Última atualização: 15/10/2019

Beijo sob a Neve

Hogwarts: Aula de Poções.

Clarke terminava de guardar seu material e prestava atenção no pergaminho que Snape pedia. Era o último pergaminho do semestre e, logo, as provas iriam começar. Antes, o tão esperado Baile de Inverno iria acontecer em um mês. Ela passava sutilmente os dedos sob a pena que utilizava para escrever e mantinha sua total atenção nas instruções que o professor passava. E, como sempre, era a última a sair da sala. Era a única aula que tinha separada de sua melhor amiga e era a aula que ela menos gostava. Clarke passou pela porta depois de tomar todo o cuidado com o armário de vidraria – estabanada com objetos delicados.
Mas não era só mais um dia comum, onde todos os alunos já começavam a cochichar quem iria levar quem no baile e quais vestidos as meninas usariam para dançar com o seu par perfeito. Era o dia de treinamento de Quadribol e, com isso, suspirou profundamente, sabendo que não iria encontrar ele para poder fazer mais uma de suas gracinhas com ela. Entretanto, ela esqueceu que suas felicidades duravam pouco tempo.
O garoto saltou na frente de com uma grande lata com alguma gosma fedorenta mas, antes que o mesmo jogasse nela, Oliver surgiu na frente deles, a pouquíssimos metros.
— Oi! ! – Falou um pouco mais alto.
— Wood! – Seus olhos brilhavam. – O que faz aqui? – Distanciou-se do garoto com o balde.
— Eu vim buscar você, fiquei sabendo que estava na aula do professor Snape. – Sorriu.
— Então vamos. – Apressou o jogador. – Eu quero ver logo o treinamento da Grifinória. – Queria sair de lá o mais rápido possível.
— Está tudo bem? – Estranhou o comportamento da amiga.
— Sim, Oliver, só quero chegar lá logo. Prometi a Luna e a Gina que chegaria antes do time começar.
Oliver concordou com ela mas, mesmo assim, ficou em alerta. Ela nunca ficava tão tensa, não quando eles estavam juntos. Ela agia naturalmente e tranquila com ele, nunca ficava nervosa. Pelo contrário! Ela era a de verdade, não ligava para seus problemas nem dos boatos que ficavam falando sobre ela, e muito menos para as gracinhas do Fred.
Os dois andaram rapidamente até a arena, Luna e Gina tinham guardado o lugar dos dois para assistirem ao treinamento. Rony estava desanimado por não ter entrado no time ainda.
— Você está bem? – Oliver perguntou, sem tirar os olhos do treino.
— Bem, por quê? – Passou uma mão na outra.
— Só me preocupo com a minha melhor amiga.
— Sei... – Sorriu. – Sente saudades de ser o capitão do time? – Olhou para ele.
— Às vezes, ainda mais quando você vinha aqui e ficava me olhando.
— Para com isso. – Estava corada, parecia uma plantação de morango. – Não precisa ficar me lembrando disso.
— Disso o quê? – Segurava o riso.
— Oli, pare com isso.
— Está bem, mas não esqueci da sua admiração por mim. – Referia-se à paixonite que tinha por ele nos primeiros anos.
— Você é um completo idiota.
— Mas eu pago aquela promessa.
— Pelas barbas de Merlin! Você ainda lembra disso! – Olhou espantada. – Não precisa fazer isso não.
— Mas eu prometi. – Apoiou no banco de trás.
— Nem pense. – Colocou uma mecha atrás da orelha.
— Olá! – Os gêmeos falaram juntos.
— Oliver! – George abraçou o amigo. – O que está fazendo aqui?
— Recebi uma carta da professora Minerva e, depois que falei com ela, vim ver vocês e essa garota aqui. – Olhou para .
Fred sentiu a pior sensação que ele não queria sentir, ainda mais com a garota que estava alguns centímetros longe dele. Respirou fundo e deixou sua imaginação fluir a ponto de esquecer com quem estava conversando.
— E quem se preocupa com ela?
se recuou, agora Wood entendeu o que ela queria dizer sobre a tensão dela. Ela já tinha comentado sobre algumas gracinhas que Fred tinha feito, e nunca mais tocou no assunto, mas era sempre ele, nunca o George, junto das travessuras do irmão.
Wood olhou para Clarke, que mantinha o rosto oprimido. Não queria ver a amiga daquele jeito e mais tensa do que antes. Ele segurou a mão dela que estava sob o banco de madeira.
— Nós e, principalmente, eu. – Fitou Fred.
— A professora McGonagall. – Gina disse a verdade também ao ver que o clima entre o irmão e o amigo estava ficando tenso.
— Senhor Wood? – A mais velha o chamou.
— Sim, professora. – Levantou-se.
— O diretor Dumbledore pediu para entregar isso diretamente a você. – Entregou a carta. – É para ler sozinho. – Falou em um tom médio.
— Obrigado. – Guardou no bolso.
— Vai ler sozinho? Ou vai contar para a gente? – George indagou, metediço.
— Se não for nada demais, eu conto. – Sentou. – Se não, eu não irei contar. – Olhou para , ele contaria para ela.
— Ele está escondendo algo da gente e não quer assumir. – A garota falou.
está certa, ele está escondendo algo de nós. – Gina comentou, queria encher o saco do amigo.
— Oliver, como é bom te rever. – Harry se aproximou do amigo e o abraçou. – Está de passagem? – Colocou a luva no banco.
— Sim, mas não é por muito tempo. Hoje à noite, eu já volto.
— Mas já?! Nós nem saímos juntos. Quer dizer... Nós todos. – corou.
— Podemos tentar fazer isso ainda hoje, é só pedirmos autorização. – Gina deu a ideia.
— Só vermos com os nossos diretores. – Luna disse. – Eu e vamos ver agora, né?
— Sim.
— Antes, tenho que conversar com você. Me espera no pátio principal. – Disse ao segurar o braço dela delicadamente, a impedindo de sair.
— Ok. – Sorriu amigável. – Vamos, Luna?
Lovegood assentiu com a cabeça e saiu andando logo atrás de sua amiga. Clarke passou por Fred e pôde perceber que o mesmo estava diferente, nem mesmo sequer riu da menina. Tinha algo de contrário. Entretanto, ela não se importava de saber o que era. Estava muito feliz por ser só assim, sem ele a “atrapalhando”.
— Você acha que ele quer algo com você? – Luna quebrou o silêncio.
— Acho que ele quer saber algo sobre o Fred, eu conheço ele. – Foi sincera e curta, não queria falar do assunto.
— Hm... – Fez uma careta, demonstrando que a compreendia.
Luna entendeu a indireta. Afinal, ela estudava com a amiga desde o primeiro ano. As duas chegaram até a sala do professor Flitwick, conversaram e explicaram a situação, e não tinha como responder com um não para as melhores alunas dele. Então elas foram avisar seus amigos e, assim, combinaram um lugar para se encontrarem e irem ao Beco. se aprontou primeiro, avisando Luna que iria esperar ela no lugar combinado e só ia descer antes para poder conversar com Oliver, tanto sobre o olhar dele quanto sobre as provocações.

