Voltaremos assim que tivermos mais informações.”
não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Estava com a mão na boca e os olhos cheios de lágrimas no instante em que a filha entrou no sótão.
- Mamãe… - Disse a menina de cinco anos coçando os olhos. - Estou com fome… - Rapidamente secou as lágrimas e foi até a filha com o sorriso nos lábios.
- E o que a mocinha deseja comer?
- Chocolate!
- Chocolate não mata a fome, meu amor… - e juntas as duas foram até a cozinha em busca de algo para comer.
- Eu sei que é difícil de acreditar, mas foi ele. Eu sempre achei meio suspeito… - Disse Trevor deitado na cama enquanto se preparavam para dormir.
- Deve haver um motivo…
- Ele é mal. Simples assim, .
- Não! - Ela gritou para o marido e no segundo seguinte lembrou que a filha dormia no quarto ao lado. - Não… Severo jamais faria isso... Assim… do nada. Você não o conhece. - se deitou e apagou a luz do abajur ao seu lado.
- E pelo jeito você também não. - Foi a vez de Trevor apagar a luz.
respirou fundo para não responder. Existiam coisas que ele não sabia a respeito de Severo, coisas que ela não podia contar e por isso não valia a pena brigar com o marido. Naquele dia não pregou os olhos e fez tudo que pôde para entrar em contato com Severo por meio da legilimência, mas sabia que ele provavelmente estava o tempo todo fazendo uso da oclumência. Torcia para que ele mandasse uma carta e explicasse aquela confusão.
Agosto de 1997
“O Ministro Rufo Scrimgeour renunciou ao cargo. Pio Thicknesse foi nomeado como novo Ministro da Magia. Há mais ou menos um ano, Thicknesse havia assumido a chefia do Departamento de Execução das Leis da Magia, então era esperado que ele assumisse o Ministério. Em um pronunciamento ele disse: ‘Como o novo Ministro da Magia, eu prometo restaurar este templo de tolerância à sua antiga glória. Portanto, a partir de hoje, cada funcionário irá se submeter... a uma avaliação. Mas saiba disso: você não tem nada a temer, se não tiver nada a esconder’. Além disso, o Ministro Thicknesse nomeou Severo Snape como novo diretor de Hogwarts. Importante dizer que as acusações de assassinato partindo do professor foram retiradas por falta de provas, já que vieram de um bruxo adolescente que sabemos não ser confiável, o Indesejável n° 1, Harry Potter.”
- O que você está fazendo, Severo! - disse para si mesma.
O amigo ainda não havia dado notícias e cada dia que se passava seu coração ficava mais angustiado. Já não ouvia o rádio para distrações, apenas as notícias importavam. Não estava conseguindo ser produtiva com as poções desde a morte Dumbledore. Talvez a única atividade que tenha mantido eram os cuidados com a filha, mas ainda assim, as brincadeiras diminuíram notavelmente.
- Chega - Disse Trevor desligando o rádio. - Isso não está te fazendo bem! Vem cá.
O rapaz estava percebendo o quanto a esposa estava se entregando a tristeza e preocupação. Ele sabia o quanto Severo era importante para ela. Sabia que ela amava o homem. Trevor amava a mulher e não podia assistir aquilo sem fazer nada.
O marido levou para a cama e ela não relutou nenhum pouco. Ele foi à cozinha para preparar uma sopa. Sua mãe sempre lhe dava sopa quando não se sentia bem e pensou que talvez isso pudesse ajudá-la.
- Papai… - Gillian chamou - O que a mamãe tem?
- Ela só está um pouco triste, meu anjo. - Trevor pegou a menina no colo e deixou que panela cuidasse sozinha da sopa.
- Por quê?
- Um amigo dela… Ele está… Ele está passando por algumas coisas e ela não pode ajudar ele.
- E a gente pode?
- Infelizmente não, Gil. - Trevor beijou a bochecha da criança. – Por que você não vai lá com a mamãe dá um abraço bem apertado nela? - A menina concordou com a cabeça e ele a devolveu para o chão. Mais que depressa ela desapareceu pelo corredor a caminho do quarto dos pais.
Passada uma hora, a sopa estava pronta. Trevor pegou duas tigelas e colocou a comida dentro. Com duas colheres na mão ele foi até o quarto encontrando Gillian e uma agarrada a outra.
