Carry You Home

Última atualização: 15/10/2017

Chapter One

Bom, não sei dizer, porém hoje me sinto muito diferente, não é um sentimento de alegria, também não é de tristeza, não sei explicar exatamente, mas é como se fosse acontecer algo muito importante, quem dera fosse minha formatura, sei que falta pouco, mas não seria pedir demais que chegue logo. Nem me apresentei, mas que falta de educação, não que eu seja a pessoa mais educada do mundo, entretanto minha querida mãe comeria meus rins se eu não me retratasse rapidamente então, meu nome é , esquisito, sem classe e totalmente me faz parecer mais velha do que realmente sou, mas foi escolha do meu querido pai, que jaz a sete palmos da terra neste exato momento, eu o amava, mas nunca o perdoei por me fazer esta façanha, esse nome não me favorece em nada só me deixa triste e com vontade de apenas , bonito, sensual e curto, adoro nomes curtos, são fáceis de lembrar e todo mundo curte. Voltando ao raciocínio, eu tenho incrivelmente 23 anos de idade, pode parecer jovem mas me sinto com 63, essa faculdade acaba comigo, esse calor infernal acaba comigo, essa gente me cansa, não me entendam mal por favor, não sou rica, ou mimada ou fresquinha, mas eu odeio a cidade onde vivo, gostaria de morar no frio, sabe aqueles invernos onde você consegue ver muita neve e tudo fica tão bonito? É isso que eu quero, mas é pedir muito aqui no Rio de Janeiro, sempre quente e insuportável, sempre uma correria, mas graças a Deus faltam míseros dois meses para minha formatura, em breve eu serei uma Enfermeira Diplomada pela escola padrão, não é mais tão top assim, mas sempre foi meu sonho (sonho de pobre) ser estudante da EEAN/UFRJ então não me julguem, meu sonho irá se realizar, e quantas pessoas podem dizer o mesmo? Muitas pessoas não conseguem realizar um sonho nos dias atuais, o meu segundo maior sonho era ser prometida a um cara fofo e que me respeitasse, mas esse tempo já acabou, meu pai não podia ter me arrumado um marido antes de bater as botas? Se depender de mim ficarei eternamente para a titia, só faço estudar e trabalhar, só chego em casa para comer e dormir, não que eu esteja reclamando demais, adoro minha vida, só que sempre fui tão sozinha que agora só queria alguém pra dividir um cantinho e uma cama aquecida por um peito forte, um par de pernas bem grossas, um p... entre as pernas e uma barba para ficar me arranhando (não me batam eu adoro barba), ou seja, quero um homem, um macho bem gostoso igual aos livros, que me faça gritar toda noite, mas nem um pau amigo eu tenho, conformei já, acho seriamente que de tanto esperar vivarei lésbica, já recebi tanto convite que vocês não imaginam, mas não querem saber disso, só precisam saber que aos 23 anos de idade, sonha com um marido, um diploma, uma lava louças e um gatinho. Enquanto tem gente que sonha em ganhar na mega sena eu sempre terei esse espirito de pobre, Santo Antônio já se cansou de mim, todo ano é uma promessa diferente para o mesmo propósito.
Enfim, hoje eu só estou estranha, mais do que o normal, porque já sou estranha até demais, sabe quando você está ansioso para que algo que você sabe que vai acontecer aconteça? Eu não sinto esse tipo de coisa, é sempre um dia após o outro, mas hoje eu estou ansiosa por algo que desconheço. Eu só preciso ter coragem de levantar da cama e ir para o estágio, ser escravizada, mas só sinto vontade de ficar deitada o dia inteirinho, quem nunca sentiu isso na vida?