sentou-se ao lado de Wood, ele a olhou e sorriu. O que passava em sua mente era bem mais que qualquer outro momento: o que ele nunca achou que poderia acontecer estava acontecendo, ele a desejava. Por impulso, ele levantou, estendeu sua mão para a amiga e a guiou para a ponte. Eles andaram lado a lado sem trocar uma sílaba, apenas observando o pequeno sol, que se esforçava para sair em um dia frio. Clarke encostou-se em uma das vigas de frente para seu amigo e o mesmo encostou-se à viga oposta. Foram poucos segundos naquele silêncio até quebrá-lo.
— Está tudo bem?
— Sim, por qual motivo não estaria, ?
— Faz dez minutos que você está me olhando.
Ele ficou sem jeito, não queria falar agora. Afinal, não tinha certeza.
— Eu percebi que você estava meio tensa mais cedo. – Não omitiu. – Me diga, está tudo bem entre você e o Fred?
— Sim. – Falou sem mais delongas.
— Não parece. Eu conheço você, não queira esconder essas coisas de mim. – Segurou a mão dela.
— Se você sabe, então por que pergunta?
— Porque quero saber de você e não por eu adivinhar. , você sabe que eu não gosto de ver você assim, o fato de você... – Buscou palavras. – Assim, não quer dizer nada, você sabe. Você não pode deixar. – Foi interrompido.
— Eu realmente não tenho mais me incomodado que falem que sou filha da Bellatrix. – Falou o nome a seco. – Nem mesmo que sou uma garota rejeitada pelo Lord das Trevas, e não saber quem é meu pai verdadeiro. Eu estou bem, acredite. – Sorriu verdadeiramente.
— Então, – Aproximou-se. – por quê o desconforto todo com o Fred? – Não era isso que queria perguntar.
— Não tenho desconforto nenhum com o Weasley.
— Tem, eu vi, e conheço seus gestos. Me fale, por favor.
— Eu achei que gostava dele, mas depois percebi que não gosto, é isso. Matou a curiosidade? – Cutucou suave a barriga dele, e não pôde negar ter sentido os músculos ressaltados ali.
— Quer fazer um teste para saber se você gosta dele ou não?
— Como? – Entortou a cabeça, demonstrando curiosidade.
Oliver apoiou sua mão acima da cabeça da garota, ele a fitava calorosamente – apenas no sentido de amor, e não conseguia esconder isso. Já fazia um bom tempo que se pegava pensando o quão bom era passar os milésimos de segundos ao lado da estudante.
— Lembra-se daquela promessa? – Voltou ao assunto.
— Como não lembrar? – Não hesitou.
— Se quiser, – Aproximou-se mais ainda. – eu posso te ajudar e cumprir. – Segurava a mão dela e acariciava a mesma.
, pela primeira vez, não impediu que ele fizesse algo, apenas o olhava fixamente. Isso, para ele, foi a confirmação de que ela permitiu, finalmente, que ele pagasse sua promessa que ele fez quatro anos atrás.
Oliver soltou a mão dela e subiu educadamente para o rosto, acariciando-o, e colocou o cabelo dela para trás. Seu coração batia rapidamente, parecendo a torcida da Copa de Quadribol. Por quê ela? Por quê sua melhor amiga? Ele perguntava constantemente para si mesmo. Com tantas bruxas, ele foi sentir atração pela a única com quem mantinha uma amizade esplêndida. Não era possível isso, era algo do mundo dos trouxas. Era inexplicável.
Quando ele estava mais próximo e eles estavam prestes a fechar os olhos, e Oli escutaram as vozes dos seus amigos, principalmente de Fred e George. Todos riam de alguma piada que os gêmeos tinham contado. Eles se separam e apenas ficaram de lado. Ao avistarem os amigos, eles fizeram um sinal e todos foram para a Hogsmeade.


