A Superhero Christmas

Fanfic finalizada: 25//12/2017

Capítulo Único

Não dava exatamente para chamar aquilo de festa, mas fora o máximo que Tony conseguira arrumar sem arrumar problemas com Steve – mesmo com aquele prédio sendo seu, não do soldado. Basicamente todas as poucas pessoas que estavam ali moravam ou trabalhavam na Torre, então não passava de uma reunião de moradores com muito álcool. Eles já estavam na penúltima semana do ano e, como o número de missões contra a HYDRA tinha diminuído consideravelmente nos últimos dias, aquela seria a festa de Natal deles caso ficassem ocupados demais na semana seguinte.
- , você está fazendo de novo – avisou Sam, esbarrando seu ombro no da mulher para chamar sua atenção. se virou para ele em um movimento rápido, levemente surpreendida e quase caindo de sua cadeira alta, o que o fez alargar seu sorriso maldoso.
- Fazendo o que? – desconversou ela assim que percebeu as intenções do homem, brincando com o canudo em seu copo para disfarçar o rosto levemente corado. O fato era que o Capitão simplesmente parecia incapaz de colaborar: se ele não achava roupas de número compatível com seu manequim, por que não encomendava de uma vez? Por que ficar usando aquelas malditas camisas justas que dava para ver o contorno de todos os seus malditos músculos? Se fosse qualquer outra pessoa, ela pensaria que era algo proposital, mas o Capitão não era daquele tipo. Ou era?
- Despindo o cara com os olhos.
- Não, não estou.
- Por que não fala com ele? – perguntou ele de uma vez, sabendo que a maturidade da mulher passava para de uma criança pirracenta de cinco anos quando tentava a fazer admitir algo.
- Porque é só uma paixonite.
- Você disse isso três meses atrás.
- Ou seja, nada mudou nos últimos três meses.
- O tempo que você passa encarando ele aumentou consideravelmente – comentou Sam, ganhando um olhar nada amigável da mulher – Não faço ideia de como ele não fez nada a respeito disso.
- Como assim algo a respeito? Ele teria que saber para fazer algo a respeito! – resmungou , falhando em manter seu tom de voz baixo – Você contou?!
- , meu amor... – suspirou o homem, girando sua cadeira para segurar a mulher pelos ombros - Você acha que é discreta, mas não é. Você está longe de ser discreta.
- Você está brincando comigo – riu ela, depois de um bom tempo estudando a expressão concentrada de Sam – Ele não sabe.
- Claro que ele não sabe, ele é mais tapado do que você – resmungou ele baixo, sinalizando para o bartender encher seu copo mais uma vez. ao seu lado se engasgou com sua bebida, se virando para ele quando se recompôs um tanto ofendida.
- O que diabos você quer dizer com isso?
- Vou te deixar com essa para pensar... – brincou ele, pegando seu copo recém-cheio e batendo o vidro de leve na taça da mulher, que não lhe devolveu o sorriso animado – E cuidado com os viscos por aí.
- Não tem a menor graça, Wilson – disse ela séria, voltando sua atenção para a bebida a sua frente.
- Então alguém precisa me dizer por que eu estou rindo.
- Continua fazendo graça e eu te troco pelo Barton – ameaçou ela, apenas fazendo com que ele risse mais. O restante da equipe bem distribuída pelo espaço se sentiu tentado a tentar entender o que se passava com a dupla, mas como de costume controlaram sua curiosidade e ignoraram a risada alta que vinha do bar. Desde que fora recrutada alguns meses atrás, tinha automaticamente se aproximado mais do agregado da equipe, que fazia mais visitas ao prédio do que participar de missões de fato. A postura da mulher não mudava muito em relação aos seus colegas de equipe, e o mesmo valia para Sam, mas quando estavam juntos a dupla parecia a encarnação do pesadelo de qualquer diretor de ensino médio.
- Barton contaria em dois tempos, amor – comentou Sam, brincando com o pote de amendoim entre os dois – Bruce que te deixaria em paz.
- Só que com o Bruce vem o Stark de brinde, e ele iria fazer da minha vida um inferno – lembrou ela, sem notar que Tony se aproximava silenciosamente dos dois pelas costas.
- Claro que não, boneca... – murmurou o bilionário contra seu ouvido, soltando uma risada grave e baixa quando ela se virou de sobressalto, quase lhe dando uma cabeçada – Eu te levaria ao paraíso.
- Não bebi o suficiente para cair nessa, Stark - retrucou ela rindo, terminando o último gole de sua bebida e devolvendo o copo vazio ao balcão – Mas aceito outra bebida, se quiser fazer as honras.
- Não sei do que você está falando – desconversou Tony, ocupando a cadeira vazia à esquerda da mulher, sinalizando para o bartender tanto para ele como para ao seu lado – Sou um homem comprometido.
- Só esquece de agir como tal...
- Nós realmente deveríamos passar mais tempo juntos – comentou ele, e Sam e franziram a testa em desconfiança em um movimento sincronizado – Gosto de você. Você parece um pouco com a Viúva, mas menos mortal.
- Espera, você não acha que eu sou perigosa? – acusou a mulher, cruzando os braços em frente ao peito e o fuzilando com os olhos.
- Visualmente – se apressou Tony em corrigir – Você é tão perigosa quanto ela, mas não deixa isso atingir o exterior.
- Isso é o que uma garota gosta de ouvir.
- Tem muito mais de onde saiu essa... – Tony voltara para o tom de voz sedutor, uma mão apoiada na bancada enquanto se inclinava em direção a , que sorriu maldosa.
- Olá, Srtª. Potts! – exclamou ela, olhando por cima do ombro do cientista que recuou no mesmo instante enquanto ela começou a gargalhar – Você ficou muito pálido agora. Pensou que estaria com problemas, senhor?
- Realmente gosto de você – repetiu ele, depois de pigarrear para se recompor e beber um longo gole de sua bebida – Talvez te mantenha por mais tempo na equipe.
- Sou toda de vocês – brincou ela, erguendo o copo como se estivesse propondo um brinde. ficou um pouco desconfiada quando o homem não a acompanhou, pelo contrário: ele parecia estar prestes a resolver alguma equação que o atormentara por dias.
- Te pago mil pratas para dizer isso para o Rogers.
- Por quê?! – riu Sam, quase derrubando seu copo ao tentar o colocar de volta na bancada. Animação corria em grande quantidade em suas veias apenas de imaginar que talvez o bilionário estava sugerindo o que ele pensava que estava sugerindo.
- Porque tem uma conotação nessa frase que eu adoraria ver ele tentando responder – explicou Tony, estranhando quando a mulher abriu a boca sem jeito algumas vezes, mas não disse nada – Por que você está corando? Não acha engraçado ele constrangido?
- I-isso é maldade – resmungou ela por fim, se virando para Sam antes que se afundasse ainda mais naquele assunto. Uma coisa era lidar com o cara das asas uma vez ou outra por semana, outra bem diferente era aturar o Stark e suas piadinhas inapropriadas vinte e quatro horas por dia. Duvidava que ele fosse a entregar, mas tinha certeza que ele a faria desejar isso até o final da semana.
- A maldade vai vir agora... – murmurou Tony, a voz carregada de satisfação enquanto travava a mão no encosto da cadeira da mulher e a girava para que eles estivessem mais uma vez de frente um para o outro – Você está afim do velho?
- Eu estou tão feliz. Tão feliz... – riu Sam, ambas as mãos nas laterais do rosto – O céu deve ser assim.
- Por que toda mulher desse prédio não resiste a ele? – perguntou Tony ao moreno, empurrando o ombro da mulher para trás para que ela não atrapalhasse contato visual.
- Eu n... – começou , já afastando a mão de Tony quando notou Steve acenando para Clint e se direcionando para eles – Ai meu deus, ele está vindo para cá. Mudem de assunto.
- Por quê? – debochou Sam.
- Porque eu mato os dois enquanto tiverem dormindo, por isso.
- Bom ponto.
- Vocês pararam de conversar assim que eu me aproximei... Eu era o assunto, por acaso? - brincou Steve, dando a volta no bar e enchendo seu copo sob o olhar atento do trio.