Levanto sem a mínima vontade, e vou direto ao meu banheiro branquinho e lindo recém-construído, vou até o espelho olhar o desastre que estou, tenho um sono perturbado e nunca consigo acordar arrumadinha, acordo como se fosse um leão, meu cabelo horroroso e cacheado não ajuda em absolutamente nada, castanho é legal quando seu cabelo é liso, mas o meu não é nada assim, é rebelde e sem vida, minha mãe diz que o cabelo reflete o verdadeiro eu interior, então sou tipo muito ruim, na boa, e nada melhor para combinar do que olhos igualmente castanhos e sem nenhuma graça, por que não verdes como os de papai? Isso está errado, e para não dizer que não tenho nada de papai, eu tenho a cegueira, impossível viver sem meus óculos fundo de garrafa, graças ao senhor que tenho dentes perfeitos se não iria completar o look nerd perfeito. Tiro minha roupa e entro no chuveiro, uma ducha maravilhosa e geladinha pra mandar o calor embora, cantando para meu super fã, não canto mal mas sei que meu gosto musical é deprimente, com 23 anos ouvindo pop da modinha. Depois do banho e de escovar os dentes começo a me arrumar, meu guarda roupas é composto por 90% de roupas brancas e os outros 10% por qualquer outra cor, tenho também uma linda coleção de sapatos de borracha, sabe melissa? Tenho uma infinidade delas, sou viciada, e quem não é? São lindas e cheirosas. Coloco meu uniforme branco, pego minha bolsa e meu jaleco e saio do quarto correndo, odeio chegar atrasada nos locais, pego uma fruta na cozinha e saio de casa em direção ao meu carro, não é grande mas é o meu quebra galho de todas as horas.
Assim que chego ao estágio eu começo a fazer tudo que me compete como mera estagiária, que é: tudo que me mandam, sou tipo o pau mandado do hospital, mas eu amo o que faço então isso torna as coisas bem mais fáceis. No fim do meu plantão pego o carro e volto para casa, amanhã eu tenho uma prova para residência multiprofissional, então preciso estudar muito como tenho feito há quase dez meses. Ligo o rádio e está tocando uma música que eu amo muito, BeforU (Zayn Malik), então aumento e começo a cantar junto, eu sou do tipo de pessoa que quando começa a cantar e se empolga, fecha até os olhos pra se imaginar uma estrela da música internacional, porém ao fechar os olhos a única coisa que senti foi um barulho enorme de algo batendo no meu precioso carrinho, rapidamente paro o carro no acostamento para ver o que é, e me arrependo amargamente de ter saído de casa hoje às 9 da manhã com a sensação de que algo iria acontecer, eu deveria escutar mamãe quando ela dizia que se sentíssemos algo assim era para ficar em casa que com toda certeza algo ruim aconteceria, e realmente algo aconteceu, e aos 23 anos matou um homem. EU ATROPELEI ALGUÉM, DEUS ME PROTEJA DA ALMA RAIVOSA DESTE HOMEM.


Chapter Two

Rapidamente corri até o mesmo para realizar todos os procedimentos necessários, e pude respirar aliviada ao constatar que ele estava respirando, ainda que fracamente, como ele estava de bruços, ignorei todo meu profissionalismo e o virei imediatamente, se ele tivesse cara de ladrão ou estuprador eu nem sei o que faria, se chamaria a ambulância, a policia ou algo assim, muita informação na minha cabeça, e a única coisa que passou na minha mente foi “You know nothing, Jon Snow”, e me senti sem saber nada do que aprendi a fazer em quatro anos de faculdade, maldita hora para pensar em GOT, peguei o telefone e liguei imediatamente para a emergência do meu local de estágio, e logo depois para a policia, eu não sabia quem era e ao olhar seu rosto e suas roupas diria que ele veio de alguma conferência de jogos, animes, séries ou qualquer coisa parecida, acho que faz mais de 100 anos que não usamos este tipo de roupa, fiz uma rápida análise, cabelo preto cacheado e um pouco longo para a atualidade, precisava de um corte urgentemente, roupas antigas, tinha barba, e sinceramente nada fedorento, sem vestígios de sangue, mas com toda certeza fez uma concussão, me odeio por ferir alguém, vou me formar para salvar vidas, não para sair matando as pessoas no trânsito por ser uma motorista inconsequente. Logo após a polícia chegar, que por incrível que pareça chegou bem rápido assim como a ambulância, removeram ele e fiquei com o policial prestativo que veio falar comigo, contei tudo exatamente como ocorreu, ganhei uma multa nada leve e eles seguiram a ambulância para recolher maiores informações sobre o rapaz.