- Coma. - Estendeu uma das tigelas para . - Vai te fazer bem. - A esposa se sentou na cama e pegou a tigela.
Trevor chamou a filha para seu colo e a alimentou. Todos estavam em silêncio. Trevor pediu aos céus que trouxessem alguma notícia de Severo que pudesse acalmar o coração de . Ele não sabia o que mais poderia fazer para ajudá-la, mas jamais deixaria de estar ao seu lado.
Setembro de 1997
“Querida amiga ,
Trevor me contou você não anda muito bem. Infelizmente, devido a situação que estamos vivendo não poderei ir visitá-la, mas estimo melhoras.
Como está Gillian? Sinto saudades da minha afilhada!
No início de agosto fui demitida do Ministério. Eu não sei o que está acontecendo, mas os procedimentos lá dentro estão muito hostis desde que o novo Ministro assumiu. Dolores Umbridge assumiu a Comissão de Registro dos Nascidos-Trouxas e tem feito coisas horríveis…
Enfim, espero que tudo isso passe logo para eu poder te visitar.
Fique bem.
Beijos,
Elle Sequiris.
ps: Essa carta exige uma resposta!”
Março de 1998
Desde que começou a trocar cartas com mais frequência com as amigas, Elle e Josephine, seu humor melhorou bastante. Mesmo assim Trevor resolveu tirar uma licença no fim do inverno para passar mais tempo com a família.
Estavam os três na sala da casa brincando juntos quando Airon entrou pela janela com algo amarrado em sua perna. Trevor se levantou no mesmo instante e pegou a carta. Assim que leu o nome de no envelope soube quem era o remetente pela caligrafia e arregalou os olhos.
- O que foi? - Perguntou ao ver a reação do marido.
- É de Severo. - E antes mesmo que ele pudesse terminar de falar o nome do homem, já estava de pé, pronta para tirar a carta da mão do rapaz.
“Ontem eu ajudei o menino. Ele está em missão. Tudo que ele está fazendo é para salvar a todos. Confie em mim. Eu mantenho a minha lealdade àquele que me deu uma segunda chance”
- O que diz aí? - Trevor perguntou curioso.
- Ele ainda está do nosso lado. Severo ainda é um bom homem. - Ela sorriu e queimou a carta.
1 de Maio de 1998
Mais um dia sem saber como seria o futuro. A carta de Severo tinha acendido uma chama de esperança no coração de , mas o tempo estava passando e mais de um mês depois nada tinha acontecido. Ninguém sabia do paradeiro de Harry Potter e ela não fazia ideia de como um jovem bruxo poderia conseguir derrotar o maior bruxo das trevas de todos os tempos, mas as coisas estavam prestes a mudar.
Naquela sexta-feira, Trevor cumpriria seu plantão durante a noite, então estava aproveitando para descansar. Estar descansado era imprescindível para que desempenhasse um bom trabalho. passou a manhã brincando e lendo livros infantis com a filha. Os Contos de Beedle, o bardo era um dos livros favoritos de Gillian.
Ao fundo o rádio permanecia ligado e os ouvidos de estavam atentos a qualquer notícia que pudesse chegar.
“O Indesejável n° 1 que já não era visto a meses invadiu o Gringotes hoje. Sua fuga foi feita por meio de um dragão usado para a segurança dos cofres do banco. Não se sabe o paradeiro de Potter.”
- Esse não me parece um bom plano para deter você-sabe-quem… - Disse Trevor levemente divertido com a notícia na hora do almoço.
Durante a tarde, Gillian tirou um cochilo e enquanto isso foi fazer o que mais gostava de fazer na vida: Poções. Há pouco havia reencontrado o prazer em misturar os ingredientes e encontrar soluções simples para algumas coisas. Uma gota e pronto. No final do dia, , Trevor e Gillian jantaram juntos antes do homem ir para o trabalho.
Depois de colocar Gillian na cama, foi trabalhar um pouco mais com as poções e perdeu a noção do tempo. Quando viu que horas eram, foi para seu quarto se preparar para dormir, mas então percebeu a presença de um animal na janela do quarto. Uma coruja de penugem escura com uma carta amarrada na perna. Com cuidado a mulher retirou o papel dali e a coruja levantou voo. Era de Severo.