- Informação confidencial...? - arriscou mordendo o lábio, incerta por não conseguir imaginar a reação do soldado. A verdade é que eles passavam pouquíssimo tempo juntos, mesmo que isso não fosse o esperado. deveria passar a maior parte do dia na academia do prédio treinando sob a supervisão de Natasha e de Steve, mas sempre acabava por ficar em um dos laboratórios com Tony e Bruce. Enquanto ainda fazia parte da S.H.I.E.L.D., ela sempre fora agente de campo, e não podia negar que estava gostando de poder ter mais contato com as partes técnicas na Torre. Semana passada Tony a deixara ajudar a consertar um repulsor defeituoso de uma das armaduras da Legião de Ferro, e Bruce a auxiliara a catalogar uma arma biológica que havia adquirido na última missão que saíram. Podia não parecer, mas eram coisas bem mais legais do que passar a tarde inteira tentando não ficar presa entre as pernas da Viúva Negra.
- A regra não era sem assuntos de trabalho hoje, dona? – disse o soldado, abusando do tom de voz do Capitão, que não condizia com sua postura: o sorriso discreto de lado educado, os ombros relaxados enquanto sutilmente pegava seu copo e o enchia mais uma vez, as sobrancelhas erguidas em um desafio silencioso para ela o desacatar. Se ela não soubesse melhor, diria que Steve já estava um pouco alto graças a quantidade absurda de bebida que já tinha ingerido, mas seu metabolismo não permitiria aquilo. E isso só a fazia se questionar o motivo de ele estar agindo daquela forma perto dela.
- Certas pessoas aqui aceitariam um pouco de trabalho... – murmurou Sam para Tony pelas costas da mulher, que lhe atingiu as costelas com o cotovelo.
- Certas pessoas estão pedindo por um soco na cara – retrucou a mulher, tentando se manter séria e não rir enquanto ele massageava a área atingida com a cara emburrada.
- Você é tão meiga que dói, . Literalmente.
Antes que alguém pudesse se pronunciar, J.A.R.V.I.S. interrompeu a conversa no ambiente, dizendo uma combinação de palavras que fez com que todos parassem o que estavam fazendo e se virassem para o bar. Depois daquilo, os poucos cientistas do prédio que haviam se juntado à pequena comemoração discretamente deixaram o local, já pressentindo que o que estava para acontecer não exigia sua presença, e os Vingadores mal notaram sua partida, de tão concentrados que estavam naquele novo tópico.
- Srtª , acredito que seus filhos estejam se aproximando.
- Seus o que?! – berrou Sam, o único que conseguira verbalizar alguma reação do grupo – Hein?!
- Como é que é, J.A.R.V.I.S.? – praticamente gritou a mulher, quase caindo de sua cadeira. Ela que bebia e o sistema do Stark e apresentava os sinais de embriaguez?
- Mamãe! – gritou um garoto que não deveria passar dos sete anos. Ele vinha correndo com uma garota que parecia ser da sua idade, ambos parando ao avistarem todos os encarando com expressões confusas – Uau, legal! Todos os Vingadores estão aqui! Emily, saca só!
- Eles são mais altos do que eu pensei – comentou a garota em um sussurro, parando estrategicamente atrás do irmão.
- ? – chamou-a Steve com a voz calma, percebendo que a própria mulher estava sem reação, o que deixou todos ainda mais perdidos. Ela não compartilhava exatamente da mesma confusão que o resto da equipe, embora Clint no fundo risse de leve por já ter uma noção do que acontecia, mas sim um tipo diferente de confusão. E ela não teria respostas se não questionasse as crianças.
- Certo, venham os dois aqui – ordenou ela depois de tossir algumas vezes, tentando achar em algum lugar sua voz autoritária. As duas crianças se aproximaram do bar, e desceu de sua cadeira, agachando no chão em frente a eles – Eu só vou perguntar uma vez, e é melhor vocês serem objetivos: cadê o pai de vocês?
- Ele disse que esse feriado era sua vez – respondeu Emily, forçando um sorriso contente. Provavelmente não funcionaria, mas não custava nada tentar ganhar a mulher pela fofura.
- Desde quando eu tenho vez? – retrucou a mulher, rindo de nervoso – Que palhaçada é essa?
- Nossa, mãe... – resmungou o garoto, franzindo o cenho e cruzando os pequenos braços em frente ao peito – Nenhum abraço? Um oi? Cadê o carinho? Desse jeito vamos pensar que você não ama mais a gente...
- Steve... – disse a mulher com a voz baixa, exagerando nas pausas entre as palavras para tentar soar mais firme – Não me testa.
- ...oi?
- Não você, Rogers! – choramingou , deixando que seus ombros caísse e jogando a cabeça para trás – Posso voltar sete anos no tempo e vetar essa ideia idiota?
- Você nomeou seu filho de Steve? – disse Tony, de olhos fechados, parecendo incrivelmente satisfeito – Eu nem sei o que falar primeiro. Preciso apreciar isso em silêncio.
- Wow, é o Capitão América! – ofegou o garoto, dando a volta no bar e correndo para o colo do Steve. O soldado não fazia ideia de como agir, mas pegara a criança em seus braços, rindo de leve de sua animação – O vovô iria surtar se estivesse aqui! Alguém pode tirar uma foto?!
- O pai dele é fã d... Ele não é meu filho! Steve, desce do... Tem Steves demais nessa sala e minha cabeça já está doendo, vamos diferenciar por nomes do meio! Então... Taylor? Desce do Steve.
- Ahn, oi? – pigarreou Emily, atraindo atenção da mulher – O meu nome do meio que é Taylor, o dele é Grant.
- Hm, o meu também – comentou Steve, e ela voltou a rir de nervoso.
- Por favor, diga que o nome completo dele é Steve Grant Rogers – riu Sam, as mãos unidas em frente ao rosto – Eu nunca te pedi nada.
- O Grant não é do Capitão, é o nome do meu pai – explicou ela pausadamente, respirando fundo tanto para manter a postura como para não permitir que seu sangue se concentrasse em seu rosto – Era para ser duas homenagens em uma, ou alguma coisa assim.
- Então você realmente nomeou seu filho pelo Capitão? – Natasha se juntou à conversa, não conseguindo controlar o sorriso maldoso que se desenhava em seus lábios.
- Ele não é meu filho!
- Se ele não é seu filho, eu também não sou? – perguntou a garotinha ao lado de , puxando a barra da sua camiseta para chamar sua atenção. Boa parte da equipe ofegou ao mesmo tempo, reclamando da insensibilidade da mulher.
- Emily, de que lado você está? – resmungou , pegando a criança no colo e se pondo de pé.
- Papai nos deu cem pratas para te irritar.
- Dou duzentas se vocês me falarem onde seu pai está – ofereceu ela, revirando os olhos quando a garota se fez de inocente, assim como irmão – Para cada.
- Indo para o aeroporto!
- E deixou vocês comigo? – ofegou a mulher, avisando para Emily se segurar com mais empenho em seu pescoço para ela ter as mãos livres e pegar o celular no bolso da calça. Quando as crianças voltaram a responder em sincronia um “esse era o plano”, bufou alto, colocando o aparelho no ouvido sem nenhuma delicadeza – Eu vou matar alguém hoje... Mark, eu tenho uma arma com você na mira, e se você não der meia volta nesse instante, eu vou atirar na sua perna. De novo. J.A.R.V.I.S.?
- O Sr. acabou de entrar no prédio, senhorita.
- Como que isso funcionou? – estranhou Clint, assistindo a mulher colocar a criança no chão e guardar o aparelho com um sorriso satisfeito.
- Eu já atirei na perna dele antes. Ele não gostou da experiência.
- Ele diz que a Tia não deveria ter permissão para viver em sociedad... – começou Emily, parando de repente ao perceber o que estava dizendo e levando ambas as mãos à boca – Eita. Falei demais.
- “Tia”? – repetiu Bruce, rindo de leve – Essa até que foi divertida.