Fiquei com peso na consciência, precisei verificar por mim mesma se ele ficaria bem, se tinha parentes ou família na cidade, ele não me parecia ser do RJ, deve ser gringo, tinha cara de gringo. Esperei o mesmo ser atendido, o médico responsável por ele era meu professor co-orientador de TCC, assim que o atendeu veio até mim.
– Então doutor Carlos, alguma sequela? Alguma concussão? Quebrou algum osso? Diz alguma coisa pelo amor de Jesus. - Eu disse apressadamente.
– Gostaria de falar Srta. , porém a senhorita tem a terrível mania de falar sem parar quando está nervosa. O rapaz está bem, sem risco de morte, e não possui nenhuma concussão, o que é incrível pela forma como os policiais disseram que ocorreu, esperava algo, mas não encontramos nada, esperemos o resultado de alguns exames que passei. Aguarde e virei notifica-la quando ele acordar. – Disse o doutor pacientemente e se retirou logo após.
Bom, o que me resta fazer é ir pegar algo pra comer na cantina e esperar, odeio esperar. Estava sentada na sala de espera, agora sei por que muitos ficam com raiva de estarem aqui aguardando por notícias, é agonizante essa espera. Quando estava disposta a me levantar, uma enfermeira veio até mim, me chamando dizendo que o rapaz havia acordado, mais do que depressa a segui em direção ao quarto em que ele estava, e ao chegar próximo à porta pude ouvir sua voz ao falar com o médico, uma voz doce e firme, senti pequenos arrepios pelo corpo, deve ser o frio do local. Assim que adentrei o quarto pude sentir os olhares em mim, e o estranho se dirigiu a mim.
– Quem é você? – Disse ele com a voz meio rouca.
– Ahn, eu sou a motorista que o atropelou, vim saber se precisa de alguma coisa, se quer que ligue para algum familiar, saber se você estava vivo... – Disse e sorri levemente, e o percebi ficar confuso.
– Me deem licença vou buscar o resultado dos exames. – Diz o médico se retirando.
O clima ficou um pouco esquisito, nos encarávamos como se isso pudesse ajudar em algo, até que finalmente ele quebrou o silêncio.
– Eu sei que a culpa não é da senhora, eu não sei onde estou, nem como vim parar aqui, eu acordei no meio de uma, acho que era floresta, ou algo parecido, e estava sozinho sem meus irmãos e amigos, num lugar que não conheço, acho que a senhora não pode me ajudar. - Diz ele desabafando.
– Primeiramente, qual seu nome? Não posso te chamar de rapaz o tempo inteiro.
– Meu nome é Jon Snow. - Ele diz seriamente e eu começo a rir, sabe aquelas risadas escandalosas que só brasileiro sabe dar? Pois é, eu sei exatamente como fazer e fiz, realmente ri da afirmação dele.
– Está me achando com cara de que? Idiota? Você tá brincando, né? Era disso que estava fantasiado? Veio de um encontro de fãs, é isso? - Eu disse e o vi ficar enfurecido.
– Como ousa duvidar de minhas palavras, senhora? Eu sou Jon Snow, da casa Stark, filho bastardo de Ned Stark, e agora Rei de Winterfell, não sei o que é isso que você diz “Encontro de fãs”, eu digo a verdade. – Diz ele em cólera.
– Ok Jon Snow, não me chame de senhora, por favor, não sou casada com ninguém, e nem sou tão velha, meu nome é .
– Embora esteja em tais circunstâncias fico honrado em conhecê-la senhorita , um lindo nome para uma moça igualmente bela.
– You Know Nothing Jon Snow. - eu disse e sorri - Mas vou relevar sua cegueira, deve ser por conta da batida, e creio que as informações que me passou significam que não tem para onde ir e nem onde ficar quando sair daqui, estou correta? - Falei o olhando e ele concordou com um aceno. – Pois bem Sr. João das Neves, você precisa de um lugar para dormir, comida para comer e roupas para vestir, e já que fui causadora do seu acidente, eu ofereço minha residência por tempo determinado, até nós resolvermos quanto a sua identidade e sua família, confesso que estou rezando para você ser apenas um lunático fã gringo interpretando um papel, e não estou sabendo lidar com falar inglês o tempo todo com você, estava enferrujada, sorte nossa que o doutor tem um bom inglês, pois isso é raríssimo nesse país. – Eu digo tudo de apenas uma vez e me arrependo assim que vejo sua cara de confuso.