“O menino está em Hogwarts. Você-sabe-quem vai até lá com um exército para matá-lo. Hogwarts precisa de ajuda.”
Assim que terminou de ler o bilhete, sabia o que tinha que fazer. Trocou de roupa, pegou a varinha, escreveu um bilhete para Trevor, deixou na mesa da cozinha, foi até o quarto da filha, colocou alguns dos pertences da menina numa mochila, acordou Gillian e pediu que a menina segurasse o mais firme que conseguisse em seu braço. Desaparatou.
aparatou na porta da casa de sua mãe. Tocou a campainha e bateu na porta diversas vezes.
- O que foi, ? - Perguntou a mãe assustada.
- Preciso que fique com Gillian. - Esticou o bracinho da filha para a avó. - Amanhã Trevor vem buscá-la.
- , o que está acontecendo, minha filha?
- Eu preciso ajudar… ajudar uma amiga, mãe. Não tenho muito tempo. Eu… Eu estarei de volta a minha casa amanhã. Prometo. - Disse com o coração cheio de incertezas. - Se comporte, meu bem! - Abaixou-se para ficar na altura da filha e beijou o topo de sua cabeça. - Te amo! Não esquece! - Completou quase chorando. - Também te amo, mãe! - Beijou a bochecha da mais velha. - Obrigada por tudo! - Falou mais alto enquanto se afastava e assim que a porta da casa da mãe se fechou, ela desaparatou mais uma vez.
Como não poderia aparatar em Hogwarts, aparatou bem próximo da escola e andou o mais rápido que pôde até alcançar a entrada principal. Seguiu a voz da Professora McGonagall dentro do Salão Comunal, onde vários alunos e professores recebiam instruções. Antes que pudesse chegar perto da Professora, uma voz se fez ouvir dentro de toda a Escola.
- Eu sei que muitos de vocês vão querer lutar… Alguns de vocês pensam que lutar é o certo, mas isto é tolice… - Assim como todo mundo, soube que aquela era a voz de Voldemort. - Entreguem-me Harry Potter… façam isso e ninguém sairá ferido. Entreguem-me Harry Potter e não tocarei em Hogwarts. Entreguem-me Harry Potter e serão recompensados. Vocês tem uma hora. - E então a voz se foi.
Todos se recuperaram do ocorrido e voltaram a fazer o que foram designados a fazer.
- Professora! - Chamou assim que o grande fluxo de pessoas se desfez.
- Bonnopoccio! - McGonagall olhou para ela e sorriu brevemente.
- O que posso fazer para ajudar?
- Você era boa em feitiços também, certo?
- Nota “Ótimo” nos NIEMs.
- Perfeito. Ajude a colocar uma proteção ao redor de Hogwarts. Precisamos de tempo. Vá para as torres.
- Certo!
saiu correndo pelos corredores da escola indo escadarias acima. A única torre que ela tinha acesso era a de Astronomia, já que as outras duas eram as Salas Comunais da Grifinória e da Corvinal. Assim que chegou no lugar que costumava encontrar Severo, empunhou a varinha e começou a recitar os feitiços de proteção que Flitwick a ensinou.
- Protego Maxima, Fianto Duri, Repello Inimigotum, Salvio Hexia… - Repetindo diversas vezes a combinação até que o feixe dourado que saia da sua varinha encontrasse com o dos outros espalhados pela escola que faziam o mesmo.
Quando a barreira de proteção foi terminada, percebeu que estava cansada, passaram-se mais de vinte e cinco minutos desde que ela tinha começado a recitar os feitiços. Não havia tempo para descanso. voltou a correr escada abaixo e no meio do caminho percebeu clarões do lado de fora. Os aliados de Voldemort estavam atacando a barreira de proteção. Thereza rezou para que levasse bastante tempo para que ela fosse destruída. Passando pelos corredores, ela encontrou uma aluna, provavelmente do primeiro ano, chorando num canto. Deve ter se escondido assustada com a movimentação da escola e ficou para trás quando os mais novos foram levados em segurança para longe de Hogwarts. Foi até a menina e se agachou.
- Oi… - Tentou ser o mais simpática que sua respiração ofegante permitia - Eu posso te levar para um lugar seguro… Eu me chamo e você?
