Capítulo Único
— Vira, vira, vira, vira! — me juntei ao coro dos meus amigos para que Violet tomasse a sua dose de tequila depois de ter perdido a rodada. Olhei mais uma vez para a mensagem no meu celular que tentava ignorar.
(EX): Hey. Saudades <3
Tomei mais um gole da minha cerveja para acalmar minha mente que estava a mil por hora. Aquela noite era sobre sair e me divertir com meus amigos sem pensar no amanhã, não cometer mais uma vez o erro de dar atenção ao meu ex. Iniciamos mais uma rodada do jogo e estava indo bem até que meu celular começou a vibrar incessantemente sobre o meu colo, e nem precisei olhar para saber de quem se tratava. Pedi licença ao grupo informando que estava morrendo de vontade de fazer xixi antes de correr até o banheiro. Respirei fundo antes de atender a chamada insistente.
— Hey — eu disse simplesmente, ouvindo seu suspiro de alívio do outro lado.
— Onde você está? — ele perguntou com sua voz que eu costumava chamar de “voz do sexo”, porque era simplesmente sua melhor arma para seduzir qualquer pessoa.
— Em um bar com meus amigos — respondi de maneira vaga, pensando em estapear minha própria cara por ter atendido sua ligação.
— Vem aqui em casa — pediu com sua voz estupidamente sexy. Fiquei em silêncio pensando na proposta implícita em seu convite. No fundo, eu sabia que aceitaria, mas precisava manter minha dignidade e fingir ponderar se realmente valeria a pena ir até sua casa.
— Ok — respondi depois de um tempo, tentando soar desinteressada. Era óbvio pela maneira como ele respondeu “até daqui a pouco” o sorriso evidente em sua voz.
Me olhei no espelho novamente, ponderando se minha roupa estava interessante o suficiente, mesmo sabendo que não se importaria ainda que eu fosse vestida com uma fantasia de cacto. Ainda assim, me parabenizei mentalmente por ter vestido uma lingerie decente e saí do banheiro decidida a dar a minha melhor atuação de dor de cabeça e cansaço como desculpa para ir embora mais cedo.
Consegui me desvencilhar dos meus amigos com meus dons teatrais e caminhei por alguns minutos até o ponto de ônibus mais próximo, pegando a linha 14 até Clinton, seu novo bairro. Havia uma senhora de rosto gentil sentada ao meu lado, e, antes que eu pudesse segurar minha língua, perguntei sem pensar:
— Em uma escala de um a dez, quão má é a ideia de dormir com o ex?
Ela me olhou com um sorriso sacana que imediatamente me fez repensar a percepção que tive de uma senhora fofa e gentil.
— Cinco — respondeu com convicção. — Ele é ex por alguma razão, não é mesmo? Mas se você está se dando ao trabalho de ir vê-lo, imagino que ele tenha algum atributo favorável, se é que me entende.
Não contive a risada que escapou dos meus lábios e agradeci sua opinião antes de dar o sinal e descer no ponto seguinte. Minha mente não parava de me atormentar com a ideia de que eu estava novamente tendo uma recaída quando já deveria tê-lo superado, mas eu sempre fui muito boa em ignorar minha consciência.
Verifiquei novamente o endereço que havia me enviado para ter certeza de que eu estava no prédio correto, o qual era definitivamente um upgrade depois do último. Enviei uma mensagem rápida informando que estava na portaria para que ele liberasse minha entrada, e assim que cheguei ao segundo andar, ele já esperava por mim, sem camisa e com um sorriso largo à mostra.
Seus olhos passearam por todo meu corpo com um desejo evidente, e eu aproveitei para checar seu abdômen que parecia mais definido do que da última vez que nos vimos. Mal tive tempo de entrar no apartamento e olhar ao redor e senti seus braços envolvendo minha cintura e me empurrando contra a porta, iniciando um beijo devastador.
Dentre as inúmeras qualidades de , devo dizer que uma das mais impressionantes é seu beijo. Ele me beijava como se estivesse sedento e eu fosse seu oásis no deserto, um beijo apaixonado e cheio de promessas, e só de sentir sua língua em contato com a minha e sua mão passeando pelo meu corpo, percebi o fundo da minha calcinha molhar em antecipação.
interrompeu o beijo enquanto puxava meus braços para cima e mordia meu lábio, retirando o vestido que eu vestia no processo e deixando meus seios expostos para seu ataque. Outra de suas qualidades: ele era incrivelmente talentoso com a língua. Assim que teve acesso aos meus seios, iniciou sua tortura, dando atenção meticulosa a cada um deles com suas mãos, boca, língua e até mesmo dentes.