– Obrigada por me oferecer alimento e um teto para dormir, confesso também que não sei como voltar para minha casa, em que ano estamos? – Ele fala.
– Estamos em 2017, e você escolheu um péssimo país para cair de paraquedas, para quem esta acostumado com o Norte e o frio da Muralha, não será uma fácil adaptação. – Me arrependi novamente assim que as palavras saem da minha boca, você só diz asneiras.
– Como a senhorita sabe de onde sou e que já estive na muralha? Eu apenas disse que sou Rei de Winterfell, mas não disse que ficava ao norte, muito menos que era frio e nem que estive na Muralha, como sabe informações que eu não lhe passei? Estou aqui por culpa sua? Sua bruxa, feiticeira, é isso que você é? – Diz enraivecido se levantando da cama e ficando cara a cara comigo.
– Relaxa ai Sr. Jon Snow, você não é tão desconhecido como pensa, somos “pobres”, mas sabemos ler ainda, eu hein, cara esquisito e estressado você, começo a repensar a ideia de te abrigar, me parece loucura agora com essa reação que você teve. – Digo parcialmente receosa.
– Perdoe-me, sinto pelo meu descontrole, eu apenas preciso de respostas, como pode saber essas informações senhorita ?
– Está perdoado, e irei lhe mostrar quando sairmos daqui, estou cansada, com fome e com sono, acredito que você também, apenas esperemos que o médico venha te liberar. – digo e me sento na cadeira próximo a cama.


Chapter Three

Algum tempo depois o médico volta com os exames e libera Jon, alegando que esta tudo bem com ele, nenhum arranhão, com algumas recomendações e uma receita com medicamentos para tontura e dor de cabeça, caso ele sinta alguma coisa. Ele vai ao banheiro se vestir enquanto me despeço do doutor, assim que ele sai já com suas roupas, eu vou o guiando até o estacionamento onde se encontra meu carro.
– Não se assuste, acho que você só conhece cavalos e carroças, então, por favor, apenas faça o que eu digo que é quase sempre a coisa certa a se fazer. - Digo e ele assente, abro a porta do carro e peço para que entre, ele estranha, mas logo entra e fica olhando tudo curiosamente.
– Que criação mais curiosa, isto é uma carroça? Se for, onde estão os cavalos?
– Isso é como uma carroça mágica que funciona sem que precise de cavalos para puxá-las, o nome é carro, funciona com eletricidade, sabe? Esquece, esqueci que de onde vem isso ainda não existe. – Falo ligando o carro e dando partida, e penso que logo estarei na minha casa, comendo minha comida e dormindo na minha cama.
– Existem várias regras para visitantes na minha casa, Lorde Jon, primeira de todas: a rainha sou eu, a casa é minha então só eu faço as regras. Segunda: você não é um lorde ou rei dentro do meu espaço, vai limpar e lavar o que sujar, pois ninguém fará isso por você, e se eu ver um prato sequer na pia prepare-se pois eu serei o dragão que vai por fogo em você. Terceira: só tenho um quarto e um banheiro que fica dentro do meu quarto, portanto só pode usar quando eu sair do quarto, ou bate na porta se for muito urgente. Quarta: sem roupas espalhadas pela casa ou toalha largada molhada em qualquer canto, odeio isso. Quinta: você só sai comigo, se você se perder não vai ser legal, a policia acha que vai te encontrar sempre que precisar na minha casa e se eles não encontrarem não quero precisar ter que dar conta de você, já que não existe Jon Snow no sistema do meu país e acham que você está ilegalmente aqui. – Digo enquanto dirijo atentamente para não atropelar mais ninguém, se minha casa já esta lotada com apenas nos dois, se precisar levar mais um eu não ando dentro dela.
– Acho que entendi tudo, estou realmente grato por me deixar ficar com você. - Ele diz simpaticamente.
– Não esqueça que é apenas temporário Jon Snow, eu vou embora daqui um tempo, então você pode ficar até que eu vá embora.
– Claro, compreendo, preciso encontrar um jeito de voltar para casa, meus irmãos devem estra preocupados. - Fala provavelmente pensando neles.