- Eles são filhos do idiota do meu irmão. Steve, Emily e... – apresentou-os , apontando para cada um até notar a ausência da caçula da família – Espera, cadê a Anna?
- O elevador estava cheio, então a gente deixou ela lá embaixo – explicou o Steve mais jovem, ficando tenso ao notar todos os adultos o fitando sem reação – Que foi?
- Vocês deixaram um bebê no saguão do prédio?! – grunhiu , colocando as mãos na cintura, e o garoto começou a se desesperar, se segurando com mais vontade no Capitão em busca de proteção.
- O carrinho não ia caber no elevador...! – se defendeu o garoto, quase agradecendo a chegada de mais uma pessoa na sala para mudar o assunto, encolhendo os ombros ao reconhecer seu pai.
Mark era um pouco mais alto que a irmã, e aparentava ser uns bons anos mais velho do que ela, com vários fios grisalhos em meio dos fios da cor original. Um bebê que não deveria passar dos dois anos estava agarrado em seu pescoço, ocasionalmente puxando a gravata que ele tivera que afrouxar ao correr de volta para o prédio depois da ameaça da irmã.
- Antes de tudo, posso saber por que a irmã de vocês estava no saguão? – indagou o homem de vez, diretamente para Emily, já que ele ainda não tinha localizado Steve mais ao lado.
- Elevador cheio!
- E eu já deixei algum de vocês para trás por que o carro estava cheio?
- Semana passada, pai.
- Foi diferente. Eu realmente esqueci de contar quantos filhos tinham no carr... Wow, Capitão América! – Mark se esqueceu do sermão que deveria dar nos filhos, se direcionando para o soldado com um largo sorriso – Isso é tão legal! O Steve está segurando o Steve! Como que vocês vão diferenciar um do outro? , você já tirou foto?
- Tia disse que vamos chamar o nosso Steve de Grant – contou Emily, e o garoto se emburrou.
- Por que eu que tenho que mudar o nome?
- Porque ele é mais velho que você, pirralho.
- O Capitão é mais velho que todo mundo, . Não seja injusta com a criança – se intrometeu Tony, e Mark teve que se esforçar para não rir enquanto trocava a filha de braço para ficar com a mão direita livre.
- É uma honra conhecê-lo, senhor – disse o homem, sua animação evidente no aperto de mão forte, mas não tão forte como do soldado – Meu pai vive falando do senhor.
- Meu pai serviu na 107ª – contou , assim que Steve buscou em seus olhos alguma explicação – Ele foi um dos homens que você resgatou da HYDRA.
- Você nunca me contou isso.
- Ela não gostava exatamente de você quando ela era pequena... – explicou Mark, se afastando alguns passos do soldado quando sua irmã começou a se aproximar deles – Não me olha assim, você desmembrou meu boneco do Capitão uma vez. Aquilo foi cruel.
- Você foi um babaca comigo, foi merecido – retrucou ela, voltando a cotovelar Sam quando percebeu que ele abria a boca para comentar algo que não devia – Eu não gostava das coisas envolvendo a vida militar, é completamente diferente. E eu não sei se você percebeu, mas ele é meu capitão agora. Está tentando o que? Me sabotar? Não dê motivos para ele lembrar de todos as sessões de treinamento que eu fujo.
- Eu percebi que você não apareceu hoje, a propósito – riu Steve, colocando o garoto no chão sem quebrar o contato visual com a mulher, que se virou antes que seu rosto esquentasse.
- Viu? Você está me ferrando aqui, Mark.
- Eu nunca faria isso...! – ofegou o homem se fingindo de ofendido, esticando o braço livre para envolver os ombros da irmã – Minha Vingadora favorita!
- Eles não podem ficar aqui, Mark.
- Qual é, ...! – choramingou Mark, agradecendo quando Sam se ofereceu para pegar o bebê e o deixar gesticular livremente – Eu vou ter que viajar a trabalho, e não posso deixar eles com qualquer um.
- Eu não posso vigiá-los, Mark. Posso sair em missão a qualquer momento, e esse prédio não é nem um pouco seguro para crianças. Não é nem para mim! – argumentou a mulher, apontando para o dono da Torre – O Stark quase arrancou minha cabeça essa manhã porque eu não vi que ele estava testando uma arma nova no corredor.
- Não era um corredor, – repetiu Tony, pela terceira vez naquele dia, e quinta vez naquele mês – Era meu laboratório.
- Eu estava com sono, não prestei atenção onde eu estava.
- Sei que eu deveria ter falado com você antes, mas é uma emergência de trabalho. Não estaria aqui se não fosse – continuou Mark, ciente da habilidade de sua irmã de começar discussões daquele gênero e não parar tão cedo – E as crianças te adoram! Eles ficaram todos felizes quando eu falei de passarem o Natal com você, mesmo antes de eu suborná-los.
- Você não vai me convencer dessa forma.
- Quanto você quer? – suspirou o homem, até já se adiantando para pegar sua carteira.
- Você me convence se convencer o Stark.
Mark parou sem reação, esperando o momento que diria que não estava falando sério, mas ele não veio.
- Você tem que estar brincando.
- O prédio é dele.
- Diz que você está brincando, por favor.
- Pode começar a apresentar os argumentos, Sr. – suspirou Tony, parando entre os dois irmãos – Você tem um minuto. J.A.R.V.I.S. está cronometrando.
- Alguém atira em mim, por favor – resmungou Mark, espalmando as mãos no rosto enquanto continuava a choramingar.
- Não fala isso que eu já estou tentada.
- Eu não tenho poder aquisitivo o suficiente para subornar o Stark! – disse ele por fim – Isso é injusto!
- Acredito que não vá ter problema eles ficarem aqui alguns dias, não é, Tony? – interveio Steve, surpreendendo a todos. Mark por sua vez riu alto depois do choque inicial.
- Há! Capitão está do meu lado!
- Você vai se responsabilizar por tudo que os quatro quebrarem durante a estadia, Rogers? – riu Tony, principalmente quando o soldado ficou constrangido com a atenção que estava recebendo. Ele já havia notado os olhares demorados ocasionais que o soldado lançava em direção da integrante mais nova da equipe, e saber que talvez houvesse algo recíproco ali era tudo que ele precisava saber para entrar em ação. Não era maldade, ele só queria ajudar.
- Ei, você me incluiu na contagem!
- Você é um desastre, – lembrou Tony, colocando uma mão no ombro da mulher em forma de consolo – Não sei como ainda não se matou por acidente.
- Qual o seu problema comigo hoje?
- Ah, coração, estou apenas começando.
- E eu já quero que você pare.
- Então está tudo certo? Posso ir antes que eu perca meu voo? – perguntou Mark, recuando um passo e apontando para o elevador, seu olhar esperançoso em sua irmã caçula. Não adiantava em nada ter a aprovação de Tony se ela não concordasse.
por sua vez deixou a questão pairar no ar, não por maldade, mas por não conseguir compreender o motivo de seu irmão estar fazendo aquilo. Ele era ligado demais àquelas crianças, e ele nunca optaria por se afastar deles em um momento como aquele, em uma data como aquela. Tinha algo errado, e ela não conseguiria resposta nenhuma apenas o encarando.
- Posso falar com você um minuto no corredor? – pediu ela, depois de respirar fundo mais algumas vezes, e já rumando para longe do grupo, sinalizando para que seu irmão a seguisse – Crianças, se comportem.
Mark não pode deixar de notar a mudança na postura da mulher, principalmente quando eles já estavam bem afastados dois outro, e ali ele já soube que mais uma vez falhara ao tentar enganar a mulher. Ela brincava que fazia parte de um grupo de super-pessoas mesmo sendo uma pessoa comum, mas ele desconfiava que ela tinha sim um superpoder: era praticamente impossível esconder algo dela. Ou talvez ele que fosse transparente demais.
- O que foi, ?
- Mark... – suspirou a mais jovem, afundando as mãos nos bolsos de sua calça, permitindo que finalmente seus ombros caíssem, já que não podia mudar de postura em frente das crianças – O que você está fazendo?
