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Capítulo Único

Segunda-feira, 28 de Outubro, 1977.

Era fim de tarde quando andava pelos jardins do castelo carregando três livros nos braços. Havia passado mais de três horas na biblioteca com o nariz colado em um pedaço de pergaminho. Avistou uma cabeleira ruiva esparramada sobre o gramado e suspirou, andando em direção à menina.

- Ainda estamos longe de prestar os NIEMs e eu sinto que já vou surtar! - disse alto, fazendo a ruiva se sobressaltar.

Ela largou os livros no chão e se sentou na grama. Com certeza iria reclamar com Lily, a amiga que aguentasse suas lamúrias.

- Para de drama, . Você sabe bem que vai conseguir Ótimo em tudo. - Evans tentou tranquilizar a morena e voltou a fechar os olhos, aproveitando que o sol saía de trás das nuvens.
- Menos em Astronomia! - bufou e deitou ao lado de Lily. - A Professora Sinistra me detesta.
- Você é neurótica demais, precisa relaxar um pouco.

Elas ficaram em silêncio por alguns minutos, sentindo a pele esquentar com os poucos raios de sol. Já era quase um milagre que não chovia naquele dia. Evans queria aproveitar cada segundo antes que o mundo começasse a desabar de novo.
Tudo parecia tranquilo, até que se sentou rápido, parecendo que tinha sido eletrocutada. Assustada, Lily imitou o movimento da amiga, esticando a mão para tocar-lhe o braço.

- Que foi? - questionou preocupada.
- É isso, Evans, eu preciso relaxar!
- E…? - a ruiva perguntou, esperando que a morena desse continuidade ao raciocínio.
- Uma festa! - pareceu animada. - Podemos fazer no dia das bruxas! O que acha, ruivinha?

Lílian se preparava para responder, dizendo que apoiava a ideia, mas que não ia ajudar em nada, quando uma voz masculina - bem conhecida, por sinal - se fez presente, interrompendo o papo das duas.

- Eu ouvi festa? - as meninas se viraram, observando os marotos se aproximarem. As duas reviraram os olhos ao mesmo tempo.
- Não, engano seu. - fitou o rapaz com cabelos negros.
- Ah, qual foi, maninha. - Sirius reclamou brincando com o cabelo trançado da irmã. - Que festa é essa que vocês tão falando?
- Festa nenhuma, Sirius. Agora mete o pé. - deu um tapa na mão do garoto.
- Ouch. - fez uma cara divertida quando recuou com a mão. - O espaço é público. - deu de ombros e sentou no colo da irmã com um sorriso implicante.
- O chão, sim, eu não. - ela empurrou o garoto para a grama.

Os outros três garotos se sentaram também, criando uma rodinha. O grupo se mantinha o mesmo desde o primeiro ano. e Sirius fizeram amizade com Tiago ainda na estação de trem. Quando os três embarcaram, acabaram por encontrar uma cabine com outros dois alunos que conversavam baixinho. Não se pode dizer que Lily foi com a cara dos três, ainda mais quando Tiago e Sirius debocharam da cara de seu amigo Severo. se desculpou por eles, mas a ruiva ainda assim não estava contente. Na seleção das casas, o único daquela cabine a não ir para a Grifinória foi Severo, o que não impediu sua amizade com Lily. Sirius e Tiago fizeram amizade com Remo, que os apresentou para Pedro e assim eles formavam o quarteto mais famoso da escola: os marotos.
A opinião de Lily sobre mudou quando encontrou a morena discutindo com um sonserino, que falava que ela e o irmão eram a desgraça da família Black. não exitou em acertar um soco no nariz no garoto, que ficou um dia inteiro na ala hospitalar. Ela levou uma detenção de quatro dias, mas valeu a pena. Lily passou a ser mais simpática com a menina, o que criou um laço entre as duas, que se mantém até os dias de hoje. Com o passar dos anos, a amizade delas só cresceu e passou a ser mais leal do que nunca quando foi a primeira a defender Lily do xingamento de Severo no ano anterior.

- Oi, Lily. - Tiago cumprimentou a menina ruiva, que resmungou, meio contrariada, um “oi” baixinho.
- Oi, Tiago, também estou aqui, ainda não sou invisível. - chamou atenção do rapaz, que ainda encarava a ruiva. - Ele realmente parece hipnotizado quando a Evans está por perto. - revirou os olhos e virou para os outros garotos. - Pedro, Remo. - cumprimentou os dois, abrindo um sorriso singelo para o último.
- Oi. - Remo sorriu também.

sentiu o coração bater mais rápido. Ia começar uma conversa com o menino quando o chato do irmão a cutucou com a varinha nas costelas. A vontade foi de enfiar o objeto no olho dele, ou em um lugar onde a luz do sol não alcançava. A segunda opção era mais tentadora.

- Fala logo que festa é essa, . - Sirius reclamou. - Sabe que não vou sair daqui até você abrir o bico. - bufou.
- quer planejar uma festa de Halloween.
- Lily! - a morena ralhou com a amiga. Lílian deu de ombros, sabia que Sirius iria infernizar as duas até que conseguisse a informação.
- Mas você vai organizar uma que eu sei bem. - Sirius falou.
- Como? - arqueou uma sobrancelha enquanto cruzava os braços.
- Telepatia de gêmeos. - bateu com o indicador sobre a têmpora direita.
- Eu já falei pra não praticar legilimência comigo! - ela gritou e subiu em cima do irmão, estapeando seu peito e cabeça, que só ria com a birra da garota.
- Eu sou mais velho, tenho que saber o que se passa nessa sua cabecinha!

Sirius riu mais quando James segurou a irmã pela cintura, a tirando de cima dele. Ela bufou irritada, empurrando o amigo para longe. Nenhum deles parecia chocado com o que presenciavam, brigas piores já tinham acontecido.
nunca esqueceria de quando estavam no terceiro ano de Hogwarts e decidiram resolver uma das brigas com um duelo na sala de troféus. Sua cicatriz, que ia do supercílio até o queixo, não deixava nenhum dos dois esquecer o acidente.
Sirius lançou o feitiço Claustrophobio, que havia aprendido com um quintanista lufano, na irmã. A garota ainda tinha pesadelos com o sentimento que tomou sua cabeça com o feitiço. Ela não se via mais na sala de troféus com os amigos, mas sozinha em um ambiente completamente branco, onde as paredes iam diminuindo, e sentia que seu corpo ia ficando preso numa caixinha. Enquanto segurava a cabeça com as mãos, andou para trás tão depressa que derrubou uma das cristaleiras preenchidas com os pesados troféus. Quando sua mente voltou à realidade, só conseguiu gritar antes de ver tudo desmoronar em cima de si.
Ela ficou em um estado tão grave que foi transferida para o St. Mungus. Sirius se sentia tão mal e culpado pelo estado da irmã que não saía do lado dela por nada, ainda mais que nenhum dos pais apareceu por lá. Os dois perderam três semanas de aula; desde o acidente até a recuperação total de . Quando a menina recebeu alta do hospital, os gêmeos fizeram um pacto de nunca mais brigar e resolverem suas diferenças com magia. Claro que a parte das brigas não se cumpriu, mas nenhum dos dois quebrou a promessa de usar magia.
Sirius ainda ria quando a garota voltou a falar. Todos já estavam de pé, Pedro, Remo, Tiago e, até mesmo Lily, preparados para separar uma nova briga entre os dois.

- Mais velho por 5 minutos! Não significa nada, Sirius. - resmungou e ajeitou as vestes amassadas. - Eu vou raspar seu cabelo enquanto você dorme. - apontou um dedo pro garoto, que desfez o sorriso.
- Você nem tentaria! - ele pareceu genuinamente preocupado. Sabia que ela era capaz.
- Me testa! - ela trincou o maxilar e estreitou os olhos. Já se imaginava usando o cabelo de Sirius como aplique.
- Chega! - Lupin falou alto. - Vocês parecem crianças.
- Mas foi ela que começou! - Sirius acusou e Lupin o olhou mais severo.
- Vem, . - Lily estendeu a mão para a amiga, já segurando os livros da garota nos braços.
- Melhor dormir de olho aberto. - proferiu para o irmão enquanto era praticamente arrastada pela ruiva para a torre da Grifinória.



Terça-feira, 29 de Outubro, 1977.

As meninas tomavam café da manhã quando Sirius cruzou a porta do Salão Principal. Lily olhou para , pedindo mentalmente que ela não usasse a faca da manteiga para enfiar no pescoço de Sirius. Os gêmeos se amavam, mas de vez em quando parecia que eles poderiam realmente se matar.
O garoto andou toda a mesa da Grifinória e sentou ao lado da irmã. Sirius cutucou o braço da garota, que não lhe deu atenção. já tinha pedido por diversas vezes para que ele não entrasse em sua cabeça, principalmente depois que ele encontrou uma memória dela beijando um garoto na Torre de Astronomia. Sirius não parou de importuná-la por semanas, querendo saber quem era o menino e ela obviamente não contou, apenas Lily sabia de tudo.
A garota levava uma torrada com geleia à boca quando mordeu o ar. Olhou para Sirius e viu o gêmeo mais velho enfiar a torrada na boca. Lily puxou a varinha discretamente. Por Merlin, nem no café da manhã eles se comportavam como pessoas normais e civilizadas.

- O que você quer? - ficou de frente para Sirius. - Levar mais uns tapas?
- Pedir desculpa, . Prometo não entrar mais na sua cabeça. - a menina estreitou os olhos, avaliando se ele mentia ou não. Suas palavras pareciam sinceras.
- Tudo bem. Desculpas aceitas. - ela pegou a taça para tomar um gole do suco de abóbora e Sirius a tirou se suas mãos. - Você pede desculpas e incita briga? Eu vou realmente te deixar careca.
- A gente tem uma festa para planejar. - resolveu ignorar a irmã e bebeu o líquido da taça.
- Que festa, garoto? - ela puxou a taça de volta, tomando um gole do suco.
- A que eu já disse que vamos dar no dia das bruxas. - pegou um pedaço de bacon do prato da irmã e mordeu.
- Quê? Sirius, você já espalhou para a escola que vamos dar uma festa? - ele deu de ombros enquanto mastigava. - Sirius Black III, eu vou te enforcar! - ela falou alto, atraindo atenção de alguns alunos.
- Xiu, ! - ele tapou a boca da irmã, que mordeu seus dedos. - Ai! Sua doida! - ele afastou a mão, balançando para tentar espantar a dor.
- Eu acho bom você me ajudar, ou pode ter certeza que esse seu cabelinho vai virar espanador de pó! - ameaçou e Sirius revirou os olhos.
- Eu cuido da decoração. E a divulgação já foi feita. - ele riu. - E não chamei ninguém da Sonserina.
- Sem reunião dos Black, então? - ela perguntou, se referindo à Regulus.

O mais novo dos irmãos Black era da casa das serpentes e não poderia ser mais diferente dos gêmeos, que iam contra os ideais da família. queria acreditar que o irmão caçula não era assim, que ele havia sido intoxicado pelos pais, tios e por aqueles que carregavam o sobrenome Black nas costas, mas quando Regulus chamou Lily de sangue-ruim, ela mesma se encarregou de azará-lo. Foi ali que perdeu as esperanças, ele era como todos os outros.