– Vou te ajudar moço, quanto mais rápido você for, será melhor para nós dois, minha casa fica só pra mim e você volta para sua casa.
– Obrigado, está me ajudando muito mesmo sem me conhecer, não tem medo de que eu seja um homem ruim?
– Você me parece muito fofo para ser um cara mau Jon Snow, mas eu sei que aparências enganam, então te darei um voto de confiança. - Digo sorrido amistosamente para tranquilizá-lo.
O resto do caminho permanecemos em um silencio confortável até chegar a minha casa, quando chegamos eu estaciono em minha pequena vaga e nos dirigimos até a entrada, abro a porta e acendo as luzes da sala, volto a olhar para ele e digo de braços abertos:
– Bem vindo a minha humilde residência Sr. Jon Snow, espero que seja legal o suficiente para você, vossa Alteza. - Digo sorrindo sarcasticamente e ele parece encantado com as luzes acesas.
– Eu vou querer saber como isso aconteceu? O fogo branco em lugares estratégicos para uma boa iluminação e dentro destes pequenos vidrinhos grudados nos testos, como fez isso? – Ele diz abismado.
– Isso se chama era moderna Jon Snow, se acostume, você ainda verá muitas coisas assim incríveis que foram inventados por pessoas maravilhosas para facilitar nossa vida super corrida. - Eu digo indo até a cozinha e sinto que ele vem logo atrás.
– Vou aquecer uma lasanha que deixei semi preparada ontem para hoje à noite, vou pegar umas roupas do meu irmão que devem caber em você. - Digo colocando a lasanha no forno e ligando o time com tempo exato, e saio da cozinha o chamando com a mão para que me siga.
Assim que subimos as escadas e entramos em meu quarto, abro o guarda roupas e pego umas roupas de Rick para que ele vista, deve servir.
– O banheiro é logo naquela porta. - Digo apontando para a posta ao lado do meu closet, e ele segue para lá, mas havia mais instruções a serem dadas, caminhei para lá já que a porta estava aberta.
O ensinei a usar a pia do banheiro, peguei uma escova nova que havia dentro da minha gavetinha e o entreguei, expliquei como deveriam ser escovados os dentes e como ligar o chuveiro, onde havia produtos de higiene, e me senti envergonhada para explicar a questão número dois, então tentei ser o mais simples possível para que ele não ficasse constrangido.
– Então Jon Snow, não sei se você tem banheiro onde você mora, mas aqui nós fazemos nossas necessidades nesse troninho ai, nome dele é vaso sanitário, mas troninho é mais bonitinho já que você é um rei e tal. - Eu disse rindo - E nós usamos essa coisinha aqui chamada papel higiênico para limpar se fizer aquelas necessidade fisiológicas, tipo fezes e urina, mas se quiser usar o lavabo sinta-se a vontade. – Digo rapidamente e ele enrubesce.
– Compreendi perfeitamente senhorita , fico grato pelos esclarecimentos. – ele diz.
– Tudo bem, a toalha está pendurada ali, e vou encostar a porta quando sair, qualquer coisa pode me gritar, e quando acabar o banho, se seque e vista as roupas que lhe dei. - Ele acena com a cabeça e saio logo para evitar maiores constrangimentos.
Desço as escadas para verificar nosso jantar, faço um suco de maracujá, preciso me acalmar, arrumo o balcão para que possamos comer, já que não havia uma mesa de jantar apenas o balcão da cozinha americana, faço uma salada de alface regada no azeite e aproveito uma sobra de brócolis que tinha na geladeira e eu amo muito isso, rego no azeite também e vou verificar a lasanha novamente, está quase pronta. Assim que passa uns dez minutos, tiro a lasanha e quando a coloco no balcão o ouço descendo as escalas com a toalha no ombro.
– Eu não sabia onde deveria por. – Ele diz estendendo-a para mim, a pego de suas mãos e a estendo no pequeno varal que tem na minha área de serviço. Quando volto, ele está examinando nosso jantar no balcão, o que me faz rir e imaginar que deve estar com muita fome como eu, mas vou ter que o fazer esperar enquanto tomo um banho.