— Seu corpo é tão perfeito, — sussurrou por entre as mordidas no meu mamilo direito, arrancando um gemido de mim. — Vem.
Ele me puxou até seu quarto e me empurrou sobre a cama antes de caminhar até a primeira gaveta da sua cômoda e retirar o que pareciam pedaços de panos de lá. Fechei minhas pernas com mais força, antecipando o que viria a seguir e sentindo meu tesão crescer a cada segundo. era dominador, e fazer sexo com ele era entender que precisaria me entregar completamente ao prazer que ele gostaria de me dar. E só de lembrar das sensações que ele me causava, meu sexo pulsava de desejo.
Ele caminhou lentamente até a cama onde havia me deixado e, apenas com seu olhar, eu já sabia exatamente o que ele esperava de mim. Levantei meus braços acima da minha cabeça e mordi os lábios em antecipação enquanto ele os amarrava com maestria. Em seguida, foi a vez dos meus olhos serem vedados, fazendo com que meus outros sentidos automaticamente se elevassem.
Pouco depois, ele me ajudou a me deitar na cama e prendeu meus braços na cabeceira, me deixando completamente à sua mercê. Apesar de termos terminado há pelo menos seis meses e não nos vermos por um terço desse tempo, eu ainda confiava em de olhos fechados, e tinha total certeza de que tudo que ele faria seria pensando em mim.
A terceira qualidade do meu ex? Ele tinha prazer em dar prazer, então todos os seus métodos de dominação e escolhas na cama eram pensados com o intuito de me levar às alturas. O silêncio perdurou pelo quarto por alguns minutos enquanto eu aguardava ansiosa pelo seu próximo movimento. Senti a cama se movendo sob seu peso; logo ele estava por entre as minhas pernas e algo gelado tocava minha barriga. Suspirei pela sensação inesperada na minha pele quente e mordi o lábio para conter o gemido que escapou assim que senti a mesma sensação no meu mamilo esquerdo.
A combinação do que parecia ser gelo com sua língua intercalando entre meus seios era tão absurdamente deliciosa que eu me contorcia contra as cordas que restringiam meu movimento, tentando buscar alguma fricção na parte de mim que mais precisava de atenção. Ouvi o riso rouco de no meu ouvido enquanto ele mantinha minhas pernas afastadas e se recusava a me tocar onde eu queria, e logo ouvi sua voz no meu ouvido:
— Aposto que posso fazer você gozar sem nem te tocar lá embaixo.
Apertei meus lábios um contra o outro para me manter calada, mas não estava preparada para a picada que senti em meu seio direito e depois no esquerdo; a ardência tomando conta por alguns segundos até que o gelo amenizasse a dor e equilibrasse a sensação em um misto perfeito de dor e prazer. Ele não estava errado. Poucos minutos depois, meu corpo tremia em um orgasmo poderoso apenas com o estímulo em meus seios.
Ainda estava me recuperando da onda de prazer quando suas mãos experientes passaram a tocar levemente minha perna, do calcanhar até as coxas, para em seguida retirar minha calcinha que, a essa altura, já estava ensopada. Não demorou para que a sensação gelada voltasse, dessa vez na minha coxa esquerda e subindo lentamente até a minha vulva. Um grito escapou meus lábios ao sentir o gelo derretendo em meu clitóris com a combinação da sua língua incansável, e quando estava prestes a atingir meu segundo pico da noite, a mordida leve que ele deu me fez ver estrelas.
Nesse momento eu já não conseguia me lembrar do porquê havia sequer relutado em ir até a sua casa, e se ele me pedisse para ir lá todos os dias, eu falaria sim sem pensar duas vezes. sempre havia sido um animal na cama e nunca houve uma vez que não aproveitei cada segundo, mas algo no fato de não estarmos mais namorando e nos encontrarmos somente para transar loucamente, tornava a experiência ainda mais erótica e intensa.
Notei o peso na cama diminuindo e o barulho de roupas, então imediatamente percebi que ele estava no seu limite. Poucos segundos depois, ele estava sobre mim, encaixando seu membro na entrada da minha vagina e me penetrando de uma única vez. Apesar de estar bem lubrificada, fazia dois meses que eu não transava com ninguém, e era certamente acima da média, por isso um gemido escapou dos meus lábios ao sentir o desconforto de abrigá-lo todo de uma vez dentro de mim.