- Quero o máximo de distância possível daquela família.
- É, eu também.
- Então teremos uma festa de Halloween? - Lily se intrometeu na conversa pela primeira vez. Sabia como a amiga ficava afetada quando se falava de família.
- Sim, senhora. - Sirius sorriu.
- E cadê seus fiéis escudeiros? - a ruiva perguntou irônica.
- Sentindo saudades do Potter? - perguntou rindo e se abaixou rápido quando a garota jogou uma tortinha de abóbora em sua direção.


olhava para seu livro de História da Magia sem prestar atenção no que o professor falava. Como alguém conseguia se concentrar naquela aula? Parecia até uma variação menos mortal da maldição Crucio. A jovem Black olhou para o lado, vendo Lily anotar fervorosamente o que o professor dizia. revirou os olhos e afundou o corpo na cadeira, queria tirar um cochilo. A garota olhou pela sala, vendo que quase ninguém ligava para a explicação, inclusive alguns alunos dormiam, Tiago sendo um deles, babando sobre o pergaminho.
Sirius e Pedro cochichavam baixo, mas o olhar de se prendeu em Lupin. Ela sorriu quando viu que ele lia o livro que ela havia lhe emprestado. Era uma edição com contos infantis trouxas que ganhou de seu tio Alphard quando completou 9 anos, o mesmo tio que deixou uma herança para os gêmeos quando eles decidiram fugir da casa - ou seria prisão? - dos Black. A convivência com os pais e o irmão mais novo piorava a cada dia, e com o convite de Fleamont e Euphemia Potter, eles sumiram durante a madrugada, descobrindo meses depois que tiveram seus rostos queimados na tapeçaria da família - assim como Alphard.
Os Potter praticamente adotaram e Sirius, os amavam como filhos. Tiago passou a dividir o quarto com o amigo e teve seu próprio quarto, decorado por Euphemia. A mulher a tratava como sua filha; ela sempre teve o sonho de ter uma menina, mas por fatores que não compartilhava, nunca chegou a dar uma irmã para Tiago. As duas se davam tão bem que era quase impossível não acreditar que tinham relação de sangue. Os gêmeos nunca haviam se sentido tão felizes. Finalmente tinham uma figura materna que fosse gentil, carinhosa, amiga e confidente e Fleamont sempre tentava passar uma pose mais dura de pai carrasco, mas não segurava o sorriso quando os três aprontavam ou chegavam sujos pela porta da cozinha depois de passarem a tarde toda jogando quadribol. Eles formavam uma família.
Se sentindo observado, Remo levantou o olhar das páginas e encontrou o olhar , sorrindo de volta para a menina. Eles mantiveram o contato visual até que Tiago, sentado ao lado de Remo, gritou assustado. Potter levantou o rosto da mesa e bateu com as mãos na nuca. Sirius havia posto fogo em seus cabelos.

Lily e entraram rindo no Salão Principal, chamando a atenção de alguns presentes, incluindo os marotos. Lily sussurrou algo para a amiga e viu a expressão de assumir um tom envergonhado e ficar com o rosto vermelho. A morena cerrou os olhos para a garota, que começou a andar de costas. Quando se virou para ganhar mais distância de Black, Lily bateu com o rosto em alguma coisa. De bunda no chão, a ruiva passou a mão pelo rosto dolorido e olhou para a frente, vendo que havia tombado em alguém que também havia caído. esticou a mão para ajudar a amiga a se levantar e sua expressão ficou séria assim que viu as vestes verde e prata.

- Olhe por onde anda. - Regulus rosnou enquanto se levantava.
- Lily deveria ter tombado com mais força, vai ver assim seu ego desce desse pedestal. - sorriu cínica. Não deixaria Regulus arrumar briga com Lily.
- Deve ser muito corajosa para falar comigo assim.

Quem não observava as meninas quando elas entraram no Salão, observava agora. Com o canto do olho, viu Sirius abrir espaço entre algumas pessoas que começaram a se aglomerar esperando uma briga entre os Black.

- Sou sua irmã mais velha. Me respeite, Regulus. - a garota respondeu, sentindo a raiva começar a apossar de seu ser quando o garoto riu com escárnio.
- Não é o que diz a tapeçaria dos Black. - ele praticamente esfregou o fato no rosto dela. - Traidores do sangue são expulsos da família.
- E quem iria querer participar de uma família horrível assim? - Sirius disse alto e com um sorriso no rosto, parando ao lado da irmã. - Eu sei que eu não. E você ?
- Não mesmo. - tentou responder com o mesmo tom de cinismo do irmão.
- Ah, mas vocês vão ver… - o mais novo dos Black sacou a varinha.

A agora multidão que se formava ao redor da confusão deu diversos passos para trás. Sirius, , os marotos e Lily continuaram parados. Se fosse para causar um espetáculo, fariam do jeito certo. Iriam todos juntos para a detenção. Os gêmeos também sacaram as varinhas, pronto para duelarem com o caçula.

- Mas o que está acontecendo aqui? - a voz de Minerva McGonagall dispersou os demais alunos, mas os Black ainda se encaravam com sangue nos olhos. - Senhor Black, abaixe sua varinha. - a Professora ordenou à Regulus.

Ele fez o que foi mandado, a contra gosto. Minerva olhou para os gêmeos, que fizeram o mesmo gesto do irmão caçula. olhou para a Professora, que mantinha uma expressão severa.

- Dispersem antes que eu mude de ideia e dê detenção para todos. - Tiago, Remo, Pedro e Lily voltaram para a mesa da Grifinória. - Vamos! Agora! - McGonagall parecia perder a paciência.
- Vem, . - Sirius começou a puxar a irmã pela mão. - Deixa pra lá.

O garoto olhou para a irmã. Sua expressão quase suplicava para que ela não continuasse a briga. Ela suspirou e virou às costas ao caçula, andando junto com o garoto para o lugar onde os amigos estavam. Sentaram lado a lado e ficaram em silêncio. sentiu um aperto na mão e encarou os olhos verdes da amiga, transbordando compaixão. Apertou a mão de Lily, transmitindo um obrigada. Os marotos dividiam a atenção entre os gêmeos. ainda tinha o maxilar travado.

- Não deixe isso te consumir. - ele soprou para a irmã, que o olhou. - Não vale a pena.

Ela sorriu doce e afirmou com a cabeça. Ninguém ali sabia como os dois se sentiam. Começaram a comer em silêncio, o que depois de um tempo passou a incomodar Tiago, que não sabia ficar quieto mais de cinco minutos.

- Ok. - chamou a atenção do grupo. - Por que vocês duas entraram rindo e Lily correu da ? - perguntou olhando para as duas.
- Ah, isso aí quem tem que contar é a . - Lily riu e a morena se fez de desentendida, brincando com a comida no prato. A ruiva revirou os olhos. - Charlie Devon a chamou para um encontro no Três Vassouras no sábado!
- Lílian Evans! - repreendeu .

Os garotos procuravam qual o sentido da graça na situação. Lily observou que Lupin era o único que parecia afetado com a notícia.

- Ela recusou, pode ficar tranquilo, Black. - a ruiva continuou, mas não olhava para Sirius. - E a graça, caso estejam perguntando, foi quando ficou vermelha igual a um tomate quando disse que gostava de outra pessoa.
- Mentira, Lily! - a morena arregalou os olhos, vendo Pedro e Tiago rirem baixo junto com Lily. Sirius e Remo compartilhavam uma expressão séria. - Eu só expliquei para ele que ia comemorar meu aniversário com vocês. E aí acho que ele lembrou que o Sirius é meu irmão e praticamente correu pra longe da gente. - ela terminou a explicação.
- Até Pirraça riu da situação! - Lily contou.
- Bom saber que ainda causo essa reação em quem se aproxima de você, maninha. - ele riu e bagunçou os cabelos da gêmea.
- Mas não foi essa sua principal motivação para negar o convite, foi? - Lily perguntou como quem não quer nada.
- Me passa as batatas, Pedro? - pediu ao garoto, ignorando a provocação da amiga enquanto os meninos riam. Menos Remo, que permaneceu sério o resto do almoço.


Depois do almoço, Lily e foram para a biblioteca fazer a lição de Defesa Contra as Artes das Trevas. A ruiva terminou antes o trabalho e se despediu da amiga, ainda teria que encontrar outros alunos no grupo do Professor Slughorn. A morena continuou seu trabalho, explicando sobre as maldições imperdoáveis. Ela já guardava seu material, quando sentiu alguém lhe tocar os ombros. Virou rápido e viu Remo deixar um livro sobre a mesa, sentando à sua frente com um sorriso no rosto.

- Oi. - ela cumprimentou o rapaz, colocando uma mecha do longo cabelo preto atrás da orelha.
- Oi, . Como vai?
- Bem. E você?
- Melhor agora. - a garota sentiu o coração disparar. - Fazendo o que?
- Lição de DCAT, mas já terminei. E você?
- Só vim devolver seu livro. - empurrou a edição de contos pela mesa.
- Gostou? - perguntou enquanto guardava o objeto junto de seus outros livros.
- Da maioria. Os trouxas são… criativos. - Lupin pareceu pensar por um momento.
- Com certeza. Algumas histórias são até mesmo melhores que as bruxas, não vou mentir.

Eles riram. As risadas cessaram e o silêncio chegou. Os dois se encararam por um tempo. lembrou de tudo o que aconteceu nas férias. Na verdade, no que acontecia desde o quinto ano, quando começaram a estudar juntos para os NOMs. O olhar de Lupin se desviou para a boca de , lembrando de como era macio o toque de deus lábios.

- E as preparações para a festa? - ele resolveu falar de qualquer outro assunto antes que fizesse algo que não deveria.
- Vou hoje a noite encomendar as comidas e bebidas. - respondeu, parecendo sair do mesmo transe que Lupin se encontrava. - Quer ir comigo?
- Não sabia que queria tanto minha companhia. - brincou risonho.
- Tá andando muito com meu irmão, Lupin. - ela riu e ele se fingiu de ofendido. - Vamos sair durante a noite, quando todos estiverem dormindo.
- E vamos aonde?
- Hogsmeade. - respondeu sorrindo.
- Podemos usar a passagem do Salgueiro Lutador… - Remo sugeriu em tom baixo. A garota concordou.
- Ah! Pede a capa do James? Menor chance de sermos pegos.
- Como você sabe da capa? - ele perguntou meio assustado. Ninguém deveria saber do segredo dos marotos.
- O Sirius é um fofoqueiro, não sabe manter a boca fechada. - ela gargalhou lembrando de uma das noites em que passaram em claro depois de discutirem com a mãe, quando ainda não tinham fugido. - Não briga com ele, tá?
- Minha boca é um túmulo. - ele passou os dedos pelos lábios, como se trancasse a boca e fingiu jogar a chave fora.
- Alguém desse quarteto tem que saber manter um segredo, não é? - ela riu, mas logo depois se arrependeu. - Ah, Remo. Me desculpe, não quis dizer isso...
- Tudo bem. Me contra às 23h no Salão Comunal. - ele respondeu, já sem o sorriso no rosto. sabia que tinha ferrado com tudo. - Até. - se despediu e, sem esperar resposta, levantou, quase correndo para fora da biblioteca.
- Parabéns, Black, você é uma estúpida. - a menina suspirou pesado e bateu com a cabeça na mesa.


não encontrou Remo na aula de Herbologia, no jantar ou quando chegou à Comunal. Ela subiu as escadas para o dormitório feminino e encontrou Lily deitada em sua cama, lendo uma carta. Cumprimentou a amiga com um “boa noite” e pegou suas roupas, indo para o banheiro tomar uma ducha. Ela sentia que fedia à adubo. Lavou os cabelos e quando os secou com um balanço da varinha, voltou a prendê-los em uma trança lateral, como sempre fazia.