Três Vassouras.

virava sua primeira caneca de cerveja amanteigada e se encostou, tirando o cachecol da Corvinal que estava em seu pescoço e colocou entre ela e Luna. Eles riam e conversavam. Oliver contava todas as situações engraçadas que ele passou, e claro que isso fazia com que todos se alegrassem ainda mais – com todas as certezas, era por conta da cerveja amanteigada. Fred não gostava muito da aproximação dos dois, já estava encostada nele enquanto o mesmo tinha o braço em volta dela, apoiando no encosto.
De tanto tomarem a cerveja, a menina se levantou junto de sua amiga – Gina – e foi para fora do local humilde. Elas deram uma volta e pararam em frente à doceria. Gina entrou enquanto se recusou a adentrar. Ela ficou encostada no lado de fora do lugar, olhando a pequena movimentação da rua enquanto mexia em um pequeno objeto de prata. Sem ela perceber, Fred se aproximou dela e encostou, deixando centímetros para se aproximar mais.
— Fred! – Disse assustada, dando um pulinho de leve.
Ela foi para mais longe.
— Está com medo?
— Claro que não, você só me assustou.
— O que é isso? – Olhou curioso para o objeto na mão de .
— Não é nada.
Tentou esconder, mas Fred foi rápido. Pegou o pequeno objeto e começou a analisar. Era pequeno, um pequeno pingente prata, com uma escrita ilegível. Parecia que o mesmo podia ser aberto, mas sem feitiço, com uma pequena chave talvez, porém ele não tinha uma fechadurinha. Ele ficou curioso e mais que isso, não queria devolver para a garota, ele tinha quase que certeza – total certeza – de que não era dela.
Fred fechou a mão, deixando o pingente totalmente escondido. entrou em pânico, não sabia o que fazer. Ela ficou o olhando se distanciar. Só depois de alguns minutos, ela saiu correndo na direção dele, em direção às árvores. Ela chegou no local e ele estava encostado em uma delas, tentando abrir o pequenino objeto. Weasley não queria abrir para ele por pura curiosidade. Ele, de alguma forma, sentiu que ela desejava a medalhinha aberta. Era como se ele, por um momento, sentisse algo mais forte dentro dele. Forte por ela.
se aproximou dele no exato momento em que escutou o click da direção do grifinório. Seu coração ficou repleto de raiva, ele havia quebrado pelo som e ela não acreditava. Seus olhos já não aguentavam, os mesmos estavam marejados. Assim que ela ficou de frente para ele, pôde ver um sorriso satisfatório nos lábios do ruivo. Ela nem fez questão de olhar o pingente.
— Eu não acredito que você quebrou, Fred! – Sua voz estava trêmula demais, quase soluçava. – Eu só tenho isso dos meus pais, e você quebra. Como ousa fazer isso com algo que me pertence? Eu não fui abandonada sozinha na rua com esse pedacinho à toa! – Apontou para a mão dele. – E agora você vem e quebra?!
O sorriso saiu de seu rosto, era a primeira vez que a via chorar a ponto de não conter as lágrimas na sua frente, e nunca nem se quer presumia que ela fora deixada na rua apenas com um pedaço metálico. Então algumas coisas sobre ela fizeram sentido para o bruxo. Desencostou-se da árvore, olhou fundo para os olhos castanho-avermelhados da menina e segurou a mão dela, deixando o pequeno pingente deslizar sobre seus dedos até tocar a palma da mão dela.
— Eu não quebrei, eu abri para você. Não queria ver você tentando abrir uma coisa por medo de quebrar. Eu fiz o favor. Se quebrasse, você não se sentiria culpada e, sim, me culparia. – Saiu na mais singela sinfonia de honestidade.