– Eu irei tomar um banho rápido e já desço para jantarmos. – Falo já correndo degraus acima. Tomo um banho flash, coloco um moletom, deixo os cabelos soltos e desço, assim que o vejo, ele está sentado em uma das banquetas do balcão me esperando pacientemente. – Podemos nos servir Sr. Snow. – O sirvo por questão de costumo em servir minhas visitas, coloco apenas alface, não acho que ele vá gostar de brócolis, meio mundo não gosta muito, deixo o prato em sua frente próximo aos talheres e me sirvo, lasanha e meu querido e amado brócolis, sem alface. Ele observa tudo atentamente sem dizer uma palavra.
– Você não esta proibido de falar Jon Snow, mas precisa se acostumar que eu falo igual matraca. - digo cortando um pedaço de lasanha e colocando na boca e assim ele faz o mesmo.
O jantar seguiu silencioso e assim que terminamos, ele continuou sentado enquanto eu recolhia os partos e os lavava. Fiquei pensando no quão estranho foi meu dia, e no quão cansada estava e imaginava que ele também estivesse. Termino de lavar, secar e guardas as louças e vou para o quarto pegar algumas cobertas e travesseiros para ele dormir no sofá, e quando voltei ele estava no mesmo lugar, sentado na banqueta, pensativo, deve estar pensando em sua família, seus amigos, sua casa, sentindo falta, eu sentiria muita se fosse ele, assim que ajeitei o sofá, o chamei e ele veio prontamente.
– Jon Snow, sei que deve ser difícil para você tudo que esta acontecendo e principalmente que tenha acontecido e você não entenda como isso pode acontecer, mas nesse momento nós temos um ao outro, vou tentar te ajudar com o máximo que puder, porém tudo dentro das possibilidades, se for preciso procuraremos até uma bruxa para te ajudar, mas você precisa saber que não vou te fazer mal, nem estou armando nada contra você, pode ficar tranquilo que nada vai te acontecer, o máximo que pode acontecer é você ser assaltado, mas quem nunca foi no RJ né? Aqui dentro você pode se sentir em casa, enquanto estiver aqui, não se preocupe. – Eu disse a ele olhando em seus lindos olhos escuros.
– Não sei dizer o quanto estou grato por isso, senhorita . – Ele diz.
Depois de deixá-lo deitado em meu sofá, eu subo as escadas direto para meu quarto, me jogo em minha cama já com os olhos fechando, e adormeço pensando em tudo que me espera.


Chapter Four

Ao acordar mentalizei que meu dia seria bom, eu tenho que pensar positivo, só que em momento nenhum me lembrei que teria que ir para a aula. Estou malditamente tão cansada que parece que faz dias que não prego os olhos, tudo isso é resultado daquele acidente causado por um cara que acha que é personagem de um livro. Tudo bem, admito que ele é super gato, mas completamente louco, se fosse pra viver num mundo de fantasia eternamente eu nunca escolheria nada com Guerra no nome ou Batalha, fora de cogitação, não sou desequilibrada, escolheria algo com Fadas, Bilionária ou Famosa no nome, vai que né?
Agora terei que pensar no que farei com Jon enquanto estou em aula, não faço a mínima ideia. Pensando nisso saio de meus devaneios e me levanto, porque pobre precisa estudar e trabalhar para conseguir uma vida mais ou menos, e a minha vida está só começando. Vou até ao banheiro e faço minhas necessidades, tomo um banho super gostoso e geladinho para aplacar o calor. Assim que termino, me arrumo e desço as escadas em direção a cozinho, assim que alcanço o andar de baixo levo um susto com Jon acordado e sentado no sofá.
- Bom dia Jon, como foi sua noite? – Digo com um sorriso o assustando sem querer.
- Bom dia Srta. , não conseguir dormir muito bem, pensando em como meus irmãos estão. - Ele diz cabisbaixo.
- Não se preocupe Jon, você logo estará em casa com sua família, pense nesse tempo que ficar aqui como se fosse suas férias. Você vai conhecer coisas, lugares e pessoas novas, você pode ficar o tempo que precisar aqui, não sou rica, mas comida nunca falta aqui. – Digo tentando reconfortá-lo encostando minha mão em seu antebraço, ele olha minha mão rapidamente e assente.