- Ele me chamou para sair. - escutou Evans falar enquanto colocava as roupas sujas no cesto para lavar no dia seguinte. Não era novidade. - E eu aceitei.
- Quê? - perguntou exasperada. - Você finalmente aceitou o convite do Potter?

Lílian confirmou com a cabeça, sorrindo largamente.

- E você tá feliz com isso? - mais um aceno como resposta. - Então eu também fico feliz, ruivinha!- respondeu com um sorriso pequeno no rosto e puxou a amiga para um abraço. - Se ele te fizer alguma coisa, pode ter certeza que eu mesma o azaro. - riu baixo contra o ombro da amiga e a apertou mais forte. Não sabia que precisava daquele contato.
- O que foi, ?
- Nada. Por quê? - perguntou se soltando do abraço e se pondo a revirar suas roupas no malão. Lily abaixou a tampa da mala e se sentou em cima.
- Eu sou sua melhor amiga tem sete anos. Acha mesmo que consegue mentir pra mim? - a ruiva perguntou com uma sobrancelha arqueada.
- Eu consigo mentir pro Sirius e nós somos gêmeos.
- O Sirius é lerdo demais pra reparar nessas coisas. Agora vamos, desembucha!
- EufiztudoerradocomoRemoeachoquejogueiminhachancefora. - falou tudo de uma vez e Lily fez uma cara de interrogação. - Eu acho que não tenho mais chances com o Remo. Estraguei tudo, Lily. - suspirou e se sentou no chão, contando sobre o acontecimento na biblioteca.
- , duvido que ele vá ficar com raiva de você ou alguma coisa assim. Vocês tem esse “relacionamento” desde o quinto ano! - fez aspas com os dedos. - Se fosse pra ter terminado tudo, ele já teria feito há tempos, não? - tentou animar a amiga. - Vocês se gostam e ainda vão ficar juntos.
- Até parece, Lily. - riu sem humor e se colocou de pé. - Vou descer, faltam só 10 minutos.
- Vai dar tudo certo, . - a ruiva encorajou e a menina Black saiu do quarto.

esperava havia mais de meia hora quando aceitou que Lupin não iria encontrá-la. A garota levantou do sofá onde estava deitada e caminhou até a saída do quadro da Mulher Gorda. Iria sozinha mesmo. Passou pelos corredores escuros e colou o corpo na parede quando Filch atravessava uma porta mais à frente. Seu coração batia forte. Se fosse pega, teria que cumprir detenções, perderia tempo de estudo e ainda atrasaria muita coisa na festa.
O zelador se afastou e avançou pelos corredores, tentando ser o mais silenciosa possível. Conseguiu sair do castelo e andou pela grama até se aproximar do Salgueiro Lutador. Ela sabia que tinha que apertar um pequeno nó ao pé da árvore para conseguir manter os galhos parados e atravessar em segurança pela passagem até a casa dos gritos. Pensou em correr o mais rápido que podia, mas sabia que ia voar longe quando a árvore revidasse. Já começava a desistir quando ouviu passos se aproximarem. Encolheu-se para perto de um arbusto e empunhou a varinha. Será que seria expulsa se lançasse um Estupefaça em Filch?

- ? - a garota ouviu alguém chamar e logo reconheceu a voz.
- Remo?
- Sou eu. Cadê você? - ela saiu dos arbustos e viu o garoto surgir, tirando a capa de invisibilidade de Tiago. - Achei que fosse me esperar na Sala Comunal.
- Eu esperei. Por mais de meia hora. Depois eu vim sozinha. Não costumo fazer papel de palhaça, sabe? - perguntou retoricamente, com a voz carregada de ironia. - Pode voltar, Remo, eu posso fazer as coisas sozinha. Não preciso de ajuda.

Ela não esperou nenhuma resposta e marchou até o Salgueiro o mais rápido que pode. Se abaixou e evitou uma porrada de um dos galhos. Rastejou até a entrada. Estava quase alcançando o nó quando a árvore ficou imobilizada. olhou ao redor, tentando entender o que tinha acontecido quando avistou Lupin sorrir ao pé da árvore. Ele tinha apertado o nó quando estava invisível com a capa. Pisou forte até ele.

- Se espera um obrigada, pode esquecer. - trombou seu ombro no dele e seguiu pela passagem até sentir que ele estava logo atrás. - Já disse que pode ir embora, Remo.

Ele não respondeu, nem sequer esboçou uma reação. Os dois seguiram em silêncio por toda a passagem e chegaram à Casa dos Gritos. Ela evitou olhar para a cama. Foram algumas noites que tinha passado ali com Lupin. Lendo livros, conversando sobre coisas aleatórias, comendo besteiras, se beijando… sentiu a garganta secar e terminou o caminho olhando para os pés. Saíram juntos da Casa dos Gritos e caminharam sobre o gramado em direção ao vilarejo de Hogsmeade. Quando chegaram à ruazinha de pedras, tomou a liderança e rumou para o Três Vassouras. Empurrou a porta devagar e viu as cadeiras sobre as mesas.

- Estamos fechados. - Madame Rosmerta disse de costas para a porta enquanto varria o chão.
- Até pra mim? - perguntou e a mulher se virou rápido.
- Minha Black favorita! - a mulher abraçou a garota com um sorriso largo.
- Deixa o Sirius escutar isso. - a garota riu e se soltou do abraço.
- Só não contar para ele. - piscou e, reparando que outra pessoa estava ali, fitou Remo. - Seu namorado? - perguntou para .
- Não, não, Rosmerta. O Lupin é amigo do Sirius.
- Ah sim, já o vi por aqui algumas vezes com os amigos. - acenou com a cabeça para o menino, que retribuiu o cumprimento em silêncio. - E qual vai ser a festinha da vez?
- Dia das bruxas. - a garota respondeu se aproximando do balcão enquanto a mais velha ia para trás do mesmo, buscando um pedaço de pergaminho e uma pena. - Dez caixas de cerveja amanteigada, oito garrafas de whisky de fogo e quatro de garrafas de hidromel. Hum, o máximo de tortinhas de abóbora, pastelão de rins, bolos de caldeirão e bombas de caramelo que conseguir. - Rosmerta anotou o pedido e sorriu para a menina.
- Encomenda feita. Será entregue do jeitinho de sempre. - piscou para a menina. - Cuidado para não serem pegos pelo Filch ou aquela gata horrenda dele. - se despediu dos alunos quando eles andavam de volta para a casa dos gritos.

O caminho de volta foi tão silencioso quanto a ida. Eles entravam na Casa para voltar à Hogwarts quando Lupin resolveu falar algo.

- Amigo do Sirius? - sentiu o corpo enrijecer. - Só isso?
- Disse alguma mentira?
- Não, mas achei que fosse algo a mais do que isso pra você.
- E é. - parou e se virou, encarando os olhos de Lupin.
- E porque não disse nada?
- Esqueceu que foi você que achou que era melhor mantermos isso em segredo? - ela apontou para os dois.
- Não, não esqueci, .

Ela suspirou longamente, desviando o olhar para seus pés e encostou na parede da passagem.

- Eu não te entendo, Remo. Mesmo. - voltou a olhar para o rapaz com um cansaço estampando seu rosto. Ele apenas permaneceu sério. - Durante as férias disse que deveríamos contar para todos quando estivéssemos em Hogwarts. E assim que chegamos aqui diz que mudou de ideia. O que você quer, afinal?

Ele permaneceu quieto e lembrou do verão. Logo no início das férias, Tiago e Sirius convidaram Pedro e Remo para passar umas semanas com eles. Ela também tinha convidado Lily, mas a garota ia viajar com a família. Como a menina já era íntima dos marotos, as férias foram bem divertidas. Muitas pegadinhas, jogos de quadribol, algumas tardes de cerveja amanteigada, passeios com a moto de Sirius, jogos de xadrez bruxo e snap explosivo valendo um shot de hidromel.
E quando os meninos iam dormir, e Remo tinham um tempo juntos. Viravam noites sentados no jardim dos Potter conversando sobre as estrelas, como o nome da garota e do irmão compunham a constelação de Cão Maior, sobre as transformações dele, sobre o que planejavam para o futuro, sobre a ascensão de Voldemort e o medo que o mundo bruxo sentia e sobre como queriam se juntar à Ordem da Fênix.
Em uma dessas noites, o assunto era a carreira que iriam seguir. parecia tão animada ao contar que queria se tornar auror e eventualmente ensinar em Hogwarts que Lupin não aguentou e a puxou para um beijo, que foi retribuído imediatamente. A temperatura subiu, o contato de pele aumentou, os hormônios à flor de pele, e aparataram juntos para o quarto da menina. Uma coisa levou a outra e se entregaram ao prazer pela primeira vez.
A garota balançou a cabeça, tentando afastar as lembranças e encarou o menino. Remo a olhou, o rosto enigmático.

- Eu não vou mais perguntar o que você quer, Remo. Vou dizer o que eu quero. - endireitou a postura e o olhou dura. - Eu quero alguém que me queira na mesma intensidade, que me ame. Alguém que não me esconda. - ela sentiu os olhos molhados, então os limpou, não iria chorar na frente dele. - Você quer isso também?

Ela perguntou, e internamente esperava que a resposta fosse sim. Ele ficou em silêncio, olhando para qualquer lugar que não fosse a garota.

- Foi o que pensei. - ela disse, chamando atenção dele. - Se não queria nada a mais do que simples pegação, podia ao menos ter sido sincero comigo. - a garota se virou, voltando a andar rápido pela passagem. Sentiu Lupin segurar seu braço, a virando para ele.
- Eu tenho medo de te machucar, .
- Você fala isso como se já não estivesse me machucando. - riu sem humor.
- Não posso te pedir para aceitar minha condição, você merece mais que isso. - ele disse com a voz carregada de tristeza. A garota o encarou séria.
- Você não está me pedindo nada, Lupin. - respirou fundo. - Você leu A Bela e a Fera no livro. - constatou e ele concordou, ainda confuso. - Então sabe que a Bela se apaixona pela Fera. Ela nunca ligou para a aparência dele. Ela se apaixonou por quem ele era, pela personalidade, pelo carinho, pelo humor, pela inteligência dele. Ela o via além de sua “condição”. - ela usou as mesmas palavras de Lupin para descrever a licantropia. suspirou cansada. - Você que não quer aceitar meu amor, Remo. E tudo bem, ninguém é obrigado a ficar com quem não gosta. Mas seja ao menos sincero sobre o que quer com a próxima garota que se envolver. - o coração dela pareceu se despedaçar quando viu Lupin concordar. Ela estava praticamente se humilhando por alguém que nem dela gostava...

se virou e seguiu o caminho com o garoto em seu encalço, ambos em um silêncio mortal, ouvindo apenas o pio das corujas sob a luz da lua. Saíram pela passagem do Salgueiro Lutador e Lupin jogou a capa sobre os dois para andarem pelo castelo sem correr risco de serem flagrados fora da cama. controlava a vontade de chorar e os batimentos do coração por ter seu amor tão perto, mas sem poder tocar seu rosto, beijar suas cicatrizes ou dizer o quanto apreciava a coragem dele e sua trajetória.
Rapidamente cruzaram os corredores desertos e subiram as escadas em direção à torre da Grifinória. A garota saiu debaixo da capa e sibilou a senha para a Mulher Gorda. Eles passaram rápido pela abertura do quadro e praticamente correu para a escada do dormitório feminino. Lupin conseguiu vislumbrar o rosto molhado da menina e se sentiu pior ainda. Tinha feito a única garota que gostara na vida chorar. E era completamente sua culpa.