Olhou para sua mão e viu o objeto aberto. Suas lágrimas aumentaram mas, dessa vez, eram de alegria. Pela primeira vez, viu como eram as silhuetas de seus pais. Cada lado tinha uma foto dos dois – homem e mulher – segurando a pequena nos braços. Ambos a balançavam. Entretanto, mantinham a cabeça baixa, olhando para a filha nos braços. Havia um sorriso nos lábios dela.
— Você conseguiu abrir. – Falou em quase um sussurro. – Eu passei tanto tempo tentando. Obrigada, Fred.
O abraçou tão forte que quase o deixou sem ar. Ele retribuiu o gesto, afagando os cabelos enrolados da menina. Estava tão afável com ela em seus braços que, por um momento, desejou que ela nunca saísse de lá. se afastou e olhou para a medalhinha aberta, agora ela tinha medo de fechar e não conseguir abrir. Fred enxugou as lágrimas que estavam no rosto dela, arrumou o cachecol e ajeitou os fios morenos dela.
— Será que abre depois de fechar? – Encostou na árvore.
— Podemos tentar. Posso? – Pediu permissão para fechar e abrir, ela concordou.
Fred fechou e, com cuidado, abriu e olhou para ela, que tinha um sorriso de orelha a orelha por ver que o mesmo abria e fechava.
— Se ele emperrar novamente, pode pedir para mim.
— Irei correndo para você. – Ruborizou. – Digo, até você. – Até trocou as palavras.
— Estarei esperando você. – Ajeitou os fios dela por conta do vento gélido.
E ali, mesmo sobre a bochecha ruborizada de , ele permaneceu fazendo um carinho sutil. Sua mão suava frio, ele sentia a melhor e a pior sensação ao mesmo tempo, tudo por estar ali do lado dela e, mesmo sem entender o porquê disso, ele só aproveitou o momento, encostado naquela árvore enquanto o vento gelado – sem a neve – deixava o tempo parado.
esperava alguma atitude, ela não queria ficar ali o olhando enquanto tomava uma decisão, se é que era isso que passava nos devaneios dele. Se ele demorasse mais um segundo, ela ia se despedir, agradecer e ir embora fingindo que nada naquele momento aconteceu.
E aqueles segundos se tornaram longos para ela. Quando desistiu de esperar e resolveu ir embora, o ruivo a colocou de frente, bem próximo dele, onde era possível sentir suas respirações se misturarem. O vento esfriava mais e, para a sorte dos dois, pequenos flocos de neve caíam naquele momento. Podia-se falar tudo, mas isso não era uma simples magia: era a magia do amor. Eles se beijaram debaixo da árvore com alguns flocos entre eles. Fred a soltou aos poucos, mesmo com ela relutando em sair de perto dele.
Weasley a olhava com um pequeno sorriso nos lábios, sentiu suas pernas tremerem. E se tudo aquilo fossem uma armadilha e os amigos dele estivessem esperando para saírem e rirem dela? E se ele deixou alguma câmera com algum amigo para tirar foto daquele momento e difamar de alguma maneira? Ele nunca foi legal com ela, nunca nem se quer se candidatou em ajudá-la. Seu medo só aumentava a vontade de se auto xingar também. Ela prometeu, jurou que não voltaria a sentir atração pelo o ruivo.
Saiu sem dizer nada, só segurando o pingente em sua mão e tirando o cabelo do rosto, já que o vento insistia em o deixar voando. Weasley não entendeu nada, mas também não fez questão de ir atrás da garota. Estava com receio demais para sair dali, digerindo tudo que tinha acontecido com eles.
O bruxo voltou para o Três Vassouras, sentou em seu lugar e procurou indiscretamente pela menina. Achou-a voltando do banheiro com os olhos um pouco avermelhados. O resto do tempo, Fred não falou nada, mesmo com rindo e se enturmando um pouco nas conversas. Na hora de voltar para o castelo, foi na frente disparadamente, nem esperou sua amiga ou até mesmo Oliver, mas o jogador se aproximou de , roubando a ideia de Fred, que queria saber se estava tudo bem com ela.