- Obrigada, você não precisava fazer isso por mim e está me ajudando mais do que poderia imaginar Srta. .
- Me chame de , é nome de gente idosa, e sou jovem ainda. - Falo rindo e indo para a cozinha e sinto ele me seguir. – Com fome Sr. Snow? – Pergunto.
- Não muito. - Ele responde.
- Ótimo, você come salada de frutas? É o que tem, quando chegarmos na minha faculdade comemos lá em alguma lanchonete. – Falo nos servindo em tigelas – Só vou pedir que sejamos mais rápidos porque senão irei me atrasar com esse transito caótico. Você consegue ser mais discreto possível?? Vamos estar em um local cheio de jovens e adultos, precisamos encontrar uma roupa pra você e você precisa tomar banho correndo. - Eu digo rápido e ele me olha confuso.
- Banho? Mas eu tomei banho ontem. – Diz ele ainda com estranheza.
- Não acredito nisso. Jon, no meu país e na minha casa pré-requisito de ser limpo e cheiroso é tomar no mínimo três banhos ao dia, aqui faz muito calor, aqui não é Winterfell, pelo amor de tudo que lhe é sagrado homem, vai tomar um banho. – Digo exasperada e ele dá dois passos para trás.
- Ok – ele diz e vai direto para o banheiro.
Quando escuto a porta fechar me lembro de que preciso pegar umas roupas para ele, subo correndo as escadas e entro no meu quarto, abro meu closet e pego uma calça jeans e uma camiseta do meu irmão para ele, abro minha gaveta de calcinhas e pego uma cueca boxer que uso para dormir as vezes, deixo em cima da cama e bato na porta do banheiro.
- Jon, deixei roupas em cima da cama para você se vestir, quando terminar só descer, acho que você pode usar seus sapatos mesmo. -Digo e saio encostando a porta do quarto para descer novamente.
Vou arrumando as coisas na cozinha enquanto ele se arruma, assim que desce eu o vejo e preciso dizer que ele fica ótimo de calça jeans, Jon Snow é um homão, pena que não posso pensar nisso, estou até vendo que será motivo de fofoca em toda Universidade.
- Ahn o que exatamente é isso? Onde devo colocar? É um protetor de cabeça?? Mas tem dois buracos. - Diz ele mostrando a cueca boxer na mão e não resisti, tive que rir.
- Hahahahaha.... Jon isso é uma cueca, e pelo jeito não existe onde você mora, isso você deveria ter colocado por baixo da calça, e depois a calça, mas agora estou atrasada e vai ficar sem mesmo. - Digo a ele e ele concorda sem entender ainda como usar.
Saímos e eu tranco a porta de casa indo em direção ao carro, vejo que ele se lembra como e onde deve se sentar, faço ele colocar o sinto porque de acidente já basta o de ontem, e dirijo em direção ao caos da linha vermelha, se existe um inferno ele chama Rio de Janeiro, não suporto mais esse calor e transito de merda. Ainda bem que tem ar no meu carrinho, se fosse de ônibus seria ruim, muito ruim especialmente para Jon, acho que ele nem sabe o que é isso.
-Jon, você sabe o que é um ônibus?
- Não, o que é? - Ele pergunta confuso, acho que esse semblante é mesmo característico de Jon Snow.
- Olha pela janela, ao seu lado tem uma caixa de metal grande com quatro rodas e com tanta gente que quase pula pela janela, isso se chama ônibus e só não é pior porque parece ter ar condicionado. – Explico para ele, que sorri e se vira para mim.
- A Srta. fala de uma forma engraçada.
- Obrigada Jon, sou muito fofa eu sei. - Digo rindo dele. – Espera para conhecer a Amanda, ela sim é engraçada.
- Deve ser uma boa pessoa como a Srta. - Ele diz educadamente.
- Às vezes sim, mas ela também é malvada quando quer, é como se fosse minha irmã de outros pais, somos muito amigas. – Digo – Você verá quando chegar lá.
Chegando no Fundão eu estaciono naquele estacionamento que deveria ser gratuito, mas tem uns fulaninhos que cobram 5 reais para fazer nada e deixam os pombos cagarem na maçaneta do seu carro, certeza que é proposital. O puxo pela mão em direção a entrada do CCS (Centro de Ciências da Saúde) e o guio pelo local, ao passar por uma lanchonete percebo que ele ainda sente fome, também pudera né, nem o deixei comer direito, quem mandou ser porquinho e não gostar de lavar o pipiu.