Quarta-feira, 30 de Outubro, 1977.

resolveu matar o café da manhã e a primeira aula. Na noite passada, quando chegou ao quarto, Lily já dormia. Ela só deitou na cama e derramou as lágrimas sobre o travesseiro, não conseguiu dormir. Se levantou assim que o primeiro raio de sol surgiu pela janela, se arrumou e deixou o quarto antes que a colega acordasse. Caminhou sem rumo pelos terrenos do castelo e observou alguns alunos passarem pelos corredores. Viu a cabeleira ruiva de Lilian e correu na direção contrária. Não queria falar sobre a noite anterior.
olhou o relógio de pulso e constatou que os alunos já deveriam estar na aula. Ela andava de volta para o castelo, mas desviou o caminho para o campo de quadribol. Subiu as escadas da arquibancada e sentou em um dos bancos. Fechou os olhos e tentou não pensar em nada, queria ter a mente vazia por alguns instantes. Sua concentração foi pro espaço quando ouviu um barulho. Abriu os olhos assustada e encarou o irmão. Ele tinha esquecido de pular o degrau enfeitiçado na escadaria e caiu feio. A menina esboçou um sorriso e o garoto se sentou ao seu lado. encostou a cabeça no ombro dele e os dois ficaram em silêncio por um tempo até que Sirius resolveu falar.

- O que aconteceu, ?
- Nada, Sirius. - ela respondeu, cansada, fechando os olhos de novo.
- Tem a ver com o Lupin? - perguntou de novo.
- Como você sabe? - levantou o rosto para encarar o irmão. - Foi a Lily que te contou? Ou foi ele mesmo?
- Ninguém me contou nada, maninha.
- Você viu quando entrou na minha cabeça, né?
- Não, . Eu sou seu irmão, eu reparo nessas coisas. - ela o olhou desconfiada. Sirius suspirou. - Posso não falar nada, mas eu vejo. Os dois sorrindo, conversando nos cantos da biblioteca ou do Salão Comunal. E o verão nos Potter? Nem vou comentar. - soltou e observou a irmã ficar vermelha. - Me conta o que aconteceu.
- Ele não quer nada sério comigo, Sirius. Só isso.
- Ele falou isso? - ela acenou com a cabeça. - Quando?
- Ontem. A gente foi até Hogsmeade depois do jantar.
- Então foi por isso que ele voltou tarde pro dormitório… - deu de ombros.
- Eu falei que gostava dele, Sirius. Com todas as letras. Que não dava a mínima pra licantropia. - tomou fôlego para continuar a falar. Pelo menos já não sentia mais vontade de chorar. - Quando perguntei se queria a mesma coisa que eu, ele ficou quieto. Quando disse que ele devia ser sincero com a próxima garota, ele concordou. Então é… tá bem visível que não existe mais nada. Vai ver nunca existiu e eu que inventei tudo na minha cabeça.

Doeu dizer aquilo em voz alta. Ela ficou em silêncio e Sirius a puxou para um abraço. Eles ficaram assim por um tempo. Quando se soltaram, Sirius começou a desfazer a trança do cabelo da irmã.

- Deixa solto, , fica mais bonito assim.
- Você só tá falando isso porque somos iguais.
- Um novo jeito de me elogiar. - ele sorriu quando a irmã gargalhou alto.
- Tá bom assim? - ela perguntou enquanto ajeitava os fios. sobre os ombros. Sirius concordou. - Tem nenhuma tortinha no seu bolso, não? Tô morrendo de fome.
- Como você sa-
- Você sempre tem comida nos bolsos. - ela interrompeu a fala do irmão e riu quando ele lhe passou uma tortinha de abóbora. - Walburga Black surtava quando encontrava farelo de comida pela casa.
- Devíamos ter deixado uma bomba de bosta quando saímos de lá!
- Ah, eu deixei. Bem no banheiro dela e na sala, sobre aquele tapete horrível. - confessou para o irmão, que soltou uma risada tão alta que tinha certeza que foi ouvida da Torre de Astronomia.
- Quase senti pena de Monstro. Quase.

Depois de conversarem na arquibancada, os Black voltaram para o castelo. Eles andavam pelos corredores quando avistaram de longe os marotos e Lily. sentiu o corpo gelar quando o grupo os avistou. Sirius apertou o ombro da irmã. As garotas se abraçaram e cumprimentou os meninos. A ruiva percebeu que tinha algo de errado e inventou uma desculpa de que precisava ir ao banheiro e pediu que a acompanhasse.

- Nunca vou entender isso das meninas irem juntas no banheiro… - Pedro falou para os garotos, que deram de ombros e continuaram conversando.

As duas foram até o banheiro da Murta, que sempre ficava vazio. Sentaram encostadas na parede perto da pia e contou tudo o que aconteceu na noite passada, repetindo o que tinha dito ao irmão. Lily a abraçou, dizendo que se ele não via o quão incrível ela era, ele não merecia ter seu amor. Conversaram durante todo o horário de aula, nenhuma das duas se importando de perderem matéria.
Quando deu o horário do almoço, a dupla caminhou de braços dados até o Salão Principal. Se sentaram na ponta mais afastada e colocaram um pouco de tudo no prato. parecia um bicho comendo. Se Walburga visse a filha daquele jeito, com certeza teria um ataque do coração com a falta de classe.
Os marotos tinham acabado de entrar no Salão quando Sirius percebeu que Remo se afastava, indo na direção da irmã. Segurou o amigo pelo ombro.

- Agora não, espera um pouco. - Black disse baixo, de forma que apenas os dois ouviram o que foi dito.

Lupin concordou com a cabeça e se sentou ao lado de Tiago. já tinha contado à Sirius sobre eles, afinal, eles eram irmãos, não tinham segredos entre si. Remo observou a garota rir de algo que Lily dizia. E pensar que aquele sorriso lindo tinha dado espaço para as lágrimas na noite anterior…
Depois que a garota correu para o dormitório feminino quando chegaram na Comunal, Lupin se sentiu mil vezes pior. Quando subiu para seu dormitório, encontrou Sirius acordado lendo alguma coisa sobre motos trouxas. Desconversou sobre onde estivera pela última hora e se deitou, fechando o dossel da cama e ficando sozinho. Pensou em tudo que tinha dito. Ela tinha dito com todas as letras que o amava, e ele idiota não confessou que sentia o mesmo. Queria tanto proteger a garota por causa de sua condição que nem percebeu que era exatamente sua “proteção” que a machucava. E agora ela chorava por causa dele. Remo sentiu raiva de si ao pensar que tudo poderia ter um rumo diferente, se ele não tivesse concordado quando ela falou algo sobre se envolver com outra pessoa. Será que ela pensava que ele gostava de outra garota?

- Tudo bem, Aluado? - Tiago perguntou, vendo que o amigo não comia quase nada.
- Ah, sem fome, Pontas. - sorriu de lado.

O tópico da conversa passou a ser o encontro de Lily e Potter no próximo sábado e a comemoração de aniversário dos gêmeos, que completavam 18 anos no domingo. Os irmãos tinham decidido que não fariam festa - ainda bem, já que a festa de dia das bruxas era trabalho o suficiente, mas que queriam alguma coisa com os amigos no Três Vassouras, com muita cerveja amanteigada e bolo de caldeirão.
As meninas voltaram ao Salão Comunal. tinha o treino de quadribol, a próxima partida seria contra a Sonserina no dia de seu aniversário; o presente que queria se dar era ganhar o jogo, e talvez derrubar Regulus da vassoura. Lily tinha o horário vago e iria observar o treino. E por mais que dissesse que era por causa da amiga, sabia bem que a presença de Tiago tornava tudo mais interessante para a ruiva.
Lily estava sentada em uma das poltronas da Comunal, esperando que a morena descesse vestida com o uniforme e a vassoura em mãos. Os marotos passaram pelo quadro da Mulher Gorda e encontraram a menina. Tiago e Sirius foram se trocar, já que também faziam parte do time, enquanto Pedro e Remo conversaram com Lily sobre a lição de uma das matérias.
desceu as escadas e viu Lupin conversando com a amiga. Pensou em dar meia volta e esperar que ele fosse embora, mas foi vista por Pedro, que acenava freneticamente, pedindo que ela se aproximasse. andou devagar até os três, sorrindo meio amarelo e querendo enfiar a cabeça na lareira.
Lupin abriu a boca para dizer algo, mas a voz de Potter que foi ouvida.

- Black! Acho bom estar preparada para esmagar a Sonserina no domingo! - riu de lado e se virou para o amigo.
- Vai ser meu presente de aniversário.
- Nosso presente. - Sirius corrigiu. - Agora vamos, não pode ficar muito escuro.

Eles começaram a andar devagar para a saída, acompanhados dos três que estavam sentados. Durante o caminho até o campo, os três jogadores falavam sobre a partida e que se ganhassem, largariam na frente e poderiam ter maiores chances de ganhar a taça das casas. Seria incrível poder segurar o prêmio no ano em que se formariam em Hogwarts.
Pedro, Remo e Lily se sentaram na arquibancada com mais alguns outros alunos da Grifinória enquanto , Sirius e Tiago iam para o campo com os colegas de time. Tiago era capitão e apanhador, Sirius artilheiro e batedora. Eles formavam um ótimo trio e eram ótimos no esporte. Por mais que os gêmeos usassem todos os xingamentos possíveis quando erravam uma jogada ou perdiam, Potter não pôde deixar de colocá-los na equipe quando viu que eles voavam muito bem.
A equipe subiu nas vassouras e começou a praticar algumas jogadas. jogou um balaço na direção de Tiago quando ele reclamou que ela não estava se movimentando muito. Potter até fingiu braveza, mas sorriu quando ela ficou de costas; se ele não fosse tão rápido, teria levado uma bolada na cara. O treino terminou sem mais reclamações e todos pousaram no gramado com o uniforme ensopado de suor.
O trio que estava na arquibancada desceu as escadas para encontrar os amigos e eles seguiram juntos, com os demais membros da equipe de quadribol, de volta para a Torre da Grifinória. precisava de um banho, sabia que os fios de cabelo já se soltavam da trança e que seu cheiro não era o dos mais agradáveis. Pelo menos o time estava todo junto então não dava para saber quem era o mais fedorento.
Passaram pelo quadro da Mulher Gorda e se espalharam pelo espaço, a maioria indo para o dormitório a fim de tomar banho. viu Lupin se aproximar e puxou Lily pelo braço, indo na direção contrária. Gritou um “boa noite” para os garotos e arrastou a amiga para o dormitório.

- Que isso, ?
- Lupin. Ele vinha na nossa direção. - explicou quando entraram no quarto.
- Você não pode fugir dele para sempre. Sabe disso, né? - a morena pegou roupas no malão e se virou sorrindo para a amiga.
- Vou fugir enquanto puder! - anunciou e correu para o banheiro. Lily negou com a cabeça e trocou de roupa, colocando seu pijama e se preparando para dormir.

Quando saiu do banho, encontrou Lily babando no travesseiro. Por Merlin, ela era igual ao Potter. Se um dia se casassem e tivessem um filho, com certeza seria um bebê babão. A garota secou os cabelos e apagou as velas, deixando o quarto iluminado apenas pela luz prata da lua. Estava tão cansada que nem se deu conta de quando pegou no sono.



Quinta-feira, 31 de Outubro, 1977.