- Anna.
- Muito bem… Prazer, Anna. Venha comigo. - Esticou a mão para a menina que logo a pegou.
Sabia que não havia mais como tirá-la da escola, então desceu o mais rápido que pôde até as masmorras. Antes de começar a descer o último lance de escadas, viu que tinham alguns Comensais dentro da escola. Apertou o passo. Utilizou alohomora para abrir a porta da sala de poções.
- Anna, fica aqui nesse cantinho. - Indicou para a menina um espaço atrás da mesa do professor e, enquanto a menina ia para lá, procurou a Poção Projecto de Paz e deu para a menina beber assim que a encontrou. - Vai te fazer sentir melhor, tá bom? - A menina concordou - Anna, você não pode sair daqui por nada nessa vida. Fique quietinha. Quando tudo acabar eu volto para te buscar. Eu prometo! - Mais uma vez ela concordou e saiu da sala.
A bruxa estava fazendo muitas promessas que não sabia se poderia cumprir. Pensou em Gillian e seu coração apertou.
2 de maio de 1997
De volta aos andares superiores, usou protego para se proteger e duelou com alguns Comensais para ajudar outras pessoas. Continuou correndo pelos corredores em busca de quem mais pudesse ajudar e então avistou Harry Potter na companhia de seus amigos. Se aproximou um pouco para perguntar se podia ajudá-los, mas parou antes que eles a vissem para ouvir sobre o que estavam falando.
- Ele está com Nagini na Casa dos Gritos. Pediu a Lúcio que mandasse Snape para lá…
- Então vamos! - Disse a menina que estava com ele.
Eles saíram correndo e ouvir o nome de Severo, fez ir atrás deles sem pensar muito. Os três amigos saíram de dentro da escola e foram na direção do Salgueiro Lutador, desaparecendo em um buraco entre as raízes da árvore. hesitou, não sabia se deveria entrar ali ou não. Achava que provavelmente aquilo era uma passagem secreta até a Casa dos Gritos. Ponderou por alguns segundos e fazendo o mínimo de barulho possível, para que a árvore não notasse sua presença, ela passou pelo buraco entrando em um longo túnel. Mais uma vez hesitou, não sabia o que ia encontrar no fim do túnel. A questão não era o lugar em si, mas o que estaria acontecendo lá. Ficou alguns minutos parada no escuro tentando ouvir alguma coisa. Nada. Caminhou lentamente até estar a um passo de entrar na Casa dos Gritos, mas não entrou porque ouviu vozes. Se escondeu no cantinho do túnel e apurou os ouvidos.
- Leve...isso...Leve...isso. – A voz de Snape estava quase desaparecendo. sentiu seu coração apertar.
Houveram mais conversas lá dentro, mas o coração de estava em pânico com a fragilidade da voz de Severo. Só prestou atenção no que estava sendo dito quando, mais uma vez, a voz de Voldemort se fez presente:
- Vocês lutaram bravamente, mas em vão. Eu não queria isto. Cada gota de sangue mágico derramada é um desperdício e por isso ordeno que as minhas forças se retirem e na ausência delas deem um destino digno aos seus mortos. Harry Potter, falo agora diretamente com você. Esta noite você permitiu que seus amigos morressem por você ao invés de me enfrentar pessoalmente. Não existe desonra maior. Me encontre na Floresta Proibida e enfrente o seu destino. Se você não fizer isso, eu matarei até o último homem, mulher e criança que tente escondê-lo de mim.
Mais uma vez a voz se foi.
Pouco tempo depois, os passos dos três amigos ficaram cada vez mais próximos de , eles deviam estar voltando, então ela se encolheu ainda mais no canto para que eles não a notassem. E não notaram, talvez por conta de toda adrenalina do que estava acontecendo naquela madrugada. Quando percebeu que eles já estavam bem longe e o silêncio reinava dentro da casa, reuniu um pouco de coragem para entrar lá e implorou para que não visse o que achava que veria.