No castelo, Wood ficou no dormitório dos meninos. Era tarde demais para ele voltar e Minerva não deixaria um ex aluno sair tão tarde, mesmo sendo maior de idade. Fred ficou na dele, não se enturmou com os outros meninos e, principalmente, com Oliver.
Ele sabia que não podia estar acontecendo nem admitindo para ele mesmo que gostava dela. Ele gostava de uma garota da Corvinal, e a pior parte é que sabia que, depois de tudo que tinha feito com ela, não teria como se aproximar da estudante. Restava agora concluir seu ano letivo e a ver com um jogador de quadribol.
Os dias se passaram, Wood já havia ido embora e ficava cada vez mais estranha. Evitava de todas as maneiras, passava bem longe de todos os amigos do Weasley, e até mesmo dele.
Entretanto, na manhã de calor aconchegante, Clarke descia as escadas da torre de adivinhação. Estava prestes a sair do último degrau quando esbarrou com o ruivo. ficou pálida em vê-lo, estava tomando muito cuidado, até mesmo quando ela precisava tirar algumas dúvidas – fosse com professores ou seus amigos. O garoto só queria falar com ela.
— Fugindo de mim? – Fred a indagou.
— Não, claro que não, só preciso focar nos estudos. – Tentava se manter serena. – Com licença, preciso me encontrar com as meninas.
— Espera. – Colocou o braço na frente dela, apoiando o mesmo na parede. – Elas não vão se importar se você demorar um pouco.
— Eu preciso ir.
— Eu fiz alguma coisa para você se afastar de mim?
— Não, claro que não, mas eu não sou besta. – Juntou toda a sua coragem. – Eu sei que o que aconteceu aquele dia foi mais uma de suas gracinhas, ou você realmente acha que eu não sei? É o seu tipo, fazer essas coisas comigo e querer depois que todos e, principalmente, seus amiguinhos riam de mim. – Suspirou fundo, não queria mais prolongar aquela conversa. – Fred, por favor, eu quero sair e ir me encontrar com minhas amigas. Agora, se você me der licença, eu agradeço.
— Você está insinuando que foi uma das minhas brincadeiras? – A raiva tomou conta do coração do grifinório.
— Mas não foi? – Suas mãos suaram frio, sentiu seu corpo estremecer todo.
— Foi! Claro que foi.
— Eu sabia. – Cerrou os punhos, mas não queria demonstrar sua raiva. – Não tem como não saber que era. Afinal, faz bem o seu tipo.
tirou o braço dele da frente e passou, segurando as lágrimas. Ela não queria demonstrar para ele que queria que fosse mentira, que o beijo aconteceu pelo mesmo sentimento que a bruxa tinha. Durante o percurso todo, ela foi segurando as lágrimas, até se encontrar com suas amigas. Sentou-se ao lado delas debaixo da árvore e começou a ler o livro que trazia junto a si. Tirou o cacho de uva de dentro do potinho, ambos estavam na mochila. Hermione estranhou o comportamento da menina. Afinal, ia estudar com ela naquele momento. Precisava estudar, já que não compreendia muito as aulas do professor Snape – e nada melhor que a ajuda de uma pessoa brilhante como a Mione.
— Está tudo bem? – Hermione perguntou.
— Sim, eu só vou ler esse livro, ver se consigo compreender.
— Mas você não queria ajuda? – Indagou, confusa.
— Sim, mas não, obrigada.
— Eu ajudo, olha...
Hermione ajudou nas matérias que ela não compreendia e, assim, conseguiu distrair seus pensamentos.
Aquele dia passou bem lentamente para os dois, principalmente para o ruivo, que não sabia o motivo de ter concordado com ela. Era tão mais simples apenas dizer que era verdade e, pronto, ele poderia estar agora... Mas não queria pensar nisso. O que ele sentiu foi passageiro, e teve a certeza disso quando convidou Angelina para o baile. Ah, o baile, aquele que não iria, mesmo se apaixonando pelo vestido que tinha visto em uma loja. E ficaria assim, apenas na loja.

Baile de Inverno.