- O que você quer dizer? – desconversou o homem, mesmo sabendo que isso apenas a irritaria. O problema é que ele era covarde demais, não conseguiria tocar naquele assunto sem que sua irmã caçula o obrigasse.
- É o primeiro Natal deles sem a mãe, e você quer deixar eles comigo? O que você está pensando? – as palavras de vieram sem nenhuma delicadeza, como se socassem seu estômago, e não demorou muito para que ela mudasse a abordagem – Eles precisam de você perto, não de mim.
- Só que eu não consigo, ...! – admitiu ele, exasperado – Eu consegui segurar as pontas durante o ano todo, até no aniversário dela, mas eu não iria conseguir aguentar a próxima semana. É mais do que eu aguento.
- Eu sei que isso é um saco...
- Não, você não sabe – retrucou ele, a voz tão calma e baixa que sequer parecia indignada, mesmo estando. Mark estava apenas cansado demais – Eu sei que estou sendo o maior babaca da história por jogar essa para você, mas eu não menti. Eles ficaram tão animados com a ideia de vir para cá...! Talvez até seja melhor.
- Eles precisam sentir que estão em casa, Mark – insistiu , e ele riu sem humor nenhum.
- E eles não vão sentir isso comigo, nem mesmo ficando na casa que eles cresceram – continuou ele, seu sorriso triste combinando com seus olhos marejados. Aquele ano também não estava sendo nada amigável com , mas ela pelo menos tinha mais pessoas para lhe dar suporte. Naqueles poucos meses que estava na Torre, era claro como ela havia se apegado aos companheiros de equipe, e duvidava que eles a deixariam na mão caso precisasse – Quebra essa por mim, por favor.
- E você? Acha uma boa ideia passar essa semana longe deles? – suspirou a mulher, se dando por vencida. Seu irmão não tomaria uma decisão daquelas se não julgasse necessário, mesmo que ela não concordasse que fosse a mulher opções – Você precisa deles tanto quanto eles precisam de você. Fica com a gente! Posso convencer o Stark e...
- Eu realmente tenho bastante trabalho para fazer, então não acho que vai me sobrar muito tempo para chorar pelos cantos... – brincou Mark, se adiantando para abraçar a mulher, que apenas revirou os olhos e aceitou o abraço – Vou ficar bem. Prometo.
- Vai lá se despedir deles então – resmungou ela, empurrando o irmão em direção a sala – Já está bem tarde, e eu não quero você reclamando que eu deixei elas dormirem quando bem entendessem nesses dias...
Mark apenas concordou e juntos eles voltaram para a sala, não sentindo nenhuma dificuldade em fingir felicidade ao se deparar com a cena que acontecia: Steve-2 e Emily estavam pendurados nos musculosos braços de Thor, rindo com vontade toda vez que o deus girava o corpo devagar; e Anna estava sentada no chão, cercada por Natasha, Clint, e Tony, se divertindo com os hologramas coloridos que dançavam a sua frente e faziam um barulho engraçado toda vez que ela tocava em um.
- Se eu sair agora eles sequer vão sentir minha falta... – murmurou Mark para a irmã, pigarreando alto em seguida para atrair a atenção de seus filhos, que logo se viraram para ele – Crianças, Tia está no comando a partir de agora, e... Na verdade, acho que o Capitão está no comando, e vocês vão se comportar. Dormir no horário e tudo mais, entenderam? E não vão esquecer a irmã de vocês por aí. Sua tia também tem uns probleminhas de memória, então ajudem ela.
- Sim, pai – murmuraram os dois em sincronia, e o tom tedioso não diminuiu a surpresa de Mark.
- Vou começar a deixar eles mais vezes com você. Eles nunca concordam comigo tão fácil – disse ele à irmã, rindo – Se eu insistir mais um pouco acho que consigo até um “senhor, sim, senhor”.
- Vai sonhando – murmurou a mulher, sorrindo irônica antes de abraçar rapidamente o irmão – Espero que você tenha muito trabalho pelos próximos dias.
- Tenho certeza de que você vai ter... – Mark concordou rindo, beijando cada filho e acenando para o restante da equipe antes de sair da sala, bem mais aliviado do que quando entrara. Seu coração ficara pequeno em seu peito por ter que se separar de seus filhos, mas sentia que eles estariam em melhor companhia da tia, ainda mais naquele prédio. As crianças teriam tantas distrações que duvidava que eles teriam tempo de sentir falta de algo.
Assim que seu irmão deixou o ambiente, se adiantou para a caçula do trio, a pegando do colo de Clint, que fazia uma sequência de caretas para fazer com que ela risse.
- Stark? – começou ela, enquanto ele se levantava do chão, já que não distraiam mais o bebê – Tem certeza que está tudo bem eles ficarem na Torre? Eu posso ficar em um hotel próximo, de boa.
- Só mantenha eles e você longe do meu laboratório e está tudo bem – debochou ele, com um sorriso maldoso nos lábios enquanto batia as mãos nas calças para tirar qualquer sujeira, mas logo sua expressão suavizou – Se a gente precisar sair em missão, eles ficam na creche com as outras crianças. Sem crise.
- Tia ? – chamou-a Emily, parando ao seu lado com a expressão confusa. Fazia pouco tempo que notara a ausência de uma pessoa naquela sala, e isso começava a incomodar – Cadê o Tio Danny?
- É, vocês não trabalham sempre juntos? – Grant se juntou à irmã, também estranhando a ausência do homem. Nenhuma das crianças percebeu como a mulher ficara tensa, hesitante em abrir a boca.
- Danny... O’Brian? – arriscou Clint, olhando confuso para a dupla de crianças. Se eles fossem filhos da , até faria algum sentido eles conhecerem o homem, mas como não passava de sobrinhos e provavelmente não viam tanto a tia, era no mínimo estranho eles o conhecerem.
- É, o parceiro da Tia – explicou Emily, confusa por todos os adultos estarem agindo estranho. A que agia mais estranho era sua tia, que devolveu Anna para os braços do arqueiro e se agachou em frente a ela e seu irmão, que imitava sua expressão apreensiva.
- Bem, lembram que eu fui transferida para os Vingadores no meio do ano? – começou com cuidado, escolhendo cada palavra a dedo e esperando que não cometesse nenhum deslize – O Tio Danny não foi. Nós não trabalhamos mais juntos.
- Então ele não vai vir para cá? – choramingou a garotinha, se jogando nos braços da tia, que riu de leve para disfarçar se desconforto – Faz um tempão que a gente não vê ele...
- Ele anda muito ocupado, crianças – mentiu ela, arriscando um olhar rápido para o arqueiro em busca de ajuda – Sinto muito. Muito mesmo.
- Que tal um tour pelo prédio? – sugeriu Clint, a animação em sua voz rapidamente contagiando as crianças. Ele não fazia ideia do que estava acontecendo, mas sentia que a mulher não seria capaz de segurar as pontas por muito tempo, e, se ela estava fazendo aquilo, era porque tinha um bom motivo – Thor? Nat? Por favor?
Thor, que estava alheio ao que acontecia assim como todos os não ex-agentes na sala, aceitou a tarefa com um sorriso no rosto, logo permitindo que o casal de irmãos subisse em seus braços. Já Natasha não ficou muito feliz em ser retirada do ambiente e não ouvir a explicação da história. Claro que o arqueiro teria a obrigação de lhe contar mais tarde, mas tinha um entretenimento extra ouvir diretamente de , principalmente quando ela não queria contar, mas mesmo assim pegou a última criança nos braços de Clint, preparou sua voz mais animada, e seguiu com Thor pelos corredores do prédio.
- Como eles conheciam o Danny e por que eles não sabem que ele morreu? – indagou Clint, assim que era seguro e as crianças já estavam longe. apenas jogou a cabeça para trás, e rumou de volta para seu lugar no bar, pegando a garrafa mais próxima e bebendo direto do gargalo.
- Eles não te lembram ninguém? – suspirou ela, girando minimamente sua cadeira de um lado para o outro, seu olhar cansado à espera do arqueiro ligar os pontos.