Foi difícil controlar a vontade de gritar quando viu como Severo estava. Suas vestes estavam sujas de sangue e sua pele estava mais pálida do que nunca. Se aproximou do homem e depois de verificar se ainda tinha pulso, sentou-se no chão, puxando-o para seu colo. Procurou a fonte de todo aquele sangue e viu que estava no pescoço. Eram feridas bem feias. Fez pressão sobre elas com uma das mãos e começou a recitar um feitiço que o próprio Snape havia inventado.
- Vulnera Sarnentum… - dizia entre soluços torcendo para que funcionasse e o amigo parasse de sangrar. Pouco tempo depois de começar, o sangramento tinha diminuindo e então Snape abriu os olhos - Ei! Vai ficar tudo bem! Eu estou aqui com você! - Ele sorriu em resposta e puxou a mão dela de seu pescoço. - Não, Severo, eu tenho que continuar, isso vai te ajudar. Você vai ficar bem… - Algumas lágrimas começaram a escorrer.
- Cobra. - Ele reuniu o pouco de força que ainda tinha para falar. Precisava avisá-la que não adiantaria. O veneno já estava em seu sangue.
- Tudo bem, vou te levar para Hogwarts e lá eu preparo um antídoto e… - ele fazia que não com a cabeça enquanto ela falava. - Severo, eu não posso te perder… - ela chorava sem controle a essa altura - Eu também te amo. - disse ao lembrar que nunca havia respondido a carta em que ele disse que a amava anos antes. Ele sorriu ao ouvir aquilo e então seus olhos se fecharam.
Aos poucos a respiração do homem foi ficando cada vez mais fraca e seu coração batendo cada vez mais devagar até que tudo estivesse paralisado. Severo Snape estava morto. o abraçou apertado uma última vez e depois de ajeitar seu corpo no chão, conjurou um lençol e o cobriu.
Respirou fundo, secou as lágrimas e fez o caminho de volta até Hogwarts. A Batalha tinha cessado por um tempo e talvez ela pudesse ajudar a cuidar dos feridos preparando algumas poções.
Junho de 2002
- Eu achei que estivesse acompanhando, mas acho que me perdi. - Disse Harry sincero, assim que percebeu uma brecha para interromper a história da bruxa à sua frente. - As pessoas têm especulado acerca da morte de Snape, dizendo que na verdade ele fugiu, por que não se tem notícias do corpo, ninguém nunca o encontrou. Eu mesmo voltei na Casa dos Gritos, mas ele não estava mais lá. Quando você disse que tinha ido lá eu achei que fosse dizer que foi você quem tirou o corpo. Essa é a questão que me trouxe aqui! O que aconteceu com o corpo de Severo Snape?
- Eu já ia chegar lá. - Ela sorriu calmamente. - Quando retornei para o castelo, eu me ofereci para ajudar na confecção de poções que ajudassem a curar os feridos junto com o professor Slughorn. Aliás, Anna estava no mesmo lugar e nos ajudou. - pontuou feliz - Bem… Como você bem sabe, a Batalha terminou com a derrota de Voldemort e enquanto todos comemoravam, na medida do possível, e cuidavam de seus mortos, eu voltei a Casa dos Gritos e desaparatei com o corpo de Severo dali. Fui para uma das montanhas que cercam Hogwarts e enterrei o corpo dele bem no topo, debaixo da sombra de uma árvore. Queria que ele descansasse em paz em algum lugar… - ela encarou o vazio e Harry esperou - Sabe, Harry… Eu podia salvá-lo. Sabia que podia. - Encarou o rapaz com lágrimas nos olhos. - Eu só descobri que o veneno de Nagini era diferente depois, mas talvez… se eu tivesse tido a chance de ordenhá-la, eu pudesse ter salvo Severo com um antídoto feito a partir do próprio veneno dela. Eu estudei anos para fazer coisas assim, mas eu precisava, antes de mais nada, de uma coisa que Severo não podia me dar, - respirou fundo - tempo. Ele não tinha mais tempo… Talvez se ele tivesse tido mais tempo… - a bruxa secou uma lágrima que teimou em correr pela sua bochecha - mas talvez se eu o tivesse salvo o mundo ainda pensasse que ele ainda era aquele homem da Primeira Guerra Bruxa e não teria ninguém de confiança de todos para atestar que ele havia mudado. Dumbledore está morto e eu era só uma ex-aluna muito próxima de seu professor. Ele viveria como um traidor. Bom… talvez as coisas tenham acontecido da melhor forma possível. - Sorriu de canto.