Era a semana do baile. Aqueles dias passaram tão rápido para , que estudou em demasiado para a prova do professor – que, por mera coincidência ou não, era um dia antes do baile. saía da sala, ela era uma das últimas a terminarem a prova. Hermione a esperava do lado de fora e, quando viu a menina sair com um sorriso no rosto se alegrou, sabia que ela tinha ido bem no teste.
— E então? – Granger perguntou com um sorriso nos lábios.
— Eu acho que tirei nota máxima. – Falou em meio a sorrisos.
— Sabia! Vamos, Luna e Gina iam pegar algumas bebidas na cozinha para comemorar. – Hermione a puxou pela mão.
Levou ela até o refeitório, onde as duas jovens as esperavam. Conversaram e riram, não parava de agradecer as amigas por terem a ajudado – era tão bom se sentir amada mas, no entanto, toda vez que a menina se sentia alegre, algo acontecia e tudo aqui que ela sentia acabava em questão de milésimos. Angelina sentou-se ao lado de Gina. A mesma estranhou e, sem delongas, a menina perguntou para a Weasley:
— Seu irmão, Fred... Ele gosta de que cor?
— Como assim?
— A cor favorita dele. Ele me convidou para ir ao baile e queria agradá-lo. Afinal, você já sabe, eu o amo.
Exatamente naquela hora, foi como ter recebido a maldição Crucio e sentido todas as dores que a mesma provoca, dores psicológicas e físicas em si mesma. Ele a convidou, e isso já bastava por aquele dia, não queria mais ficar ali. A informação foi tão grande que, ao se levantar, viu tudo em sua volta girar. Sentiu calafrios e não pode evitar o desmaio ali no meio do refeitório.
As garotas a levaram rapidamente para a Madame Pomfrey. A mais velha cuidou muito bem da menina, que foi diagnosticada com fraqueza e ansiedade – não era necessário dizer o motivo, já quem sabiam que ela tinha feito a prova do Snape no dia. Pomfrey, depois de um tempo, pediu para que todos saíssem e deixassem ela descansar e recuperar as energias para o baile, o mesmo baile ao qual ela não ia. A notícia da menina percorreu tão rápido entre os conhecidos que o homem precisou inventar uma desculpa para poder visitá-la sem que todos soubessem.
Embrenhou na ala hospitalar e viu a mesma deitada sobre a maca. Seu coração ficou pequeno, não imaginou que um dia iria vê-la daquele jeito. Aproximou-se, sentou-se ao lado e segurou a mão morena da corvinal, acariciando o local. Pensou inúmeras palavras para falar a ela, porém não conseguiu. Só ficou ali, do lado dela, e mais nada.
— O senhor não sabe que não é para entrar aqui? – Madame Pomfrey disse em um timbre baixo.
— Sim, me desculpe, eu já estou de saída. – Não tirava o olhar da menina.
— Eu vou pegar o remédio dela, volto daqui cinco minutos. – Disse sem mais, porém ele entendeu.
Entendeu tão bem que chegou mais perto dela sem soltar a mão. Com a outra livre, pode afagar os cachos dela. sorriu, entretanto, sem se despertar. Para não demorar muito e para não estar lá quando a Madame voltasse, agilizou o processo e selou seus lábios, a beijando subitamente, deixando aquela sensação o consumir outra vez. Depois de ter feito muito esforço para soltar aqueles lábios, aqueles dos quais ele não queria ficar longe, ele se foi, a deixando ali, sozinha, na ala hospitalar.
Mais tarde naquele dia, Fred ficou sabendo pelos companheiros de quadribol que Oliver havia voltado para o castelo depois que soube que a amiga tinha passado mal. A raiva novamente tomou conta dele. Não perdia uma e, quando podia, já estava de volta para poder ficar perto da pobre e indefesa bruxa. Na verdade, isso era apenas seu ciúme falando mais alto e demonstrando o quanto de amor ele sentia por ela. O batedor desceu para o hall da Grifinória e pôde ver a rodinha em volta do ex membro da equipe.
— Oliver, não sabia que estava aqui. – Falou em um tom irônico.
— Vim ver a minha . – Deu ênfase na palavra.
— Estão juntos? – Manteve-se controlado.
— Sim, se é que pode se dizer. – Ele mentiu por saber as intenções nada boas dele com a amiga, referindo-se às peças pregadas pelo gêmeo.
— Vamos, Fred, temos que fazer aquela gosma dar certo com o Filch. – George o puxou.
Fred não tinha entendido. Afinal, eles não tinham plano nenhum para aprontar com o senhor Filch, muito menos com a gosma. Depois de saírem da sala comunal da Grifinória e estarem um pouco distante da mesma, Fred indagou o irmão sobre o plano. O que ele não imaginava é que era apenas uma desculpa para não ver o mesmo na sala do diretor da escola de magia.
— Eu não ia brigar com ele. – Fred foi irônico.
— Eu conheço você, irmão, sei que vocês iam acabar brigando por uma garota.
— Que garota? – Fez-se de desentendido.
. – Falou no tom mais óbvio.
— Não sinto nada por ela, não sei de onde você tirou essa ideia.
— Bom, então você não vai se incomodar de vê-la agora com o Oliver, bem ali. – George apontou.
— Eu não caio nessa.
— Mas ela está ali.
Não era mentira, estava ali com Oliver. Ela ria e conversava tão naturalmente que não aparentava que era a menina zoada por ele. Uma menina loira passou correndo pelos gêmeos e foi até a morena, que se despedia do jogador de quadribol. As amigas passaram cochichando sobre o baile, sobre um assunto em especial que Fred e George puderam escutar muito bem.
— Ela vai ao baile, junto do Oliver.
Ele cerrou os punhos. Tinha parado no tempo, só tinha escutado o que mais interessava a ele, ir ao baile com Oli.
— Acho que é bem mais que isso.
— Como assim, George? O que mais você escutou?! Conte logo!
— Calma, eles estão juntos, ou vão ficar juntos, algo assim, porém não tenho certeza.
— Como não tem certeza? – Exaltou-se. – Você poderia ter descoberto.
— Só tem um jeito para saber. No dia do baile, em outras palavras.
— Amanhã. – Os dois falaram juntos.