- Você quer comer Jon? - Pergunto e ele assente, vou até ao tio China e peço um joelho de queijo e presunto com um guaravita. Assim que pego o pedido dou nas mãos de Jon e o puxo. - Esse aí é o famoso bate/entope, você vai se sentir saciado até a hora de enfrentar a fila do RU (Restaurante Universitário).- Falo e ele faz que sim com a cabeça e continua comendo.
Chegamos no bloco N onde será minha aula que é mais como um debate, já utilizamos metodologia ativa, puxo uma cadeira bem no canto e no fim da sala pra nós dois e o faço sentar ao meu lado.
- Que cadeiras estranhas. - Ele relata.
- Sim, são para alunos, uma merda, só nos deixa deficientes, com escoliose e lordose, e você não entendeu nada do que eu disse né? - Ele dá um sorriso sem graça e nega. Eu sorrio pra ele, entendo que deve ser difícil entender esses termos, minha família até hoje não se acostumou, para ele deve ser pior por ser um lugar que não é o seu com pessoas que você não conhece. - Vou tentar ser mais paciente com você e falar as coisas de forma que você consiga entender. – Assim que digo ouço risadas altas vindas da porta da sala e olho em direção a mesma, e me arrependo amargamente, ninguém merece olhar para a cara da Caroline e suas seguidoras a esta hora da manhã. Ela olha para Jon e vem na minha direção, vou dar na cara dela novamente se ela me irritar.
- Ora, ora , ora se não é a nerdizinha com um gatinho, qual seu nome querido? – Ela diz olhando para Jon e eu logo interrompo sua resposta.
- Cai fora sua cretina. – Falo com raiva.
- Olha ela meninas, colocando as asinhas de fora, tá com ciuminho. - Ela sorri debochada.
- Quem tem asinhas aqui são suas seguidoras e você também Caroline, não se pode esperar muito de galinhas né, só sabem carcarejar e voar, se é que isso pode ser considerado voo. - Falo já me levantando, porém Jon me segura pela mão. – Eu seria eternamente grata se me livrasse de sua terrível presença, meu namorado não precisa de Galinha, ele prefere algo com mais cérebro e menos maquiagem. - Digo e ela sai cuspindo fogo, olho em direção ao Jon com muita raiva. - Não acredito que você ia responder, Jon, - Falo em Inglês
- Mas eu só iria dizer que não estava entendendo, afinal, que língua estranha é essa? - Ele fala e eu percebo que aquela broaca disse tudo em português, começo a rir, o coitado não entendeu uma virgula sequer. Espero que ele se acostume, ninguém vai falar inglês com ele o tempo todo.
- Viadaaaaaa.... Nem me ligou, fiquei sabendo pela minha tia sobre o acidente. - Diz Amanda toda espalhafatosa e escandalosa.
- Menos Amanda, estou viva e bem, nada me aconteceu. - Digo sorrindo pra ela, enquanto olha para Jon curiosamente.
- Hummmm... Seeei. Deu a noite toda né? Com um bofe desse aí não posso te culpar, molha até minha calcinha. - Ela diz tirando sarro de mim e não tem com não rir dela.
- Besta, esse foi o acidentado, eu o atropelei, mas como ele está sofrendo de lapso de memória ele acha que saiu de Winterfell e se chama Jon Snow, dá pra acreditar? O cara tava caracterizado quando o encontrei e só entende inglês, caiu no país errado. – Falo para ela e ela senta ao lado dele com um largo sorriso, o assustando.
- Prazer gato, meu nome é Daenerys, mas pode me chamar de amo, eu super deixo. – Ela fala o fazendo se encolher na cadeira com medo dela e eu gargalho.
- Deixa ele quieto, o nome dela é Amanda, Amandinha este é Jon Snow. - Digo os apresentando, ele a cumprimenta com um beijo na mão e ela fica vermelha.
- Com toda certeza esse será o melhor final de semestre. – Digo sorrindo pra ela que sorri concordando.




Continua...



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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