Naquela quinta-feira seria o dia das bruxas. Os alunos estavam mais animados que nunca. Depois de semanas de estudos, poderiam ter uma noite para relaxar e curtir como adolescentes. Durante o jantar no Salão Principal, a encomenda que tinha feito com Madame Rosmerta seria entregue e posta no Salão Comunal da Grifinória.

- Já passei a senha para entrarem na festa. - Sirius comentou baixo quando encontrou a irmã tomando café da manhã sozinha. - Cadê Lily?
- Ela disse que ia mandar uma carta para a mãe. - comentou quando terminou de mastigar um pedaço de bolo. - Sirius, nada de exagerar na bebida. Não quero limpar vômito do sofá de novo.
- Nem fui eu da última vez, foi o Pedro. - o garoto tentou se defender, mas a menina não acreditou.

Eles saíram juntos e enquanto Sirius caminhou para fora do castelo, indo encontrar sua turma de Trato das Criaturas Mágicas, foi para a aula de Transfiguração, a única matéria que não fazia com Lily. Entrou na sala já cheia e ocupou a única cadeira vazia. Do lado dele. Ela pensava em voltar para o dormitório, quando a Professora Mcgonagall entrou.

- Vai a algum lugar, Senhorita Black?
- Não, Professora.
- Então, por favor, sente-se ao lado do Senhor Lupin, sim?

A mais velha apontou com a mão o espaço vazio e se dirigiu para a frente da classe. se sentou e nem sequer olhou para Remo. A Professora começou explicar sobre transfiguração em humanos ou algo assim, porém a menina não estava dando a mínima para o assunto, só queria sair dali o mais rápido possível. Os dois ficaram em silêncio durante toda a aula.

- Estão liberados. Não se esqueçam do jantar de dia das bruxas hoje no Salão Principal. Todos devem estar presentes, sem exceções.

juntou seus livros e as poucas anotações e se preparava para sair, quando McGonagall pediu que esperasse. Toda a turma saiu e viu o olhar de Lupin para ela, mas virou de costas e fingiu que nada aconteceu.

- Espero não saber de nenhuma festa hoje, Senhorita Black.
- Claro que não, Professora! - sorriu meiga.
- Odiaria ter que tirar pontos de minha própria casa… - McGonagall continuou, estreitando os olhos para a aluna.
- Nunca, Professora! Meus tempos de festa já acabaram. - sorriu.
- Espero que valha para seu irmão também. - manteve o sorriso e acenou com a cabeça. - Pode ir, senhorita.

Ela saiu o mais rápido que pôde e foi em direção ao Salão Principal. Por pelo menos três vezes, a diretora da Grifinória já havia pego festas na Sala Comunal de sua casa. encontrou a amiga sentada em uma das pontas da longa mesa e se juntou a ela. Quando as meninas terminaram de comer, buscaram os livros no dormitório e seguiram para as masmorras, onde teriam aula de Poções. Sentaram em uma bancada bem na frente e conversavam baixo enquanto os alunos entravam. O coração de errou uma batida quando Lupin entrou na sala com os amigos. O menino parou em frente às duas.

- , eu-
- Boa tarde, turma! - Slughorn saudou a turma. - Algum problema, senhor Lupin?
- Não, Professor. - o garoto respondeu e se afastou, indo sentar ao lado de Sirius.
- Pois bem. Hoje aprenderemos sobre Amortentia, comumentemente conhecida como Poção do Amor. Por que essa nomenclatura está errada? - perguntou e rapidamente Lily levantou a mão. - Senhorita Evans?
- Pode até ser chamada assim, mas a poção não cria amor. Na verdade, é impossível fazer alguém se apaixonar por outra pessoa com magia. Amortentia cria quase que uma obsessão. E é por tempo limitado.
- Muito bem explicado, Senhorita Evans! 5 pontos para a Grifinória. - o Professor sorriu para Lily e foi para trás de seu balcão. - Amortentia também exala cheiros diferentes para cada pessoa. São três fragrâncias que misturam características do que a pessoa mais deseja. Preparei hoje cedo um pouco da poção para que possam ver na prática. - ele olhou de seu caldeirão para a turma. Os rostos dos alunos estampavam que não queriam fazer parte daquilo. - Senhor Potter, Senhorita Smith e… Senhorita Black. Por favor, se aproximem do balcão. - Slughorn sorriu.

Lily olhou para a amiga. deu de ombros, não erA como se pudesse negar a participar da aula, perderia os pontos que Evans tinha ganho para sua casa. Se juntou aos outros dois alunos.

- Senhor Potter, nos diga o que sente.

Tiago inclinou o rosto sobre o caldeirão, dando umas cafungadas sobre a poção borbulhante.

- Morangos… shampoo de baunilha… e chuva? - segurou a risada. Parecia que o garoto tinha descrito Lily. Ela se virou para a amiga, vendo que a garota tinha o rosto quase da cor de seus cabelos. A outra aluna fez o mesmo que Tiago e sentiu cheiro de perfume caro feminino, gloss de cereja e tortas de abóbora.
- Senhorita Black. - o Professor a chamou. já sabia quais cheios sentiria. Só tinha uma opção. Ela fez como os outros dois e se inclinou sobre o caldeirão.
- Canela… sabonete caseiro… e a biblioteca. - ela levantou o corpo, evitando contato visual com qualquer pessoa da classe, principalmente com Remo.

Os três voltaram aos seus lugares e Slughorn mandou que a classe preparasse a poção.
Os alunos andaram pela sala, pegando os ingredientes necessários. Lily e foram super elogiadas pelo Professor quando apresentaram seus resultados. Os marotos por outro lado… nem Remo havia se saído bem.
A turma foi dispensada e os alunos foram direto para o Salão Principal. Aquela era a aula mais longa que tinham na semana, eram dois tempos de aula, mais de 4 horas. As meninas foram as primeiras a deixarem a sala, andando de braços dados pelo corredor.

- Ei, Evans. - as duas pararam e olharam para trás, vendo os marotos se aproximarem. - Vem cá. - Tiago se aproximou e cheirou o cabelo da ruiva.
- Que isso, Potter? - Lily se afastou dele. - O que pensa que está fazendo?
- Confirmando que você é o amor da minha vida.
- Enfiando o nariz no meu cabelo? - ela o olhou confusa e depois relaxou a expressão quando entendeu o que ele quis dizer. - Ah…

Potter tinha um sorriso tão grande no rosto que pensou que poderia ser usado como um holofote. Lily ficou com as bochechas coradas e sentiu que a amiga precisava de uma ajuda.

- Ei, vamos jantar? Tô morta de fome. - a ruiva lhe deu um olhar agradecido e todos andaram juntos para o Salão.

O espaço tinha velas roxas e laranjas, e a chama das velas tinha uma menor iluminação, deixando o Salão numa meia penumbra. Alguns morcegos enfeitiçados voavam e eles se abaixaram quando um dos animais deu um rasante sobre suas cabeças. O jantar se iniciou e todos encheram as barrigas com a deliciosa comida de Hogwarts.

- Tudo certo para mais tarde, ? - Sirius perguntou baixo quando terminou o terceiro pastelão.
- McGonagall pareceu desconfiada, mas acho que nada demais. - deu de ombros. - Acho que nem vai vomitar com a bebida, já comeu tanto que daqui a pouco bota tudo pra fora. - Sirius se limitou a um levantar de dedo e comeu uma varinha de alcaçuz.

O jantar foi agradável para todos, mas ainda pensava no que Remo queria lhe dizer no início da aula de Poções. A garota arriscou um olhar para o menino e encontrou seu olhar. Parecia que apenas os dois estavam ali. A intensidade com que se encaravam era o suficiente para queimar todo o castelo.

- … não é, ? - Sirius perguntou.
- Hum? - a menina desviou o olhar de Remo, encontrando o irmão com um sorriso no rosto. Será que ele tinha percebido? - Não escutei.
- É, eu notei. - Ok, ele tinha percebido. A garota bebericou a água em sua taça, assim conseguia ao menos fingir não estar envergonhada. - Falei que mesmo sem festa queremos presentes.
- Claro que sim! Oras, onde já se viu… não presentear amigos tão incríveis como nós. - ela fingiu braveza e fez uma pose de quem era importante, arrancando risadas dos amigos.
- E lembrando: um presente para cada, nada disso de dividir! - Sirius completou e concordou com a cabeça.
- Por Merlin, vocês são chatos demais! - Lily revirou os olhos rindo.
- E você nos ama que eu sei. - Sirius apertou as bochechas da garota por cima da mesa.

Os alunos começaram pouco a pouco a sair do Salão e o grupo se retirou também. Caminhavam devagar pelos corredores. Pedro, Sirius, Tiago e Lílian riam alto de alguma besteira enquanto Remo e apenas esboçavam sorrisos.

- … podemos conversar? - Lupin perguntou e os amigos pararam de brincar, encarando a garota.

Ela assentiu. Lily deu um sorriso para a amiga, encorajando-a. Os dois seguiram para um caminho diferente e subiram as escadas para uma das torres. Eles já eram mais que familiarizados com o espaço, a Torre de Astronomia foi o ponto de muitos de seus encontros da madrugada por mais de dois anos.
Remo fechou a porta e encontrou observando as estrelas. Sorriu pequeno pra cena. Se aproximou dela e olhou para o céu também. A estrela com o mesmo nome da garota brilhava forte. Eles ficaram assim por um tempo.

- O que você queria falar? - ela quebrou o silêncio, ainda olhando as estrelas.
- Me desculpar. Por tudo.
- Tudo bem, Aluado. - ele sorriu com o apelido. Adorava quando ele era dito por ela.
- Não, , não está. - ele suspirou. - Eu te fiz acreditar que nos manter em segredo era a melhor opção. Tinha tanto medo de te machucar, medo de que a licantropia te afetasse de alguma forma que nem reparei que já te feria… - ela olhou para ele, encarando seus olhos tristes. - Você não merecia passar por isso.
- Você não sabia, Remo. - ela sorriu. - Não é culpa sua.
- É sim, . Não posso fingir que não é. - ele segurou as mãos dela. deixando um beijo no dorso de cada uma. - E eu te peço perdão por isso, nunca tive intenção alguma de te magoar.
- Eu sei disso. - ela fez um carinho com o polegar na mão dele. - Eu já disse que tudo bem, Lupin. Não precisa se preocupar com isso.

Ela sorriu e ele também. Lupin se aproximou dela, subindo as mãos por seus braços, traçando o caminho lentamente com os dedos. Fez um carinho na bochecha da garota, que fechou os olhos aproveitando o gesto. Quando voltou a abrir os olhos, Remo estava ainda mais próximo. Ela foi do brilho de seus olhos, às cicatrizes em seu rosto, parando em seus lábios fios. A garota apoiou as mãos nos ombros dele, entrelaçando seus dedos na nuca do rapaz.
Sendo esse o incentivo que faltava, Lupin juntou seus lábios aos dela. O contato de pele fez um arrepio correr pelo corpo dos dois. Eles não faziam ideia de quantas saudades tinham um do outro. aprofundou o beijo, desenhando o contorno dos lábios dele com a língua antes de voltar a beijá-lo, agora com mais fervura. A garota raspou as unhas na nuca dele e o sentiu segurar forte em sua cintura. Sentindo que precisava de ar, Lupin cessou o contato e sorriu, ainda de olhos fechados, quando a menina mordiscou seu lábio inferior.
Os dois abriram os olhos juntos, absorvendo cada sensação e memorizando cada detalhe do rosto do outro. Remo afastou uma mecha de cabelo da garota, colocando atrás de sua orelha, o que a fez sorrir mais.

