A Sorte do Agora

Última atualização: 18/04/2020

Capítulo Único

O baile de formatura, um dos mais importantes na sua vida escolar, onde todos levavam seus parceiros e podiam concorrer a uma coroa de plástico fajuta. Não era minha praia, eu tinha certeza disso. Mas agora eu tinha um namorado, e ele queria que eu fosse. Isso ainda era algo novo para mim, por dois motivos:
1 - Era meu primeiro namorado.
2 - Eu não ia a bailes, então seria mesmo o meu primeiro.
Sinceramente, o dia tinha chegado muito rápido desde que eu tinha concordado e aquilo me assustava. Dançar? Era uma negação naquilo. Estar concorrendo a rainha do baile apenas por namorar um dos garotos mais populares da escola? Pior ainda. Meu nervossimo atravessava a terra e parava em Júpiter. Mas minha mãe tinha amado a ideia e parabenizado por isso, me fazer concordar com algo assim era raro e ela sabia disso. Talvez eu estivesse mesmo apaixonada pelo garoto alto, musculoso, moreno e dono de olhos verdes profundos, mas nem sempre tinha certeza se era apenas atração ou era amor.
- Você está pronta?
Ouvi minha mãe perguntar após abrir a porta do meu quarto porém assim que ela botou os olhos em mim, deu um sorriso de orgulho. O vestido de formatura lilás tinha sido o favorito da minha mãe na loja quando experimentamos, também tinha sido o meu mas não quis admitir. Meu cabelo estava solto, por ser curto, não importava muito o que eu fizesse, embora eu adorasse pôr alguns grampos ao mesmo para dar um jeito nele.
- Sim, acho que sim. - Concordei, dando um sorriso para tranquiliza-la e ela concordou com a cabeça, se aproximando e me dando um beijo na testa.
- Espero que seja inesquecível.
Então ouvimos o barulho de uma buzina, anunciando a chegada de . Suspirei e me despedi da minha mãe, então correndo para descer a escada rapidamente mas ao mesmo tempo tomando cuidado para não cair, já que estava usando salto naquela noite. Abri a porta e o vi, com seu smoking preto, uma rosa no bolso no palitó e um sorriso extremamente sedutor. Talvez aquele sorriso me levasse a perdição e isso me causava um pouco de medo.
Ele me deu um beijo carinhoso nos lábios e me elogiou, com os clássicos "Você está linda". Entramos no porsche, como todo garoto popular tinha. Óbvio que ele era um clichê. E então, logo chegamos ao baile.

. . .


Então minha história, na verdade, começa agora. A verdadeira história daquela noite, nada perfeita e toda complicada.
Quando chegamos lá, me deixou sozinha para encontrar seus amigos, alegando que dançaria comigo logo e depois que entrei, não o vi em lugar algum. Nem mesmo , minha melhor amiga, que prometera ficar comigo o tempo todo caso ele fizesse isso. Decidi procurar por ambos, pedindo aos amigos de e ao namorado de . Nenhum sinal.
Aquilo me preocupava e por estranho que parecesse, me dava uma sensação extremamente ruim. Tinha medo disso.
Até que parei de procurar e sentei em um canto, nas mesas, observando como estavam todos felizes e levemente alterados por terem colocado alguma bebida alcoólica na ponche. Quando olhei para o canto da sala, vi algo que me deixou pasma, de coração partido e muito, muito magoada.
Foi como se tudo tivesse parado, as pessoas, a música, tudo. Aquilo.. Aquilo não podia ser real.
estava aos beijos com .
Minha primeira reação normalmente seria ir e acabar com aquilo, mas tudo que senti foi vontade de chorar. Corri para o banheiro rapidamente, sem ninguém notar minha presença e me fechei em uma das cabines velhas dali, começando a chorar. Como eles podiam ter feito isso comigo?
Antes que eu concluisse aquilo, ouvi um barulho da minha porta sendo aberta e então um garoto estava lá. Me encarando com um olhar curioso e ao mesmo tempo preocupado. Ele ergueu as sobrancelhas, se aproximou e limpou as lágrimas que caíam da minha bochecha, dando um sorriso acolhedor embora parecesse um pouco torto. E tudo seria incrivelmente fofo se ele não fosse um homem em um banheiro feminino, acompahado de um cheiro de algo forte vindo do seu hálito. O mesmo estava completamente bêbado.
Me encolhi e ele suspirou, tirando sua jaqueta e pondo por cima dos meus ombros, como se eu estivesse sentindo frio. Talvez estivesse, já que o banheiro estava um pouco gelado. A musica que tocava lá estava alta, era hora da dança dos casais. Aquilo me fez estremecer e querer voltar a chorar, o que fez o garoto revirar os olhos. Achei que ele iria embora mas estava enganada. O que ele fez foi sorrir e começar a cantar baixinho:

"Put your head on my shoulder
Hold me in your arms, baby
Squeeze me oh, so tight, show me
That you love me too"

Seus lábios se moviam devagar, seus olhos parecendo que penetravam minha alma, era quase como se ele tivesse escrito aquela música para mim. Clichê. Meus olhos não saiam dos seus também, provavelmente por ele estar me deixando num estado de transe. Ele acabou rindo da minha reação após notar o quão intenso eu o olhava e então pegou na minha mão, continuando a cantar baixinho enquanto me obrigava a sair da cabine e então me deixando presa ao seu corpo, fazendo com que seguisse seus passos lentos e dançasse junto com ele.