Torneio Tribruxo: Baile de Inverno.

Hermione e Vitor terminaram de dançar juntos e, enquanto ele ia pegar uma bebida para sua companheira, a menina se aproximou dos meninos, e Rony a olhou bravo e de braços cruzados. Depois do ponche, os dois foram se reunir em uma rodinha. Gina e Luna ficaram conversando com a Hermione enquanto Fred, George e Angelina ficaram em outra rodinha, um pouco mais longe. Luna se virou para ir à porta de entrada quando a mesma se deparou com uma garota descendo os últimos degraus da escada com o homem ao seu lado. A mesma vestia o traje mais deslumbrante do baile – Luna conhecia aquele vestido. O mesmo era de uma nuance cinza claro, com detalhe sutil na cor verde na cintura e no tronco. Tinha as alças grossas que, atrás, se transformavam em duas linhas delicadas ligadas à bainha do vestido, deixando a costas desnudas. A bainha era com um pouco de volume, nada exagerado. Sob seus ombros – um pouco mais para baixo, para ser mais precisa –, uma linda capa fina com detalhes cintilantes, que combinava perfeitamente com o headband que decorava apenas um lado dos cachos soltos e bem marcantes. estava magicamente perfeita.
Oliver estava de terno, como de costume – de quando tinha essas festas quando ele estudava –, mas sua gravata combinava com os detalhes verdes do vestido de sua parceira.
, você veio! – Luna disse um pouco alto por conta da música.
— Sim, eu vim. – Falou com um sorriso grande.
— Achamos que não íamos ver você, já que a valsa passou. – Rony complementou.
— Ela não ia vir mesmo, mas eu a fiz mudar de ideia. – Soltou a mão dela e passou o braço pelas costas.
— Ainda bem, nós demos um trabalho para a mamãe indo atrás desse vestido. – Gina riu.
— O que seria de mim sem sua mãe?
Todos riram. O ruivo a admirava de longe. De onde ele estava, podia ver as costas desnudas e toda silhueta dela. A mulher estava incrível. Nem deu importância para escutar o que Angelina falava, só viu o momento em que todos se afastaram e ela ficou ali, sentada na mesa, esperando todos voltarem, principalmente Oliver. Sem perder tempo, já que não queria mais isso, ele foi rapidamente sentar de frente para ela, sem se importar com a reação da mesma.
— Oi.
— Fred.
— Podemos conversar?
— Não.
— Por favor, eu preciso falar algumas coisas para você. É importante.
Ela suspirou fundo.
— Ok, fale.
— Aquele beijo, lembra? Ele foi...
— Ah, não. Por favor, hoje não. Não quero ficar magoada hoje, no meu dia mais feliz.
— Por quê? Por quê ‘mais feliz’? – Completou a frase. – Espera, eu já sei. Ele pediu você em namoro, não foi?
— O quê? Como assim?
— Não se faça de desentendida, , eu imaginei. Você não passa de uma san...
— Não complete, eu não preciso ficar escutando essas coisas que você vive falando para mim. Se eu estou com ele, o problema é meu!
se levantou e segurou a bainha para poder correr e não pisar no mesmo. Correu em uma direção qualquer até chegar em uma parte da floresta proibida. Era demais escutar tudo aquilo, ainda mais vindo da pessoa que ela tanto amava. o amava e só teve mais certeza de que não conseguiu fazer esse amor sumir depois que se beijaram.
Escorada em uma árvore e com grandes flocos de neve caindo sobre seu corpo, ela retomava o fôlego. O ar gelado que entrava em seu pulmão a deixava ainda mais com frio. Então a moça sentiu um tecido quente por cima de seus ombros, fazendo assim com que seu corpo aquecesse mais. Olhou para trás esperando ver Oliver mas, na verdade, quem estava junto de si era ninguém mais e ninguém menos que Fred.
— Eu pedi para não vir atrás de mim.
— Me escuta. – Ele pediu.
— Não. Chega, não quero ouvir nada.