- Senti sua falta… - ela admitiu baixinho.
- Eu também… - ele foi sincero. - Não quero sentir essa saudade de novo, . - ela esperou ansiosa que ele continuasse. - Você nos comparou com a Bela e a Fera. E somos bem parecidos mesmo. Você é a linda princesa que adora leitura, é gentil, inteligente, amiga e sincera. Talvez com um pouco da soberba do Gaston. - ele riu quando ela fingiu estar ofendida. No fundo ela sabia que era verdade. - E eu sou a Fera. Não só por me transformar em um monstro uma vez no mês, - ele viu que ela ia contestar e pousou o indicador nos seus lábios. - mas porque eu acreditava que essa era a única característica que as pessoas viam em mim. E você mesma me disse que via mais que isso, que via além da minha condição. - ele respirou fundo. - Quando você falou sobre eu ser sincero com a próxima garota, eu concordei. Não porque eu pensava em outra garota, mas porque eu pensava que não tinha sido completamente honesto com a única que importava: você. - ele encostou a testa na dela. - Eu te amo, .
- Eu também te amo, Remo. - ela apoiou as mãos nas laterais do rosto do garoto e deixou um selinho sobre seus lábios.
- Te amo tanto, tanto, Bela… - ele usou o nome da princesa como apelido, o que fez um sorriso gigantesco surgir no rosto da menina.
- Sabe que a Bela sempre foi minha princesa favorita? - ela perguntou. Sentindo que a alegria transbordava por seu sorriso.
- Imaginei quando vi que ela era uma nerd de biblioteca. - Lupin brincou e recebeu um tapinha da garota. - Me aceita como seu príncipe?
- Não tinha nenhuma outra opção possível para esse cargo. - ela sorriu e o puxou para mais um beijo. - Pera, isso foi um pedido de namoro? - ela pareceu se tocar, separando os lábios dos dele.
- Talvez você não seja tão nerd assim, Black. - ele brincou e a puxou de volta, colando sua boca na dela.

Quando e Lupin voltaram de mãos dadas para o Salão Comunal da Grifinória, os amigos fizeram tanta algazarra que a festa até parou para encarar os dois. A menina riu envergonhada e escondeu o rosto no ombro do agora namorado.

- Ah, que casal lindo! - Lily pulou sobre os dois, abraçando os amigos. - Parabéns! Vocês merecem! - a ruiva virou para o garoto. – E, Lupin, se você machucar minha amiga, pode ter certeza que eu te deixo aleijado! - ela ameaçou com o sorriso mais doce e delicado possível.
- Não esperava menos, ruivinha. - ele riu e também foi abraçado por Pedro e Tiago. Sirius se aproximou devagar, com um sorriso no rosto.
- Eu meio que já sabia de tudo, mas acho bom não machucar minha irmã. Eu faço pior que a Lily.
- Ah, por Merlin, Sirius! Sossega. - riu e abraçou o irmão. - Obrigada. - ela sussurrou para o garoto.
- Uma bebida para comemorar? - ele ofereceu e apontou para a mesa com garrafas de hidromel, cerveja amanteigada e whisky de fogo.

O casal percebeu que Sirius já estava meio bêbado e pegou o copo de bebida do irmão, cheirando o conteúdo. Ela fez uma careta, percebendo que tinha um pouco de tudo ali dentro, inclusive suco de abóbora. Remo se afastou com Lily para buscar algumas tortinhas de abóbora.
olhou ao redor, reparando que várias pessoas de outras casas estavam ali (menos da Sonserina), inclusive gente que ela nunca tinha nem visto. A decoração parecia de uma festa trouxa: caveirinhas e aranhas de papel estavam penduradas pelo teto, algumas luzinhas completavam alguns espaços vazios e ainda tinham algumas abóboras espalhadas pela Sala. Era mais do que esperava de Sirius, pensava que ele só fosse desenhar um morcego e colar em cima da lareira.

- Foi Marlene. - o garoto disse sorrindo. sorriu.
- Devia falar com ela, sabe? Que quer algo a mais… deu certo comigo. - ela deu de ombros sorrindo. Olhou para Lupin, que conversava com Evans e agora Tiago.
- Ah, eu não sou você, . Mas fico feliz que se acertou com Lupin. - ele abraçou a irmã. - Espero não ser trocado.
- Por quem?
- Por nenhum dos dois.
- Ah, tá com ciúmes, Sirius Black? - ela apertou as bochechas do garoto, que empurrou as mãos dela para longe.
- Até parece. - ele bufou, mas riu em seguida. Lupin se aproximava com duas tortinhas e dois copos de bebida. - Eu vou ali.

Antes que o casal pudesse dizer algo, Black já tinha sumido. sorriu para o namorado quando ele deixou um beijo em sua testa. Ofereceu uma das tortinhas e um dos copos, que a garota aceitou de bom grado.

- Quanto tempo acha que dura?
- A festa? - ela perguntou, vendo Remo concordar. - São 22h agora, acho que pelo menos até uma da manhã. - ela ponderou. Ainda teriam aula no dia seguinte. - Por quê?
- Queria saber quanto tempo temos sozinhos no meu quarto. - ele sorriu de lado e engasgou com o pedaço da tortinha que comia. - Falei algo errado? - o rapaz riu de lado, batendo de leve nas costas da namorada.
- Remo Lupin… - ela falou desacreditada com a cara de pau dele. Não era comum ele mostrar esse lado mais… descarado. - Potter está ocupado com Lily, Pedro está comendo tudo que vê pela frente. - ela olhou ao redor. - E Sirius parece bem entretido com aquela garrafa de whisky de fogo. - apontou com a cabeça para o garoto dançando com a bebida em mãos.
- Vamos? - ele chamou e ela concordou com a cabeça, virando o resto da cerveja amanteigada.

Remo segurou a mão da namorada e de fininho andaram para a escada do dormitório masculino. viu Lily encarar a cena risonha enquanto Tiago falava algo sobre quadribol. As duas piscaram os olhos e a morena continuou seu caminho. Andaram pelo corredor estreito, vendo alguns casais se beijando e Lupin parou em frente à uma porta, tocando a maçaneta. Deixou a garota entrar primeiro e fechou a porta assim que passou pelo batente. observava as quatro camas dispostas no ambiente. Três delas completamente bagunçadas, apenas uma estava arrumada e a menina viu o malão com as letras R.L. gravadas em prata ao pé do leito.
Alguns pôsters estavam espalhados pelas paredes. Quadribol, bandas de rock trouxas, algumas motos, e várias fotos. observou as fotografias. Em uma delas, a garota era segurada pelos marotos; todos sorriam e olhavam para a câmera. Em outra, ela viu Lily fazendo careta com Sirius e no fundo, ela e Potter sopravam glitter em Lupin.

- A mais importante não está aí ainda. - ele comentou, surgindo ao lado dela. Puxou a menina pela mão até sua cama e pegou um livro velho da mesa de cabeceira. Remo tirou a foto e entregou para a morena. - Do verão.

pegou a foto. Ela e os marotos estavam sentados no jardim dos Potter. A menina sorria para a câmera junto com os amigos. Exceto Lupin, que tinha um olhar apaixonado estampado no rosto enquanto observava a morena. Ela lembrava que Euphemia havia tirado diversas fotos naquele dia, mas aquela foi a única que não havia sido mostrada.
olhou para o namorado, que sorria.

- Foi ela que brigou comigo quando contei sobre o que aconteceu naquela noite. - se referiu à quando saíram escondidos do castelo. - E aí eu soube o que tinha que fazer. Ela me ajudou a comprar uma coisa pra você. - ele pegou uma caixinha e entregou para ela.

apoiou o presente sobre o colchão e desfez com cuidado o laço da caixa. Tirou o embrulho e rasgou o papel seda. Ela quase gritou quando viu o que era. Uma única rosa preta repousava dentro de uma pequena cúpula de vidro. Na base, estava gravado a mensagem: “Para minha preciosa Black”. Remo parecia envergonhado. o puxou para um beijo, sorrindo largo quando se separou do rapaz.

- É linda, Remo.
- Escolhi preta porque bem… seu nome. - ela concordou com a cabeça. - E é enfeitiçada para não morrer ou se despedaçar.
- Eu amei. Vou colocar ao lado da minha cama. - ela se levantou, preparada para sair do quarto, quando ele a puxou de volta.
- Você pode fazer isso mais tarde. Vem cá. - ela sorriu e colocou o presente no chão.

Remo a puxou para outro beijo, dessa vez mais quente. Ele segurava a cintura dela com tanta firmeza que transmitiu a mesma força quando segurou nos ombros do rapaz. Aluado se encostou na cabeceira e a morena passou as pernas por sua cintura, sentando em seu colo. Os lábios dele começaram a ir em outra direção, escorregando por sua bochecha, orelha, maxilar e pescoço. segurou forte nos cabelos do namorado, aproveitando cada sensação, enquanto se movimentava em seu colo. Remo puxava a blusa da menina pra cima quando a porta abriu de supetão. Ela levou um susto tão grande que caiu de bunda no chão.

- McGonagall tá vindo! Eu tive-
- Ah! Que é isso? - Tiago interrompeu a fala de Lily.
- Desculpa, , eu tive que vir avisar!
- E trouxe Potter junto? - ela perguntou quando se levantava e abaixava a blusa.
- Não sabia que iam estar fazendo isso. - Lily riu, mas pareceu constrangida de ter pego os amigos em um momento íntimo.
- Quando nos viu subir achou que íamos jogar xadrez? - a morena reclamou.
- Por Merlin, ! - Remo reclamou, ajeitando os cabelos e se cobrindo com uma almofada.
- Só vim, avisar. - Lily se virou para ir embora, com Potter em seu encalço.
- Espera! - chamou os dois. - Vocês não viram nada. - ela disse e Lily e Tiago concordaram. O último ainda com a horrível memória da garota, que considerava como irmã, em cima de um de seus melhores amigos.

Quando os dois bateram a porta ao sair, o casal explodiu em risadas. se jogou sobre a cama, segurando a barriga. As risadas cessaram aos poucos e eles controlavam a respiração descompassada.

- Pelo menos não foi Sirius. - Lupin comentou.
- Imagina a cena? - ela riu de novo e imitou uma feição horrorizada que o gêmeo sempre fazia.
- Ele ia era me socar.
- Duvido! Ele ia ficar no mesmo estado de Pontas. - eles riram baixo. - Melhor eu ir ajudar lá embaixo antes da McGonagall chegar. - ela pegou o presente e os dois desceram juntos as escadas.

A Sala Comunal agora estava completamente vazia. Lily, Potter e Pedro limpavam a bagunça com as varinhas enquanto Sirius estava apagado em um dos sofás. andou até o irmão e deu um tapinha em seu rosto. O garoto abriu os olhos e reclamou de dor de cabeça. Tadinho, teria um dia infernal na manhã seguinte. Aluado e Rabicho carregaram o amigo para o quarto enquanto os outros limpavam a bagunça. Ninguém falou nada, Tiago ainda parecia meio enojado e Lily não queria envergonhar mais a amiga. Assim que se sentaram nas poltronas, a diretora da Casa dos leões surgiu. Ela olhou com os olhos estreitos para os três alunos.