- Você, um pouco... Não – ofegou Clint, surpreso. Enquanto ainda estavam na S.H.I.E.L.D., trabalhara algumas vezes com e sua equipe, que além de Danny, também era integrada por uma mulher um pouco mais velha que os dois, que estranhamente tinha alguns traços muito semelhantes à ela – Seu irmão era o marido da Amanda? Você juntou os dois?
- Você deveria ter visto os dois juntos... – sorriu a mulher antes de beber mais um grande gole – Parecia destino, ou qualquer baboseira desse tipo.
- Algo aconteceu com ela? – arriscou Bruce, tanto por em nenhum momento antes a mãe das crianças ter sido mencionada, e pelo semblante triste da mulher.
- Ela estava no Triskelion quando a HYDRA resolveu mostrar as garras de novo – contou , se virando para o bar para devolver a garrafa à bancada e para fugir dos olhares de pena da equipe, que ela sabia que já estavam prontos e queimando em suas costas.
- ... – começou Sam, até chegando a se adiantar para a mulher, mas ela sinalizou para que ele permanecesse onde estava.
- Gente, tá tudo bem. De verdade – garantiu ela, forçando um sorriso e se direcionando para a saída – Se aparecer alguma missão nos próximos dias, tudo bem se eu não participar? Não quero deixar eles sozinhos.
- Problema nenhum – respondeu Tony, assim que percebeu que o Capitão parecia estar longe em pensamentos, mesmo com seu olhar acompanhando a mulher se afastar.
- Bem, vou me juntar à excursão então... – suspirou ela, antes de sumir dentro do elevador e o restante da equipe soltar o ar que todos inconscientemente seguravam. O silêncio se estendeu por um bom tempo, com uma troca de olhares intensas dos que ainda estavam lá. Talvez eles sequer precisassem enfrentar inimigos nos próximos dias, mas eles tinham uma situação complicada nas mãos.

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Steve estranhou os sons de socos assim que as portas do elevador se abriram. Era extremamente raro alguém estar ali naquele horário, e, se não estava com problemas de memória ainda, se lembrava de J.A.R.V.I.S. ter o avisado que Romanoff tinha saído com Clint fazia um bom tempo, e que Thor resolvera dar uma sequência ao jantar e ainda estava na cozinha, e que aparentemente não sairia de lá tão cedo. Aquele andar era restrito à equipe pelos materiais diferenciados e mais resistentes, então só podia ser alguém que ele não estava habituado a ver ali.
estava bem ao fundo da academia, sua atenção focada completamente no saco de areia a sua frente. As faixas em suas mãos já começavam a se desprender, mas ela continuava mesmo assim. A julgar pelo suor que grudava os fios soltos de seu cabelo na testa e pescoço, ela já estava ali a um bom tempo, e não dava sinais de que acabaria em breve. Steve parou à porta, incerto do que fazer. Aquele dia inteiro a mulher passara junto dos sobrinhos, se desdobrando entre jogos de videogame com os mais velhos, pintura com a pequena – que inicialmente tinha começado em folhas de sulfite e terminara nas paredes da sala de convivência, o que não agradara em nada Tony –, e garantir que os três estavam bem alimentados, incluindo ela própria. Desde que fora recrutada, Steve nunca a vira correr tanto de um lado para o outro, e no fundo estava preocupado. Para uma antiga espiã, ela era um tanto transparente, e até ele conseguia perceber como seu sorriso fora forçado o dia inteiro, e ela estar na academia distribuindo socos como se não houvesse amanhã reforçava ainda mais sua sensação de que algo estava a incomodando.
- Você começou sem mim – comentou ele depois de muito tempo tomando coragem para entrar de vez na sala, fazendo com que interrompesse a sequência de socos desajeitados que aplicava no saco de areia, o cenho franzido tanto pela fala do soldado como por não ter percebido sua presença antes.
- Eu estou no horário de treino? Sério? – estranhou ela, olhando rapidamente para o relógio no topo da parede antes de arrumar de qualquer jeito as faixas em suas mãos, logo reiniciando sua sequência de golpes – Nossa, nem percebi.
- Onde estão as crianças? – perguntou Steve, rumando para o armário de materiais em busca das almofadas usadas para treinar socos e chutes. Sua rotina de treino não era aquela, mas, como era difícil conseguir encontrar a mulher na academia, não faria mal deixar seu programa de lado e a treinar um pouco, para variar.
- Na creche – respondeu ela, cada soco encaixado nas pausas de sua fala – Não dá para entreter três sendo só uma...
- Pelos seus golpes visivelmente mal desenvolvidos, acho que você desceu apenas para extravasar – comentou ele, um resto de riso em sua voz enquanto caminhava para o ringue e sinalizava para que ela seguisse – Mas mesmo assim, vamos melhorar esses golpes.
- Rogers... Eu sei que não estamos em horário de treino, ok? – suspirou ela, deixando que seus ombros caíssem, mesmo assim o seguindo para o ringue. Seu nível de cansaço era tão grande que não sabia dizer se ele estava ou não lhe dando ordens, então era melhor não arriscar. A última coisa que ela precisava era de uma advertência – Não precisa fazer isso. Você não dorme ou algo do tipo?
- Não enquanto eu tenho uma recruta indisciplinada para treinar – brincou ele, ajustando os braços contra as tiras das almofadas e os deixando em uma altura confortável para que a mulher golpeasse. Steve, juntando quase toda a confiança que tinha, lhe lançou um sorriso de lado, quase que a desafiando a começar. por sua vez revirou os olhos e passou a se concentrar no exercício, mesmo que continuasse sua sequência de golpes sem muita perfeição, e o mais surpreendente era não estar sendo corrigida – Se quiser me contar... Sou um bom ouvinte. Tem bem mais nessa história do que você contou ontem.
- Você não vai simplesmente deixar toda essa história de lado, não é? – resmungou , acelerando a sequência e aumentando a força que utilizava, mas o soldado logo percebeu que a irritação que ela irradiava não era direcionada a ele – Você é incapaz de apenas esquecer aquilo tudo, não é?
- Posso fazer isso o dia todo.
cometera o erro de começar a rir antes de acertar o alvo, e acabara errando, seu braço deslizando pela almofada até que seus ombros buscassem apoio no material, arriscando um olhar divertido para o soldado, que ela não percebera ter ficado rapidamente tenso por sua súbita aproximação. Um passo a menos de distância e Steve de repente estava com dificuldades para se lembrar como se respirava, a quantidade de pensamentos passando por sua mente se resumiu a zero.
- Você precisa parar de usar suas frases de efeito o tempo todo... – brincou ela, logo voltando a sua postura anterior e reiniciando o exercício, e atendendo ao pedido do homem de contar o que a incomodava – Quando eu entrei na S.H.I.E.L.D., eu fui treinada com mais dois recrutas, Amanda e Danny. Praticamente sempre integramos as mesmas equipes. Eventualmente Amanda casou com meu irmão, e depois das crianças ela ficou com a parte mais burocrática da agência no Triskelion.
- Ela estava lá quando tudo desandou – comentou Steve, lembrando do que ela contara na noite anterior quando fora questionada pela equipe. Sua voz assumiu um tom sentido, principalmente por ele ter se envolvido diretamente naquele episódio. Todas as pessoas que ele não conseguia salvar pesavam em suas costas, mas aquele sentimento sempre se intensificava quando se via de frente com alguém próximo de quem ele não salvara.
- Danny também – continuou ela, hesitando por alguns segundos antes de respirar fundo e voltar a socar as almofadas. Desde que as coisas desandaram, ela tinha aquela sensação ruim no peito de que o pior tivesse acontecido à dupla, algo que foi confirmado assim que ela regressara – Nossa equipe tinha sido reduzida para a missão de espionagem que deu muito errado, como você deve se lembrar, já que vocês que me resgataram.
Steve quase levara um soco no rosto ao abaixar os braços em surpresa pela revelação da mulher. Ele não sabia dizer que tipo de relacionamento existira entre ela e o tal Danny, mas era claro que os dois e Amanda eram um tipo de família, com as próprias crianças tratando o colega de trabalho das duas como tio. E ambos morrerem na queda da S.H.I.E.L.D., dois golpes de uma vez na família, e não havia nada que ele pudesse fazer.