Seus olhos estavam marejados, algumas lágrimas teimavam em escorrer por aquela face gelada. Weasley se aproximou dela, deixando-a presa entre seu corpo e o tronco da árvore. Esfregava suas mãos nos seus braços. Ainda estava com o terno dele, para aquecê-la mais ainda. Depois de um tempo, se mantendo pacificamente em ambas as partes, o batedor resolveu falar.
— Você não pode ficar aqui, pode ficar resfriada ou pior. Vamos entrar ou ir para um lugar mais quente e, assim, podemos conversar com mais calma.
— Eu não quero conversar com você. Nem sei o porquê de ainda estar aqui. Você é um idiota total e... Sabe o que eu senti todo esse tempo? Todo esse tempo em que você me fazia de melhor atração da escola e tantas outras coisas que aquele amor que eu senti por você quando a Gina nos apresentou, eu achei que estava ficando louca ou era porque estava no segundo ano de uma escola de magia e bruxaria. Mas não, eu realmente comecei a gostar de você e não contei para mais ninguém. E eu tive que aprender a lidar com esse sentimento já que, com tudo que aconteceu até hoje, aprendi tanto que consegui evitar que esse amor crescesse. – Respirou fundo, não queria entrar em detalhes. – Eu não me incomodo mais. Se você for fazer algo para alegrar seus amigos, que você faça logo, por favor. Eu quero ir embora.
Ele balbuciou inúmeras vezes. Sabia que ela estava certa, mas não sabia que ela o amava tão intensamente. No fundo, se arrependeu da primeira gracinha, a primeira para chamar a atenção dela. No entanto, não era o fato que a bruxa não dava atenção a ele. Era tímida demais para aceitar as conversas do rapaz.
– Me desculpe. – Acariciava o rosto dela. – Se não quiser acreditar, eu vou entender, mas não estou aqui para fazer nada com você, . Eu só quero... É... Eu te amo!
Não queria que ela falasse alguma coisa, ou que negasse o beijo. Ele apenas o fez e, se ela recuasse, ele nunca mais tentaria algo. – como ele a chamou – parou lentamente o beijo e se encolheu ainda mais nos braços dele. Afinal, estava frio e nevando lá fora.
O jogador sorriu para ela, a puxou delicadamente pela mão e a levou para uma área mais quente do castelo, onde tinha umas tochas acesas para poder iluminar o corredor. Encostaram-se perto de uma e lá ficaram juntos, conversando a noite toda e namorando. Fred e , depois de um tempo se aquecendo sob o calor do fogo, voltaram para o baile. Ficaram com seus respectivos acompanhantes até a festa terminar. Em seguida, os dois começaram a se encontrar escondidos, deixando assim a trégua entre eles muito suspeita mas, para quem conhecia muito bem os dois, a troca de olhares pelo corredor e afins já falava muito por eles. Eles estavam namorando.
Mesmo sendo o que ela desejou alguns anos atrás, no fundo, ela sentia que todo esse momento ao lado dele não seria uma boa resposta do destino.


Fim.



Nota da autora: "Não consigo deixar de amar Baile de Inverno. Foi feito com tanto amor e carinho que eu poderia fazer uma cópia impressa e colocar em todos os lugares só para lerem. Da mesma forma que eu amei, espero que você, leitora, tenha amado!
É, essa fanfic foi escrita a um ano atrás, e hoje (29/09/19) resolvi fazer uma correção. não só no conteúdo mas também na nota de autora. Eu não havia falado que voltaria com uma longfic na época (17/04/18), até porque não sabia se ia conseguir fazer, e hoje tem a long e resolvi deixar aqui para você o link, caso de alguma forma venha ler Azul e Bronze.
Ah, azul e bronze são duas cores de cada casa, azul da Corvinal e Bronze da Grifinória."



Outras Fanfics:
Of Love and War

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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