- Eu sinto muito. - disse Harry e ela assentiu.
- Depois disso, retornei ao Castelo, peguei Anna e desaparatei até a casa dela. E então voltei para minha casa.
- Seu marido devia estar desesperado. - Harry riu.
- Ele realmente estava. Disse que eu tinha agido de maneira completamente irresponsável e que eu tinha uma filha para criar. Não podia sair fazendo esse tipo de coisa. Então eu expliquei para ele que era justamente por ela que eu fiz o que fiz. Minha filha não podia crescer num mundo dominado por Voldemort e eu ia fazer o que pudesse para ajudar tudo aquilo terminar. - Contou - Ele ficou alguns dias emburrado, mas logo passou.
- E ela já está estudando em Hogwarts? - Harry perguntou interessado. Ele e Gina estavam pensando em ter seus próprios filhos em breve e mal via a hora de eles viverem toda a experiência de estudar em Hogwarts.
- Ainda não, mas começa em setembro. Ela está muito empolgada. Vai poder passar mais tempo comigo de novo. - E então olhou para o chão. - Desde que comecei a lecionar em Hogwarts eu só a vejo nas férias e feriados. Trevor e minha mãe tem cuidado de Gillian mais de pertinho… A distância é a coisa mais difícil de se lidar quando se trabalha em Hogwarts. Sinto falta de ver minha filha e meu marido todos os dias. Mas estou feliz, afinal é tudo que eu sempre quis! - Ela sorriu para ele e ele sorriu de volta. - Quer visitá-lo?
- Quem?
- Severo.
- Claro. - Harry respondeu meio incerto.
- Então vamos. Rosmerta, ponha essas cervejas na minha conta, por favor!
- Está bem, Professora.
e Harry saíram do Três Vassouras e a bruxa ofereceu o braço a Harry para que eles desaparatassem juntos. Logo depois da sensação de desconforto veio o cheiro da Floresta. Eles estavam de pé um pouco distantes de uma grande de árvore com uma lápide em sua base.
- Sou muito grata por tudo que você contou para o mundo sobre meu amigo, Harry Potter. Ele cometeu muitos erros, erros gravíssimos que custaram a vida da pessoa que ele amava. Mas ele tentou ser alguém melhor, à maneira dele, é claro. Tenho certeza que estava arrependido de tudo que fez e se esforçou para viver melhor nos últimos anos. Ele morreu como um bom homem apesar de tudo. Eu agradeço que tenha mostrado para as pessoas o que poucos viram.
- De uma maneira estranha, ele me protegeu por muitos anos. Eu não podia fazer diferente sabendo do que eu sabia. - Eles trocaram sorrisos.
- Pode chegar mais perto! - Indicou que ele fosse mais a frente. - Eu vou ficar aqui.
Bastaram alguns passos para que Harry estivesse perto o suficiente para ler o que estava escrito na lápide e sentiu vontade de acrescentar um epitáfio.
- Posso deixar uma mensagem aqui? - Perguntou à mulher e ela concordou. Harry então pegou a varinha e escreveu o que queria logo abaixo da data de falecimento de seu antigo professor.
09 de janeiro de 1960
02 de maio de 1998
Foi um bom amigo
e o homem mais corajoso que já conheci.
Fim.
Nota da autora(01/10/2020): Oi oi, gente! Antes de mais nada, preciso agradecer às duas betas que me ajudaram a pôr a fic no site. Fabi, que começou e a Kaah que betou a maior parte! E agradeço vocês por terem acompanhado a fic até aqui! A ideia inicial era de ser uma short só pra responder essa perguntinha que levou o Harry a Hogwarts de novo. Mas eu empolguei na história da pp! E empolguei tanto que gostaria de escrever mais sobre ela, contando como tem sido a vida da pp como Professora em Hogwarts. Eu já comecei essa nova fic e devo enviar o primeiro cap antes do fim desse ano. Espero que vocês gostem dela também! E me contem, o que vocês gostariam de ver na história da Professora Bonnopoccio? Pode me falar nos comentários ou no meu ig @lilianamelia!
Beijinhos pra todos vocês!
Nox.
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Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Beijinhos pra todos vocês!
Nox.
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