- , eu sinto muito – murmurou Steve com cuidado, sem indícios de que pretendia erguer os braços mais uma vez para que ela continuasse o exercício, por isso voltou a consertar as faixas em suas mãos, mesmo que elas não tivessem começado a se soltar novamente.
- Está tudo bem, de verdade. Eles não são os primeiros colegas que eu perco.
- Eles eram mais do que colegas, e você sabe disso – insistiu Steve, e ela suspirou, dando as costas ao soldado e indo se escorar nas cordas do ringue. Ele por sua vez deixou que as almofadas caíssem se seus braços, parando ao seu lado – Por isso você foi conversar com seu irmão a sós? Por ele estar deixando as crianças? Ele... vai voltar?
- Espero que volte... Mas eu entendo o lado dele – confessou ela, seu sorriso triste hipnotizando o homem – Esse sentimento de impotência. Se eu não tivesse recebido aquela missão, eu estaria no Triskelion também, poderia ter protegido os dois. Ou morrido junto, não dá para saber... Sei que normalmente se precisa que alguém fique para trás para cuidar das coisas, mas... Tem outras que é um saco ser aquele que sobrevive.
permaneceu em silêncio por um certo tempo, esperando que Steve usasse seu turno, principalmente por ela não ter mais o que dizer, só que ele nunca chegou a usar. O soldado também se manteve em silêncio, o lábio preso entre os dentes enquanto aos poucos percebia que eles tinham mais semelhanças do que imaginara de princípio. O desleixo ocasional e a constante falta de disciplina que ele identificara em logo depois de seu resgate fizeram com que facilmente ele constasse que eram diferentes demais, que a convivência entre eles seria complicada, ainda mais quando Clint e Natasha sugeriram que ela fosse adicionada à equipe, já que era uma agente habilidosa. Só que a cada dia que passava, Steve percebia como havia a julgado mal. Ela não era tão ruim assim, e agora sentia que talvez eles tivessem mais coisa em comum do que imaginara. O sentimento de ser o que fica para trás lhe era mais do que familiar.
E demorou mais do que se orgulhava para entender o silêncio do soldado.
- Droga. Steve, me desculpa. Eu não... – pedia ela, completamente sem jeito, as mãos nas laterais da cabeça enquanto se xingava mentalmente – Eu não tinha o direito de dizer isso, especialmente... Ah, eu sou uma idiota.
- Você realmente está tentando medir o tamanho de uma dor? Não é uma competição, – ele riu de leve, apoiando todo o peso nas cordas as suas costas – Superficialmente se pode julgar uma maior que a outra, mas há uma infinidade em cada dor...
- Você... – começou , sua postura mudando drasticamente em poucos segundos, tudo em razão da fala do soldado. Aquilo não lhe soava estranho, já tinha ouvido algo parecido em algum lugar... – Você acabou de fazer uma citação meio estranha de A Culpa É Das Estrelas ou endoidei de vez?
A risada alta de Steve foi mais de culpa e constrangimento do que qualquer coisa.
- Não deu para disfarçar, não é? – suspirou ele, contente ao perceber o sorriso fácil mais uma vez no rosto de . Ela quase parecia outra pessoa, mesmo que ele ainda conseguisse notar certa tristeza em seus olhos, mas em uma quantidade bem menor.
- Você leu o livro?! – perguntou ela entre risos, e Steve se fingiu ofendido pelo tom descrente da mulher.
- Não... – disse ele, estalando os lábios e fingindo prestar atenção em qualquer outra coisa na academia que não fosse a mulher – Eu assisti ao filme.
- Você chorou?
- Que nem um bebê.
até tentou se controlar, até chegara a prender a respiração, tudo para se render ao riso ao cometer o erro de olhar para o soldado, que não parecia nada feliz com a sua reação. Quando seu abdômen começara a doer demais, a mulher optara por se sentar no tablado, permitindo que seu corpo se acalmasse naturalmente, tudo sob o olhar atento de Steve, que cruzara os braços assim que o ataque de riso da mulher se iniciara, mesmo que ele também risse um pouco.
- Já riu tudo o que queria?
- Você acabou de destruir a imagem que eu tinha de você... – contou , limpando do rosto algumas lágrimas que ainda escorriam.
- Não achou que eu tinha sentimentos? – questionou Steve, de repente percebendo que a pergunta tinha um lado sério. Ele não fazia ideia da imagem a mulher tinha dele, nem como isso importava para ele.
- Não é isso... Acho que eu apenas estou mais acostumada a te ver como Capitão do que Steve... – explicou ela. Não demorou muito para que ela voltasse a ficar um pouco tensa mais uma vez, percebendo como aquilo que acabara de dizer não soava nada agradável. Não devia ser fácil viver com pessoas esperando tanto de si, que fosse sempre o herói, o homem correto de Deus – Me desculpe.
- Ah, tudo bem – disse Steve apenas, gesticulando para que ela não desse mais importância para aquilo – Nós não passamos tanto tempo juntos, é compreensível.
- Posso rir mais um pouco? – perguntou ela com um sorriso de canto, esticando as mãos para que o soldado a ajudasse a se levantar, o que ele não demorou para fazer.
- Mas não muito, se não vou ficar ofendido.
- Vou precisar de um pouco mais de tempo para me acostumar com a ideia de você assistindo filmes adolescentes – riu quando já estava de pé, focando sua atenção nas faixas em suas mãos que ela tirava com cuidado – Pensei que você ainda estava se atualizando com os clássicos, ou algo assim.
- Não foi o melhor filme que eu assisti nos últimos tempos, mas até que tem uma história bonitinha... Triste, claro.
- Eu definitivamente não vou assistir depois de como você falou bem do filme – zombou a mulher, afastando as cordas para descer do ringue enquanto Steve recolhia as almofadas e a seguia – Você definitivamente não sabe fazer com que alguém tenha vontade de assistir algo.
- Você não assistiu? – perguntou ele um pouco mais alto, já que rumara para os bancos da sala, onde deixara sua mochila, e ele fora para o armário guardar o material. A verdade era que ele não sabia dizer quais eram os hobbies da mulher. Sabia que ela podia passar horas conversando com Sam, e normalmente passava, mas nunca parara para perguntar ao amigo quais eram os assuntos tratados. Chegava ser ridículo a quantidade pequena de informações que tinha sobre ela, e mesmo assim a atração que sentia por ela não diminuía, pelo contrário. A cada detalhe que aprendia sobre ela, parecia que era ainda mais um caminho sem volta.
- Esqueceu que eu estava sendo mantida como prisioneira quando ele estreou? – lembrou ela, enfiando as faixas de qualquer jeito dentro de um dos bolso, jogando a mochila no chão em seguida para se sentar. não sabia se havia sido considerada uma ameaça pela HYDRA e o tal algoritmo que tinha criado, mas o fato era que ela fora movida para uma equipe apenas de inimigos, o que resultara na mulher sendo feita de prisioneira da organização por longas e tediosas semanas, até que a estação fosse tomada pelos Vingadores – Eu só li o livro.
Steve apenas assentiu, fechando a porta do armário e passando mais alguns segundos parado, estudando a expressão da mulher e todas as possíveis reações que ela poderia ter. Sua hesitação estava tão clara em seus movimentos que não passou despercebida por , que ergueu uma sobrancelha divertida, silenciosamente questionando o que ele estava fazendo.
Ele respirou fundo. Não faria mal perguntar, certo?
- Nós temos uma cópia aqui, quer subir para assistir? – sugeriu ele afinal, apontando rapidamente com o polegar para trás e depois juntando as mãos em frente ao corpo, tentando disfarçar a ansiedade pela resposta.
- Não é exatamente um filme para crianças, Rogers – lembrou , já se pondo de pé. Enquanto ajeitava uma alça da mochila em seu ombro, ela notou o constrangimento do soldado, se aproximando com passos lentos e receosos – E daqui a pouco eu tenho que ir buscar os três.