- Ouvi boatos de uma festa sendo dada pelos meus alunos na Sala Comunal da Grifinória. - a Professora crispou os lábios.
- Sério? Nós só estávamos conversando. - desconversou.
- Hum… - a mais velha ainda não parecia convencida. Olhou ao redor e viu tudo no lugar, nada parecendo fora de ordem. - Pelo jeito a informação que me passaram estava errada.
- Se foi alguém da Sonserina, pode ter certeza que foi pura implicância. - Tiago disse baixo.
- Boa noite. - McGonagall se virou e foi embora.

Os três respiraram aliviados e se despediram, indo para seus respectivos quartos. Quando pegava seu presente, sentiu uma mão na cintura e se virou sorridente. Encontrou o namorado com um sorriso de lado.

- Quem sabe outro dia não continuamos nossa conversa?
- Vou deixar a agenda livre. - ela brincou e ficou na ponta dos pés, deixando um beijo leve nos lábios de Remo. - Boa noite.
- Boa noite, Bela. - ela sorriu com o apelido e subiu para o dormitório feminino. Colocou o presente sobre a mesa de cabeceira e sorriu.
- Vai me contar sobre o que eu vi? - Lily perguntou em tom brincalhão.
- Acho que você viu até demais, Evans. - brincou e pegou seu pijama, indo para o banheiro e deixando a porta aberta. Voltou um tempo depois. - E você já sabe que rolou antes, não é como se fosse surpresa.
- Mas não com vocês dois namorando! - a ruiva gritou quando bateu a porta do banheiro e ligou o chuveiro.

Ela não demorou no banho. Depois de uns 10 minutos saiu já com o pijama e se jogou sobre a cama. Lily correu para tomar seu banho e pouco tempo depois se juntou à amiga, deitando ao seu lado.

- Vai, me conta, . - a ruiva fez um biquinho e revirou os olhos, sorrindo.

As duas então conversaram sobre o novo relacionamento da garota, sobre o presente e sobre a declaração. sentia que seu sorriso ia rasgar sua boca de tão grande que era. Para desviar a atenção de si, a morena perguntou sobre Lily e Tiago. Ela ficou tão vermelha e sem graça que desconversou, mas não a deixou fugir mais uma vez daquela conversa.
Elas então conversaram sobre os sentimentos de Lily, que já admitia que sentia alguma coisa por Potter. Passaram uma boa parte da madrugada conversando sobre suas vidas amorosas, até que o sono chegou e elas não se deram conta, dividindo o espaço da cama de .



Sexta-feira, 1 de Novembro, 1977.

Sirius acordou com uma dor tão forte na cabeça que se xingou por ter bebido tanto na noite anterior. Ele tratou logo de ir ao banheiro e beber um pouco da água da pia, sentia a garganta seca. Quando voltou ao quarto, encontrou os amigos já acordados e rindo de sua ressaca. Eles se trocaram e desceram juntos as escadas. Caminharam pelos corredores até o Salão Principal e Sirius quis socar todo mundo que parecia gritar.
avistou os marotos passarem pelas portas de carvalho e rumarem em direção a ela e Lily. As meninas já estavam no meio do café quando eles se sentaram. Remo deixou um beijo na bochecha da namorada, mas puxou o garoto pela gravata e deu um lhe deu um beijaço. Os amigos fizeram barulho e Sirius resmungou.

- Não sei o que é pior: a dor de cabeça ou ver minha irmã beijando na minha frente.
- Talvez seja sua reputação. - soltou brincalhona. - Soube que dançou em cima da mesa, Descalço, segurando uma garrafa de hidromel e com a gravata da Lufa-Lufa ao redor da cabeça. - ela riu junto com os amigos.
- Não me arrependo disso… E como assim “soube”? Você não viu? - ele perguntou com uma expressão confusa.
- Claro, claro. Eu vi. - ela consertou e Lily engasgou com o suco.

Eles terminaram o café, ainda comentando sobre a festa e saíram para a aula de Trato das Criaturas Mágicas. adorava as aulas ao ar livre, sentia que era mais fácil de aprender do que dentro de uma sala. O Professor explicava sobre tronquilhos. A morena os achava criaturas completamente adoráveis, mas também medonhas. Já soube de registros em que os seres deixaram lenhadores trouxas cegos.
A aula passou mais rápido do que ela gostaria e voltou abraçada com Lupin para o castelo. O horário do almoço se aproximava, mas o casal seguiu na direção da ponte que ligava ao outro lado do terreno da escola. Remo encostou em uma das pilastras e abraçou a namorada pela cintura.

- Sabe o que pensei durante a noite? - o rapaz começou a conversa.
- Hum? - ela sorriu enquanto brincava com o nó da gravata dele.
- Que vamos comemorar aniversário de namoro no halloween. - ele sorriu e tombou a cabeça para o lado.
- Então que venham muitos dias das bruxas. - jogou os braços sobre o ombro dele, o puxando para um beijo.

Eles aproveitavam o tempo que tinham sozinhos. Assim que chegassem no Salão Principal, não seriam mais deixados em paz, principalmente por Sirius. Mesmo com uma ressaca ferrenha, aquele lá não deixaria de manter a pose de irmão ciumento, mas a verdade era que ele estava feliz pelos dois, sabia que eles se gostavam, sabia desde o quinto ano quando viu a irmã sair descabelada de um dos armários de vassouras e um tempo depois Lupin saiu do mesmo lugar, encontrando Sirius parado ali, com uma cara de surpresa. Aluado desconversou, mas Almofadinhas já sabia de tudo. Só que não era direito dele expor os dois, então só torceu pelo casal de longe, ajudando à sua maneira.
e Remo andaram de mãos dadas pelo corredor até encontrar os amigos sentados, almoçando. A morena sentou ao lado de Lily e o rapaz se adiantou para sentar ao lado de Potter. Eles tinham combinado de tentar juntar os dois. Tudo bem que teriam um encontro no dia seguinte, mas queriam dar um empurrãozinho.
Durante toda a refeição, fizeram comentários que deixavam os dois risonhos. Não envergonhados, mas sim ansiosos pelo dia seguinte. Sirius desistiu de acompanhar a conversa e deitou a cabeça sobre a mesa. Tiago começou a fazer uma torre de talheres sobre o rosto de Almofadinhas - apenas colheres, para não correr o risco de, não sei, talvez cortar a cara do amigo. Impressionantemente, Sirius nem se mexeu. empurrou as coisas para a mesa e se preparou. Com a ajuda de Lupin, conseguiu imitar o barulho de uma tesoura e puxou uma das mechas escuras do garoto. Sirius abriu os olhos tão depressa que se surpreendeu que eles não saltaram da órbita. Ele passou a mão desesperadamente pelos cabelos, suspirando aliviado quando constatou que não faltava nada. O grupo ria escandalosamente da reação dele.
Voltaram todos juntos para o Salão Comunal da Grifinória. Aquela noite teriam aula de Astronomia e queriam tirar um cochilo durante a tarde para não correr risco de dormir no meio da aula. A Professora Sinistra poderia ser bem carrasca quando precisava, sabia bem. Uma vez, no quarto ano, dormiu na aula da Professora e limpou a sala de troféus por uma semana inteira, além de ganhar uma antipatia da mais velha. Desde então sempre buscava dormir um pouco antes de ir para a Torre de Astronomia.
seguiu para o quarto com Lily e os meninos para seu próprio dormitório. Sirius foi o primeiro a pegar no sono, Tiago e Pedro logo depois. Lupin não conseguia dormir, então pegou um livro e começou a ler. Reparou nos rabiscos da namorada, acrescentando alguma informação relevante para a história nas beiradas das folhas.
Quando deu dez da noite, os alunos do sétimo ano começaram a descer as escadas do dormitório. Não era só o sexteto que tinha ido se deitar. O grupo se reencontrou e se adiantou para a torre no lado contrário do castelo.
A aula foi incrível, principalmente para Lily, que era fascinada pelas estrelas. Voltaram para seus quartos e dormiram rápido. No dia seguinte poderiam visitar Hogsmeade.


Sábado, 2 de Novembro, 1977.

Assim que abriu os olhos, encontrou o rosto de Lily tão próximo do seu que achou que a garota fosse beijá-la. A ruiva piscou os olhos verdes.

- Não sei o que vestir. - declarou e se sentou na cama.
- Você sabe que ainda são… - Black olhou o relógio de pulso sobre a mesa de cabeceira. -... dez da manhã, né? Só vai sair com o Potter duas da tarde.
- Eu sei. Mas se deixar para escolher o que vestir mais tarde, vou me atrasar.

se levantou da cama e se espreguiçou. Caminhou até seu malão e tirou um vestido longo, jogando na amiga em seguida.

- Vai ficar bonito. Combina com seu cabelo.

Lily sorriu e foi até o banheiro se vestir. coçou os olhos, espantando o sono e trocou de roupa também. Ela desembaraçava os cabelos quando a ruiva apareceu. O vestido verde claro combinava perfeitamente com o pálido da pele dela e com seus olhos que pareciam ainda mais verdes. sorriu. Tinha separado aquele vestido para dar de presente de Natal para a amiga.

- Ainda tem a etiqueta, … não posso usar.
- Ele é seu, Lily. - a morena sorriu. - Ficou melhor em você.

Evans se adiantou e abraçou a amiga, sussurrando um “obrigada” em seu ouvido. Com a roupa do encontro já decidida, Lily colocou roupas trouxas e as duas deram os braços e saltitaram até o Salão Principal. Os marotos ainda não tinham chego. pegou um pouco de ovos e bacon, um pãozinho, duas torradas e uma tigelinha de salada de frutas. Poderia comer mais que Sirius em um café da manhã, já que acordava como se tivesse um dragão faminto dentro de si.
mastigava o bacon quando sentiu duas mãos taparem seus olhos. Ela sorriu de canto.

- Charlie Devon? - ela perguntou.
- Vou fingir que não ouvi isso. - Lupin sentou do lado da namorada, que esticou o pescoço e deixou um beijo na bochecha dele.
- Vocês são fofos demais juntos. - Lily comentou sorrindo.
- E você vai ficar assim logo, logo. - piscou, mordendo o pãozinho.
- Pontas acordou cedo hoje. Tá até agora decidindo a roupa que vai usar.
- Lily parecia um dementador quando acordei, a cara colada na minha, prontinha para sugar toda minha alegria! - acusou a amiga rindo.
- Ok, eu retiro o que disse sobre vocês serem fofos. - ela resmungou, bebendo seu chá.
- Sirius e Pedro estão dando dicas de moda. Provavelmente ele vai aparecer que nem um doido.
- Ah, não. Vou socorrer o Potter, ele precisa estar bonito pra minha melhor amiga. Foram sete anos tentando conseguir um encontro com ela e não é agora que ele vai chegar parecendo um doido varrido! - levantou e se despediu dos dois, correndo de volta para a Torre da Grifinória. Lupin esperou que a garota estivesse fora do Salão para falar com Lily.
- Conseguiu?
- Sim. Foi difícil não falar nada, não gosto de mentir para a .
- Não foi mentira. - ele contestou e a ruiva o olhou cética. - Tudo bem, foi sim. Mas se falasse a verdade ia estragar a surpresa!

Ela resmungou alguma coisa, mas tirou um pacotinho do bolso, entregando para Lupin. Ele sorriu largo quando abriu e viu o conteúdo. A namorada ia amar.
subiu correndo as escadas do dormitório masculino. Andou pelo corredor e parou em frente a porta do quarto deles, abrindo com tudo.

- Todos vestidos? - ela perguntou com os olhos tapados.
- Estamos em crise, . - Pedro respondeu.