"Put your lips next to mine, dear
Won't you kiss me once, baby
Just a kiss good night, maybe
You and I will fall in love (you and I will fall in love)"

Ele deu um sorriso divertido, parecendo completamente feliz com o fato de mim estar dançando com ele e então repentinamente ele colou minha testa a dele. Tudo bem, aquilo ainda era confuso pra mim. Como que eu tinha passado de dois estados, feliz, choroso para confuso e estranhamente feliz na companhia de um estranho bêbado num banheiro feminino na minha noite especial?
Mesmo que ele houvesse só cantando pra mim.

"People say that love's a game
A game you just can't win
If there's a way I'll find it someday
And then this fool will rush in"

Nesse trecho em especial, ele fez uma expressão realmente séria que me fez rir muito por não achar que combinava com ele. Engrossando sua voz de um jeito engraçado e continuando a me mover junto a ele. Dessa vez, eu estava o ajudando e me divertindo de verdade. Eu conhecia aquela música, então o que fiz foi acompanhá-lo no próximo trecho.
"Put your head on my shoulder
Whisper in my ear, baby
Words I want to hear, tell me
Tell me that you love me too (tell me that you love me too)"

Ele me abraçou, deixando meu rosto escondido em seu peito. Ele cheirava a menta e a álcool. Embora eu não gostasse disso, havia sido uma combinação e tanto. Ele me balançou e com o final da música, aproximou seus lábios do meu ouvido e sussurou baixinho:

"Put your head on my shoulder
Whisper in my ear, baby
Words I want to hear, baby
Put your head on my shoulder"

Acabamos por ficar um tempo daquele jeito. Então o clima se quebrou quando ele riu baixinho e me olhou novamente, acariciou meu rosto de novo. E finalmente falou, assim que ouvi a voz dele sem ser ao cantar, acabei me derretendo. Era linda.
— Fico feliz que eu tenha sido útil para você. Não gosto de ver garotas bonitas chorando, principalmente quando eu entro no banheiro feminino sem querer. — Ele disse em tom sério porém assim mesmo eu acabei rindo e ele acompanhou, sua voz era realmente linda. — Sou , bêbado. E você?
, traída e rejeitada.
— Seu nome é lindo assim como você.
— Sempre fala com moças que acabaram de chorar, flertando desse jeito?
— Só com aquelas que eu acho que realmente valha a pena e olha só, você vale.
Fiquei completamente vermelha e iria dizer algo se não tivesse aparecido naquele momento. Seu vestido estava muito amassado e o cabelo bagunçado, seu batom vermelho sangue borrado mas a expressão de indiferença quanto a aquilo, me incomodava. Acabei me perguntando se nunca tinha notado aquilo ou se era a primeira vez que a via diferente. Provavelmente iria mentir pra mim. Mas então ela reparou no garoto e seu rosto tornou a ter um falso espanto.
— Você está traindo !
Eu podia ter batido nela, poderia ter gritado, discutido e armado um grande barraco por causa da traição. Nossa amizade de anos. Mas.. Apenas voltei a respirar fundo, com descendo a mão dele a minha. Entrelaçou meus dedos aos dele.
O bêbado extremamente fofo.
Decidi sair com ele daquele lugar. Antes que tudo aquilo se perdesse, antes que eu não tivesse mais coragem. Começou a tocar outra musica conhecida por ambos, que sorrimos e então ele pôs minhas mãos ao redor do seu pescoço, com as mãos a minha cintura, começando a dançar comigo assim que saímos do banheiro e fomos a pista de dança. Mesmo que aquilo fosse repentino o bastante para deixar qualquer um indignado, mesmo que eu não soubesse o bastante sobre ele.
Queria dançar com ele pelo tempo que eu pudesse, mesmo que arranjasse problemas mais tarde com meus pais. havia salvado minha noite e eu iria salvar a dele, retribuindo o favor.




Fim



Nota da autora: Obrigada por ler! Eu me esforcei bastante para escrever e é a primeira vez que faço algo assim, espero de coração que tenham gostado.

Eu não escrevo nenhumas dessas histórias, somento scripto elas. Qualquer erro ou reclamações, somente no e-mail.


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