- Você pode subir depois que eles dormirem, J.A.R.V.I.S. pode os monitorar... – continuou Steve, escondendo as mãos nos bolsos de sua calça quando notou como elas estavam começando a ficar úmidas, e não queria que a mulher notasse como ele estava ficando nervoso. Não que aquele fosse o único sinal, mas pelo menos era um que ele podia disfarçar.
- Parece que alguém andou pensando em todos os detalhes... – brincou ela, cruzando os braços em frente ao corpo, e fingindo ficar séria.
- Me entreguei, não foi?
- Agora você se entregou – disse , que agora tinha os olhos levemente arregalados e a respiração começando a sair de seu controle, rindo de nervoso – Eu estava brincando. Eu não estava... insinuando nada.
Steve se flagrou rindo, tanto por ele ser um desastre ambulante como pela mulher também aparentar estar sem jeito. Ele estava agora talvez a dois passos de , mas tinha medo de se aproximar mais e a assustar, assim como se afastar e deixar aquele assunto de lado mais uma vez. Fala sério, Rogers. Você consegue.
- Acho que estou devendo dez pratas para o Sam... – suspirou ele baixo, fechando os olhos e passando uma mão pelo cabelo, tentando não parecer frustrado consigo mesmo, mas falhando.
- Desculpe?
- Ele disse que eu não ia conseguir te chamar para sair sem parecer um idiota ou algo assim – respondeu Steve sem pensar, apenas percebendo o erro que cometera ao ouvir a risada ainda mais nervosa de .
- Espera, que? – ofegou ela, o rosto contorcido em uma expressão confusa – M-muita informação. Você não está parecendo um idiota, Sam o que, e você está me chamando para sair? Tipo, sério?
- Eu não estava com segundas intenções em relação ao filme, não foi isso que eu quis passar! – se explicou Steve, agora desesperado por imaginar que tinha passado uma imagem errada, mas nunca concluindo a ideia por ter sido interrompido por um terceiro – Eu realmente...
- Céus, é como assistir dois bebês aprendendo a falar...! – resmungou uma voz conhecida na entrada da sala, com a dupla se virando para a porta apenas para avistar Tony e Sam escorados no batente, parecendo incrivelmente entediados.
- Stark! – gritou ambos sem sincronia, com apenas continuando a ralhar com o bilionário – Vocês estão nos espiando?
- Mas é claro que estamos! – retrucou Tony, sua resposta soando como se fosse algo óbvio – Estamos tentando garantir que vocês vão ter quem beijar a meia-noite.
- Amanhã é Véspera de Natal, não de Ano Novo – corrigiu Steve, se arrependendo assim que o mesmo sorriso maldoso apareceu nos rostos de seus amigos.
- É, e na velocidade que vocês estão se arrumando, não sei o motivo de você estar surpreso por estarmos colocando o plano em ação mais cedo.
- Srtª , seus sobrinhos estão à sua espera – avisou J.A.R.V.I.S., antes que pudesse gritar agora com Sam, que parecia ser a pessoa mais contente do local. E de certa forma ele era. Havia passado tempo demais acumulando piadinhas sobre os dois, e pelo jeito agora ele tinha o passe para as colocar em prática.
- Já estou descendo, J. Eu vou ter uma conversa bem séria com vocês amanhã, não achem que vão se livrar dessa fácil – resmungou , ao passar pela dupla na porta, que ergueu as mãos em sinal de defesa – E Steve?
- Hm?
- Te aviso quando eles estiverem dormindo – lhe lançara uma piscadela rápida, saindo do campo de visão do soldado antes que ele pudesse de fato reagir.
- Gostei da atitude...! – comemorou Sam, passando a porta e parando próximo a ela, já no corredor. ainda deu mais alguns passos enquanto o moreno continuava – Por que não fizemos isso, sei lá, uns três meses atr...? , não ouse jog...! O que você carrega nessa mochila?!

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queria repreender os colegas com os olhos, mas a verdade era que seu sorriso contente tinha contaminado todo seu rosto enquanto assistia os sobrinhos se perderem em meio a embrulhos brutalmente rasgados e presentes dos tamanhos mais variados. Até mesmo o bebê estava no meio da bagunça, rindo quando um papel tampava sua visão e seus irmãos tinham que ir em seu socorro.
- Vocês estão estragando meus sobrinhos – reclamou , balançando a cabeça em descrença enquanto as crianças destruíam mais um embrulho caprichado – Acho que com tudo que o Tony comprou para eles, Mark deve conseguir pagar a hipoteca da casa até eles irem para a faculdade.
- Ou pagar a faculdade dos três – brincou Steve. Seu sorriso se alargou ao ouvir a risada em concordância da mulher. Menos de vinte e quatro horas, e eles haviam passado menos tempo no mesmo ambiente do que o habitual, e mesmo assim ele se sentia mais confortável do que nunca em sua presença. Ele estava parado ao lado da banqueta que ela ocupava, suas costas apoiadas no balcão do bar, tão próximo a ela que a mulher parcialmente apoiava seu ombro nele.
Acabara que eles mal assistiram ao filme na noite anterior – não porque estavam fazendo outra coisa, mas sim porque era difícil se concentrar na história quando sabiam que estavam sendo observados o tempo todo. Passaram foi a maior parte da noite falando mal dos outros membros da equipe, até que um deles pediu que J.A.R.V.I.S. avisassem que já podiam voltar à programação original, que não seriam mais vigiados. Como já estava tarde demais para voltarem a dar atenção ao filme, eles decidiram por cada um voltar para seu respectivo quarto, e deixar a data em aberto para assistirem o filme depois.
- Ei, pirralhos? Que tal ligar para o papai agora? – sugeriu a mulher assim que as crianças terminaram com os embrulhos e conversavam animadas sobre seus presentes. Grant foi o primeiro a concordar, e devolveu seu copo ao balcão para tirar seu celular do bolso, buscando o contato de seu irmão até que um chamado de sua sobrinha roubou sua atenção.
- Tia ...! – gritou Emilly animada, ignorando por completo a pergunta da tia, e erguendo acima da cabeça uma pequena caixinha embrulhada em papel vermelho – Tem mais um presente para você?
- Quanto eu já bebi? – brincou mesmo um tanto sem graça, buscando olhar de Clint pela sala, já que ele que tinha a tirado no amigo secreto – Eu já não recebi o meu?
- É do Tio Capitão! – Grant leu na identificação que acompanhava o presente, um sorriso satisfeito aparecendo em seu rosto infantil.
Todos se viraram para Steve com expressões semelhantes, silenciosamente o questionando.
- Samuel Wilson...! – resmungou o soldado, se virando lentamente para o colega do seu outro lado.
- O que eu fiz?! – tentou se defender o moreno, mesmo com seu sorriso maldoso o entregando – Você pediu para eu buscar os presentes no seu quarto!
- Eu falei para você pegar o presente da Romanoff!
- Crianças, entreguem o presente para a Tia – pediu Tony, empurrando os dois com delicadeza pelos ombros – Agora eu fiquei curioso. E espero que seja algo inapropriado.
- STARK!
Steve, mais corado do que queria admitir, pegou o pequeno embrulho das mãos de Emily, se virando sem jeito para a mulher curiosa ao seu lado.
A verdade é que ele comprara aquele presente semanas atrás, na volta de uma de suas corridas matinais no Central Park. O acessório atraíra sua atenção em uma das vitrines por qual passara, e, antes que percebesse o que estava fazendo, já tinha o comprado. Talvez ele tivesse alguma esperança de tirar o nome de na brincadeira de Natal, mas tirara o nome da russa da equipe, e não queria trapacear, além de que daria muito trabalho descobrir quem havia ficado com a novata.
- Eu deveria ficar com medo de abrir...? – brincou , pegou com receio o embrulho que o soldado lhe estendia. Steve apenas revirou os olhos, lhe mostrando um sorriso para a encorajar a abrir logo.
Mesmo curiosa, não se apressou em rasgar a embalagem que envolvia a pequena caixa de veludo preto. Seu coração chegou a acelerar considerando as possibilidades de talvez Steve ter lhe comprado algo caro e que a deixasse completamente sem jeito, mas o que encontrava dentro da caixa fora um colar comprido prateado, com um pingente pequeno com detalhes em azul celeste e prata.