— Desculpa, eu não resisti — ele disse, aguardando até que eu me acostumasse com seu tamanho enquanto depositava beijos por meu colo, pescoço e lábios. — Você é tão perfeita, , tão gostosa.
Seus carinhos e suas palavras logo fizeram o trabalho de aliviar a tensão, e passei a mover meu corpo em antecipação, esperando que ele me encontrasse no meio do caminho. Quando notou que eu já estava pronta para ele, se posicionou em um ângulo melhor e começou a meter forte, sem se preocupar em conter a força com que movia seus quadris contra o meu. Suas mãos apertavam minhas coxas com tanta intensidade que com certeza deixaria marcas.
Quando percebeu que eu estava próxima a mais um orgasmo, ele saiu de dentro de mim ouvindo meu gemido em protesto. Com um riso sacana, ajustou a amarração nos meus braços para que pudesse me virar de bruços e colocar alguns travesseiros sob meu abdômen, me deixando praticamente de quatro para ele.
— É a visão do paraíso — disse antes de voltar a me chupar, permitindo que eu atingisse o orgasmo pouco antes negado.
nem aguardou que meu corpo se recuperasse e já me penetrava ferozmente outra vez enquanto apertava meu quadril, comandando meus movimentos. A maneira como ele conduzia meu corpo como se eu fosse uma boneca completamente sob seu domínio era extremamente excitante, e mesmo que eu não estivesse “presa”, deixaria que ele fizesse o que quisesse comigo.
Foi então que me surpreendeu com um hábito antigo: me puxou para que eu ficasse praticamente pendurada nele e me sentou em seu colo enquanto ele apertava meu pescoço. Podia parecer um tanto doentio, mas nada superava a sensação de estar tão completamente entregue a alguém. E mesmo quando começou a me faltar ar, o prazer apenas ficou ainda mais intenso, fazendo com que eu gozasse inúmeras vezes seguidas.
me soltou, permitindo que eu respirasse, e eu caí sobre a cama sem forças para sustentar meu próprio peso. Ele se moveu para desamarrar meus braços e tirar a venda dos meus olhos, me virando para que pudesse ficar sobre mim.
— Assim... — ele se posicionou em um clássico papai e mamãe, seus olhos fixos nos meus. — Quero que você olhe para mim enquanto eu te encho de porra.
Fiz exatamente como ele me pediu, mergulhando em seus olhos escuros enquanto nossos corpos se encaixavam novamente. Ele continuava tecendo elogios ao meu corpo enquanto seus lábios passeavam por meu pescoço, provavelmente deixando marcas que eu precisaria esconder pelo resto da semana. Mas nada disso importava, não quando eu envolvia minhas pernas à sua volta para tê-los mais perto e passava minhas mãos por seu cabelo sedoso, o puxando para mais um beijo.
Era impressionante como todas as vezes que nos encontrávamos, nossos corpos pareciam soltar faíscas e nossa conexão se tornava ainda mais evidente. E era exatamente essa sensação que me fazia questionar o fato de não estarmos mais juntos e quase me esquecer da resolução que tivemos. Eu me forçava a acreditar que era perfeito nos mantermos naquele cenário de amizade colorida, amigos que aproveitavam mais do que bem a companhia um do outro.
— Ah, isso, rebola bem gostoso para mim — ele sussurrou no meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha. — Você é perfeita, parece que seu corpo foi moldado para o meu prazer. Perfeita.
tinha essa forma extremamente sensual de me fazer sentir a mulher mais gostosa e incrível do mundo, e eu sabia que era exatamente isso que eu procurava todas as vezes que parava em sua cama. Ele anunciou que ia gozar logo depois de sentir meus músculos internos o apertando em mais um orgasmo. Ambos nos beijamos apaixonadamente, não mais com a sofreguidão de quando chegara, mas com um carinho e sensualidade latentes.
Ele saiu de cima de mim e meu cérebro tentou se preocupar com o fato de que não havíamos usado proteção, mas ignorei minha consciência como de costume, me aninhando em seus braços.
— Dorme comigo hoje — pediu, me puxando para ficarmos de conchinha enquanto ele depositava beijos por meu ombro. Não falei nada, apenas assenti em concordância e deixei para me preocupar na manhã seguinte.
Era definitivamente uma má ideia estar na cama do meu ex e arriscar voltar ao mesmo ciclo sexual viciante que tínhamos, mas naquele momento eu não poderia me importar menos. Se estar com ele era um erro, então eu erraria alegremente por toda a minha vida.
“I know I should stop, but I can’t.”
(bad idea right? – Olivia Rodrigo)
(bad idea right? – Olivia Rodrigo)