A menina abriu os olhos, observando o irmão e Rabicho com roupas comuns e então se virou para Tiago e cobriu a boca aberta com as mãos. O que diabos ele vestia? Potter tinha calças roxas, sapatos marrons, uma blusa amarela com gravata de bolinhas pretas e vermelhas, e seu cabelo… Por Merlin, o que ele tinha feito?

- Não estamos em crise. - Tiago respondeu.
- Então acho que posso ir embora. - respondeu segurando o riso. Ela se virou para ir embora quando o amigo a chamou.
- Não! Espera… - ele suspirou. - Me ajuda, .

Ela se virou risonha. Quando a morena começou a revirar o malão do amigo, a fim de encontrar roupas que não o fizessem parecer um comediante ruim de meia idade, Pedro e Sirius fugiram de fininho do quarto. Potter se sentou na cama e observou a menina tirar uma calça jeans, uma blusa vermelha com seu número do uniforme de quadribol e uma jaqueta jeans. Ela espalhou as peças pela cama e observou um tempo. Decidiu trocar a blusa vermelha por uma preta com a logo do Rolling Stones.
Tiago encolheu as pernas quando ela deitou no chão e puxou todos seus sapatos debaixo da cama. fez uma careta, só tinha um sapato preto: o do uniforme. Andou até a cama de Sirius e pegou um par de all stars pretos. Colocou os calçados no pé da cama e olhou o look completo, sorrindo satisfeita e se virando para Tiago.

- Eu preciso perguntar. - ela tomou fôlego e segurou uma risada. - O que você fez nesse cabelo, Pontas?
- Eu tentei cortar… não deu muito certo. - ele suspirou. Verdade seja dita: ele parecia um coqueiro, cada mecha tinha um tamanho diferente.
- Vamos dar um jeito nisso também, Potter.

foi até o banheiro e pegou a tesoura que estava na pia. Viu a quantidade de cabelo no chão e engoliu a vontade de gargalhar. Pegou a cadeira da escrivaninha e levou para o meio do quarto. Bateu com a mão no assento e o menino se sentou em silêncio, então ela começou a ajeitar o corte dele. Tinha vontade de cortar aquele cabelo havia meses! Tiago sempre reclamava em como os fios estavam compridos demais, mas sempre desconversava quando se oferecia para cortar. Ele sabia que a menina cortava seus próprios cabelos, já que dizia não confiar nos “dedinhos” dos cabeleireiros.

- Te considero como uma irmã mais velha. - Tiago soltou do nada. - Mas não confio muito em você com uma tesoura.

Ela ficou quieta por um tempo. Também considerava o garoto como um irmão mais novo. Pensou no quanto os Potter haviam se tornado sua família e suspirou, sentindo os olhos encherem de lágrimas. Se sentia imensamente agradecida por tê-los em sua vida, mas não conseguia evitar se sentir triste quando lembrava dos pais e de Regulus. Como queria ter uma família sensata e livre de preconceitos… Suas primas haviam casado com famílias poderosas e tão ruins quanto a dela; apenas Andrômeda não era casada, e também não era participativa dos ideais dos Black. Ela, , Sirius e Alphard eram os únicos que não compartilhavam com o ideal puro-sangue.

- Potter, se eu quisesse enfiar essa tesoura no seu pescoço já teria feito séculos atrás. - ela riu. - Nunca faria algo assim com um irmão. Talvez raspar um lado de seu cabelo.

Tiago sorriu. Ela continuou o trabalho, ajeitando os cortes desiguais que ele tinha feito minutos antes. Quando terminou, o garoto foi até o banheiro e se olhou no espelho. O cabelo tinha ficado melhor do que imaginava. Falou que a partir de agora ela sempre cortaria o cabelo dele e riu. Ele a puxou para um abraço e a menina ficou um pouco tensa no começo, mas retribuiu.

- Se você machucar a Lily, não esqueça que meu quarto é em frente ao seu e eu tenho uma tesoura. - ela ameaçou.
- Mas e o negócio de que nunca faria isso com um irmão? - ela deu de ombros.


*


, Lupin, Sirius e Pedro andavam pela estradinha de pedras até Hogsmeade. Os gêmeos comentavam sobre o jogo de quadribol no dia seguinte enquanto os outros dois riam. Já era quase quatro da tarde quando abriram a porta do Três Vassouras e encontraram Lily e Tiago, abraçados, sorrindo um para o outro, que ficaram vermelhos assim que viram os amigos chegar.

- Presumo que ocorreu tudo bem então? - Sirius provocou. Lily deu de ombros sorrindo.
- Ei, Potter, tá sujo aqui de batom. - apontou para o pescoço dele e Tiago passou rapidamente a mão pelo local. A morena arregalou os olhos. - Lílian Evans! - olhou assustada para a amiga, mas tinha um sorriso nos lábios. - Mandou bem, garota.

O grupo riu da brincadeira e logo o assunto da conversa se tornou outro. Seis da tarde chegou mais rápido do que eles previam e Madame Rosmerta quase os expulsou do bar, dando um último feliz aniversário aos gêmeos e fechando a porta. Eles voltaram pela mesma estradinha para o castelo e andaram pelos corredores fazendo um barulho tão alto que até Pirraça apareceu para ver o que era.
Se jogaram pelas poltronas vazias da Sala Comunal da Grifinória e continuaram rindo das bobeiras que Sirius fazia. Lupin achou que era o momento certo e tirou o colar do bolso, o passando pelo pescoço da namorada, que estava sentada no chão. o olhou surpresa e puxou o pingente prateado. Era um livro.

- Abre. - Lupin pediu sorrindo e apontou para o presente. A menina voltou a olhar para o livrinho prateado e encontrou uma pequena abertura. Era um relicário. Dentro tinha uma foto em miniatura do casal de um lado e do grupo todo do outro.
- Ah, Remo. É perfeito! - ela o puxou para um abraço.
- Sei que ainda não é o horário, mas feliz aniversário, Bela. - ele deixou um beijo leve nos lábios dela.
- Me recuso a acreditar que eu acho vocês o casal mais perfeito que eu já vi. - Sirius bufou.
- Isso é ciúmes porque não ganhou um presente. - deu língua para o irmão.



Domingo, 3 de Novembro, 1977.

acordou mais cedo do que o costume. O primeiro jogo de quadribol seria após o café da manhã. Desceu as escadas e encontrou Potter e Sirius esperando-a já com a vassoura em mãos. O trio desceu a torre da Grifinória e foi para o Salão Principal fazer o desjejum. Eles estavam nervosos, queriam mais que tudo ganhar aquela partida, mas não deixaram transparecer nenhuma das preocupações no rosto. O resto do time também se sentou na mesa e todos comeram em silêncio. Quando deu nove e meia, Tiago os chamou para irem juntos ao vestiário.
Pontas parou em frente ao quadro branco com as jogadas e táticas que eles vinham praticando e deu um discurso sobre como eles eram capazes de ganhar aquela partida. não prestou atenção, já que tentava controlar a ansiedade dentro de si. Fechou os olhos enquanto o amigo falava e respirou fundo.

- Vamos lá? - Sirius chamou a irmã, que abriu os olhos, encontrando o vestiário vazio. Ela concordou com a cabeça. - Feliz aniversário, maninha.
- Feliz aniversário. - ela sorriu e puxou o garoto para um abraço. Tinha até se esquecido.

Os gêmeos andaram juntos até o campo. A arquibancada completamente cheia. até tentou localizar a amiga e o namorado, mas não conseguiu, as pessoas eram pequenos borrões. Madame Hooch chamou os dois capitães no meio e os fez apertarem as mãos. Nenhum deles queria o contato, pareciam que queriam se matar. Todos subiram nas vassouras e ao som do apito, levantaram voo. O público gritou e se sentiu mais leve. Ela sabia o que tinha que fazer, sempre tinha jogado bem.
Sirius conseguiu segurar a goles e avançava em campo inimigo. Ele jogou a bola pelo aro e abriu o placar. Os alunos da Grifinória gritaram na arquibancada e sorriu. Ela rebateu um balaço que voava na direção de Katherine Smith e o mandou na direção de um artilheiro da Sonserina. Viu Regulus planar um pouco mais acima, ele parecia procurar o pomo.
A Sonserina marcou ponto também, mas logo Sirius desempatou marcando mais pontos. Um balaço atingiu Smith e a garota quase caiu da vassoura. se empenhou em mirar nos artilheiros de roupas verdes. Ela rebateu o balaço tantas vezes que seu braço já começava a doer.
O placar agora era de 40 para Grifinória e 50 para Sonserina. Se Tiago capturasse o pomo, eles ganhariam a partida. Gritos tomaram a arquibancada e viu Potter e Regulus voarem emparelhados enquanto perseguiam a pequena bolinha dourada.

- Abaixa, Potter! - gritou e o menino mergulhou com a vassoura. Ela arremessou o balaço na direção do irmão, que foi atingido nas costas e caiu da vassoura. Tiago alcançou o pomo, segurando a bolinha entre os dedos.

A torcida vermelha e dourada gritava. Madame Hooch finalizou o jogo, declarando vitória à Grifinória e os jogadores pousaram no gramado. A equipe se abraçou, comemorando e fazendo bagunça. viu Sonserina sair do campo com cara de quem comeu e não gostou. Ela lançou um sorriso sonso para o irmão. Apesar de ter internalizado a vontade de derrubá-lo da vassoura, se sentiu mal ao ver o garoto rolar pelo gramado. Pelo menos ele não havia se machucado.
Teve os pensamentos interrompidos quando foi levantada no ar pela cintura. Gritou alto enquanto ria e viu Pedro e Lily conversando com os amigos. Lupin colocou a garota no chão e a virou de frente para ele. Os dois sorriam largo e ele a puxou para um beijo digno de cinema.

- Crianças, aqui não é lugar para isso. - Sirius reclamou.

O casal ignorou o menino e se beijou de novo, agora com mais carinho e cuidado. afagou os cabelos do namorado e o abraçou forte quando separaram os lábios.

- Feliz aniversário, Bela. - Remo sussurrou ao ouvido da garota. Ela o apertou mais forte e abriu um sorriso.

Gritos interromperam o momento do casal, que se juntou ao barulho quando viu o motivo: Tiago e Lily se beijavam. Finalmente os dois estavam juntos. Quando se separaram, a menina tinha o rosto tão vermelho quanto o uniforme do garoto. Lily sorriu para a amiga, que mandou um sinal de positivo para ela.
estava genuinamente feliz. Começara um relacionamento com o cara que amava, tinha uma família incrível (os Potter, claro), dois irmãos sensacionais (Sirius e Tiago), uma melhor amiga perfeita, um grupo de amigos unido e tinha acabado de ganhar uma partida contra a Sonserina. E de bônus ainda derrubara Regulus da vassoura!
Se não fosse pelos fatores externos, poderia acreditar que o mundo era perfeito como nos contos de princesas. Infelizmente, o mundo real era imerso em maldade e preconceitos.
Ela não sabia ainda, mas sua onda de felicidade não iria durar muito tempo...


FIM



Nota da autora: Oie! Espero que tenham curtido a história! Quando soube do especial corri para participar e já sabia sobre qual universo escreveria. A Bela sempre foi minha princesa favorita e o Lupin meu personagem favorito de Harry Potter, pensei “por que não juntar os dois?” e assim nasceu Black Rose. Essa fic ocupa um espaço enorme no meu coração, e confesso que me apeguei aos personagens. Quem sabe não faço uma continuação?
Obrigada por lerem, mil beijos no coração de vocês e comentem aqui o que acharam! <3

Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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