- Eu não entendi...? Ai meu Deus, eu entendi! – ofegou ela, assim que trouxe o pingente mais próximo ao rosto. O sorriso satisfeito de Steve apenas se alargou ao ver a felicidade em seus olhos – É sério isso? Onde você achou?! Estão vendendo isso?
- Isso o que, criatura? – se intrometeu Tony, sem conseguir mais se controlar, parando ao lado da mulher e pegando o pingente em sua mão para o analisar com mais empenho – Isso é... É um símbolo dos Vingadores, não é?
- Com um triângulo no meio...? – se juntou Sam confuso, ficando contente ao conseguir entender o enigma – Ei! É um delta! Você é a Delta!
concordou com um sorriso, colocando o colar ao redor do pescoço antes de se levantar para abraçar Steve, que não conseguiu esconder seu contentamento ao ver a mulher se adiantar para ele com os braços abertos, lhe envolvendo em um abraço apertado pelo qual ele daria tudo para que não acabasse. Quando se separaram, um bocejo longo e alto de Grant atraiu a atenção de todos antes que alguém pudesse dizer algo. checou o relógio apenas para constatar que já fazia tempo que as crianças deveriam estar dormindo.
- Qualquer um com menos de um metro e meio diga boa noite e me siga – avisou a mulher, tentou controlar sua própria vontade de bocejar. As crianças se despediram com beijos e abraços de cada vingador, e Sam, deixando propositalmente e Steve de fora, já que esperavam que ambos os levasse para o quarto.
E foi exatamente assim que aconteceu.
tinha o bebê ainda um tanto elétrico nos braços, enquanto Steve carregava o casal de gêmeos que aos poucos começavam a ficar mais sonolentos, ambos descansando a cabeça nos largos ombros do soldado. Um pigarreio alto atraiu atenção da dupla que esperava o elevador, que em um movimento sincronizado se virou para Tony parado um pouco mais atrás, que os encarava com um sorriso idiota no rosto. Antes que qualquer um dos dois pudesse questionar o bilionário, ele ergueu os olhos para algo acima da cabeça da dupla, que imitou o gesto sem pensar duas vezes – Primeiro de Abril ainda estava um tanto longe, mas era melhor não arriscar com o Stark. Pendurado em meio à decoração luminosa de Natal, estava um pequeno enfeite feito de visco.
O sorriso de Tony apenas se alargou quando percebeu o constrangimento de posicionamento entre os dois, dando uns tapinhas no braço de Steve antes de voltar a se juntar com os outros, embora ainda prestasse atenção no que acontecia perto do elevador, assim como todo mundo.
Steve apenas deu de ombros e revirou os olhos, um tanto desconfortável, sinalizando para que entrasse primeiro no elevador quando as portas se abriram. Um tumulto de reclamações no fundo chegou ao ouvido de todos, mas o grupo apenas ignorou. As próprias crianças logo trataram de reiniciar a conversa sobre os presentes que ganharam, sentindo como ambos adultos estavam envergonhados por terem sido pegos embaixo de um dos muitos viscos espalhados estrategicamente pelo prédio.
- A gente não ia ligar para o papai? – questionou Grant, depois que sua tia o ajeitou na cama pela terceira vez seguida. A mulher bufou alto quando Emily se jogou ao lado do irmão, já com a mão esticada para receber seu celular. entregou o aparelho a ela depois de iniciar a chamada, estranhando quando as crianças começaram a gesticular para que ela deixasse o quarto.
- Queremos privacidade, por favor – explicou a garota, com seu irmão sorrindo em concordância.
- “Privacidade”? Esse é meu quarto!
- Ei, o Homem de Ferro disse que é nosso – lembrou Grant – Você tem poder para falar mais que o Homem de Ferro? Eu acho que não.
Antes que pudesse iniciar uma discussão mais calorosa com as crianças, ela sentiu a mão de Steve em seu ombro, ele apontando para a porta com a cabeça, silenciosamente pedindo que ela atendesse o pedido dos sobrinhos. Ela apenas se deixou ser guiada para o corredor mais uma vez, ainda emburrada.
- Certas pessoas vão passar o Natal de castigo – resmungou ela, assim que Steve fechou a porta do quarto.
- Espero que não seja eu – brincou ele, conseguindo um sorriso travesso da mulher.
- Ah, eu tenho poder para isso agora? Estou acima de você na hierarquia, Capitão? – retrucou ela divertida, não deixando de notar como o rosto do soldado ganhara um pouco mais de cor, assim como o brilho diferente em seus olhos. Sua postura também se alterara um pouco, e, antes que ela pudesse o questionar, Steve se adiantou em um passo em direção a ela, quase extinguindo a distância entre eles.
ergueu uma sobrancelha questionando as ações do soldado, que pareceu pegar algo no bolso e levar a mão para a tiara que segurava seu cabelo para trás, colocando algo ali. Ela tentou ver o que ele fazia, conseguindo até ver um pequeno galho entre os fios de seu cabelo.
- Visco? Quando que você pegou isso que eu não vi? – riu , tentando disfarçar o repentino nervosismo que a dominara – Você passou a noite toda com isso no bolso?
- Precisava de um Plano B infalível para caso todos os outros dessem errado... – contou Steve sem jeito, a mão que mexera em seu cabelo descendo para seu rosto, o polegar massageando a bochecha da mulher por alguns instantes, estudando com cuidado as menores alterações em sua expressão, em busca de algum sinal de que ele estava indo longe demais. , pelo contrário, parecia estar lhe dando sinais de que ele estava enrolando demais, chegando a ficar na ponta dos pés para igualar suas alturas.
Mal seus lábios se tocaram, timidamente descobrindo um ao outro, e eles se afastaram bruscamente ao serem atingidos por uma luz intensa, e risos nervosos e histéricos chegaram aos seus ouvidos. A porta do quarto de agora estava aberta, e mesmo se não tivesse ainda seria possível ouvir Emilly ralhando com o irmão.
- Steven Grant , eu não acredito que você não desligou o flash! – bronqueava a garota entre risos altos, tentando parar, e falhando, quando ouviu a dupla de adultos pigarrear da porta, ambos de braços cruzados a espera de explicações. Emily esboçou um largo sorriso forçado, estapeando a mão do irmão para que o celular que ele segurava sumisse do campo de visão de todos – Foi o papai que pediu que nós registrássemos caso algum momento desse gênero caso rolasse.
- Acho que vou ter que deixar o pai de vocês de castigo também... – resmungou , empurrando Steve para fora do quarto, acenando para as crianças durante o processo – Boa noite, crianças...
- Ei, onde vocês vão...?! – perguntou Grant, correndo desesperado para a porta antes da tia fechar a porta. Seu rosto foi tomado pela revolta quando disse que eles estavam voltando para a festa – Por que vocês podem voltar para lá e nós não?!
- Porque temos mais de um metro e meio – brincou Steve, colocando a cabeça para dentro do quarto para sorrir divertido para a dupla – Boa noite, crianças.
- Não queremos mais que você seja nosso tio! – gritou o garoto, que pode jurar que chegara a ouvir a risada alta dos dois no corredor. Ainda inconformado, ele se virou para a irmã que fora buscar o celular caído – Dá para acreditar nisso? Que injusto!
- Pelo menos a foto ficou boa – comentou Emily, virando a tela do aparelho para o irmão enquanto voltava para a cama da tia que eles dividiam – Agora, por favor, vamos planejar como tumultuar o futuro casamento deles.



Fim



Nota da autora: Vem ano e passa ano e sigo amando essa história. Tive que segurar ela 2017 inteirinho pra mandar no Natal e ainda rolou att dia 25, bem feliz estou!
Feliz Natal, galera!

Nota da beta: EU AMO TANTO ESSA HISTÓRIA, SOCORRO! MELHOR PRESENTE DE NATAL EVER!

Para comentários, críticas, xingamentos e ameaças de morte, a caixinha de comentários continua no mesmo lugar e pedindo por atenção!






Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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